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RESPOSTA AO CASO CONCRETO – PROCESSO PENAL O MP ofereceu denúncia contra Caio por, em tese, o mesmo ter subtraído o aparelho de telefone celular de Maria, na Av. Rio Branco, na altura do nº 23, pugnando pela condenação do acusado nas penas do art. 155, inciso II do CP (furto qualificado pela destreza). No entanto, ao longo da instrução probatória, nas declarações prestadas pela vítima e pelo depoimento de uma testemunha arrolada pela acusação, constatou-se que Caio teria, na ocasião dos fatos, dado um forte tapa no rosto da vítima no momento em que arrebatou o aparelho celular. Assim sendo, diante das provas colhidas na instrução probatória, o magistrado prolatou sentença condenatória contra Caio, fixando a pena de 4 anos e 6 meses, a ser cumprida em regime semi-aberto, diante da primariedade e da ausência de antecedentes criminais do acusado, como incurso no art. 157 do CP. Pergunta-se: Agiu corretamente o magistrado? Indique na resposta todos os fundamentos cabíveis ao caso. Com base no caso exposto e com as explicações em sala, conclui-se que o magistrado não agiu corretamente, tendo em vista que o MP ofereceu denúncia contra Caio com fulcro no art. 155, II CP (furto qualificado pela destreza), e tendo o juiz o condenado no art. 157, CP (roubo), por ter sido constatado na instrução probatória que Caio não apenas pegou o celular da vítima, mas se utilizou de violência, ao dar um forte tapa no rosto da vítima, embora esteja correta tal mudança na tipificação penal, o juiz não pode condenar o réu por crime diverso do narrado na inicial acusatória. Neste sentido a atitude do juiz vai de encontro o princípio da correlação entre a imputação e a sentença, ou seja, os fatos iniciados na inicial acusatória devem manter relação lógica com a sentença. Onde é possível apenas que o juiz partindo do instituto da emendatio libelli, consagrada no Art. 383 do CPC de ofício atribuir definição jurídica diversa, desde que para beneficiar o réu ou para permitir a correta fixação de competência ou procedimento a ser adotado, o que não se enquadra no caso. O correto a se fazer seria, por se tratar de mutatio libelli (Art. 384 CPP), hipótese em que ao final da instrução probatória, o MP, entendendo ser cabível nova definição jurídica do fato em consequência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não contida na acusação, fara aditamento de nova denúncia ou queixa no prazo de 5 dias. Tal aditamento é exclusivo do MP. Caso o MP não adite a denúncia e o juiz entenda de forma diversa, poderá remeter os autos ao procurador-geral para que faça, e se este entender que não enseja caso de nova denúncia, o juiz deve dar andamento ao processo. No caso, o MP deveria ter se manifestado para o aditamento da denúncia do novo crime.
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