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AN02FREV001/REV 4.0 118 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE ENFERMAGEM EM IMUNIZAÇÃO Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 4.0 119 CURSO DE ENFERMAGEM EM IMUNIZAÇÃO MÓDULO III Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 4.0 120 MÓDULO III 13 FUNDAMENTOS IMUNOLÓGICOS O sistema imune compreende células e moléculas com funções especializadas na defesa contra a invasão e infecção por outros organismos. Seus principais componentes incluem a medula óssea, os leucócitos produzidos pela medula óssea e os tecidos linfoides. Os tecidos linfoides incluem o timo, o baço, linfonodos, tonsilas e adenoides. Existem dois tipos gerais de imunidade, a natural (ou inata) e adquirida (ou adaptativa). Embora cada tipo de imunidade desempenhe um papel distinto na defesa do corpo contra os invasores perigosos, os diversos componentes comumente atuam de maneira interdependente. Vários fatores inerentes ao organismo que recebe a vacina podem interferir no processo de imunização, isto é, na capacidade desse organismo responder adequadamente à vacina que se administra, dentre eles podemos citar: idade; doença de base ou intercorrente; tratamento imunodepressor. Existem dois mecanismos básicos de resposta imune, os inespecíficos e os específicos. Os fatores inespecíficos da resposta imune são constituídos por mecanismos superficiais e mecanismos profundos que dificultam a penetração, a implantação e/ou a multiplicação dos agentes infecciosos, tais como: barreira mecânica constituída pela integridade da pele e das mucosas; flora microbiana normal da pele e de mucosas, que se opõe à colonização de microrganismos; secreção cutânea, contendo ácidos graxos e ácidos lácticos; secreção mucosa e atividade das células ciliadas do epitélio das vias respiratórias; AN02FREV001/REV 4.0 121 fluxo lacrimal, salivar, biliar e urinário; peristaltismo intestinal; acidez gástrica e urinária; alcalinidade do suco pancreático; ação mucolítica e bactericida da bile; ação da lisozima presente na lágrima, na saliva e nas secreções nasais; inflamação; fagocitose. A evolução biológica levou ao aprimoramento da resposta imune dos organismos superiores, quanto aos agentes infecciosos, possibilitando proteção específica e duradoura contra os patógenos pelos quais foram estimulados. O antígeno encontra-se no agente ou na substância reconhecida como estranha pelo organismo, podendo ser componente de bactérias, vírus, etc. Depois de sua penetração, através da pele e/ou de mucosas (portas de entrada), atinge a circulação sanguínea e linfática e alcança os órgãos linfoides secundários (gânglios linfáticos, baço e nódulos linfoides). O antígeno sofre processamento inicial e, após esse processamento, o mesmo, agora fragmentado, é apresentado aos linfócitos envolvidos na fase efetora da resposta imune. Os linfócitos, originários das células primordiais da medula óssea, sofrem nos órgãos linfoides primários (timo e bursa de Fabricius ou equivalente, no caso do homem a medula óssea) processos de diferenciação celular, de que resulta o aparecimento dos linfócitos T e B, cujas atividades são distintas e complementares. Os linfócitos diferenciam-se em: linfócitos T, no timo; e em linfócitos B, na bursa de Fabricius nas aves, ou medula óssea no homem. Linfócitos T e B específicos apresentam em sua membrana receptora, determinada geneticamente com combinações diversificadas na sequência dos seus peptídeos e diferentes conformações estruturais, o que possibilita alta seletividade de sua ligação com antígenos diversos. As linhagens de linfócitos T e B dotadas dos mesmos receptores constituem os clones, a grande variedade de clones existentes é que garante a ampla diversidade da resposta imune. Da interação dos antígenos com os receptores dos AN02FREV001/REV 4.0 122 linfócitos T e B resulta o estímulo dessas células, com as alterações subsequentes do seu metabolismo, os linfócitos entram em fase de ativação. 13.1 IMUNIDADE CELULAR Como resultado da ativação de linfócitos T, há o aparecimento de diversas subpopulações dessas células, são elas: linfócitos T-auxiliares; linfócitos T-supressores; linfócitos T-citotóxicos; linfócitos T responsáveis pelas reações de hipersensibilidade tardia; linfócitos T-memória. Os mediadores das respostas dos linfócitos T são substâncias solúveis de baixo peso molecular, denominadas linfocinas. Os linfócitos T-memória são responsáveis pela conservação da “lembrança” do primeiro contato com o antígeno, fato que proporciona resposta intensa e imediata, com curto período de latência, num segundo contato desses linfócitos com o antígeno que determinou o seu aparecimento (resposta secundária). A imunidade celular é responsável predominantemente pela proteção específica contra infecções intracelulares, causadas por vírus, bactérias, fungos e protozoários. Linfócitos T-citotóxicos estimulados são capazes de destruir as células infectadas quando determinantes antigênicos do patógeno se expressam em sua membrana. A destruição de células infectadas também pode ser provocada por citotoxicidade mediada por anticorpos, cujas células efetoras são os linfócitos K (killer), que correspondem a cerca de 5% dos linfócitos do sangue, providos de receptores para a fração Fc de anticorpos da classe IgG. AN02FREV001/REV 4.0 123 13.2 IMUNIDADE HUMORAL O estímulo antigênico dos linfócitos B determina a formação de clone de linfócitos B-memória e a transformação de outros linfócitos B em plasmócitos, responsáveis pela produção de substâncias com estrutura bem definida, com alto peso molecular. Denominadas imunoglobulinas, recebem o nome de anticorpos quando são capazes de reagir com o antígeno responsável pelo seu aparecimento (imunidade humoral). As respostas de imunidade humoral são mais duradouras quando há participação de linfócitos T-auxiliares na ativação de linfócitos B, ou seja, quando os antígenos são T-dependentes. Três classes de imunoglobulinas séricas (IgM, IgG e IgA) e as IgA secretoras (liberadas na superfície das mucosas dos tratos respiratório, intestinal e geniturinário) atuam na imunidade contra os agentes infecciosos. Na resposta da imunidade humoral que se segue ao primeiro contato com o antígeno há um período de latência de alguns dias ou algumas semanas entre o estímulo e o aparecimento de anticorpos séricos. De início, aparecem os anticorpos da classe IgM, cujo desaparecimento geralmente se dá no fim de algumas semanas ou meses, seguidos pelos anticorpos das classes IgA e IgG. Os anticorpos da classe IgG são detectados no sangue durante tempo prolongado, constituindo a sua presença indicação de imunidade ou contato prévio com o antígeno em questão. A resposta imune humoral primária não depende da participação da imunidade celular, tímica, sendo por isso denominada T- independente. A resposta humoral secundária, que ocorre no segundo contato com o antígeno, após curto período de latência, relacionada fundamentalmente com o acentuado aumento da concentração sérica de IgG, é também denominada resposta do tipo booster ou anamnéstica. A resposta humoral secundária se traduz por imunidade rápida, intensa e duradoura e é dependenteda participação da imunidade celular, tímica, sendo, por isso, chamada de T-dependente. A imunidade humoral e os mecanismos de defesa AN02FREV001/REV 4.0 124 anti-infecciosos inespecíficos com que se associam (particularmente a fagocitose e a ativação do sistema complemento por via clássica) são responsáveis pela neutralização de toxinas e de alguns vírus, pela opsonização de bactérias capsuladas e pela lise de bacilos gram negativos entéricos. FIGURA 54 - IMUNIDADE CELULAR E HUMORAL FONTE: Disponível em: <http://3.bp.blogspot.com/_KVAFU1K_LDk/TAFy4a3epqI/AAAAAAAAAKA/VBAns6tuAYc/s400/imunid ade+celular2.jpg>. Acesso em: 10 maio 2011. 13.3 COMPLEXOS DE HISTOCOMPATIBILIDADE Antígenos produzidos extracelularmente, como por exemplo, contidos em vacinas não vivas (como os toxoides diftérico e tetânico, ou em Streptococcus pneumoniae ou Haemophilus influenzae do tipo b), são processados por células especializadas, como as dendríticas, macrófagos e linfócitos B denominados células apresentadoras de antígenos, que constituem pequena fração das células do corpo. Essas células apresentam os antígenos processados, por intermédio de proteínas intracelulares denominadas moléculas do complexo principal de histocompatibilidade AN02FREV001/REV 4.0 125 de classe 2, ou MHC-II, aos linfócitos T-auxiliares, que irão secretar citocinas, moléculas estimuladoras de todo o sistema imune. A resposta imune aos antígenos de produção extracelular é basicamente de natureza humoral, isto é, mediada por anticorpos. Quando os antígenos, por meio de infecções virais ou de vacinas virais vivas, penetram no organismo e são produzidos intracelularmente como, por exemplo, nas vacinas contra sarampo, caxumba, rubéola, oral contra poliomielite, ou as doenças correspondentes, o número de células que processa os antígenos é muito maior do que no caso anterior. Todas as células que forem infectadas irão processá-los e apresentá-los ao sistema imune, não apenas as células especializadas apresentadoras de antígenos. Os mesmos serão apresentados não somente pelas moléculas do complexo principal de histocompatibilidade de classe 2, mas também pelas moléculas do complexo principal de histocompatibilidade de classe 1 (MHC-I). Esse último evoca resposta imunológica celular de tipo citotóxica, pelas quais linfócitos especializados (CD8) destroem as células infectadas; a imunidade humoral também é ativada. Desse modo, os antígenos produzidos intracelularmente induzem resposta imunológica muito intensa, pois são apresentados tanto pelas moléculas do complexo principal de histocompatibilidade de classe 1 quanto pelas de classe 2, fenômeno que ocorre em grande número de células. Por essa razão, as vacinas vivas, em geral, provocam imunidade mais potente e duradoura, provavelmente por toda a vida, com apenas uma dose. A repetição das doses da vacina oral contra a poliomielite deve-se ao fato de que são três os tipos de vírus contidos na vacina e em geral não se consegue imunizar com apenas uma dose contra os três tipos. No caso da repetição de outras vacinas virais vivas, como a contra sarampo, essa medida serve basicamente para corrigir falhas vacinais primárias. Isto é, aquelas que são decorrentes de não imunização com a primeira dose da vacina (por exemplo, por aplicação no primeiro ano de vida, ou por má conservação da vacina). Falhas secundárias, isto é, decorrentes de diminuição da imunidade ao longo dos anos, podem ocorrer com as vacinas virais vivas, mas são raras. Já as vacinas não vivas precisam de repetição das doses para que se obtenha a imunidade desejável e muitas delas precisam ser repetidas periodicamente durante toda a vida, como as vacinas contra difteria e tétano. AN02FREV001/REV 4.0 126 FIGURA 55 - COMPLEXO DE HISTOCOMPATIBILIDADE FONTE: Disponível em: <http://www.ufpe.br/biolmol/Aula-Imunogenetica/aula-imuno- 05_arquivos/image002.gif>. Acesso em: 10 maio 2011. 13.4 ANTÍGENOS T-DEPENDENTES E T-INDEPENDENTES Os antígenos constituídos por proteínas ou polipeptídeos são denominados antígenos T-dependentes, pois envolvem linfócitos T-auxiliares na resposta imune humoral. Os antígenos polissacarídeos recebem o nome de antígenos T- independentes e são capazes apenas de estimular linfócitos B, sem a participação de linfócitos T-auxiliares, induzindo imunidade de mais curta duração. Uma característica da imunidade T-dependente é a sua capacidade de induzir resposta de memória, com mudança da classe predominante de imunoglobulinas, de IgM para IgG. AN02FREV001/REV 4.0 127 13.5 INTEGRAÇÃO DE MECANISMOS DE IMUNIDADES ESPECÍFICA E INESPECÍFICA É importante ressaltar que a imunidade humoral e a imunidade celular atuam de forma integrada com os mecanismos de imunidade inespecífica, agilizando e potencializando a fagocitose por parte de neutrófilos polimorfonucleares e de macrófagos ou destruindo as células infectadas diretamente (linfócitos T-citotóxicos) ou indiretamente (por ativação do sistema complemento ou por citotoxicidade mediada por anticorpos). 14 AGENTES IMUNIZANTES 14.1 NATUREZA A vacina é o imunobiológico que contém um ou mais agentes imunizantes (vacina isolada ou combinada) sob diversas formas: bactérias ou vírus vivos atenuados, vírus inativados, bactérias mortas e componentes de agentes infecciosos purificados e/ou modificados química ou geneticamente. 14.2 COMPOSIÇÃO O produto em que a vacina é apresentada contém, além do agente imunizante, os componentes a seguir especificados: líquido de suspensão – constituído geralmente por água destilada ou solução salina fisiológica, podendo conter proteínas e outros componentes AN02FREV001/REV 4.0 128 originários dos meios de cultura ou das células utilizadas no processo de produção das vacinas; conservantes, estabilizadores e antibióticos – pequenas quantidades de substâncias antibióticas ou germicidas são incluídas na composição de vacinas para evitar o crescimento de contaminantes (bactérias e fungos); estabilizadores (nutrientes) são adicionados a vacinas constituídas por agentes infecciosos vivos atenuados. Reações alérgicas podem ocorrer se a pessoa vacinada for sensível a algum desses componentes; adjuvantes – compostos contendo alumínio são comumente utilizados para aumentar o poder imunogênico de algumas vacinas, amplificando o estímulo provocado por esses agentes imunizantes (toxoide tetânico e toxoide diftérico, por exemplo). 14.3 FATORES PRÓPRIOS DAS VACINAS Os mecanismos de ação das vacinas são diferentes, variando segundo seus componentes antigênicos, que se apresentam sob a forma de: suspensão de bactérias vivas atenuadas (BCG); suspensão de bactérias mortas ou avirulentas (vacinas contra a coqueluche e a febre tifoide); componentes das bactérias (polissacarídeos da cápsula dos meningococos dos grupos A e C); toxinas obtidas em cultura de bactérias, submetidas às modificações químicas ou pelo calor (toxoides diftérico e tetânico); vírus vivos atenuados (vacina oral contra a poliomielite e vacinas contra o sarampo e a febre amarela); vírus inativados (vacina contra a raiva); frações de vírus (vacina contra a hepatite B, constituída pelo antígeno de superfície do vírus). AN02FREV001/REV 4.0 129 14.4 ORIGEM DAS VACINAS Laboratórios nacionais e estrangeiros fornecem as vacinas para uso no Brasil. Embora a maioria dos agentes imunizantes seja produzida a partir de cepas ou linhagens de bactérias ou vírus em instituições de referência da Organização Mundial da Saúde (OMS) – assim como são padronizados os meios de cultura e as células usadas em cultura de tecido para produção de vacinas. Existem particularidades no processo de produção de cadalaboratório; também variam os conservantes, estabilizadores e adjuvantes utilizados. Esses fatores contribuem, eventualmente, para que as vacinas apresentem diferenças em seu aspecto (presença de floculação) ou de coloração (a vacina contra o sarampo, por exemplo, apresenta-se, às vezes, depois da reconstituição, com tonalidades que variam do róseo ao amarelado). 14.5 CONTROLE DE QUALIDADE O controle de qualidade das vacinas é realizado pelo laboratório produtor e deve obedecer a critérios padronizados, estabelecidos pela OMS. Após aprovação em testes de controle do laboratório produtor, cada lote de vacina é submetido à análise no Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS) do Ministério da Saúde. Só depois a vacina é liberada para uso, garantida sua segurança, potência e estabilidade. AN02FREV001/REV 4.0 130 14.6 CONSERVAÇÃO As vacinas precisam ser armazenadas e transportadas de acordo com as normas de manutenção da Rede de Frio, as quais deverão ser seguidas rigorosamente. Nenhuma das vacinas deve ser exposta à luz solar direta. 14.7 VIAS DE ADMINISTRAÇÃO Para cada agente imunizante há uma via de administração recomendada, que deve ser obedecida rigorosamente. Caso isso não seja atendido, podem resultar em menor proteção imunológica ou maior frequência de eventos adversos. Por exemplo, a vacina contra hepatite B deve ser aplicada por via intramuscular, no vasto lateral da coxa ou deltoide, não se devendo utilizar a região glútea pela possibilidade de aplicação em tecido gorduroso e assim obter-se menor proteção contra a doença. As vacinas que contêm adjuvantes, como a tríplice DTP, se forem aplicadas por via subcutânea podem provocar abcessos. O mesmo pode acontecer se a vacina BCG for aplicada por via subcutânea, em vez de intradérmica. Já as vacinas contra febre amarela, tríplice viral contra sarampo, caxumba e rubéola, monovalente contra sarampo, por exemplo, devem ser aplicadas por via subcutânea. AN02FREV001/REV 4.0 131 14.8 PESSOA A SER VACINADA O Programa Nacional de Imunizações tem como objetivo, em primeira instância, o controle de doenças imunopreveníveis por intermédio de amplas coberturas vacinais, para que a população possa ser provida de adequada proteção imunitária contra as doenças abrangidas pelo programa. Entretanto, continua sendo comum no país a adoção de falsas contraindicações à vacinação, apoiadas em conceitos desatualizados, com perda de oportunidade de vacinação durante os encontros da criança ou da família com o serviço de saúde e o consequente prejuízo da cobertura vacinal. 14.9 CONTRAINDICAÇÕES 14.9.1 Gerais As vacinas de bactérias ou vírus vivos atenuados não devem ser administradas, a princípio, em pessoas: com imunodeficiência congênita ou adquirida; acometidas por neoplasia maligna; em tratamento com corticosteroides em esquemas imunodepressores ou submetidas a outras terapêuticas imunodepressoras, como por exemplo, quimioterapia antineoplásica e radioterapia. Quanto às contraindicações específicas, estaremos mencionando nos itens relativos a cada vacina. AN02FREV001/REV 4.0 132 14.9.2 Falsas contraindicações Não constituem contraindicação à vacinação: doenças benignas comuns, tais como afecções recorrentes infecciosas ou alérgicas das vias respiratórias superiores, com tosse e/ou coriza, diarreia leve ou moderada, doenças da pele; desnutrição; aplicação de vacina contra a raiva em andamento; doença neurológica estável ou pregressa, com sequela presente; antecedente familiar de convulsão; tratamento sistêmico com corticosteroide durante curto período (inferior a duas semanas), ou tratamento prolongado diário ou em dias alternados com doses baixas ou moderadas; alergias, exceto as reações alérgicas sistêmicas e graves, relacionadas a componentes de determinadas vacinas; prematuridade ou baixo peso no nascimento. As vacinas devem ser administradas na idade cronológica recomendada, não se justificando adiar o início da vacinação (exceto a vacina BCG, que deve ser aplicada somente em crianças com >2kg); internação hospitalar – crianças hospitalizadas podem ser vacinadas antes da alta e, em alguns casos, imediatamente depois da admissão, particularmente para prevenir a infecção pelo vírus do sarampo ou da varicela durante o período de permanência no hospital. Deve-se ressaltar que história e/ou diagnóstico clínico pregresso de coqueluche, difteria, poliomielite, sarampo, rubéola, caxumba, tétano e tuberculose não constituem contraindicações ao uso das respectivas vacinas. É importante também dar ênfase ao fato de que, havendo indicação, não existe limite superior de idade para aplicação de vacinas, com exceção das vacinas tríplices DTP e dupla, tipo infantil. AN02FREV001/REV 4.0 133 14.10 ADIAMENTO DE VACINAÇÃO Deve ser adiada a aplicação de qualquer tipo de vacina em pessoas com doenças agudas febris graves, sobretudo para que seus sintomas e sinais, assim como eventuais complicações, não sejam atribuídos à vacina administrada. Também deve ser adiada a aplicação de vacinas em pessoas submetidas a tratamento com medicamentos em doses imunodepressoras, por causa do maior risco de complicações ou da possibilidade de resposta imune inadequada. Como regra geral, a aplicação de vacinas deve ser adiada por um mês após o término de corticoterapia em dose imunodepressora ou por três meses após a suspensão de outros medicamentos ou tipos de tratamento que provoquem imunodepressão. Após transplante de medula óssea, o adiamento deve ser por um ano (vacinas não vivas) ou por dois anos (vacinas vivas). O uso de imunoglobulinas também deve adiar a aplicação de algumas vacinas vivas, como as contra sarampo e rubéola. O prazo de adiamento depende da dose de imunoglobulina. Isso não se aplica à vacina oral contra poliomielite e contra febre amarela, cuja resposta imune não é afetada pelo uso de imunoglobulinas. Não há interferência entre as vacinas utilizadas no calendário de rotina do Programa Nacional de Imunização, que, portanto, podem ser aplicadas simultaneamente ou com qualquer intervalo entre si. Uma exceção, por falta de informações adequadas, é a vacina contra febre amarela, que se recomenda seja aplicada simultaneamente ou com intervalo de duas semanas das outras vacinas vivas. AN02FREV001/REV 4.0 134 14.11 ASSOCIAÇÃO DE VACINAS A administração de vários agentes imunizantes em um mesmo atendimento é conduta indicada e econômica que, além de facilitar a efetivação do esquema, permite, em reduzido número de contatos da pessoa com o serviço de saúde, vacinar contra o maior número possível de doenças. Devem ser consideradas diferentemente a vacinação combinada, a vacinação associada e a vacinação simultânea. Na vacinação combinada, dois ou mais agentes são administrados numa mesma preparação, por exemplo, vacina tríplice DTP, vacinas duplas DT e dT e vacina oral trivalente contra a poliomielite, que contém os três tipos de vírus atenuados da poliomielite. Na vacinação associada, misturam-se as vacinas no momento da aplicação, o que pode ser feito, por exemplo, entre determinadas apresentações das vacinas contra Haemophilus influenzae do tipo b e vacina tríplice DTP. Chama-se a atenção para o fato de que a autorização para o uso dessas misturas tem que ser precedida de estudos que autorizem seu emprego, específicos para cada produto a ser associado. Na vacinação simultânea, duas ou mais vacinas são administradas em diferentes locais ou por diferentes vias em um mesmo atendimento, por exemplo, a vacina tríplice DTP por via intramuscular, a vacina contra o sarampo porvia subcutânea, a BCG por via intradérmica e a vacina contra a poliomielite por via oral. As vacinas combinadas a serem usadas são as registradas e licenciadas para uso no Brasil. A associação de vacinas só é permitida para vacinas e fabricantes específicos, de acordo com as recomendações de cada produto. Em relação às vacinas incluídas no Programa Nacional de Imunização, as aplicações simultâneas possíveis não aumentam a frequência e a gravidade dos efeitos adversos e não reduzem o poder imunogênico que cada componente possui quando administrado isoladamente. AN02FREV001/REV 4.0 135 14.12 SITUAÇÕES ESPECIAIS 14.12.1 Surtos ou epidemias Em vigência de surto ou epidemia de doença cuja vacinação esteja incluída no Programa Nacional de Imunização, podem ser adotadas medidas de controle que incluem a vacinação em massa da população-alvo, sem necessidade de obedecer rigorosamente aos esquemas propostos por manuais de vacinação. 14.12.2 Vacinação de escolares A admissão à escola constitui momento estratégico para a atualização do esquema vacinal. A vacinação de escolares deve ser efetuada prioritariamente na primeira série do primeiro grau, com a finalidade de atualizar o esquema de imunização. 15 CAMPANHA DE VACINAÇÃO Constitui uma estratégia cujo objetivo é o controle de uma doença de forma intensiva ou a ampliação da cobertura vacinal para complementar trabalho de rotina. Para manter a erradicação da poliomielite e contribuir para a sua erradicação global, o Programa Nacional de Imunização criou o Dia Nacional de Vacinação contra a Poliomielite, com o objetivo de vacinar todas as crianças na faixa etária de zero a cinco anos de idade em um só dia. AN02FREV001/REV 4.0 136 Desde 1980, são realizadas campanhas nacionais de vacinação contra a poliomielite em duas etapas anuais. Em 1994, o Brasil recebeu da Organização Mundial de Saúde (OMS), a certificação pela erradicação da transmissão autóctone do poliovírus selvagem. A estratégia de campanhas de vacinação visa aumentar a oportunidade das crianças em completar o esquema básico de vacinação e ajudar a disseminar o vírus na natureza, promovendo proteção coletiva contra o poliovírus, inclusive em crianças não vacinadas na campanha, diminuindo o número de suscetíveis. Dessa forma as campanhas de vacinação, ao alcançar crianças não vacinadas ou com esquema vacinal incompleto, compensam falhas existentes na vacinação de rotina. Além das campanhas para crianças, acontece também a Campanha Nacional de Vacinação do Idoso (CNVI), que é uma das efetivações do compromisso com a universalidade, a integralidade e a equidade da atenção à saúde no setor de imunizações; atendendo, deste modo, aos princípios básicos fundamentais do Sistema Único de Saúde (SUS). Com esta medida, o Ministério da Saúde visa contribuir com a prevenção de enfermidades que interferem no desenvolvimento das atividades rotineiras da população em foco, reduzindo a morbimortalidade por doenças infecciosas imunopreveníveis e garantindo-lhe, prioritariamente, qualidade de vida, bem-estar e inclusão social. A Campanha Nacional de Vacinação para a Terceira Idade teve a sua primeira edição em 1999 e tinha como objetivo imunizar pessoas de 65 anos ou mais contra a gripe, tétano e difteria. A iniciativa surgiu para diminuir os casos de hospitalizações e mortes em decorrência da gripe. A vacinação contra o tétano está relacionada ao fato desse grupo etário não ter tomado vacina contra a doença na infância e também pela necessidade de reforços a cada dez anos. Em 2005, o Brasil superou a meta de 70%, preconizada pelo Ministério da Saúde, e vacinou 83,9% da população com mais de 60 anos, conquistando uma das maiores coberturas vacinais do mundo. Muitos mitos ainda pairam sobre a vacina contra a gripe. Algumas pessoas insistem em afirmar que a vacina provoca a doença, o que é um equívoco. A vacina não impede que a gripe ocorra, mas ela acontecerá mais atenuada, menos intensa. AN02FREV001/REV 4.0 137 A meta estipulada pelo Ministério da Saúde, em 2006, era imunizar 11 milhões de pessoas acima de 60 anos, o que corresponde a 70% dos 15,7 milhões de idosos em todo o território nacional. Essa expectativa foi superada, pois a campanha de 2006 atingiu mais de 85% dessa faixa etária. FIGURA 56 - INCIDÊNCIA DA POLIOMIELITE FONTE: Disponível em: <http://www.sbp.com.br/img/campanha/grafico_vacinacao.pps>. Acesso em: 10 maio 2011. FIGURA 57 - CAMPANHA CONTRA A GRIPE FONTE: Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/aplicacoes/campanhas_publicitarias>. Acesso em: 10 maio 2011. 68 70 72 74 76 78 80 82 84 86 88 90 92 94 96 98 00 02 04 05 0 1 2 3 4 0 20 40 60 80 100 Taxa de Incidência 1ª Campanha 2ª Campanha T a xa d e I n c id ê n c ia p o r 1 00 .0 00 h a b . C o b e rt u ra V ac in a l (% ) Incidência de poliomielite e cobertura vacinal com a VOP*, em campanhas nacionais de vacinação, Brasil, de 1968 a 2005 Início dos dias nacionais de vacinação contra poliomielite * VOP: Vacina oral contra poliomielite. Fonte: Ministério da Saúde/Secretaria de Vigilância em Saúde. AN02FREV001/REV 4.0 138 FIGURA 58 - CAMPANHA CONTRA PARALISIA INFANTIL FONTE: Disponível em: <http://www.contagem.mg.gov.br/arquivos/fotos/vacinacao-contra-a-paralisia- 1.jpg>. Acesso em: 10 dez. 2013. 16 CALENDÁRIO BÁSICO DE VACINAÇÕES DE ROTINA No segundo semestre do ano de 2012, um novo calendário oficial de vacinação pelo Sistema Único de Saúde foi definido. São duas novidades em relação ao calendário de 2011: introdução da vacina pentavalente – que previne contra a difteria, tétano, coqueluche (pertussis), hepatite b e Haemophilus influenza do tipo B; outra mudança foi a introdução da vacina inativada poliomelite, com vírus inativado. Em 2013, novas mudanças vieram, o Ministério da Saúde (por intermédio do Programa Nacional de Imunização) ampliou o calendário básico de vacinação da criança, introduzindo a vacina tetra viral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela) para as crianças de 15 meses de idade. AN02FREV001/REV 4.0 139 16.1 CALENDÁRIO DE VACINAÇÃO PARA CRIANÇAS COM ATÉ SEIS ANOS FIGURA 59 - VACINAS PARA CRIANÇAS COM ATÉ QUATRO ANOS FONTE: Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/gif/svspni_calendario_26092013.gif>. Acesso em: 10 dez. 2013. AN02FREV001/REV 4.0 140 16.2 CALENDÁRIO DE VACINAÇÃO PARA CRIANÇAS MAIORES DE SETE ANOS E PARA ADOLESCENTES FIGURA 60 - VACINAS PARA CRIANÇAS MAIORES DE SETE ANOS E PARA ADOLESCENTES FONTE: Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=21463>. Acesso em: 10 dez. 2013. Em julho de 2013, foi anunciada pelo Ministério da Saúde a inclusão da vacina contra o HPV ao calendário de vacinação de adolescentes para meninas de 10 e 11 anos. A princípio, a vacina seria disponibilizada para pré-adolescentes entre 10 e 11 anos, e administrada em três doses: dose inicial, a segunda dose um mês depois da primeira e a terceira seis meses após a primeira dose. Entretanto, o Ministério da Saúde optou por ampliar a faixa etária para a vacinação contra o HPV em 2014, atendendo meninas de 11 a 13 anos, e adotou o esquema estendido que possibilita alcançar a cobertura vacinal de forma rápida com administração de duas doses e funciona como reforço aplicando a terceira dose cinco anos depois, prolongando o efeito protetor contra a doença. Sendo assim, o esquema vacinal ficará assim: dose inicial, a segunda seis meses depois da primeira e a terceira dose AN02FREV001/REV 4.0 141 deverá ser aplicada cinco anos após a primeira. Com a adoção do esquema estendido, será possívelampliar a oferta da vacina em 2015, e serão beneficiadas adolescentes de 9 a 13 anos. 16.3 CALENDÁRIO DE VACINAÇÃO PARA ADULTOS E IDOSOS FIGURA 61 - CALENDÁRIO DE VACINAÇÃO PARA ADULTOS E IDOSOS FONTE: Disponível em: < http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=21464> . Acesso em: 11 dez. 2013 Orientações importantes para a vacinação do adulto e idoso, segundo Ministério da Saúde são descritas a seguir. 1) vacina hepatite B (recombinante) – oferecer aos grupos vulneráveis não vacinados ou sem comprovação de vacinação anterior, a saber: gestantes, após o primeiro trimestre de gestação; trabalhadores da saúde; bombeiros, policiais militares, civis e rodoviários; caminhoneiros, carcereiros de delegacia e de AN02FREV001/REV 4.0 142 penitenciarias; coletores de lixo hospitalar e domiciliar; agentes funerários, comunicantes sexuais de pessoas portadoras de VHB; doadores de sangue; homens e mulheres que mantêm relações sexuais com pessoas do mesmo sexo (HSH e MSM); lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT); pessoas reclusas (presídios, hospitais psiquiátricos, instituições de menores, forças armadas, dentre outras); manicures, pedicures e podólogos; populações de assentamentos e acampamentos; potenciais receptores de múltiplas transfusões de sangue ou politransfundidos; profissionais do sexo/prostitutas; usuários de drogas injetáveis, inaláveis e pipadas; portadores de DST. A vacina está disponível nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE) para as pessoas imunodeprimidas e portadores de deficiência imunogênica ou adquirida, conforme indicação médica. 2) vacina adsorvida difteria e tétano dT (dupla tipo adulto) – adultos e idosos não vacinados ou sem comprovação de três doses da vacina, seguir o esquema de três doses. O intervalo entre as doses é de 60 (sessenta) dias e no mínimo de 30 (trinta) dias. Os vacinados anteriormente com três doses das vacinas DTP, DT ou dT, administrar reforço, dez anos após a data da última dose. Em caso de gravidez e ferimentos graves, antecipar a dose de reforço, sendo a última dose administrada a mais de cinco anos. A mesma deve ser administrada no mínimo 20 dias antes da data provável do parto. Diante de um acaso suspeito de difteria, avaliar a situação vacinal dos comunicantes. Para os não vacinados, iniciar esquema com três doses. Nos comunicantes com esquema incompleto de vacinação, este deve ser completado. Nos comunicantes vacinados que receberam a última dose há mais de cinco anos, deve-se antecipar o reforço. 3) vacina contra a febre amarela (atenuada) – indicada aos residentes ou viajantes para as seguintes áreas com recomendação da vacina: estados do Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Distrito Federal e Minas Gerais e alguns municípios dos estados do Piauí, Bahia, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Para informações sobre os municípios destes estados, buscar as Unidades de Saúde dos mesmos. No momento da vacinação, considerar a situação AN02FREV001/REV 4.0 143 epidemiológica da doença. Para os viajantes que se deslocarem para os países em situação epidemiológica de risco, buscar informações sobre administração da vacina nas embaixadas dos respectivos países a que se destinam ou na Secretaria de Vigilância em Saúde do Estado. Administrar a vacina dez dias antes da data da viagem. Administrar dose de reforço, a cada dez anos após a data da última dose. Precaução: a vacina é contraindicada para gestantes e mulheres que estejam amamentando; nos casos de risco de contrair o vírus, buscar orientação médica. A aplicação da vacina para pessoas a partir de 60 anos depende da avaliação do risco da doença e benefício da vacina. 4) vacina contra sarampo, caxumba e rubéola (SCR) – administrar uma dose em mulheres de 20 a 49 anos de idade e em homens de 20 a 39 anos de idade que não apresentarem comprovação vacinal. 5) vacina influenza sazonal (fracionada, inativada) – oferecida anualmente durante a Campanha Nacional de Vacinação do Idoso. 6) vacina pneumocócica 23-valente (polissacarídica) – administrar uma dose durante a Campanha Nacional de Vacinação do Idoso, nos indivíduos de 60 anos ou mais que vivem em instituições fechadas como casas geriátricas, hospitais, asilos, casas de repouso, com apenas um reforço cinco anos após a dose inicial.( PORTAL SAÚDE, 2011) AN02FREV001/REV 4.0 144 16.4 CALENDÁRIO DE VACINAÇÃO PARA GESTANTE FIGURA 62 - CALENDÁRIO DE VACINAÇÃO PARA GESTANTE FONTE: Disponível em: < http://www.saude.sp.gov.br/resources/ses/perfil/cidadao/homepage/destaques/calendario-de- vacinacao/calendario_vacinal_2013.pdf>. Acesso em: 11 dez. 2013 AN02FREV001/REV 4.0 145 17 VACINAS 17.1 VACINA CONTRA TUBERCULOSE (BCG) O BCG (Bacilo de Calmette e Guérin) vem sendo utilizado como vacina há várias décadas e tem por finalidade evitar que a primoinfecção natural, causada por Mycobacterium tuberculosis, evolua para doença. A partir do ano de 1973, a via oral foi abandonada no Brasil, passando-se à via intradérmica na vacinação rotineira, que utiliza, desde 1925, a amostra conhecida como “BCG Moreau”. O BCG-ID provoca primoinfecção artificial e inofensiva, ocasionada por bacilos não virulentos, com o objetivo de que essa infecção contribua para aumentar a resistência do indivíduo em face de uma infecção posterior, causada por bacilos virulentos. 17.1.1 Apresentação e composição O BCG é preparado com bacilos vivos de cepa de Mycobacterium bovis com virulência atenuada, contendo também glutamato de sódio. Apresenta-se em ampolas com múltiplas doses. 17.1.2 Idade de aplicação A partir do nascimento. Desde que não tenha sido administrada na unidade neonatal, a vacinação deve ser feita ao completar o primeiro mês de vida ou no primeiro comparecimento à Unidade de Saúde. Pessoas com qualquer idade podem AN02FREV001/REV 4.0 146 ser vacinadas. No Brasil, o BCG é indicado para crianças de zero a quatro anos, sendo obrigatória para as menores de um ano, de acordo com a Portaria 452 de 6 de dezembro de 1976, do Ministério da Saúde. Deve-se vacinar o mais precocemente possível, de preferência, logo após o nascimento. Alguns países indicam apenas uma dose, enquanto outros preconizam segunda dose, por ocasião da entrada na escola, se o teste tuberculínico for negativo. O Ministério da Saúde recomenda revacinar todas as crianças por volta dos seis anos de idade, independente de ter ou não cicatriz vacinal, mas ainda não há condições operacionais para viabilizar tal norma em termos nacionais. A hipersensibilidade à tuberculina ou PPD, após a vacinação, diminui progressivamente, principalmente após dois a cinco anos, portanto não seria válido revacinar baseando-se somente na diminuição de tal reatividade. 17.1.3 Indicação É indicada principalmente para prevenir as formas graves da tuberculose em crianças com menos de cinco anos de idade, mais frequentes em menores de um ano. Profissionais de saúde que apresentam nódulo com diâmetro menor de 5 mm e reatores fracos (nódulo com diâmetro entre 5 mm e 9 mm) no teste tuberculínico (PPD). É recomendada aos contatos domiciliares de hanseníase, independente da forma clínica, e também, o mais precocemente possível, nas crianças HIV-positivas e filhos de HIV-positivos. São contraindicadas nos indivíduos HIV-positivos sintomáticos. De acordo com o Manual de Normas para o Controle de Tuberculose, os recém-nascidos devem ser vacinados nas maternidades, desde que tenham peso igual ou superior a 2 Kg e boas condições clínicas. Recém-nascidos filhos de mães HIV-positivas e crianças soropositivaspara HIV poderão ser vacinados, desde que não apresentem sinais e sintomas de AIDS. Os vacinados, nessas condições, deverão ser acompanhados nas unidades de referência para AIDS. AN02FREV001/REV 4.0 147 17.1.4 Via de administração A vacina BCG liofilizada, após diluição com solução de cloreto de sódio e completa homogeneização, é aplicada por via intradérmica na dose indicada de 0,1ml, na inserção inferior do músculo deltoide do braço direito. A lesão vacinal evolui da seguinte forma: da 1ª à 2ª semana – mácula avermelhada com enduração de 5 a 15 mm de diâmetro; da 3ª à 4ª semana – pústula que se forma com amolecimento do centro da lesão, seguida pelo aparecimento de crosta; da 4ª à 5ª semana – úlcera com 4 a 10 mm de diâmetro; da 6ª à 12ª semana – cicatriz com 4 a 7 mm de diâmetro, encontrada em cerca de 95% dos vacinados. Não se deve cobrir a úlcera ou colocar qualquer tipo de medicamento. O tempo dessa evolução é de 6 a 12 semanas, podendo prolongar-se raramente até a 24ª semana. Eventualmente pode haver recorrência da lesão, mesmo depois de ter ocorrido completa cicatrização. 17.1.5 Eficácia A análise de artigos de publicações internacionais mostra que o BCG confere cerca de 50% de proteção para todas as formas de tuberculose e que a eficácia é de aproximadamente 64% para a meningoencefalite tuberculosa e de aproximadamente 78% para a disseminada. A eficácia também varia em função de outros fatores, tais como genéticos, nível socioecônomico, nutricional, diferentes cepas de BCG. Em nosso país, há evidências de proteção contra meningite tuberculosa em crianças que receberam BCG. AN02FREV001/REV 4.0 148 17.1.6 Contraindicações A Organização Mundial de Saúde estabeleceu as seguintes contraindicações para vacinação com BCG: absolutas – imunodeficiências de qualquer natureza; relativas – peso inferior a 2 kg, desnutrição grave, erupção cutânea generalizada, tratamento com corticoides e citostáticos, doenças agudas febris e doenças crônicas. 17.1.7 Conservação e validade Conservar entre +2oC e +8oC. A vacina se inativa rapidamente quando exposta diretamente a raios solares, não há, porém, risco de inativação se for exposta à luz artificial. Após a reconstituição, a vacina deve ser utilizada no prazo máximo de seis horas. O prazo de validade é indicado pelo fabricante e deve ser respeitado rigorosamente. 17.1.8 Observações durante o preparo e a aplicação da vacina BCG Os eventos adversos decorrentes da vacina BCG são, em geral, locais e pouco frequentes. Na maioria dos casos estão relacionados às falhas na administração da vacina, devido à: aplicação profunda – a vacina é aplicada na camada subcutânea, quando o correto é a via intradérmica; dose com maior volume – deve ser injetada a dose exata, ou seja, 0,1 ml; contaminação durante o processo de preparação e aplicação da vacina. AN02FREV001/REV 4.0 149 Por isso, para atuar na sala de vacina, e aplicar a BCG, o profissional deve: valorizar a lavagem das mãos, no mínimo, antes e após o preparo e aplicação de cada vacina; durante a reconstituição da vacina, evitar a agitação intensa e homogeneizá-la cuidadosamente com movimentos circulares, até a sua completa diluição; introduzir o diluente, vagarosamente, pela parede do frasco; conferir a quantidade da dose a ser administrada, que deve ser de 0,1 ml, e o local de aplicação deve ser na inserção inferior do músculo deltoide no braço direito; utilizar seringa e agulha adequadas à técnica de aplicação intradérmica. 17.1.9 Eventos adversos São eventos adversos da vacina BCG: úlcera com diâmetro maior que 1 cm; linfadenopatia regional não supurada (íngua) – presença de gânglios enfartados na região próxima à aplicação (região axilar, supra e infraclaviculares), sem a presença de pus. Ocorre principalmente nos três primeiros meses após a aplicação da vacina. Não deve ser puncionado; linfadenopatia regional supurada – presença de gânglios enfartados na região próxima à aplicação (regiões axilar, supra e infraclaviculares), com a presença de pus. Pode ocorrer drenagem espontânea, originando fístulas. Ocorre principalmente nos três primeiros meses após a aplicação da vacina. Não deve ser puncionado; abcesso subcutâneo frio – associados à técnica incorreta de aplicação da vacina por via intradérmica. Neste caso, a aplicação da vacina ocorre de forma mais profunda, alcançando a camada subcutânea, provocando o abcesso frio; abcesso subcutâneo quente – associado à contaminação durante o processo de preparo e aplicação da vacina (infecção secundária); AN02FREV001/REV 4.0 150 cicatriz queloide – cicatriz geralmente elevada e volumosa, que ocorreria no cliente em outros processos de cicatrização, independentemente da aplicação da vacina. Não precisa ser notificado; em pele – lesões semelhantes à tuberculose cutânea, que ocorrem num período de tempo que varia de três meses a 30 anos após a vacinação; em ossos e articulações – os sinais e sintomas mais frequentes são dor local, inchaço e limitação à movimentação do membro acometido. Seu aparecimento varia de seis meses a três anos após a vacinação. São eventos muito raros com a cepa vacinal brasileira; em órgãos do tórax, abdome e linfonodos – lesões semelhantes às da tuberculose em pulmões, rins, órgãos genitais. São extremamente raras. Ocorrem, em geral, entre seis meses a três anos após a vacinação; lesões generalizadas – lesões semelhantes às da tuberculose disseminada, podendo ser fatais. Podem causar aumento do fígado, do baço e rápida deteriorização do estado geral. Geralmente ocorrem no primeiro ano após a vacinação e nos indivíduos com comprometimento da imunidade celular, congênito ou adquirido. 17.2 VACINA CONTRA HEPATITE B (RECOMBINANTE) O Programa Nacional de Imunização recomenda atualmente a vacinação universal das crianças contra hepatite B. Deve ser aplicada na unidade neonatal, ao nascer, nas primeiras 24 horas de vida, preferencialmente nas primeiras 12 horas de vida. Caso a criança não tenha recebido a vacina, deve ser aplicada na primeira consulta ao serviço de saúde; essa dose pode ser feita até 30 dias após o nascimento. Pode ser aplicada simultaneamente com a vacina BCG. A vacina para hepatite B deve ser aplicada em todos os recém-nascidos, iniciando o esquema vacinal já no primeiro mês de vida. Adultos não vacinados e que não tiveram a doença também podem fazer a vacina, que está especialmente recomendada a pessoas que cuidam de pacientes, a profissionais da área da saúde, aos AN02FREV001/REV 4.0 151 portadores do vírus da hepatite C, alcoolistas e a indivíduos com quaisquer outras doenças hepáticas. Devem ser usadas luvas, máscara e óculos de proteção quando houver possibilidade de contato com sangue ou secreções corporais. Pessoas que tiveram exposição conhecida ao vírus (relação sexual com indivíduo contaminado, acidente com agulha) devem receber uma espécie de soro (imunoglobulina) nos primeiros dias após o contato, o que pode diminuir a chance ou, pelo menos, a intensidade da doença. Recém-nascidos de mães com hepatite B devem receber imunoglobulina específica e vacina imediatamente após o parto, para diminuir o risco de o bebê desenvolver a doença. O tratamento da mãe para diminuir o risco de transmissão deve ser discutido individualmente com o especialista. 17.2.1 Apresentação e composição Existem dois tipos de vacina contra hepatite B: a de primeira geração contém partículas virais obtidas do plasma de doadores do vírus, inativadas pelo formol; a de segunda geração é preparada por método de engenharia genética e obtida por tecnologia de recombinação do ADN (ácido desoxirribonucleico).As duas vacinas utilizam hidróxido de alumínio como adjuvante e o timerosal como conservante. O Programa Nacional de Imunização recomenda atualmente apenas o uso da vacina recombinante, isto é, a obtida por engenharia genética. As vacinas recombinantes licenciadas atualmente são produzidas a partir de leveduras (levedura de padeiro), nas quais se introduziu um plasmídeo contendo o gene AgHBs. Contém cinco a 40mg/ml de antígeno (AgHBs), adsorvidos em hidróxido de alumínio, utilizando-se o timerosal como conservante. Três doses dessa vacina, aplicadas por via intramuscular, induzem títulos protetores em mais de 90% dos receptores adultos sadios e em mais de 95% dos lactentes, crianças e adolescentes de até 19 anos de idade. Idosos, dialisados e imunodeficientes apresentam resposta imunológica mais baixa. A vacina contra hepatite B é apresentada sob a forma líquida, em ampolas individuais ou frasco-ampola com múltiplas doses. AN02FREV001/REV 4.0 152 17.2.2 Idade de aplicação Iniciar de preferência logo após o nascimento, nas primeiras 12 horas de vida, para evitar a transmissão vertical. Caso isso não tenha sido possível, iniciar o mais precocemente possível, na unidade neonatal ou na primeira visita à Unidade de Saúde. A vacina contra hepatite B pode ser administrada em qualquer idade e simultaneamente com outras vacinas do calendário. 17.2.3 Via de administração Intramuscular profunda, no vasto lateral da coxa, em crianças com mais de dois anos de idade, pode ser aplicada na região deltoide. Não deve ser aplicada na região glútea, pois a adoção desse procedimento se associa com menor produção de anticorpos, pelo menos em adultos. 17.2.4 Esquemas de aplicação Segundo o Ministério da Saúde, para recém-nascidos, administrar uma dose ao nascer e completar o esquema de vacinação contra hepatite B com a combinada vacina penta – vacina adsorvida difteria, tétano, pertussis, hepatite B (recombinante) e Haemophilus influenzae B (conjugada), aos dois, quatro e seis meses de idade. Crianças que iniciam o esquema vacinal após um mês de vida até quatro anos, 11 meses e 29 dias deve-se administrar três doses da vacina pentavalente (difteria, tétano, pertussis, hepatite B e Haemophilus influenzae B), com intervalo de 60 dias entre as doses, sendo intervalo mínimo de 30 dias. AN02FREV001/REV 4.0 153 Pessoas com idade entre 5 e 49 anos sem comprovação que estejam vacinas, administrar três doses da vacina hepatite B com intervalo de 30 dias entre a primeira e segunda dose e de eis meses entre a primeira e terceira dose, sendo o esquema de 0,1 e 6.Caso o esquema vacinal da hepatite B esteja incompleto, deve- se completar o esquema, e não reiniciá-lo. Em gestantes, administrar três doses da vacina, considerando o histórico de vacinação, em qualquer faixa etária e idade gestacional. Para pessoas consideradas do grupo de vulnerabilidade, independente da idade, administrar três doses com intervalo de 30 dias entre a primeira e a segunda doses e de seis meses entre a primeira e a terceira doses, considerando histórico vacinal anterior. Com relação aos volumes e doses, depende de situações individuais específicas. Deve-se seguir a orientação do fabricante, a ser referenciada por informe técnico do PNI. A dose da vacina varia conforme o produto, a idade e a condição do receptor. A bula do produto deve ser sempre consultada, assim como as recomendações atualizadas do PNI. Algumas condições que predispõem a baixa resposta imunológica à vacinação contra hepatite B poderão necessitar do dobro da dose habitual para a idade. A vacina contra hepatite B poderá ser aplicada simultaneamente com outras vacinas do calendário vacinal de rotina, não apresentando comprometimento da eficácia ou aumento de eventos adversos. Intervalos maiores do que os recomendados proporcionam resultados equivalentes, não havendo a necessidade de reiniciar o esquema, mas é sempre importante verificar a situação vacinal anterior. Ao utilizar a vacina Butang®, devem ser seguidas algumas recomendações: a dose para pessoas <20 anos de idade é de 10 mcg (0,5 ml) e para as pessoas com ≥20 anos é de 20 mcg (1,0 ml); não utilizar o produto para os recém-nascidos de mães AgHBs+, utilizar de outro laboratório produtor; e pode ser utilizado para pessoas até 30 anos de idade, no entanto, para as pessoas de risco acrescido, no momento, não se recomenda utilizar este produto. AN02FREV001/REV 4.0 154 17.2.5 Contraindicações A ocorrência, muito rara, de reação anafilática sistêmica seguindo-se à aplicação de dose anterior. 17.2.6 Conservação e validade Deve ser conservada entre +2ºC e +8ºC. O congelamento inativa a vacina. Depois de aberto o frasco-ampola de múltiplas doses, a vacina poderá ser utilizada até o final do prazo de validade, desde que tenha sido manipulada com técnicas corretas de assepsia. O prazo de validade é indicado pelo fabricante e deve ser respeitado rigorosamente. 17.2.7 Observações durante o preparo e a aplicação da vacina hepatite B São recomendações importantes que devemos observar: fazer movimentos giratórios com o frasco, para que a vacina fique mais homogênea e provoque menos reações locais; lavar as mãos, no mínimo antes e depois do preparo e aplicação da vacina; observar a técnica asséptica de preparação da vacina; utilizar a via de aplicação correta, com introdução da agulha no terço médio da coxa (vasto lateral), observando o ângulo de aplicação para intramuscular nesta região. No caso do deltoide, a aplicação será na face externa superior do braço; adequar a agulha ao ângulo de aplicação conforme massa muscular da pessoa a ser vacinada; AN02FREV001/REV 4.0 155 localizar, visualmente, o músculo vasto lateral, fazendo prega com o dedo indicador e o polegar. introduzir a agulha no músculo respeitando o ângulo correto. 17.2.8 Eventos adversos Os principais eventos adversos são: edema e eritema e nódulo indolor no local da injeção; mal-estar, cefaleia, astenia, mialgia e artralgia. Estes sintomas são de pequena intensidade e passam rapidamente; febre de 37,5ºC – geralmente aparece nas primeiras horas após a aplicação da vacina, ou até o dia seguinte; pode ocorrer febre igual ou acima de 39,5ºC nos dois dias após a aplicação da vacina. Nos casos de febre que aparecem após o segundo dia da vacinação, ou persistem por mais de dois dias, deve ser feito diagnóstico diferencial com doenças que ocasionam febre. Este sinal pode indicar infecção não relacionada à vacinação (doença em período de incubação que ocorreu por coincidência); abcessos quentes e frios, ocasionados por problemas na técnica de aplicação; choque anafilático caracterizado por hipotensão ou choque, associado à urticária, edema de face e laringoespasmo. É um evento adverso raro e grave. AN02FREV001/REV 4.0 156 17.3 VACINA ORAL CONTRA POLIOMIELITE (VOP) E VACINA INATIVADA POLIOMELITE (VIP) As vacinas da poliomielite são de dois tipos: vacina com vírus inativados(VIP); vacina com vírus vivos atenuados (VOP). A vacina produzida com vírus inativados contém três tipos de poliovírus: tipo 1 (Mahoney); tipo 2 (MEF-1); tipo 3 (Saukett). Os poliovírus dessa vacina são cultivados em células de rim de macaco verde africano, denominadas células Vero, e a seguir concentrados, purificados e inativados com formaldeído. Possuem traços de neomicina, estreptomicina e polimixina B e sua conservação deve ser em geladeira entre +2ºC e +8ºC. A vacina inativada induz a produção de anticorpos da classe IgG de maneira satisfatória, mas quase não dá origem à formação de IgA secretora, ao contrário da vacina oral. Nesse caso não há propagaçãodo vírus vacinal na comunidade, não ocorrendo casos de pólio paralítica por reversão do vírus vacinal selvagem. Essa vacina também é denominada tipo Salk, em homenagem a Jonas Salk, seu desenvolvedor. A vacina produzida com vírus vivos atenuados é chamada de Sabin, em homenagem a Albert Sabin, cientista que desenvolveu este tipo. É produzida a partir de três cepas de vírus denominados 1, 2 e 3. É constituída de 106 unidades de vírus do tipo 1, 105 do tipo 2 e 600.000 do tipo 3, por dose. A vacina não deve ser administrada em crianças com vômitos, diarreia ou processos febris de origem indeterminada. Pode ser aplicada a qualquer hora do dia, sem relação com alimentação. Em raríssimas circunstâncias a administração desta vacina tem sido associada à ocorrência de paralisia em vacinados sadios ou em seus contatos. AN02FREV001/REV 4.0 157 A poliomielite aguda associada à vacina oral é doença aguda febril, que causa um déficit motor flácido de intensidade variável, geralmente assimétrico. O tempo decorrente entre a aplicação e o evento é de 4 a 40 dias para o vacinado e de 4 a 85 dias para o comunicante de vacinado. As cepas virais mais implicadas neste fenômeno são as do tipo 2, responsável pela paralisia nos comunicantes, e a do tipo 3, responsável pela paralisia nos vacinados. O risco é de menos de um caso para um milhão de vacinados. A conduta médica nestes casos é o tratamento de suporte, continuar o esquema vacinal com a vacina inativada e notificar a autoridade sanitária. Os exames subsidiários sugeridos são a coleta de duas amostras de fezes nos primeiros 15 dias, com um intervalo de 24 horas entre as coletas. Além disso, realizar a eletroneuromiografia para avaliar-se a extensão das lesões. Em 1994, o Brasil recebeu o Certificado Internacional de Erradicação da Transmissão Autóctone do Poliovírus Selvagem, cujo último caso foi registrado em 1989. A Vacina Oral contra a Poliomielite é a vacina de escolha no Brasil, com base em considerações sobre riscos e benefícios, que são citados a seguir: induz imunidade intestinal; administração fácil e simples; os pacientes aceitam bem; resulta em imunização dos contatos das pessoas vacinadas; viabilizou a eliminação da doença causada pelos poliovírus selvagens nas Américas. A paralisia associada à Vacina Oral contra Poliomielite é rara, 1/2,4 milhões de doses distribuídas, nos Estados Unidos. A taxa após a primeira dose é de 1/760.000 doses, incluindo recipientes e comunicantes. A intensificação da vacina de rotina no Brasil resultou na manutenção de altas coberturas vacinais. A realização de campanhas de vacinação atingindo grande parte da população, a criação do Dia Nacional de Vacinação, para todas as crianças abaixo de cinco anos de idade, que ocorrem duas vezes ao ano é uma medida fundamental para a erradicação da poliomielite no Brasil. Em agosto de 2012, foi introduzida no calendário vacinal infantil a vacina inativada da poliomielite (VIP) visando diminuir o risco, que é raro, de paralisia associada à vacina e mantendo a VOP para manter a imunidade populacional contra o AN02FREV001/REV 4.0 158 risco de introdução de poliovirus selvagens através de viajantes vindos de localidades que ainda apresentam casos de poliomielite (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). 17.3.1 Composição e apresentação A vacina oral contra a poliomielite é indicada para a prevenção dos casos de poliomielite e é produzida a partir de vírus atenuados em cultura de células derivadas, especialmente de tecido renal de macacos da espécie Cercophecos aethiops. Contém os três tipos de poliovírus atenuados (tipos 1, 2 e 3), conservantes a base de antibióticos e termoestabilizadores, como por exemplo, cloreto de magnésio e aminoácidos ou sacarose. Sua apresentação é em forma líquida, habitualmente em um conjunto de frasco, aplicador com tampa rosqueável, moldados em plástico maleável e resistente, contendo 20 ou 25 doses. A vacina inativada poliomielite (VIP) é composta por cepas inativadas dos três tipos de polivírus (1, 2 e 3), produzindo anticorpos contra todos eles. Sua apresentação é em forma injetável, em frascos com dez doses. FIGURA 63 - FRASCO DE VACINA DA POLIOMIELITE FONTE: Disponível em: <http://www.blogdoserido.com.br/wp-content/uploads/vacina-polio-2.jpg>. Acesso em: 11 maio 2011. AN02FREV001/REV 4.0 159 17.3.2 Idade de aplicação A vacinação de rotina da VOP é recomendada a partir dos dois meses de idade. Situações epidemiológicas especiais podem indicar a vacinação a partir do nascimento da criança. Em campanhas maciças, a vacina é administrada nas crianças com menos de cinco anos de idade, independente do estado vacinal prévio. A VIP é recomendada a partir dos dois meses de idade. 17.3.3 Via de administração A VOP deve ser administrada por via oral. Cada dose corresponde a duas gotas, que equivalem a 0,1ml, ou de acordo com as especificações do fabricante. A VIP deve ser administrada preferencialmente via intramuscular (vasto lateral da coxa, e em crianças maiores no músculo deltoide), e, em casos especiais, podendo também ser administrada via subcutânea. 17.3.4 Esquema de aplicação Para crianças menores de um ano, que estiverem iniciando o esquema, o esquema será de quatro doses sequenciais, sendo: VIP aos dois meses (1ª dose) e quatro meses (2ª dose) de idade, e a VOP aos seis meses (3ª dose) e 15 meses de idade (reforço). O intervalo entre as doses é de 60 dias, mínimo de 30 dias. Segundo o Ministério da Saúde, a VIP só deverá ser administrada em crianças de dois meses a menores de um ano, iniciando esquema vacinal; se a criança recebeu 1ª dose na vacinação de rotina, o esquema será completado com VOP; se a criança tiver recebido a 1ª dose e/ou 2ª dose de VIP deverá ser seguido o AN02FREV001/REV 4.0 160 esquema sequencial; e se a criança receber VIP aos dois meses e por algum motivo receber VOP aos quatro meses o esquema deverá ser completado com VOP. 17.3.5 Contraindicações VOP e VIP Segundo o Ministério da Saúde, são contraindicações da VOP: Não há contraindicações para a administração da vacina oral poliomielite. Deve-se, entretanto, evitar a vacinação nas seguintes situações: infecções agudas, com febre acima de 38ºC; hipersensibilidade conhecida a algum componente da vacina; qualquer reação passada à vacina; crianças imunodeficientes devido a tratamento com imunossupressores ou de outra forma adquirida ou com deficiência imunológica congênita; histórico de paralisia flácida associada à vacina, após dose anterior da vacina poliomielite oral. Segundo o Ministério da Saúde, são contraindicações da VIP: indivíduo portador de alergia grave (anafilaxia) a qualquer componente da vacina; pessoas sensíveis a antibióticos como estreptomicna, neomicina e polimixina B, pois como a VIP contém vestígios desses antibióticos, pode apresentar um risco teórico de reações alérgicas; reação alérgica a doses anteriores da VIP. AN02FREV001/REV 4.0 161 17.3.6 Conservação e validade 17.3.6.1 da VOP Quando a vacina for mantida à temperatura igual ou inferior a -20ºC manterá a sua potência por 24 meses. Após o descongelamento, conservada sob refrigeração à temperatura de 2ºC a 8ºC, a validade será mantida por um período de três meses, observando o prazo de validade estabelecido para cada lote da vacina. A validade da vacina encontra-se impressa na embalagem do fabricante e deve ser rigorosamente obedecida. Na utilização da vacina, os seguintes cuidados devem ser observados: retornar a vacina ao refrigerador imediatamente após a vacinação; se houver necessidade de utilizar a vacina em ambiente externo ao da Unidade de Saúde, manter a vacina refrigerada na caixatérmica específica ou em banho de gelo (gelo + água), ao abrigo da luz solar direta; sobras de vacinas devem ser descartadas após cinco dias úteis da abertura dos frascos; na vacinação extramuros, os frascos de vacina deverão ser utilizados num único dia, desprezando-se as sobras. 17.3.6.2 VIP Deve ser mantida em refrigeração, em temperatura de 2ºC a 8ºC. Não deve ser congelada. Após aberta, pode ser usada em até seis horas, mantendo sempre em refrigeração. AN02FREV001/REV 4.0 162 17.3.7 Eventos adversos O evento adverso que pode ocorrer após o uso da vacina Sabin (VOP) é a própria doença, a poliomielite. Diferentemente das demais vacinas, este evento pode acometer a criança vacinada ou seus comunicantes. Nos casos de poliomielite associada ao vacinado, a criança apresenta quadro agudo de febre, seguido de paralisia flácida aguda, que pode ocorrer de 4 a 40 dias após a aplicação da vacina, apresentando sequela, compatível com poliomielite, 60 dias após o início do quadro. Nos casos de poliomielite associada ao comunicante do vacinado, a paralisia flácida aguda surge após o contato com criança que tenha sido vacinada até 40 dias antes. O comunicante apresenta quadro agudo de febre, seguido dos sinais de paralisia flácida, os quais podem surgir em 4 a 85 dias após a vacinação, apresentando sequelas compatíveis com poliomielite, 60 dias após o início do quadro. A VIP, como qualquer outra vacina, pode causar problemas como reações alérgicas graves, dentre outras reações, mas o risco de provocar danos graves é bem pequeno, visto que a maioria dos vacinados com a VIP não apresentaram nenhum evento adverso. Podem ocorrer reações no local da aplicação, como: endurecimento do local, eritema, sensibilidade aumentada ou hiperestesia. 17.4 VACINA ORAL DE ROTAVÍRUS HUMANO Introduzida no calendário básico de vacinação da criança em 2006, a vacina oral de rotavírus humano protege crianças menores de seis meses de idade (crianças de 1 mês e 15 dias até 7 meses e 29 dias) da infecção pelo rotavírus. AN02FREV001/REV 4.0 163 17.4.1 Composição e apresentação, idade de aplicação e via de administração É apresentada em seringa(s) para administração oral com uma dose cada. Cada dose de 1,5mL da vacina contém rotavírus humano vivo atenuado. A idade de aplicação é em crianças de 1 mês e 15 dias até 7 meses e 29 dias. A vacina deve ser administrada via oral. 17.4.2 Esquema de aplicação A primeira dose aos dois meses de idade e a segunda dose aos quatro meses de idade. Criança com idade de 1 mês e 15 dias a 3 meses e 15 dias pode receber a primeira dose. Criança com idade de 3 meses e 15 dias a 7 meses e 29 dias pode receber a segunda dose desta vacina. 17.4.3 Contraindicações São contraindicações desta vacina: a vacina não deve ser administrada fora da faixa etária limite; crianças com doença febril grave não devem receber a vacina, contudo, quadro febril leve não é contraindicação para administração da vacina; crianças com imunodeficiência primária ou secundária não devem receber a vacina; AN02FREV001/REV 4.0 164 a vacina não deve ser administrada em indivíduos que fazem uso de medicamentos imunossupressores como corticosteroides (prednisona >2mg/kg por duas semanas ou mais, ou equivalente da dose para outros corticosteroides) e quimioterápico; a vacina está contraindicada para crianças que tenham hipersensibilidade a qualquer componente da vacina; a vacina não deve ser administrada a crianças com histórico de doença gastrintestinal crônica ou má-formação congênita do trato digestivo ou história prévia de invaginação intestinal. 17.4.4 Conservação e validade Deve ser mantida a uma temperatura entre +2ºC e +8ºC, não podendo ser congelada. Respeitar sempre o prazo de validade do fabricante. 17.5 VACINA CONTRA DIFTERIA, TÉTANO, PERTUSSIS, HEPATITE B E HAEMOPHILUS INFLUENZAE TIPO B (VACINA PENTAVALENTE – DTP/HB/Hib) No segundo semestre de 2012, foi introduzida no calendário básico de vacinação da criança a vacina pentavalente, que previne contra difteria, tétano, pertussis, hepatite B e meningites causadas pelo Haemophilus influenzae tipo b. E está previsto pelo Ministério da Saúde, que em até quatro anos a vacina pentavalente seja transformada em heptavalente, incluindo as vacinas inativada poliomielite e meningite C conjugada. AN02FREV001/REV 4.0 165 17.5.1 Apresentação e composição A vacina pentavalente DTP/HB/Hib protege contra difteria, tétano, pertussis, hepatite B e doenças causadas pelo Haemophilus influenzae tipo b. A administração intramuscular da vacina estimula a produção dos respectivos anticorpos. Esta vacina, além de ser eficaz, reduz o número de aplicações injetáveis em crianças menores de um ano, já que reúne em uma única vacina os componentes imunológicos capazes de proteger contra todas estas doenças. A vacina é composta por toxoides de difteria e tétano, suspensão celular inativada de Bordetella pertussis, antígeno de superfície de hepatite B (HBs-Ag), e oligossacarídeos conjugados de Haemophilus influenzae do tipo b) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). A vacina apresenta-se em forma líquida injetável, em frasco contendo uma dose de 0,5ml. FIGURA 64 - VACINA TETRAVALENTE FONTE: Disponível em: <http://3.bp.blogspot.com/_1vaBEsuDsw8/SCSgUwvpubI/AAAAAAAABa8/1CTJWHn7tC4/s1600/Vaci na.jpg>. Acesso em: 11 maio 2011. AN02FREV001/REV 4.0 166 17.5.2 Idade de aplicação e via de administração A vacina é indicada a partir de dois meses de idade. A via de administração é intramuscular profunda, no vasto lateral da coxa e em crianças com mais de dois anos de idade pode ser aplicada na região deltoide. 17.5.3 Esquema de aplicação O esquema básico é composto de três doses, com intervalos de 60 dias, o mínimo entre as doses é de 30 dias. O aumento do espaço entre as doses não invalida as feitas anteriormente e, portanto, não exige que se reinicie o esquema. Quanto aos reforços, esses serão feitos com a vacina DTP (difteria, tétano e pertussis), sendo o primeiro reforço aos 15 meses e o segundo aos 4 anos. A idade limite para a administração da DTP é de 6 anos 11 meses e 29 dias. Deve ser aplicada uma dose de 0,5 mL da vacina por via intramuscular no vasto lateral da coxa em crianças menores de dois anos de idade e na região deltoide nas crianças acima de dois anos de idade. 17.5.4 Contraindicações A vacina não deve ser administrada nas seguintes situações (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012): é contraindicação para a administração da primeira dose relato de convulsão ou problemas neurológicos no período neonatal; hipersensibilidade a qualquer componente da vacina ou qualquer reação após administração anterior; AN02FREV001/REV 4.0 167 quadro neurológico em atividade; crianças que em após aplicações anteriores tenham apresentado: febre alta com temperatura acima de 39ºC após a administração da vacina sem qualquer outra causa aparente; convulsões em até 72 horas após a aplicação da vacina; encefalopatia em até sete dias após a vacinação; colapso circulatório, com estado tipo choque ou com episódio hipotônico-hiporresponsivo (EHH), até 48 horas após a administração de vacina prévia; púrpura trombocitopênica pós-vacinal. 17.5.5 Conservação e validade Deve ser conservada entre +2ºC e +8ºC, ao abrigo da luz direta e não pode ser congelada em hipótese alguma. Antes da aplicação a suspensão deve ser homogeinezada. O prazo de validade é indicado pelo fabricante e deve ser respeitado rigorosamente. 17.5.6 Eventos adversos Segundo o informe técnico da vacina pentavalente publicadopelo Ministério da Saúde, a vacina pentavalente é uma vacina bem tolerada, e o tipo e frequência de seus efeitos adversos não diferem significativamente das reações vacinais da DTP, Hep B e Hib descritas separadamente. Para a vacina DTP (células inteiras), leves reações locais ou sistêmicas são comuns. Edema temporário, aumento da sensibilidade e eritema (vermelhidão) no local da aplicação e febre ocorrem na maioria dos casos. Ocasionalmente as reações graves de febre alta, irritabilidade e choro inalterado podem aparecer dentro AN02FREV001/REV 4.0 168 de 24 horas de administração. Episódio Hipotônico Hiporresponsivo (EHH) e as convulsões febris foram relatados, a uma taxa de 1 por 12.500 doses administradas. Na vacina Hepatite B os relatos de reações anafiláticas graves são muito raros. Manifestações gerais como febre, irritabilidade, fadiga, tonturas, cefaleia, desconforto gastrintestinal, também podem ocorrer dentro das primeiras 24 horas e com evolução benigna. Na vacina Hib, reações locais leves como dor e aumento da sensibilidade local podem ocorrer em 24 horas após a vacinação, mas desaparecem espontaneamente em dois a três dias. Em alguns casos, podem ocorrer abcessos locais, decorrentes da contaminação bacteriana secundária por falha na técnica de aplicação da vacina. Manifestações gerais, como febre, raramente ocorrem e reações mais graves são muito raras, sendo que uma relação causal entre reações mais graves e a vacina não foi estabelecida. 17.6 VACINA CONTRA DIFTERIA, TÉTANO E COQUELUCHE (DTP) Essa vacina, que protege o paciente contra a difteria, o tétano e a coqueluche, é conhecida como DTP, ou tríplice bacteriana. O esquema de proteção contra estas doenças vem se dando no calendário de vacinação por meio da aplicação da vacina DTP-Hib. A vacina DTP ou Tríplice Bacteriana, por orientação do Programa Nacional de Imunização, tem sido indicada apenas para o reforço do esquema básico com a vacina DTP-Hib. 17.6.1 Apresentação e composição É uma vacina de células inteiras da Bordetella pertussis, agente causador da coqueluche, combinada com os toxoides tetânico e diftérico, que tem como adjuvante o hidróxido de alumínio. AN02FREV001/REV 4.0 169 17.6.2 Idade de aplicação Atualmente está indicada aos 15 meses, como dose de reforço do esquema básico da vacina DTP/Hb/HIB. A via de administração, contraindicações e as reações adversas são as mesmas atribuídas à vacina DTP/Hb/Hib. 17.7 VACINA CONTRA DIFTERIA E TÉTANO (VACINA DUPLA BACTERIANA – DT/DT) 17.7.1 Apresentação e composição A vacina dupla contém toxoide diftérico e toxoide tetânico, tendo como adjuvante hidróxido ou fosfato de alumínio. É apresentada sob forma líquida em ampola com dose única ou em frasco-ampola com múltiplas doses. Há dois tipos de vacina dupla: vacina dupla do tipo infantil (DT); vacina dupla do tipo adulto (dT). A vacina dupla do tipo infantil (DT) contém a mesma concentração de toxoide diftérico e de toxoide tetânico presente na vacina tríplice (DTP), enquanto a dupla do tipo adulto (dT) contém menor quantidade de toxoide diftérico. A vacina dupla do tipo infantil DT poderá ser aplicada em menores de sete anos e dupla do tipo adulto dT a partir desta idade. AN02FREV001/REV 4.0 170 17.7.2 Via de administração É administrada por via intramuscular profunda, preferencialmente no vasto lateral da coxa e em crianças com mais de dois anos de idade pode ser aplicada na região deltoide. 17.7.3 Esquema de aplicação A vacina dupla do tipo infantil (DT) é indicada para crianças com menos de sete anos de idade para as quais haja contraindicação de receberem a vacina contra coqueluche (componente pertussis=P). O esquema de administração é o mesmo utilizado para a vacina tríplice DTP. A vacina dupla do tipo adulto (dT) é indicada a partir de sete anos de idade a crianças que não receberam nenhuma dose da vacina tríplice DTP ou da vacina dupla do tipo infantil – DT, ou não completaram o esquema básico com uma dessas vacinas, ou cujo estado vacinal não seja conhecido. É ainda empregada como reforço da vacinação efetuada com a tríplice DTP ou com a dupla do tipo infantil – DT. Para o esquema básico são adotados os seguintes calendários: três doses aplicadas com intervalo de dois meses, mínimo de um mês, entre a primeira e a segunda, e de seis meses entre a segunda e a terceira (esquema 0, 2, 8); três doses aplicadas com intervalos de dois meses, mínimo de um mês (esquema 0, 2, 4). Por motivos de ordem operacional, tem-se optado por um ou outro esquema nas diferentes regiões do país. Os reforços são realizados de dez em dez anos, por toda a vida. AN02FREV001/REV 4.0 171 17.7.4 Contraindicações Reação anafilática sistêmica grave seguindo-se à aplicação de dose anterior; Síndrome de Guillain-Barré nas seis semanas após a vacinação contra difteria e/ou tétano anterior. Se uma pessoa, que não completou o esquema básico de imunização contra o tétano, tiver contraindicação absoluta ao uso de uma preparação contendo toxoide tetânico e sofrer um ferimento que não seja limpo ou superficial, deve receber somente imunização passiva (soro ou imunoglobulina humana antitetânica). 17.7.5 Conservação e validade Deve ser conservada entre +2ºC e +8ºC. O congelamento inativa a vacina. Depois de aberto o frasco-ampola de múltiplas doses, a vacina poderá ser utilizada até o final do prazo de validade, desde que tenha sido manipulada com técnicas corretas de assepsia. O prazo de validade é indicado pelo fabricante e deve ser respeitado rigorosamente. 17.7.6 Eventos adversos São efeitos adversos apresentados pela vacina contra difteria e tétano: dor; eritema; edema no local da aplicação; linfadenopatia; febre, raramente superior a 39ºC; AN02FREV001/REV 4.0 172 na vacinação com DT/dT, como já observado em outras vacinas, também podem ocorrer os abcessos quentes e frios, eventos associados à técnica de aplicação, que devem ser notificados e não contraindicam dose subsequente da vacina; reação de hipersensibilidade do tipo III. É um evento local grave que se apresenta de forma mais intensa. Nesse caso, o edema pode estender-se do ombro até o cotovelo. Pode estar acompanhada de cefaleia e de mal-estar geral. Contraindica a aplicação de toxoide tetânico e diftérico por dez anos. Isto é, não deve ser administrada dose de reforço até dez anos depois da aplicação dessa última dose; neuropatia periférica – sua ocorrência é muito rara e está relacionada à repetidas doses de vacina antitetânica. São contraindicadas doses seguintes desta vacina e da vacina antitetânica. Exige notificação imediata; síndrome de Guillain Barré – caracteriza-se por dor nos membros inferiores e paralisia ascendente, ou seja, começa nas extremidades (pés) e vai subindo, paralisando outros músculos. São contraindicadas doses seguintes desta vacina e da vacina antitetânica e sua notificação deve ser imediata; choque anafilático – caracterizado por hipotensão e choque, associado à urticária, edema de face e laringoespasmo. Pode instalar-se nas primeiras duas horas após a aplicação da vacina (em geral nos primeiros 30 minutos). É contraindicada a administração de todos os componentes da vacina DT, dT, TT. Caso o cliente sofra um acidente com risco de contrair o tétano, deve receber o método profilático passivo (imunoglobulina antitetânica). Exige notificação imediata. AN02FREV001/REV 4.0 173 17.8 VACINA CONTRA O TÉTANO (TT) 17.8.1 Apresentação e composição A vacina contra tétano é constituída pelo toxoide tetânico (TT), tendo como adjuvante hidróxido ou fosfato de alumínio
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