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MÓDULO DRAMA 02 - DE JUPITER A SATURNO

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1 Marcela Oliveira – Medicina 2020 
–
 
OBJETIVO 1: DEFINIR INTOXICAÇÃO 
CRÔNICA; 
A intoxicação crônica pode se manifestar 
por meio de inúmeras doenças, que atinge 
vários órgãos e sistemas. Os efeitos danosos 
sobre a saúde humana aparecem no 
decorrer de repetidas exposições, que 
ocorre durante o tempo. Os quadros clínicos 
são indefinidos, inespecíficos, sutis e muitas 
vezes irreversíveis. 
A intoxicação crônica manifesta-se através 
de inúmeras patologias, que atingem vários 
órgãos e sistemas, com destaque para os 
problemas imunológicos, hematológicos, 
hepáticos, neurológicos, malformações 
congênitas e tumores. 
OBJETIVO 2: ELUCIDAR O MECANISMO DE 
AGRESSÃO, EPIDEMIOLOGIA, QUADRO 
CLINICO, DIAGNOSTICO E CONDUTA 
TERAPÊUTICA DA INTOXICAÇÃO POR 
CHUMBO; 
O chumbo é um metal presente em razão da 
sua ocorrência natural e do uso na indústria. 
A intoxicação por esse metal é algo comum 
e muito antigo na história, visto que no 
Império Romano esse metal era muito 
utilizado no encanamento, utensílios de 
cozinha. Ainda hoje o envenenamento do 
chumbo é considerado a doença de origem 
ambiental mais comum em todo o mundo. 
Ele é um metal amplamente utilizado no 
meio industrial, doméstico, farmacêutico, 
construção civil e em mineração. 
A intoxicação humana pelo chumbo é 
denominada saturnismo ou plumbismo. 
Suas fontes naturais incluem as emissões 
vulcânicas, marítimas e do intemperismo 
geoquímico. Outras formas de exposição 
incluem fabricação e reforma de baterias; 
indústria de plásticos; fabricação de tintas; 
pintura a pistola/pulverização com tintas à 
base de pigmentos de chumbo; fundição de 
chumbo, latão, cobre e bronze; reforma de 
radiadores; manipulação de sucatas; 
demolição de pontes e navios; trabalhos 
com solda; manufatura de vidros e cristais; 
lixamento de tintas antigas; envernizamento 
de cerâmica; fabricação de material bélico 
à base de chumbo; usinagem de peças de 
chumbo; manufatura de cabos de chumbo; 
trabalho em joalheria, entre outros. 
EPIDEMIOLOGIA 
Embora a exposição ao chumbo esteja em 
declínio nos países em desenvolvimento, a 
contaminação crônica por exposição a 
baixos níveis continua sendo um problema 
importante para a saúde infantil. 
Isso porque, as crianças são mais susceptíveis 
aos riscos pela ingestão de poeira domestica 
contaminada por chumbo, de solo de 
quintal, resíduos de tinta ou de levar a boca 
adereços de brinquedo e outros itens 
decorativos contendo chumbo. 
No nosso meio, os homens constituem a 
maior parte dos atingidos pela intoxicação 
do chumbo, dada a natureza das atividades 
que utilizam esse metal. 
No Brasil, os locais com maior índice de 
contaminação por chumbo ocorrem na 
cidade de Adrianópolis, no Paraná, no qual 
foi palco por mais de 50 anos da mineração 
de chumbo. Como consequência dessa 
atividade, cerca de 3 milhões de rejeitos de 
 
2 Marcela Oliveira – Medicina 2020 
chumbo foram lançados diretamente no rio. 
Já a cidade de Santo Amaro da Purificação 
na Bahia foi a sede da Companhia Brasileira 
de Chumbo. Durante seu funcionamento, 
toneladas de escoria contaminada de 
chumbo foram lançadas nas áreas 
adjacentes à fábrica. 
MECANISMO DE AÇÃO 
1. ABSORÇÃO 
O chumbo não sofre biotransformação, 
sendo diretamente absorvido, distribuído e 
excretado. 
Os compostos inorgânicos do chumbo são 
bem absorvidos por inalação (50 a 70%) e 
até 16% do chumbo ingerido por adultos 
pode ser absorvido. Em crianças a absorção 
pela via digestiva é de 50%. 
A absorção é lenta e pode variar de acordo 
com a faixa etária e condições fisiológicas e 
nutricionais do individuo. 
Já os compostos orgânicos (tintura de 
cabelo, secantes de laca, vernizes, ceras e 
antidetonantes em gasolina) é a única forma 
absorvida por via cutânea, além da 
respiratória, ocasionando os transtornos 
nervosos após sua absorção. 
A absorção gastrointestinal ocorre no 
intestino delgado e tanto a absorção quanto 
a deposição óssea é influenciada pela dieta 
do individuo exposto, tais como a ingestão 
de cálcio, ferro, fósforo e proteína. 
2. DISTRIBUIÇÃO 
Uma vez absorvido, o chumbo é distribuído 
para o sangue (com meia vida de 37 dias, 
com 90% nos glóbulos vermelho), nos tecidos 
moles (principalmente fígado e rins com 
meia vida de 40 dias) e nos tecidos 
mineralizados (ossos e dentes com meia vida 
de 27 anos) sendo este ultimo o maior 
deposito corporal do metal, armazenando 
ate 95% do chumbo no corpo. 
A absorção independe da via de absorção. 
Mas sim da taxa de transferência da corrente 
sanguínea para os diferentes órgãos e 
tecidos. 
Embora a concentração de chumbo seja 
menor que 2% no sangue, sua maior parte 
está ligada a membrana e proteínas como a 
hemoglobina. 
Como o chumbo é um análogo do cálcio, 
sua entrada e retirada do esqueleto são em 
parte controlada pelos mesmos mecanismos 
que regula a homeostase do mineral. Assim, 
o paratormônio e o di-idrotaquiesterol 
mobilizam o metal do esqueleto e aumenta 
sua concentração sanguínea e excreção. 
Entretanto, a deposição do chumbo no osso 
é feita sob a forma de fosfato de chumbo 
que é praticamente desprovido de 
toxicidade. Na fase inicial da deposição, a 
concentração de chumbo é maior nas 
epífises dos ossos, sendo possível identificar 
no exame radiológico as linhas de chumbo. 
As alterações patogênicas neurais 
produzidas pelo chumbo não são muito bem 
compreendidas, mas estudos tem 
demonstrado que o chumbo produz 
distúrbios de neurotransmissão, inibindo a 
função colinérgica e reduzindo o cálcio 
extracelular. Muito desses fenômenos é 
explicado pela habilidade do chumbo em 
mimetizar o cálcio nos tecidos. 
Além disso, o Chumbo bloqueia a entrada do 
cálcio para os terminais nervosos, inibe as 
ATPases do cálcio, afetando o transporte por 
membrana. Também inibe a utilização de 
cálcio pelas mitocôndrias diminuindo a 
produção de energia essencial as funções 
cerebrais. 
3. ELIMINAÇÃO 
A excreção do chumbo é extremamente 
lenta, o que favorece sua acumulação no 
organismo. Depois da ingestão, 
aproximadamente 90% do chumbo que não 
é absorvido pela via gastrointestinal é 
excretada nas fezes. 
 
3 Marcela Oliveira – Medicina 2020 
Os rins filtram o chumbo inalterado, sendo 
possível o transporte tubular ativo se 
houverem altos níveis do metal absorvido. O 
rim é responsável por 75% da eliminação do 
metal, 25% terá excreção biliar e 8% através 
do suor, cabelo e unhas. 
QUADRO CLÍNICO 
Os efeitos variam conforme a via de 
exposição, duração do contato e 
concentração do chumbo. 
Os efeitos são mais evidentes nos sistemas 
nervoso, hematopoiético, renal e ósseo. 
O aparecimento da Linha de Burton, que é 
uma linha de coloração azul-escuro no limite 
da mucosa gengival é característica do 
Saturnismo. 
 
 INTOXICAÇÃO AGUDA 
Ocorre quando o chumbo é ingerido em 
grandes quantidades, podendo haver dor 
abdominal (dor plúmbica), náuseas, vômitos, 
gosto metálico na boca, hepatite, anemia 
hemolítica e encefalopatia. 
 INTOXICAÇÃO SUBAGUDA OU 
CRÔNICA 
EFEITOS CONSTITUCIONAIS 
Incluem: fadiga, mal-estar, irritabilidade, 
anorexia, insônia, perda de peso, redução 
da libido, atralgias e mialgias. 
 
 
EFEITOS NEUROLÓGICOS 
Quadros de intoxicação leve a moderada 
podem cursar com comprometimento 
cognitivo leve, cefaleia, fadiga, perda de 
memoria, perda de concentração e 
atenção, alterações de humor (irritabilidade, 
depressão, insônia ou sonolência excessiva). 
A encefalopatia pode ocorrer em adultos, 
mas as crianças são mais susceptíveis aos 
efeitos. Ela desenvolve-se somente após 
doses maciças, e é rara quando os níveis de 
Pb estão abaixo de 100ug/dl. Os primeiros 
sintomas consistem em falta de 
coordenação, vertigem, ataxia, quedas, 
cefaleia, insônia, agitação e irritabilidade. Os 
vômitos são em jatos devido à hipertensão 
intracraniana.Com a evolução o paciente 
pode tornar-se confuso, evoluindo para 
letargia e coma. 
Ocorre neuropatia periférica tardiamente, 
sendo mais comum em membros superiores. 
É mais comum nos adultos, os nervos 
sensoriais são menos afetados. Pode haver 
debilidade nos músculos extensores, com 
parestesias e perda de força muscular. 
(Típico punho e pé caído). 
EFEITOS RENAIS 
A exposição aguda ou crônica ocasiona 
dano reversível no túbulo proximal e uma 
lenta e progressiva insuficiência renal. Com a 
continua exposição, a nefropatia aguda 
evolui para uma nefrite crônica. 
EFEITOS GASTROINTESTINAIS 
A manifestação mais incomoda é a cólica 
saturnina, com dor abdominal intensa. Os 
espasmos intestinais decorrem da contração 
espasmódica da parede intestinal por 
alteração do cálcio. A dor pode ser 
confinada a região periumbilical ou 
epigástrica. Além disso, pode haver náuseas, 
constipação/diarreia, anorexia, vômitos 
intermitentes, pirose. 
 
 
4 Marcela Oliveira – Medicina 2020 
EFEITOS OSTEOMUSCULARES 
Nos adultos pode contribuir para a 
osteoporose. Já nas crianças pode ocorrer 
deficiência no crescimento de ossos e 
estatura. Quadros crônico pode evoluir com 
mialgia generalizada. 
EFEITOS HEMATOLÓGICOS 
Há uma diminuição nos níveis de 
hematócrito e hemoglobina. Apresenta-se 
com anemia normocítica e normocrônica, 
sendo mais graves nas crianças. 
Os desvios hematológicos que levam à 
anemia pelo chumbo são considerados 
como resultado de sua ação tóxica sobre as 
células vermelhas e eritropoiéticas na 
medula óssea. Isso ocorre devido ao 
chumbo inibir a enzima ferroquelatase, 
fazendo com que no lugar do ferro, o zinco 
se junto à protoporfirina IX. Esses efeitos 
incluem inibição da síntese da hemoglobina 
(Hb) e diminuição do tempo de vida dos 
eritrócitos circulantes, resultando na 
estimulação da eritropoese. Entretanto, a 
anemia não é uma manifestação precoce 
do envenenamento por chumbo. 
EFEITOS REPRODUTIVOS 
Intoxicação leve a moderada pode cursar 
com aborto espontâneo e anormalidades no 
esperma, além de perda de libido em alguns 
casos. 
EFEITOS CARDIOVASCULARES: Aumento da 
pressão. 
EFEITOS ENDÓCRINOS: Hipertireoidismo. 
DIAGNÓSTICO 
Deve-se considerar intoxicação por chumbo 
em qualquer paciente com achados 
multisistêmico como dor abdominal, 
cefaleia, anemia e algumas vezes, 
neuropatia motora e insuficiência renal. A 
suspeita de encefalopatia pode ser realizada 
quando a presença de delirium ou 
convulsões na presença de anemia. 
EXAMES COMPLEMENTARES 
Devem ser solicitados: hemograma, 
radiografia de tórax, dosagem de chumbo 
no sangue, zinco-protoporfirina. (ZPP). 
O hemograma fornece informações como 
anemia e ponteado basófilo. 
Já a radiografia simples de abdome quando 
realizada precocemente na intoxicação 
aguda, pode demonstrar a existência e 
chumbo no trato gastrointestinal, devido à 
radiopaciade desse metal. As linhas de 
chumbo evidenciadas nos ossos longos 
reforçam esse diagnostico. 
A dosagem de chumbo no sangue é o 
método mais utilizado na avaliação inicial do 
 
5 Marcela Oliveira – Medicina 2020 
paciente suspeita. Os valores de referencia 
preconizam: 
A ZPP está alterada quando a analise 
demonstra resultados acima de 35mcg/dl 
(criança) e 50mcg/dl (adulto). Essa 
alteração varia com o tempo de exposição, 
pois pacientes com intoxicação recente tem 
baixa percentagem de hemácias com 
zinco-protoporfirina elevada, apesar da alta 
concentração de chumbo. 
TRATAMENTO 
Medidas de suporte devem ser feitas: 
Desobstruir vias aéreas, monitorizar sinais 
vitais, manter acesso venoso calibroso, 
hidratação adequada. 
DESCONTAMINAÇÃO 
A ingestão aguda em crianças pode ser 
indicada irrigação intestinal. 
Deve-se considerar remoção endoscópica 
para retiradas de corpos estranhos contendo 
chumbo. 
Na exposição cutânea ou ocular, devem-se 
remover roupas e objetos contaminados. 
ANTÍDOTO 
O tratamento com quelantes reduz as 
concentrações sanguíneas de chumbo e 
aumenta sua excreção urinária. A sua 
indicação depende do paciente, dos 
exames laboratoriais e da sintomatologia, 
embora reduzir a exposição seja o mais 
importante. 
Os agentes quelantes, como o EDTA cálcio 
dissódico parenteral (versenato de cálcio) 
ou o ácido dimercaptosuccínico (DMSA, 
succimer), diminuem a concentração de 
chumbo no sangue e em determinados 
tecidos e aceleram a excreção urinária 
desse metal. A quelação em crianças ou 
adultos assintomáticos com baixas 
concentrações de chumbo no sangue não é 
recomendada. 
Além disso, deve remover o paciente da 
fonte de exposição e instituir medidas de 
controle para prevenir intoxicação 
reincidente. Demais indivíduos possivelmente 
expostos (p. ex., companheiros de trabalho, 
ou irmãos ou colegas de crianças pequenas) 
deverão ser avaliados imediatamente. 
OBJETIVO 3: ELUCIDAR O MECANISMO DE 
AGRESSÃO, EPIDEMIOLOGIA, QUADRO 
CLINICO , DIAGNOSTICO E CONDUTA 
TERAPÊUTICA DA INTOXICAÇÃO POR 
MERCÚRIO; 
A intoxicação por mercúrio é provavelmente 
a mais antiga das doenças profissionais. O 
mercúrio é o único metal liquido a 
temperatura ambiente, é inodoro e volatiliza 
facilmente. É encontrado na natureza de três 
formas: mercúrio elementar, sais inorgânicos 
e mercúrio orgânico. 
Sua introdução nos ecossistemas pode se 
dar de forma natural ou decorrente da 
atividade humana. Para a primeira, o 
principal aporte está relacionado à 
precipitação dos vapores de mercúrio, 
erupções vulcânicas e evaporação dos 
corpos hídricos, e as formas mais 
encontradas são o mercúrio metálico, sulfeto 
 
6 Marcela Oliveira – Medicina 2020 
de mercúrio, cloreto de mercúrio e 
metilmercúrio. 
É um metal usado para a extração de ouro e 
prata, em manômetros para medida e 
controle de pressão, em termômetros, em 
computadores eletrônicos, em lâmpadas 
fluorescentes e em restauração de 
amalgama dental. 
Em decorrência de suas características 
como lipossolubilidade, possibilidade de 
atravessar as barreiras hematoencefálica e 
placentária, e efeito teratogênico, os 
compostos organomercuriais são os mais 
relevantes do ponto de vista toxicológico. 
EPIDEMIOLOGIA 
O estado de São Paulo apresenta o maior 
número de áreas cadastradas com 
presença do contaminante mercúrio, 
seguido dos estados do Mato Grosso e Rio de 
Janeiro. 
Segundo a análise no banco do SINAN foram 
notificados 131.765 casos de intoxicações 
exógenas no período de 2006 a 201116 
Desses, 62 casos foram de intoxicação por 
mercúrio, notificados por meio de quatro 
entradas (metal, produto químico industrial, 
produtos de uso domiciliar e outros). 
Para os indivíduos que trabalham na 
extração e na recuperação de mercúrio 
correm um risco elevado de exposição ao 
vapor de mercúrio. 
MECANISMO DE AÇÃO 
Todos os efeitos do mercúrio dependem da 
sua forma de entrada no organismo. 
As formas elementar e orgânica do mercúrio 
atravessam a barreira hematoencefálica e 
placentária. O mercúrio tem efeito 
teratogênico sobre o feto. 
1. MERCÚRIO ELEMENTAR OU METÁLICO 
A absorção dessa forma ocorre 
principalmente pela inalação do mercúrio 
liquido. Trata-se de intoxicação frequente 
nos garimpeiros que não usam 
equipamentos de proteção. Quando chega 
aos pulmões, parte do mercúrio elementar é 
oxidada a mercúrio bivalente pela catalase 
das hemácias e, em seguida fixam-se as 
proteínas. 
A absorção pelo trato gastrointestinal é 
desprezível. Assim, a ingestão acidental do 
mercúrio de termômetro, frequente em 
crianças é considerada atóxica, desde que 
não haja alteração intestinal local. 
Os rins e o cérebro correspondem aos locais 
de maior deposição do mercúrio metálico. 
A excreção ocorre, principalmente por via 
renal e intestinal. A meia vida biológica 
pode variar de 35 a 90 dias. 
2. SAIS INORGANICOS DE MÉRCURIO 
Os principais são o Cloreto Mercuroso e o 
Cloretode Mercurio, sendo este ultimo a 
forma mais toxica e corrosiva do mercúrio. 
São absorvidos por via inalatória, digestiva e 
cutânea. Em torno de 2 a 10% do conteúdo 
ingerido é absorvido e o restante se liga as 
mucosas. 
É transportado no sangue pelas proteínas 
plasmáticas e pelas hemácias. 
Concentrando-se principalmente nos rins. 
Apresenta excreção renal e intestinal, 
podendo ser eliminado através da pele, 
saliva e suor. Essa forma não atravessa 
facilmente a barreira hematoencefálica ou a 
placenta. Possui meia vida de 40 a 60 dias. 
3. MERCÚRIO ORGÂNICO 
Representa um grupo diversificado de 
compostos, sendo os alquis-mercúrio os mais 
perigosos. 
A absorção se da pela via inalatória, 
digestiva e cutânea, dependendo da 
volatilidade, solubilidade e concentração do 
composto. Por ser mais lipossolúvel é mais 
 
7 Marcela Oliveira – Medicina 2020 
facilmente absorvido pelo trato 
gastrointestinal e é menos irritante que os sais 
inorgânicos. 
O metil-mercúrio é transportado pelas 
hemácias. E apresenta como órgão alvo o 
SNC, principalmente córtex occipital e o 
cerebelo, acumulando-se no cérebro fetal. 
É excretado na bile, podendo sofrer 
recirculação hepática. Além disso, pode ser 
eliminado pelo leite materno. Possui uma 
meia vida média de 70 dias. 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
1. MÉRCURIO ELEMENTAR 
A inalação aguda do vapor de mercúrio 
pode causar pneumonite, edema pulmonar 
não cardiogênico, sintomas neurológicos e 
polineuropatia. 
A exposição crônica também causa 
toxicidade ao SNC com o chamado 
erestismo mercurial: excitabilidade, perda 
de memoria, insônia, timidez e delirium. 
As exposições mais brandas deprimem a 
função renal, a velocidade de condução 
motora, a memoria e a coordenação. 
2. MERCÚRIO INORGÂNICO 
As principais manifestações são 
gastrointestinais e renais, com diarreia, dor 
abdominal, síndrome nefrótica e 
insuficiência renal aguda. Pode haver 
hipertensão, taquicardia e colapso 
cardiovascular seguido de morte. 
3. MERCÚRIO ORGÂNICO 
Ocorrem principalmente manifestações 
neurológicas pelos organomercuriais 
incluindo parestesia intensa, disartria, ataxia, 
redução do campo visual, perda auditiva, 
cegueira, microcefalia, espasticidade, 
paralisia e coma. A espoxição perinatal 
pode levar ao retardo mental e síndrome 
semelhante a paralisia cerebral no feto. 
 
DIAGNÓSTICO 
Informações de exposição ocupacional, 
ambiental, acidentes e intencionais com 
sintomatologia compatível são importantes. 
Porem, a identificação de mercúrio no 
sangue, urina ou tecidos é necessário para 
confirmar o diagnóstico. 
O exame laboratorial é fundamental para 
confirmação da intoxicação. Para isso faz 
dosagem de mercúrio no sangue e na urina. 
Além desses exames, é pedida a dosagem 
de eletrólitos, glicose, função renal e 
hepática, gasometria, RX de tórax e analise 
da urina. 
TRATAMENTO 
As medidas de suporte são indicadas em 
todos os casos: desobstruir vias aéreas, 
monitorar sinais vitais, manter acesso venoso 
e hidratação adequada. 
 DESCONTAMINAÇÃO 
A descontaminação gastrointestinal não é 
necessária quando a exposição ao mercúrio 
ocorre por via oral. Pois como o mercúrio 
O efeito neurotóxico do mercúrio se dá por sua 
capacidade de circular facilmente pelo organismo e 
devido à sua lipossolubilidade, que lhe permite 
atravessar a barreira hematoencefálica, acumulando-
se, assim, no tecido nervoso e provocando danos. 
Isso porque o vapor de mercúrio sofre 
biotransformação, o metal liga-se a outros elementos 
(tais como o cloro, enxofre ou oxigênio) para formar 
sais inorgânicos mercurosos. 
E no tecido neuronal forma o cátion mercúrico (Hg+2), 
que pode induzir alterações de proteínas estruturais, 
de enzimas e de neurotransmissores (como o 
glutamato), estresse oxidativo, interrupção de síntese 
de proteínas e DNA. 
Tem sido relatado que o Hg+2 inibe seletivamente a 
captação sináptica de glutamato nos neurônios do 
cérebro, o que está associado ao dano. 
 
 
8 Marcela Oliveira – Medicina 2020 
elementar não é absorvido por esse trato 
possui baixa toxicidade nessa via. 
Já o mercúrio inorgânico possui 
características causticas e o orgânico é o 
único que se deve considerar a 
descontaminação se houver ingestão de 
grandes quantidades devido ao risco de 
lesões irreversíveis. No entanto, o carvão 
ativado não é indicado. 
Em casos de intoxicação por via inalatória, 
remover o paciente do local de exposição. 
Na exposição cutânea, realizar 
descontaminação com agua em 
abundancia. 
 ANTÍDOTO 
Pacientes sintomáticos após exposição 
aguda ou crônica são candidatos à terapia 
com quelantes. 
As opções são: dimercaprol, DMSA 
(succímero) ou d-peniciclamina. Nas 
intoxicações crônicas o melhor tratamento é 
a d-penicilamina. 
OBJETIVO 4: ELUCIDAR O MECANISMO DE 
AGRESSÃO, EPIDEMIOLOGIA, QUADRO 
CLINICO , DIAGNOSTICO E CONDUTA 
TERAPÊUTICA DA INTOXICAÇÃO POR 
BENZENO; 
O benzeno é um hidrocarboneto, liquido 
claro volátil de odor característico, sendo um 
dos agentes químicos industriais mais 
utilizados. Ele é subproduto da gasolina e é 
usado como solvente industrial e como 
intermediário na síntese de vários materiais. 
O benzeno pode ser encontrado em 
corantes, plásticos, inseticidas. 
Além disso, o tabagismo é a principal fonte 
significativa de benzeno em ambientes 
residenciais. Tendo os fumantes uma taxa 
corpórea de benzeno de 6 a 10 vezes 
maiores do que os não fumantes. 
 
EPIDEMIOLOGIA 
No Brasil, a preocupação com exposição de 
grupos populacionais ao benzeno teve início 
com denúncias pelo Sindicato dos 
Metalúrgicos de Santos (SP), na década de 
1980, de casos de leucopenia em 
trabalhadores da Companhia Siderúrgica 
Paulista (COSIPA), em Cubatão. 
As principais fontes produtivas de benzeno 
no Brasil estão concentradas nos centros de 
produção petroquímica e refino de petróleo, 
responsáveis por aproximadamente 95% da 
produção nacional. 
MECANISMO DE AÇÃO 
1. ABSORÇÃO 
As principais formas de introdução do 
benzeno no organismo são as vias 
respiratória (vapores) e oral (alimentos e 
água). A via cutânea é mais rara, sendo 
necessário contato dérmico com essa 
substância na forma líquida, porém, quando 
ocorre, possui alto índice de absorção. 
Em termos de saúde pública, a via de 
contaminação com maior relevância é a 
respiratória e a maior parte do benzeno 
inalado é eliminada pela expiração, ficando 
a parte que é absorvida acumulada 
principalmente em tecidos com alto teor 
lipídico. 
Após a absorção, a metabolização do 
benzeno ocorre preferencialmente no 
fígado. No processo de excreção dos 
metabólitos gerados, o rim é o principal 
responsável por tal função. 
A primeira etapa do metabolismo envolve 
participação de enzimas, levando a 
formação do óxido de benzeno que tem a 
capacidade de se ligar a proteínas e DNA. 
Esse óxido de benzeno se transforma em 
fenol, que é metabolizado à hidroquinona, 
que é considerada precursora de 
metabolitos mielotóxicos, o que causa um 
aumento da toxicidade, mutações de 
 
9 Marcela Oliveira – Medicina 2020 
protooncogenes e genes supressores, além 
de levar a apoptose de células da medula 
óssea e uma hematopoese anômala. 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
 EXPOSIÇÃO AGUDA 
Pode causar efeitos imediatos sobre o SNC, 
incluindo dor de cabeça, náuseas, tontura, 
tremor, convulsões e coma. Os sintomas de 
toxicidade ao SNC deverão estar aparentes 
imediatamente após a inalação ou em 30 a 
60 minutos após a ingestão. 
A inalação grave pode advir da 
sensibilidade aumentada do miocárdio às 
catecolaminas. 
O benzeno pode causar queimaduras 
químicas na pele no caso de exposição 
intensa ou prolongada. 
 EXPOSIÇÃO CRÔNICA 
Inicialmente caracteriza por fadiga intensa, 
sonolência, cefaleia, vômitos, perda de 
apetite, lesões dermatológicas. Ao longo da 
intoxicação ocorremdistúrbios 
hematológicos, como pancitopenia, anemia 
aplásica e leucemia mielóide aguda. Ele 
ainda é suspeito da LMC, LLC, mieloma 
múltiplo, doença de Hodgkin e 
hemoglobinúria paroxística noturna. 
DIAGNÓSTICO 
O diagnóstico da intoxicação é obtido com 
base em uma historia de exposição e nos 
achados clínicos típicos. 
No caso da toxicidade hematológica 
crônica, as contagens de eritrócitos, 
leucócitos e trombóticos poderão se elevar 
inicialmente e em seguida, cair após o 
aparecimento da anemia aplásica. 
Os níveis de fenol na urina podem ser uteis 
para o monitoramento da exposição ao 
benzeno no local de trabalho. 
Os ácidos trans-mucônico e S-
fenlmercaptúrico urinário são indicadores 
mais sensíveis e específicos da exposição a 
baixos níveis de benzeno. 
Os níveis sanguíneos de benzeno não são 
clinicamente uteis exceto após uma 
exposição aguda. 
TRATAMENTO 
Em casos de emergência consiste nas 
medidas de suporte. 
Não existe antidoto especifico. 
A descontaminação nos casos de inalação 
deve ser retirar imediatamente a vitima do 
local e fornecer oxigênio quando disponível. 
No caos de contaminação na pele e olhos 
devem-se remover as roupas e lavar a pele, 
irrigando os olhos com agua e soro 
fisiológico. E em casos de ingestão deve-se 
administrar carvão ativado caso as 
condições sejam apropriadas. Considerar 
aspiração gástrica com um tubo pequeno 
flexível em casos de ingestão alta. 
OBJETIVO 5: COMPREENDER OS IMPACTOS 
AMBIENTAIS NO DESCARTE INADEQUADO DE 
METAIS PESADOS; 
A poluição do solo e de sistemas aquáticos 
por metais pesados é um fator que afeta a 
qualidade do meio ambiente e constitui 
risco eminente de intoxicação ao homem. 
Esses metais são originários de processos 
litogênicos e/ou atividades antrópicas, como 
a utilização de fertilizantes em zonas 
agrícolas e a atividade mineradora. 
As ações antrópicas são responsáveis por 
adições de até 1,16 milhões de toneladas de 
metais por ano em ecossistemas terrestres e 
aquáticos no mundo todo. 
No Brasil, a mineração de níquel, ouro, ferro e 
de outros metais de interesse comercial, têm 
contribuído com a liberação de rejeitos que 
se constituem como uma das principais 
formas de contaminação do solo e da água 
por metais pesados. 
 
10 Marcela Oliveira – Medicina 2020 
A contaminação do solo por metais pesados, 
tendo como fonte as indústrias, ocorre 
devido a diferentes tipos de 
processamento em refinarias. As águas 
residuais constituem, provavelmente, a 
maior fonte individual de valores elevados 
de metal em rios e lagos. Além disso, metais 
pesados podem ser transportados entre os 
ambientes a partir da atmosfera. 
Uma das principais preocupações com os 
metais é a bioacumulação desses pela flora 
e fauna aquática, que pela cadeia alimentar 
acaba também atingindo o homem, 
ocasionando efeitos subletais e letais, devido 
a disfunções metabólicas. 
O excesso de metais pesados, como o 
mercúrio, por exemplo, tem efeitos tóxicos 
reconhecidos. As quantidades traço de 
mercúrio em formas inertes disseminam-se no 
meio ambiente. Quando os solos são 
perturbados por atividades antrópicas como 
a mineração, o mercúrio que se encontra 
em sua forma natural em contato com o solo 
e a flora transforma-se rapidamente em 
formas móveis. Logo chega às cadeias 
alimentares por meio dos peixes e passam a 
outros níveis como, aves, mamíferos e seres 
humanos. 
OBJETIVO 6: ENTENDER A FUNÇÃO DE CADA 
ÓRGÃO RESPONSÁVEL PELA FISCALIZAÇÃO 
DO USO E DESCARTE DOS METAIS PESADOS; 
INEMA 
O Instituto do Meio Ambiente e Recursos 
Hídricos (Inema) foi criado através da lei nº 
12.212, promovendo a integração do sistema 
de meio ambiente e recursos hídricos do 
Estado da Bahia. O Inema tem por finalidade 
executar as ações e programas relacionados 
à Política Estadual de Meio Ambiente e de 
Proteção à Biodiversidade, a Política 
Estadual de Recursos Hídricos e a Política 
Estadual sobre Mudança do Clima. 
Cabe ao Inema atuar em articulação com 
os órgãos e entidades da Administração 
Pública Estadual e com a sociedade civil 
organizada, a fim de dar mais agilidade e 
qualidade aos processos ambientais. 
O órgão ambiental que faz a fiscalização 
varia de estado para estado. Muitas vezes 
são entidades estaduais, outras vezes são 
autarquias e em outras são setores especiais 
da própria secretaria de meio ambiente. Na 
Bahia, o responsável é o Inema. 
OBJETIVO 7: ESTUDAR OS ASPECTOS ÉTICOS-
LEGAIS QUE AMPARAM INDIVÍDUOS QUE 
DESENVOLVERAM DOENÇAS DEVIDO AO 
TRABALHO; 
A doença ocupacional ou profissional é 
desencadeada pelo exercício do 
trabalhador em uma determinada função 
que esteja diretamente ligada à profissão. 
Como por exemplo, um escrevente que 
adquiriu tendinite. 
Diferentemente da doença profissional, a 
doença de trabalho não está atrelada à 
função desempenhada pelo trabalhador, 
mas ao local onde o operário é obrigado a 
trabalhar. 
Como exemplo de doença de trabalho, 
podemos citar: o câncer que acomete 
trabalhadores de minas e refinações de 
níquel, as pessoas que trabalham em 
contato com amianto ou em proximidade 
com algo radioativo, os trabalhadores que 
sofrem de doenças pulmonares por estarem 
em contato constante com muita poeira, 
névoa, vapores ou gases nocivos, a surdez 
provocada por local extremamente ruidoso, 
entre outros. 
Existem algumas doenças que não são 
consideradas doença de trabalho em 
virtude de sua natureza, pois se desenvolvem 
naturalmente. São elas: 
a) doença degenerativa: câncer, diabetes, 
Parkinson, Alzheimer. 
b) doença inerente ao grupo etário: não 
decorre da sua atividade, mas sim por conta 
da sua idade. Ex: catarata, presbiopia. 
 
11 Marcela Oliveira – Medicina 2020 
c) doença que não produza incapacidade 
laborativa: quedas ou cortes; 
d) doença endêmica: quando a exposição 
não é devido ao trabalho. 
Após sofrer um acidente no ambiente de 
trabalho, deve-se buscar por ajuda o mais 
rápido e solicitar a abertura do Comunicado 
de Acidente do Trabalho (CAT). 
O CAT é uma peça de suma importância 
para o trabalhador, pois é capaz de provar 
que o obreiro sofreu um acidente de 
trabalho, servindo como prova para 
requerimento de benefícios previdenciários e 
para obrigar que a empresa indenize o 
empregado pela perda ou redução da 
capacidade laborativa. 
O trabalhador vítima de acidente de 
trabalho goza de estabilidade pelo período 
de 12 meses após a concessão do auxílio 
acidentário, independentemente da 
percepção do benefício acidentário 
concedido pelo INSS. Dessa maneira, não 
pode ser dispensado de forma arbitrária ou 
sem justa causa. 
Quando esse afastamento é superior a 15 
dias, o trabalhador passa a receber o 
auxílio-doença da previdência, tendo o seu 
contrato suspenso. 
No caso de exposição crônica aos metais 
pesados, é necessário medidas de 
prevenção contra a intoxicação 
ocupacional por chumbo, dentre elas estão 
o uso de equipamentos de proteção 
individual (EPI’s) e equipamentos de 
proteção coletiva (EPC’s). 
Porém, apesar do papel fundamental desses 
equipamentos, eles não atuam no agente 
de risco, neste caso, o chumbo. Por isso as 
medidas de primeira linha na prevenção das 
exposições ao chumbo estão no plano de 
prevenção primária, ou seja, trata-se de 
medidas que buscam eliminar ou reduzir a 
exposição excessiva, através de estratégias 
de monitoramento de exposição biológica e 
ambiental e projeto ou reprojeto dos meios 
de produção. 
A Comissão Interna de Prevenção de 
Acidentes como seu próprio nome já remete, 
tem a principal função de prevenir possíveis 
acidentes no trabalho com o objetivo de 
estabelecer a harmonia entre vida e saúde 
de seus trabalhadores. A CIPA é uma 
instituição interna que estabelece vínculos 
trabalhistas, sendo composta tanto por 
representante dos empregadores, quanto 
dos trabalhadores. 
A CIPAtem a função de prevenir possíveis 
acidentes ocupacionais e auxiliar o Serviço 
Especializado em Engenharia e Segurança e 
Medicina do Trabalho (SESMT) a desenvolver 
suas ações preventivas. A principal diferença 
entre esses dois órgãos internos de uma é 
que a CIPA é composta por leigos, enquanto 
a SESMT é composta por especialista na área 
de segurança ocupacional. 
OBJETIVO 8: CARACTERIZAR A IMPORTÂNCIA 
E AS FORMAS DE MANEJO DO LIXO 
INDUSTRIAL; 
Resíduos são o resultado de processos de 
diversas atividades da comunidade de 
origem: industrial, doméstica, hospitalar, 
comercial, agrícola, de serviços e ainda da 
varrição pública. Os resíduos apresentam-se 
nos estados sólidos, gasoso e líquido. 
O lixo Industrial é originado nas atividades 
dos diversos ramos da indústria, tais como: o 
metalúrgico, o químico, o petroquímico, o de 
papelaria, da indústria alimentícia, etc. O lixo 
industrial é bastante variado, podendo ser 
representado por cinzas, lodos, óleos, 
resíduos alcalinos ou ácidos, plásticos, 
papel, madeira, fibras, borracha, metal, 
escórias, vidros, cerâmicas. Nesta categoria, 
inclui-se grande quantidade de lixo tóxico. 
Esse tipo de lixo necessita de tratamento 
especial pelo seu potencial de 
envenenamento. 
O lixo gerado pelas atividades agrícolas e 
industriais é tecnicamente conhecido como 
 
12 Marcela Oliveira – Medicina 2020 
resíduo e os geradores são obrigados a 
cuidar do gerenciamento, transporte, 
tratamento e destinação final de seus 
resíduos, e essa responsabilidade é para 
sempre. 
A indústria é responsável por grande 
quantidade de resíduo – sobras de carvão 
mineral, refugos da indústria metalúrgica, 
resíduo químico e gás e fumaça lançados 
pelas chaminés das fábricas. 
O resíduo industrial é um dos maiores 
responsáveis pelas agressões fatais ao 
ambiente. Nele estão incluídos produtos 
químicos (cianureto, pesticidas, solventes), 
metais (mercúrio, cádmio, chumbo) e 
solventes químicos que ameaçam os ciclos 
naturais onde são despejados. 
Alguns produtos, principalmente os sólidos, 
são amontoados em depósitos, enquanto 
que o resíduo líquido é, geralmente, 
despejado nos rios e mares, de uma ou de 
outra forma. 
A destinação, tratamento e disposição final 
de resíduos devem seguir a Norma 10.004 da 
Associação Brasileira de Normas Técnicas 
que classifica os resíduos conforme as 
reações que produzem quando são 
colocados no solo: 
Perigosos (Classe 1- contaminantes e 
tóxicos); 
Não-inertes (Classe 2 - possivelmente 
contaminantes); 
Inertes (Classe 3 – não contaminantes). 
Os resíduos das classes 1 e 2 devem ser 
tratados e destinados em instalações 
apropriadas para tal fim. Por exemplo, os 
aterros industriais precisam de mantas 
impermeáveis e diversas camadas de 
proteção para evitar a contaminação do 
solo e das águas, além de instalações 
preparadas para receber o lixo industrial e 
hospitalar, normalmente operados por 
empresas privadas, seguindo o conceito do 
poluidor-pagador. 
OBJETIVO 9: CARACTERIZAR RESÍDUO DE 
LOGÍSTICA REVERSA OBRIGATÓRIA; 
A PNRS (Politica nacional de resíduos sólidos) 
define Logística Reversa como instrumento a 
ser instituído para viabilizar a coleta e a 
devolução de determinados resíduos sólidos 
ao setor produtivo/empresarial responsável. 
Dessa forma, resíduos anteriormente 
descartados poderão ser reaproveitados 
pelo próprio fabricante ou em outros ciclos 
produtivos. O instrumento aplica-se a todos 
os tipos de resíduos, principalmente aos 
produtos ou embalagens que representam 
riscos à saúde pública e ao meio ambiente. 
Os resíduos de sistema de logística reversa 
obrigatório são definidos nos termos da PNRS 
em seis grupos principais: pilhas e baterias, 
pneus, lâmpadas fluorescentes de vapor de 
sódio e mercúrio e de luz mista, óleos 
lubrificantes, seus resíduos e embalagens, 
produtos eletroeletrônicos e seus 
componentes e resíduos de embalagens de 
agrotóxicos. 
Outros tipos de resíduos, como 
medicamentos e embalagens em geral, 
também podem ser objeto da cadeia da 
logística reversa. Para tal, deve haver uma 
logística de recolhimento, independente do 
oferecimento de serviço público de limpeza 
urbana, de forma a garantir o retorno desses 
resíduos ao fabricante após o uso pelo 
consumidor final. 
Segundo a PNRS, para a implementação da 
logística reversa é necessário acordo setorial 
ou contrato entre o poder público e 
fabricantes, importadores, distribuidores ou 
comerciantes. Devem ser considerados 
aspectos de qualidade ambiental e de 
saúde pública, e todo o sistema deve ser 
avaliado sob os aspectos técnico e 
econômico. 
 
13 Marcela Oliveira – Medicina 2020 
Resumindo, Logística Reversa ocorre sempre 
que os resíduos gerados na cadeia de 
produção e consumo forem reaproveitados 
na própria cadeia, ou em outro ciclo 
produtivo.

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