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Legislação social e trabalhista Autoria Francisca Andra Silva Oliveira LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA Autora Francisca Andra Silva Oliveira ReitoR: Prof. Cláudio ferreira Bastos PRó-ReitoR administRativo financeiRo: Prof. rafael raBelo Bastos PRó-ReitoR de Relações institucionais: Prof. Cláudio raBelo Bastos PRó-ReitoR acadêmico: Prof. Valdir alVes de Godoy cooRdenação Pedagógica: Profa. Maria aliCe duarte G. soares cooRdenação nead: Profa. luCiana r. raMos duarte exPediente ficha técnica suPeRvisão de PRodução nead: franCisCo Cleuson do nasCiMento alVes AutoriA: franCisCa andra silVa oliVeira Designer instrucionAl: ana lúCia do nasCiMento Projeto gráfico e DiAgrAmAção: franCisCo erBínio alVes rodriGues cAPA e trAtAmento De imAgens: franCisCo erBínio alVes rodriGues revisão textuAl: Claudiane BraGa Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, total ou parcialmente, por quaisquer métodos ou processos, sejam eles eletrônicos, mecânicos, de cópia fotostática ou outros, sem a autorização escrita do possuidor da propriedade literária. Os pedi- dos para tal autorização, especificando a extensão do que se deseja reproduzir e o seu objetivo, deverão ser dirigidos à Reitoria. ficha catalogRáfica catalogação na Publicação biblioteca centRo univeRsitáRio ateneu OLIVEIRA, Francisca Andra Silva. Legislação social e trabalhista. / Francisca Andra Silva Oliveira. - 2. ed. Fortaleza: Centro Universitário Ate- neu, 2018. 144 p. ISBN: 978-85-5468-008-4 1. Direito do trabalho. 2. Contrato de trabalho. 3. Remuneração. 4. Garantias do trabalhador. I. Centro Universitário Ateneu. Olá estudante! É com grande prazer que recebemos você para o curso de Legislação Social e Trabalhista. O aprendizado a distância é uma modalidade de ensino em ascensão no Brasil e tem sido uma ferramenta fundamental para promover o crescimento pessoal e profissional de pessoas em todo o país. Graças às vantagens da tecnologia, você pode geren- ciar seus horários e adequar seu período de estudo conforme as suas necessidades. Aqui, você estudará o histórico e as noções gerais sobre o Direito do Trabalho, bem como as diversas fontes que dão origem às normas laborais. Esse curso promoverá um compêndio da legislação trabalhista e social que permeia as relações laborais. Serão abordadas as rela- ções de trabalho e emprego, jornada, tipos de contrato laboral e os mais diversos institutos pertinentes às matérias em questão. Desejo a você, caro estudante, um excelente curso, repleto de aprendizado e muitas conquistas! Bons estudos! Francisca Andra Silva Oliveira Seja bem-vindo! SU M Á R IO SU M Á R IO NOÇÕES GERAIS DE DIREITO DO TRABALHO 1. Introdução ao Direito do Trabalho ............................... 8 2. Relação de Trabalho .......................................................... 17 3. Relação de Emprego ........................................................25 4. Contrato Temporário e Terceirização .....................28 5. Identificação e Registro Profissional ........................29 Referências .................................................................................36 DO CONTRATO DE TRABALHO ........................................37 1. Sujeitos do Contrato de Trabalho ..............................38 2. Contrato de Trabalho ...................................................... 43 3. Homologação das Verbas Trabalhistas ................ 66 4. Jornada de Trabalho ....................................................... 68 5. Regimes Especiais de Trabalho ..................................85 Referências ..................................................................................91 SU M Á R IO REMUNERAÇÃO E AS CARACTERÍSTICAS DO SALÁRIO 1. Férias ....................................................................................... 94 2. Remuneração e Salário ................................................... 99 3. Aviso prévio e suas características ........................108 Referências ................................................................................111 DIREITOS E GARANTIAS DO TRABALHADOR 1. Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) ................................................................... 114 2. Estabilidades e Garantias ...............................................117 3. Segurança e Medicina do Trabalho ........................ 125 4. Direito Sindical .................................................................. 134 Referências ............................................................................... 142 LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA Apresentação Caro(a) estudante! Você está aproveitando o conteúdo visto até agora? Neste capítulo, estudaremos um pouco sobre as rela- ções de trabalho e suas espécies, destacando a relação de empre- go que é o centro dos nossos estudos no âmbito do Direito do Trabalho. Conheceremos um pouco sobre os sujeitos da relação de emprego (empregado e empregador) e as características do contrato de trabalho. Abordaremos ainda as formas de contrato de trabalho, os conceitos de suspensão e interrupção do liame empre- gatício. Veremos também os regimes especiais de trabalho (da mu- lher, do menor, do empregado doméstico, a domicílio, do aprendiz e do trabalhador rural). Por fim, estudaremos os conceitos de sa- lário, remuneração, gratificações, equiparação salarial, finalizando com as espécies salariais admitidas no Direito Brasileiro. CAPÍTULO 02 do contRato de tRabalho DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 14. ed. São Paulo: LTr, 2015. DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 16. ed. Revista e ampliada. São Paulo: Ltr, 2017. DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico. Volume 3. São Paulo: Saraiva, 1998. GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Curso de Direito do Trabalho. 11. ed. Revista, atualizada e ampliada. – Rio de Janeiro: Forense, 2017. ZAINAGHI, Domingos Sávio. CLT interpretada: artigo por artigo, pa- rágrafo por parágrafo/Costa Machado, organizador, coordenador. - 8. cd. - Barueri, SP: Manole, 2017. Anotações 40 LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA • Estudar os sujeitos que compõem a relação de emprego; • Identificar as espécies de contrato de trabalho por prazo determinado; • Estudar as formas de alteração, suspensão e in- terrupção do contrato de trabalho; • Compreender a jornada de trabalho do empre- gado, bem como os conceitos de intervalo intra- jornada e interjornada. Objetivos de Aprendizagem 1. sujeitos do contRato de tRabalho 1.1. Empregador Cairo Júnior (2017) afirma que o empregador é toda pessoa que remunera e dirige a prestação de serviços do obreiro, quem assume a obrigação de efetuar o pagamento dos salários dos empregados. A legislação trabalhista, nos termos dos artigos 2º e 3º da CLT, é clara ao estabelecer que os sujeitos da relação jurídica são empregado e empregador. Trazendo o que está disposto no artigo 2º, o empregador pode ser definido como “a empresa individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço.” Observa-se que o legislador quis vincular o empregado à atividade econômica e não à pessoa jurídica ou física por trás dela. Nesse sentido, confor- me diz Cassar (2014), o legislador quis proteger o empregado das variações de pessoas dentro do empreendimento. Ou seja, visou impedir manobras fraudulentas que impeçam a aplicação da lei tra- balhista. Dessa forma, a mudança no quadro societário ou altera- ções na estrutura societária não trariam prejuízos para os contratos de trabalho firmados. LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA 41 O parágrafo 1º do artigo 2º da CLT, aborda ainda a temática do empregador por equiparação. De acordo com o referido dispositivo, [...] equiparam-se ao empregador, para os efeitos ex- clusivos darelação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem tra- balhadores como empregados. Ao utilizar o termo “equiparam-se”, o legislador brasileiro abriu espaço para duas interpretações importantes acerca do con- ceito de empregador no Brasil. A primeira corrente, defendida por Cassar (2014), afirma que a pessoa física ou jurídica que, embora não explore atividade lucrativa, também é considerada emprega- dora quando contrata empregados (profissionais liberais, associa- ções e instituições sem fins lucrativos). A segunda corrente, encabeçada por Barros (2016), afirma que a legislação abordou o termo “equiparam-se” porque os entes citados no parágrafo 1º, não possuem personalidade jurídica, por- tanto, não teriam capacidade para estabelecer uma relação empre- gatícia sem a referida previsão legal. Contudo, o referido entendi- mento deixa de prosperar quando relembramos que as associações beneficentes, as cooperativas, universidades e os profissionais libe- rais possuem sim personalidade jurídica para contratar, apesar de não se encaixarem no conceito de empresa. 1.2. Empregado 1.2.1 Empregado Doméstico Entende-se como trabalhador doméstico, de acordo com a Lei Complementar 150/2015: [...] aquele que presta serviços de forma contínua, su- bordinada, onerosa e pessoal e de finalidade não lucra- tiva à pessoa na família, no âmbito residencial destas, por mais de 2 (dois) dias por semana, aplica-se o dis- posto nesta lei. 42 LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA Portanto, tomando como ponto de partida esse conceito, ve- rificamos os seguintes traços na relação de emprego doméstico: – A finalidade não lucrativa do empregador; – Continuidade da prestação de serviço (mais de dois dias por semana); – Prestação de serviço em prol de uma família. Nestes termos, compreendemos que dentro da relação de emprego doméstico, o empregador deixa de ser empresa e passa a ser a família que recebe a prestação de serviços. Dessa forma, há uma solidariedade entre os integrantes da entidade familiar em relação ao cumprimento das obrigações trabalhistas. Quanto a isso, cabe mencionar a Súmula 377 do TST – Tribunal Superior do Tra- balho, conforme esse dispositivo legal, a representação processual trabalhista do empregador doméstico pode ser feita por qualquer membro da família. No que diz respeito à finalidade não lucrativa do emprega- dor, o legislador refere-se ao fato de que o prestador de serviços trabalhe para uma pessoa física que não explore a mão de obra do doméstico com intuito de obter lucros, mesmo que as tarefas executadas não sejam no âmbito residencial, é exigível que não te- nham por intuito auferir ganhos para o empregador. Nesse sentido, qualquer profissional que atue para uma família no âmbito residen- cial dela, ou não, sem finalidade lucrativa ao empregador, pode ser considerado empregado doméstico. No que concerne à continuidade da prestação de serviços, resta claro que o caráter intermitente desse tipo de relação afasta a existência do emprego doméstico e enseja o surgimento do tra- balho do(a) diarista. O caput do artigo 1º da LC 150/2015 deixa claro que o empregado doméstico, para ser considerado como tal, deve trabalhar pelo menos mais de dois dias no âmbito residencial de uma família. LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA 43 Portanto, segundo Cairo Júnior (2017), quando o serviço é prestado abaixo desse limite de 2 (dois) dias, o trabalhador não será considerado empregado, mas um profissional autônomo pres- tador de serviços domésticos, mais conhecido como diarista e sem receber a proteção da Lei complementar no 150/2015. Fazendo uma análise da Emenda Constitucional no 72/2013 e a Lei Complementar no 150/15, podemos listar os seguintes direitos trabalhistas conferidos aos empre- gados domésticos: - Adicional de 50% (cinquenta por cento) sobre as ho- ras extras; - Estabelecimento da isonomia salarial; - Fixação da jornada de trabalho de 8 (oito) horas diárias ou 44 (quarenta e quatro) horas semanais; - Vedação de qualquer ato discriminatório aos traba- lhadores portadores de deficiência física no que con- cerne ao salário e admissão no emprego; - Acordos e convenções coletivas ganharam reconhe- cimento; - Vedação do trabalho noturno, perigoso ou insalubre aos menores de dezoito anos, exceto na condição de aprendiz a partir de 14 (catorze) anos; - Previsão do salário família, adicional noturno, FGTS e seguro-desemprego; - Proibição da retenção do salário é considerada uma prática dolosa; - Proteção da relação de emprego contra despedida arbitrária ou sem justa causa; - Previsão de seguro contra acidentes de trabalho; - Assistência de creches e pré-escola; - Garantia de que o salário nunca seja inferior ao valor do salário mínimo estabelecido no país. Memorize 44 LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA 1. Considerando seus estudos acerca dos elementos carac- terizados do vínculo empregatício, analise o artigo 7º da CF/88 e aponte três direitos dos trabalhadores que não fo- ram estendidos aos empregados domésticos. 1.2.2. Empregado Rural O empregado rural, nos termos da Lei 5.889 de 1973: [...] é toda pessoa física que, em propriedade rural ou pré- dio rústico, presta serviços de natureza não eventual a empregador rural, sob a dependência deste e mediante salário. Portanto, analisando este dispositivo legal, é visível que os mesmos requisitos adotados para a configuração do empregado urbano foram adotados para o empregado rural. Tanto o trabalhador rural (boia-fria, grileiro, turmeiros etc.) como o empregado rural (safristas, guardas-florestais etc.) são re- gidos pela Lei 5.889/73. Para a CLT, os empregados rurais são assim considerados somente aqueles trabalhadores que lidam com a pecuária e com a agricultura. O critério celetista aborda apenas os métodos e fins dos serviços prestados, por isso, é considerado para muitos autores como ultrapassado, tendo em vista o crescimento das mais varia- das funções no campo. Pratique LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA 45 1. Considerando seus estudos acerca dos elementos carac- terizados do vínculo empregatício, analise o artigo 7º da CF/88 e aponte três direitos dos trabalhadores que não fo- ram estendidos aos empregados domésticos. 1.2.2. Empregado Rural O empregado rural, nos termos da Lei 5.889 de 1973: [...] é toda pessoa física que, em propriedade rural ou pré- dio rústico, presta serviços de natureza não eventual a empregador rural, sob a dependência deste e mediante salário. Portanto, analisando este dispositivo legal, é visível que os mesmos requisitos adotados para a configuração do empregado urbano foram adotados para o empregado rural. Tanto o trabalhador rural (boia-fria, grileiro, turmeiros etc.) como o empregado rural (safristas, guardas-florestais etc.) são re- gidos pela Lei 5.889/73. Para a CLT, os empregados rurais são assim considerados somente aqueles trabalhadores que lidam com a pecuária e com a agricultura. O critério celetista aborda apenas os métodos e fins dos serviços prestados, por isso, é considerado para muitos autores como ultrapassado, tendo em vista o crescimento das mais varia- das funções no campo. Pratique Hoje, o critério adotado considera o vínculo empregatício es- tabelecido com o empregador rural, ou seja, com base em Delgado (2015), empregado rural é aquele empregado que labora no campo, ainda que não exerça atividades tipicamente rurais. Tudo depende do empregador. Se a empresa é rurícola, também serão considera- dos empregados rurais seus colaboradores. Nesse sentido temos a Súmula 196 do STF que versa: “Ainda que exerça atividade rural, o empregado de empresa industrial ou comercial é classificado de acordo com a categoria do empregador”. Nesse sentido, é preciso ter em mentede forma clara o conceito de empregador rural para apreender a definição de empregado rural. De acordo com o artigo 3o da Lei 5.889/73: Considera-se empregador rural, para os efeitos desta Lei, a pessoa física ou jurídica, proprietário ou não, que explore atividade agroeconômica, em caráter permanente ou tem- porário, diretamente ou através de prepostos e com auxílio de empregados. 2. contRato de tRabalho 2.1. Conceito O trabalho corresponde a qualquer esforço físico ou mental humano que pode ser efetivado por conta própria ou alheia. O contrato de trabalho surge a partir da livre vontade de dois indivíduos pelo qual um oferece seus serviços laborais e o outro aceita essa presta- ção de serviços mediante uma remuneração. Na CLT, a temática do contrato de trabalho é regida pelos artigos 442 a 456. Trazendo aqui os dois primeiros artigos acerca do estudo em questão: Art. 442 – Contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou expresso, correspondente à relação de em- prego. Parágrafo único – Qualquer que seja o ramo de atividade da sociedade cooperativa, não existe vínculo emprega- tício entre ela e seus associados, nem entre estes e os tomadores de serviços daquela. 46 LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA Art. 443 - O contrato individual de trabalho poderá ser acordado tácita ou expressamente, verbalmente ou por escrito e por prazo determinado ou indeterminado ou intermitente. (Alteração trazida pela Reforma Trabalhista) § 1º - Considera-se como de prazo determinado o con- trato de trabalho cuja vigência dependa de termo pre- fixado ou da execução de serviços especificados ou ainda da realização de certo acontecimento suscetível de previsão aproximada. § 2º - O contrato por prazo determinado só será válido em se tratando: a) de serviço cuja natureza ou transitoriedade justifi- que a predeterminação do prazo; b) de atividades empresariais de caráter transitório; c) de contrato de experiência. De acordo com Cairo Júnior (2017), o contrato pode ser definido como: [...] um pacto, expresso ou tácito, verbal ou escrito, pelo qual o empregado, pessoa física, compromete-se a pres- tar serviços não eventuais e subordinados e o emprega- dor a pagar a retribuição respectiva, seja esta convencio- nada ou imposta pela lei. Através do contrato de trabalho o empregado transfere ao empregador o fruto do seu trabalho, configurando a alteridade da relação jurídica. No mesmo sentido, durante a execução do pac- to laboral, o empregador é quem dirige a prestação de serviços. Todos esses aspectos são regidos pelo princípio da autonomia da vontade. O contrato de trabalho exclui qualquer tipo de relação de servidão ou escravidão. Nesse sentido, o artigo 444, caput, da CLT dispõe: [...] as relações contratuais de trabalho podem ser obje- to de livre estipulação das partes interessadas em tudo quanto não contravenha às disposições de proteção ao trabalho, aos contratos coletivos que lhes sejam aplicá- veis e às decisões das autoridades competentes. LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA 47 O contrato de trabalho pode ser expresso de várias formas, quer seja escrito ou verbal; expresso ou tácito; por tempo determina- do ou indeterminado; solene ou formal, bem como, individual ou por equipe. O único requisito presente em todos os tipos de contratos de trabalho é a consensualidade. Não há que se falar em contra- to de trabalho não consensual. As cláusulas do contrato trabalhis- ta são previamente acordadas e não possuem caráter imperativo, pois não se trata de um contrato de adesão. Outra característica do contrato laboral é o seu caráter sinalagmático, ou seja, há uma reciprocidade em direitos e deveres, assim como o empregado tem o direito de exigir a sua remuneração, da mesma forma, o emprega- dor pode exigir o regular cumprimento do serviço acordado. A comutatividade do contrato de trabalho revela que as partes têm o conhecimento prévio dos seus direitos e deveres. Outro aspecto importante é quanto à teoria da imprevisão adotada nos contratos de natureza civil, essa teoria não encontra espaço nos contratos trabalhistas, isto, porque quem assume os riscos do negócio, em qualquer hipótese, sempre é o empregador. Apenas em casos excepcionais, o empresário pode negociar com seus empregados a redução dos direitos trabalhistas para evitar demissões em massa. O contrato de trabalho nada mais é do que um contrato, como vimos anteriormente. Nesse sentido, é importante avaliarmos os aspectos gerais dos contratos trazidos pela lei. Conforme o arti- go 104, do Código Civil de 2002, o negócio jurídico para ser válido precisa ter os seguintes requisitos: I. Agente capaz; II. Objeto lícito, possível, determinado ou determinável; III. Forma prescrita ou não defesa em lei. Dessa forma, para que um contrato de trabalho seja conside- rado válido, é necessário que as partes (empregador e empregado) sejam agentes capazes, ou seja, tenham plena capacidade civil para a realização de seus atos. Quanto à licitude do objeto, um contrato 48 LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA de trabalho não pode ser firmado com base em algo impossível ou ilícito. Por exemplo, contratar alguém para vender drogas ou cons- truir uma casa em Marte. Quanto ao caráter determinável do contrato, o objeto não pode ser algo indeterminável (por exemplo, estabele- cer um contrato de safra sem um lapso temporal). Por último, um contrato de trabalho não pode ser realizado por formas que sejam vedadas por lei. Por exemplo, um contrato verbal de estágio. 2.2. Contratos por Prazo Determinado Os elementos que caracterizam um contrato por prazo deter- minado é o estabelecimento do termo final e inicial dentro do pacto laboral. No âmbito do Direito do Trabalho, os contratos por prazo determinado possuem um caráter excepcional, ou seja, a regra é que os pactos laborais sejam por tempo indeterminado. Segundo Delgado (2015), os contratos por prazo determina- do, geralmente, são estreitos e rígidos e pautam-se sobre normas rigorosas, quer seja quanto à possibilidade de prorrogação con- tratual, quer seja quanto às repercussões rescisórias mais restri- tas do que nos contratos por tempo indeterminado. Portanto, os contratos a prazo, por se submeterem a regras específicas, facil- mente, tornam-se irregulares quando não cumpridos determina- dos requisitos. Conforme o art. 443, parágrafo 2º, da CLT, três são as formas em que o contrato de trabalho pode ser fixado por tempo determinado, sendo válido quando tratar-se: a) de serviço cuja natureza ou transitoriedade justifi- que a predeterminação do prazo; b) de atividades empresariais de caráter transitório; c) de contrato de experiência. Delgado (2015) menciona ainda outras duas formas em que o contrato de trabalho pode ser fixado a termo. Uma delas: os contra- tos de duração prefixada tipificados pela legislação extravagantes, tais como, os contratos de atletas, de profissionais do futebol, de LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA 49 artistas etc. Outro tipo de pactuação a termo que a CLT não men- ciona é a que está disposta na Lei 9.601/98, que abrange esse tipo de contrato a qualquer profissão ou categoria profissional não men- cionada no artigo 443. No que concerne às verbas rescisórias, os contratos por pra- zo determinado possuem algumas peculiaridades: – A dispensa do aviso prévio para que a relação de trabalho tenha fim; – A dispensa do pagamento de multa de 40% incidentes so- bre o FGTS; – O empregador deve pagar o valor proporcional do 13o sa- lário e as férias proporcionais acrescidas de 1/3. Outra peculiaridade do contrato a termo é o prazo final. Nos termos do artigo 445 da CLT, esse tipo de contrato não poderá ter prazo superior a dois anos, podendo ser prorrogado por uma única vez, desde que se observe o prazo máximo de dois anos (art. 451, CLT). A renovação da pactuação a termo deveobedecer um inter- valo mínimo de seis meses entre o segundo e o primeiro contrato, sob pena de nulidade, ou seja, na hipótese de contratos sucessivos. Portanto, a intenção é evitar que as mesmas partes celebrem um novo contrato antes dos seis meses da expiração do primeiro con- trato. Essa proibição evita que ocorram fraudes nas contratações. No caso de extinção do contrato antecipadamente, se o em- pregador for o responsável pelo fim do pacto laboral, deverá pagar uma indenização ao trabalhador equivalente à metade da remunera- ção que seria devida até o final do contrato de trabalho, segundo a inteligência do artigo 479 da CLT. Entende-se por remuneração os valores não somente do salário do empregado, mas o 13º salário, FGTS, férias proporcionais e acrescidas de 1/3. 50 LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA Caso seja o empregado o responsável pela extinção anteci- pada do contrato, nos termos do artigo 480 da CLT, o empregado será obrigado a indenizar o empregador pelos prejuízos que desse rompimento resultarem. Contudo, a indenização não será superior àquela a que teria direito o empregado caso fosse o empregador o responsável pela extinção do pacto laboral. Fique Atento Quando o prazo de dois anos do contrato a ter- mo é ultrapassado, mesmo que por um dia, esse tipo de pacto laboral torna por prazo indeterminado. Dessa forma, por força do princípio da continuidade da rela- ção empregatícia, as cláusulas de termo final do con- trato não atingem o negócio jurídico em sua essência. A rescisão contratual poderá ocorrer a qualquer momento mediante o aviso prévio. 2. Conforme os seus estudos acerca do contrato de trabalho por prazo determinado, o que acontece se esse tipo de pacto laboral for prorrogado além dos dois anos? Ou se, logo após o prazo máximo de dois anos e antes do perío- do de carência de seis meses, o trabalhador for contrata- do novamente? Pratique LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA 51 Caso seja o empregado o responsável pela extinção anteci- pada do contrato, nos termos do artigo 480 da CLT, o empregado será obrigado a indenizar o empregador pelos prejuízos que desse rompimento resultarem. Contudo, a indenização não será superior àquela a que teria direito o empregado caso fosse o empregador o responsável pela extinção do pacto laboral. Fique Atento Quando o prazo de dois anos do contrato a ter- mo é ultrapassado, mesmo que por um dia, esse tipo de pacto laboral torna por prazo indeterminado. Dessa forma, por força do princípio da continuidade da rela- ção empregatícia, as cláusulas de termo final do con- trato não atingem o negócio jurídico em sua essência. A rescisão contratual poderá ocorrer a qualquer momento mediante o aviso prévio. 2. Conforme os seus estudos acerca do contrato de trabalho por prazo determinado, o que acontece se esse tipo de pacto laboral for prorrogado além dos dois anos? Ou se, logo após o prazo máximo de dois anos e antes do perío- do de carência de seis meses, o trabalhador for contrata- do novamente? Pratique 2.3. Reforma Trabalhista e Novas Modalidades de Contratos 2.3.1. Contrato Intermitente O contrato intermitente é criação da Reforma Trabalhis- ta ocorrida no ano de 2017. Segundo a proposta, que modificou o artigo 443 da CLT, são modalidades de contrato de trabalho o contrato por prazo determinado, indeterminado e intermitente. O conceito de trabalho intermitente foi inserido como parágrafo 3o no artigo 443 da CLT e diz: Art. 443 (...) § 3º Considera-se como intermitente o contrato de trabalho no qual a prestação de serviços, com subor- dinação, não é contínua, ocorrendo com alternância de períodos de prestação de serviços e de inativida- de, determinados em horas, dias ou meses, indepen- dentemente do tipo de atividade do empregado e do empregador, exceto para os aeronautas, regidos por legislação própria.” Ou seja, nessa nova modalidade temos um contrato de em- prego que não acontece de forma contínua, habitual. Neste caso, um dos requisitos da configuração da relação de emprego ficou prejudicado. A proposta poderia ser aplicada, por exemplo, a em- presas que utilizam serviços de empregados de forma não contí- nua, como serviços de buffet e organização de festas que utilizam garçons, baristas e equipes específicas de acordo com a demanda do mercado. Para ser válido o contrato intermitente deve ser escrito e conter o valor da hora de trabalho, conforme determina o artigo 452-A da CLT: Art. 452-A. O contrato de trabalho intermitente deve ser celebrado por escrito e deve conter especificamente o valor da hora de trabalho, que não pode ser inferior ao valor horário do salário mínimo ou àquele devido aos demais empregados do estabelecimento que exerçam a mesma função em contrato intermitente ou não. 52 LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA Como não há a prestação contínua do serviço, o empregado deverá ser convocado para o trabalho conforme disciplina os pará- grafos acrescentados ao artigo 452-A da CLT: § 1º – O empregador convocará, por qualquer meio de comunicação eficaz, para a prestação de serviços, in- formando qual será a jornada, com, pelo menos, três dias corridos de antecedência. § 2º – Recebida a convocação, o empregado terá o pra- zo de um dia útil para responder ao chamado, presu- mindo-se, no silêncio, a recusa. § 3º – A recusa da oferta não descaracteriza a subor- dinação para fins do contrato de trabalho intermitente. Além disso, caso aceite comparecer ao serviço e venha a faltar, a parte que descumprir, sem justo motivo, o contrato deverá pagar a outra parte em 30 dias, multa de 50% da remuneração que seria devida. Da mesma forma, o período de inatividade, ou seja, quando o empregado intermitente não estiver trabalhando para o empre- gador não será remunerado como tempo à disposição. § 4º – Aceita a oferta para o comparecimento ao traba- lho, a parte que descumprir, sem justo motivo, pagará a outra parte, no prazo de trinta dias, multa de 50% (cinquenta por cento) da remuneração que se- ria devida, permitida a compensação em igual prazo. § 5º – O período de inatividade não será considerado tempo à disposição do empregador, podendo o traba- lhador prestar serviços a outros contratantes. Ao fim da prestação do serviço, o empregado deverá receber as prestações de acordo com o novo texto: § 6º – Ao final de cada período de prestação de servi- ço, o empregado receberá o pagamento imediato das seguintes parcelas: I. remuneração; II. férias proporcionais com acréscimo de um terço; LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA 53 III. décimo terceiro salário proporcional; IV. repouso semanal remunerado; e V. adicionais legais. 2.3.2. Teletrabalho (home office) Inserido pela Reforma Trabalhista de 2017, o teletrabalho pas- sa a configurar nova modalidade de contrato. De acordo com o artigo 75-B, inserido na CLT, o teletrabalho é a prestação de ser- viço exercida de forma preponderante fora das dependências do empregador, com a utilização de tecnologias de informação e de comunicação que, por sua natureza, não se constituam como tra- balho externo. Mesmo que o empregado deva comparecer às dependências da empresa, o teletrabalho não é desconfigurado. Quanto ao con- trato de trabalho, a modalidade de teletrabalho deve estar expres- samente escrita no contrato, com as devidas especificações das atividades do empregado (Art.75-C, CLT). Além disso, conforme dispõe o artigo 75-D: Art. 75-D. As disposições relativas à responsabilidade pela aquisição, manutenção ou fornecimento dos equi- pamentos tecnológicos e da infraestrutura necessária e adequada à prestação do trabalho remoto, bem como ao reembolso de despesas arcadas pelo empregado, serão previstas em contrato escrito. Parágrafo único. As utilidades mencionadas no caput deste artigo não integram a remuneração do empregado. Por fim, deve o empregador instruirseus empregados quanto às precauções necessárias a fim de se evitar doenças e acidentes de trabalho: Art. 75-E. O empregador deverá instruir os empre- gados, de maneira expressa e ostensiva, quanto às precauções a tomar a fim de evitar doenças e aci- dentes de trabalho. 54 LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA Parágrafo único. O empregado deverá assinar termo de responsabilidade comprometendo-se a seguir as instruções fornecidas pelo empregador. 2.4. Alterações do Contrato de Trabalho De acordo com os nossos estudos no capítulo anterior desse módulo, os contratos trabalhistas são regidos pela inalterabilidade contratual, portanto, em regra, a alteração do contrato possui um caráter excepcional e deve observar alguns requisitos previstos em lei. Nos termos do artigo 468 da CLT, transcrito a seguir, temos: Art. 468 – Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia. Parágrafo único – Não se considera alteração unilateral a determinação do empregador para que o respecti- vo empregado reverta ao cargo efetivo, anteriormente ocupado, deixando o exercício de função de confiança. Nesse sentido, o referido dispositivo legal determina que só serão lícitas as alterações nos contratos individuais de trabalho que observem o mútuo consentimento das partes, somando-se a isso, que as decisões não resultem direta ou indiretamente, em prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infrin- gente dessa garantia. As alterações nos contratos trabalhistas podem ser objetivas ou subjetivas. As alterações subjetivas são aquelas que são pro- movidas pelos sujeitos da relação. As alterações subjetivas só são possíveis ao polo passivo da relação de emprego, no caso o em- pregador, que poderá ser substituído sem que haja prejuízos ao empregado. A sucessão do empregador dentro da relação traba- lhista só poderá ser considerada válida, quando os três princípios a seguir mencionados forem devidamente observados. LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA 55 Quadro 01: Princípios necessários à sucessão do empregador. Princípio da Continuidade continuidade da relação de emprego Princípio da despersonalização Princípio da intangibilidade do contrato de trabalho Assegura a maior possi- bilidade de permanência do trabalhador em seu emprego. Tem por principal objetivo garantir a segurança eco- nômica do trabalhador. De acordo com esse princípio, a relação traba- lhista só é personalíssima para o empregado, por- tanto, a substituição do empregador não afeta o contrato de trabalho firmado, o vínculo de emprego permanece o mesmo. Resguarda o contrato traba- lhista de alterações lesivas ao empregado. Havendo a sucessão de empregadores, as condições trabalhistas pactuadas permanecem as mesmas. Fonte: Elaborado pela autora. No que concerne às alterações objetivas, estas atingem e têm como objeto as cláusulas contratuais, alterando-as ao lon- go do contrato. Como já mencionamos, as alterações objetivas devem observar os requisitos do artigo 468 para que não sejam consideradas nulas de pleno direito, portanto, é necessário o con- sentimento mútuo das partes e a vedação de prejuízos diretos ou indiretos ao trabalhador. Fique Atento No caso dos empregadores domésticos, a su- cessão no polo passivo não é possível, visto que, “o em- pregado doméstico vincula-se à pessoa do empregador e não à sua residência, não se lhe aplicando os art. 10 e 448 da CLT, por exclusão expressa do mesmo diploma legal”. (BARROS, 2016). 56 LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA 3. De acordo com os seus estudos acerca das alterações dos contratos trabalhistas, quais as condições exigidas pela lei para que elas sejam válidas? 2.5. Transferência de Empregados A CLT também estabelece as situações em que o empregador poderá fazer a alteração do contrato de trabalho de forma unila- teral, esse poder decorre do jus variandi do empregador, ou seja, do seu poder diretivo dentro da relação trabalhista. Nos termos do artigo 469 da CLT, as alterações unilaterais são: Art. 469 - Ao empregador é vedado transferir o empre- gado, sem a sua anuência, para localidade diversa da que resultar do contrato, não se considerando transfe- rência a que não acarretar necessariamente a mudança do seu domicílio. § 1º – Não estão compreendidos na proibição deste ar- tigo: os empregados que exerçam cargo de confiança e aqueles cujos contratos tenham como condição, implí- cita ou explícita, a transferência, quando esta decorra de real necessidade de serviço. § 2º – É licita a transferência quando ocorrer extinção do estabelecimento em que trabalhar o empregado. Pratique LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA 57 3. De acordo com os seus estudos acerca das alterações dos contratos trabalhistas, quais as condições exigidas pela lei para que elas sejam válidas? 2.5. Transferência de Empregados A CLT também estabelece as situações em que o empregador poderá fazer a alteração do contrato de trabalho de forma unila- teral, esse poder decorre do jus variandi do empregador, ou seja, do seu poder diretivo dentro da relação trabalhista. Nos termos do artigo 469 da CLT, as alterações unilaterais são: Art. 469 - Ao empregador é vedado transferir o empre- gado, sem a sua anuência, para localidade diversa da que resultar do contrato, não se considerando transfe- rência a que não acarretar necessariamente a mudança do seu domicílio. § 1º – Não estão compreendidos na proibição deste ar- tigo: os empregados que exerçam cargo de confiança e aqueles cujos contratos tenham como condição, implí- cita ou explícita, a transferência, quando esta decorra de real necessidade de serviço. § 2º – É licita a transferência quando ocorrer extinção do estabelecimento em que trabalhar o empregado. Pratique § 3º – Em caso de necessidade de serviço o empre- gador poderá transferir o empregado para localidade diversa da que resultar do contrato, não obstante as restrições do artigo anterior, mas, nesse caso, ficará obrigado a um pagamento suplementar, nunca inferior a 25% (vinte e cinco por cento) dos salários que o em- pregado recebia naquela localidade, enquanto durar essa situação. Em resumo: – Contanto que não caracterize transferência e nem exija a mudança de domicílio do empregado, o empregador pode fazer a mudança do local de trabalho; – O empregador pode alterar o turno de trabalho do empregado; – Pode alterar a função do empregado desde que não haja o seu rebaixamento dentro da empresa; – Pode transferir empregado que exerça cargo de confiança para uma localidade diversa da qual foi apontada no con- trato laboral; – Pode efetuar a transferência do empregado para um es- tabelecimento quando o local em que ele trabalhava for fechado; – Poderá transferir o empregado, quando isto decorrer por causa do serviço, para localidade diversa, desde que seja pago o valor suplementar de 25% (vinte e cinco por cento) do salário ao trabalhador. 2.6. Interrupção do Contrato de Trabalho A Consolidação das Leis Trabalhistas não trata de modo sepa- rado a interrupção e a suspensão do contrato de trabalho. Pelo con- trário, traz os dois institutos em um único capítulo (arts. 471 ao 476). 58 LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA A interrupção do contrato, de acordo com Cairo Júnior (2017), é quando o empregado deixa de prestar serviços, mas continua recebendo salário. Na interrupção, o período de afastamento do empregado integra o período de serviço, portanto, continuam sendo descontados os valores de FGTS e o empregado terá direito ao salário do dia em que não pode comparecer ao serviço. O ordenamento jurídico brasileiro admite vários motivoscomo legítimos para ensejarem a interrupção do contrato, tais como, fal- tas abonadas, casos de lockout, incapacidade para trabalhar por até 15 (quinze) dias, quando o empregado tem que se afastar do trabalho para promover solução extrajudicial de conflitos porque é membro da CCP (Comissão de Conciliação Prévia). São também consideradas causas de interrupção do contrato: férias, repouso semanal remunerado, intervalos intrajornada, redução da jornada no período de aviso prévio, ausência decorrente da participação do empregado no conselho curador do FGTS, licenças remuneradas concedidas pelo empregador etc. 2.7. Suspensão do Contrato de Trabalho De acordo com Cairo Júnior (2017), a suspensão do contrato de trabalho impede a execução do contrato, sem o cômputo do tempo de serviço. Sempre que o empregado não prestar serviços e o empregador deixar de pagar a remuneração devida, teremos um caso de suspensão do contrato laboral. De acordo com Cas- sar (2014), com a suspensão o empregado deixa de prestar ser- viços temporariamente ao empregador, e este, por sua vez, susta o pagamento dos salários ou qualquer outra contraprestação ou vantagem. Neste período, as principais cláusulas contratuais ficam estáticas, paralisadas. O contrato deixa de ser executado, mas não produz os principais efeitos. Contudo, as obrigações acessórias continuam em vigor. No decorrer do período da suspensão, o empregador não poderá demitir o empregado sem justa causa, exceto em caso de extinção da empresa ou por motivo de força maior. LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA 59 São hipóteses de suspensão do contrato laboral: incapacida- de para o trabalho por tempo superior a 15 dias, aposentadoria por invalidez, suspensão disciplinar do empregado, licença não remu- nerada, afastamento de empregado estável para apuração de falta grave, desempenho de encargo público (art. 472 da CLT), serviço militar obrigatório, entre outras causas. Quando cessar o período de suspensão do contrato de traba- lho, o empregado receberá todas as benesses devidas à sua cate- goria (art. 471, CLT). O prazo para retornar ao serviço é de 30 dias a contar da data que cessou a causa da suspensão das cláusulas contratuais. Passados os 30 dias o empregador poderá aplicar a justa causa ao empregado – o abandono de emprego, rescindindo o contrato. (CASSAR, 2014) Você sabia que a greve é uma modalidade de sus- pensão do contrato de trabalho? Nos termos da Lei 7.783/89, o empregador não é obrigado a pagar a remu- neração nos dias em que o empregado não trabalhar, sal- vo, se houver acordo ou convenção coletiva determinando que o empregador deva pagar pelos dias de paralisação. Nesse caso, a greve será considerada como hipótese de interrupção do contrato laboral. Curiosidade 2.8. Extinção do Contrato de Trabalho Quando vimos os princípios do Direito do Trabalho no início deste curso, estudamos que a regra geral para os contratos labo- rais é a continuidade da relação de emprego, nesse sentido, a ideia é preservar o vínculo de emprego desde que não haja um motivo juridicamente relevante para ensejar a dispensa do empregado. 60 LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA Em resumo, os princípios que devemos ter em mente no caso da extinção do contrato de trabalho são: princípio da continuida- de da relação de trabalho (afirma que é de interesse do Direito do Trabalho a permanência do vínculo empregatício, com a integração do trabalhador na estrutura e dinâmica empresariais), princípio das presunções favoráveis ao trabalhador (se presume indeterminada no tempo a duração da relação de emprego, caso não comprovado tratar-se de contrato a termo), princípio da norma mais favorável (assegurar que a norma mais favorável ao trabalhador seja aplicada ao conjunto de presunções no tocante à continuidade da relação empregatícia e à forma de sua dissolução). 2.8.1. Resilição do Contrato de Trabalho De acordo com Delgado (2017), a resilição contratual corres- ponde a todas as modalidades de ruptura do contrato de trabalho por exercício lícito da vontade das partes. Nesse sentido, existiriam três tipos de resilição: a resilição unilateral por parte do obreiro (pe- dido de demissão), a resilição unilateral por parte do empregador (dispensa ou despedida sem justa causa), resilição bilateral do con- trato (distrato). Percebe-se que a resilição é extinção típica dos contratos unilaterais. A lei faculta a cada um dos contratantes o direito de a qualquer momento, e sem necessidade de apresentar qualquer justificativa, por um fim ao contrato laboral em vigor. 2.8.2. Resolução do Contrato de Trabalho A resolução contratual corresponde a todas as modalidades de ruptura do contrato de trabalho por descumprimento faltoso do pacto por qualquer uma das partes. Segundo Delgado (2017), no âmbito da resolução contratual, estariam enquadrados quatro tipos de extinção contratual: a) a resolução contratual por infração obreira; b) a resolução contratual por infração do empregador; c) a resolução contratual por culpa recíproca das partes; d) a resolução contratual por implemento de condição resolutiva. LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA 61 A dispensa por justa causa acontece quando um motivo re- levante, previsto pela legislação laboral, autoriza a resolução do contrato de trabalho. Portanto, é através da conduta já tipificada em lei que ocorre a ruptura do contrato por culpa do empregado. O artigo 482 da CLT traz um rol taxativo com todas as condutas ensejadoras da dispensa por justa causa. São elas: Art. 482 - Constituem justa causa para rescisão do con- trato de trabalho pelo empregador: a) ato de improbidade; b) incontinência de conduta ou mau procedimento; c) negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empregador, e quando constituir ato de concorrência à empresa para a qual trabalha o empregado, ou for prejudicial ao serviço; d) condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha havido suspensão da exe- cução da pena; e) desídia no desempenho das respectivas funções; f) embriaguez habitual ou em serviço; g) violação de segredo da empresa; h) ato de indisciplina ou de insubordinação; i) abandono de emprego; j) ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; k) ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas fí- sicas praticadas contra o empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa, pró- pria ou de outrem; l) prática constante de jogos de azar. Parágrafo único - Constitui igualmente justa causa para dispensa de empregado a prática, devidamente com- provada em inquérito administrativo, de atos atentató- rios à segurança nacional. 62 LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA Analisando os tópicos elencados anteriormente, podemos es- miuçar cada uma das infrações para obter uma melhor compreen- são das hipóteses da dispensa por justa causa. a) Ato de improbidade: Trata-se das manifestações desones- tas do empregado que firam o patrimônio da empresa em que trabalha ou de um terceiro. De acordo com Delgado (2017), o ato de improbidade, embora, seja um mau proce- dimento, afronta a moral genérica imperante na vida social, tem a particularidade de afetar o patrimônio de alguém, visando unicamente a obtenção de vantagens. b) Incontinência de conduta ou mau procedimento: A incon- tinência de conduta consiste nos atos do empregado que atinjam a moral dentro do ambiente de trabalho. Essa falta está vinculada à conduta sexual imoderada. O mau proce- dimento é também uma conduta que fere a moral dentro do ambiente de trabalho, mas sem o aspecto sexual. Por exemplo, são maus procedimentos: dirigir o automóvel da empresa sem carteira de habilitação, danificar móveis, má- quinas da empresade forma voluntária. c) A negociação habitual por conta própria ou alheia, sem a permissão do empregador: De acordo com Delgado (2017), esse tipo legal corresponde ao tipo jurídico da concorrên- cia desleal com seu patrão. Contudo, para que seja configu- rada a concorrência desleal é necessário que ela afronte de forma direta o que foi pactuado no contrato de trabalho. Por exemplo, se há uma cláusula de dedicação exclusiva do empregado a determinado empreendimento, e mesmo assim o trabalhador começa a prestar serviços para outra empresa. Além disso, é necessário que as atividades entre as duas empresas, nas quais o empregado presta serviços, possuam atividades similares. Logo, se o empregado tra- balha em regime de exclusividade para uma faculdade A, por exemplo e sem a aquiescência do empregador, come- ça a laborar para a faculdade B, temos aí a configuração da conduta tipificada pela alínea “c” do artigo 482 da CLT. LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA 63 A segunda parte da referida alínea “c” relaciona-se com a atu- ação do empregado como concorrente dentro da empresa, preju- dicando o serviço ou os negócios do empregador. Por exemplo, um vendedor informal de sapatos que promove a venda da sua merca- doria dentro da loja de sapatos em que trabalha formalmente. d) condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha havido suspensão da execução da pena: O referido dispositivo deve ser analisado com cautela. Observa-se que a mera prisão provisória do empregado, não ensejará a dispensa por justa causa. É necessário que o referido trabalhador tenha sido condenado criminalmente e vá obrigatoriamente cumprir a pena. A doutrina mencio- na que somente a pena privativa de liberdade com senten- ça transitada em julgado é que inviabilizará a continuidade da relação de emprego. Não é necessário que o ilícito pe- nal cometido seja referente ao trabalho, isso não elimina a configuração da alínea “d” do artigo 482. e) Desídia no desempenho das respectivas funções: A referida tipificação aponta para o empregado negligente, relapso e improdutivo. Segundo Delgado (2017), a desídia é marca- da pela desatenção reiterada, o desleixo contumaz com as obrigações contratuais. As manifestações de negligência precisam ser costumeiras para que ensejem a dispensa por justa causa, não basta que seja um ou outro ato isolado. f) Embriaguez habitual ou em serviço: Refere-se, primeira- mente, à embriaguez alcoólica, contudo, por analogia, to- das as substâncias entorpecentes são abraçadas por esse tipo legal. Segundo Delgado (2017), nessa hipótese do arti- go 482, há duas situações distintas: a embriaguez habitual que ocorre mesmo que não tenha relação com o serviço, porém seja constatada reiteradas vezes; e a embriaguez que ocorre dentro do ambiente laborativo. Vale ressaltar que a embriaguez habitual somente é causa ensejadora da justa causa, quando acarreta prejuízos ao cumprimento do contrato de trabalho. 64 LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA g) Violação de segredo da empresa: O referido dispositivo busca resguardar as informações confidenciais do empre- endimento a qual está vinculado o empregado. A divulga- ção não autorizada das patentes de invenção, métodos de execução, fórmulas configuram a quebra do segredo da empresa. Portanto, não basta que seja divulgado algo, é necessário que essas informações realmente possuam um caráter confidencial para a empresa. Delgado (2017) apon- ta que a lei não tutela o exercício irregular de prerrogativas, o abuso de direito ou a fraude, ainda mais para a obtenção de lucros. Se o empregador, para obter mais lucros, coloca em risco o bem-estar e saúde da população, a alínea “g” do artigo 482 não será para ele uma proteção. h) Ato de indisciplina ou de insubordinação: Nesse dispositi- vo, a lei aponta para dois tipos jurídicos: a indisciplina e a insubordinação. A indisciplina refere-se ao mero descum- primento de regras estabelecidas pelo empregador. A in- disciplina relaciona-se à não obediência às regras dadas de forma impessoal, normas que se dirigem a todos dentro do ambiente laboral. Por exemplo, o aviso de proibido fumar nos banheiros. A insubordinação diferencia-se da indiscipli- na porque possui um caráter pessoal. É o descumprimento de ordens específicas recebidas pelo empregado do seu empregador. Por exemplo, o chefe que se dirige pessoal- mente ao funcionário para orientá-lo a não fumar nos ba- nheiros, nesse caso, trata-se de insubordinação, caso o tra- balhador não obedeça à orientação do empregador. i) Abandono de emprego: Consiste no ato tácito de vontade do empregado em romper o contrato laboral. Dois elemen- tos completam o entendimento da figura do abandono de emprego: o elemento objetivo (que se revela no real afas- tamento do empregado da empresa) e o subjetivo (que consiste na intenção, ainda que implícita, de romper o vín- culo). Acerca do requisito objetivo, o Tribunal Superior do Trabalho já se pronunciou através da Súmula 32: LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA 65 “Presume-se o abandono de emprego se o trabalhador não retornar ao serviço no prazo de 30 (trinta) dias após a cessação do benefício previdenciário nem justificar o motivo de não o fazer.” j) Ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem: O tipo legal agora analisado aponta para os crimes de injúria, calúnia e difamação praticadas contra colegas de trabalho. A legislação limita o âmbito de ocorrência da infração ao ambiente de trabalho do empregado, mesmo que as ofensas tenham ocorrido contra terceiros, é neces- sário que elas tenham sido proferidas dentro da empresa. Delgado (2017) afirma ainda, que se os atos lesivos ocor- rerem durante o transporte dos funcionários, nos moldes das horas in itinere, já é possível configurar a alínea “j” do artigo 482 da CLT. O fundamental é que o funcionário se encontre sobre o poder diretivo do empregador. A justa causa só é excluída nos casos de legítima defesa própria ou de outrem. k) Ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas prati- cadas contra o empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem: Da mes- ma forma que o dispositivo anterior, esse tipo legal rela- ciona-se com os crimes de calúnia, injúria ou difamação. Segundo Delgado (2017), seu diferencial encontra-se no fato de que os atos infratores são praticados contra o pró- prio empregador ou superiores hierárquicos do obreiro, e, além disso, independentemente de se tratar ou não do próprio local de trabalho. A justa causa só é afastada quan- do tratar-se de legítima defesa própria ou de outrem. l) Prática constante de jogos de azar: Segundo a doutrina do- minante, há duas possibilidades interpretativas a respeito do presente dispositivo legal: a primeira refere-se aos jo- gos expressamente proibidos por lei, tais como, jogo do bicho, rifas não autorizadas, apostas em corridas de cava- 66 LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA los etc. A segunda interpretação aponta para os jogos nos quais o fator determinante do resultado é a sorte, como os inúmeros jogos de azar patrocinados por entidades es- taduais e federais. Vale ressaltar que, o que importa é que a infração arguida pelo empregador seja realmente uma circunstância que afete a prestação de serviços ou prejudi- que o ambiente estabelecimento por culpa do empregado envolvido com jogos de azar. m) Atos atentatórios à segurança nacional: Esse dispositivo surgiu a partir de uma previsão legal da época do Regime Militar (Decreto – Lei no 3 de 1966). O referido dispositivo não foi acolhido pela Constituição Federal de 1988, visto que, ninguém será punido com prisões ou condenações por processos meramente administrativos, como aponta o parágrafoúnico do artigo 482 da CLT. Vale ressaltar que as hipóteses do artigo 482 da CLT não são exaustivas, portanto, é possível outras hipóteses que ensejem a jus- ta causa do empregado, tal como, a negligência no uso dos EPI’s, Equipamentos de Proteção Individual. Além da resolução do contrato em virtude de faltas cometi- das pelo empregado, resta-nos ainda analisar as hipóteses em que o contrato é rescindido devido a faltas cometidas pelo emprega- dor, a chamada rescisão indireta ou despedida. Nesse sentido, o artigo 483 da CLT dispõe: Art. 483 - O empregado poderá considerar rescindido o contrato e pleitear a devida indenização quando: a) forem exigidos serviços superiores às suas forças, defesos por lei, contrários aos bons costumes, ou alheios ao contrato; b) for tratado pelo empregador ou por seus superio- res hierárquicos com rigor excessivo; c) correr perigo manifesto de mal considerável; d) não cumprir o empregador as obrigações do contrato; LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA 67 e) praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou pessoas de sua família, ato lesivo da honra e boa fama; f) o empregador ou seus prepostos ofenderem-no fisicamente, salvo em caso de legítima defesa, pró- pria ou de outrem; g) o empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou tarefa, de forma a afetar sensivelmen- te a importância dos salários. § 1º – O empregado poderá suspender a prestação dos serviços ou rescindir o contrato, quando tiver de desempenhar obrigações legais, incompatíveis com a continuação do serviço. § 2º – No caso de morte do empregador constituído em empresa individual, é facultado ao empregado rescindir o contrato de trabalho. § 3º – Nas hipóteses das letras “d” e “g”, poderá o em- pregado pleitear a rescisão de seu contrato de traba- lho e o pagamento das respectivas indenizações, per- manecendo ou não no serviço até o final da decisão do processo. Na hipótese da justa causa ter sido ocasionada pelas duas partes de forma concomitante, algumas das verbas rescisórias se- rão divididas pela metade, ou seja, na proporção da culpa de cada uma das partes. Nesse sentido, o empregado receberá do empre- gador: 1/2 do aviso prévio, 20% do FGTS, saldo de salário, férias vencidas ou em dobro + 1/3 constitucional. 2.8.3. Rescisão do Contrato de Trabalho A rescisão contratual corresponde à ruptura do contrato de tra- balho em face de nulidade. É o que geralmente ocorre em contratos com entidades estatais, sem a observância de prévio concurso público – quando contrata professores temporários e nunca realiza seleção para efetivá-los (Súmula 363 do TST) ou nos contratos que concretizem atividade ilícita ou quando o objeto da atividade é ilícito. 68 LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA 2.8.4. Outras Formas de Extinção do Contrato de Trabalho Até aqui, vimos as formas ordinárias de extinção do contra- to de trabalho. Contudo, há aquelas formas de extinção que são consideradas anormais e mesmo assim, ensejam a ruptura do pac- to laboral. São elas: a extinção da empresa ou do estabelecimen- to, morte do funcionário, morte do empregador, motivos de força maior, aposentadoria do empregado, quando o contrato é extinto por prazo determinado. 4. Conforme o que você estudou até aqui, diferencie rescisão, resolução e resilição do contrato de trabalho. 3. homologação das veRbas tRabalhistas Esse instituto consistia na assistência dada ao empregado no momento da rescisão do contrato de trabalho firmado há pelo me- nos 1 (um) ano. Com a Reforma Trabalhista de 2017, a necessidade de assistência do sindicato para a validade do pedido de demis- são ou quitação de rescisão do contrato de trabalho foi revogada. Atualmente, com as modificações da Lei 13.647/2017, o artigo 477 conta com nova redação, dispensando a atuação do sindicato e estabelecendo novas regras para o pagamento das verbas. Pratique LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA 69 2.8.4. Outras Formas de Extinção do Contrato de Trabalho Até aqui, vimos as formas ordinárias de extinção do contra- to de trabalho. Contudo, há aquelas formas de extinção que são consideradas anormais e mesmo assim, ensejam a ruptura do pac- to laboral. São elas: a extinção da empresa ou do estabelecimen- to, morte do funcionário, morte do empregador, motivos de força maior, aposentadoria do empregado, quando o contrato é extinto por prazo determinado. 4. Conforme o que você estudou até aqui, diferencie rescisão, resolução e resilição do contrato de trabalho. 3. homologação das veRbas tRabalhistas Esse instituto consistia na assistência dada ao empregado no momento da rescisão do contrato de trabalho firmado há pelo me- nos 1 (um) ano. Com a Reforma Trabalhista de 2017, a necessidade de assistência do sindicato para a validade do pedido de demis- são ou quitação de rescisão do contrato de trabalho foi revogada. Atualmente, com as modificações da Lei 13.647/2017, o artigo 477 conta com nova redação, dispensando a atuação do sindicato e estabelecendo novas regras para o pagamento das verbas. Pratique Art. 477. Na extinção do contrato de trabalho, o em- pregador deverá proceder à anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social, comunicar a dispensa aos órgãos competentes e realizar o pagamento das verbas rescisórias no prazo e na forma estabelecidos neste artigo. § 4º O pagamento a que fizer jus o empregado será efetuado: I. em dinheiro, depósito bancário ou cheque visado, conforme acordem as partes; ou II. em dinheiro ou depósito bancário quando o empre- gado for analfabeto. § 6º A entrega ao empregado de documentos que comprovem a comunicação da extinção contratual aos órgãos competentes bem como o pagamento dos va- lores constantes do instrumento de rescisão ou recibo de quitação deverão ser efetuados até dez dias conta- dos a partir do término do contrato. § 10º A anotação da extinção do contrato na Cartei- ra de Trabalho e Previdência Social é documento hábil para requerer o benefício do seguro-desemprego e a movimentação da conta vinculada no Fundo de Garan- tia do Tempo de Serviço, nas hipóteses legais, desde que a comunicação prevista no caput deste artigo te- nha sido realizada. Com a nova redação, o artigo 477 da CLT conta agora apenas com os parágrafos 4º, 6º e 10º. Todos os outros foram revogados. Fique Atento De acordo com o artigo 467 da CLT, em caso de res- cisão do contrato laboral, havendo controvérsia sobre o montante das verbas rescisórias, o empregador será obri- gado a pagar ao trabalhador as verbas incontroversas na data de comparecimento à Justiça do Trabalho, sob pena de pagá-las com acréscimo de 50% (cinquenta por cento). 70 LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA 5. Qual a importância da homologação das verbas trabalhistas para empregado e empregador? Quem pode auxiliá-los nisso? 4. joRnada de tRabalho A jornada de trabalho foi um dos primeiros pontos a serem regulamentados no direito laboral europeu. Em outubro de 1919, a OIT – Organização Internacional do Trabalho – compôs sua primeira Convenção em torno da temática: jornada de trabalho. No Brasil, foi a Constituição de 1934 que estabeleceu o limite diário da jornada laboral no patamar de oito horas. Portanto, con- forme diz Cairo Júnior. (2017), pode-se “afirmar que a limitação da jornada de trabalho é, em primeiro lugar, uma norma protetora típica de saúde e segurança do trabalho”. Atualmente, no Brasil, a jornada de trabalho foi fixada em 8 (oito) horas diárias ou 44 (quarenta e quatro) horas semanais, con- forme a descrição do art. 7o, XIII, da Constituição Federal e que recepcionou o que está disposto no artigo 58 da Consolidação das Leis do Trabalho. No que concerne às variações de horário além da jornada pré- -fixada, a legislação laboral estabeleceu que se o tempo dispendido no trabalho não ultrapassar os cinco minutos diários, observando o limite máximode 10 (dez) minutos, esse período de dispêndio não será considerado para o cálculo de horas extras. Pratique LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA 71 5. Qual a importância da homologação das verbas trabalhistas para empregado e empregador? Quem pode auxiliá-los nisso? 4. joRnada de tRabalho A jornada de trabalho foi um dos primeiros pontos a serem regulamentados no direito laboral europeu. Em outubro de 1919, a OIT – Organização Internacional do Trabalho – compôs sua primeira Convenção em torno da temática: jornada de trabalho. No Brasil, foi a Constituição de 1934 que estabeleceu o limite diário da jornada laboral no patamar de oito horas. Portanto, con- forme diz Cairo Júnior. (2017), pode-se “afirmar que a limitação da jornada de trabalho é, em primeiro lugar, uma norma protetora típica de saúde e segurança do trabalho”. Atualmente, no Brasil, a jornada de trabalho foi fixada em 8 (oito) horas diárias ou 44 (quarenta e quatro) horas semanais, con- forme a descrição do art. 7o, XIII, da Constituição Federal e que recepcionou o que está disposto no artigo 58 da Consolidação das Leis do Trabalho. No que concerne às variações de horário além da jornada pré- -fixada, a legislação laboral estabeleceu que se o tempo dispendido no trabalho não ultrapassar os cinco minutos diários, observando o limite máximo de 10 (dez) minutos, esse período de dispêndio não será considerado para o cálculo de horas extras. Pratique Delgado (2017) leciona sobre a fixação da jornada de traba- lho, dizendo que a jornada mede a principal obrigação do empre- gado no contrato, que é o tempo de prestação de trabalho, ou pelo menos o tempo à disposição do empregador. Através da jornada é possível verificar, de forma objetiva, a extensão de transferência de força de trabalho em favor do empregado. A jornada de trabalho é, portanto, a medida da principal obrigação do trabalhador, que é a prestação de serviço, por isso, é tão relevante saber as regras que lhe são inerentes no âmbito do Direito do Trabalho. Fique Atento São três os principais critérios para o cálculo de extensão da jornada de trabalho, nesse sentido, são consi- derados: o tempo efetivamente trabalhado, o tempo à dis- posição do empregador e, por último, o tempo dispendido no deslocamento residência-trabalho-residência. 4.1. Trabalho Extraordinário Apesar do preceito constitucional fixar a jornada de trabalho em oito horas diárias e quarenta e quatro horas semanais, a legislação infraconstitucional também prevê hipóteses em que o trabalhador poderá laborar um período além do acordado com o empregador, estamos falando das horas extraordinárias, ou como preferem alguns doutrinadores, prorrogação da jornada de trabalho. Nos termos do artigo 59, parágrafo 1o, da Consolidação das Leis do Trabalho, a seguir disposto: Art. 59 – A duração normal do trabalho poderá ser acrescida de horas suplementares, em número não ex- cedente de duas, mediante acordo escrito entre em- pregador e empregado, ou mediante convenção cole- tiva de trabalho. § 1º – Do acordo ou convenção coletiva de trabalho de- verá constar, obrigatoriamente, a importância da remu- neração da hora suplementar, que será pelo menos 50% superior à da hora normal. 72 LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA Portanto, caso seja necessário que o trabalhador fique labo- rando além da duração, norma da jornada de trabalho, essa ex- tensão da jornada não deve ultrapassar duas horas diárias e cada hora extraordinária será paga com um acréscimo de 50% sobre a hora normal. As possibilidades legais de jornada extraordinária são mediante: a) acordo de prorrogação da jornada, individual ou coletivo (2h/dia); b) acordo individual ou coletivo de compensação (2h/dia); c) banco de horas – por meio de acordo ou convenção cole- tiva (2h/dia); d) necessidade imperiosa de serviços: por força maior, para realização de serviços inadiáveis (4h/dia), em caso de ser- viços cuja a inexecução possa causar prejuízo (4h/dia); e) a recuperação de tempo perdido por paralisação da em- presa (2h/dia). 4.2. Funcionários Excluídos do Controle de Jornada Apesar das normas trabalhistas serem direcionadas à prote- ção de todos os trabalhadores, no que concerne à prorrogação da jornada de trabalho, nem sempre o funcionário poderá usufruir das benesses da legislação em torno das horas extraordinárias. Acerca dos trabalhadores excluídos da proteção legal refe- rente às horas extraordinárias, o artigo 62 da CLT diz: Art. 62 - Não são abrangidos pelo regime previsto nes- te capítulo: I. os empregados que exercem atividade externa incompatível com a fixação de horário de traba- lho, devendo tal condição ser anotada na Carteira de Trabalho e Previdência Social e no registro de empregados; LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA 73 II. os gerentes, assim considerados os exercentes de cargos de gestão, aos quais se equiparam, para efeito do disposto neste artigo, os diretores e che- fes de departamento ou filial. Parágrafo único - O regime previsto neste capítulo será aplicável aos empregados mencionados no inciso II deste artigo, quando o salário do cargo de confiança, compreendendo a gratificação de função, se houver, for inferior ao valor do respectivo salário efetivo acrescido de 40% (quarenta por cento). Portanto, de acordo com o artigo 62, inciso I, não terão direi- to à percepção do valor referente às horas extras os empregados que exercem atividade externa incompatível com a fixação do ho- rário de trabalho. Ou seja, se o trabalhador exerce suas funções ex- ternamente de modo que é impossível ao empregador determinar um horário de trabalho fixo, esse trabalhador está no enquadrado nos termos do inciso I do art. 62. Dessa forma, no caso de trabalho externo, não basta que o serviço executado pelo trabalhador seja externo, além de ser externo, deve haver uma compatibilidade com a fixação do horário de trabalho para que ele possa ter direito às horas extraordinárias. O inciso II, trata dos gerentes (que recebem gratificação aci- ma de 40%) e de todos aqueles que possuem cargos de gestão dentro da empresa, ou seja, que possuem autonomia para gerir e decidirem sozinhos o destino do negócio. Quando o funcionário é excluído do regime de horas extras, essa informação deve estar apontada de forma expressa na sua CTPS – Carteira de Trabalho e Previdência Social. 4.3. Intervalos Previstos na Jornada de Trabalho Quando estudamos o tempo de duração da jornada de tra- balho, não chegamos a analisar os intervalos previstos dentro da jornada laboral destinados ao descanso do trabalhador. 74 LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA Esses períodos de repouso podem ser conceituados como lapsos temporais regulares remunerados ou não, concedidos diaria- mente durante a jornada ou entre períodos de jornada, bem como, semanalmente ou anualmente. O objetivo dos períodos de descan- so é dar ao empregado a chance de recuperar-se, implementando suas energias e dar-lhe tempo para o convívio familiar. Os intervalos podem ser divididos em: descansos intrajor- nada, descansos interjornada, descanso semanal que é um tipo de intervalo interjornada, os descansos em feriados e por fim, os des- cansos anuais. a) Intervalos Intrajornada São lapsos temporais regulares, remunerados ou não, situa- dos no interior da duração diária de trabalho, em que o empregado pode sustar a prestação de serviços e sua disponibilidade perante o empregador. Geralmente, podem ser de 1 (uma) a 2 (duas) horas, 15 (quinze) minutos, 10 (dez) minutos. A duração depende do que está previsto em lei de acordo com a duração da jornada diária de trabalho. O principal objetivo dos intervalos intrajornada, mesmo que o lapso temporal seja tão curto, é preservar a saúde e a segu- rança do trabalho, como “instrumento relevante de preservação da higidez física e mental do trabalhador.” (DELGADO, 2017)Os intervalos intrajornada podem ser classificados em: inter- valos comuns e especiais, remunerados e não remunerados. São considerados intervalos comuns aqueles que abrangem as diversas categorias dentro do mercado de trabalho. Por exem- plo, é intervalo comum o lapso temporal de 1 (uma) a 2 (duas) ho- ras para refeição e descanso que são estabelecidos em jornadas de trabalho superiores a 6 (seis) horas diárias (art. 71 da CLT). Os intervalos especiais são aqueles concedidos a categorias di- ferenciadas de trabalhadores, por exemplo, a cada 90 (noventa) mi- nutos de trabalho deve ser concedido um intervalo de 10 (dez) minu- tos para o datilógrafo, escriturário ou os profissionais que trabalham com cálculo (art. 72 da CLT, Súmula 346 do TST). Da mesma forma é concedido um intervalo de 15 minutos a cada três horas de trabalho daqueles que laboram em minas no subsolo (art. 298 da CLT). LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA 75 Os intervalos remunerados são aqueles que fazem parte da jornada do trabalhador para todos os fins. É intervalo remunerado o apontado pelo artigo 72 da CLT (10 minutos de descanso para cada 90 minutos laborados em serviços de datilografia, cálculo ou escrituração). Os intervalos não remunerados são aqueles que não com- põem a jornada de trabalho, tais como, o intervalo de 1 (uma) a 2 (duas) horas em jornada contínuas de mais de 6 (seis) horas e o in- tervalo de 15 (quinze) minutos em jornadas de trabalho superiores a 4 (quatro) horas. No caso de desrespeito aos intervalos intrajornada, as con- sequências jurídicas serão diferentes. No caso da não observância dos intervalos intrajornadas remunerados, a repercussão consistirá no pagamento do referido período como se tivesse sido efetiva- mente trabalhado, ou seja, tal desrespeito ensejará o pagamento do período correspondente como se fosse hora ou fração efetiva- mente trabalhada. Quanto a não observância dos intervalos intrajornada não remunerados, o empregador será obrigado a remunerar o período correspondente com um acréscimo de no mínimo cinquenta por cento sobre o valor da remuneração da hora normal trabalhada. Isso significa que o desrespeito ao intervalo de 1 (uma) a 2 (duas) horas de descanso pelo empregador, será considerado como tem- po trabalhado e acrescido do adicional de horas extras. Fique Atento De acordo com a Súmula 118 do Tribunal Superior do Trabalho, os intervalos concedidos pelo empregador, na jornada de trabalho, quando não previstos em lei, repre- sentam tempo à disposição da empresa, devendo ser re- munerados como tempo à disposição do empregador, por isso devem ser remunerados como horas extraordinárias se forem acrescidas no fim da jornada de trabalho. 76 LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA b) Intervalos Interjornada Segundo Delgado (2017), esses intervalos podem ser defini- dos como lapsos temporais regulares distanciadores de uma dura- ção diária de trabalho e outra imediatamente precedente e poste- rior. São caracterizadas pela sustação da prestação de serviços e pela disponibilidade do obreiro perante o empregador. Esse tipo de intervalo tende a ser mais amplo do que os intervalos intrajornada. Possuem o mesmo objetivo dos outros intervalos trabalhistas: pro- porcionar a recuperação física e mental do empregado, bem como, ajudá-lo a ter mais convívio com os parentes e amigos. Os intervalos interjornada podem ser classificados: intervalos interjornada e semanais, intervalos remunerados e não remunera- dos, intervalos comuns e especiais. O intervalo interjornada é o lapso temporal de 11 (onze) horas consecutivas de descanso entre um dia de trabalho e outro, previs- to pelo artigo 66 da CLT. O intervalo semanal consiste no período de 24 (vinte e quatro) horas consecutivas concedido entre uma se- mana e outra de trabalho (art. 67 da CLT). Esse tipo de intervalo é caracterizado: por ser um lapso temporal de 24 (vinte e quatro) ho- ras; ocorre regularmente nas semanas em que decorre o trabalho; deve coincidir preferencialmente com os domingos; é um instituto imperativo; é um período de descanso remunerado. Os intervalos interjornada e intervalo semanal não se compensam, ou seja, ao final da semana laborada, o traba- lhador terá direito às 11 (onze) horas acumuladas com as 24 (vinte e quatro) horas semanais de descanso. Resultan- do em um período de pausa do trabalho de pelo menos 35 (trinta e cinco) horas. Curiosidade Os intervalos comuns e especiais dentro da interjornada são considerados da seguinte forma: os intervalos comuns são aqueles que abrangem quase todas as categorias de trabalho, por exemplo, LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA 77 o intervalo de 11 (onze) horas entre um dia de trabalho e outro. Os intervalos especiais de interjornada são diferenciados, ou seja, as horas previstas entre o fim de uma jornada e o início da outra imedia- tamente posterior, é maior. Como é o caso dos profissionais de tele- fonia, que possuem o direito de pelo menos 17 (dezessete horas) de intervalo entre uma jornada e outra de trabalho. Diversas categorias possuem um regime diferenciado no que concerne ao intervalo inter- jornada. São eles: ferroviários, petrolíferos, jornalistas etc. A terceira classificação, aponta para os intervalos interjorna- da remunerados ou não. Os intervalos não remunerados são aqueles entre uma jornada de trabalho e outra efetivamente posterior, ge- ralmente, é o intervalo de 11 (onze) horas. O intervalo interjornada que é considerado para fins de remuneração, é o intervalo semanal, de 24 (vinte e quatro) horas, compreendido entre dois módulos semanais de trabalho (artigo 7o, XV, CF/88, artigo 67 da CLT). Nos termos da Súmula 110 do TST, o desrespeito ao intervalo interjornada obriga o empregador a remunerar as horas como se fossem extraordinárias. Desta forma, tem-se entendido que a su- pressão do intervalo de 11 (onze) horas gera a obrigação para o em- pregador de remunerá-las como se fossem horas extraordinárias de trabalho, devendo-se, portanto, pagar a integralidade das horas com o respectivo adicional de 50% (cinquenta por cento). No que concerne ao intervalo interjornada semanal, nos ter- mos da lei 605/49, o valor concernente ao desrespeito desse in- tervalo é o pagamento em dobro das 24 (vinte e quatro) horas não descansadas. Da mesma forma, se o empregador não conceder o intervalo interjornada em feriados e dias religiosos, automatica- mente, está gerada a obrigação de pagar em dobro o dia que de- veria ter sido de descanso para o trabalhador. c) Os feriados civis e religiosos Os feriados civis são considerados aqueles dias que fazem memórias a datas relevantes à história da pátria ou da nacionali- dade (tais como, 21 de abril, 7 de setembro). Geralmente, essa es- 78 LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA pécie de feriados é determinada por leis federais. Contudo, as leis 9.093/95 e 9.335/96, abrem espaço para que os estados e municí- pios, respectivamente, definam os feriados estaduais e municipais. Os feriados religiosos são datas comemorativas relevantes para a tradição religiosa no Brasil. São assim consideradas, as datas: 12 de Outubro (Dia de Nossa Senhora Aparecida), Sexta-feira da Paixão, 25 de Dezembro – Natal. No mesmo sentido, a Lei 9.093/95 define os feriados religiosos como dias de guarda, definidos em lei municipal, de acordo com a tradição local. A maioria dos feriados religiosos são definidos em leis municipais. 6. O que você entende por intervalo intrajornada e interjor- nada? Quais as modalidades de intervalo para cada uma dessas espécies de intervalos? Pratique LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA 79 pécie de feriados é determinada por leis federais. Contudo, as leis 9.093/95 e 9.335/96, abrem espaço para que os estados e municí- pios, respectivamente, definam os feriados estaduais e municipais. Os feriados religiosos
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