Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
EA D Artrologia 2 1. OBJETIVOS • Conhecer e identificar os tipos de articulações. • Conhecer e definir as formas de trabalho muscular. • Compreender as articulações, os músculos e as funções do tronco e dos membros. • Analisar cada possibilidade de movimento em cada arti- culação. 2. CONTEÚDOS • Articulações fibrosas, cartilaginosas e sinoviais. • Contração muscular isotônica. • Contração muscular isométrica. • Articulações, músculos e movimentos das articulações do membro superior. © Cinesiologia86 • Articulações, músculos e movimentos das articulações do membro inferior. • Articulações, músculos e movimentos das articulações do tronco. • Principais alterações nos movimentos. 3. SUGESTÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: 1) Ao longo desta unidade, você estudará as ações muscu- lares. Desse modo, sempre que as for analisar, você deve lembrar-se dos conceitos de músculo agonista, músculo antagonista e músculo sinergista, explicados no texto. 2) Leia os livros da bibliografia indicada para que você am- plie e aprofunde seus horizontes teóricos. Esteja sempre com o material didático em mãos e discuta a unidade com seus colegas e com o tutor. 3) Estude este material didático conferindo as referências com as explicações dadas. 4. INTRODUÇÃO À UNIDADE Na primeira unidade, estudamos os conceitos cinesiológicos, ou seja, os conceitos mecânicos que regem os movimentos. Tive- mos a oportunidade de rever os planos anatômicos e os eixos de movimentos estudando cada movimento que ocorre nesses pla- nos e eixos. Agora que já conhecemos alguns conceitos da Cinesiologia, segmentarmente estudaremos, nesta unidade, o corpo humano, abordando as estruturas importantes para a função. Inicialmente, veremos os conceitos de Artrologia já estudados em Anatomia; fare- mos uma explanação suficiente para entendermos este estudo. Não temos, aqui, o objetivo de fazer um estudo anatômico como o reali- Claretiano - Centro Universitário 87© U2 - Artrologia zado no caderno específico deste tema, mas analisaremos o que for de maior relevância para entendermos os movimentos. Você pode notar alguma diferença entre os conceitos anatô- micos e os funcionais, mas é importante explicar que a Anatomia realiza uma análise morfológica enquanto a Cinesiologia realiza uma análise funcional, o que pode trazer entendimentos diferentes. Inicialmente, vamos rever alguns conceitos da artrologia fun- cional relembrando os componentes importantes das diferentes ar- ticulações. Depois, estudaremos as articulações de cada segmento – isto é, do tronco e dos membros superiores e inferiores – e cada possibilidade de movimento osteocinemático e artrocinemático, bem como a aplicação desses conceitos na sua prática profissional. Desejamos, a você, êxito nos estudos e nas atividades! 5. SISTEMA ARTICULAR A Artrologia (do grego artron, que significa "juntura") ou Sindesmologia é a parte da Anatomia que estuda as articulações (MIRANDA, 2008). Os ossos, em conjunto, formam o esqueleto, mantido em conexão pelos elementos estruturais que, por sua vez, compõem as articulações. O sistema articular integra, junto aos sistemas esquelético e muscular, o aparelho locomotor. As articulações são classificadas pelos tipos, baseados nos tecidos que as compõem e na liberdade de movimento, e sua mobilidade depende do tipo de elemento que está interposto entre os ossos, que pode ser tecido fibroso, cartilagem ou líquido sinovial. Recordando a Anatomia, temos as articulações fibrosas, cartilaginosas e sinoviais (Quadro 1). As articulações fibrosas, conhecidas no ponto de vista fun- cional como sinartroses, têm como característica a mobilidade reduzida, e sua conexão é realizada por um tecido conjuntivo fi- broso. Existem dois tipos de sinartroses, que são as sindesmoses, como a articulação tibiofibular, e as suturas, como as dos ossos do crânio, ilustrada na Figura 1. © Cinesiologia88 Figura 1 Suturas do crânio. Figura 2 Sínfise pubiana. As articulações cartilaginosas têm a cartilagem como ele- mento entre os ossos, e são chamadas, no ponto de vista funcional, de anfiartrose pela sua pouca mobilidade, sendo classificadas em: sincondroses, nas quais os ossos são unidos por cartilagem hiali- na, como a sincondrose esfeno-occiptal, e as sínfises, nas quais os ossos unem-se por uma cartilagem fibrosa, como a sínfise pubiana e os discos intervertebrais. As articulações sinoviais, ilustrada na Figura 3, são as mais complexas e móveis, sendo responsáveis pelos movimentos corpo- rais. Mas para que essa mobilidade exista, é necessário que os ossos que se articulam estejam livres para deslizarem entre si ao longo dos movimentos. Assim, a maior característica dessas articulações é a presença do líquido sinovial, como veremos no Quadro 1. Os ossos são unidos pela cápsula articular, na qual há uma cavidade em que está o líquido sinovial; as superfícies desses os- sos são revestidas por cartilagem, o que favorece o deslizamento. Assim, todas as articulações sinoviais possuem, como característi- cas, a presença de cápsula articular, cartilagem articular, cavidade articular e líquido sinovial, e, além disso, algumas possuem liga- mentos, discos e meniscos. Claretiano - Centro Universitário 89© U2 - Artrologia Fonte: STEWART (2004, p. 70). Figura 3 Articulação sinovial (Joint cavity = cavidade articular; Joint capsule = cápsula articular; Hyaline cartilage = cartilagem hialina). A cápsula sinovial pode, em algumas articulações, ser reforçada em sua camada externa (membrana fibrosa) por ligamentos chama- dos "ligamentos capsulares". Há, também, ligamentos separados da cápsula, chamados "ligamentos extracapsulares". Quando esses liga- mentos estão dentro da articulação, são chamados "intra-articulares", como os ligamentos cruzado anterior do joelho e cruzado posterior do joelho. A função dos ligamentos é impedir movimentos excessivos. Ligamentos Cruzados e Meniscos Ligamento cruzado posterior Ligamento cruzado anterior Meniscos Medial Lateral Figura 4 Articulação do joelho, com ligamentos cruzados anterior, posterior e meniscos medial e lateral. © Cinesiologia90 A função dos discos presentes nas articulações temporo- mandibular e esternoclavicular e a dos meniscos encontrados no joelho, como vimos na Figura 4, é melhorar a congruência entre as superfícies articulares, melhorar o deslizamento entre as superfí- cies articulares e absorver impacto. Quadro 1 Classificação morfológica e funcional das articulações. CLASSIFICAÇÃO MORFOLÓGICA CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL MOBILIDADE SUBDIVISÃO EXEMPLO Fibrosa Sinartrose Diminuída Sindesmose Sutura Tibiofibular Suturas cranianas Cartilaginosa Anfiartrose Pouca Sincondroses Sínfises Esfeno- occiptal Sínfise pubiana Sinoviais Diartrose ou Diartrodial Ampla Anaxial Monoaxial Trocoide Biaxial Triaxial Sacroilíaca Cotovelo Rádio-ulnar proximal Rádiocárpica Ombro e Quadril Fonte: arquivo pessoal do autor. Como vimos na Unidade 1, as articulações também são clas- sificadas no ponto de vista funcional, considerando o grau de liber- dade de movimentos. Assim, temos as articulações anaxiais, que não possuem eixo de movimentos; as monoaxiais, que se movi- mentam em torno de um eixo; as biaxiais, que se movimentam em torno de dois eixos; e as triaxiais, que realizam o movimento em torno de três eixos. Essa classificação está relacionada à morfologia da articulação, ou seja, ao formato de sua superfície articular. As articulações anaxiais são planares, isto é, as superfícies ósseas que se articulam são planas, ocorrendo, apenas, o movimento de des- lizamento, e possuem mobilidade reduzida, como, por exemplo, a sacroilíaca e as articulações intercárpicas, ilustradas na Figura 5. Claretiano - Centro Universitário 91© U2 - Artrologia Figura5 Exemplo de articulação plana. As articulações monoaxiais podem ser do tipo gínglimo, como podemos observar na Figura 6 (também chamado de "do- bradiça" por apresentarem semelhança com esse sistema) quando permitirem flexão e extensão, como, por exemplo, o cotovelo e as interfalangeanas da mão. Podem ser, também, do tipo trocoide, como vemos na Figura 7 (ou pivô), em que uma superfície articular em forma de um pivô gira sobre outra – a articulação radio-ulnar proximal. Figura 6 Exemplo de articulação gínglimo. Figura 7 Exemplo de articulação trocoide. As articulações biaxiais podem ser do tipo selar, como po- demos observar na Figura Tal nome é dado por causa da sua for- © Cinesiologia92 ma, que tem o mesmo formato de uma sela de montaria, pois as superfícies são côncavas em um plano e convexas em outro, além de se articularem sob uma superfície que possui as mes- mas características, apesar de a superfície côncava se encaixar na convexa e vice-versa. Um bom exemplo é a articulação carpome- tacarpiana do polegar; os movimentos que ocorrem nesse tipo articular são de flexão e extensão, de abdução e adução, como também de rotação, que ocorre pela combinação de movimen- tos. As articulações biaxiais também podem ser do tipo condilar ou elipsoide, em que uma superfície de forma condilar ou ovoide se articula com outra de forma elíptica, permitindo o movimento em dois planos: flexão – extensão e abdução – adução, como, por exemplo, a articulação radiocárpica do punho vista, exemplificada, na Figura 9. Figura 8 Exemplo de articulação selar. Figura 9 Exemplo de articulação condilar. As articulações triaxiais são do tipo esferoide, ou seja, per- mitem maior mobilidade devido a forma de suas superfícies arti- culares, em que uma, em forma de esfera, se articula com outra, em forma côncava (receptáculo), sendo exemplos as articulações do ombro e do quadril; os movimentos que ocorrem nessas articu- lações são de flexão e extensão, de abdução e adução, de rotação medial e lateral, de abdução e adução horizontal e de circundução. Observe a Figura 10. Claretiano - Centro Universitário 93© U2 - Artrologia Figura 10 Exemplo de articulação esferoide. 6. ARTICULAÇÕES E SEUS MOVIMENTOS Agora que já recordamos as características funcionais das ar- ticulações e já as classificamos sob os pontos de vista morfológico e funcional, estudaremos as articulações e, sobre estas, realizare- mos uma análise cinesiológica, o que é, na verdade, a essência da nosso Caderno de Referência de Conteúdo, uma vez que você irá trabalhar numa área em que o movimento é fundamental. As articulações e os ossos formam um sistema de alavanca, cujo movimento (artrocinemática e osteocinemática) é produzido por uma força que, por sua vez, é gerada pelo músculo esquelético, como vimos na unidade anterior. Toda ação neurofisiológica envol- vida no trabalho muscular será estudada em detalhes na Unidade 3, porém, é importante vermos as formas de contração muscular e seus efeitos nos segmentos ósseos. Os músculos esqueléticos são os executores primários do sistema nervoso (motores primários), compostos por proteínas contráteis e por uma rede de tecido conjuntivo que se unem a um tendão e formam um importante conjunto que transfere a tensão (força) gerada para o osso. Existem interações celulares significati- vas que determinam a resposta fisiológica do músculo. © Cinesiologia94 A estrutura básica do músculo esquelético é composta por fi- bras musculares individuais (células musculares), subdivididas em miofibrilas, sarcômeros e, finalmente, actina e miosina. O tecido con- juntivo que circunda o músculo inteiro é denominado epimísio, os fei- xes de fibras musculares (fascículos) são circundados pelo perimísio, e cada fibra muscular individual é circundada pelo endomísio. Para Whiting e Zernicke (2001), as fibras musculares pos- suem capacidade contrátil e podem encurtar-se até a metade do seu comprimento em repouso. A maior e mais frequente fonte de força gerada dentro do corpo se dá pela contração muscular, com forças passivas adicio- nais ocorrendo pela tensão de fáscias, que são ligamentos e estru- turas não contráteis do músculo. As forças musculares podem ser representadas, para a simplificação, como atuando em um ponto do corpo, mas é sempre importante lembrar que muitas forças complexas ocorrem na função. Normalmente, os músculos contra- em-se em grupo, pois a contração de um único músculo poderia gerar movimentos estereotipados, como, por exemplo: se na fle- xão do cotovelo houvesse, apenas, a contração do bíceps braquial, haveria a supinação do antebraço e a flexão do ombro. Por isso, ocorre um trabalho simultâneo de vários músculos e tecidos (WHI- TING; ZERNICKE, 2001). Podemos, então, classificar os músculos como agonistas, an- tagonistas, sinergistas e fixadores: 1) Agonistas (do grego agon – "competição"): motor princi- pal do movimento. 2) Antagonistas (do grego anti – "contra"): possui ação ana- tômica oposta ao agonista para controlar o movimento. 3) Sinergista (do grego syn – "junto"; ergon – "trabalho"): são músculos auxiliares atuando como o motor secundário de um movimento; contraem-se ao mesmo tempo que o ago- nista e evitam que movimentos indesejáveis ocorram. 4) Fixadores: estabilizam as diversas partes do corpo para que a ação principal ocorra. Claretiano - Centro Universitário 95© U2 - Artrologia Segundo Smith, Weiss e Lehmkuhl (1997), alguns autores descrevem, apenas, os músculos agonistas, antagonistas e siner- gistas, incluindo, nesse último grupo, os fixadores. Como vimos, os músculos exercem força nos segmentos ós- seos por meio da contração muscular, podendo, talvez, gerar mo- vimento, o que, eventualmente, pode não ocorrer, embora seja importante entender que, na verdade, sempre que um músculo se contrai, haverá uma força aplicada em sua origem e sua inserção, sendo essa a força de tração. Um músculo pode se contrair sem que haja movimento ar- ticular; a isto chamamos de contração isométrica (do grego isos – "igual"; metro – "medida"). Isto pode ser obtido aplicando re- sistência e força iguais, e é muito utilizado no fortalecimento de músculos que atuam em articulações que, por algum motivo, não podem ser movidas, como, por exemplo, o caso de presença de dor ou de alguma alteração degenerativa, como a osteoartrose (desgaste da cartilagem hialina). A contração isométrica também ocorre em ações cotidianas, como, por exemplo, para alcançar a frente com a mão. A escápula necessita ser estabilizada indo de encontro ao tórax (músculos fixadores). Quando ocorre o movimento articular pela contração mus- cular, diz-se que houve uma contração isotônica (do grego isos – "igual"; tônus – "tensão"), e que esta pode ser concêntrica, quan- do o músculo se encurta e ocorre a aproximação da origem e da inserção muscular, ou excêntrica, quando o músculo se alonga e ocorre o afastamento da origem e da inserção muscular. "Força muscular" é um termo difícil de ser definido, porém, há definições, como a capacidade do músculo gerar força, a ca- pacidade do músculo gerar tensão ativa, entre outras. Além dos fatores neurológicos, metabólicos, endócrinos e psicológicos, que afetam a força muscular, muitos outros fatores determinam a for- ça muscular ou uma contração, como idade, sexo, tamanho dos músculos, comprimento no momento da contração, alavancagem do músculo e velocidade de contração; muitos desses fatores você verá com mais detalhes na Unidade 3. © Cinesiologia96 Agora que já sabemos que os músculos, os ossos e as articu- lações formam um sistema de alavancas e geram os movimentos corporais, vamos estudar, segmentarmente, os movimentos. Relembrando a Anatomia, o corpo humano é dividido em ca- beça, tronco e membros. Para melhor compreensão e facilidade, iniciaremos nossos estudos pelas articulações do membro supe- rior; posteriormente,estudaremos os membros inferiores e finali- zaremos com o estudo do tronco. Articulações do membro superior – ombro O membro superior é composto pelo úmero, o rádio, a ulna, os ossos do carpo, os metacarpos e as falanges, e está preso ao tronco por meio da cintura escapular, formada pela escápula e pela clavícula, como podemos observar na Figura 11. clavícula escápula úmero ulna rádio carpo metacarpos falanges Mão Antebraço Braço Ombro = cintura escapular (raiz)} } } Fonte: PUTZ, PABST, SOBOTTA (2006, p. 158). Figura 11 Ossos do membro superior. A união entre o úmero e a escápula forma a articulação gle- noumeral ou ombro, que é do tipo sinovial, triaxial e esferoide, portanto, ela possui movimentos em todos os planos e eixos, tor- Claretiano - Centro Universitário 97© U2 - Artrologia nando-se a articulação com maior mobilidade no corpo, o que faz dela uma articulação instável e susceptível às lesões. Sempre que falamos em ombro, devemos falar em cintu- ra escapular, pois o ombro possui toda mobilidade devido a esse complexo formado pelo úmero, pela clavícula e pela escápula, que se articula com o grádio-costal; logo, a mobilidade do ombro inclui a caixa torácica e a coluna. Considerando a cintura escapular, temos, então, cinco articu- lações que devemos considerar para estudo, como podemos ver na Figura 12: articulação glenoumeral (sinovial-esferoide-triaxial) (1); ar- ticulação subacromial, conhecida como uma falsa articulação (2), arti- culação escápulo-torácica (plana-anaxial) (3); articulação acromiocla- vicular (plana-anaxial) (4) e articulação esternoclavicular (selar) (5). 1 2 3 4 5 Fonte: KAPANDJI (1990, p. 29). Figura 12 Cintura escapular. © Cinesiologia98 Figura 13 Articulações do ombro (1 – acromioclavicular; 2 – subacromial; 3 – glenoumeral). Essa anatomia permite toda movimentação do ombro (como vi- mos na Unidade 1), ilustrado na Figura 13 e possui movimento nos três planos e eixos. Esses movimentos serão vistos nas Figuras 14 à 18: 1) Flexão e extensão no plano mediano em torno do eixo lateral. 2) Abdução e adução no plano frontal em torno do eixo an- teroposterior. 3) Rotação medial e lateral no plano horizontal em torno do eixo longitudinal. 4) Adução e abdução horizontal no plano horizontal em torno do eixo longitudinal. 5) Cincundução. Claretiano - Centro Universitário 99© U2 - Artrologia 180º 50º 30º a a b b 90º Fonte: KAPANDJI (1990, p. 13). Figura 14 Movimentos de extensão, flexão e adução do ombro. 180º 120º a c b d 60º Fonte: KAPANDJI (1990, p. 15). Figura 15 Movimento de abdução do ombro. © Cinesiologia100 30º 80º 95º RI 0 a b c Fonte: KAPANDJI (1990, p. 17). Figura 16 Movimentos de rotação lateral e medial do ombro. 140º 30º 0º a b c Fonte: KAPANDJI (1990, p. 19). Figura 17 Movimentos de adução e abdução horizontal do ombro. Claretiano - Centro Universitário 101© U2 - Artrologia Fonte: KAPANDJI (1990, p. 21). Figura 18 Movimentos de circundução do ombro. A escápula possui importantes movimentos que compõem a mobilidade total do ombro. São eles: elevação, depressão, ab- dução (protração), adução (retração), rotação lateral e medial, inclinação anterior e posterior – todos vistos na Figura Esses mo- vimentos ocorrem devido ao deslizamento da escápula sobre o grádio-costal. A mobilidade do ombro, então, é obtida pelos movimentos em conjunto da escápula, da articulação glenoumeral e, também, © Cinesiologia102 por movimentos pequenos, mas não menos importantes, que ocorrem nas articulações esternoclavicular e acromioclavicular. 40 39 38 37 60 40 - 45 70 15 1210 10 12 60º Fonte: KAPANDJI (1990, p. 21). Figura 19 Movimentos da escápula. Como a articulação do ombro é formada por meio da cone- xão com o tronco, a mobilidade da coluna vertebral é muito im- portante para os movimentos se completarem. Assim, para que haja a flexão total e a abdução total do ombro, deve ocorrer a in- clinação da coluna para o lado oposto, como vimos, anteriormen- te, na Figura Quando a flexão ocorre bilateralmente, a coluna to- rácica deve realizar extensão permitindo a mobilidade total. Esse dado é muito importante, pois, sempre que você cuidar de alguém com alguma alteração no ombro, deve ficar atento à mobilidade da coluna e, também, aos menores movimentos que ocorrem nas Claretiano - Centro Universitário 103© U2 - Artrologia articulações esternoclavicular e acromioclavicular. Se houver dimi- nuição ou perda desses movimentos, provavelmente a articulação glenoumeral será sobrecarregada, gerando alterações como dor ou até instabilidade articular. Importantes ligamentos realizam a estabilização do comple- xo articular do ombro. A articulação esternoclavicular é sinovial e do tipo plana, com movimentos de anteriorização, posteriorização, elevação, de- pressão e discretas rotações que ocorrem na clavícula. É estabi- lizada pela cápsula e pelos ligamentos esternoclavicular anterior e posterior, interclavicular, costoclavicular e disco articular, como podemos observar nas Figuras 20 e 21. A articulação acromioclavicular é do tipo plana e anaxial e é estabilizada por uma cápsula articular, pelos ligamentos acromiocla- vicular e coracoclaviculares (ligamento trapezoide e ligamento co- noide) e pelo disco, que pode estar ausente em algumas pessoas. AC EC Fonte: arquivo pessoal do autor. Figura 20 Articulações esternoclavicular (EC) e acromioclavicular (AC) – visão anatômica superficial. © Cinesiologia104 Ligamento esternoclavicular anterior Ligamento interclavicular Disco articular Cavidade articular Sincondrose esternocostal Manúbrio Articulação sinovial esternocostal Sincondrose esternal 2ª costela Ligamento costoclavicular Clavícula Ligamento esternocostal radiado 1ª costela Cartilagens costais Músculo subclávio Fonte: NETTER (1996) Figura 21 Articulação esternoclavicular. Quedas sobre o ombro podem levar a diferentes graus de lesões nesses ligamentos, como mostra a Figura Imagine a dificul- dade de alguém que queira praticar ou que já pratica natação com a limitação desses movimentos! Figura 22 Ligamentos acromioclavicular e coracoclaviculares podem se romper. Claretiano - Centro Universitário 105© U2 - Artrologia O acrômio possui, ainda, um ligamento que o une ao proces- so coracoide da escápula chamado "ligamento coracoacromial". Esse ligamento tem a função de evitar a luxação superior da cabeça umeral, e forma, junto com o acrômio, o espaço subacromial. Du- rante o movimento de abdução, pode ocorrer o impacto do úmero (tuberosidade maior) nessas estruturas, originando sintomas de dor ao movimento e uma importante patologia denominada "Sín- drome do Impacto", que leva à ruptura dos tendões do manguito rotador, ilustrados nas Figuras 23 e 24. Acrômio Tendões Rotadores Coracóide Ombro E Figura 23 Anatomia do espaço subacromial. ponto de compressão Figura 24 Síndrome do Impacto. © Cinesiologia106 Miranda (2008) menciona que a articulação escapulotoráci- ca é uma articulação funcional e plana, estabilizada no gradiocostal pelos músculos serrátil anterior e romboide, que desempenham papel de verdadeiros ligamentos, estabilizando essa articulação. A articulação do ombro ou glenoumeral é sinovial e dos tipos esferoide e triaxial. É formada pela cabeça esférica do úmero, na qual se articula com a cavidade glenoide da escápula. Não há uma proporção entre o tamanho da cabeça do úmero e da cavidade glenoide, pois esta é muito rasa, o que determina facilidade de movimento, apesar de determinar, também, instabilidade, exem- plificada na Figura 25. Fonte: KAPANDJI (19p. 31). Figura 25 Cabeça umeral (a) é maior que cavidade glenoide (b) com estabilidade aumentada pelo lábio glenoidal (c). Podemos ver, ainda na Figura 25, que a característica funcio- nal do ombro é compensada pela existência de importantesesta- bilizadores, ou seja, estruturas que aumentam a estabilidade da articulação glenoumeral. São eles: a cápsula fibrosa, os ligamen- tos, o lábio glenoidal e a presença de uma pressão negativa dentro da articulação que, junto com a viscosidade do líquido sinovial, aumenta a estabilidade. Claretiano - Centro Universitário 107© U2 - Artrologia Já os ligamentos da articulação glenoumeral são capsulares, como os ligamentos glenoumeral superior, médio e inferior e os ligamentos coracoumeral e transverso do úmero, que podem ser vistos na Figura 26. Figura 26 Ligamentos do ombro. Os ligamentos do ombro possuem um importante papel na estabilização da articulação glenoumeral e realizam essa função tanto de maneira estática, ou seja, mantêm a articulação em mo- mentos de repouso, quanto dinâmica, quando agem mantendo a articulação estável durante a movimentação. Na Figura 27, observamos que, durante a abdução, os liga- mentos glenoumeral médio e inferior ficam tensos e estabilizam a articulação, mantendo, por meio de sua tensão, a cabeça umeral encaixada na glenoide e limitando o deslizamento inferior do úmero (artrocinemática). Já na rotação lateral, os três ligamentos glenou- merais tensionam-se, estabilizando a cabeça do úmero na glenoide e impedindo que haja o deslizamento excessivo do úmero para a região anterior (artrocinemática), como mostrado na Figura 28. © Cinesiologia108 Já na Figura 29, notamos que o ligamento coracoumeral se tensiona tanto na flexão como na extensão, estabilizando o ombro nos dois movimentos. Esses conceitos sobre a ação dos ligamentos do ombro são importantes para todo profissional que trabalha na área da saúde, pois movimentos extremos em atividades laborais ou desportivas podem gerar o alongamento dessas estruturas fa- vorecendo a instabilidade, uma vez que o conjunto de ligamentos e músculos fornecem estabilidade ao ombro e que a falha de um desses elementos anatômicos pode causar lesões. Fonte: KAPANDJI (1990, p. 39). Figura 27 Ligamentos glenoumeral médio e inferior relaxados (a) e tensos na abdução (b). Fonte: KAPANDJI (1990, p. 39). Figura 28 Ligamentos glenoumerais tensos na rotação lateral (a) e relaxados em repouso (b). Claretiano - Centro Universitário 109© U2 - Artrologia Fonte: KAPANDJI (1990, p. 41). Figura 29 Ligamento coracoumeral relaxado (a), tenso na exensão (b) e tenso na flexão (c). Os movimentos da articulação do ombro são realizados por três grupos musculares distintos. São eles: • Grupo A: músculos que se originam na escápula e se inse- rem no úmero. • Grupo B: músculos que se originam no tronco e se inse- rem na escápula. • Grupo C: músculos que se originam no tronco e se inse- rem no úmero. Para facilitar o entendimento, descreveremos os músculos, suas funções e ações para a articulação e, posteriormente, suas origens e inserções. Músculos do grupo A 1) Supraespinhoso: abduz a articulação do ombro e estabiliza a cabeça do úmero na cavidade glenoide. Esse músculo tem sua ação principal controlando a força resultante do deltoide médio, que tende a tracionar o úmero para cima no início da © Cinesiologia110 abdução; assim, a ação conjunta dos dois músculos permite uma abdução glenoumeral dentro dos padrões fisiológicos. 2) Músculo redondo maior: realiza adução do úmero e ro- da-o lateralmente. 3) Músculos infraespinhal e redondo menor: realizam adução e rodam lateralmente o úmero. 4) Músculo subescapular: realiza adução e rotação medial do úmero. Esses músculos, exceto o redondo maior, formam o chamado "manguito rotador", que é muito importante para a estabilidade do úmero na glenoide, ou seja, em conjunto, eles trabalham encaixan- do a cabeça do úmero na glenoide, atuando, principalmente, nos movimentos de abdução e flexão. São esses músculos que devem ser trabalhados em casos de patologias como a Síndrome do Impac- to já citada, e, também, nas instabilidades do ombro (subluxação e luxação). A porção longa do bíceps também possui papel importan- te na estabilidade glenoumeral. Observe as Figuras 30 à 32. • Músculo tríceps braquial: estende o úmero (sinergista). • Músculo bíceps braquial: flexiona o úmero. • Músculo coracobraquial: flexiona e roda, medialmente, o úmero. Fonte: KAPANDJI (1990, p. 43). Figura 30 Ação dos músculos supraespinhos (1), infraespinhal (3) e redondo menor (4) – vista posterior do ombro. Claretiano - Centro Universitário 111© U2 - Artrologia Fonte: KAPANDJI (1990, p. 43). Figura 31 Ação dos músculos supraespinhos (1), subescapular (2) e cabo longo do bíceps (5) – vista anterior do ombro. Fonte: KAPANDJI (1990, p. 43). Figura 32 Ação dos músculos supraespinhos (1), subescapular (2), infraespinhoso (3), redondo menor (4) e cabo longo do bíceps – vista superior do ombro. Músculos do grupo B Para que haja uma movimentação correta na articulação glenoumeral, é importante que a escápula esteja bem estabiliza- da para realizar os movimentos necessários à complementação da mobilidade da cintura escapular. Assim, quando necessário, a escápula se move, e, também quando necessário, ela será estabi- lizada pelas ações agonista e antagonista dos músculos que agem © Cinesiologia112 sobre ela. Para facilitar o entendimento dos músculos citados a seguir, exceto o número 6, retorne à Figura 20. 1) Músculo levantador da escápula: eleva e roda, medial- mente, a escápula. 2) Músculos romboides maior e menor: aduz e roda, me- dialmente, a escápula. 3) Músculo trapézio superior: eleva e roda, lateralmente, a escápula, e inclina-a anteriormente. 4) Músculo trapézio médio: aduz a escápula. 5) Músculo trapézio inferior: deprime e roda, lateralmen- te, a escápula, e inclina-a posteriormente. 6) Músculo peitoral menor: inclina a escápula anteriormente. O levantador da escápula, atuando em conjunto com o tra- pézio superior, realiza a elevação da escápula sem rotação. Sempre que alguma fibra do trapézio atua, as outras fibras agem para estabilizar a escápula, como, por exemplo, na rotação lateral da escápula, em que temos a ação do trapézio superior e inferior, bem como a estabilização pelo trapézio médio; quando o trapézio médio aduz a escápula, as fibras superiores e inferiores estabilizam-se. Imagine os romboides agindo em conjunto com o trapézio médio: a ação estabilizadora das fibras superiores e infe- riores do trapézio impedirão a rotação medial da escápula. O mús- culo trapézio inferior é um antagonista do peitoral menor e vice- versa nas ações de rotação anterior e posterior da escápula. Músculos do grupo C 1) Peitoral maior: quando suas fibras superiores e inferio- res atuam em conjunto, são capazes de realizar a adu- ção medial e horizontal do úmero e a rotação medial do úmero; as fibras superiores isoladas rodam medialmente e flexionam o úmero, e as inferiores deprimem a cintura escapular e aduzem, obliquamente, o úmero na direção do ilíaco oposto. 2) Músculo deltoide: abduz (fibras médias), estende (fibras posteriores) e flexiona (fibras anteriores) a articulação gle- Claretiano - Centro Universitário 113© U2 - Artrologia noumeral; as fibras anteriores ainda rodam, medialmen- te, a articulação, e as posteriores rodam lateralmente. 3) Músculo grande dorsal: roda medialmente, aduz e es- tende a articulação do ombro. 4) Músculo serrátil anterior: abduz e roda, lateralmente, a escápula; responsável pela manutenção da escápula contra o gradiocostal. É importante analisar que, sempre que ocorre um movimen- to na articulação glenoumeral, a escápula será solicitada ou como ponto de apoio (estabilizada pelas ações agonistas e antagonistas dos músculos escapulares) ou se movendo para completar a am- plitude de movimento. Os movimentos ocorrem sempre em conjunto, cuja sequ- ência se inicia com o movimento na glenoumeral, na escápula e nas articulações acrômio e esternoclaviculares, posteriormente, e, finalmente, no tronco (coluna).Assim, temos que, durante a abdu- ção, ocorre o que denominamos "ritmo escapulo umeral", ou seja, o ritmo em que os movimentos se alternam entre glenoumeral e escapulo torácica. Vejamos, a seguir, os três estágios de abdução que os músculos do grupo C realizam: • Primeiro estágio: de 0º a 30º de abdução – ocorre o mo- vimento glenoumeral. • Segundo estágio: de 30º a 90º de abdução – ocorre mais de 40º de movimento na glenoumeral e 20º na escapulo torácica, com movimentos de inferiorização na articula- ção esternoclavicular. • Terceiro estágio: de 90º a 180º de abdução – ocorre 45º de movimento glenoumeral e 45º na escapulo torácica e na coluna torácica associada aos deslizamentos acromio- claviculares. Podemos, então, concluir que as ativações musculares tam- bém ocorrem de maneira diferente, em momentos que temos © Cinesiologia114 maior ou menor ação de cada músculo, com a sincronização das ações musculares. Vamos descrever como se comportam os mús- culos nos dois movimentos de maior amplitude: a flexão e a ab- dução do ombro. É importante salientar que os momentos des- critos se referem aos momentos de maior ativação dos motores principais e que os músculos estarão sempre ativos, inclusive os sinergistas. Quadro 2 Sequência das ações musculares no decorrer da flexão e da sequência das ações musculares durante a abdução. SEQUENCIA DAS AÇÕES MUSCULARES DURANTE A FLEXÃO 0 – 50 graus Feixe clavicular do Deltóide Coracobraquial Feixe superior clavicular do peitoral maior 60 -120 graus Trapézio superior e inferior Serrátil 120 – 180 graus Ação importante dos extensores da Coluna SEQUENCIA DAS AÇÕES MUSCULARES DURANTE A ABDUÇÃO 0 – 90 graus Supra Espinhoso 90 – 150 graus Trapézio Serrátil Anterior 150 – 180 graus Coluna Fonte: arquivo pessoal do autor. Veja as Figuras 33 e 34 e atente-se ao conhecimento des- sas ações, pois elas são importantes para que você possa enfati- zar o trabalho dos músculos ou dos grupos musculares quando necessário. Claretiano - Centro Universitário 115© U2 - Artrologia Fonte: KAPANDJI (1990, p. 75). Figura 33 Sequência da ação muscular durante a flexão – observe a sequência de movimentação da escápula. Fonte: KAPANDJI (1990, p. 73). Figura 34 Sequência da ação muscular durante a abdução – observe a sequência dos movimentos escapulares. © Cinesiologia116 Para melhorar o estudo, segue uma tabela, com os músculos que agem na cintura escapular e suas ações, suas origens e suas inserções, bem como as Figuras 35 a 51, que também facilitarão seu conhecimento. Quadro 3 Músculos do grupo A. MÚSCULOS DO GRUPO A Supraespinhoso: abduz a articulação do ombro e estabiliza a cabeça do úmero na cavidade glenoide. Esse músculo tem sua ação principal controlando a força resultante do deltoide médio, que tende a tracionar o úmero para cima no início da abdução; assim a ação conjunta dos dois músculos permite uma abdução gleno - umeral dentro dos padrões fisiológicos. Origem: dois terços mediais da fossa supra espinhosa da escápula. Inserção: porção superior do tubérculo maior do úmero. Músculo redondo maior: realiza adução do úmero e o roda lateralmente. Origem: face posterior da escápula, na margem lateral e no ângulo inferior. Inserção: tubérculo menor do úmero. Músculos infra espinhal e redondo menor: realiza adução e roda lateralmente o úmero. Origem: fossa infra espinhal da escápula. Inserção: faceta medial do tubérculo maior do úmero. Redondo menor: realiza adução e roda lateralmente o úmero. Origem: dois terços superiores e superfície dorsal da borda lateral da escápula. Inserção: a faceta mais inferior do tubérculo maior do úmero e a cápsula da articulação do ombro. Músculo subescapular: realiza adução e rotação medial do úmero. Origem: fossa subescapular da escápula. Inserção: tubérculo menor do úmero e cápsula da articulação do ombro. Obs.: Esses músculos, exceto o redondo maior, formam o chamado “manguito rotador”, muito importante para a estabilidade do úmero na glenoide, ou seja, em conjunto eles atuam encaixando a cabeça do úmero na glenóide, atuando principalmente nos movimentos de abdução e flexão. São esses músculos que devem ser trabalhados em patologias como a Síndrome do Impacto, já citada, e, também, nas instabilidades do ombro (sub-luxação e luxação). Músculo tríceps braquial cabeça longa: estende o úmero (sinergista) Origem: tubérculo infraglenoideo da escápula. Inserção: superfície posterior do processo do olecrano, da ulna, e da fascia antebraquial. Claretiano - Centro Universitário 117© U2 - Artrologia MÚSCULOS DO GRUPO A Músculo bíceps braquial: flexiona o úmero. Origem da cabeça curta: ápice do processo coracoide da escápula. Origem da cabeça longa: tubérculo supraglenoideo da escápula. Inserção: tuberosidade do rádio, e aponeurose do bíceps braquial. Músculo coracobraquial: flexiona e roda medialmente o úmero. Origem: ápice do processo coracóide da escápula. Inserção: superfície medial do meio da diáfise do úmero em oposição à tuberosidade do deltoide. Fonte: arquivo pessoal do autor. Quadro 4 Músculos do grupo B. MÚSCULOS DO GRUPO B Para que haja a movimentação correta da articulação gleno-umeral, é importante que a escápula esteja bem estabilizada para realizar os movimentos necessários à complementação da mobilidade do ombro ou da cintura escapular. Assim, quando necessário, a escápula se move, e também quando necessário ela será estabilizada pelas ações agonista e antagonista dos músculos que agem sobre ela. Músculo levantador da escápula: eleva e roda, medialmente, a escápula. Origem: processos transversos das primeiras quatro vértebras cervicais. Inserção: borda medial da escápula entre o ângulo superior e a raiz da espinha. Músculos romboides maior e menor: aduz e roda, medialmente, a escápula. Origem do maior: processos espinhosos da segunda até a quinta vértebra torácica. Origem do menor: ligamento nucal, processos espinhosos da sétima vértebra cervical e da primeira torácica. Inserção do maior: borda medial da escápula entre a espinha e o ângulo inferior. Inserção do menor: borda medial na raiz da espinha da escápula. Músculo trapézio superior: eleva e roda, lateralmente, a escápula, e inclina-a anteriormente. Origem: protuberância occipital externa, terço médio da linha nucal superior, ligamento nucal e processo espinhoso da sétima vértebra cervical. Inserção: terço lateral da clavícula e processo do acrômio da escápula. Músculo Trapézio Médio: aduz a escápula. Origem: processo espinhoso da primeira até a quinta vértebra torácica. Inserção: margem medial do acrômio e lábio superior da espinha da escápula. Músculo trapézio inferior: deprime e roda, lateralmente, a escápula, e inclina-a posteriormente. © Cinesiologia118 MÚSCULOS DO GRUPO B Origem: processo espinhoso da sexta até a 12ª vértebra torácica. Inserção: tubérculo no ápice da espinha da escápula. Músculo peitoral menor: inclina a escápula anteriormente. Origem: margens superiores, superfícies externas da terceira, da quarta e da quinta costela próximo às cartilagens e a partir da fáscia sobre os músculos intercostais correspondentes. Inserção: borda medial, superfície superior do processo coracoide da escápula. O levantador da escápula, atuando em conjunto com o trapézio superior, realiza a elevação da escápula sem rotação. Sempre que alguma fibra do trapézio atua, as outras fibras agem para estabilizar a escápula, como, por exemplo, na rotação lateral da escápula, temos a ação do trapézio superior e inferior, e estabilização pelo trapézio médio; quando o trapézio médio aduz a escápula, as fibras superiores e inferiores estabilizam-se. Imagine os romboides agindo em conjunto com o trapézio médio: a ação estabilizadora das fibras superiores e inferiores do trapézio impedirão a rotação medial da escápula. O músculo trapézio inferior é um antagonista do peitoral menor e vice - versa, nas ações de rotação anterior e posteriorda escápula. Fonte: arquivo pessoal do autor. Quadro 5 Músculos do grupo C. MÚSCULOS DO GRUPO C Peitoral maior: atuando em conjunto suas fibras superiores e inferiores realizam adução e adução horizontal do úmero e rotação medial do úmero. As fibras superiores isoladamente rodam, medialmente, e flexionam o úmero, e as inferiores deprimem a cintura escapular e aduzem, obliquamente, o úmero na direção do ilíaco oposto. Origem das fibras superiores (porção clavicular): superfície anterior da metade esternal da clavícula. Origem das fibras inferiores (porção esternocostal): superfície anterior do esterno, cartilagens das primeiras seis ou sete costelas e aponeurose do obliquo externo. Inserção das fibras superiores e inferiores: crista do tubérculo maior do úmero. As fibras superiores são mais anteriores e caudais na crista do que as fibras inferiores que se torcem sobre si próprias e são mais posteriores e craniais. Músculo deltoide: abduz (fibras médias), estende (fibras posteriores) e flexiona (fibras anteriores) a articulação gleno - umeral; as fibras anteriores ainda rodam medialmente e as posteriores, lateralmente, na articulação. Origem das fibras anteriores: borda anterior, superfície superior e terço lateral da clavícula. Origem das fibras médias: margem lateral e superfície superior do acrômio. Origem das fibras posteriores: lábio inferior da borda posterior da espinha da escápula. Claretiano - Centro Universitário 119© U2 - Artrologia MÚSCULOS DO GRUPO C Inserção: tuberosidade deltoidea do úmero. Músculo grande dorsal: roda medialmente, aduz e estende a articulação do ombro. Origem: processo espinhoso das últimas seis vértebras torácicas, das ultimas três ou quatro costelas, através da fáscia toracolombar, a partir das vértebras lombares e sacras; terço posterior do lábio externo da crista ilíaca e uma tira a partir do ângulo inferior da escápula. Inserção: sulco intertubecular do úmero. Músculo serrátil anterior: abduz e roda, lateralmente, a escápula; responsável pela manutenção da escápula contra o gradio - costal. Origem: superfícies externas e bordas superiores das oito ou nove costelas superiores. Inserção: superfície costal da borda medial da escápula. Fonte: Arquivo pessoal do autor. Fonte: KENDALL (1987, p. 111). Figura 35 Músculo supraespinhal. Fonte: KENDALL (1987, p. 125). Figura 36 Músculos infraespinhoso e redondo menor. Fonte: KENDALL (1987, p. 123). Figura 37 Músculo subescapular. © Cinesiologia120 Fonte: KENDALL (1987, p. 109). Figura 38 Tríceps braquial. Fonte: KENDALL (1987, p. 107). Figura 39 Músculo bíceps braquial. Claretiano - Centro Universitário 121© U2 - Artrologia Fonte: NETTER (2000, p. 395). Figura 40 Músculo da cintura escapular – vista posterior. Fonte: KENDALL (1987, p. 127). Figura 41 Músculos elevador da escápula, rombóides maior e menor. © Cinesiologia122 Fonte: KENDALL (1987, p. 133). Figura 42 Músculo trapézio superior e sua ação de elevação e rotação lateral da escápula. Fonte: KENDALL (1987, p. 130). Figura 43 Músculo trapézio médio. Claretiano - Centro Universitário 123© U2 - Artrologia Fonte: KENDALL (1987, p. 132). Figura 44 Músculo trapézio inferior. Peito Maior Fonte: KENDALL (1987, p. 132). Figura 45 Músculo peitoral maior. © Cinesiologia124 Fonte: KAPANDJI (1990, p. 69). Figura 46 Músculo deltóide – feixes anteriores (I e II) e médio (III). Fonte: KAPANDJI (1990, p. 69). Figura 47 Músculo deltóide – feixes médio (III) e posteriores (IV, V, VI e VII). Grande dorsal Redondo Maior Grande dorsal Elevador da escápula Rombóide menor Rombóide maior Fonte: KAPANDJI (1990, p. 115). Figura 48 Músculo grande dorsal. Claretiano - Centro Universitário 125© U2 - Artrologia Vista ântero-lateral Fonte: KAPANDJI (1990, p. 134). Figura 49 Músculo serrátil anterior. TS TS TM TI GD RM DTP DTM DTA Fonte: COHEN (2003/2005, p. 746). Figura 50 Músculos do ombro – visão anatômica de superfície (trapézio superior – TS; trapézio médio – TM; trapézio inferior – TI; grande dorsal – GD; deltoide anterior – DTA; deltóide médio – DTM; deltóide posterior – DTP; redondo maior – RM; tríceps – TR). © Cinesiologia126 TS PTMDTM DTA Fonte: COHEN (2003/2005, p. 746). Figura 51 Músculos do ombro – visão anatômica de superfície (trapézio superior – TS; deltóide anterior – DTA; deltóide médio – DTM; peitoral maior – PTM; serrátil anterior – ST). Articulações do membro superior – cotovelo O cotovelo é uma articulação fundamental para complementar a mobilidade do membro superior, constituindo, junto ao ombro, uma unidade funcional que possibilita atividades simples, como pentear-se ou alimentar-se, conforme mostradas nas Figuras 52 e 53. Fonte: KAPANDJI (1990, p. 27). Figura 52 Funções conseguidas com a mobilidade do ombro e cotovelo. Fonte: KAPANDJI (1990, p. 83). Figura 53 Mobilidade do cotovelo. Claretiano - Centro Universitário 127© U2 - Artrologia A articulação do cotovelo é sinovial, monoaxial, do tipo gín- glimo, e possui três articulações contidas em uma cápsula articular comum formando uma unidade, como podemos observar, a se- guir, nas Figuras 54 e São elas: • Articulação umeroulnar: encontra-se entre a tróclea do úmero e a incisura troclear da ulna; é uma articulação do tipo pivô, monoaxial, em que ocorre flexão e extensão. • Articulação umerorradial: encontra-se entre o capítulo do úmero e a fóvea da cabeça do rádio, é do tipo condilar, biaxial, nas quais ocorrem flexão, extensão, pronação e supinação do antebraço. • Articulação radioulnar proximal: nesta, a cabeça do rádio articula-se na incisura radial da ulna, é do tipo pivô, mono- axial, em que ocorre pronação e supinação do antebraço. Úmero Ulna Rádio Antebraço Escápula Clavícula Cotovelo Articulação umerorradial Articulação radioulnar proximal Articulação umeroulnar Fonte: STEWART (2004, p. 70). Figura 54 Membro superior e articulações do ombro e cotovelo. © Cinesiologia128 Como a tróclea se estende mais distalmente que o capítulo, o eixo para flexão e extensão (lateral) não é totalmente vertical, ou seja, não é perpendicular à diáfise do úmero. Por essa razão, quan- do o cotovelo é estendido e o antebraço supinado, este se desvia lateralmente em relação ao úmero, formando um ângulo entre o braço e o antebraço chamado "ângulo de carregar". Esse ângulo varia entre os indivíduos, sendo maior na mulher (em torno de 14º) do que no homem (em torno de 11º); em crianças, esse ângu- lo alcança cerca de 6º, como mostram as Figuras 56 e O aumento desse ângulo é conhecido como "cúbito valgo" e a diminuição, "cú- bito varo", e pode estar relacionado aos traumas precoces, como fraturas na infância. Fonte: NETTER (2004, p. 419). Figura 55 Articulação do cotovelo. Claretiano - Centro Universitário 129© U2 - Artrologia Fonte: LEHMKUHL (1987, p. 185). Figura 56 Ângulo de carregar. A articulação é reforçada e estabilizada pela cápsula, comum às três articulações, e por ligamentos, sendo os principais: o cola- teral ulnar, que estabiliza, medialmente, a articulação, o colateral radial, que estabiliza, lateralmente, a articulação, e o ligamento anular da cabeça do rádio, que mantém esta articulada e fixada à ulna. Observe as Figuras 58 e 59. Figura 57 Ligamentos do cotovelo. © Cinesiologia130 Figura 58 Cápsula e ligamentos do cotovelo – vista anterior. Fonte: NETTER (2004, p.421). Figura 59 Cápsula do cotovelo e cavidade articular do cotovelo – vista anterior e posterior. Claretiano - Centro Universitário 131© U2 - Artrologia Na Figura 60, percebemos que três articulações mantêm o rádio alinhado à ulna, permitindo movimentos de pronação e supinação do antebraço. São eles: radioulnar proximal, média e distal. A radioulnar proximal, como já citado, é mantida pelo ligamento anular; já na mé- dia, o rádio e a ulna estão unidos por uma membrana interóssea. É uma clássica sin- desmose. Finalmente, a distal ocorre entre a cabeçada ulna e a incisura do rádio na ex- tremidade distal. Os movimentos das articulações do cotovelo são de flexão, extensão, pronação e supinação, sendo que, as duas últimas, ocorrem no antebraço, nas articulações ra- dioulnar proximal, média e distal. A flexão possui uma amplitude que varia de 120º à 160º, dependendo da massa muscular anterior, que pode limitar o mo- vimento. Os fatores que limitam fisiologica- mente o movimento de flexão são: o conta- to dos tecidos moles anteriores, o contato ósseo e a tensão da cápsula e dos músculos extensores, ilustrados nas Figuras 61 e A extensão possui uma amplitude de 0º ou de 180º, poden- do haver alguns graus de hiperextensão em casos de frouxidão li- gamentar. Os fatores que limitam fisiologicamente o movimento de extensão são o contato do olecrano com a fossa olecraneana e a tensão da cápsula anterior e dos músculos flexores, mostrados nas Figuras 62 e 67. Fonte: NETTER (2000, p. 409). Figura 60 Articulações radioulnar proximal (RP), média (RM) e distal (RD). © Cinesiologia132 Fonte: KAPANDJI (1990, p. 95). Figura 61 Fatores limitantes da flexão do cotovelo (1 – contato dos tecidos moles; 2 – contato ósseo da cabeça do rádio com úmero; 3 – tensão da cápsula; 4 – tensão dos extensores-tríceps braquial). Fonte: KAPANDJI (1990, p. 95). Figura 62 Fatores limitantes da extensão do cotovelo (1 – contato do olecrano com fossa olecraneana; 2 – tensão da cápsula anterior; 3 – tensão dos flexores). Quadro 6 Músculos flexores do cotovelo. MÚSCULOS FLEXORES DO COTOVELO A flexão do cotovelo é realizada por três músculos que tem sua ação diferenciada dependendo da posição do antebraço; a amplitude mais eficaz para força a dos músculos é em 90º. (Figura 62). Inserção: superfície posterior do processo do olecrano da ulna e fáscia antebraquial. Músculo bíceps braquial: flexiona o cotovelo e supina o antebraço. Origem da cabeça curta: ápice do processo coracoide da escápula. Origem da cabeça longa: tubérculo supraglenoideo da escápula. Inserção: tuberosidade do rádio e aponeurose do bíceps braquial. Músculos braquial: flexiona o cotovelo e possui ação com mesma eficiência independente da posição do antebraço. Origem: face anterior da metade inferior do úmero, logo abaixo da tuberosidade deltoidea. Inserção: tuberosidade da ulna. Claretiano - Centro Universitário 133© U2 - Artrologia MÚSCULOS FLEXORES DO COTOVELO Músculo braquiorradial: flexiona o cotovelo com maior ação quando o antebraço está neutro. Origem: crista supra-epicondilar lateral do úmero. Inserção: base do processo estiloide do rádio. Músculo pronador redondo (sinergista): flexiona articulação do cotovelo e prona o antebraço. Origem: epicôndilo medial e processo coronóide da ulna. Inserção: lateral no rádio no seu ponto médio. Algumas diferenças ocorrem nas ações dos flexores do cotovelo: o braquial tem eficácia tanto em posição supina quanto em posição prona do antebraço; o braquiorradial é mais eficaz em posição neutra do antebraço e o bíceps braquial tem pouca ação na flexão lenta em pronação. Ele age com eficácia na flexão lenta em supinação e na contração rápida em pronação (SMITH, WEISS, LEHMKUHL, 1987). Fonte: arquivo pessoal do autor. Quadro 7 Músculos extensores do cotovelo. MÚSCULOS EXTENSORES DO COTOVELO Tríceps braquial: estender o cotovelo. Origem da cabeça longa: tubérculo infraglenoideo da escápula. Origem da cabeça curta: parte inferior do tubérculo maior na parte posterior do úmero. Origem da cabeça medial: superfície posterior do úmero, abaixo do sulco do nervo radial. Inserção: superfície posterior do processo do olecrano da ulna e fáscia antebraquial. Ancôneo: estender o cotovelo – sinergista. Origem: epicôndilo lateral do úmero. Inserção: face superior da parte posterior da ulna. O tríceps é o extensor mais potente, com secção tranversal cinco vezes maior e duas vezes a distância de encurtamento do ancôneo. Fonte: Arquivo pessoal do autor. Nas Figuras 63 a 66, bem como a 72, temos os músculos motores da articulação do cotovelo: © Cinesiologia134 BBC BBL Fonte: NETTER (2000, p.402) Figura 63 Bíceps braquial cabeça curta (BBC), cabeça longa (BBL). Fonte: NETTER (2000, p.402) Figura 64 Músculo braquial (MB). Claretiano - Centro Universitário 135© U2 - Artrologia BR PR Fonte: NETTER (2000, p.416) Figura 65 Músculos do antebraço braquiorral (BR) pronador redondo (PR). Fonte: NETTER (2000, p.403) Figura 66 Extensores do cotovelo. © Cinesiologia136 Como é possível ver na Figura 67, os músculos que realizam a supinação do antebraço são o bíceps braquial e o supinador; os que realizam a pronação são os pronadores redondo e quadrado, sendo o pronador redondo mais forte do que o quadrado. Na ação de supinação, o bíceps tem atuação mais eficaz em 90º de flexão e, à medida que o cotovelo se estende, sua eficácia como su- pinador diminui. Em 90º, a eficácia do bíceps é quatro vezes maior que a do supinador e, quando o cotovelo é estendido, a eficácia do bíceps para a supinação é a metade em relação ao supinador. A amplitude do movi- mento de supinação é de cerca de 90º, e a de pronação é de 85º, como podemos observar na Figura 68. Fonte: NETTER (2000, p.410) Figura 67 Músculos pronadores e supinador. Claretiano - Centro Universitário 137© U2 - Artrologia Fonte: KAPANDJI (1990, p. 109). Figura 68 Movimentos de supinação e pronação do antebraço. Quadro 8 Músculo supinador, músculo pronador redondo e mús- culo pronador quadrado. MÚSCULO SUPINADOR Origem: epicôndilo lateral, ligamento colateral radial, ligamento anular e crista supinadora da ulna. Inserção: superfícies volar e lateral da parte proximal do rádio. MÚSCULO PRONADOR REDONDO Origem: epicôndilo medial e processo coronoide da ulna. Inserção: lateral do rádio no seu ponto médio. MÚSCULO PRONADOR QUADRADO Origem: terço distal da ulna (volar). Inserção: terço distal do rádio (volar). Fonte: arquivo pessoal do autor. A articulação do cotovelo é um local em que ocorrem muitas lesões por esforço repetido (LER) ou doenças osteomusculares re- lacionadas ao trabalho (DORT). Isto acontece devido ao fato de os músculos que se inserem e se originam nessa região serem muito utilizados em trabalhos e atividades desportivas, como a digitação, o manusear de uma chave de fendas, jogar tênis ou vôlei, entre outros que se dão, inclusive, pela origem de músculos que movi- mentam o punho e os dedos da mão originados no cotovelo, os quais veremos nas Figuras 69 a 73: © Cinesiologia138 arco de movimento do cotovelo Figura 69 Arco de movimento do cotovelo – flexão e extensão. Figura 70 Ângulo mais eficaz para flexores é em 90º. Figura 71 Posturas e atividades repetidas por períodos prolongados podem provocar LER ou DORT. Claretiano - Centro Universitário 139© U2 - Artrologia BB bíceps braquial (BB) TB bíceps braquial (BB) Fonte: COHEN (2003/2005, p. 74). Figuras 72 e 73 Músculos do cotovelo – bíceps braquial (BB), bíceps braquial (BB). Articulações do membro superior – punho São compostas pela articulação das extremidades distais do rádio e do disco articular, com três ossos laterais da fileira proximal do carpo, sendo estes o escafoide, o semilunar e o piramidal, mostrados na Figura 74, em que apenas o escafoide e o semilunar se articulam com o rádio, uma vez que a ulna está separada do carpo por um disco articular. Fonte: NETTER (2004, p.422). Figura 74 Articulação do punho. © Cinesiologia140 O punho é uma articulação sinovial, biaxial, do tipo condilar ou elipsoide, em que ocorrem os movimentos de flexão com ampli- tude de 90º, extensão com amplitude de 45º, desvio radial com am- plitude de 15º, desvio ulnar com amplitude de 45º e cincundução. Fonte: MARTINI, TIMMONS, TALLITSCH (2009, p. 210). Figura 75 Movimentos de flexão e extensão do punho. Fonte: MARTINI, TIMMONS, TALLITSCH (2009, p. 210). Figura 76 Movimentos de desvio radial e ulnar do punho. Claretiano- Centro Universitário 141© U2 - Artrologia A articulação do punho é reforçada pela cápsula articular e pelos ligamentos radiocarpal palmar, que limita a extensão, pelo radiocarpal dorsal, que limita a flexão, pelo colateral ulnar do car- po, que limita o desvio radial, pelo colateral radial do carpo, que limita o desvio ulnar, e pelo ulnocarpal palmar, que limita a exten- são, e o dorsal, que limita a flexão, como pode-se observar nas Figuras 77 e Fonte: NETTER (2000, p.425). Figura 77 Ligamentos do punho – vista dorsal. © Cinesiologia142 Fonte: NETTER (2000, p. 424). Figura 78 Ligamentos do punho – vista palmar. Quadro 9 Músculos flexores do punho e músculos extensores do punho. MÚSCULOS FLEXORES DO PUNHO Músculo flexor radial do carpo: flexão do punho e desvio radial. Origem: epicôndilo medial do úmero. Inserção: base do segundo metacarpo. Músculo flexor ulnar do carpo: Flexão do punho e desvio ulnar. Origem: epicôndilo medial do úmero e margem interna do olecrano. Inserção: osso pisiforme e base do quinto metacarpo. Músculo palmar longo: tensiona a fáscia palmar e auxilia a flexão do punho. Origem: epicôndilo medial do úmero. Inserção: fáscia palmar. MÚSCULOS EXTENSORES DO PUNHO Músculo extensor radial longo do carpo Origem: crista supraepicondilar lateral do úmero. Inserção: base do segundo metacarpo. Claretiano - Centro Universitário 143© U2 - Artrologia MÚSCULOS EXTENSORES DO PUNHO Músculo extensor radial curto do carpo: Origem: epicôndilo lateral do úmero. Inserção: base do terceiro metacarpo. Músculo extensor ulnar do carpo: Origem: epicôndilo lateral do úmero. Inserção: base do quinto metacarpo. Fonte: arquivo pessoal do autor. Vamos destacar seis músculos motores do punho (do carpo) que atuam na articulação, sendo três responsáveis pela flexão e três responsáveis pela extensão, ilustradas nas Figuras 79 a 88. A Fonte: LIPPERT (19p. 301). Figura 79 Músculo flexor radial do carpo. B Fonte: KAPANDJI (1990, p. 96). Figura 80 Músculo flexor radial do carpo realizando flexão com desvio radial contra resistência manual. © Cinesiologia144 A Fonte: LIPPERT (19p. 301). Figura 81 Músculo flexor ulnar do carpo. B Fonte: KAPANDJI (1990, p. 97). Figura 82 Músculo flexor ulnar do carpo realizando flexão com desvio ulnar contra resistência manual. Claretiano - Centro Universitário 145© U2 - Artrologia Palmar curto Palmar longo Fonte: KAPANDJI (1990, p. 89). Figura 83 Músculo palmar longo flexiona o punho e tensiona a fáscia palmar. Longo Curto Fonte: KAPANDJI (1990, p. 98). Figura 84 Músculos extensor radial longo e curto do carpo. © Cinesiologia146 Fonte: KAPANDJI (1990, p. 99). Figura 85 Músculos extensor radial longo e curto do carpo realizam extensão com desvio radial. Fonte: KAPANDJI (1990, p. 99). Figura 86 Músculos extensor ulnar do carpo. Fonte: KAPANDJI (1990, p. 100). Figura 87 Músculos extensor ulnar do carpo realiza extensão com desvio ulnar; ilustração do movimento realizado contra resistência manual. Claretiano - Centro Universitário 147© U2 - Artrologia Fonte: NETTER (2004, p.427). Figura 88 Músculos extensores do punho. Fonte: NETTER (2004, p.429). Figura 89 Músculos flexores do punho. © Cinesiologia148 Como nos mostraram as Figuras 75 e 76, os movimentos de desvio radial e desvio ulnar são realizados pelos flexores e exten- sores em conjunto, ou seja, os extensores radiais longo e curto do carpo, somando suas respectivas ações com o flexor radial do carpo, realizam o desvio radial, e o extensor ulnar do carpo, em conjunto com o flexor ulnar do carpo, realizam o desvio ulnar. Como fora citado anteriormente no estudo sobre o cotovelo, vimos que essa articulação pode ser prejudicada por LER ou DORT. É fácil entender, se observarmos que os músculos que movimen- tam o punho têm sua origem no cotovelo. Dessa maneira, todos os movimentos do punho podem provocar tensões excessivas e patologias comuns nessas origens, como, por exemplo, a epicon- diloalgia lateral do cotovelo (cotovelo do tenista) – uma afecção no epicôndilo lateral na qual se originam todos os extensores do punho. Essa afecção pode acometer trabalhadores, estudantes ou atletas que realizam repetição da extensão do punho ou preensão palmar, como podemos observar nas Figuras 90 e 91A. Figura 90 O epicôndilo lateral origem dos extensores é um local de alteração Claretiano - Centro Universitário 149© U2 - Artrologia Figura 91 Esforço no trabalho ou esporte. Articulações do membro superior – mão e dedos Na Figura 92, podemos ver que a mão é constituída pelos ossos do carpo e pelos metacarpos, e as falanges formam os dedos. A face ante- rior da mão é denominada "face palmar" e a face posterior, denominada "face dorsal"; a região próxima ao polegar é conhecida como "região tê- nar" e a próxima ao dedo mínimo é conhecida como "região hipotênar". Fonte: REIDER (20p. 106). Figura 92 Face palmar da mão (A – prega IF distal; B – prega IF proximal; C – prega digito palmar; D – prega palmar distal; E – prega palmar proximal; F – nível da MCF; G – eminência tênar; H – eminência hipotênar). © Cinesiologia150 Os ossos que compõem a mão são os do carpo, divididos em fileiras e metacarpianos. A primeira fileira do carpo é formada pelos ossos escafoide, semilunar e piramidal, e a segunda fileira é formada pelo trapézio, trapezoide, capitato e hamato, ilustrada nas Figuras 93 e 94. Os ossos do carpo possuem pequenos movimentos de des- lizamento entre si (articulações intercarpicas), caracterizando arti- culações anaxiais planares; os elementos de estabilização dessas articulações são os ligamentos intercarpais dorsais e palmares, os intercarpais interósseos piso-hamato e pisometacarpal e o radiado do carpo. Os ossos metacarpianos são cinco, e, da mesma maneira que os dedos, são contados a partir do lado radial, ou seja, o polegar é o primeiro dedo e o mínimo é o quinto dedo. As articulações carpometacarpianas (CM) são sinoviais, estabilizadas pelos ligamentos carpometarcapais dorsais e pal- mares, e possuem características distintas: a primeira articu- lação carpometacarpiana é biaxial do tipo selar, permitindo flexão-extensão e abdução-adução; as demais são planas e monoaxiais, permitindo flexão e extensão. É essa característica da primeira CM que possibilita a grande amplitude do polegar. Os ossos metacarpianos articulam-se em meio a articulações intermetacarpianas e são estabilizadas pelos ligamentos me- tacarpianos, dorsais palmares e interósseos, como vimos nas Figuras 77 e 78. Claretiano - Centro Universitário 151© U2 - Artrologia Fonte: NETTER (2000, p.426). Figura 93 Ossos da mão e dedos – vista anterior. Fonte: NETTER (2000, p. 426). Figura 94 Ossos da mão e dedos – vista posterior. © Cinesiologia152 A amplitude de movimento das articulações CM aumenta da região radial para a ulnar, favorecendo a formação da concavidade da mão, o que beneficia a melhor conformação para segurar objetos. Os ossos metacarpianos articulam-se com as falanges proximais (articulações metacarpofalangeanas – MF); as articulações são sino- viais, do tipo condilar e biaxial, permitindo flexão de 90º/extensão de 45º, abdução de 30º/adução de 30º, cincundução e rotação limitada. Essas articulações são estabilizadas pela cápsula, pelos ligamentos palmares, pelos colaterais externos (radial) e internos (ulnar). São três as falanges que vão do segundo ao quinto dedos (falange proximal, média e distal) e duas no primeiro dedo (falange proximal e distal). A articulação entre as falanges é denominada "articulação interfalangeana" (IF); são sinoviais, do tipo gínglimo ou troclear, monoaxial, permitindo flexão e extensão, estabilizadas pelos ligamentos colaterais externos e internos. A amplitude de movimento das interfalangeanas é de 100º para as interfalangea- nas proximais (IFP) e de 90º para as distais (IFD), a extensãoé de 100º para as IFP e de 100º para as IFD, podendo haver hiperex- tensão de 20º. Essa amplitude pode variar, sendo aumentada do segundo para o quinto dedo. Os músculos motores da mão são divididos em extrínsecos (ori- gem fora da mão) e intrínsecos (origem e inserção na mão), e suas ações estão demonstradas no Quadro 10 e nas Figuras 88 e 89, 95 a 101. Quadro 10 Flexores extrínsecos, extensores extrínsecos, músculos intrínsecos e músculos para o polegar. FLEXORES EXTRÍNSECOS (Figura 89) Flexor superficial dos dedos: flete as MF e IFP do II ao V dedos. Flexor profundo dos dedos: flete as MF, IFP e IFD do II ao V dedos. EXTENSORES EXTRÍNSECOS (Figura 88) Extensor comum dos dedos: estende as MF do II ao V dedos. Extensor próprio do indicador: estende o indicador. Extensor do dedo mínimo: estende o mínimo. Claretiano - Centro Universitário 153© U2 - Artrologia MÚSCULOS INTRÍNSECOS (Figura 101) Interósseos dorsais: abduz as MF do II ao IV dedos. Interósseos palmares: aduz as MF dos dedos. Lumbricais: flexão da MF e extensão da IF do II ao V dedos. Oponente do dedo mínimo: oponência do dedo mínimo. MÚSCULOS PARA O POLEGAR Flexor curto do polegar (intrínseco): flexiona as MF. Flexor longo do polegar: flexiona as IF. Extensor curto do polegar: estende a MF. Extensor longo do polegar: estende a IF. Abdutor Longo do polegar: abduz e estende a CM. Abdutor curto do polegar (intrínseco): abduz articulação CM e MF do polegar. Adutor do polegar (intrínseco): aduz o polegar. Oponente do polegar (intrínseco): flexiona e aduz CM do polegar. Fonte: arquivo pessoal do autor. Fonte: DRAKE, VOGL, MITCHELL (2005, p. 613). Figura 95 Movimentos da mão abdução, adução e extensão/flexão MF. A ação conjunta dos músculos do punho e da mão permite ações como, por exemplo, segurar firmemente um objeto. Quando seguramos um objeto (flexão dos dedos), os músculos extensores do punho estabilizam a articulação para favorecer a força de pre- ensão. A força de preensão também é obtida pela ação dos intrín- © Cinesiologia154 secos, que estabilizam os ossos metacarpianos e a articulação MF. Essa força também é útil em ações comuns, como segurar uma caneta ou um jornal, como nos mostra a Figura Os músculos extensores e flexores dos dedos comumente são acometidos devido às LER e às DORT, que ocorrem, principal- mente, em digitadores. Fonte: KAPANDJI (1990, p. 91). Figura 96 Ação do extensor comum dos dedos, extensor do indicador e do dedo mínimo contra uma resistência manual. Fonte: KAPANDJI (1990, p. 78). Figura 97 Ação dos extensores do polegar. Claretiano - Centro Universitário 155© U2 - Artrologia Fonte: KAPANDJI (1990, p. 93). Figura 98 Ação do flexor superficial dos dedos contra uma resistência manual. Fonte: KAPANDJI (1990, p. 95). Figura 99 Ação do flexor profundo dos dedos contra uma resistência manual. Fonte: KAPANDJI (1990, p. 86-87). Figuras 100 Ação conjunta dos intrínsecos. © Cinesiologia156 Fonte: KAPANDJI (1990, p. 86-87). Figuras 101 Ação conjunta dos intrínsecos. 7. ARTICULAÇÕES DO MEMBRO INFERIOR Quadril Rasch (1991) menciona que a articulação do quadril, tam- bém denominada "articulação coxofemoral", é sinovial esferoide e que, diferente da articulação glenoumeral, possui estabilidade de- vido à sua estrutura arquitetônica. É formada pelo encaixe da ca- beça do fêmur na fossa do acetábulo do osso quadril. O acetábulo é formado pela união dos três ossos da pelve – o ilíaco, o ísquio e o púbis – os quais constituem, cada um deles, cerca de um terço do acetábulo. A fossa do acetábulo é posicionada de tal modo que se direciona, lateralmente, para baixo e para frente, quando recebe a cabeça do fêmur, como podemos observar na Figura 1 Vale lembrar que os ossos da pelve não estão completamen- te ossificados até meados da segunda década de vida. Claretiano - Centro Universitário 157© U2 - Artrologia Figura 102 Articulação do quadril. Como elementos de reforço e de estabilização da articula- ção do quadril, encontramos a cápsula articular e os ligamentos da articulação do quadril. A cápsula articular está inserida acima da margem do acetábulo, antes da linha intertrocantérica e depois da crista intertrocantérica. Na parte da frente, em que é necessário maior resistência, a cápsula é bem mais espessa que na parte de trás, como nos mostram as Figuras 103 e 104 (MIRANDA, 2000). Os ligamentos que reforçam as faces lateral e anterior da cápsula são: • Iliofemoral: freia a extensão do quadril e limita a rotação do fêmur em torno do seu eixo longitudinal, o que im- pede que o tronco gire para trás durante a manutenção da posição bípede, reduzindo a necessidade de contração muscular para manter a postura. • Pubofemoral: restringe a abdução do quadril, bem como a extensão e a rotação lateral. • Isquiofemoral: limita a rotação medial do quadril. © Cinesiologia158 Há, ainda, o ligamento da cabeça do fêmur ou ligamento re- dondo, como vimos na Figura 102, que estabiliza a cabeça do fê- mur no interior da fossa do acetábulo. M. reto da coxa, Tendão Lig. pubofemoral Canal obturatório Membrana obturatória Trocante menor Lig. iliofemoral Parte descendente Parte transversal Trocante maior Fonte: Sobotta (1995, p. 279). Figuras 103 Cápsula articular e ligamentos da articulação do quadril em vista anterior. Lig. sacrotuberal Trocante menor Trocante maior Colo do fêmur Lig. iliofemoral Cabeça reflexa M. reto da coxa, TendãoCabeça reta Tuberosidade glútea Lig. isquio- femoral Lig. sacroespinhal Fonte: Sobotta (1995, p. 279). Figuras 104 Cápsula articular e ligamentos da articulação do quadril em vista posterior. Claretiano - Centro Universitário 159© U2 - Artrologia Movimentos da articulação do quadril Contrariando a estabilidade que é inerente à articulação do quadril, esta articulação demonstra alto grau de mobilidade. A ar- ticulação do quadril é triaxial, ou seja, permite três graus de liber- dade de movimento: flexão e extensão no plano sagital, adução e abdução no plano frontal e rotações interna ou medial, externa ou lateral, no plano transversal (RASCH, 1991). Em uma primeira análise, iremos considerar os movimentos em que o ilíaco se mantém fixo e o fêmur se desloca em direção ao ilíaco. O movimento que aproxima as faces anteriores da coxa e do tronco se chama "flexão". Em função da tensão dos múscu- los isquiotibiais, quanto mais fletido estiver o joelho, maior será a amplitude de flexão, e quanto mais estendido estiver o joelho, mais limitada será a amplitude de flexão, como veremos nas Fi- guras 105 e 1A flexão passiva é um pouco mais ampla do que a flexão ativa, uma vez que os músculos flexores relaxam. A flexão do quadril ocasiona, frequentemente, uma retroversão da pelve. Fonte: KAPANDJI (2000, p. 15). Figuras 105 e 106 Movimento de flexão do quadril. Em contrapartida, segundo Calais-Germain (1992), o movi- mento que aproxima as faces posteriores da coxa e do tronco se © Cinesiologia160 chama "extensão". Em geral, a extensão é muito limitada; muitas vezes é confundida e/ou aumentada por uma lordose lombar. Em função da ação do músculo retofemoral, a amplitude da extensão será maior quanto mais estendido estiver o joelho e mais limitada quanto mais fletido estiver o joelho, ilustrado na Figura 107. Fonte: KAPANDJI (2000, p.17). Figura 107 Movimento de extensão do quadril. O movimento no qual a coxa se desloca medialmente se chama "adução", observado na Figura 1Para ocorrer a adução, é necessário o deslocamento prévio do outro membro inferior, o que tornará sua realização possível em um plano puramente frontal. O movimento que aproxima as faces laterais da coxa e do tronco se chama "abdu- ção". A abdução que mantém o fêmur em posição neutra é limitada, uma vez que a parte superior do colo se encontra com o teto do acetábulo. Na Figura 109, podemos observar que, com uma rotação externa do fêmur, a abdução pode ser mais ampla.Claretiano - Centro Universitário 161© U2 - Artrologia Fonte: KAPANDJI (2000, p.21). Figura 108 Movimento de adução do quadril. Fonte: KAPANDJI (2000, p.19). Figura 109 Movimento de abdução do quadril. © Cinesiologia162 Na articulação do quadril, é possível observar movimentos de rotação que fazem o fêmur girar sobre o seu eixo. Nas Figu- ras 110 e 111, vemos que a rotação interna ou medial do pé se orienta medialmente; já nas Figuras 112 e 113, percebemos que, na rotação externa ou lateral, o pé se orienta lateralmente. A rotação externa que mantém o quadril fletido é mais ampla, pois o ligamento iliofemoral se encontra relaxado (CALAIS-GERMAIN, 1992). Fonte: KAPANDJI (2000, p.23). Figuras 110 e 111 Movimento de rotação interna do quadril. Claretiano - Centro Universitário 163© U2 - Artrologia Fonte: KAPANDJI (2000, p.23). Figura 112 E 113 Movimento de rotação externa do quadril. Rasch (1991) menciona que a posição do fêmur, por meio do colo femoral, a certa distância da pelve, ajuda a prevenir as limita- ções de movimento do quadril que poderiam resultar em um cho- que mecânico. O ângulo colo-femoral-corpo permite que o corpo do fêmur se posicione mais lateralmente em relação à pelve. No plano frontal, o ângulo colo-corpo-femoral normal é de, aproxima- damente, 125º, como veremos na Figura 1A deformidade em que o ângulo é maior (coxa vara) e a deformidade em que o ângulo é menor (coxa valga) causam alterações na transmissão de forças para o fêmur e para os outros ossos a partir dele, observado na Figura 115. © Cinesiologia164 Fonte: KAPANDJI (2000). Figura 114 Plano frontal – ângulo colo-corpo-femoral normal de 125o. Figura 115 Coxa vara e coxa valga. Claretiano - Centro Universitário 165© U2 - Artrologia Na próxima análise, iremos considerar o fêmur como o pon- to fixo em que se desloca o ilíaco. Nesse caso, observam-se os se- guintes deslocamentos da espinha ilíaca ântero-superior: 1) Para frente ou anteversão: prolonga-se na coluna lom- bar por uma tendência à lordose. 2) Para trás ou retroversão: prolonga-se na região lombar por uma tendência à retificação da lordose. 3) Lateralmente ou inclinação lateral externa. 4) Medialmente ou inclinação lateral interna. O ângulo de anteversão é o ângulo no qual o colo se projeta do fêmur na direção ântero- -posterior. Embora ocorra variações entre os indivíduos, o valor normal é de cerca de 12o a 14o (RASCH, 1991). Valores acima destes evidenciam uma condição conhecida como "hiperlordose". Figura 116 Hiperlordose lombar. © Cinesiologia166 Rasch (1991) ainda cita que a articulação do quadril apresenta sua maior amplitude de movimento no plano sagital, no qual se ob- serva que a flexão pode chegar a 140o e, a extensão, a 15o. A abdução pode atingir 30o e, a adução, um pouco menos, 25o. Com o quadril estendido, os efeitos dos ligamentos estão ativos e as amplitudes de rotação medial e lateral atingem 70o e 90o, respectivamente. Músculos da articulação do quadril Vinte e dois músculos atuam sobre a articulação do quadril. A seguir, será apresentada, no Quadro 11, a classificação baseada nas ações desempenhadas pelos músculos da articulação do quadril. Segundo Rasch (1991), Calais-Germain (1992) e Miranda (2000), os músculos do grupo flexor incluem o psoas e o ilíaco, ambos mostra- dos na Figura 117, os agonistas primários e o reto da coxa, estes na Fi- gura 1O psoas exerce os importantes papeis de flexor e de estabilizador da articulação do quadril. O músculo ilíaco desempenha papel predo- minante na flexão do quadril. O reto da coxa, membro do grupo quadrí- ceps da coxa, é o único músculo do grupo que atua sobre o quadril como importante flexor, auxiliando na rotação lateral e na abdução. Quadro 11 Músculos flexores do quadril. MÚSCULOS FLEXORES DO QUADRIL Reto femoral: flexão do quadril, anteroversão da pelve (cadeia cinética fechada) e extensão do joelho. Origem: a partir da espinha ilíaca ântero-inferior e no sulco acima do rebordo do acetábulo. Inserção: na borda proximal da patela e por meio do ligamento patelar na tuberosidade anterior da tíbia. Ilíaco: flexão do quadril, rotação lateral do quadril, adução do quadril, anteroversão da pelve aumentando a lordose lombar. Origem: localizado na fossa ilíaca e nas espinhas ilíacas anteriores. Inserção: trocânter menor do fêmur. Psoas: flexão do quadril. Origem: localizado na parede posterior da cavidade abdominal, no nível dos corpos vertebrais, dos discos intervertebrais e dos processos transversos de T12 a L5. Fonte: arquivo pessoal do autor. Claretiano - Centro Universitário 167© U2 - Artrologia Figura 117 Músculos flexores do quadril – psoas e ilíaco. Figura 118 Músculo reto femoral. © Cinesiologia168 Observe, no Quadro 12, que o grupo extensor do quadril inclui os músculos do jarrete: o semimembranáceo, o semitendí- neo e a cabeça longa do bíceps da coxa – que é ativa na extensão habitual do quadril, enquanto que o semimembranáceo e semi- tendíneo são ativos na extensão contra resistência. O músculo glúteo máximo também é um potente extensor além de ser ro- tador lateral e, dependendo da face do músculo em considera- ção, age como abdutor do quadril fletido ou adutor contra uma resistência de abdução (RASCH, 1991; CALAIS-GERMAIN, 1992; MIRANDA, 2000). Quadro 12 Músculos extensores do quadril. MÚSCULOS EXTENSORES DO QUADRIL Semimembranáceo: extensão do quadril; auxilia na rotação medial do quadril e é retroversor da pelve quando o membro inferior está fixo. Origem: tuberosidade isquiática. Inserção: parte posterior do côndilo medial da tíbia. Semitendíneo: realiza extensão do quadril e auxilia na rotação medial e na adução. Com os membros inferiores fixos, promove a retroversão da pelve. Origem: tuberosidade isquiática. Inserção: superfície medial da parte superior da tíbia; o mais posterior da pata de ganso. Bíceps femoral: a cabeça longa atua na articulação do quadril fazendo a extensão e a rotação lateral; com o membro inferior fixo, promove a retroversão da pelve (cadeia fechada). Origem: cabeça longa – tuberosidade isquiática; cabeça curta – linha áspera do fêmur. Inserção: as duas porções fundem-se distalmente e vão até a face lateral da cabeça da fíbula. Glúteo máximo: extensor e rotador lateral do quadril; feixes superiores são abdutores e feixes inferiores são adutores; realiza retroversão da pelve. Origem: linha glútea posterior, parte posterior da crista ilíaca e face posterior do sacro e do cóccix. Inserção: tuberosidade glútea no fêmur e tracto iliotibial. Fonte: arquivo pessoal do autor. Claretiano - Centro Universitário 169© U2 - Artrologia Figura 119 Vista posterior do membro inferior. Músculos extensores do quadril. No Quadro 13, veremos que o grupo adutor do quadril é formado pelo grácil, pelo pectíneo e pelos adutores longo, cur- to e magno, vistos nas Figuras 118 e 1Situados na face medial da coxa, os adutores formam a maior parte da massa muscular dessa região, sendo os responsáveis pela rotação medial, pela flexão do quadril e pela adução. A abertura excessiva dos mem- bros inferiores pode causar a laceração do adutor longo próximo à sua fixação tendínea no púbis (RASCH, 1991; CALAIS-GERMAIN, 1992; MIRANDA, 2000). © Cinesiologia170 Quadro 13 Músculos adutores do quadril. MÚSCULOS ADUTORES DO QUADRIL Pectíneo: flexão e adução da coxa; auxilia na rotação lateral e na anteroversão da pelve em cadeia cinética fechada. Origem: linha pectínea do púbis. Inserção: linha pectínea do fêmur. Adutor curto: atua na adução do quadril; auxilia na flexão e na rotação lateral do quadril. Participa, na anteroversão da pelve, em cadeia cinética fechada. Origem: corpo e ramo inferior do púbis. Inserção: linha pectínea do púbis e proximal da linha áspera do fêmur. Adutor longo: atua na adução do quadril; auxilia na flexão e na rotação lateral do quadril. Participa, na anteroversão da pelve, em cadeia cinética
Compartilhar