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orthomyxoviridae- referencial teórico

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ - PUCPR CÂMPUS 
TOLEDO 
 
 
 
 
 
JAQUELINE MOMBACH 
JULIA LUIZA SCHLINDWEIN 
LUIZ COLTURATO 
RONI FAZAN 
 
 
 
 
 
 
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA E REPLICAÇÃO VIRAL DA FAMÍLIA 
Orthomyxoviridae 
 
 
 
 
 
 
 
 
TOLEDO 
ABRIL DE 2020 
2 
 
JAQUELINE MOMBACH 
JULIA LUIZA SCHLINDWEIN 
LUIZ COLTURATO 
RONI FAZAN 
 
 
 
 
 
 
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA E REPLICAÇÃO VIRAL DA FAMÍLIA 
Orthomyxoviridae 
 
 
 
 
 
Trabalho apresentado à disciplina de 
Microbiologia Veterinária, do curso de 
Medicina Veterinária da Pontifícia 
Universidade Católica do Paraná. 
Professor: Vanessa Yuri de Lima 
 
 
 
 
 
 
TOLEDO 
ABRIL DE 2020 
3 
 
REFERENCIAL TEÓRICO 
 
 
A família Orthomyxoviridae é um RNA vírus, que incluem 7 gêneros: 
Influenzavirus A; Influenzavirus B; Influenzavirus C; Influenzavirus D; Isavirus; 
Thogotovirus e Quaranjavirus. 
Os vírus Influenzavirus causam gripe em vertebrados, incluindo aves, 
mamíferos e seres humanos. Os Isavirus infectam salmões, e os Thogotovirus são 
arbovírus que infectam vertebrados e invertebrados, como carrapatos e mosquitos. 
 
 
 Descrição morfológica 
 
Os Orthomyxovirus são esféricos, com 80 a 120nm de diâmetro, ou 
pleomórficos, com 20 nm de diâmetro e 200 a 300 nm de comprimento. Seu 
envelope pode ser esférico e filamentoso e é oriundo das membranas de células 
hospedeiras. 
Possuem dois tipos de projeções na superfície, a hemaglutina (HA) que 
possuem formato de bastonete, e a neuraminidase (NA), com formato de cogumelo. 
Estas duas projeções são glicoproteínas aderidas ao envelope através de pequenas 
sequências de aminoácidos hidrofóbicos. A HA é responsável pela ligação do vírus 
e pela fusão do envelope, enquanto a NA é capaz de clivar os receptores virais, 
promovendo a entrada do vírus nas células e a liberação dos vírions das células 
infectadas. 
A hemaglutina é interposta irregularmente por agregados de neuraminidase 
na superfície do vírus em uma proporção de 4 a 5 hemaglutina para 1 
neuraminidase. O envelope envolve a cápsula de proteína matriz (M), que circunda 
o genoma de 8 moléculas individuais de RNA do filamento único, associadamente 
com a nucleoproteína (NP) e outras três proteínas grandes (polimerase básica 1; 
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polimerase básica 2 e polimerase ácida) formam o complexo ribonucleproteína 
(RNP), que é responsável pela replicação e transcrição do RNA. 
Sobre o genoma deste vírus, no caso da Influenza A, possuem 8 segmentos 
de RNA em sentido negativo, onde o comprimento varia (890-2400 nucleotídeos), 
que codificam cerca de 10 proteínas. Os segmentos 1 e 3 são responsáveis por 
codificar as proteínas PA e PB2, que são dependentes de RNA, enquanto o 
segmento 2 codifica a PB1. No segmento 4 e 6, codifica-se as glicoproteínas de 
superfície (HA e NA), e o segmento 5 codifica a NP que se liga ao redor do RNA 
viral. Os segmentos 7 e 8 codificam as proteínas M1, M2, NS1, NS2. 
 
 
 Replicação 
 
 No processo de transcrição dos RNA genômicos, é realizada pelo complexo 
polimerase/replicase. A RNA polimerase básica 1 possui atividade endonuclease 
que é necessária para a subtração de oligonucleotídeos celulares, esses, servirão 
de primers para o início da transcrição, enquanto a RNA polimerase básica 2, possui 
atividade polimerase que se constitui em replicase viral, possuindo as funções de 
transcrição e replicação do genoma. Sobre a polimerase ácida, ainda não se sabe 
a função desta exatamente, porém é uma proteína essencial do complexo. 
Na replicação do genoma viral, serão utilizadas o RNA viral como molde para 
a síntese de RNA complementar, que são RNA antigenômicos de sentido positivo, 
e em seguida o RNAc é transcrito em RNA viral, que será incorporado na progênie 
do vírus. O RNA viral codifica três subunidades polimerases, a PA, PB1 e PB2, 
essas juntamente com a NP e o RNA viral vão formar o complexo ribonucleoproteico 
que é responsável pela transcrição e replicação viral. 
 E então, ocorre a replicação do genoma no núcleo da célula hospedeira, 
onde no complexo replicase existem as enzimas necessárias para este processo de 
replicação do genoma aconteça. As proteínas não estruturais, as PA, PB1 e PB2, e 
algumas estruturais, as NP e M1, são produzidas no citoplasma e então são 
importadas para o núcleo, participando a formação de novos nucleocapsídeos. 
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No núcleo, a polimerase irá empregar um mecanismo de “cap snatching”, 
que faz com que inicia-se a replicação do RNA viral. Ocorre pela ligação do PB2 ao 
RNA mensageiro que contém o “cap”, para que produza-se os aceleradores da 
síntese de RNA. Então, uma endonuclease da subunidade PA irá abrir o 
oligonucleotídeo pré RNA mensageiro capeado, que irá atuar também como um 
acelerador do RNA mensageiro viral. A polimerase irá então transcrever o RNA 
viral através do prolongamento, originando o RNA mensageiro viral. A subunidade 
PB1, vai estar envolvida na atividade catalítica do prolongamento do nucleotídeo. 
 Por fim, os vírus serão liberados nas células do hospedeiro a partir do 
brotamento dos nucleocapsídeos da membrana plasmática, que inicia-se pela 
interação das RNA polimerases com a caudas das glicoproteínas, mediados pela 
proteína M1, que reveste o interior da membrana. Então, os complexos contendo 
as 8 RNA polimerases vão se inserir na membrana, adquirindo o envelope e sendo 
liberados da célula hospedeira. 
 
 
 Subfamília, gênero e espécie 
 
Existem sete gêneros causados pela família Orthomyxoviridae, são eles: 
Influenzavirus A; Influenzavirus B; Influenzavirus C; Influenzavirus D; Isavirus; 
Thogotovirus e Quaranjavirus. Como mostra na tabela 1: 
Tabela 1- Subfamília, gênero e espécie 
Gênero Espécie Subfamília Hospedeiro 
Vírus Influenza 
A 
Vírus da Influenza 
A 
H1N1 , H1N2 , H2N2 , 
H3N1 , H3N2 , H3N8 , 
H5N1 , H5N2 , H5N3 , 
H5N8 , H5N9 , H7N1 , 
H7N2 , H7N3 , H7N4 , 
H7N7 , H7N9 , H9N2 , 
H10N7 
Humano , suínos , 
pássaro, equinos e 
morcego 
Vírus Influenza 
B 
Vírus da Influenza 
B 
Victoria, Yamagata Humano e foca 
Vírus Influenza 
C 
Influenza vírus C 
 
Humano, suínos e caninos 
6 
 
Vírus Influenza 
D 
Influenza vírus D 
 
Suínos e bovinos 
Isavírus 
Vírus da anemia 
infecciosa do 
salmão 
Vírus Batken , vírus 
Bourbon, vírus Jos 
Salmão do Atlântico 
Thogotovirus 
Thogotovirus e 
vírus Dhori 
 
Carrapatos , mosquitos e 
mamíferos (incluindo 
humano) 
Quaranjavirus Vírus Quaranfil 
 
Carrapatos , vertebrados 
 
 Falando um pouco sobre cada uma delas: Dos quatro tipos de Influenza 
(A,B,C e D), o vírus da gripe A é o mais grave, o vírus da gripe B é menos grave, 
mas ainda pode causar surtos e vírus Influenza C é geralmente associado apenas 
com sintomas menores. E o Influenzavírus D é menos comum do que os outros 
tipos. 
O vírus Influenza A causa gripe em aves e alguns mamíferos. Alguns isolados 
de vírus influenza A podem causar doença grave em aves domésticas e raramente 
em seres humanos. Ocasionalmente, os vírus são transmitidos de aves aquáticas 
selvagens para aves domésticas, e isso pode causar um surto ou dar origem a uma 
gripe humana e pandemias. O vírus Influenza B são conhecidos por infectar seres 
humanos e focas. O vírus Influenza C não é tão facilmente isolado, possuindo então 
menos informações. Possui atualmente 6 linhagens, e podem ser transmitidos de 
pessoa para pessoa através de gotículas respiratórias ou por objetos contaminados, 
devido à sua capacidade de sobreviver em superfícies. O vírus da gripe D são 
conhecidos por infectar porcos e gado. O diagnóstico é feito por isolamento do 
vírus, sorologia, e outros testes. 
O Isavírus provoca grave anemia em peixes infectados, especialmente 
Salmão do Atlântico. No caso do Thogotovírus, é um vírus RNA de cadeia simples 
e sentido negativo, e ocorre normalmente em carrapatos, sanguessugas e 
raramente humanos. Já o Quaranjavirus, éresponsável por infectar espécies de 
corpo mole, como por exemplo carrapatos. 
 
 
7 
 
 Doença causada pelo vírus 
 
O Orthomyxoviridae é responsável pelas doenças acometidas em 
decorrência do vírus Influenza. Existe a Influenza equina, a Influenza aviária e a 
Influenza suína. Esta última iremos falar detalhadamente. 
A Influenza suína é caracterizada por ser uma doença respiratória. Essa 
doença possui uma alta taxa de morbidade (cerca de 100%), e uma baixa taxa de 
mortalidade (<1%). Outro ponto a falar, é que a maior incidência desta enfermidade 
ocorre nos meses mais frios. A doença é relativamente discreta, tornando-se grave 
quando está acompanhada a uma infecção secundária. O período de incubação é 
curto, de 1 a 3 dias, com uma recuperação rápida (4 a 7 dias após o início da 
doença). Os sintomas da doença são fraqueza, febre, anorexia, dispneia, espirro, 
tosse e secreção nasal, e em casos mais graves pode ocorrer desenvolvimento de 
conjuntivite, edema pulmonar e/ou broncopneumonia. 
O vírus da influenza suína foi reconhecido durante uma grave pandemia de 
influenza humana, em 1918. Onde, o isolamento do vírus H1N1 e estudos 
sorológicos em humanos sugerem que o vírus de suínos é antigenicamente 
semelhante ao vírus de humanos. Os suínos são susceptíveis à infecção com 
diferentes variantes do SIV, onde o H1N1 pode ser recombinantes em H3N2 e 
H1N2, e outros tipos isolados como o H1N7 e H9N2. Além disso, estudos mostram 
que o vírus se originou de um vírus aviário. 
A principal forma de transmissão é direta, pela via nasofaringea, e através de 
contato com secreções nasais de animais na fase febril da infecção. A infecção 
ocorre por meio de aerossóis e gotículas eliminados pelos suínos que tossem e 
espirram. Além disso, o vírus pode ser propagado rapidamente na granja de suínos, 
onde em poucos dias todo o rebanho pode estar infectado. 
Sobre a patologia desta doença, são verificadas na mucosa do trato 
respiratório superior congestas, os linfonodos bronquiais e mediastínicos ficam 
aumentados e edematosos. Nos pulmões acometidos, é possível notar 
consolidações avermelhadas, multifocais a coalescentes, e é predominante na 
região cranioventral dos pulmões. Microscopicamente, nota-se obstrução das vias 
8 
 
respiratórias por exsudato, atelectasia alveolar disseminada, pneumonia intersticial 
e enfisema. Também nota-se infiltração celular peribrônquica e perivascular. 
O diagnóstico da doença requer o isolamento do vírus, que é realizado por 
suabes (coletando muco nasal e da faringe), ou detecção de anticorpos específicos 
contra o SIV. Sugere-se que o a coleta seja realizada no período febril da doença. 
Os métodos que podem ser utilizados para o diagnóstico são: Imunoflorescência 
direta para tecidos pulmonares, imunoflorescência indireta para células do epitélio 
nasal, imunohistoquímica em tecidos fixados, e ELISA e reação de cadeia 
polimerase acoplado à transcrição reversa para tecidos e células descamativas do 
epitélio. 
As medidas de profilaxia são essenciais para evitar a ocorrência e 
propagação da doença. Recomenda-se que os suínos sejam vacinados após os 10 
meses, e que mantenham medidas de biossegurança, como evitar o contato com 
outras espécies, e realizar sempre a limpeza do local. O tratamento da doença 
envolve medidas de suporte, como um ambiente livre de resíduos, cama limpa e 
seca, água fresca e limpa e uma boa fonte de alimentos. Além disso, utiliza-se 
antimicrobianos para evitar infecções secundárias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
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https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527728263/epubcfi/6/10%5
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10 
 
SARMENTO, L. Família Paramyxoviridae e Orthomyxoviridae. São Luiz, 2015. 
Acesso em: 25 de abril de 2020. Disponível em: 
https://pt.slideshare.net/wellisonnascimento/microbiologia-veterinaria-
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Disponível em: 
file:///C:/Users/Sandra/Documents/2%20ANO%20MEDICINA%20VETERINÁRIA/M
ICRO-%20VANESSA/docsity-orthomyxoviridae-1.pdf 
 
 
 
 
https://pt.slideshare.net/wellisonnascimento/microbiologia-veterinaria-paramyxoviridae-e-orthomyxoviridae
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