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JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS UM ESTUDO COM PROFESSORAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL

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1 
Educação, Gestão e Sociedade: revista da Faculdade Eça de Queirós, ISSN 2179-9636, Ano 7, número 
28, novembro de 2017. www.faceq.edu.br/regs 
 
 
 
JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS: 
UM ESTUDO COM PROFESSORAS DE EDUCAÇÃO 
INFANTIL 
 
Dandara Rorato Dascanio (FAFE)1 
Glauciane Cristina dos Santos (FAFE)2 
Sônia Aparecida Venijio Maggion (FAFE)3 
Vera Maria Matos (FAFE)4 
Maria Clara Lopes Saboya (USP/FAFE/UNIESP)5 
 
Resumo 
 
Por meio de pesquisa bibliográfica e de pesquisa de campo, este trabalho buscou 
investigar a importância dos jogos, brinquedos e brincadeiras na Educação Infantil. Para 
tanto, foram aplicados questionários com 18 questões abertas a sete professoras que 
atuam nesse nível de ensino, cujos resultados foram analisados com base no método 
qualitativo descritivo e demonstraram que as atividades lúdicas são utilizadas pelas 
professoras, com frequência, na sala de aula, como instrumento de aprendizagem, 
Assim, enquanto a criança brinca, também incorpora valores, conceitos e conteúdos, o 
que proporciona o desenvolvimento de habilidades e potencialidades, atingindo 
diferentes objetivos, simultaneamente. 
 
Palavras-chave: Jogos. Brinquedos. Brincadeiras. Educação Infantil. Aprendizagem. 
 
Abstract 
 
Through bibliographical research and field research, this work sought to investigate the 
importance of children's play, toys and games in Early Childhood Education. To that 
end, questionnaires were applied with 18 questions open to seven teachers who work at 
this level of education, whose results were analyzed based on the descriptive qualitative 
method and showed that the activities of the teachers are used by the teachers frequently 
in the classroom, as an instrument of learning. While the child plays, it incorporates 
values, concepts and contents, which provides the development of abilities and 
 
1 Licenciada em Pedagogia pela Faculdade Fernão Dias (FAFE). 
2 Licenciada em Pedagogia pela Faculdade Fernão Dias (FAFE). 
3 Licenciada em Pedagogia pela Faculdade Fernão Dias (FAFE). 
4 Licenciada em Pedagogia pela Faculdade Fernão Dias (FAFE). 
5 Doutora e mestre em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. Licenciada 
em Pedagogia pela mesma instituição. Bacharel e licenciada em Ciências Sociais pela Faculdade de 
Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Docente e Coordenadora na 
Faculdade Fernão Dias (FAFE) e na UNIESP S.A. (unidade Faculdade de Jandira). 
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Educação, Gestão e Sociedade: revista da Faculdade Eça de Queirós, ISSN 2179-9636, Ano 7, número 
28, novembro de 2017. www.faceq.edu.br/regs 
 
potentialities, reaching different goals simultaneously. 
 
Keywords: Games. Toys. Children's play. Child education. Learning. 
 
Introdução 
 
Este trabalho tem como temática a importância dos jogos, brinquedos e 
brincadeiras na Educação Infantil, cuja relevância justifica-se pelo fato do lúdico, ou 
seja, o ato de jogar e brincar ser essencial nessa fase, para o desenvolvimento das 
crianças, uma vez que essas atividades contribuem para o desenvolvimento de aspectos 
físicos, intelectuais e motores. Desde que a educação formal das crianças se tornou uma 
preocupação para o conjunto da sociedade, observa-se que o lúdico tem sido deixado de 
lado pela necessidade de se cumprir o conteúdo proposto ou pela falta de motivação dos 
profissionais envolvidos. 
No entanto, essas atividades são essenciais na infância e, segundo o 
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) (BRASIL, 1998, p. 
22-27), brincar é uma atividade fundamental “para o desenvolvimento da identidade e 
da autonomia [...] as atividades lúdicas, através das brincadeiras favorecem a autoestima 
das crianças ajudando-as a superar progressivamente suas aquisições de forma criativa”. 
Pode-se afirmar que as atividades lúdicas desenvolvem, na criança, todos os 
aspectos básicos para o processo de aprendizagem, constituindo-se em recurso 
pedagógico importante para o seu desenvolvimento cognitivo. A Educação Infantil é 
uma fase importante na vida da criança e merece atenção especial por parte do 
professor, que deve proporcionar meios para que ela consiga, de maneira espontânea, 
sonhar, fantasiar, imaginar e vivenciar a infância plenamente. 
Desta forma, o estudo do lúdico na Educação Infantil constitui-se como um 
objeto de considerável relevância, uma vez que se trata de um recurso pedagógico de 
reconhecida importância em uma das principais fases do processo de formação 
educacional do indivíduo, sendo necessário compreender melhor seu impacto, sua 
extensão e sua aplicabilidade, a fim de melhor orientar as práticas pedagógicas e as 
políticas públicas educacionais. 
Tendo esses pressupostos como pano de fundo, este estudo tem como objetivos 
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gerais reconhecer os jogos, os brinquedos e as brincadeiras como possibilidades de 
socialização das crianças; identificar a importância desses procedimentos lúdicos no 
desenvolvimento global das crianças. Como objetivos específicos, pretende-se abordar 
professoras que atuem na Educação Infantil, para que revelem como os jogos, os 
brinquedos e as brincadeiras são explorados com as crianças e se contribuem para o 
desenvolvimento de habilidades cognitivas. 
Para se chegar a esses objetivos foram elaborados os seguintes problemas de 
pesquisa: 1) A brincadeira faz parte do cotidiano das crianças na Educação Infantil? 2) 
Uma atividade com jogos e brincadeiras promove aprendizado e desenvolvimento de 
diferentes habilidades das crianças? Em resposta a essas problemáticas, foram 
formuladas as seguintes hipóteses: 1) As brincadeiras fazem parte do cotidiano das 
crianças, auxiliando no aprendizado e proporcionando aulas mais atrativas; 2) Os jogos 
e as brincadeiras são ferramentas utilizadas pelos professores da Educação Infantil, no 
desenvolvimento das diferentes habilidades. 
Como metodologia, este estudo utilizou pesquisa bibliográfica e de campo, 
sendo que a coleta de dados empíricos foi feita por meio de questionário composto por 
18 questões abertas, sendo oito referentes ao perfil das pesquisadas e dez de caráter 
específico, relacionado à temática investigada. O questionário foi aplicado a sete 
professoras, sendo quatro de escolas da rede particular da cidade de Osasco e as outras 
três de escolas municipais da mesma cidade. Os dados foram analisados à luz do 
modelo qualitativo que se caracteriza pela apreciação subjetiva do objeto analisado, 
estudando as suas particularidades e experiências individuais. 
 
1 Referencial teórico 
 
1.1 Definições de jogos, brinquedos e brincadeiras 
 
Segundo Kishimoto (1998), tentar definir jogo não é tarefa fácil. Quando se 
pronuncia a palavra jogo cada um pode entendê-lo de modo diferente. Pode-se estar 
falando de jogos políticos, de adultos, crianças ou animais. São compreendidas como 
jogos, situações como disputar uma partida de xadrez, um gato que empurra uma bola 
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de lã, um tabuleiro com piões ou uma criança que brinca com boneca. A conceituação 
de jogo envolve vários termos como sinônimos. Assim, jogo, brinquedo e brincadeira 
têm sido utilizados com o mesmo significado. 
Para se compreender a natureza do jogo, é preciso, antes de tudo, identificar as 
características comuns que permitem classificar situações entendidas como jogo; em 
seguida, é necessário fazer diferenciações que permitem o aparecimento de suas 
espécies (fazde conta, construção etc.) A analogia entre o jogo e a família, proposta por 
Wittgenstein (apud KISHIMOTO, 1998, p. 3), facilita a compreensão deste tema. 
A existência de regras em todos os jogos é uma característica marcante, todo 
jogo tem suas regras e uma sequencia na própria brincadeira; mas, o que importa é o 
processo de brincar que a criança se impõe. Quando ela não brinca, não adquire 
conhecimento ou desenvolvimento mental e físico. Quando brinca, a criança se desliga 
da vida cotidiana e entra em seu mundo imaginário. 
Froebel (apud KISHIMOTO, 1998, p. 61) não foi o primeiro a analisar o valor 
educativo do jogo; porém, foi “o primeiro a colocá-lo como parte essencial do trabalho 
pedagógico, ao criar o jardim de infância com uso dos jogos e brinquedos”. Montaigne 
(apud KISHIMOTO, 1998, p. 62-63), por sua vez, divulgou o caráter educativo do jogo. 
Considerou inúteis os jogos de caça, passatempo dos nobres, e a dança, tida como lazer 
popular. Para Montaigne, o jogo é instrumento de desenvolvimento da linguagem e do 
imaginário. 
Antes de Froebel, três concepções se divulgavam nas relações entre jogo 
infantil e educação: 1) recreação; 2) uso do jogo para favorecer o ensino de conteúdos 
escolares e 3) diagnóstico da personalidade infantil (BROUGÉRE, 1995, p. 64). Desde 
a Antiguidade greco-romana, o jogo era visto como recreação e aparece como 
relaxamento necessário a atividades que exigem esforço físico, intelectual e escolar. 
Por muito tempo, o jogo ficou restrito à recreação. Ao longo da Idade Média, o 
jogo foi apontado como “não-sério”, por estar ligado ao jogo de azar. O Renascimento 
contempla a brincadeira como conduta livre que favorece o desenvolvimento da 
inteligência e facilita o estudo. Por esse motivo, foi adotada como instrumento de 
aprendizagem de conteúdos escolares (KISHIMOTO, 1999, p. 118). 
De acordo com Kishimoto (1998), Froebel postula a brincadeira como ação 
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metafórica, livre e espontânea da criança; aponta no brincar, características como 
atividade representativa, prazer, autodeterminação, valorização do processo de brincar, 
seriedade do brincar e expressão de necessidades. Para a criança, no entanto, quase toda 
a atividade é jogo e é pelo jogo que ela adivinha e antecipa as condutas superiores. 
“Para a criança, escreveu Claparède, o jogo é o trabalho, o bem, o dever, o ideal da vida. 
É a única atmosfera na qual seu ser psicológico pode respirar e, consequentemente, 
pode agir”. A criança é um ser que brinca/joga, e nada mais (CHATEAU, 1987, p. 13-
14). 
Os jogos são criações pedagógicas que desenvolvem excelentes resultados 
psicomotores, em que se trabalha a interação entre os alunos, ajudando-os a superar as 
dificuldades de se desenvolver e interagir. É muito mais fácil e eficiente aprender por 
meio de jogos e isso é válido para todas as idades, desde o maternal até a fase adulta. O 
jogo em si possui componentes do cotidiano e o envolvimento desperta o interesse do 
aprendiz, que se torna sujeito ativo do processo, em que “a confecção dos próprios 
jogos é ainda muito mais emocionante do que apenas jogar” (LOPES, 2000, p. 34). 
Se a brincadeira é uma ação que ocorre no plano da imaginação, isso significa 
que aquele que brinca tem o domínio da linguagem simbólica. Assim, para brincar é 
preciso apropriar-se de elementos da realidade imediata, de tal forma a atribuir-lhes 
novos significados. Essa característica da brincadeira ocorre por meio da articulação 
entre a imaginação e a imitação da realidade. “Toda brincadeira é uma imitação 
transformada, no plano das emoções e das ideias, de uma realidade anteriormente 
vivenciada [...] Brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da 
identidade e da autonomia” (BRASIL, 1998, p. 27). 
Cada um dos autores citados tem a sua visão de jogos, brinquedos e 
brincadeiras; no entanto, todos eles são unânimes em relatar que tais atividades auxiliam 
a criança em seu desenvolvimento mental e físico, assim como em seu desempenho 
educacional. Os jogos, os brinquedos e as brincadeiras têm importante papel na 
formação da criança como um todo, pois quando a criança brinca ela viaja através da 
imaginação e o brincar faz parte da natureza dela, seja apenas no brincar por brincar, ou 
no brincar para aprender. 
 
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1.2 As relações entre o jogo infantil e a educação 
 
Muitas dúvidas persistem entre os educadores que procuram associar o jogo à 
área da educação: se há diferença entre o jogo e o material pedagógico; se o jogo 
educativo empregado em sala de aula é realmente jogo; se tem um fim em si mesmo ou 
é um recurso para alcançar objetivos e o desenvolvimento da criança, desde que 
respeitadas as características da atividade lúdica. Muitos professores da educação 
infantil têm dúvidas do que sejam exemplos de jogos e materiais pedagógicos, pois os 
brinquedos são sempre suportes de brincadeiras, e sua utilização deveria criar 
momentos lúdicos de livre exploração. O uso de brinquedos e jogos em sala de aula 
nem sempre foi aceito, mesmo quando destinados a criar situações de brincadeiras. 
Nesse contexto, a escola tem por objetivo proporcionar ao aluno a aquisição de 
conhecimentos e o capacitar a realizar as atividades dentro da escola, visando sempre 
um melhor resultado, pois é necessária uma ação dirigida e orientada para atingir as 
finalidades pedagógicas. Quando se emprega um jogo em sala de aula, ele se transforma 
em um meio para realização daqueles objetivos, especialmente com crianças de 
Educação Infantil (KISHIMOTO, 1998). 
O jogo não pode ocupar o lugar de lições de moral e não deve absorver o 
tempo de estudo, embora ninguém no mundo possa ficar sempre escutando, 
nem estudando. É preciso, nesta idade, sobretudo, dançar, correr, saltar, 
move-se por si próprio. Se o jogo não forma diretamente o espírito, ele o 
recria. (BROUGÈRE, 1987 apud KISHIMOTO, 2013, p. 83) 
 
É preciso destacar, nesse sentido, o papel atribuído por Dewey (apud 
KISHIMOTO, 2013, p. 99), ao jogo infantil, como expressão máxima da atividade 
aberta da criança e instrumento educativo poderoso, capaz de assegurar a ligação vital 
entre as necessidades infantis de desenvolvimento e as exigências sociais próprias da 
comunidade democrática. Para esse autor, o jogo é tão natural e inevitável que poucos 
pensadores educacionais atribuíram a ele, em teoria, o lugar de destaque que sempre 
ocupou na prática; poucos tentaram descobrir se as atividades naturais de jogos das 
crianças propõem sugestões que possam ser adotadas na escola. O valor educacional 
dessas brincadeiras se torna óbvio, na medida em que eles ensinam às crianças a 
respeito do mundo em que vivem. 
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Dewey (op. cit.) declara que quando as crianças observam atentamente, elas 
fixam na memória e em hábitos muito mais do que se elas simplesmente vivessem 
indiferentemente a vida ao redor. Para esse autor, enquanto jogos imitativos são de 
grande valor educacional, se o meio onde está se aprendendo não for bom, a criança 
aprende maus hábitos e maneiras erradas de pensar e julgar. 
Tais modos são muito difíceis de corrigir, porque foram fixados ao serem 
vivenciados em situação de brincadeira. Para que não aconteça de a criança fixar maus 
hábitos, as escolas devem usar, dentro do horário escolar, os mesmos tipos de jogos que 
são exercitados fora da escola, não somente comométodo de tornar o trabalho mais 
interessante para a criança, mas pelo valor educacional das atividades envolvidas, 
permitindo oferecer a ela ideias e ideais corretos e apropriados sobre a vida cotidiana. 
Por isso, cumpre trazer para a escola, os jogos desenvolvidos fora do horário escolar, 
como garantia de que, no ambiente escolar, seja possível reviver, com segurança, o 
aspecto próprio de vida social democrática. 
Para Dewey (apud KISHIMOTO, 2013, p. 100), as possibilidades oferecidas 
pelos jogos ou representações teatrais são perduráveis, pois para o autor, é sempre 
possível encontrar um assunto que vai oferecer às crianças oportunidade de melhorar o 
aprendizado da leitura, escrita, Literatura, História, Geografia, do que através da rotina 
dos livros didáticos. 
Os jogos estabelecem elos soberanos de ligação entre poderes e necessidades 
infantis, de um lado, e requisitos de renovação dos valores inseparáveis às experiências 
sociais, de outro. Para a criança é o exercício e a preparação para a vida adulta. A 
criança aprende brincando; é o exercício que a faz desenvolver suas potencialidades. As 
mais variadas metodologias podem ser eficazes se forem adequadas ao modo de 
aprender da criança (DEWEY apud KISHIMOTO, 2013). 
Já são conhecidos muitos benefícios de certos jogos. Porém, é importante que o 
educador, ao utilizar um jogo, tenha definidos os objetivos a alcançar e saiba escolher o 
jogo adequado a cada momento educativo. Enquanto a criança brinca, incorpora 
valores, conceitos e conteúdos. A proposta de ir além do jogo, do ato de jogar, para o 
ato de antecipar, preparar e confeccionar o próprio jogo, antes de jogá-lo, é essencial ao 
processo, pois amplia a capacidade do jogo em outros contextos, como exercícios, 
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desenvolvimento de habilidades, potencialidades e na terapia de distúrbios específicos 
de aprendizagem. 
Assim, os educadores podem ministrar conteúdos e realizar avaliações de 
forma mais atraente e motivadora, atingindo diferentes objetivos simultaneamente. As 
atividades que exigem maior esforço e concentração, tais como o preparo de peças 
pequenas, o quadriculado, diferentes dimensões de espaço e precisão de detalhes, 
colaboram para diminuir o nível de ansiedade da criança, pois ela necessita se 
concentrar e até mesmo os mais dispersos passam a adquirir gradativamente um maior 
poder de atenção nas tarefas que estão desenvolvendo (DEWEY apud KISHIMOTO, 
2013). 
Segundo Lopes (2000), os jogos desenvolvem na criança o respeito a regras; 
através delas, a criança manifesta a permanência de seu ser, sua vontade e sua 
autonomia. Através da confecção de jogos, a criança poderá ter novas experiências, 
errar, acertar, construir, criar, copiar, desenvolver planos e isto aumentará sua 
autoestima, revelando que é capaz, que pode usar o jogo pronto, mas também pode fazer 
muitas coisas para ela própria. 
O desenvolvimento da autonomia na criança é aspecto fundamental para a 
maturidade emocional e o equilíbrio entre o psíquico e o mental. Alguns jogos 
proporcionam a oportunidade do exercício motor, desenvolvendo assim essa habilidade 
tão importante para a alfabetização. Algumas atividades proporcionam oportunidades 
para a criança perceber, relacionar e organizar espaços externos, possibilitando a 
introjeção dessa organização. A criança aprenderá a controlar os segmentos de seu 
corpo para a realização prazerosa de tarefas antes exaustivas. Atividades minuciosas, 
com peças e espaços pequenos para pintar, colar recortar, ou a visualização de objetos 
diferentes dentro de um conjunto, podem auxiliar no desenvolvimento da atenção. 
Prever, calcular e montar uma estratégia são aspectos de raciocínio fundamentais para a 
ampliação da visão de mundo do indivíduo (LOPES, 2000). 
Alguns jogos facilitam o desenvolvimento dessas habilidades: apresentando 
diferentes sons à criança, ela vai aprendendo a distingui-los. É muito importante, que o 
educador trabalhe sempre com o objetivo de desenvolver, cada dia mais, a capacidade 
de raciocínio lógico da criança. Todos os jogos que exijam antecipação, planejamento e 
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estratégia estimulam a criança a raciocinar. O educador tem como tarefa facilitar esse 
desenvolvimento dando espaço e permissão, sem censuras ou críticas. Para o processo 
de alfabetização, essa habilidade é de extrema importância, pois inicialmente a criança 
separa as partes de uma palavra, seja em letras ou sílabas, para depois uni-las ao 
conjunto, que são as palavras e as frases (LOPES, 2000). 
Para Piaget (1990), a brincadeira, enquanto processo assimilativo, participa do 
conteúdo da inteligência, à semelhança da aprendizagem. Na concepção de Vygotsky 
(apud KISHIMOTO, 1998, p. 123), a brincadeira é considerada como situação 
imaginária e o desempenho de papéis é conduta predominante a partir de três anos, 
sendo fruto de influências sociais recebidas ao longo dos anos anteriores. 
Na visão de Bruner (apud KISHIMOTO, 1998, p. 124), as brincadeiras infantis 
estimulam a criatividade, mas na interpretação de Chomsky, elas visam conduzir à 
descoberta das regras e colaborar com a aquisição da linguagem. Segundo Brougère 
(1993 apud KISHIMOTO, 1998, p. 124), as metáforas dos jogos aparecem em várias 
áreas e na visão de outros autores o jogo livre, sem constrangimentos, se opõe à norma e 
a toda regra fixa. 
Mead (1972) reconhece o jogo como uma estrutura aberta, que permite 
descobertas, em que jogos coletivos apresentam analogias com as relações que se 
estabelecem entre os indivíduos dentro de uma sociedade. Para Henriot (1987 apud 
KISHIMOTO, 1998, p. 125), não se pode chegar ao jogo, se não há a conjunção de uma 
conduta subjetiva e uma situação objetiva. O surgimento de novos paradigmas, partindo 
de pressupostos sociais e da linguística, oferece novos fundamentos teóricos ao papel 
dos brinquedos e brincadeiras na educação pré-escolar. 
 
1.3 Tipos de brinquedos, jogos e brincadeiras 
 
O brinquedo (ou jogo educativo) data do tempo do Renascimento e ganhou 
força com o crescimento da educação infantil; com fins pedagógicos, é um importante 
instrumento para situações de ensino-aprendizagem e de desenvolvimento infantil. Ele 
adquire a função lúdica quando propicia ao aluno diversão e prazer, quando escolhido 
voluntariamente; e a função educativa, quando ensina ao aluno qualquer coisa que 
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complete o seu saber, seus conhecimentos e sua compreensão do mundo (KISHIMOTO, 
1999, p. 36-38). 
Para Linn (2010, p. 43), os brinquedos se classificam em estruturados e não-
estruturados: 
Brinquedos estruturados são baseados em características de mídias, que só 
podem ser usados de uma única maneira e que requerem o mínimo de esforço 
das crianças. Eles limitam suas habilidades de interagir com o brinquedo, de 
imprimir nele suas características pessoais, de usá-lo como forma de se 
expressar e de conquistar uma sensação de domínio sobre seu mundo. Com 
brinquedos não-estruturados, os “valores da brincadeira” estão muito mais na 
criança. Dessa forma, ela precisa confiar em seus próprios recursos para 
conduzir a brincadeira. Blocos de madeira são um exemplo de brinquedo 
não-estruturado. 
 
1.4 Brincadeiras tradicionais infantis 
 
 A brincadeira tradicional infantil faz parte da cultura popular e, sendo um 
elemento folclórico, assume características de anonimato, tradicionalidade,transmissão 
oral, conservação, mudança e universalidade, garantindo à criança a presença do lúdico 
e do imaginário, tais como: amarelinha, pipa, jogo de pedrinhas, pião e parlendas 
(KISHIMOTO, 1999, p. 38). 
Segundo Kishimoto (1999), a tradicionalidade e universalidade, características 
das brincadeiras, nos mostram que até os povos antigos, como os gregos, já brincavam 
de amarelinha, empinar papagaio, jogar pedrinhas, brincadeiras essas que até hoje são 
vivenciadas pelas crianças. As brincadeiras preservam, muitas vezes, sua estrutura 
inicial por conta de sua expressão oral, sendo passadas de geração em geração, de forma 
espontânea, perpetuando assim a cultura infantil. 
 Nas brincadeiras, as crianças começam a vivenciar conteúdos, os quais elas irão 
reproduzir e transformar, apropriando-se deles e lhes dando uma significação. Assim, a 
brincadeira é a entrada da criança na cultura, tal como ela existe em determinado 
momento, mas também com todo um peso histórico pertencente à sociedade. Portanto, a 
brincadeira pressupõe um aprendizado social, pois aprendemos formas, regras e 
habilidades para assim brincarmos (BROUGÉRE, 1995). O resgate das brincadeiras 
tradicionais seria uma forma de valorizar a cultura lúdica infantil, promovendo o 
desenvolvimento físico, psicológico e social das crianças. 
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1.5 Brincadeiras de faz de conta 
 
A brincadeira de faz de conta é reconhecida também como simbólica, de 
representação de papéis ou sociodramática; é a que mais deixa em evidência a presença 
da imaginação que vem de experiências anteriores, adquiridas pelas crianças, em 
diferentes contextos, ou seja, família, escola e sociedade. Essa modalidade de 
brincadeira é muito importante para a aquisição do símbolo, porque quando a criança 
consegue mudar o significado de objetos e situações, ela cria novos significados, 
desenvolvendo a função simbólica: 
• Representação e linguagem: a boneca é meu bebê; 
• Símbolos: na maioria das vezes, abstratos; 
• Cenário: um pano se transforma em uma casa ou cabana para a criança 
(KISHIMOTO, 1999, p. 39). 
 
1.6 Brincadeiras de construção 
 
 Para Dahl (2017), o que caracteriza as brincadeiras de construção é que a criança 
constrói objetos grandes com objetos menores, manipulando-os. Uma variedade de 
atividades é envolvida nesse processo, como empilhar, rearranjar, montar, desmontar, 
desenhar e moldar. Nessa perspectiva, o RCNEI (BRASIL, 1998) recomenda que o 
professor de Educação Infantil organize situações para que as brincadeiras de 
construção ocorram de maneira diversificada para propiciar às crianças a possibilidade 
de escolherem os temas, papéis, objetos e coleguinhas com quem brincar, elaborando de 
forma pessoal e independente suas emoções, sentimentos, conhecimentos e regras 
sociais (BRASIL, 1998, p. 29). 
Os jogos de construção são importantes para enriquecer a experiência 
sensorial, estimular a criatividade e desenvolver habilidades da criança. Quando está 
construindo, a criança está expressando suas representações mentais, além de manipular 
objetos, o que permite aos terapeutas o diagnóstico de dificuldades de adaptação e aos 
educadores o estímulo da imaginação e o desenvolvimento afetivo e intelectual. Os 
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blocos de construir são muito utilizados pelas crianças nas brincadeiras de construção 
(KISHIMOTO, 1999, p. 40). 
 
1.7 Tipos de jogos 
 
A classificação dos jogos tem como objetivo padronizar e mostrar a sua função 
dentro de um programa de conteúdo ou de recreação, auxiliando os educadores e demais 
profissionais em sua escolha. Assim, na infância, os jogos de exercício, por exemplo, 
também classificados por Piaget (1990) como jogos sensório-motores, aparecem no 
primeiro período de desenvolvimento da criança (período sensório-motor). Eles são 
fundamentais, pois é nesse período que a criança começa a explorar o mundo, a 
conhecer seus sentidos, sensações e movimentos. Esse período é acentuado 
principalmente nos dezoito primeiros meses, apesar de permanecer por toda a vida. 
Ainda para Piaget (1990), os jogos simbólicos ocorrem principalmente no 
período entre dois até os sete anos, é a fase em que a criança começa a representar e a 
simbolizar alguma atividade da vida real. O jogo simbólico permite que a criança 
desenvolva a imaginação, compreenda o mundo e a realidade. A partir dos sete anos, a 
criança vai se adaptando às realidades físicas e sociais; vai deixando de se dedicar às 
transposições simbólicas e começa a se voltar para a existência verdadeira, passando a 
se interessar por outros tipos de jogos. 
Tanto os jogos sensório-motores, quanto os jogos simbólicos são classificados 
por Lopes (2000, p. 51), nas seguintes categorias: 
• Quebra-cabeça, cujos objetivos são: desenvolvimento da coordenação 
motora fina, percepção, regras e controle da ansiedade; 
• Jogo da memória, cujos objetivos são: atenção, concentração, criatividade, 
regras e socialização; 
• Jogo de damas, cujos objetivos são: memorização, atenção, concentração, 
autoestima e controle de ansiedade; 
• Jogo do mico/mico alfabético, cujos objetivos são: identificação, 
classificação, coordenação motora fina, relação entre figura e escrita, regras, 
memorização e socialização; 
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• Jogo das adivinhações, cujos objetivos são: identificação, classificação, 
raciocínio lógico; 
• Dominó, cujos objetivos são: fixação de conteúdos, conceitos matemáticos, 
estratégia e planejamento; 
• Jogos com cubos, cujos objetivos são: raciocínio lógico-matemático, 
alfabetização e memória auditiva e visual. 
 
2 Pesquisa de campo 
 
Para o melhor entendimento do tema pesquisado, foi realizada pesquisa de 
campo de cunho qualitativo, com coleta de dados, por meio de questionário com 18 
questões abertas, sendo oito referentes ao perfil das pesquisadas e 10 de caráter 
específico, relacionado à temática investigada. O questionário foi aplicado a sete 
professoras, sendo quatro de escolas da rede particular da cidade de Osasco e as outras 
três de escolas municipais da mesma cidade. 
 
2.1 Metodologia 
 
A análise dos dados coletados na pesquisa de campo foi realizada com base no 
modelo qualitativo descritivo. Por metodologia qualitativa entende-se aquele modelo 
que não pode ser quantificável e mensurável, pois a realidade e o sujeito são elementos 
indissociáveis. Assim, “quando se trata do sujeito, levam-se em consideração seus 
traços subjetivos e suas particularidades. Tais pormenores não podem ser traduzidos em 
números quantificáveis” (DUARTE, 2017, s/p), sendo necessário um método de análise 
que permita alcançar, comparar e analisar opiniões, valores, posturas e comportamentos, 
que é do que se trata nesta monografia. 
A análise dos dados segue a abordagem descritiva. Segundo Marconi e Lakatos 
(2011), o método descritivo é aquele que visa à descrição de certa realidade pesquisada. 
Com base nos dados coletados, foi possível construir o perfil das professoras, que é 
apresentado a seguir. 
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2.2 Perfil das professoras pesquisadas 
 
A seguir apresentam-se as informações referentes ao perfil das professoras 
pesquisadas, de acordo com os dados coletadosnos questionários respondidos por elas: 
 
Tabela 1 – Perfil das professoras pesquisadas 
ENTREVISTADA SÉRIE IDADE ESTADO CIVIL FILHOS FORMAÇÃO INSTITUIÇÃO TEMPO/MAGISTÉRIO
Vitória Berçário 23 União Estável 1 Pedagogia Cursando Anhanguera 5 meses
Marisa Maternal I 21 Solteira 0 Pedagogia Cursando Estácio de Sá 8 meses
Beatriz Pré 29 Solteira 0 Pedagogia Não informado 3 anos
Manuela Jardim 24 Solteira 0 Pedagogia Sud. Paulistano 4 anos
Isabel Pré 35 Solteira 0 Pedagogia Anhanguera 4 anos 
Regina Pré 51 Casada 2 Pedagogia Unifieo 16 anos
Laura Maternal II 38 Casada 1 Pedagogia Univ. Sorocaba 22 anos 
 Fonte: Tabela elaborada pelas autoras deste trabalho 
 
2.3 Apresentação dos dados e análise dos resultados 
 
Apresentam-se, a seguir, as 10 questões específicas relacionadas à temática 
deste trabalho, que foram respondidas pelas professoras, seguidas de suas respostas e 
das análises correspondentes. 
1) Você utiliza os jogos e as brincadeiras como formas de socialização das 
crianças em sala de aula? Como? Explique. 
Todas as professoras utilizam os jogos e as brincadeiras em sala de aula para 
promover a socialização dos alunos. Às vezes, elas escolhem os brinquedos e, em outros 
momentos, os jogos e as brincadeiras são direcionados para atingir os objetivos 
propostos, tais como: regras, interação, respeito, resolução de conflitos, diferenças, 
criatividade, responsabilidade, vínculo de amizade e a partilha. As brincadeiras 
utilizadas pelas professoras são: faz de conta, bonecas (os), cantinhos montados 
(supermercado, danceteria, salão de beleza, contação de histórias, fantasias, etc.). 
As respostas remetem a Dewey (apud KISHIMOTO, 2013), quando ele afirma 
que os jogos estabelecem elos soberanos de ligação entre poderes e necessidades 
infantis, de um lado, e requisitos de renovação dos valores inseparáveis das experiências 
sociais, do outro. Para a criança, os jogos e as brincadeiras funcionam como exercício e 
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preparação para a vida adulta. A criança aprende brincando; é o exercício que a faz 
desenvolver suas potencialidades. As mais variadas metodologias podem ser eficazes se 
forem adequadas ao modo de conviver da criança. 
2) Na sua visão, qual a importância dos jogos e brincadeiras no 
desenvolvimento global da criança? 
Segundo as professoras, os jogos e as brincadeiras são importantes porque 
desenvolvem habilidades, regras de convivência, lateralidade, coordenação motora 
global, os sentidos, a concentração e o desenvolvimento cognitivo, auxiliando na 
fixação da aprendizagem, no enriquecimento do vocabulário e na expressão simbólica: 
fantasias, medos, desejos, sentimentos, sexualidade e agressividade. Além disso, os 
jogos e as brincadeiras tornam o aprendizado estimulante, agradável, eficaz e de fácil 
compreensão. Uma delas respondeu que “a criança é mais visual do que auditiva e 
aprende brincando”. As respostas das professoras lembram o que escreveu Lopes (2000) 
quando afirma que, por meio dos jogos, as crianças poderão ter novas experiências e 
que isso aumentará sua autoestima. 
3) Os alunos desenvolvem habilidades cognitivas por meio de jogos, 
brinquedos e brincadeiras? Quais? Cite algumas. 
Na visão das professoras sim, tais como, memória, atenção, percepção, leitura, 
escrita, pensamento simbólico, sentidos, respeito, regras do dia a dia, cores, tamanho, 
afetividade, habilidades (sociais, motoras e cognitivas), estimula o pensamento e a 
ordenação do tempo e espaço, traduzindo o real para o imaginário. 
As respostas confirmam a visão de vários autores (LOPES, 2000; CHATEAU, 
1987; KISHIMOTO, 1999; BROUGÈRE, 1995) que são unânimes em afirmar que os 
jogos, brinquedos e brincadeiras auxiliam a criança em deu desenvolvimento mental e 
físico, assim como, em seu desempenho escolar. Essas atividades têm importante papel 
na formação da criança como um todo, pois quando a criança brinca ela viaja através da 
imaginação, e o brincar faz parte da natureza dela, seja apenas no brincar por brincar, ou 
no brincar para aprender. 
4) Quais jogos você utiliza com seus alunos? 
As respondentes citaram jogos de bola, jogos de encaixe, massa de modelar, 
bola de sabão, bonecas, carrinhos, monta-monta, quebra-cabeça, jogo da memória, 
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percurso, jogo simbólico, lego, bingo de letras e jogos dos pares. Os jogos citados pelas 
professoras são indicados para a educação infantil e remetem tanto aos jogos de 
exercício, classificados por Piaget (1990) como jogos sensório-motores, quanto aos 
jogos simbólicos, que ocorrem principalmente no período entre os dois e os sete anos. 
5) Qual o objetivo de usar esses jogos? 
As professoras utilizam os jogos com o objetivo de desenvolver as seguintes 
capacidades: atenção, memorização, criatividade, raciocínio lógico, concentração, 
coordenação motora, memória, partilha, socialização e apropriação de regras. Esses 
jogos, citados pelas respondentes, confirmam a visão de Lopes (2000), quando essa 
autora afirma que, por meio deles, a criança desenvolve a imaginação, compreende o 
mundo e a realidade que a cerca, além de estimular diversas habilidades (coordenação 
motora fina, percepção de regras, controle da ansiedade, atenção, concentração, 
criatividade, socialização, memorização, relação entre figura e escrita, classificar e 
seriar, raciocínio lógico, conceitos matemáticos, estratégia e planejamento, 
alfabetização, memória auditiva e visual). 
6) Quais brincadeiras você utiliza com seus alunos? Qual o objetivo de utilizar 
essas brincadeiras? 
Segundo as respostas das professoras as brincadeiras utilizadas são: roda 
cantada, brincadeira de corda, esconde-esconde, estátua, batata quente, lencinho branco, 
continuar a música, queimada, roda, bola, peteca, cauda da serpente, pega-pega, pato 
ganso, vivo ou morto, chefinho mandou, casinha, piscina de bolinhas, pula-pula, caixa 
surpresa, gangorra, balanço, rabo do burro. Os objetivos são: desenvolvimento motor, 
flexibilidade do corpo, empatia, atenção, autoavaliação, autoestima, fala e autonomia. 
Pelas respostas, percebe-se que as brincadeiras mesclam recursos tradicionais, 
como esconde-esconde e pular corda, ao mesmo tempo em que utilizam elementos 
novos, como a piscina de bolinhas. Os objetivos mencionados pelas professoras 
remetem ao desenvolvimento de habilidades motoras, individuais/pessoais e sociais. O 
desenvolvimento da autonomia na criança, por exemplo, como escreve Lopes (2000), é 
aspecto fundamental para a maturidade emocional e o equilíbrio entre o psíquico e o 
mental. Alguns jogos proporcionam a oportunidade do exercício motor, desenvolvendo 
assim essa habilidade tão importante para a alfabetização. Algumas atividades 
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proporcionam oportunidades para a criança perceber, relacionar e organizar espaços 
externos, possibilitando a introjeção dessa organização. 
7) Quais brinquedos você utiliza com seus alunos? 
Os brinquedos mais citados foram: jogos de encaixe, jogos pedagógicos, 
carrinho, boneca, bicho de pelúcia, quebra-cabeça, lego, casinha de boneca, dominó e 
massa de modelar. Percebe-se, pelas respostas, que há uma mescla ou uma combinação 
entre brinquedos e jogos, sendo os jogos considerados como brinquedos. Isso confirma 
a visão de Kishimoto (1999), quando essa autora diz que muitos professores de 
Educação Infantil têm dúvidas do que sejam exemplos de jogos e materiais 
pedagógicos,pois os brinquedos são sempre suportes de brincadeiras e sua utilização 
deveria criar momentos lúdicos de livre exploração. 
8) Qual o objetivo de utilizar esses brinquedos? 
Os principais objetivos que as professoras buscam desenvolver são: 
socialização, coordenação motora, criatividade, interação, ludicidade, autonomia, 
convivência, respeito, partilha e imaginação. Esses fins educacionais confirmam, na 
prática, o que Kishimoto (2013) escreveu, quando afirmou que são conhecidos muitos 
benefícios dos brinquedos, em sala de aula. Mas, é importante que o educador, ao 
utilizar os brinquedos, tenha definidos os objetivos a alcançar e saiba escolher os mais 
adequados para cada atividade, pois enquanto a criança brinca, incorpora valores, 
conceitos e conteúdos, o que proporciona o desenvolvimento de habilidades e 
potencialidades, atingindo diferentes objetivos simultaneamente. 
9) Todos os dias você utiliza brincadeiras com as crianças? Como elas reagem? 
As professoras relataram que utilizam todos os dias as brincadeiras com os 
seus alunos e que eles reagem com alegria e ansiedade, acrescentando ideias; mas, nem 
todos participam ativamente; depende dos tipos de brincadeiras e dos momentos em que 
elas são utilizadas. Para Brougère (1987 apud KISHIMOTO, 2013), nessa idade em que 
as crianças se encontram, na Educação Infantil, é preciso, sobretudo, dançar, correr, 
saltar, mover-se por si próprio, senão vai se tornar pouco interessante para elas. 
Nesse sentido, Dewey (apud KISHIMOTO, 2013) alerta que as brincadeiras 
devem ser utilizadas não somente como método de tornar o trabalho mais interessante 
para a criança, mas pelo valor educacional das atividades envolvidas, permitindo 
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oferecer a ela ideias e ideais corretos e apropriados sobre a vida cotidiana. 
10) Esses jogos, brinquedos e brincadeiras estão previstos em seu plano de 
ensino ou você improvisa em sala de aula? 
As professoras informaram que alguns já fazem parte do plano de aula e outros 
são improvisados conforme o andamento da aula, dependendo do dia e do momento, de 
acordo com as necessidades dos alunos e do nível de interesse. Disseram ainda que os 
alunos são adeptos das brincadeiras, mas que nem todos participam. Na concepção de 
Kishimoto (1998) a escola tem por objetivo proporcionar ao aluno a aquisição de 
conhecimentos e o capacitar para realizar as atividades dentro e fora da escola, visando 
sempre um melhor resultado; assim, é necessária uma ação dirigida e orientada para 
atingir as finalidades pedagógicas. Quando se emprega um jogo, brinquedo ou 
brincadeira em sala de aula, eles se transformam em um meio para a realização daqueles 
objetivos que foram previstos, planejados nos planos de ensino e não devem ser 
improvisados. 
 
Considerações finais 
 
Para a realização deste estudo foram pesquisadas sete professoras, na área de 
Educação Infantil, e todas foram unânimes em afirmar a importância dos jogos, 
brinquedos e brincadeiras para o desenvolvimento das crianças, nessa fase da educação, 
tanto no aspecto lúdico, como para auxiliar na aprendizagem dos alunos. 
Quanto aos problemas de pesquisa, elaborados inicialmente, como vetores 
deste trabalho, a saber: 1) A brincadeira faz parte do cotidiano das crianças na Educação 
Infantil? 2) Uma atividade com jogos e brincadeiras promove o aprendizado e o 
desenvolvimento de diferentes habilidades das crianças? Ambos foram plenamente 
respondidos, por meio das respostas obtidas. 
As professoras afirmaram que os jogos, brinquedos e brincadeiras fazem parte 
do dia a dia das crianças na Educação Infantil e que auxiliam no desenvolvimento, na 
coordenação motora, na socialização, na criatividade, na interação, no lúdico, na 
autonomia, na convivência, no respeito, na partilha e na imaginação. Os jogos, 
brinquedos e brincadeiras aparecem nas respostas das professoras com um caráter 
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lúdico, sobretudo, relacionado a valores e conteúdos. Assim, quando bem planejados, 
são um recurso pedagógico eficaz para a construção do conhecimento. 
Quanto à primeira hipótese formulada: “As brincadeiras fazem parte do 
cotidiano das crianças, auxiliando no aprendizado e proporcionando aulas mais 
atrativas”, essa hipótese foi confirmada pelas respostas das professoras que foram 
unânimes em afirmar que os jogos, brinquedos e brincadeiras contribuem ao 
desenvolvimento da aprendizagem, em seus mais variados aspectos, assim como 
desenvolvem diferentes capacidades na criança, além de formar sua identidade e 
personalidade. 
Com relação à segunda hipótese: “Os jogos e as brincadeiras são ferramentas 
utilizadas pelos professores da Educação Infantil, no desenvolvimento das diferentes 
habilidades”, também foi confirmada, pois se constatou que essas atividades fazem 
parte dos planos de ensino das professoras, mas também são utilizadas de forma 
espontânea e improvisadas, no dia a dia da sala de aula, como meios para o 
desenvolvimento de habilidades e como facilitadores da aprendizagem dos alunos. 
Percebe-se, então, com base no estudo bibliográfico e de campo, que os jogos, 
brinquedos e brincadeiras fazem parte do cotidiano da criança desde o seu nascimento. 
Por isso, é muito importante que no início de sua vida acadêmica esses recursos 
continuem fazendo parte do seu cotidiano escolar, tornando o aprendizado mais 
prazeroso e eficiente, porque quando a criança aprende brincando ela fixa e internaliza o 
aprendizado e quando ela aprende de maneira mecânica ela aprende por um momento, 
mas não internaliza e se esquece, rapidamente. 
Portanto, os autores pesquisados e as profissionais que responderam ao 
questionário, nos deram grandes contribuições no sentido de nos mostrar que o trabalho 
com crianças, na Educação Infantil, pressupõe a utilização de jogos, brinquedos e 
brincadeiras, no planejamento de situações educacionais, como importantes ferramentas 
que tornam a aprendizagem mais prazerosa e significativa, proporcionando a integração 
ao meio social e constituindo fontes essenciais para o processo de ensino como 
instrumento de desenvolvimento afetivo e respeito mútuo, não apenas entre os próprios 
alunos, mas destes com os adultos e com a própria vida. Afinal, como escreveu o grande 
dramaturgo irlandês Oscar Wilde, “a melhor maneira de tornar as crianças boas, é torná-
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las felizes” (WILDE apud MAIA, 2016, p. 18). 
 
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MEC/SEF,1998. 
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CHATEAU, Jean. O jogo e a criança. Novas buscas em educação. Paulo: Summus, 
1987. 
DAHL, Elizabeth. O que é brincadeira de construção? Disponível em: 
<http://www.ehow.com.br/brincadeira-construcao-fatos_65393/>. Acesso em: 22 abr. 
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DUARTE, Vânia Maria do Nascimento. Pesquisa quantitativa e qualitativa. 
Disponível em: <http://monografias.brasilescola.uol.com.br/regrasabnt/pesquisa-
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KISHIMOTO, Tizuko Morchida (Org.). Jogo, brinquedo, brincadeira e educação. 
São Paulo: Cortez, 1999. 
 
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<http://criancaeconsumo.org.br/wp-content/uploads/2014/02/Crian%C3%A7a-e-
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MAIA, Fernando. Contando estrelinhas com os dedos. Lisboa: Chiado, 2016. 
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2011. 
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MEAD, G. H. Espiritu, Persona y Sociedad: desde el punto de vista deI condutismo 
social. Buenos Aires: Paidós, 1972. 
PIAGET, Jean. A formação do símbolo na criança. Rio de Janeiro: LTC, 1990. 
 
Recebido em 20/08/2017 
Aceito em 10/10/2017 
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