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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL CAMPUS DO PANTANAL CURSO DE DIREITO DISCIPLINA: DIREITO EMPRESARIAL I TURMA: T01 DOCENTE: SILVIA TAVARES AULAS EAD Queridas alunas e queridos alunos, Sugiro que, antes de começarem a ler o material, já deixem seu editor de texto aberto para já fazerem seus resumos. Isso evita que vocês acumulem tarefas. Agora daremos início à nossa última Unidade, para tratarmos do Direito Societário, a parte do Direito Empresarial que se dedica ao estudo das sociedades – em especial, da Sociedade Empresária, que é um dos tipos de Empresário que já estudamos. Sociedades são as pessoas jurídicas de direito privado que destinam seus esforços à atividades econômicas, com fins lucrativos, para repartir entre os sócios – e isto as diferencia das associações, que não possuem fins econômicos, nem intuito lucrativo. UNIDADE IV – DIREITO SOCIETÁRIO: conceito de sociedade empresária; personalização da sociedade empresária; tipos de sociedade; classificação das sociedades empresárias; sociedades personificadas e não-personificadas; microempresa e empresa de pequeno porte; operações societárias (transformação, incorporação, fusão e cisão); dissolução, liquidação e extinção das sociedades em geral; teoria da desconsideração da personalidade jurídica. 1) Conceito de Sociedade Empresária • Lembremos que as Sociedades podem ser de dois tipos: a) Sociedade Simples b) Sociedade Empresária • Apenas repetirei o que já vimos no item 2.2.1 da Unidade II: com base nos artigos 981 e 982 do CC, considera-se empresária a Sociedade que exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. • Não se caracterizando a Sociedade como Empresária, teremos as Sociedades, já mencionadas brevemente em aulas anteriores, uma vez que são objeto de estudo do Direito Civil. • Segundo André Luiz Santa Cruz Ramos (2013, p. 214-215), a presença das sociedades empresárias no mercado é mais marcante do que a dos empresários individuais, porque “os empreendedores sempre procuram minimizar seu risco empresarial, e a melhor forma de fazê-lo é constituir uma sociedade, uma vez que nesse caso haverá a separação patrimonial e a possibilidade de limitação de responsabilidade”. 2) Personalização da Sociedade Empresária • Neste ponto, entenderemos como ocorre a personalização da sociedade empresária, ou seja, como surge, como nasce uma sociedade empresária e quais as consequências disso. Já falamos sobre isso quando estudamos o registro na Junta Comercial e voltaremos brevemente neste assunto. Mas antes de tratarmos dele, falaremos sobre Sociedades que não são personificadas. 2.1) Sociedades Não-Personificadas • Não possuem personalidade jurídica e não são empresárias • Há dois tipos delas: a Sociedade em Comum e a Sociedade em Conta de Participação a) Sociedade em Comum (ou Sociedade Irregular ou Sociedade de Fato) • Tem previsão nos artigos 986 a 990 – CC. • Está em irregularidade, em desarmonia com a lei. Nunca foi a registro ou foi, mas sofreu alguma alteração com o tempo e nunca voltou a renovar o registro • Por sua irregularidade, receberá inúmeras penalidades. Por exemplo: não pode licitar, não pode usar Recuperação Judicial, há responsabilidade ilimitada dos sócios (claro, não há personalidade jurídica aqui), enfim, não fazem jus aos benefícios da Sociedade Empresária. • O terceiro contratante pode provar a existência dela por qualquer meio de prova. Mas os sócios apenas podem comprovar que havia sociedade por meio de algum documento escrito. Observem como é uma relação frágil para os sócios. • Não confundam a existência da sociedade com a ausência de personalidade jurídica: mesmo irregular e mesmo sem personalidade, ela existe e os credores podem cobrar dela. Uma das consequências disso é expor o patrimônio pessoal dos sócios. b) Sociedade em Conta de Participação • Tem previsão nos artigos 991 a 996 – CC. • Doutrina majoritária afirma que não é uma sociedade, mas um contrato (nem precisa ser escrito, porque são sociedades muito informais). Falar “sociedade” parece ser mais um erro técnico do legislador. • Esse contrato produz efeitos apenas entre os sócios e pode ser registrado ou não (sem obrigatoriedade) em um Cartório Civil de Títulos e Documentos, mas isso não dá personalidade jurídica à sociedade. Atenção para isto • Para Ramos (2013, p. 233), é um “contrato especial de investimento”, sendo “incoerente chamar de sociedade a conta de participação, uma vez que ela não possui personalidade jurídica”. Segundo o mesmo autor (p. 235), ela normalmente surge para “a realização de empreendimentos temporários ou até mesmo para a realização de determinado negócio específico, extinguindo-se posteriormente”. • Há dois tipos de sócios envolvidos: o sócio ostensivo e o sócio participante. O ostensivo é quem responde perante terceiros, exercendo a atividade em nome individual e respondendo sozinho pelas obrigações contraídas. O participante responde pelas atividades apenas internamente, entre os sócios, não aparecendo para terceiros. Caso o participante apareça perante terceiros, responderá solidariamente com o ostensivo (artigo 993, Parágrafo Único). • Para a doutrina, funciona como uma “sociedade secreta”, já que, perante terceiros, apenas existe o sócio ostensivo, mas, internamente, existe uma “sociedade”, ou melhor, uma relação contratual entre os sócios (ostensivo e participantes) que não interessa a terceiros. • Sócio participante: na sua vida íntima, se ele vai à falência, isso não afeta o contrato da Sociedade em Conta de Participação → Por outro lado, vejamos o Sócio Ostensivo: se ele vai à falência, ocorre a dissolução da Sociedade (artigo 994, §2º), uma vez que ele é quem responde pelas obrigações da sociedade perante terceiros. • E o que ocorre se o Ostensivo vai à falência e fica em débito com os Participantes? → Vamos antes entender uma coisa: como não estamos falando de uma Sociedade Empresária, a Sociedade em Conta de Participação não tem capital social, mas apenas um patrimônio especial, um patrimônio de afetação (ou seja, um conjunto de bens destinados a determinada atividade). Esse patrimônio especial não tem relação com terceiros. Por quê? De novo, porque quem responde aos terceiros é somente o Sócio Ostensivo. O patrimônio especial, então, apenas produz efeitos entre os sócios. → Então, respondendo à pergunta inicial: se o ostensivo vai à falência, os sócios participantes que tenham direito a algum crédito não irão utilizar esse patrimônio especial diretamente. Eles deverão se habilitar no processo de falência como credores quirografários (ou seja, aqueles que ficam no final da fila, sem garantia nenhuma de que realmente receberão). Apenas segurem essa informação, porque vocês entenderão isso melhor no próximo semestre, que falará sobre Falência. Ficamos por aqui por enquanto. Até mais! Obrigada! Referências: RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Direito Empresarial Esquematizado. São Paulo: Método, 2013.
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