Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 2 3 SUMÁRIO 1. CONCEITUANDO E DEFININDO PLANEJAMENTO SOCIAL. .............................................. 4 2. PRINCÍPIOS .............................................................................................................................. 6 3. DIMENSÕES DO PLANEJAMENTO ....................................................................................... 9 4. PILARES DO PLANEJAMENTO............................................................................................ 13 4.1. PLANO ................................................................................................................................. 14 4.2. PROGRAMA ........................................................................................................................ 15 4.3. PROJETO ............................................................................................................................ 16 5. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ....................................................................................... 21 6. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E GESTÃO PÚBLICA ................................................... 25 7. PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO ...................................................................................... 27 8. SERVIÇO SOCIAL E A INTERVENÇÃO NA ÁREA SOCIAL. .............................................. 33 9. O SERVIÇO SOCIAL E O PLANEJAMENTO. ....................................................................... 34 10. PLANEJAMENTO SOCIAL: INTENCIONALIDADE E INSTRUMENTAÇÃO ..................... 36 11. INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO GOVERNAMENTAL NO MODELO BRASILEIRO. ..................................................................................................................................................... 40 12. ELABORANDO PLANOS, PROGRAMAS E PROJETOS. ................................................. 42 QUESTÕES DE PROVAS .......................................................................................................... 51 GABARITO ................................................................................................................................. 57 BIBLIOGRAFIA........................................................................................................................... 58 4 Instrumento de trabalho do serviço social A partir deste ponto, estudaremos sobre o planejamento e suas características e importância no processo administrativo. O profissional de serviço social deve apropriar-se do método de planejamento como ferramenta fundamental no trabalho interventivo na realidade trabalhada. 1. CONCEITUANDO E DEFININDO PLANEJAMENTO SOCIAL Na vida secular todos nós temos o costume de planejar alguma coisa, seja um aniversário, uma viagem, um casamento, ou uma formatura. Esse tipo de planejamento pode ser considerado como planejamento ocasional, no qual não se estabelece técnicas e métodos. Então podemos refletir que o processo de planejamento é algo da natureza do ser humano e intrínseca à sua própria natureza racional e social. Assim, o homem é capaz de pensar e agir refletindo no que está ocorrendo, construindo a partir de então seu futuro coletivo ou individual. O homem, desta forma, projeta em sua mente o ato para depois executar e antes de qualquer ação ele planeja. Esse processo cíclico do planejar é conhecido como consciência teleológica. O exercício do planejar deve ser permanente e sistemático, com a finalidade de cumprir com efetividade a missão organizacional. Ou seja, o processo de planejamento envolve a escolha de um destino, aonde se quer chegar, avaliação dos caminhos alternativos e decidir sobre qual direção especificam para alcançar o destino escolhido. O termo planejamento, segundo o grande dicionário unificado da língua portuguesa (2010), significa ato ou efeito de planejar, plano detalhado de trabalho. Porém, planejar significa traçar esquema, projetar, conjeturar. Assim, o processo de planejar envolve uma forma de pensar, esse modo de pensar gera indagações, que envolvem questionamentos sobre o que, como, onde, quem e por que fazer (OLIVEIRA, 2010). 5 A finalidade do planejamento é entendida como o desenvolvimento de processos, técnicas e comportamentos administrativos que possibilitam avaliar os resultados de futuras decisões no presente em detrimento dos objetivos organizacionais. Planejamento, portanto, é um processo contínuo e dinâmico no qual, várias ações integradas e intencionais são direcionadas, para possibilitar a tomada de decisões antecipadamente, através da tentativa de tornar realidade em um objetivo futuro. O planejamento é permeado por princípios específicos que direcionam a organização aos objetivos estabelecidos. 6 2. PRINCÍPIOS a) Participação: O planejamento deve ser elaborado por diversas áreas da organização, e o responsável pelo planejamento deve facilitar o processo de elaboração entre os envolvidos. b) Coordenação: Deve-se estabelecer uma rede interna, na qual todos os aspectos envolvidos no processo deverão atuar de forma independente. c) Integração: Todos os níveis hierárquicos da organização deverão ser planejados de forma integrada. d) Permanência: É importante buscar um plano em um determinado período de tempo. O planejamento é um elemento imprescindível, deve ser flexível, podendo ser realimentado durante o processo para adaptar-se à realidade. Em uma organização, o planejamento pode apresentar-se em três diferentes tipos: Planejamento estratégico: É um procedimento de responsabilidade dos níveis mais altos da organização no que se refere à adoção e formulação de objetivos, na escolha de ações necessárias para atingir os objetivos específicos e a consolidação das metas. Ou seja, o planejamento estratégico dar-se-á quando se decide os meios através dos quais a empresa atingirá os objetivos. É a relação dos objetivos de longo prazo com as estratégias e ações para alcançar tais objetivos, os quais refletem na empresa como todo. Planejamento tático ou funcional: Quando existe a necessidade de qualificar uma determinada área e não a empresa como todo, para a execução do planejamento estratégico. Exemplo: central de atendimento, setor de estoque, etc. Relaciona os objetivos de curto prazo com as estratégias a ações que afetam somente parte da empresa. É desenvolvido pelos níveis intermediários, com a finalidade de utilizar eficientemente os recursos disponíveis para o alcance dos objetivos preestabelecidos. Planejamento operacional: É considerado o planejamento diário. É realizado pelos níveis inferiores, focalizando as atividades cotidianas da empresa, através de planos de ação ou planos operacionais. Sua previsão é de curto prazo e define tarefas 7 específicas e é formalizado por meio de documentos inscritos, e define orçamento, cronograma, entre outros. 2014/CESPE/ POLÍCIA FEDERAL. Com relação ao planejamento como proposta de intervenção na área social, julgue os itens seguintes. O planejamento operacional é detalhado e analítico; abrange cada tarefa ou operação bem como a etapa de supervisão; e deve estar intrinsecamente relacionado ao planejamento tático. Certo / Errado Resposta Correta: Certo. Comentário: O planejamento operacional, efetuado no nível operacional da empresa, envolve a supervisão, sendo detalhado e analítico bem como direcionado para o curto prazo e a cada tarefa ou operação. O planejamento operacional volta-se ao que fazer, como fazer e para quem fazer, visando otimizar e maximizar os resultados. Esse tipo de planejamento deve estar intrinsecamente relacionado ao planejamento tático e ao planejamento estratégico. O profissional de serviço social, para o desenvolvimentode seu trabalho, possui como instrumento fundamental o planejamento. Desta forma, como o administrador, o profissional de serviço social possui a necessidade de conhecer e entender a realidade do processo de planejamento para elaborar suas intervenções. Esse planejamento social pretende utilizar o planejamento estratégico, expandindo para os vários níveis da organização de uma forma harmônica. Para elaborar uma proposta de intervenção, o assistente social deverá estabelecer uma direção, conhecer e problematizar o objeto de ação profissional. Entendendo que o planejamento é um processo contínuo, dar-se-á, portanto, através da dinâmica de reflexão, decisão e ação. 8 a) Reflexão: Nesta etapa ocorre a delimitação do objeto, o conhecimento e estudo da realidade, construção do referencial teórico operativo, levantamento de prováveis hipóteses e coleta de dados. b) Decisão: Neste momento é dada a escolha das alternativas, identificando as prioridades de intervenção, definem-se os objetivos, estabelece-se as metas, os prazos, organização e análises. c) Ação: É o momento da implantação e execução das decisões estabelecidas nas etapas anteriores, bem como definição dos parâmetros de avaliação e controle. Esta fase é considerada o ponto central do planejamento. d) Retomada da reflexão: Dar-se-á através da avaliação crítica das decisões adotadas, do processo de implantação e dos resultados alcançados na execução. REFLEXÃO- DECISÃO-AÇÃO-RETOMADA DE DECISÃO 9 3. DIMENSÕES DO PLANEJAMENTO Ao realizar a análise desse processo cíclico do planejamento percebemos a existência de quatro dimensões que permeiam o processo do planejar: ✓ A dimensão da racionalidade; ✓ Ético-Política; ✓ Valorativa; ✓ Dimensão técnico-administrativa. Essas dimensões referem-se ao processo de planejar primeiro como algo racional, metódico e decorrente do uso da inteligência. Segundo, é um processo de tomada de decisões devendo levar em consideração as relações de poder e os interesses políticos dos diferentes grupos. Em terceiro lugar, o processo de planejamento é norteado por valores desenhados através da formatação das decisões. Por último, o planejamento como uma função da administração é uma atividade inerente à organização que exprime na sua ação os objetivos organizacionais. 2015/CESPE/MPOG. No que se refere ao planejamento como processo técnico- político, julgue o próximo item. O planejamento — como processo permanente e metódico de abordagem racional e científica — supõe uma ação contínua sobre um conjunto de situações em determinado momento histórico. Certo/ Errado Resposta Correta: Certo. Comentário: De acordo com Baptista (2000), o termo planejamento, pela perspectiva de sua dimensão lógico-racional, refere- se ao processo permanente e metódico de abordagem racional e científica de questões que se colocam no mundo social. Enquanto o processo permanente supõe ação contínua sobre um conjunto dinâmico de situações em um determinado momento histórico. O processo metódico de abordagem racional e científica supõe uma sequência de atos decisórios, ordenados em momentos definidos e baseados em conhecimentos teóricos, científicos e técnicos. O PLANEJAMENTO COMO PROCESSO POLÍTICO significa que é um processo contínuo de tomadas de decisões, inscritas nas relações de poder, o que caracteriza ou envolve uma função política. [...] sejam aliados à apreensão das condições subjetivas do ambiente em que ela ocorre: o jogo de vontades políticas dos diferentes grupos envolvidos, correlação de forças, a articulação desses grupos, as alianças ou as incompatibilidades entre os diversos segmentos. Baptista deixa claro: PLANEJAMENTO COMO PROCESSO TÉCNICO-POLÍTICO - o desdobramento desse processo, particular de planejamento se 10 faz a partir do reconhecimento da necessidade de uma ação sistemática perante questões ligadas a pressões ou estímulos determinados por situações que, em um momento histórico, colocam no imediato da prática. 2015CESPE/MPOG. No que se refere ao planejamento como processo técnico- político, julgue o próximo item. Os personagens centrais do processo de planejamento atual, diferentemente do planejamento tradicional, são os profissionais envolvidos na operacionalização dos planos e projetos. Certo / Errado Resposta Correta: Certo. Comentário: Os personagens centrais do processo de planejamento atual são todos os atores envolvidos que participam do processo de tomada de decisão. Fortalecendo o exercício de liberdade e participação. 2014/ FCC/TRF3ª REGIÃO. O planejamento na área social, enquanto processo racional, se organiza em operações complexas e interligadas: reflexão, decisão, ação e retomada da reflexão. Para além dessa dimensão de racionalidade do planejamento, identificamos outra dimensão que dá suporte à ação técnico- administrativa. Essa é denominada como dimensão: a) de planejamento estratégico. b) política. c) de planificação. d) teológica. e) convencional. Resposta Correta: Letra b) política. Comentário: Enquanto processo racional, o planejamento se organiza por operações complexas e interligadas: a) de reflexão - conhecimento dos dados; b) de decisão- que se refere à escolha de alternativas; c) de ação- relacionada à execução das decisões; d) de retomada de reflexão-operação de crítica dos processos e dos efeitos da ação planejada. Essas operações se relacionam num processo dinâmico e contínuo. A Dimensão política do planejamento decorre do fato de que ele é um processo contínuo 11 de tomada de decisões, inscritas na relação de poder, o que caracteriza ou envolve uma função política. 2014/UPENET/IAUPE/Prefeitura de Paulista – PE. Para Baptista (2007), a dimensão política do planejamento decorre do fato de que ele é um processo contínuo de tomadas de decisões, inscritas nas relações de poder, o que caracteriza ou envolve uma função política. De acordo com a autora sobre o processo de planejamento, é CORRETO afirmar que: a) em planejamento, equacionamento corresponde às diferentes escolhas necessárias no decorrer do processo. b) operacionalização refere-se às providências que transformarão em realidade o que foi planejado. c) ação é o conjunto de informações significativas para a tomada de decisões, encaminhadas pelos técnicos de planejamento aos centros decisórios. d) decisão relaciona-se ao detalhamento das atividades necessárias à efetivação das decisões tomadas. e) a função essencial do planejamento, como instrumento técnico, é aumentar a capacidade e melhorar a qualidade do processo de adoção de decisões. Resposta Correta: Letra e) a função essencial do planejamento, como instrumento técnico, é aumentar a capacidade e melhorar a qualidade do processo de adoção de decisões. Comentário: Equacionamento: Corresponde ao conjunto de informações significativas para a tomada de decisões. Operacionalização: Relaciona-se ao detalhamento das atividades necessárias à efetivação das decisões tomadas; Ação: Refere-se as providências que transformarão em realidade o que foi planejado; Decisão: Corresponde às diferentes escolhas necessárias no decorrer do processo. ALGUMAS PERGUNTAS PARA QUEM VAI PLANEJAR: O que se quer fazer? Natureza do Projeto Porque se quer fazer? Origem e fundamentação Para que se quer fazer? Objetivos Quanto se quer fazer? Metas 12 Aonde se vai fazer? Localização Como se vai fazer? Metodologia, ações, atividades Quando se vai fazer? Cronograma Quem vai ser atingido? Beneficiários, comunidade Quem vai executar? Recursos Humanos Com que se vai fazer? Recursos materiais e financeiros Quem vai acompanhar? Comunidade, lideranças, direção, órgãos13 4. PILARES DO PLANEJAMENTO O processo de planejamento inicia com a definição dos objetivos, estratégias, políticas, bem como o detalhamento dos planos para alcançá-los. Estudamos também que o processo de planejamento é iniciado após a reflexão e tomado de um conjunto de decisões definidas mediante a realidade ou situação em que se pretende intervir. A partir deste, elabora-se o processo de sistematização das ações e procedimentos que conduzirão ao alcance dos objetivos previstos. Desta forma, o planejamento pode ser entendido como processo de previsão das necessidades que se precise para utilizar os recursos materiais e humanos disponíveis para o alcance dos objetivos estabelecidos. Através do planejamento a empresa ou a instituição pode antecipar ações futuras através da definição de uma linha de ação e elaboração de um plano que conduza à realização dos objetivos estabelecidos. Para isso é necessário que haja uma situação concreta na qual se pretende atuar, possuir conhecimento claro da situação e dos objetivos que se almeja alcançar e que os prazos e etapas estejam bem definidos. Essas decisões e objetivos são organizados, explicados e detalhados em documentos que representam grau decrescente de níveis de decisão: planos, programas e projetos (BAPTISTA, 2007). Baptista (2007) ainda sugere que quando o documento faz referência à proposta relacionada à estrutura organizacional de uma forma geral, caracteriza-se em um plano. Quando se refere a um setor, uma área ou região caracteriza-se programa. Porém, quando se detém no detalhamento das alternativas e ações de intervenção é considerado projeto. Desta forma, o processo de planejamento é composto por plano, programa e projeto, sendo estes os meios de expressão do planejamento. 14 4.1. Plano Segundo Baptista (2007), o plano descreve as decisões de caráter geral do sistema. Deve ser elaborado em um formato claro e simples, e sua finalidade é nortear os demais níveis da proposta. É um produto do planejamento que se caracteriza como o elo entre o processo de planejamento e o processo de implementação do planejamento. É o documento mais geral e abrangente e nele deve conter estudos, diagnósticos que identifiquem a situação a qual se direciona a execução, os programas e projetos, os objetivos, estratégias e metas. (TEIXEIRA, 2009). Plano- apresenta as decisões gerais, as diretrizes políticas e a implementação de estratégias. Deverá responder as questões do tipo: Plano - decisão de caráter geral; formato claro e simples; finalidade nortear demais níveis da proposta; elo entre o processo de planejamento e a implementação do planejamento; documento geral e abrangente; deve conter estudos, diagnósticos que direcionam a execução, os programas e projetos, os objetivos, as estratégias e as metas. Plano - o quê, quando, como, onde, para quem e por quem. Um plano pode ser caracterizado em quatro tipos: Procedimentos: Quando um plano é relacionado com o método ou execução de trabalho. Este tipo de plano é considerado plano operacional e comumente é representado por fluxogramas. Orçamentos: Quando um plano está relacionado com dinheiro, envolvendo receita e despesa, por um período de tempo. Este tipo de plano pode ser estratégico, tático ou operacional, como, por exemplo, um plano orçamentário. 15 Programa ou programações: São planos que possuem uma correlação entre tempo e atividade. Pode ser representado por cronograma ou agenda que detalha as atividades que serão executadas. Regras ou regulamentos: Quando um plano apresenta normas ou procedimentos de comportamento das pessoas em determinadas situações. Como exemplo, encontramos o plano de regulamento de pessoal ou plano de cargos e salários de uma empresa. 4.2. Programa É considerado o aprofundamento do plano. É o documento que indica um conjunto de projetos e detalha por setor a política, as diretrizes, metas e estratégias em que os resultados permitirão alcançar o objetivo maior. Os objetivos setoriais do plano comporão os objetivos gerais do programa. E o programa, portanto, configura o quadro de referência do projeto. As características básicas que compõem e estabelecem o programa são: a) A formulação clara das funções efetivamente direcionadas aos setores ligados ao programa, deliberando as devidas responsabilidades em sua execução; b) A formulação de objetivos gerais e específicos e a explicitação de sua coesão com as políticas, diretrizes e objetivos do plano e de sua relação com os demais programas do mesmo nível; c) A definição da estratégia e a dinâmica de trabalho que serão adotados para a realização do programa; d) As atividades e os projetos que comporão o programa, incluindo a apresentação sumária de objetivos e de ações; e) Definição dos recursos humanos, físicos e materiais a serem mobilizados para sua realização; f) A apresentação das ferramentas administrativas necessárias para sua implantação e manutenção do programa. 16 São considerados elementos básicos do programa: a) Síntese das informações sobre a situação a ser modificada com a programação; b) Formulação das funções destinadas aos setores; c) Formulação dos objetivos gerais e específicos; d) Estratégia e dinâmica de trabalho; e) Recursos humanos, físicos e materiais; f) Medidas administrativas para a implantação.[ 2014/ IADES/UFBA. Em um processo de planejamento social, o programa é: a) composto pelo referencial teórico e político, ou seja, as grandes estratégias de uma política. b) um empreendimento planejado, formado por um conjunto de atividades inter- relacionadas. c) a unidade de um processo de planejamento com características mais operativas da ação. d) composto por um plano e um único projeto. e) o detalhamento por setor das políticas e diretrizes do plano, composto por um conjunto de projetos Resposta Correta: Letra e) o detalhamento por setor das políticas e diretrizes do plano, composto por um conjunto de projetos. Comentário: Programa é considerado o aprofundamento do plano. É o documento que indica um conjunto de projetos e detalha por setor a política, as diretrizes, metas e estratégias em que os resultados permitirão alcançar o objetivo maior. Os objetivos setoriais do plano comporão os objetivos gerais do programa. E o programa, portanto, configura o quadro de referência do projeto. 4.3. Projeto É considerada a menor unidade do processo de planejamento, na qual existe o detalhamento das estratégias a serem executadas. É considerada também como 17 principal e importante etapa do processo de planejamento, pois sistematiza de forma racionalizada as decisões. O projeto é o documento que organiza o desenho prévio da operacionalização de uma unidade de ação. É o instrumental mais próximo da execução, em que se deve conter o detalhamento das atividades a serem desenvolvidas, o estabelecimento de prazos, a definição dos recursos materiais, financeiros e humanos. Para elaboração de um projeto, inicialmente é necessário realizar um diagnóstico da realidade social, no qual se identifique o contexto sócio histórico, as relações sociais e organizacionais, e em seguida planejar uma intervenção. Os projetos podem variar de acordo com seus objetivos, como, por exemplo: projeto cultural, projeto social, projeto de pesquisa, projeto de trabalho ou intervenção. Segundo Baptista (2007), para a elaboração de projeto é necessário elaborar um roteiro predeterminado, onde constem as exigências próprias do órgão de execução ou de financiamento do projeto. QUALIDADES ESSENCIAIS A ELABORAÇÃO DO PROJETO: O projeto deverá ser simples e possuir uma redação clara, para que a compreensão da proposta seja perceptível para todos. b) Deverá possuir objetividadee precisão nas informações. A metodologia deverá descrever o caminho escolhido, a forma que o projeto vai desenvolver. c) Deverá detalhar toda a ação prevista para o alcance dos objetivos, ou seja, deverá apresentar as atividades que serão realizadas e servir de guia para a execução, detalhando assim cada etapa da operação. d) Deverá ser coerente e compatível com as partes do projeto, bem como, com os outros níveis do programa. e) O cronograma deverá ter exatidão e apresentar o início e o fim de cada atividade. f) Como etapa fundamental, o projeto deverá ser mensurado, isto é, deverá estabelecer indicadores de avaliação que constatarão a eficácia e eficiência da proposta. 18 Qualidade do Projeto- simplicidade, clareza, objetividade, precisão, detalhamento, previsão, coerência, compatibilidade, exatidão, início, meio e fim, indicadores de avaliação (eficácia e eficiência). Desta forma, no campo do serviço social, o planejamento é ferramenta essencial para estruturação de trabalho ou de intervenção junto a usuários. É considerado como uma das atribuições do assistente social elaborar planos, programas e projetos mediante as demandas que surjam durante o exercício profissional. Assim, o assistente social, no momento de elaborar, executar e avaliar qualquer plano, programa e projeto, deverá estruturar sua ação a partir de um processo contínuo de relação dialética e de realimentação teórico-prática. Plano - Decisão de caráter geral; formato claro e simples; finalidade nortear demais níveis da proposta; elo entre o processo de planejamento e a implementação do planejamento; documento geral e abrangente; deve conter estudos, diagnósticos que direcionam a execução, os programas e projetos, os objetivos, as estratégias e as metas. Programa - Síntese das informações sobre a situação a ser modificada com a programação; Formulação das funções destinadas aos setores, dos objetivos gerais e específicos; Estratégia e dinâmica de trabalho; Recursos humanos, físicos e materiais Medidas administrativas para a implantação. Projeto - Simplicidade, clareza, objetividade, precisão, detalhamento, previsão, coerência, compatibilidade, exatidão, início, meio e fim, indicadores de avaliação (eficácia e eficiência). 19 2016/CESPE/DPUP. Acerca da dimensão investigativa, do processo de planejamento e da intervenção profissional, julgue o item subsecutivo. No processo de planejamento, o programa consiste em um documento mais abrangente e geral, que contém estudos, análises situacionais ou diagnósticos necessários à identificação dos pontos a serem atacados. Certo / Errado Resposta Correta: Errado. Comentário: No processo de planejamento, o PLANO consiste em um documento mais abrangente e geral, que contém estudos, análises situacionais ou diagnósticos necessários à identificação dos pontos a serem atacados. 2015/CESPE/MPOG. No que se refere ao planejamento como processo técnico- político, julgue o próximo item. O plano delineia as decisões de caráter geral do sistema, suas linhas políticas, suas estratégias, suas diretrizes e responsabilidades, e o programa é a setorização do plano, já que detalha, por setor, a política, as diretrizes e as medidas instrumentais. Certo / Errado Resposta Correta: Errado. Comentário: O plano ―é o documento mais abrangente e geral, que contém estudos, análises situacionais ou diagnósticos necessários à identificação dos pontos a serem atacados, dos programas e projetos necessários, dos objetivos, estratégias e metas de um governo, de um Ministério, de uma Secretaria ou de uma Unidade‖. Já o programa ―é o documento que indica um conjunto de projetos cujos resultados permitem alcançar o objetivo maior de uma política pública‖. Neste sentido, chegamos à conclusão de que a afirmativa está certa. 2014/CESPE/TJ-SE. No que diz respeito a planos, programas e projetos, julgue o item subsequente. O projeto, instrumento técnico-administrativo, é a unidade mais operativa da execução, ou seja, dá consistência ao que foi desenhado no plano e concretude às intenções e objetivos. Certo / Errado 20 Resposta Correta: Certo. Comentário: Projeto é a menor unidade do processo de planejamento. Trata-se de um instrumento técnico-administrativo de execução de empreendimentos específicos, direcionados para as mais variadas atividades interventivas e de pesquisa no espaço público e no espaço privado. 21 5. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO O planejamento estratégico é um procedimento de responsabilidade dos níveis mais altos da organização no que se refere à adoção e formulação de objetivos, na escolha de ações necessárias para atingir os objetivos específicos e a consolidação das metas. Ou seja, o planejamento estratégico dar-se-á quando se decide os meios através dos quais a empresa atingirá os objetivos. É a relação dos objetivos de longo prazo com as estratégias e ações para alcançar tais objetivos, os quais refletem na empresa como todo é um dos tipos de planejamentos. Planejamento: planejar, programar, projetar, esboçar de forma intencional as ações que desejamos concretizar no futuro. É a capacidade que só o ser humano tem de projetar e planejar as atividades que vai realizar. Já aprendemos o que é o planejamento, agora precisamos entender o que é planejamento estratégico, portanto, é necessário compreendermos o que significa Estratégia. Segundo Teixeira (2009), a palavra Estratégia pode ser definida: origem grega que significa estratégia, o define como a arte militar de planejar e executar movimentos e operações de tropas, navios e/ou aviões, visando alcançar ou manter posições relativas e potenciais bélicos favoráveis a futuras ações táticas sobre determinados objetivos, ou seja, está vinculada à arte da guerra. Podemos acrescentar a essa definição que Estratégia é a arte de aplicar os meios disponíveis com vista à consecução de objetivos específicos. A palavra estratégica significa dar sentido, valor a uma ação, ao que se planeja. Neste sentido, rompe com a visão de que o planejamento é apenas um instrumento técnico neutro utilizado pelos órgãos públicos e pelas empresas apenas para alcançar um determinado objetivo, mas que a elaboração e execução de um planejamento envolvem e refletem diversos interesses dos sujeitos envolvidos. O planejamento Estratégico é síntese de um processo que reflete não somente os diferentes interesses dos participantes, que muitas vezes são divergentes, mas o processo de disputa na condução do direcionamento, dos princípios que o planejamento deve conter que se materializam em um documento escrito que contém princípios, objetivos, metas, mas principalmente concepção política e a finalidade deste planejar, ou seja, o que se pretende alcançar. 22 Segundo Fritsch (1996), na atualidade o planejamento estratégico se traduz como o conjunto de regras de tomada de decisão para a orientação do comportamento de uma organização, visando atingir os objetivos com eficiência, eficácia e efetividade. É uma técnica administrativa que por meio da análise do ambiente da organização permite identificar seus pontos fracos e fortes e criar uma estratégia/direção para que a organização possa aperfeiçoar seus recursos e potencialidades para atingir sua missão. Alguns autores afirmam que o planejamento estratégico é um instrumento utilizado por uma Administração Estratégica que passou a ser utilizado no final dos anos de 1960. A Administração Estratégica é um tipo de gerenciamento de uma instituição/organização que visa definir estratégicas políticas para a operacionalização do planejamento sendo que o objetivo deste é provocar mudanças. Um dos componentes essenciais para operacionalização doplanejamento estratégico é a participação, já que o propósito deste é provocar mudança no ambiente organizacional. Portanto, para atingir esse objetivo é necessário que todos que fazem parte da organização participem e sintam-se sujeitos do processo de mudança. O planejamento é formalizado num documento escrito, o plano, que apresenta os objetivos da Administração Estratégica que é realizado por técnicos com a participação e comprometimento daqueles que compõem o ambiente organizacional. Portanto, o plano significa um documento que reflete um processo, expressa um objetivo, o desejo de mudança, mas este não é suficiente para garanti-lo, só se torna possível com a participação e o envolvimento de todos que compõem o ambiente em que o plano será operacionalizado, seja uma empresa, um órgão público, Organização não governamental, um movimento social, um partido político, etc. Segundo Fritsch (1996), podemos apontar algumas características do planejamento estratégico que são assinaladas como as principais: a) É um método que orienta e preside as principais decisões de uma organização; 23 b) É um meio de estabelecer o propósito da organização em termos de missão, objetivos, programas de ação e prioridades de alocação de recursos; c) É um instrumento para definição dos domínios de atuação da organização; d) É uma resposta para otimização de oportunidades e forças; minimizar e eliminar ameaças e fraquezas, com a finalidade de alcançar um desempenho competitivo; e) É um critério para diferenciar as tarefas gerenciais dos vários níveis hierárquicos da organização. (FRITSCH, 1996, p. 134). Planejamento estratégico- método que orienta e preside as decisões; propósito da organização (missão, objetivos, programas de ação, prioridades de recursos); domínios da atuação; aperfeiçoar oportunidades e forças; minimizar e eliminar ameaças e fraquezas; alcançar desempenho competitivo; visa à participação de todos os sujeitos envolvidos na tomada de decisão. Podemos afirmar que o planejamento estratégico introduz um novo tipo de pensar e conceber o planejamento por trazer transformações significativas na arte de planejar, a exemplo da desburocratização, desconcentração, e a descentralização de poder. Essa partilha de poder na elaboração do planejamento só é possível porque o planejamento estratégico visa à participação de todos os sujeitos envolvidos na tomada de decisão. O planejamento estratégico constitui-se como uma ferramenta utilizada na contemporaneidade pelas empresas capitalistas, visto que estas se orientam por um modelo de produção e gerenciamento flexível, significa a adoção de uma gestão gerencial horizontal, ou seja, as decisões são construídas com a participação dos trabalhadores, consumidores, parceiros, enfim, todos que estão relacionados com a empresa, outra característica deste tipo de gestão é a utilização do trabalhador polivalente, sendo que este deve entender e desenvolver várias funções. 2016/CESPE/DPU. Acerca da dimensão investigativa, do processo de planejamento e da intervenção profissional, julgue o item subsecutivo. A estratégia incorporada pelo planejamento estratégico relaciona-se à noção de mobilização, de negociação, de movimento, de manejo de técnicas e recursos e dos meios necessários para se enfrentar uma situação complexa. Certo / Errado 24 Resposta Correta: Certo. Comentário: O Planejamento Estratégico por sua vez utiliza projeções de tendências para o futuro, baseadas em dados históricos e atuais. Não trata do todo da organização. Elege temas prioritários, de maior impacto para a organização, projeto ou política de situação complexa. Ele é voltado exclusivamente para a operacionalização de estratégias. Trata sempre de um largo período de tempo. Não substitui outros planos e deve ser implementado de forma concomitante. Em geral, os outros planos atentam para as opções estratégicas da organização de modo a servi-las. É o instrumento mestre da gestão estratégica. Tradicionalmente os planos estratégicos possuem elementos como diagnóstico da situação real, visão de futuro, missão, valores, objetivos e projetos estratégicos. Noção de mobilização, de negociação, de movimento, de manejo de técnicas e recursos. 2014/CESPE/POLÍCIA FEDERAL. Com relação ao planejamento como proposta de intervenção na área social, julgue os itens seguintes. No planejamento estratégico, a pactuação não integra o planejamento e a busca por respostas a situações complexas, sendo uma ação restrita aos gestores. Certo / Errado Resposta Correta: Errado. Comentário: O planejamento estratégico abrange a categoria estratégia, conferindo-a visibilidade, por agregar ao processo as noções de mobilização, negociação, movimentos, manejo de técnicas, recursos, enfim, todos os meios (táticos) necessários a se enfrentar uma situação complexa. 2014/CESPE/ TJ-SE. Com relação ao planejamento estratégico, julgue o próximo item. No planejamento estratégico de uma organização, deve-se priorizar o estabelecimento de objetivos concretos e discutir, a cada cinco anos, as questões relacionadas ao futuro e ao desenvolvimento organizacional. Certo / Errado Resposta Correta: Errado. Comentário: O planejamento estratégico não é algo estático. Isto quer dizer que não se pode definir um período fixo para discussão do futuro da organização, como está na questão. 25 6. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E GESTÃO PÚBLICA A introdução do planejamento estratégico na gestão pública significa um avanço no sentido da desburocratização dos serviços, rompimento da visão de que as ações/serviços ofertados pelo Estado são neutras, além de contar com a participação dos usuários na tomada de decisão. O planejamento estratégico só é possível numa gestão pública que se orienta pelo princípio democrático, no nosso país isso é possível porque a Constituição Federal institui as diretrizes da construção de um Estado democrático e de direito. O Estado, portanto, caracteriza-se como uma arena de conflito de interesses das classes sociais, e a elaboração e operacionalização do planejamento estratégico vai refletir essa disputa de interesses. As classes sociais vão disputar qual tipo de estratégia o Estado deve adotar a defesa da democratização e da universalização dos direitos sociais, como defende a classe trabalhadora, ou a minimização dos direitos sociais como defende a classe burguesa. O planejamento estratégico é materializado no Estado Brasileiro a partir da institucionalização da participação e controle social da população sobre o Estado, criando mecanismos de participação que busca ultrapassar a mera democracia representativa, combinando mecanismos da democracia representativa com a democracia participativa direta, a exemplo dos Fóruns (Criança/adolescente, da Assistência social), conferências, dos diversos conselhos gestores e direitos, Grupos de trabalhos, etc. São nestes espaços de participação direta e indireta, espaços colegiados (participação do poder governamental e da sociedade civil) que são construídos os objetivos, as diretrizes, metas, definidos recursos para elaboração/execução das políticas públicas que são materializadas na oferta dos serviços públicos, como educação, saúde, lazer, cultura, habitação, etc. Como definimos anteriormente as palavras planejamento e estratégia, podemos perceber que a definição de estratégia é muito apropriada quando nos referimos à utilização do planejamento estratégico na gestão do Estado, visto que este materializa todo processo de mobilização, disputa, negociação entre classes sociais dos seus interesses, muitas vezes divergentes, que são intermediados pelo Estado. Neste podemos identificar algumas características da operacionalização do planejamento estratégico na gestão pública: 26 a) Identificação do terreno ou cenárioem que se desenvolverá a ação e tendências; b) Identificação de aliados, oponentes, interessados, neutros e, em alguns casos, até inimigos, mapeando a natureza e consistências de seus vínculos; c) Identificação do perfil das forças em confronto, seus recursos, suas técnicas, suas alianças (em magnitude e qualidade), sua capacidade operacional; d) Identificação do tempo disponível (luta). (TEIXEIRA, 2009, p. 560). 27 7. PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO O planejamento participativo é um dos tipos de planejamento e está diretamente ligado ao planejamento estratégico. Este tipo de planejamento é o mais recomendado ao Assistente Social, já que o Serviço Social defende a descentralização e desconcentração de poder e a participação e o controle social das classes trabalhadoras na elaboração, execução e avaliação das políticas sociais. É necessário para compreendermos o que é o planejamento participativo definir o que é participação e os tipos de participação utilizados pelo Estado Brasileiro. Bordenave (1994) compreende participação como uma necessidade humana básica, assim como os homens necessitam comer, dormir e trabalhar. Especificando a origem da palavra participação. Participar é fazer parte de algum grupo ou associação, ou tomar parte numa determinada atividade, ou ainda, ter parte num negócio. Mas, ressalta que há diferença entre essas expressões, pois cada uma determina uma forma diferente de participar. Existem duas formas de participação do homem na sociedade, a micro participação e a macro participação Micro participação, quando o homem participa de grupos primários como família, grupo de amizade ou de vizinhança; Macro participação, quando o homem participa de grupos secundários, como as associações profissionais, sindicatos, empresas e ainda de grupos terciários, como os partidos políticos e movimentos de classe (BORDENAVE, 1994, p. 23). Segundo o autor, a micro participação é uma associação voluntária e visa benefícios pessoais e imediatos. Já a macro participação consiste na intervenção das pessoas nos processos dinâmicos que constituem ou modificam a sociedade. No Brasil, a participação e o controle social das classes trabalhadoras no processo de construção, implantação e avaliação das políticas públicas só foram institucionalizados no país, com a aprovação da Constituição de 1988, e pode ser caracterizada como uma das grandes conquistas dessas classes no processo de intervenção e controle sobre o Estado. As formas de participação das classes trabalhadoras na esfera estatal foram estabelecidas pelo próprio Estado, por meio do desenvolvimento de políticas públicas de integração, como nos mostra Ammann (2003). 28 A autora, ao fazer uma análise sobre a política de desenvolvimento de comunidade, afirma que este foi um tipo de planejamento participativo elaborado pelo Estado para obter adesão das classes subalternas aos seus projetos. O desenvolvimento de Comunidade surge no país nos anos de 1940, sob a orientação da política internacional do pós-guerra e sob a égide da estratégia oficial de integração do local e do regional na política nacional de desenvolvimento, modernização e industrialização, e se afirma como instrumento capaz de favorecer o consentimento espontâneo das classes trabalhadoras subalternas às estratégias definidas pelo Estado. (AMMANN, 2003, p. 193). A política de desenvolvimento de comunidade proclama a participação popular como elemento necessário ao processo de desenvolvimento nacional. Essa forma de participação estabelecida pelo Estado brasileiro permite-nos apreender a estratégia utilizada pelas classes dominantes que conduziam o Estado; estas visavam conseguir a legitimação das classes trabalhadoras por meio do discurso e de práticas de integração e desenvolvimento nacional, que servia para desmobilizar e controlar as classes subalternas. As principais correntes de pensamentos sobre participação que o Estado se referenciava para estabelecer o processo de participação e controle social no país foram: a) A participação é concebida com base na micro visão social localista, desconectada dos processos decisivos e decisórios da sociedade global; b) Uma segunda postura é a de caráter reformista, aloca a participação nas instâncias macros societários, de modo a provocar reformas em bases nacionais – porém ainda omite e disfarça as relações de dominação que regem as classes, fundamenta-se numa visão unitária e harmônica do todo societário; c) Participação como instrumento de integração, esta é outra corrente que condiciona o desenvolvimento nacional à articulação de todas as instâncias do planejamento e de todas as organizações e grupos sociais que, partilhando de valores e objetivos genéricos comuns, assumem funções próprias e obrigações recíprocas dentro do seu papel e nível. (AMMANN, 2003, pp. 194-195). 29 Esta última concepção de participação foi a que fundamentou a utilização do planejamento participativo no Brasil. O planejamento participativo do Estado foi executado por técnicos/funcionários do próprio Estado que realizava reuniões nas comunidades, estes técnicos já levavam para a comunidade o diagnóstico e as prováveis soluções dos problemas prontos, ou seja, a participação da comunidade era bem limitada. Este tipo de participação originava a impressão na população de que tinha o poder de participar e interferir nos rumos da nação, no entanto sua participação era manipulada pelo Estado para legitimar o projeto do grupo que o dirigia. Vale ressaltar que existiriam outras tendências que se contrapõem ao conceito de participação estabelecido pelo Estado. Estas tendências, baseadas na visão heterodoxa, colocaram a participação como um processo que se opera no contexto histórico da realidade social e global. Entre os seguidores desta corrente, destacam-se: a) “Prática social concreta, que detecta através dos atos cotidianos dos indivíduos e dos grupos sociais.” (LIMA apud AMMANN, 2003, p. 195). b) “Processo mediante o qual as diversas camadas sociais tomam parte na produção, na gestão e no usufruto dos bens e serviços de uma determinada sociedade”. (AMMANN, 2003, p. 195). Podemos complementar essas concepções com a visão de participação democrático-radical utilizada por Gohn (2007), em que se constituem sujeitos sociais os quais lutam por cidadania, por melhoria da sua condição de vida, para ter acesso às políticas públicas. É este tipo de participação que as classes trabalhadoras tentam implementar através das instâncias de controle democrático do Estado, como conselhos, conferências, fóruns, etc. Podemos citar como exemplo de planejamento participativo, as conferências e os Conselhos gestores e de direitos, utilizado pelo Estado na atualidade no processo de construção, implementação e avaliação das políticas/programas sociais e que o assistente social participa diretamente tanto na condição de profissional como de cidadão. 30 A conferência é um espaço de participação direta, em que todos os cidadãos podem participar. Neste espaço são produzidos os objetivos, diretrizes e metas da política pública que se materializam no plano de ação, a exemplo do Plano Nacional de Juventude. O Plano Nacional de Juventude é um planejamento da Política Nacional de Juventude que contou com a participação de várias organizações juvenis, e diversos segmentos da população, no qual existem metas que devem ser alcançadas no prazo de dez anos. As diretrizes e metas do Plano materializam-se na elaboração de programas e projetos sociais, a exemplo do PROJOVEM (Programa Nacional de Inclusão de Jovens), as proposições destes, assim como o acompanhamento e avaliação é realizada pelo Conselho Nacional de Juventude. O Conselho é uma forma de participaçãorepresentativa, o que significa dizer que são as entidades que representam a classe trabalhadora que participa do conselho, este é um órgão colegiado e paritário, ou seja, é composto tanto por representante do Governo como da sociedade civil. A sua função é propor, deliberar, fiscalizar e avaliar as políticas, programas e projetos sociais, a exemplo da proposição e aprovação do plano anual da política municipal de juventude, aprovação da implantação dos coletivos do PROJOVEM. Portanto, podemos caracterizar a conferência e o conselho como espaço de planejamento participativo das políticas, programas e projetos sociais. Além, desses tipos de planejamentos da política pública existem outros que participamos enquanto profissionais como o planejamento participativo das instituições que fazem parte do chamado “Terceiro Setor” que pode propor no seu planejamento a participação dos funcionários, colaboradores e os usuários que são atendidos pela instituição. Outro exemplo são as empresas (estatais e privadas) que têm utilizado o planejamento participativo como uma ferramenta para aumentar a produtividade do trabalhador, criando programa em que o trabalhador pode participar apontando os problemas e propondo sugestões de resoluções destes, o trabalhador se sente importante ao ver suas sugestões incorporadas nas decisões da diretoria, Além disso, estabelece métodos em que os consumidores possam participar da produção dos serviços, a exemplo do disque sugestões, pesquisa de avaliação, etc. A técnica do planejamento participativo está presente no nosso cotidiano como profissional, estudante, cidadão. O que precisamos é refletir sobre a natureza desta participação, se é uma participação orgânica e qualificada. Participação orgânica é quando essa participação é assegurada pelos dispositivos legais, a exemplo da Constituição Federal de 1988 que prevê a participação 31 e o controle social da população sobre o Estado, e a elaboração de leis complementares como a Lei Orgânica da Assistência Social que prevê a instituição do conselho e da conferência como mecanismos disponíveis ao usuário para intervir nos rumos da Política Nacional de Assistência Social. Participação qualificada é quando o cidadão tiver acesso às informações, códigos, legislações para que possa de fato ter uma intervenção qualificada propositiva que proporcione mudanças. Outra questão que devemos discutir é a qualidade da participação representativa, a exemplo dos conselhos e dos representantes políticos (prefeitos, vereadores, deputados, senadores, Governador Estadual e Federal) se nestes espaços os interesses do conjunto da classe trabalhadora estão representados. Para garantir uma relação direta entre representantes e representados nestes espaços é necessária a construção de canais de participação direta com a base, a exemplo da criação de fóruns, plenárias, seminários e reuniões, etc. O Serviço Social enquanto profissão participa diretamente destes instrumentos de participação estabelecidos pelo Estado, que caracterizamos como momentos do planejamento participativo, a exemplo dos conselhos, das conferências, fóruns, etc. assessorando os órgãos públicos no processo de construção/organização destes espaços contribuindo para a democratização da relação Estado e sociedade civil visando contribuir para o fortalecimento do controle das classes trabalhadoras sobre o Estado. 2015/CESPE/MPOG. No que se refere ao planejamento como processo técnico- político, julgue o próximo item. A sintonia da gestão pública democrática com o planejamento estratégico pode ser explicada pela necessidade de se ultrapassar a democracia representativa, combinando-a com a democracia participativa ou direta. Certo / Errado Resposta Correta: Certo. Comentário: O Planejamento Estratégico vem sendo entendido como uma forma contemporânea de planificação. Tal temática nos permite entender essa renovada importância no contexto sociopolítico e institucional, nos níveis local, estadual, nacional e mundial, seja no âmbito da administração pública e no setor privado. Tal característica aponta para o exercício de participação e liberdade necessário aos que governam e aos que não governam, mas que participam do processo de tomada de decisão. A sintonia da gestão pública democrática com o planejamento estratégico pode ser explicada pela necessidade de se ultrapassar a democracia representativa, combinando-a com a democracia participativa ou direta. 32 2013/FGV/CONDER. A questão da participação é um grande desafio para o planejamento estratégico. Para ser efetiva, fundamentada no ideal democrático, é preciso que seja: a) pautada em uma estrutura organizada, legal e jurídica que ocupa um espaço institucional na organização da sociedade. b) exercida por meio de estruturas institucionais burocráticas e administrativas que definem o papel a ser desempenhado pelos atores sociais. c) formalizada em estruturas políticas e partidárias que definem e participam dos processos decisórios, dando-lhes direção. d) condicionada por canais específicos de mediação política entre a população e os entes federativos. e) propiciada através de organismos colegiados e organizações políticas com representação social e escolha democrática. Resposta Correta: Letra e) propiciada através de organismos colegiados e organizações políticas com representação social e escolha democrática. 33 8. SERVIÇO SOCIAL E A INTERVENÇÃO NA ÁREA SOCIAL O Serviço Social é uma profissão com características de intervenção da realidade social. Para isso, há necessidade de uma habilitação crítico analítica, que proporcione a estruturação de seus objetivos de ação. Devem-se considerar as competências teórico-metodológicas, técnico-administrativas e ético-políticas as quais possibilitam ao assistente social formas de pensar e agir suas funções profissionais. O planejamento, portanto, deve ser considerado como uma ferramenta fundamental à prática do assistente social, por possibilitar a identificação, ao longo do tempo, das ações necessárias para o enfrentamento de desafios das problemáticas sociais. Assim, o planejamento é uma ferramenta de investigação no serviço social com a finalidade de promover mudanças concretas da realidade. Para o assistente social, o processo de planejamento passa a ser um procedimento essencial para a compreensão das diversas realidades e expressões da questão social, pois este deverá imprimir em sua intervenção profissional um caminho, uma direção. Para isso, é imprescindível conhecer e problematizar o objeto de sua atuação. A ação planejada define um caminho, horizonte direcionado pelo desbravamento de ações permeadas de intenções, porém, plenas de sentido. (FRAGA, 2010). Como ainda bem define Fraga (2010), enquanto a atitude investigativa é um movimento constante de busca, questionamentos, debruçamentos, planejamento para atuar na profissão, a ação profissional é consequência e, ao mesmo tempo, subsídio para essa investigação. 34 9. O SERVIÇO SOCIAL E O PLANEJAMENTO O Serviço Social é uma das profissões que utiliza a técnica de planejar, pois está previsto no Código de Ética de 1993 e na Lei que regulamenta a profissão do Serviço Social o manuseio desta técnica nas realizações das suas atividades profissionais. O planejamento estratégico pode ser um instrumento utilizado pelo Serviço Social para implementar o seu projeto ético – político, ou seja, o planejamento é uma técnica e sua utilização depende do referencial teórico da finalidade/direção que se pretende dar a esse instrumento, ou seja, qual objetivo pretende-se atingir com sua utilização. 2015/ FGV/TJ-SC. Segundo Teixeira (2009: 2-3), “(...) a formulação de políticas sociais, com as atuais exigências dedemocratização do espaço público, tende a atravessar o espaço estatal e civil da sociedade brasileira, deixando de ser cada vez mais decisão adstrita ao âmbito da gestão e do poder. Cabe, entretanto, a gestores e técnicos, processar teórica, política e eticamente as demandas sociais, dando-lhes vazão e conteúdo no processo de planejamento e gestão, orientando a sua formatação e execução. Não bastam pronunciamentos políticos gerais e abstratos que afirmem intenções sociais. É necessário que sejam materializadas por meio de um cuidadoso processo de planejamento institucional, com alcance capilar, indicando desde concepções globais até ações (na ponta), de execução de políticas públicas. ” Em consonância com os princípios do Projeto Ético Político hegemônico na profissão, o planejamento é legítimo apenas quando é: a) um instrumental técnico neutro; b) atribuição executada por um técnico governamental; c) capaz de prever o futuro; d) desenvolvido em instituições públicas; e) um exercício de liberdade e participação da sociedade. Resposta Correta: Letra e) um exercício de liberdade e participação da sociedade. Comentário: Hoje, enfrentando e absorvendo todas as críticas, retoma-se o planejamento para desvendar algumas de suas faces ocultas e de suas armadilhas, 35 muito claras no planejamento tradicional, como o mito do instrumental técnico neutro, o mito do técnico planejador, o mito da previsão do futuro, para inscrevê-lo como um exercício de liberdade e participação, necessário aos que governam e aos que não governam. É instrumento dos que querem tornar-se sujeitos e construir o presente e o futuro desde já, dos que não querem sucumbir às forças do acaso ou do mercado, ou à vontade estranha, ou aos desígnios dos donos do poder. O planejamento contemporâneo põe, claramente, no âmago de sua reflexão, o papel da estratégia no processo de tomada de decisões compartilhadas. A participação no planejamento tem o escopo de compartilhar decisões, quer sejam econômicas, quer sejam políticas, quer sejam sociais ou culturais. Tomar decisões como um exercício de liberdade, sim, mas tomá-las de forma compartilhada. 2015/CESPE/DEPEN. Com referência aos processos de planejamento e de intervenção profissional do assistente social, julgue o item subsequente. Segundo a concepção crítica, os projetos de intervenção do profissional de serviço social devem, entre outros aspectos, representar a autoimagem da profissão; eleger os valores que a legitimam socialmente; e formular os requisitos teóricos, práticos e institucionais para o seu pleno exercício. Certo / Errado Resposta Correta: Certo. Comentário: Segundo Netto (1999) os projetos profissionais apresentam a autoimagem de uma profissão, elegem os valores que a legitimam socialmente, delimitam e priorizam seus objetivos e funções, formulam os requisitos (teóricos, práticos e institucionais) para o seu exercício, prescrevem normas para o comportamento dos profissionais e estabelecem as bases das suas relações com os usuários de seus serviços, com as outras profissões e com as organizações e instituições sociais privadas e públicas (inclusive o Estado, a que cabe o reconhecimento jurídico dos estatutos profissionais). 36 10. PLANEJAMENTO SOCIAL: INTENCIONALIDADE E INSTRUMENTAÇÃO Autora: Myrian Veras Baptista Planejamento é um instrumento que dá vida a prática, é ao mesmo tempo um processo e um instrumento. Como processo é a ação planejada, como instrumento se transforma num documento que norteia as ações. • Este processo tem uma característica fundamental: é técnico, administrativo e político. • É um processo político porque se envolve a tomada de decisão e decide quem tem o poder decisório. Planejamento, como um processo integrado e cíclico, desenvolve-se distinguindo fases bem definidas, como: Análise da situação que, a partir da escala de valores em presença, revelará as necessidades dos indivíduos e grupos. A identificação de estratégias ou orientações de políticas e das linhas de ação necessárias para atingir os objetivos. O confronto das linhas de ação com os meios disponíveis, os seus custos e vantagens e as opções ou escolhas necessárias. Planejamento estratégico procura ver este processo sob um novo paradigma, que é caracterizada por uma nova forma de pensar, nova racionalidade, uma nova forma de agir; tem como enfoque central as relações de poder (o aspecto político). Implica: • nova forma de pensar: do pensamento funcional passa para o pensamento dialético. • nova racionalidade: de normativa / estratégica e racional objetiva X substancial, passa para reiterativa / criadora. Nova forma de agir: 1 - No propósito: do crescimento, da mudança e da legitimação. 37 2 - Nas respostas: de imediativa passa para reiterativa e para criadora. 3 - Nas relações de poder: descentralização; desburocratização; flexibilidade; relação entre sujeitos e (deserarquização) O planejamento como processo que institucionaliza a tomada de decisão, envolve alguns passos (itens) a saber: 1.Refletir: (reconstruir o objetivo) tendo como ponto de partida: a demanda institucional, as dimensões do objeto (singularidade), o espaço de alcance da ação profissional / a sede / a sociedade. 2 - Conhecer: descrever / interpretar / explicar / compreender o objeto (o estudo da situação e as circunstâncias). 3- Decidir: estabelecer prioridades / objetivos / metas. 4- Projetar: sistematizar e redigir o plano / programa / projeto. 5- Executar: implementar / organizar / agir. 6- Controlar: relatório de resultados. 7- Analisar: relatório de avaliação Na fase do conhecimento (conhecer) são necessários os conhecimentos teóricos, pois os conceitos definem como se vai trabalhar e dão sustentação para as explicações que a teoria oferece para as diferentes situações da prática. Operacionalização de conceitos procura estabelecer uma relação entre os componentes da situação não diretamente observáveis com elementos passíveis de observação direta. Consiste na identificação de um conjunto de elementos que representam esses componentes e de indicadores que permitam sua observação empírica, a coleta e o registro de dados, buscando sua utilização no planejamento. Operacionalizar conceitos significa compatibilizá-los a um marco de referência, tendo em vista sua posterior utilização prática, propiciando: • um marco de referência para a ação; • a coleta e o registro de dados empíricos; • maior precisão à descrição e a interpretações de dados; 38 • maior facilidade de comunicação entre especialistas, entre a equipe planejadora e a população e entre estas e a instituição, possibilitando a interpretação dos conceitos expressos sem ambiguidades. A construção de um sistema de indicadores se faz pela decomposição dos elementos identificados como relevantes para o conceito em aspectos observáveis empiricamente, quantificáveis e escalonáveis quanto à sua força relativa no contexto da questão. A pesquisa empírica desses indicadores permite a mensuração de dados concretos de realidade, isto é, o alcance dos índices dos indicadores, que informa em que proporção aquele indicador incide na realidade observada. Para análise desses dados há que confrontá-los com parâmetros: padrões indicativos das possibilidades de variação de proporcionalidade intrínsecas a cada aspecto estudado e de seus significados. Esses parâmetros são obtidos através da acumulação e da universalização de informações sobre o comportamento dos indicadores em diferentes espaços geográficos e conjunturas históricas. Parâmetro: é uma referência teórica para os indicadores, é um processo histórico. Você está aquém, além ou dentro dos parâmetros (nível aceitável); se você está no limite, está em situação de necessidade. Se você está abaixodo esperado está em situação de crise. Avaliação de eficiência: faz-se a partir dos dados de controle, ver se o problema estava no projeto ou na execução e detectar o porquê ocorreu mudanças e suas causas. Avaliação do funcionamento da máquina (pessoal, equipamento, etc.) e a capacidade da equipe de se adaptar à realidade. Avaliação de Eficácia (alcance do objetivo) se não foi eficaz – houve um defeito de projeto, necessariamente precisa de pesquisa para verificar, após um período de tempo, como encontram-se as pessoas que participaram do projeto. Avaliação de Efetividade: colocar em choque a alternativa, ou seja, não opera mudança na problemática geral, ex.: a política pública atende 20.000 crianças em creches, quando a demanda é de 2.000.000. 39 2014/CONSULPLAN/CBTU. Na gestão social, o planejamento consiste em definir ideias, desejos e compromissos, envolvendo pessoas que tomam decisões técnicas, políticas, éticas e administrativas de forma coerente com as conquistas e dificuldades do processo de construção de uma política pública. Considerando que o planejamento deve procurar maximizar os resultados e minimizar deficiências, analise as alternativas em relação ao conceito de eficiência, eficácia e efetividade. I. Eficiência é fazer as coisas de maneira adequada, resolver problemas, salvaguardar os recursos aplicados, cumprir o seu dever e reduzir os custos. II. Eficácia é eleger as coisas prioritárias, evitar alternativas criativas e potencialmente onerosas, fomentar projetos consagrados e aumentar as receitas e fontes de financiamento em caso de aumento de despesas. III. Efetividade é manter-se no ambiente e apresentar resultados globais positivos ao longo do tempo. Está (ão) correta (s) a (s) alternativa (s): a) I, II e III. c) I e III, apenas. b) I, apenas. d) II e III, apenas. Resposta Correta: Letra c) I e III, apenas. Comentário: EFICIÊNCIA é definida como a relação entre os produtos (bens e serviços)4 gerados por uma atividade e os custos dos insumos empregados para produzi-los, em um determinado período de tempo, mantidos os padrões de qualidade. Essa dimensão refere-se ao esforço do processo de transformação de insumos em produtos. Pode ser examinada sob duas perspectivas: minimização do custo total ou dos meios necessários para obter a mesma quantidade e qualidade de produto; ou otimização da combinação de insumos para maximizar o produto quando o gasto total está previamente fixado (COHEN; FRANCO, 1993). EFICÁCIA é definida como o grau de alcance das metas programadas (bens e serviços) em um determinado período de tempo, independentemente dos custos implicados (COHEN; FRANCO, 1993). O conceito de eficácia diz respeito à capacidade da gestão de cumprir objetivos imediatos, traduzidos em metas de produção ou de atendimento, ou seja, a capacidade de prover bens ou serviços de acordo com o estabelecido no planejamento das ações. EFETIVIDADE diz respeito ao alcance dos resultados pretendidos, a médio e longo prazo. Refere-se à relação entre os resultados de uma intervenção ou programa, em termos de efeitos sobre a população alvo (impactos observados), e os objetivos pretendidos (impactos esperados), traduzidos pelos objetivos finalísticos da intervenção. Trata-se de verificar a ocorrência de mudanças na população-alvo que se poderia razoavelmente atribuir às ações do programa avaliado (COHEN; FRANCO, 1993). 40 11. INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO GOVERNAMENTAL NO MODELO BRASILEIRO • PLANO PLURIANUAL, instrumento de ordenação das ações governamentais a serem implementadas a médio prazo (4 anos), elaborado no 1º ano do mandato atual e abrangendo até o 1º ano do mandato seguinte. • LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS, instrumento disciplinador da elaboração do Orçamento Público, de modo a adequá-lo às prioridades, necessidades e limitações da administração pública. • LEI DE MEIOS, ou LEI ORÇAMENTÁRIA, ou ORÇAMENTO ANUAL, que compreende a previsão e a autorização para a arrecadação das receitas e realização das despesas públicas. PLANOS: Conjunto de ações e decisões de ordem política, social e econômica que têm por objetivo direcionar os esforços da administração pública para a satisfação do bem comum, contemplando determinadas áreas (funções) da ação governamental. É um conjunto de atividades devidamente descritas, especificadas, quantificadas em termos físico-financeiros e ordenados em PROGRAMAS. Um Plano é formado por esses “subconjuntos” de ações previstas para causar uma mudança de ações previstas para causar uma mudança externa (e definitiva) no quadro que pretende modificar. PROGRAMAS: conjuntos de atividades específicas, orientadas para a solução de problemas igualmente específicos. A unidade de cada programa é um PROJETO, que tanto pode ser de Engenharia como de qualquer outra espécie. A execução de um projeto é algo que modifica definitivamente a realidade que lhe antecede, de modo a solucionar uma demanda corretiva. A distinção essencial entre um e outro, é que o PROGRAMA (ações temporárias), além de ser entendido como um coletivo de PROJETOS, tem duração continuada até que o PLANO (ações 41 permanentes) seja concluído, pressupondo ações de médio e longo prazos, enquanto que um PROJETO normalmente é executado no curto prazo (esforços temporários). PROJETOS As principais características dos projetos: • Temporários, possuindo um início e um fim definidos; • Planejados, executados e controlados; • Entregam produtos, serviços ou resultados exclusivos; • Desenvolvidos em etapas e incrementados por elaboração progressiva; • Realizados por pessoas; • Com recursos limitados. PROJETOS: consiste na discriminação das ações previstas e necessárias ao atendimento de objetivos precisos, dimensionados quanti-qualitativamente e executáveis segundo um cronograma físico- financeiro previamente estabelecido. 42 12. ELABORANDO PLANOS, PROGRAMAS E PROJETOS A elaboração de planos, programas e projetos é uma das competências que o Assistente Social está habilitado a realizar, assim como prevê a Lei de Regulamentação da Profissão n° 8.862, de 7 de junho de 1993. De acordo com os art. 4º e art. 5° Art. 4° Constituem competências do Assistente Social: II - elaborar, coordenar, executar e avaliar planos, programas e projetos que sejam do âmbito de atuação do Serviço Social com participação da sociedade civil; Art. 5º Constituem atribuições privativas do Assistente Social: I - coordenar, elaborar, executar, supervisionar e avaliar estudos, pesquisas, planos, programas e projetos na área de Serviço Social. Os dois artigos são bem diferentes, observe que no Art. 5º as atribuições privativas do Assistente Social se colocam na área de Serviço Social. Portanto, a elaboração de planos, programas e projetos são instrumentos de trabalho do Assistente Social que são utilizados nos mais diversos espaços sócio ocupacionais, como nas várias políticas sociais, empresas públicas e privadas, nas Organizações não Governamentais, nos movimentos sociais etc. Antes de descrever os elementos que compõem um plano, programa e projeto, vamos recordar brevemente alguns conceitos, já expostos no item anterior. Plano: é um documento de registro das decisões, dos objetivos e diretrizes que devem ser atingidos em longo, médio e curto prazo, um documento de orientação. Programa: é a materialização dos objetivos do plano, através das proposições de ações que têm um tempo definido para ser realizadas. Projetos: Pode ser denominada como a menor unidade do planejamento, e dentro de um programa pode estar contido vários projetos, pois este deve ser executado em curto prazo e visa dar resposta a um determinado problema. 43 Vale ressaltar que plano, programa e projeto sãopartes integrantes do planejamento realizado por alguma instituição, órgão ou setor público e privado. 2014/CESPE/TJ-SE. No que diz respeito a planos, programas e projetos, julgue o item subsequente. Diferentemente do projeto, o programa não é, a princípio, definido no tempo, tendo, de certa forma, caráter permanente, embora não deva ser considerado eterno. Certo / Errado Resposta Correta: Certo. Comentário: O programa envolve um conjunto de ações a serem desenvolvidas em um determinado período. No projeto há uma fixação de prazo, há um período de tempo. 2014/ FGV/SUSAM. No planejamento em saúde, o conhecimento da realidade social é fundamental para a definição de um plano de ação. A respeito do conjunto de informações necessário para compor a análise da realidade dos usuários no campo da saúde, assinale V para a afirmativa verdadeira e F para a falsa. ( ) deve-se considerar o conhecimento do perfil epidemiológico. ( ) Deve-se analisar os fatores geográficos e demográficos. ( ) Deve-se valorizar os aspectos culturais e institucionais da população. As afirmativas são, respectivamente: a) F, V e F. b) V, V e F. c) V, F e F. d) V, V e V. e) F, F e V. Resposta Correta: Letra d) V, V, V. 44 Para facilitar a compreensão de como se realiza o processo de elaboração de plano, programa e projeto e de sua inter-relação como exposto acima, podemos utilizar para exemplificar todo esse processo a Política Nacional para Mulheres desenvolvida pelo Presidente Lula durante as suas gestões (2003-2006 e 2007-2010). O Plano Nacional de Políticas Públicas para Mulheres foi elaborado e aprovado na I conferência Nacional de Políticas Públicas para Mulheres e revalidado na II Conferência, nele contém os objetivos, diretrizes e metas da Política. Os objetivos do Plano foram estruturados em quatro eixos de atuação: 1. Autonomia, igualdade no mundo do trabalho e cidadania, 2. Educação inclusiva e não sexista, 3. Saúde das mulheres, direitos sexuais e direitos reprodutivos, 4. Enfrentamento à violência contra as mulheres. Vamos utilizar o primeiro eixo dos objetivos para exemplificar como se realiza a elaboração de um programa. A fim de atingir tal objetivo o Governo ampliou a atuação do PRONAF, criando mais uma linha de crédito para as mulheres, o Programa PRONAF-MULHER, com o intuito de promover a igualdade de gênero do mercado de trabalho e promove a autonomia econômica e política das mulheres. No entanto, para as mulheres acessarem o programa é necessária a elaboração de um projeto por parte das mulheres. Estas mulheres podem ou não fazerem parte de uma organização como MST, STTR30, associações e cooperativas de produtores. No projeto precisa conter a justificativa, ou seja, apresentação do problema, das ações que serão realizadas com o dinheiro do crédito. Esse é o procedimento adotado pelo Estado para poder efetivar um direito social, através da realização da política pública. Agora que já compreendemos o que é um plano, programa e projeto e sua relação, vamos estudar quais são os elementos que compõem um projeto. MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra. STTR Sindicato dos trabalhadores e das trabalhadoras rurais. Precisamos sempre partir do pressuposto que na construção de um plano, programa e projeto é necessária à participação de todos que serão atingidos pela execução destes. O Primeiro passo é convocar uma reunião com todos aqueles interessados e com o que será público alvo do projeto. Nesta reunião será discutido o porquê da 45 necessidade de elaborar o projeto, os objetivos e as ações. O projeto tem que representar o interesse do coletivo. Os elementos que devem conter num projeto: a) Identificação do projeto Deve conter o Título do Projeto, o local e a data (início e o término do projeto). b) Identificação do proponente/executor Nome, endereço completo, forma jurídica da Instituição (no caso de uma associação o CNPJ). Além dessas informações deve ter também os dados do responsável pelo projeto, o coordenador, nome, endereço, CPF e RG. Se o projeto for realizado em parceria com outros órgãos colocar também, mas especificando quem é o responsável pelo projeto. c) Histórico de experiência da instituição proponente/executora. Alguns órgãos solicitarão o histórico da instituição, neste caso devem-se colocar as informações referentes a outros projetos já desenvolvidos pela instituição, descrevendo as atividades, público alvo, parceiros, resultados e o órgão que financiou. d) Caracterização do problema e justificativa Neste Item deve conter a apresentação do problema, ou seja, o porquê da necessidade do projeto e sua importância para as pessoas que serão beneficiadas, os benefícios econômicos, sociais, políticos, culturais e ambientais que o projeto proporcionará. e) Objetivo geral O objetivo é a apresentação da situação e o que se deseja alcançar com o projeto. f) Objetivos específicos Os objetivos específicos são os resultados esperados. Devem ser executados no desenvolvimento do projeto, através das metas e das atividades. g) Metas As metas estão diretamente relacionadas com os objetivos específicos, as metas pretendem especificar como se deve fazer para atingi-los. As metas são resultados parciais dos objetivos, por isso cada objetivo específico deve conter mais de uma meta. As metas são expressões de quantidade e qualidade e precisam estar bem definidas 46 para poder definir com precisão os indicadores que serão utilizados para avaliar se os resultados foram alcançados. h) Atividades As atividades estão diretamente relacionadas com os objetivos específicos e com as metas, por isso, as ações precisam ser bem detalhadas, enumeradas em ordem cronológica. i) Público alvo. São as pessoas que serão beneficiadas com o projeto. j) Plano de trabalho/Metodologia Esse item é de suma importância para avaliação/aprovação do projeto pela agência financiadora. Na elaboração da metodologia deve conter de forma detalhada o objetivo (finalidade do projeto), quem são os parceiros e de que forma o projeto será executado. k) Cronograma O projeto tem início, meio e fim, tem um período para ser executado, portanto, o cronograma vai definir quando cada ação será desenvolvida. l) Resultados É um impacto que o projeto causou na vida das pessoas e na comunidade onde foi executado. É analisar se os objetivos específicos e gerais foram alcançados. É importante frisar a necessidade de publicitar os resultados nos mais diversos meios de comunicação. m) Monitoramento/avaliação É de suma importância para o desenvolvimento do projeto, pois a população beneficiada, assim como os parceiros e demais agentes envolvidos no projeto podem avaliar permanentemente a execução das atividades proporcionando com isso não apenas o controle social, mas o aperfeiçoamento do projeto durante a sua execução, propondo soluções para problemas que vão surgindo. 47 2015/CESGRANRIO/PETROBRAS. No processo de planejamento do serviço social, a fase que corresponde ao exame do desempenho e dos resultados das ações, a partir de critérios determinados, denomina-se: a) avaliação b) controle c) implantação d) implementação e) revisão Resposta Correta: a) avaliação. Comentário: Segundo Chiavenato (2004), a avaliação de desempenho é uma apreciação sistemática do trabalho de cada pessoa, em função das tarefas que ela executa, das metas e resultados alcançados e do seu potencial de desenvolvimento. n) Orçamento É um cronograma financeiro do projeto detalhando quando e quanto cada ação vai gastar. É importante detalhar ao máximo a planilha de gastos. o) Resumo É a apresentação sucinta do projeto, deve conter os objetivos a duração e o custo, e a justificativa do projeto. É a síntese do
Compartilhar