LUTAS Anot 8

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Lutas:Base de Análises Biomecânicas e Fisiológicas
 
Biomecânica da Lutas
 
 De regra nota-se que os estudos baseados nas leis fundamentais da mecânica-física,
primeiramente os que analisam a cinemática, isto é, a estática e a dinâmica dos corpos, são
importantes ferramentas que observam os deslocamentos corpóreos, determinando as trajetórias
dos movimentos, a velocidade de execução e os ângulos de formação entre segmentos articulares.
O padrão de movimento, os planos de atuação e o modo de velocidade, ao mesmo tempo,
contribuem de modo substancial para a maior compreensão de como funciona a conformação dos
golpes específicos de cada modalidade e a adaptação ao combate e ao seu contendor.
 A descrição dos movimentos, se retilíneos, curvilíneos ou mesmo angulares auxiliam na
compreensão e planejamento da efetivação das técnicas de lutas, proporcionando as melhores
condições para a preparação do aprendizado das destrezas respectivas a cada modalidade.
Igualmente são relevantes para o aprimoramento técnico, e eficiência mecânica na busca pelo
rendimento esportivo.
 Ao se tratar de seres humanos e o respectivo aprofundamento dos estudos biomecânicos,
depara-se em várias competições de modalidades esportivas de combate, com desempenho cada
vez mais complexo de habilidades, relativas às potencialidades músculo-articulares, plasticidade e
aptidão físico-anatômica na realização de movimentos de contundência e agonísticos.
 Planos anatômicos do corpo humano.
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Judô:golpe de arremesso frontal / Atuação multiplannar
 
Esgrima: vários planos de atuação dos membros
inferiores e superiores.
 
 Depois, é significativo se avaliar nas modalidades de combate, como o centro do corpo e
os deslocamentos dos segmentos corporais dos membros inferiores e superiores atuam em planos
distintos, proporcionando a possibilidade de domínio do campo espacial e alcance de seu
oponente. Na grande diversidade das lutas, sejam nas que sobressaem golpes e técnicas de
varredura, de agarre ou de toque e, considerando-se o princípio de confronto específico com ou
sem o uso de armas, pode-se afirmar que biomecanicamente existe atuação multiplanar, seja no
nível sagital, transversal e por fim o coronal.
 O conceito de grau de liberdade (BERSTEIN, 1967; KELSO, 1995) abrange a concepção de
que as articulações afetam a ação muscular dos segmentos corporais, pela própria limitação do
alcance de atuação máxima possível e de acordo com as forças de resistência envolvidas no
movimento. Assim, é notável que nas categorias de ação das lutas encontrem-se diversos graus
de liberdade agindo, concomitantemente, na construção das mais distintas técnicas de combates.
 Um dos exemplos mais expressivos na utilização de diversos graus de liberdade com uso
de uma combinação complexa de movimentos é quando um indivíduo realiza as movimentações
com o nunchacu, bastões articulados japoneses de defesa pessoal, que exigem bastante
sincronismo e concentração. Ademais, ao lidar com implementos de defesa pessoal ressalta-se a
participação efetiva de ritmo, velocidade de reação, esquema corporal, lateralidade,
ambidestridade, equilíbrio de energia e coordenação motora com alto nível de perícia.
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 Nunchaco: vários graus de liberdade, instrumento com grande poder de
contundência 
 
Luta greco-romana: limitação no plano superior de atuação não impede uso de
múltiplos graus de liberdade músculo-articular.
 
 Outro fator importante a se destacar é o estudo da cinética, ou seja, das forças que são
empregadas para se atender a movimentos de choque, pegadas e assolamento característicos das
modalidades de esporte de combate. Estudam-se as categorias de forças e sua localização
corporal. Nesse caso é importante lembrar que por meio de questionários de percepção subjetiva
de esforço (PSE) pode-se determinar diretamente com os atletas de lutas quais segmentos
corporais estão mais atuantes e são mais solicitados, seja especificamente em golpes de ataques
ou para manutenção de desempenho competitivo (Base de atuação, defesas e manutenção do
confronto). 
 Ao se examinar uma habilidade específica de uma luta deve-se atentar para a somação de
forças acumuladas para se atingir a máxima potência (Ex: soco no boxe, chute do taekwondo,
cotovelada no muay thay), força de arraste (Ex: das pegadas e arremessamentos do sumô, do
judô e das lutas greco-romana e olímpica), força de resistência (Ex: nas pegadas do judô e
manutenção de posição no jiu-jitsu), flexibilidade (Ex: nos membros inferiores e superiores da
esgrima, nos membros inferiores para o taekwondo, no quadril para o judô), da velocidade de
força (Ex: nas ações de ataques do karatê, da esgrima, jeet kune do e do ving tsu) e resistência
geral ou local (praticamente em todas as lutas e modalidades de esporte de combate. Mais
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especificamente, pode-se notar a necessidade de circularidade de deslocamento que ocorre nas
lutas de boxe, da movimentação do saltitar no taekwondo, na conservação do desempenho nos
combates de judô. Além de tudo, a capacidade motora de equilíbrio do corpo é uma das
particularidades mais importantes das lutas. Na maioria das vezes e na grande maioria das lutas
remover o equilíbrio do oponente é fator crucial para atingi-lo, arremessá-lo ou submetê-lo às
suas maiores fraquezas, obtendo a vitória.
 Um dos elementos da biomecânica, mais estudados nas lutas é a formação de alavancas
em confronto com as posições de seu oponente e a concretização de gestos técnicos que
produzam abalos corporais. Vários golpes das lutas apresentam distinção de tipos de alavancas.
Fica evidente quão consideravelmente o sistema de alavancas reduz as forças envolvidas para se
vencer uma resistência. Tomando-se por base a aplicação de técnicas, as quais possibilitam
sucesso nas lutas e modalidades de combate, configura-se obtenção de grande eficácia com
menos força concentrada. Essas técnicas aproveitam-se do princípio do torque – momento de
alavanca que permite girar um corpo (Resultante T = F (força) x D (distância do ponto de
resistência).
 
 Princípio das alavancas: ponto de apoio fixo x braço de alavanca
 
 
 Tipos de alvancas:interfixas, inter-resistentes e interpotentes
 
 
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Princípio de aplicação de uma alavanca e formação de torque
( KANO, J./ Kodokan Judô, São Paulo: Cultrix, 2008, pag.45)
 
 
 Jiu-jitsu : sankaku (triângulo) = alavanca inter-resistente 
 
 Uma das categorias de forças mais substanciais nas lutas é a potência, pois considerando
a física-mecânica, sabe-se que a potência efetiva é o melhor resultado da combinação de força e
da velocidade de execução, muito importantes para se concretizar a ação motora desejada,
evitando as esquivas e antecipações dos adversários, alcançando êxito competitivo ou decisivo.
 
 
 
soco: somação de forças alavanca interpotente velocidade x força
= potência de aplicação 
 
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Taekwondo : chute com salto aumenta a potência
de impacto corporal
 
Fisiologia das lutas – Aspectos fundamentais de análise
 
 O estudo dos sistemas energéticos envolvidos nas lutas tem sido aprofundado nos últimos
anos, especialmente no desempenho para rendimento esportivo, com associação intrínseca com as
táticas de competição.
 É inequívoco pensar que cada modalidade possui características próprias decorrentes de
vários fatores de influência na performance fisiológica. Os fatores mais indicados para exame da
fisiologia das lutas são:
 
 
FATORES DE ANÁLISE PARA ESTUDO DAS OCORRÊNCIAS DOS SISTEMAS ENERGÉTICOS DAS MODALIDADES
ESPORTIVAS DE COMBATE
Aspectos de deslocamento dos
lutadores ⇒
Dimensão da área de combate e
movimentação durante o confronto
 
Estrutura temporal da luta / número de
rounds / assaltos ⇒
Relação de tempo de esforço e intervalo
de descanso
Conservação de energia e de defesa ⇒ Fator de base e tipo de esforço
Dispositivos decisórios e ataques ⇒ Fator de definição e tipo de esforço
Somatotipo / constituição de esforço
muscular ⇒
Composição / extensão corpórea /
segmentos corporais mais empregados
Regras da modalidade ⇒ Tática e estratégias de luta
 
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Uniforme ⇒ Hidratação 
Controle de peso corporal ⇒ Extremos de categorias de pesos
 
 As modalidades de combate são essencialmente acíclicas, com movimentação constante
dos competidores em períodos de tempo determinados. Mesmo no boxe, no qual se combate por
três minutos, praticamente ininterruptos, a modalidade exige a parada por um minuto a cada
round / assalto de luta. Outras modalidades de esportes de combate também são organizadas por
rounds com intervalos de descanso – taekwondo, luta olímpica, luta greco-romana, karatê, muay
thai, MMA, esgrima – e outras são disputadas em rounds únicos – como no judô, sumô, kendô e
jiu-jitsu. Essas características exigem cuidados na preparação das condições fisiológicas
imprescindíveis para a elevada performance dos lutadores.
 As lutas, geralmente, possuem estrutura temporal que exige intensa solicitação energética
por períodos muito curtos de tempo com intervalos curtíssimos de pausa, em especial nas
interrupções dos árbitros decorrentes das regras, tais como: saídas de área (judô, taekwondo e
outras modalidades), clinches (boxe, jiu-jitsu, muay thai), atendimento médico, ações proibidas e
as respectivas punições, marcação de pontuação (karatê, por exemplo), essa peculiaridade das
lutas indica sistemas energéticos intermitentes de atuação.
 Deve-se considerar, igualmente, para os fatores de base da modalidade, isto é, as
disposições e necessidades de capacidades físicas que possibilitam ao atleta competir em alto
nível, suportando os comprometimentos físicos, para atuação compatível com a duração do evento
e das características táticas e técnicas exigidas pela modalidade. Além disso, deve sustentar seu
desempenho e cumprir com a ação de defesa requerida para rechaçar as ações de seu adversário,
nitidamente de modo eficaz. Por exemplo, no jiu-jitsu verifica-se grande solicitação de energia e
conservação de força estática nos antebraços, tronco e nas pernas, gerando metabólicos
respectivos aos esforços produzidos.
 Os fatores de definição das lutas, baseados nas regras, estabelecem as condições para a
obtenção de pontuação e mesmo a vitória definitiva antes do tempo de término de luta, como no
judô, jiu-jitsu, taekwondo, sanshou, boxe ao se conseguir o ponto máximo, a desistência do
adversário ou nocaute, o mais celeremente possível. Portanto, um lutador deve estar preparado
para agir de acordo com suas intenções de ataques e tática que permita seu triunfo esportivo.
 A maioria das competições de modalidades esportivas de combate é organizada por
categorias de pesos, o que afeta a disposição de uso da força empregada, a movimentação dos
atletas e variabilidade de ações de ataques e modo de manutenção do fator de base. Esse dado
informa que se deve ter o cuidado apropriado ao treinar indivíduos de categorias de pesos
diferentes, principalmente sob as mesmas condições de desenvolvimento de capacidades físicas
relativas ao sistema energético mais substancialmente estabelecido para cada categoria, além das
táticas relativas a cada indivíduo em função de seu somatotipo. 
 Os espaços e áreas de combate designados para a permissão de ataque e defesa nas
lutas são institucionalizados e devem ser estudados quanto à orientação espacial e distanciamento
do oponente. Essa condição recomenda exigências energéticas diferentes a cada estratégia de
ação corporal e em referência ao estilo de luta do adversário. Adicionalmente, deve-se atentar
para as modalidades que exigem o uso de uniformes especiais, como o judô, jiu-jitsu, esgrima,
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kendô e taekwondo que podem favorecer a desidratação. Recomenda-se que o atleta esteja
sempre treinado com o equipamento que vai ser utilizado em competição e que a transpiração
seja controlada e observada adequadamente para se evitar perda no desempenho.
Mário Luiz Miranda, 2012
Obs: esse conteúdo poderá ser usado apenas para fins acadêmicos se devidamente
citado
Como citar essa referência:
Miranda, Mario Luiz. Lutas:Base de Análises Biomecânicas e Fisiológicas. Sistemas de
discipinas on line UNIP. http://adm.online.unip.br. Curso Educação Física - disciplina de
Lutas, aula: 5. Base de análises biomecânicas e fisiológicas para lutas, 2012. Disponível
em <colocar o endereço eletrônico de acesso>. Acesso em: colocar dia, mes - abreviado
com três letras, ano.
 
Referências 
 
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Pergamon Press, 1967.
 
 
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Franchini, E. Judô: Desempenho competitivo 2ª edicão. São Paulo: Manole, 2010
 
 
Franchini, E; Del Vecchio, F. B. Preparação física para atletas de judô. São Paulo, Phorte
Editora, 2008.
 
 
KANO, J. Judô Kodokan / Jigoro Kano: publicado sob a supervisão do Kodokan Editorial
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KELSO, J. A. S. Dynamic patterns: The self-organization of brain and behavior. Cambridge,
MA: MIT press, 1995.
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SAM: Segredos das artes marciais. Discovery Chanel, 2003, 2005. Sonopress Rimo da
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Todas as fotos foram obtidas de arquivos de compartilhamento público - Google imagens, para fins
acadêmicos.
 Acesso em 12 de janeiro de 2012
<mundoeducacao.com.br>,<sardinhajiujitsu.com.br>, <theshotokanway.com>,
<monstrosheroiseguerras.blogspot.com>,<blog.felipeporto.net>, <humam weapon, history chanel.com>,
<mestreallan.org>.