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Evasão escolar na EJA em Uberaba-MG

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101
O PROCESSO DE EVASÃO ESCOLAR NA VIDA DOS ALUNOS DA 
EJA DE UMA ESCOLA ESTADUAL DE UBERABA- MG 
 
Dayane Aparecida Silva Costa1 (UniUbe) 
Greicy Aparecida da Cunha2 (UniUbe) 
Mariana Furtado Arantes3 (Orientadora) 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Esse trabalho é um nota introdutória de uma pesquisa mais ampla sobre o 
processo sócio-histórico da formação educacional dos discentes do EJA, em uma 
Escola Estadual de Uberaba - MG, enfatizando os fatores que os levaram a 
evadirem do ensino regular, bem como retornarem ao estudo supletivo. Assim, tal 
pesquisa analisa as dificuldades encontradas pelos discentes no cotidiano escolar 
do ensino regular e desvenda os motivos que levaram esses discentes a retornarem 
para a Educação de Jovens e Adultos. 
Tal pesquisa é de natureza exploratória, que se apóia na pesquisa 
quantitativa, a qual objetiva 
[...] a mensuração de variáveis preestabelecidas, procurando verificar 
e explicar sua influência sobre outras variáveis, mediante a análise 
da freqüência de incidências e de correlações estatísticas. O 
pesquisador descreve, explica e prediz. (CHIZZOTTI,1998, p. 52). 
 
Assim, constatamos que a pesquisa qualitativa se foca na análise da 
realidade através de coleta, observação sistemática, dados aparentes, descrição, 
não considerando no entanto, a complexidade, os dados subjetivos como cultura, 
valores, crenças, dentre outros. 
A revisão de literatura é uma forma necessária à identificação do que foi 
escrito por outros autores sobre o tema. Portanto, para dar embasamento teórico a 
nossa pesquisa, fundamentamos em livros, artigos científicos e revistas impressas e 
eletrônicas. Além disso, realizamos pesquisa de campo que, propõe a aplicação de 
 
1 Graduanda do Curso de Serviço Social da Universidade de Uberaba (UNIUBE). Contato: 
dayaninha_costa@hotmail.com 
2 Graduanda do Curso de Serviço Social da Universidade de Uberaba (UNIUBE). Contato: 
gracycunha@hotmail.com 
3 Professora do Curso de Serviço Social da Universidade de Uberaba (UNIUBE). Mestranda em Serviço Social 
pelo Programa de Pós-Graduação da UNESP/Franca. Assistente Social do Instituto Nacional de Seguro Social. 
Contato: marianafurtado@hotmail.com 
 102
questionário caracterizado como um conjunto de questões objetivas e subjetivas 
sobre o processo de formação educacional que foram respondidas, por escrito, 
pelos próprios sujeitos desta pesquisa, sem qualquer interferência da equipe 
pesquisadora. 
O cenário da pesquisa é uma Escola Estadual de Uberaba - MG, sendo que 
o universo da pesquisa foram os discentes de duas turmas da Educação de Jovens 
e Adultos – EJA, totalizando 51 alunos matriculados nesta escola. Para obter o perfil 
do ciclo escolar destes discentes e os reais motivos da evasão escolar e do retorno 
aos estudos foram distribuídos questionários, acompanhado do Termo de 
Consentimento Livre e Esclarecido, a todos os discentes da EJA. Com a autorização 
da Direção da escola, utilizamos uma aula para a distribuição, preenchimento e 
recolhimento dos questionários, na própria sala de aula dos alunos. 
Para análise das informações coletadas, os dados coletados com o 
questionário são tratados através de uma análise de conteúdo e a utilização de 
tabulação e de gráficos para organização, exploração e tratamento dos dados em 
sua freqüência relativa (%), podendo fazer cruzamento de categorias para 
exploração de dados, tais como as que se referem ao trabalho e a formação 
educacional. (MARSIGLIA, 2000) 
Sabendo que a Escola Estadual de Uberaba - MG é uma escola que 
apresenta diversas expressões da questão social, uma delas nos chamou a atenção 
– evasão escolar. E é este o objetivo principal da nossa pesquisa, procurar saber 
quem são os discentes em situação de evasão escolar. A evasão escolar é uma 
expressão da questão social resultante da desigualdade social no Brasil e ao mesmo 
tempo perpetua a desigualdade através da manutenção da exclusão impedindo que 
parte da sociedade tenha acesso ao conhecimento. 
Nesse trabalho, buscamos dar relevância à discussão da política de 
educação no Brasil direcionada para jovens e adultos, analisando a realidade social 
dos discentes e o papel do Estado perante a realidade educacional. Além disso, 
destacamos que, esta escola não constitui em seu quadro de funcionários o 
assistente social, propomos também caminhos para atuar frente às demandas 
apresentadas no seu cotidiano. 
 
2 PROCESSO DE EVASÃO ESCOLAR DOS ALUNOS DA EJA 
 
 103
A evasão escolar historicamente permeia as discussões, as reflexões e os 
debates no âmbito da educação, uma vez que, até os dias de hoje, essa temática 
tem sido notória como uma manifestação da questão social na sociedade capitalista 
brasileira. Em virtude disso, os debates a respeito dos rumos que a evasão tem 
tomado estão se pautando no dever da família, da escola e do Estado para a 
permanência do aluno, como estabelece a Lei de Diretrizes e Bases – LDB: 
Art. 2º. A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos 
princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem 
por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo 
para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. 
 
Em face disso, destaca-se que, a educação não tem sido plena para todos 
os cidadãos, dos quais a grande maioria, por diversos motivos/fatores não 
concretizam o acesso ao direito de concluir os níveis básicos de escolaridade, 
caracterizando, portanto, os significantes índices de evasão e repetência escolar. 
No Brasil, a Educação Básica é destinada para crianças de até 3 anos de 
idade que geralmente são atendidas em creches ou em estabelecimentos 
equivalentes privados, e também é direcionada para crianças de 4 a 5 anos nas pré-
escolas, neste caso podemos denominar de educação infantil. 
A partir dos seis anos de idade, inicia-se o processo de educação formal, 
através de leis e políticas de educação onde todo o conhecimento científico é 
processado de forma que os estudantes vão se aproximando de diversos assuntos e 
temas (gerais e científicos), o que se prossegue ao longo do ensino fundamental. 
O ensino fundamental hoje tem a duração de 8 anos e 9 anos em alguns 
estados e se estende do 1º ano ao 9º ano obedecendo a obrigatoriedade da 
constituição sendo contemplado pelo artigo 208 que diz: “[...] I- ensino fundamental 
obrigatório e gratuito, assegurada, inclusive, sua oferta gratuita para todos os que a 
ele não tiveram acesso na idade própria”. (BRASIL, 2006, p.102). 
Já no ensino médio, que tem duração de 3 anos, como não há a 
obrigatoriedade, existem problemas em todo país, com o ingresso dos alunos que 
concluem o ensino fundamental pois o número de vagas oferecidas muitas vezes 
não correspondem aos números de alunos. Neste momento já começa uma 
peregrinação por parte dos pais em busca de vagas para seus filhos no ensino 
médio. Neste caso, na constituição ainda não rege a obrigatoriedade do ensino 
 104
médio que também contempla no artigo 208: “[...] II- progressiva universalização do 
ensino médio gratuito.” (BRASIL, 2006, p.102). 
Afirma-se que o número de abandono no ensino médio é maior devido o 
ensino não ser obrigatório e neste período muitos ingressam no mercado de 
trabalho, tendo a carga horária exaustiva, não tendo assim, disposição para estudar. 
(CUNHA, 2003). 
No Brasil, o problema da repetência costuma ser associado também 
ao da evasão. Os dados do Mec mostram que o aumento do número 
de estudantes que abandonam a escola foi maior no ensino médio. A 
taxa de evasão, que em 1997 estava em 5,2 % aumentou para 8,3% 
em 2001. (CUNHA, 2003, online). 
 
A partir do Gráfico 1, pode-se observar a direção do caso municipal 
estudado para a evasão escolar, segundo o quesito grau de escolaridade: 
GRAU DE ESCOLARIDADE NA EVASÃO ESCOLAR
57%33%
10%
FUNDAMENTAL
MÉDIO
NR
 
Gráfico 1 Grau de escolaridade naevasão escolar 
FONTE: Pesquisa de campo, 2010. 
 
A realidade municipal estudada aponta que a maioria dos alunos (57%) 
evadiram no ensino fundamental, contra 33% que evadiram do ensino médio. 
Levantou-se, também, a informação da série que cursavam quando evadiram da 
escola e identificou-se maior incidência se deu na sexta série do ensino fundamental 
e no primeiro e segundo ano do ensino médio. 
Apesar dessa tendência municipal diversa da realidade nacional, observa-se 
uma similitude dos dados com relação à faixa etária que se evade da escola, 
conforme o gráfico 2. 
 105
0
5
10
15
20
25
10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 23 NR
NÃ
O 
EV
AD
IU
-S
E
AN
AL
FA
BE
TO
IDADE DE EVASÃO
% %
 
Gráfico 2 Idade de evasão escolar 
FONTE: Pesquisa de campo, 2010. 
 
Conforme o gráfico acima, observa-se que é na adolescência (15-17 anos) 
que ocorreu o maior índice de evasão escolar entre aqueles alunos estudados, 
período que deveriam estar ingressando no ensino médio. Os motivos elencados 
pelos estudantes da EJA para seu primeiro processo de evasão escolar estão 
dispostos no gráfico 3. 
45
20
18
6
2 2 2
6
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
%
TRABALHO
CASAMENTO, FILHO, GRAVIDEZ
FALTA DE INTERESSE
FALTA DE OPORTUNIDADE
PROBLEMAS DE SAÚDE
DIFICULDADE NA VIDA
REPROVAÇÃO ESCOLAR
NR
 
Gráfico 3 Motivos da Evasão escolar  
FONTE: Pesquisa de campo, 2010. 
 
Neste viés, subtendemos que são inúmeras as expressões da questão social 
que atuam no processo da evasão escolar. A pesquisa de campo trouxe como 
resultado que o trabalho (45%), casamento, filho, gravidez, falta de interesse, falta 
 106
de oportunidade, problemas de saúde e dificuldade na vida são os fatores que 
levaram para está tal evasão, com destaque para o trabalho. Assim, pode-se 
levantar mais uma equiparação entre a realidade municipal e a nacional, visto que 
um dos principais motivos para evasão escolar dos adolescentes é a necessidade 
de se ingressar no mercado de trabalho como forma de sobrevivência. 
 De acordo com Ruiz (2007, p. 12): 
As causas da evasão escolar estão ligadas às condições 
econômicas e sociais adversas de grande proporção de alunos 
da rede pública. O percentual de alunos de 1ª e 8ª séries 
oriundos de famílias com renda per capita inferior a meio salário 
mínimo é de 55,4% e 36,4%,respectivamente.Quando se avança 
na idade escolar, no Ensino Médio, os alunos tendem a ir 
desaparecendo das salas de aula. A proporção de estudantes 
cursando o ensino médio no Brasil é de menos da metade, 
45%[...]. 
 
Todos esses motivos vêm evidenciando ainda mais a evasão escolar como 
uma importante expressão da questão social, pois a interrupção do aluno na sua 
trajetória escolar gera uma série de prejuízos tanto para sociedade civil como para si 
mesmo, pois se tornará um trabalhador sem qualificação, mal remunerado e sempre 
a mercê do desemprego. Dessa forma reproduz esse modelo em um ciclo vicioso 
passando de geração para geração. De acordo com Nascimento (2009, online): 
O impacto negativo ocorre nos planos pessoal, político, social e 
econômico. É um impacto profundo na condição de sujeito 
desses jovens. Cada um deve ser sujeito de sua vida, e a falta 
de acesso à educação empobrece os horizontes. 
 
É por isso que, contraditoriamente, muitos alunos retornam aos estudos com 
idade mais avançada. E Quando retornam para os estudos, a grande maioria se 
ingressam na sua maior parte na EJA- Educação de Jovens e adultos, que é um 
ensino destinado para pessoas que não tiveram acesso ou condições de concluir os 
níveis de ensino fundamental e médio na idade própria e assim retoma seus estudos 
em um determinado período da vida. 
Com este estudo identificamos o perfil dos alunos que estão realizando a 
Educação de Jovens e Adultos - EJA, em que conforme o Gráfico 4 abaixo indica 
expressivamente que 33% estão na fase adulta (31-59 anos) e 53% estão na fase 
Jovem (18-30 anos), com destaque para a faixaetáaria dos 18-19 anos, que 
totalizaram 27%. 
 107
 
Gráfico 4 Dados Pessoais dos alunos da EJA: faixa etária 
FONTE: Pesquisa de campo, 2010. 
 
O gráfico 5 indica os motivos de retorno aos estudos, através da EJA, tais 
como 31% futuro para a vida, 29% ingresso no mercado de trabalho, 27% 
qualificação no mercado de trabalho 2% incentivo da família, 2% gosta de estudar e 
o restante não respondeu. 
MOTIVO PARA RETORNAR AOS ESTUDOS - EJA
31
29
27
2 2
8
0
5
10
15
20
25
30
35
%
FUTURO PARA VIDA
INGRESSO NO MERCADO DE
TRABALHO
QUALIFICAÇÃO
PROFISSIONAL/CURSAR
ENSINO SUPERIOR
INCENTIVO DA FAMÍLIA
GOSTA DE ESTUDAR
NR
 
Gráfico 5 Motivo para retornas aos estudos-EJA. 
FONTE: Pesquisa de campo, 2010. 
 
 
Esses dados são devido às metamorfoses no mundo do trabalho que têm 
mostrado resultados na sociedade muito preocupantes, tais como: desemprego, 
pobreza, miséria, violência, mortes, dentre outros agravantes. Como o sistema 
econômico da atualidade está voltado para a flexibilização e valorização do trabalho 
 108
morto, às oportunidades e o acesso ao trabalho na contemporaneidade pelos que 
detêm apenas a força de trabalho têm ficado cada vez mais distantes e utópicas. 
(IAMAMOTO, 2007) 
As discrepâncias sociais decorrentes da contradição capital/trabalho estão 
sendo muito banalizadas, devido ao não interesse dos que dominam, com a 
intenção de permanecer no poder, a fim de adquirir e aumentar ainda mais as suas 
riquezas. Dessa forma, a classe menos abastadas não tem outra escolha a não ser 
trabalhar para ter acesso a bens e serviços necessários à sua sobrevivência. Muitas 
pessoas devido aos vários processos de trabalho não têm a oportunidade de 
conciliar trabalho e educação, tendo assim, que escolher entre um e outro. 
E contraditoriamente, é também pelo trabalho que procuram a educação 
com a finalidade de ampliar a sua qualificação profissional e as oportunidades de 
ingresso no mercado de trabalho. Prevalece na maioria das vezes o trabalho, por 
fatores determinantes de sobrevivência, ou até mesmo, ideo-cultural. Esses fatos 
geram um grande número de alunos que no decorrer da vida escolar evade do 
ensino regular. 
Assim, como o mercado de trabalho a cada dia tem exigido especializações, 
qualificações, esses sujeitos que evadiram os estudos são pressionados, ou, vêem a 
necessidade de corresponder ao que o mercado de trabalho exige retornando assim 
a EJA. A partir do gráfico 6 aprofunda-se a discussão entre a relação da evasão 
escolar e o trabalho: 
 
 
Gráfico 6 Dificuldade do Aluno da EJA em ingressar no mercado de trabalho 
FONTE: Pesquisa de campo, 2010. 
 109
 
Os alunos foram interrogados sobre as suas dificuldades de ingresso no 
mercado de trabalho. Observou-se que a maioria (55%) apontou que não encontram 
dificuldades para o exercício do seu trabalho; porém foi expressivo também o 
número daqueles que já encontram barreiras para realizar sua força de trabalho 
(37%). Dessa forma, aponta-se os motivos elencados por aqueles alunos que 
afirmaram encontrar barreira para se inserirem no mercado de trabalho: 
 
“Concorrência.” 
 
“Por não ter grau de escolaridade.” 
 
 “Por não ter melhor preparo profissional.” 
 
“Falta de estudo completo.” 
 
“Por falta de estudo, experiência e capacitação.” 
 
“Falta de especialização e oportunidade.” 
 
Segundo Marrach (1996, p.46-48): 
[...] 1.Atrelar a educação escolar à preparação para o trabalho e a 
pesquisa acadêmica ao imperativo do mercado ou às necessidades 
da livre iniciativa. Assegurar que o mundo empresarial tem interesse 
na educação porque deseja uma força de trabalho qualificada, apta 
para a competição no mercado nacional e internacional. [...] 2. 
Tornar a escola um meio de transmissão dos seus princípios 
doutrinários. O que está em questão é a adequação da escola à 
ideologia dominante. [...] 3. Fazer da escola um mercado para os 
produtos da indústria cultural e da informática, o que, aliás, é 
coerentecom idéia de fazer a escola funcionar de forma semelhante 
ao mercado, mas é contraditório porque, enquanto, no discurso, os 
neoliberais condenam a participação direta do Estado no 
financiamento da educação, na prática, não hesitam em aproveitar os 
subsídios estatais para divulgar seus produtos didáticos e 
paradidáticos no mercado escolar. 
 
Subtendemos que a autora salienta a educação como uma forma de 
mercantilizar o ensino, isto é, para atender aos ditames do projeto neoliberal, deixou 
de fazer parte do campo social e político, para servir de instrumento no campo 
econômico. 
Assim, o processo de evasão escolar diante desses fatores supracitados vem 
ganhando espaço em debates na área da educação. O abandono escolar ocorre, 
portanto, com parte expressiva de alunos, majoritariamente por motivos de trabalho. 
Deixam de freqüentar a escola e rompem, portanto, com a possibilidade de um 
 110
crescimento intelectual, técnico e formal, tendo dificuldades não só de inclusão no 
mercado de trabalho, como também uma formação por toda a vida social e política. 
 A evasão escolar é uma expressão da questão social resultante da 
desigualdade social no Brasil e ao mesmo tempo perpetua a desigualdade através 
da manutenção da exclusão impedindo que parte da sociedade tenha acesso ao 
conhecimento. E nesse trabalho, buscamos, discutir a política de educação no Brasil 
direcionada para jovens e adultos, analisando a realidade social dos discentes e o 
papel do Estado perante a realidade educacional. 
Em consonância com a Constituição de 1998, a Lei de Diretrizes e Bases 
n.9394/1996, estabelece que “o dever do Estado com a educação escolar pública 
será efetivado mediante a garantia de ensino, obrigatório e gratuito, inclusive para os 
que a ele não tiveram acesso na idade própria”. (Artigo 4). No seu artigo 37, “a 
educação de Jovens e Adultos será destinada àquelas que não tiveram acesso ou 
continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria”. No inciso 
1º deixa clara a intenção de assegurar educação gratuita e de qualidade a esse 
segmento da população, respeitando a diversidade que nele se apresenta. “A 
educação de jovens e adultos (EJA) ainda é vista por muitos como uma forma de 
alfabetizar quem não teve oportunidade de estudar na infância ou aqueles que por 
algum motivo tiveram que abandonar a escola”. (SATO, 2009, p. 36). 
Na Educação de jovens e Adultos, como muitos já são adultos, tendo 
responsabilidades de garantir o sustento da família, muitos conciliam trabalho com o 
estudo, conforme o quadro abaixo. 
 
Gráfico 7 Aluno da EJA em exercício de algum trabalho. 
FONTE: Pesquisa de campo, 2010. 
 111
 
Diante do exposto, confirma-se que a questão social atravessa o universo 
escolar a partir da situação sócio-econômica dos discentes, os quais podem estar 
desprovidos de todos direitos, bens e do acesso às políticas públicas. Há ainda 
aqueles que estão situados em lugares que não tem rede de serviços básicos, 
deixando os mesmos em situação de total miserabilidade e toda essa precariedade 
vai se manifestar no seu cotidiano e, inclusive no processo escolar. 
Exposto isso, subentende-se que: 
A situação sócio-econômica do estudante condiciona não só sua 
entrada para a escola como também constitui uma série de restrição 
durante toda sua trajetória escolar. [...] Em outras palavras, o êxito 
escolar está condicionado pela capacidade econômica do estudante. 
(GUTIÉRREZ, 1988, p. 26-27) 
 
Sob esse prisma, define-se que as demandas apresentadas pelos discentes 
de escola pública expressam a realidade sócio-econômica a que estão submetidos. 
Dessa forma, é real “que o êxito escolar não depende exclusivamente de sua 
vontade, de sua inteligência ou de suas aptidões” (GUTIÈRREZ, 1988, p. 27) e 
depende, principalmente, da posição de classe social, do contexto e conjuntura em 
que o discente está inserido. 
Mediante isso, o Serviço Social é uma profissão que constitui aparatos 
teóricos-metodológicos, ético-políticos e técnico-opertativos (GUERRA, 2000) para 
intervir nos determinantes sociais existentes no âmbito educacional. A inserção do 
profissional nessa realidade com visão crítica trará contribuição para a política, além 
de fortalecer as interfaces entre os setores e os diversos sujeitos que compõem a 
rede pública de ensino. 
A busca pela efetivação e ampliação dos direitos sociais e educacionais 
perpassa o trabalho desenvolvido pelo assistente social, sendo a política social 
elemento decisivo para a efetivação da prática profissional. Dessa forma, o Serviço 
Social na educação lutará em prol a compreensão da mesma, com mecanismos de 
transformação da realidade para além do capital (MÉSZAROS, 2005). 
Transformando-a para a liberdade, como fruto das relações entre os homens, sem 
preconceito e sem desigualdade, criando novas formas de se ter acesso aos direitos 
sociais. 
 
3 CONSIDERAÇÕES 
 112
 
Diante dos dados apresentados pelos discentes da Educação de Jovens e 
Adultos – EJA de uma Escola Estadual de Uberaba - MG foi possível observar que 
os discentes, na sua maioria adolescente no período de evasão escolar, apontaram 
o trabalho como fator dificultante para permanecerem no ensino. Outro motivo 
elencado pelos alunos foi à o casamento, gravidez e filhos na adolescência. Em 
relatos muitas tiveram que interromper os estudos, tanto durante a gravidez, quanto 
posteriormente para cuidar dos filhos. E por último os discentes colocaram a falta de 
interesse em querer continuar com os estudos. Além disso, em contrapartida 
apontam que os principais motivos para retornarem aos estudos pelo EJA se 
encontram na crença de que a educação pode oportunizar uma nova e progressista 
direção às suas vidas, bem como facilitar seu ingresso no mercado de trabalho e 
melhorar sua condição de sobrevivência na classe trabalhadora. 
Considerando o exposto, observamos a importância de tratar a evasão 
escolar com mais relevância pelos órgãos competentes, pela sociedade e pelas 
famílias. Mediante esses fatores, a aproximação da profissão Serviço Social ao 
campo educacional pode oportunizar, portanto, a realização de ações políticas e 
profissionais críticas, efetivas e conscientes frente às expressões da questão social. 
Para que o profissional possa defender o acesso aos direitos sociais da política 
educacional em um contexto, em que o Estado não vem garantindo o que é de 
direito, o que está previsto na lei. 
 
4 REFERENCIAS 
 
BRASIL. Constituição (1988). Constituição Federal. São Paulo: Atlas 2006. 
 
_______. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília. 
 
CHIZZOTTI, A Pesquisa em ciências Humanas e Sociais. São Paulo : Cortez, 1991. 
 
CUNHA, C. Evasão escolar aumenta em quatro anos. Folha de São Paulo, São 
Paulo, on line, 22 set. 2003. Disponível em: 
<http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u13730.shtml>. Acesso em: 10 
mar. 2010. 
 
GUTIERREZ, F. Educação como práxis política. São Paulo: Smmus, 1998. 
 
 113
IAMAMOTO, M. V. O Serviço Social na Contemporaneidade: trabalho e formação 
profissional. 11.ed. São Paulo: Cortez, 2007. 
 
MARSIGLA, R. M. G. O projeto de pesquisa em Serviço Social. IN: PROGRAMA de 
capacitação continuada para Assistentes Sociais – Brasília: UNB – CEAD, - CFESS 
– ABEPSS, 2000. (MODULOS). 
 
MARRACH, S. A. Neoliberalismo e Educação. In: GUIRALDELLI JUNIOR, P. (Org). 
Infância, educação e neoliberalismo. São Paulo: Cortez, 1996. 
 
MÉSZÁROS, István. A educação para além do capital. Tradução de Isa Tavares – 
São Paulo: Boitempo, 2005. 
 
NASCIMENTO, Aniele. Evasão é causa de renda menor. 18/05/2009. Disponível 
em: 
<http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?tl=1&id=887587&t
it=Curitiba-perde-12-alunos-por-dia>. Acesso em: 16 maio 2010. 
 
SATO, Paula. Timothy Ireland: A EJA tem agora objetivos maiores que a 
alfabetização. Nova Escola, São Paulo, n. 223, p. 36, jun. 2009. 
 
RUIZ, AntonioIbañez. Letras da desigualdade. Violência: um mal que atinge as 
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YOLANDA, Guerra. A Instrumentalidade no Trabalho do Assistente Social. IN: 
PROGRAMA de capacitação continuada para Assistentes Sociais – Brasília: UNB – 
CEAD, - CFESS – ABEPSS, 2000. (MODULOS).