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TCC SERVIÇO SOCIAL Evasão EJA

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SIMONE GLAENI DE CASTRO OLIVEIRA 
 
SES-2225 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A ATUAÇÃO DO/A ASSISTENTE SOCIAL NA PREVENÇÃO DA EVASÃO 
ESCOLAR NA EJA: UM ESTUDO A PARTIR DO ESTÁGIO 
SUPERVISIONADO EM SERVIÇO SOCIAL REALIZADO NO COLÉGIO 
MARISTA SÃO MARCELINO CHAMPAGNAT. 
 
 
 
 
 
 
 
 
NOVO HAMBURGO 
2020 
 
Centro Universitário Leonardo da Vinci 
 
 
 
SIMONE GLAENI DE CASTRO OLIVEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A ATUAÇÃO DO/A ASSISTENTE SOCIAL NA PREVENÇÃO DA EVASÃO 
ESCOLAR NA EJA: UM ESTUDO A PARTIR DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO 
EM SERVIÇO SOCIAL REALIZADO NO COLÉGIO MARISTA SÃO MARCELINO 
CHAMPAGNAT. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado à disciplina de Projeto de TCC – do 
Curso de Serviço Social – do CentroUniversitário 
Leonardo da Vinci – UNIASSELVI, como 
exigência parcial para a obtenção do título de 
Bacharel em ServiçoSocial. 
 
Nome do Tutor – Estelamaris de Barros Dihl 
 
 
 
 
 
A ATUAÇÃO DO/A ASSISTENTE SOCIAL NA PREVENÇÃO DA EVASÃO 
ESCOLAR NA EJA: UM ESTUDO A PARTIR DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO 
EM SERVIÇO SOCIAL REALIZADO NO COLÉGIO MARISTA SÃO MARCELINO 
CHAMPAGNAT. 
 
 
 
 
POR 
 
 
 
 
SIMONE GLAENI DE CASTRO OLIVEIRA 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso aprovado do grau 
de Bacharel em Serviço Social, sendo-lhe atribuída à 
nota “______” 
(_____________________________), pela banca 
examinadora formada por: 
 
 
 
 
 
 ___________________________________________ 
Presidente: Prof. Estelamaris de Barros Dihl– Orientador Local 
 
 
 
 
 ____________________________________________ 
Membro: Marcelo Peruzzo - Supervisor de Campo 
 
 
 
 
 ____________________________________________ 
Membro: Prof. Ivete Eloi Cruz - Profissional da área 
 
 
 
 
 
 
 
Novo Hamburgo, 09 de dezembro de 2020. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho aos meus pais por me 
darem a vida em especial a minha mãe, que 
mesmo com pouca instrução, carrega consigo 
saberes que vão além do que os livros 
ensinam, mulher humilde de aparência frágil 
mas de uma força inigualável, corajosa e 
resoluta,esta mulher sempre foi minha fonte 
de inspiração para enfrentar as barreiras que 
a vida me impõe. 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço primeiramente a Deus, pelo dom da vida e por ter me concedido saúde, me 
revestindo de fé, coragem e segurança, durante essa longa jornada em busca da 
realização dos meus objetivos; 
Agradeço com todo carinho a minha mãe Gladis Oliveira, que sempre esteve ao meu 
lado me dando força, coragem e me incentivando a enfrentar as dificuldades e desafios, 
além de contribuir com a minha educação; 
Ao meu esposo Geovani, por me apoiar e incentivar a alcançar as minhas metas; 
Aos meus filhos Caroline Lima e Pedro Henrique, bençãos de Deus na minha vida. Sou 
grata pela compreensão e carinho que tiveram comigo ao longo desta caminhada; 
À minha amiga e colega de curso Julia VicenteTeixeira, pelos momentos que precisei , e 
sempre esteve solícita; 
Ao ex-colega de trabalho e encarregado de setor, Élcio Backes, que me permitia estudar 
durante a jornada de trabalho; 
À orientadora Estelamaris de Barros Dihl por todas as palavras de incentivo nos 
momentos de desânimo, por nos orientar e compartilhar seus melhores conhecimentos 
para a realização desta conquista, por nos ensinar a importância de escutar, 
compreender e interpretar o silêncio; por me fazer entender que em algumas situações 
os gestos dizem mais do que as palavras; 
Ao meu supervisor de campo, Marcelo Peruzzo, por toda dedicação durante o processo 
de estágio; a todos os profissionais do Colégio Marista São Marcelino Champagnat pela 
dupla acolhida a mim concedida, primeiro como estudante da EJA em 2015, e em novo 
espaço como estagiária de Serviço Social desta instituição de ensino; 
 Aos professores da EJA do Colégio Marista São Marcelino Champagnat que 
despertaram em mim a fome do saber que encontrava-se adormecida há mais de vinte 
anos, onde tive a oportunidade de concluir o ensino médio e pela acolhida a mim 
concedida enquanto estágiaria de Serviço Social. Enfim, agradeço a todos que de alguma 
forma contribuíram para realização deste sonho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nada mais significativo e importante para a construção da cidadania do que a compreensão de 
que a cultura não existiria sem a socialização das conquistas humanas. O sujeito anônimo é, na 
verdade, o grande artesão dos tecidos da história. 
 
 
 Parecer CNE/CEB nº 4/98 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
Este trabalho de conclusão de curso em serviço Social abordará a temática sobre a 
evasão escolar e como o assistente social atua na prevenção e enfrentamento desta 
demanda na modalidade de ensino EJA. Os estágios ocorreram no Colégio Marista São 
Marcelino Champagnat, no perído de 2019/2020. O projeto buscou identificar os fatores 
implicados na situação do abandono escolar. A pesquisa desenvolvida partiu do 
levantamento de demandas, com base no trabalho elaborado, identificou-se as 
demandas sociais que contribuem para evasão, como a situação de desemprego, 
conflitos familiares, entre outros. Para compreender as demandas, foi necessária a 
pesquisa bibliográfica e documental. A pesquisa tem um caráter descritivo e de natureza 
qualitativa. A fundamentação teórica ocorre a partir das leituras dos autores do serviço 
social, com base na teorial social crítica. Durante o projeto de pesquisa, identificamos o 
contexto escolar permeado por dilemas sociais, econômicos e culturais que ocasionam 
o baixo desempenho dos estudantes, facilitando a evasão escolar. Os educandos 
vivenciam em seu cotidiano diferentes expressões da questão social que os fragiliza 
como o desemprego, situação de pobreza, violência domestica, renda insuficiente para 
custear o sustento. Estas questões refletem tanto na frequência, quanto na evasão 
escolar. As atribuições de um profissional de Serviço Social dentro da escola vão desde 
a realização de um estudo social para concessão de beneficios, como bolsa de estudo, 
até ampliação e garantia de acesso de direitos sociais aos estudantes. 
 
PALAVRAS-CHAVE: EVASÃO – EJA – SERVIÇO SOCIAL 
 
 ABSTRACT 
This undergraduate thesis of social service, is about the thematic of school dropuot and how the 
social worker operates in the prevention and stand up to this demand of this teaching modality 
EJA (Education of youth and adults). The internship started in March 18th of 2019 and it was until 
December 12nd of 2019 it took place in Colegio Marista São Marcelino Champagnat. The project 
sought to identify the factors that are involved in that situation of school dropout. The research 
developed started from the survey of demands, based in the work done, the social demands made 
possible to identify what contributes to the dropout, like the unemployment situation, family 
conflicts, among others. To understand the demands, bibliographic and documentary research 
was necessary. The research has a descriptive and qualitative nature. The theoretical foundation 
occurs from the readings of the authors of social work, based on critical social theory. During the 
research project, we identified the school context permeated by social, economic and cultural 
dilemmas that cause low student performance, facilitating school dropout. The students 
experience different expressions of the social issue in their daily lives, which weakens them such 
as unemployment, poverty, domestic violence, insufficient income for sustenance. These 
expressions are reflected in school attendance and dropout rates. The social service professional 
occupies his / her social functionat school, at first for social study and granting benefits, but, 
extends his / her performance by realizing the totality of his work process, expanding access and 
guaranteeing social rights. 
KEYWORDS: SCHOOL DROPOUT - EJA - SOCIAL SERVICE 
 
 
 
 
 
LISTAS DE ILUSTRAÇÕES 
 
GRÁFICO 1: . DISTRIBUIÇÃO DA FAIXA ETÁRIA DOS ALUNOS DA EJA DO COLÉGIO 
MARISTA SÃO MARCELINO CHAMPAGNAT 
GRÁFICO 2: NÚMERO DE ALUNOS, POR GENÊRO, MATRICULADOS NO EJA NO 
SEGUNDO SEMESTRE DE 2019 
GRÁFICO 3: ETNIAS QUE COMPÕE O QUADRO DE ESTUDANTES DO EJA NA 
INSTITUIÇÃO 
GRÁFICO 4: INDÍCE DE ESTUDANTES EM SITUAÇÃO DE DESEMPREGO 
 
 
 
TABELA 1: TAXA DE RENDA PER CAPITA DOS ESTUDANTES 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS, ABREVIATURAS E SÍMBOLOS: 
 
EJA- Educação de Jovens e Adultos 
CEAA- Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos 
CEB- Câmara de Educação Básica 
CFESS- Conselho Federal de Serviço Social. 
CNE- Conselho Nacional de Educação 
CRESS- Conselho Regional de Serviço Social 
Inep- Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira 
LDB- Lei de Diretrizes e Bases 
MEC- Ministério da Educação e Cultura 
MOBRAL- Movimento Brasileiro de Alfabetização 
Prouni- Programa Universidade para Todos 
SENAI- Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial 
SISU- Sistema de Seleção Unificada 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 4 
2. A ATUAÇÃO DO/A ASSISTENTE SOCIAL NA PREVENÇÃO E 
ENFRENTAMENTO DA EVASÃO ESCOLAR NA EJA ............................................ 5 
 2.1 Breve Contexto da Política de EducaçãonoBrasil ............................................ 5 
 2.2 A Política de Educação para Jovens e Adultos no Brasil–EJA ........................ 7 
 2.3 A inserção do Serviço Social na Política de educação–Atribuições e desafios 
.................................................................................................................................. 13 
 2.4 A EJA no Colégio Marista São Marcelino Champagnat ................................... 14 
 2.5 A atuação do Assistente Social no EJA............................................................ 16 
3. A QUESTÃO SOCIAL E SUAS IMPLICAÇÕES NOS EDUCANDOS DA EJA ...... 18 
 3.1 A questão social e sua origem ......................................................................... 18 
4. JUSTIFICATIVA ...................................................................................................... 22 
5. OBJETIVOS ............................................................................................................ 23 
 5.1 Objetivo geral ................................................................................................... 23 
 5.2 Objetivo especifico ........................................................................................... 23 
6. METODOLOGIA ...................................................................................................... 24 
 6.1 Participantes da pesquisa ................................................................................ 25 
 6.2 Instrumentalidade da pesquisa ......................................................................... 28 
7. ANÁLISE DE DADOS................................................................................29 
7.1 Apresentação de 
dados...................................................................................................29 
 
8. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS...........................................................................35 
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................37 
REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 29 
4 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 
 
Este trabalho de conclusão de curso em Serviço Social abordará a temática 
sobre a evasão escolar e como o assistente social atua na prevenção e enfrentamento 
desta demanda na modalidade de ensino EJA. Os estágios ocorreram no Colégio 
Marista São Marcelino Champagnat, no período de 18 de março de 2019 até 12 de 
dezembro de 2019. 
 O projeto identificou os fatores implicados na situação do abandono escolar. A 
pesquisa desenvolvida partiu do levantamento de demandas, com base no trabalho 
elaborado, identificou-se as principais causas sociais que contribuem para a evasão, 
como a situação de desemprego, conflitos familiares, entre outros. Para compreender 
melhor essas adversidades, foi necessária a pesquisa bibliográfica e documental. A 
pesquisa tem um caráter descritivo e de natureza qualitativa. 
A fundamentação teórica ocorre a partir das leituras dos autores do serviço 
social, com base na teorial social crítica. Durante o projeto de pesquisa, identificamos 
o contexto escolar permeado por dilemas sociais, econômicos e culturais que 
ocasionam o baixo desempenho dos estudantes, facilitando a evasão escolar. 
Os educandos vivenciam em seu cotidiano diferentes expressões da questão 
social, que os fragiliza, como o desemprego, situação de pobreza, violência 
doméstica, renda insuficiente para o sustento. Estas expressões refletem na 
frequência escolar, bem como na evasão escolar. 
As atribuições de um profissional de Serviço Social dentro da escola vão desde 
a realização de um estudo social para concessão de beneficios, como bolsa de 
estudo, até ampliação e garantia de acesso de direitos sociais aos estusdantes. 
5 
 
2. ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA PREVENÇÃO E ENFRENTAMENTO 
DA EVASÃO ESCOLAR NO EJA. 
 
 
Neste capítulo, objetiva-se descrever as transformações ocorridas no 
cenário do ensino e da educação neste país, ressaltando a contribuição da nova LDB 
e da Carta Magna para a educação. Apresentaremos a Política de Educação no EJA 
e a sua trajetória histórica marcada pela negação de direitos semelhante à história do 
povo brasileiro. Tencionamos evidenciar a implantação do Serviço Social na política 
de educação, salientando as suas atribuições e desafios, destacando a atuação do 
Assistente Social no EJA, assim como essa modalidade de ensino se estabeleceu na 
Instituição. 
 
 2.1 Breve Contexto da Política de Educação no Brasil 
 
 
Com a promulgação da Constituição de 1988, ocorrem significativas 
transformações no cenário do ensino e da educação brasileira, que passam a receber 
uma atenção especial, cuidados com os direitos e deveres, com os fins e com os 
princípios norteadores. Embasado na nova Constituição, foi criada a Lei de Diretrizes 
e Bases da Educação Nacional,a nova LDB e A Carta Magna, cuja finalidade é 
assegurar, através de uma educação de qualidade, a formação integral do cidadão e 
a sua inserção na sociedade. De acordo com: José Clécio Silva e Souza: 
 
Nos últimos 28 anos foram promovidas grandes modificações na educação 
brasileira. Em 5 de outubro de 1988 foi promulgada uma nova Constituição, 
que“cuida da educação e do ensino de maneira especial com referência aos 
direitos, aos deveres, aos fins e aos princípios norteadores”. Com base na nova 
Constituição, foi criada a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, 
a Lei nº 9.394, promulgada em 20 de dezembro de 1996. A Carta Magna e a 
nova LDB dão suportes legais para que o direito a uma educação de qualidade 
seja realmente consubstanciado, assegurando a formação integral do indivíduo 
e a sua inserção consciente, crítica e cidadã na sociedade.(s.p,2018) 
 
Em 1996, sob o governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso, foi 
elaborado uma série de documentos que compõe a grade curricular de todas as 
instituições de ensino do país, o que permitiu o desenvolvimento de uma nova 
estrutura para formação escolar com vistas a contribuir para a cidadania do estudante, 
ofertando-lhe ensino de qualidade. A partir desse contexto, a educação brasileira 
evoluiu significativamente, porém ainda apresenta características conservadoras, 
formandocidadãos alienados sem capacidade de 
6 
 
questionar sobre a realidade que se posta. Tal como apresenta, José Clécio Silva e 
Souza: 
 
Em 1996, o Governo Federal elaborou os Parâmetros Curriculares Nacionais, 
estabelecendo diretrizes para estruturação e reestruturação dos currículos 
escolares de todo o Brasil,em função da cidadania do aluno e de uma escola 
realmente de qualidade. Contudo, ainda falta muito para que o texto legal 
realmente se consolide. Por mais que tenha evoluído, a educação brasileira 
ainda apresenta características reacionárias e alienantes, contribuindo para a 
formação de seres passivos, eximindo-se de compromisso de formar cidadãos 
ativos econscientes.(s.p,2018) 
 
Através do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, criado em 
novembro de 1968, são executadas as políticas educacionais do Ministério da 
Educação-MEC, que dedica-se a garantir ensino de qualidade a todos os estudantes, 
sobretudo à rede pública de ensino, além de manter vários programas que oferecem 
autonomia às escolas e melhores condições de ensino aos estudantes, instigando os 
seus talentos. Em conformidade com José Clécio Silva e Souza: 
 
O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), criado em 1968, 
mantém vários programas queobjetivam proporcionar mais autonomia 
àsescolas,suprir as carências e oferecer aos alunos melhores condições de 
acesso e permanência na escola e de desenvolvimento de suas 
potencialidades.(s.p,2018) 
 
De modo a tornar o ensino superior acessível a todas as classes sociais, em 
2005 foi aprovada a Lei que regulamenta o Programa Universidade para Todos- 
ProUni, ofertando bolsas de estudos a estudantes de baixa renda. Neste mesmo 
segmento, foi criado o SISU-Sistema de Seleção Unificada, que tal qual o ProUni, 
seleciona os estudantes tendo como parâmetros a nota do Enem. Segundo José 
Clécio Silva e Souza: 
Com a finalidade de democratizar o acesso ao Ensino Superior, em 2005 foi 
aprovada a Lei nº 11.096, que instituiu o Programa Universidade para Todos 
(ProUni), que concede bolsas de estudos em instituições de ensino superior 
particulares a estudantes de escolas públicas de baixa renda e/ou estudantes de 
escolas particulares na condição de bolsistas utilizando como referência a nota 
do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). As bolsas podem ser parciais, com 
descontos de 25% ou 50%, e integrais. Também foi criado o Sistema de Seleção 
Unificada – Sisu, que visa substituir os exames tradicionais das universidades 
públicas; criado pelo Governo Federal, seleciona estudantes com base na nota 
do Enem, assim como o ProUni; dentro dele, as vagas estão divididas em ampla 
concorrência e as cotas para estudantes de escolas públicas e de baixa renda, 
entre outros aspectos.(s.p,2018) 
 
Diante do exposto, observa-se que as Políticas Públicas Educacionais são ricas 
em Leis e Projetos que ofertam subsídios que vão ao encontro do fortalecimento da 
educação brasileira. No entanto, existe um largo distanciamento entre a teoria e a 
prática que impossibilitaria, de fato, a efetivação das políticas educacionais ofertando 
a todos os cidadãos, independente de classe social uma educação gratuita, 
7 
 
democrática e de qualidade. 
 
 
 2.2 A Política de Educação para Jovens e Adultos no Brasil-EJA 
 
O EJA tem sua história marcada pela negação de direitos semelhante à história 
do povo brasileiro. Esses paralelos ultrapassam a trajetória do desenvolvimento da 
educação e vem se legitimando desde a catequização dos indígenas, atribuída aos 
jesuítas, que além da escolarização, tencionavam propagar a fé cristã. Esses métodos 
permaneceram até a expulsão dos jesuítas. Segundo Paiva: 
 
O histórico da EJA no Brasil perpassa a trajetória do próprio desenvolvimento 
da educação e vem institucionalizando-se desde a catequização dos indígenas, 
a alfabetização e a transmissão da língua portuguesa servindo como elemento 
de aculturação dos nativos (pág.394,2010) 
 
Com a vinda da Corte Portuguesa para o Brasil, havia a necessidade de 
contratar trabalhadores para atender a família real. Assim sendo, iniciou-se a 
escolarização de adultos de modo a prestar serviço à aristocracia portuguesa. 
Segundo Piletti. 
 
" A realeza procurava facilitar o trabalho missionário da igreja, na medida em 
que esta procurava converter os índios aos costumes da Coroa Portuguesa". 
(pág.394,2010) 
 
Em 1854 surgiu a primeira escola noturna de alfabetização de adultos. Vinte 
anos mais tarde, este número havia se expandido para 117 escolas por todo o Brasil, 
incluindo as províncias do Pará e Maranhão. Conforme Paiva: 
 
Até 1874 já existiam 117 escolas, sendo que as mesmas possuíam fins 
específicos, como por exemplo: no Pará para a alfabetização de indígenas e 
no Maranhão para esclarecer colonos de seus direitos e deveres (pág. 394, 
2010). 
 
 
Foi criada, em janeiro de 1881, o Decreto n° 3029, em homenagem ao Ministro 
do Império, José Antônio Saraiva. Esta resolução ficou conhecida como Lei Saraiva, 
e proibia o voto dos analfabetos, através do chamado “Senso Literário”, estabelecido 
por Rui Barbosa, que exigia do eleitor o saber ler e escrever corretamente. De acordo 
com Paiva: 
8 
 
Em nove de janeiro de 1881 foi concebido o Decreto nº 3.029, conhecido como 
"Lei Saraiva" em homenagem ao Ministro do Império José Antônio Saraiva, que 
foi o responsável pela primeira reforma eleitoral do Brasil instituindo pela primeira 
vez, o "título de eleitor". Esta Lei proibia o voto dos analfabetos por considerar a 
educação como ascensão social. O analfabetismo ,então, estava associado à 
incapacidade e à inabilidadesocial. A expulsão dos jesuítas no século XVIII 
desestruturou o ensino de adultos nestepropósito,discussão esta que foi 
retomada no Império(pág.394,2010). 
 
Com o encerramento do regime monárquico e transição para a República, a 
educação passou a ser vista como a salvação dos problemas da nação. Nesse 
período de grandes debates político, ocorre o crescimento da rede escolar, pois alguns 
movimentos desejavam o fim do analfabetismo. A educação passou a ser vista como 
dever do Estado. Na conformidade de Paiva: 
 
Nos anos de transição do Império-República (1887-1897), a educação foi 
considerada como redentora dos problemas da nação.Houve a expansão da rede 
escolar, e as "ligas contra o analfabetismo", surgidas em 1910, que visavam à 
imediata supressão do analfabetismo, vislumbraram o voto do analfabeto 
(pág.394,2010). 
 
Os movimentos em prol da educação se acentuaram com a revolução de 30. 
E, diante das mudanças ocorridas no país, o EJA passa a garantir seu espaço na 
história da educação brasileira. Segundo Paiva: 
 
As reformas da década de 20 tratam da educação dos adultos ao mesmo tempo 
em que cuidam da renovação dos sistemas de um modo geral. Somente na 
reforma de 28 do Distrito Federal ela recebe mais ênfase, renovando-se o ensino 
dos adultos na primeira metade dos anos 30 (pág.395, 2010). 
 
Em 1934, com a criação do Plano Nacional de Educação, fica estabelecido que 
o ensino primário integral gratuito para adultos é dever do Estado. Na década de 40, 
grandes avanços ocorreram na educação, e por conseguinte, no EJA. Neste período, 
cria-se o SENAI, com o objetivo de fomentar a educação profissional, favorecendo a 
sociedade capitalista e os grupos econômicos dominantes e contribuindo com o 
desenvolvimento do país. Em 1945, o índice de analfabetismo ainda era impactante, 
propiciando estagnação econômica que se atribuía à falta de educação escolar. Para 
Gadotti;Romão: 
 
A década de 40 foi marcada por grandes transformações e iniciativas que 
possibilitaram avanços significativos na educação e por consequência na EJA.A 
criação do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) vem corroborar 
com a intenção da sociedade capitalista e dos grupos econômicos dominantes: 
sem educação profissional não haveria desenvolvimento industrial para o país. 
Vincula-se neste momentoa educação de adultos à educação profissional 
(pág.395,2010) 
9 
 
Neste mesmo período, foi instituído o Fundo Nacional de Ensino Primário, no 
intuito de garantir recursos permanentes para o ensino primário, criado pelo professor 
AnísioTeixeira, que, preocupado com a educação desigual entre os estudantes, 
propôs a criação de custo padrão de modo a redistribuir os recursos existentes. Nesta 
sequência, houve a criação do Instituo Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio 
Teixeira-INEP. Outro marco neste contexto foi a Campanha de Educação de 
Adolescentes e Adultos-CEAA, em 1947. A partir de então, surgem outros fatores de 
estruturação na EJA, ressaltando o I Congresso Nacional de Educação de Adultos em 
1947 e o Seminário Interamericano de Educação de Adultos, em 1949. Segundo 
Mariani: 
 
Grande parte do quadro técnico do INEP acaba, no entanto,por se dedicar à 
implantação de um Fundo Nacional do Ensino Primário, cuja organização se 
propunha, por iniciativa do próprio Ministério, definir, na verdade, a origem dos 
recursos que seriam investidos pelo governo federal no ensino primário e os 
critérios para a sua aplicação, na direção do caráter híbrido que marca o órgão 
desde a sua fundação, como se assinalou anteriormente.(pág.94, 2006), 
 
O programa político de Getúlio Vargas entendia a escolarização de adultos 
como um processo fundamental do nível de desenvolvimento socioeconômico da 
população, o que favoreceu o surgimento várias escolas. Esta proposta tencionava a 
expansão agrícola, movimento que ficou conhecido como Educação da Várzea. 
Conforme Beiseigel: 
 
Como plataforma política de governo de Getúlio Vargas (pensada por Lourenço 
Filho) a educação de adultos foi entendida como peça fundamental na elevação 
dos níveis de escolarização da população em seu conjunto, compreendendo este 
processo como fundamental para a elevação do nível cultural dos 
cidadãos(s.p,2010). 
 
Em 1958 foi realizado o “Congresso de Educação de Adultos”. Nessa época, o 
país estava sob o governo de Juscelino Kubitschek, que convocou vários grupos de 
diferentes estados, para compartilhar vam suas experiências relacionadas à educação 
de adultos. O grupo liderado por Paulo Freire teve grande relevância, pois trazia fortes 
críticas referentes à precariedade, qualificação e inadequação no sistema de ensino 
de Pernambuco. Este movimento se caracterizou por inovações pedagógicas 
reforçando uma educação com o homem e não para o homem. Buscava renovação 
nos métodos de ensino com ênfase na participação de todos. Em conformidade com 
Gadotti: 
10 
 
Em 1958, Juscelino Kubitscheck de Oliveira, então presidente da república, 
convoca grupos de vários estados para relatarem suas experiências no 
"Congresso de Educação de Adultos". Nesse congresso ganha destaque a 
experiência do grupo de Pernambuco liderado por Paulo Freire (s.p, 2010). 
 
Contrapondo as ideias de Paulo Freire, em 1965 surge no Recife a Cruzada da 
Ação Básica Cristã durante o período militar, com o propósito de apoiar o movimento 
golpista de 1964 e neutralizar as ideias inspiradas no pensamento Marxista. Em 1970, 
tal campanha foi substituída pelo MOBRAL, permanecendo até 1985, quando foi 
extinto. De acordo com Haddad; DiPierro: 
 
No ano de 1965, em oposição às ideias de Paulo Freire, surgiu em Recife a 
Cruzada Ação Básica Cristã (ABC), de caráter conservador e semi oficial...Em 
1967,o Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL) e a Cruzada ABC, 
constituíram-se em movimentos concebidos com o fim básico de controle 
político da população, através da centralização das ações e orientações, 
supervisão pedagógica e produção de materiais didáticos (s.p,2010) 
 
Para contemplar o grau de ensino de jovens e adultos, visando fundar um novo 
projeto de escola, almejando aperfeiçoar e qualificar o ensino direcionado para 
profissionalização instituí -se a Lei n.º 5692 que regulamenta o ensino supletivo em 
1971. Segundo o ponto de vista dos legisladores, o sistema de ensino apresentava 
uma proposta recuperar o atraso escolar e colaborar com o desenvolvimento nacional 
através de um novo modelo de escola. Conforme Haddad; DiPierro: 
 
O Ensino Supletivo visou se constituir em "uma nova concepção de escola", em 
uma "nova linha de escolarização não-formal, pela primeira vez assim entendida 
no Brasil e sistematizada em capítulo especial de uma lei de diretrizes 
nacionais",e,segundo Valnir Chagas,poderia modernizar o Ensino Regular por 
seu exemplo demonstrativo e pela interpenetração esperada entre os dois 
sistemas (s.p,2010). 
 
Entretanto, na década de 90, a partir da LDB 9394/96, o EJA se estabelece 
como modalidade de educação básica, antes denominada ensino supletivo. Para 
alguns autores, esta mudança não se refere somente a atualização vocabular, pois o 
conceito educação vai além da instrução, mas tem como objetivos desenvolver as 
aptidões, habilidades e até mesmo a personalidade dos estudantes no intuito de 
preparar o aluno para o exercício de sua cidadania. Segundo Soares: 
 
A mudança de ensino supletivo para educação de jovens e adultos não é uma 
mera atualização vocabular. Houve um alargamento do conceito ao mudar a 
expressão de ensino para educação. Enquanto o termo "ensino" se restringe à 
mera instrução, o termo "educação" é muito mais amplo compreendendo os 
diversos processos de formação(s.p,2010) 
 
Esta modalidade de ensino é descrita pelo parecer, CNE/CEB n.º 11. As 
diretrizes curriculares para EJA, possui função reparadora por ao permitir acesso ao 
ensino a quem teve este direito negado em tempo e idade regulares. Existe uma 
11 
 
busca pelo reconhecimento de igualdade entre o ser humano, cuja negação resulta 
na perda de um bem social garantido na Constituição Federal de 1988. Sendo assim, 
atribui-se a função reparadora do EJA como ponto de partida para equidade de 
direitos na política de educação, com a função de buscar igualizar a forma como são 
distribuídos os bens sociais. Isso tende a garantir o regresso aos estudos a jovens e 
adultos que tiveram a oportunidade de aprendizagem interrompida em tempo hábil 
com a idade, podendo ser vista como uma atribuição reparadora corretiva, propiciando 
novas oportunidades a estes sujeitos no mundo social. Cabe aqui ressaltar que a 
função qualificadora do EJA traz consigo o real sentido desta modalidade de ensino 
no que diz respeito a atualização de conhecimento por toda a vida, além de ressaltar 
seu real sentido através da criação de uma sociedade educada para o universalismo, 
a solidariedade, a igualdade e a diversidade . Em conformidade com Brasil: 
 
O Parecer 11/2000 descreve essa modalidade de ensino por suas funções: 
reparadora, pela restauração de um direito negado; equalizadora, de modo a 
garantir uma redistribuição e alocação em vista de mais igualdade na forma 
pela qual se distribuem os bens sociais; e qualificadora, no sentido de 
atualização de conhecimentos porto da avida.O objetivo do Parecer11/2000 é 
esclarecer o conteúdo das Diretrizes Curriculares Nacionais tirando dúvidas 
que cercavamos envolvidos no assunto e fazê-las viger sobre a EJA. A visão 
presente é a da superação da concepção preconceituosa que vê o 
analfabetismo como causa da pobreza e do atraso desenvolvimentista. 
Argumenta, contudo, que condições sociais adversas e as marcas de um 
passado, associado a inadequados fatores administrativos e de planejamento, 
à escolarização têm condicionado o insucesso de muitos alunos (s.p, 2010). 
 
No início deste século XXI, o governo Lula instituiu programas para as políticas 
públicas de EJA com mais relevância. Através do Programa Brasil Alfabetizado, gerou 
três vertentes de caráter social para esta modalidade. O primeiro foi o Projeto Escola 
de fábrica que oferece cursos de formação profissional para jovens de 15 a 21 anos. 
O segundo, intitulado PROJOVEM, atenta para a qualificação de jovens entre 18 e 24 
anos, na implementação de ações comunitárias.Já o terceiro denomina-se Programa 
de Integração de Educação Profissional ao Ensino Médio para jovens e adultos, 
voltado a educação profissionalizante e técnica em nível de Ensino Médio. Conforme 
Gentili: 
 
Estas vertentes apesar de buscarem a escolarização dos adultos e constituírem 
iniciativas ampliadas para as políticas de EJA, estabelecem ações no sentido da 
profissionalização, mas reforçam a idéia de fragmentação de programas, em que 
a certificação é meta na busca da universalização da educação e erradicação do 
analfabetismo sem, contudo, uma perspectiva de continuidade caracterizando a 
formação inicial. Faz-se presente aí, o caráter do capital humano assinalando a 
força do trabalho tomada como mercadoria na produção de capital econômico 
(s.p, 2010) 
 
Nesta conjuntura, a educação de jovens e adultos representa uma dívida social 
pendente com todos os sujeitos que tiveram seus direitos negados, vítimas da 
12 
 
desigualdade social e da má distribuição dos bens sociais, privados de acesso ao 
conhecimento atualizado nas instituições de ensino. A história do EJA permitiu que 
houvesse programas ativos até os dias atuais, sendo considerada uma modalidade 
própria de ensino. No entanto, necessita de muita atenção por parte dos estudiosos e 
políticos para que haja a erradicação total do analfabetismo no Brasil. 
13 
 
2.3 A Inserção do Serviço Social na Política de Educação-Atribuições e 
Desafios 
 
 
A inserção do Serviço Social na área da educação traz à luz a historicidade da 
profissão no Brasil, com início na década de 30. Esta integração é de origem capitalista 
e conservador e vinculada à Igreja Católica, responsável pela formação dos primeiros 
assistentes sociais. Porém, no início da década de 90 houve o fortalecimento do 
projeto ético e político profissional, que se expressa um significativo aumento de 
profissionais na área da Educação. Em conformidade com o CFESS: 
 
Historicamente, a presença do/a assistente social na área da educação 
remonta à década de 1930, portanto, desde a origem dos processos sócio- 
históricos constitutivos da profissão.No entanto,é a partir da década de1990, 
em consonância com o amadurecimento do projeto ético-político profissional, 
que se visualiza no Brasil um considerável aumentoda inserção da categoria 
profissional na área da Educação. (pág.5,2011) 
 
Com o amadurecimento do projeto ético e político, surgiam debates e 
discussões referentes à inserção do Serviço Social na Educação. Essas discussões 
ganharam espaço e especial atenção no conjunto CFESS-CRESS, que a partir de 
então constituíram as Comissões Temáticas de Educação nos CRESS, gerando 
vários debates e propostas nos encontros nacionais da categoria profissional. De 
acordo com CFESS: 
 
Adensando a discussão nesta área e a consolidação gradativa deste campo de 
atuação, podemos verificar que em muitos estados as particularidades da 
intervenção do Serviço Social na Educação ganharam destaque nos espaços 
de organização e na agenda de nossa categoria profissional, especialmente no 
Conjunto CFESS-CRESS, dando origem às Comissões Temáticas de 
Educação nos CRESS e às discussões, debates e proposições nos encontros 
nacionais da categoria. (pág.5, 2011) 
 
Durante o 30° Encontro Nacional do Conjunto CFESS-CRESS em 2001, a 
categoria elaborou propostas no âmbito nacional. Neste mesmo ano foi constituído 
pelo CFESS o documento que discutia a função social da escola, a garantia de direitos 
à educação e a inserção dos assistentes sociais nas escolas de ensino fundamental 
e médio e também a possibilidade da construção de projetos de Lei que 
regulamentassem a atuação do Serviço Social nas esferas municipal e estadual. 
Conforme oCRESS: 
Assim, no 30º Encontro Nacional do Conjunto CFESS-CRESS 2001, pela 
primeira vez a categoria realizou proposições de âmbito nacional. Neste mesmo 
ano, foi constituído um “Grupo de Estudos sobre o Serviço Social na Educação” 
pelo CFESS, que construiu uma brochura intitulada “Serviço Social na 
Educação”. O objetivo foi contribuir com o processo de discussão 
14 
 
que se configurava no cenário nacional. Neste documento, se problematizou a 
função social da escola, a educação como um direito social, a contribuição do 
Serviço Social para a garantia do direito à educação e a escola como instância 
de atuação do/a assistente social. Incorporou também o parecer jurídico número 
23/2000, da Dra. Sylvia Terra, assessora jurídica do Conselho Federal de Serviço 
Social (CFESS), sobre a implantação do Serviço Social nas escolas de ensino 
fundamental e médio. Tal parecer aponta, dentre outros aspectos, o direito à 
educação, bem como o acesso e permanência nas escolas. E que a inserção 
dos/as assistentes sociais nas escolas é pertinente, face “às atribuições atinentes 
à atividade profissional respectiva, estabelecida nos artigos 4º e 5º da Lei número 
8.662/1993”. Tratou-se, também, das possibilidades legais dos projetos de lei 
para a implantação do Serviço Social nas escolas e da discussão sobre a 
regulamentação da mesma nas instâncias de poder municipal e estadual. (pág.6, 
2011) 
 
No decorrer dos tempos, os congressos apresentaram, em aspecto amplo, a 
importância da implantação do Serviço Social nas instituições de ensino, além de 
exprimir a necessidade do trabalho de um profissional qualificado nas escolas 
públicas, atuando no enfrentamento das múltiplas expressões da Questão Social que 
perpassam a Educação. Sendo assim, em 2013, o conjunto CFESS-CRESS elaborou 
um documento para nortear a atuação do assistente social no sistema de ensino. Em 
conformidade comCFESS: 
Com o objetivo de contribuir para que a atuação profissional na Política de 
Educação se efetive em consonância com o fortalecimento do projeto ético- 
político do serviço social e de luta por uma educação pública, laica, gratuita, 
presencial e de qualidade,o CFESS lança hoje abrochura “Subsídios para a 
atuação de assistentes sociais na Política de Educação”. A publicação faz parte 
da Série Trabalho e Projeto Profissional nas Políticas Sociais, que já tem os 
documentos referentes à atuação de assistentes sociais na Saúde e na 
Assistência Social. (s.p,2013) 
 
Sob esta ótica, o Serviço Social deve atuar de forma propositiva na política de 
educação, protagonizando ações que possibilitem intervenções profissionais que 
contribuam com a transformação social. 
 
 2.4 A EJA no Colégio Marista São Marcelino Champagnat 
 
 
Descrever a trajetória de Ensino de Jovens e Adultos-EJA do Colégio Marista 
São Marcelino Champagnat, reporta ao sonho do fundador do Instituto Marista que, 
diante da situação de abandono social e moral em que se encontravam os jovens de 
sua época, 1817, deu início a missão de colaborar na construção de um mundo mais 
humano por meio da educação evangelizadora. A história pode ser conferida através 
do site oficial da rede Marista de ensino:
15 
 
Marcelino Champagnat nasceu no dia 20 de maio de 1789, época em que se 
iniciava a Revolução Francesa, na aldeia de Marlhes, localidade onde 
predominava o analfabetismo. Sua mãe e sua tia despertam nele uma fé sólida 
e devoção religiosa, e também serviram de modelos para a afirmação de seus 
primeiros passos como cristão. Seu pai era agricultor e tinha grau de estudo 
avançado para aquela época.O desenvolvimento intelectual do jovem Marcelino 
Champagnat foi bastante atribulado devido à falta de professores competentes, 
mas seu pai lhe ensinou qualidades como honestidade, lealdade, perseverança 
e verdade. Ainda na infância, Marcelino chegou a trabalhar na granja de seus 
pais, e não voltou mais a escola depois de ter visto professores maltratando um 
aluno. Durante esse período ele descobre a vocação para sacerdote.(s.p,2018) 
 
O legado deixado por São Marcelino Champagnat, teve consequências 
positivas para e educação de jovens e adultos. Os Irmãos Maristas, em 11 de agosto 
de 1997, deram início ao Supletivo Champagnat noturnonas dependências do Colégio 
Marista PIO XII. Começaram atendendo cerca de oitenta estudantes, sendo eles 
jovens e adultos em situação de vulnerabilidade social, divididos em quatro turmas 
de 3.ª a 7.ª série do ensino fundamental, cuja aprovação oficial deu-se no dia 26 de 
novembro de 1997, com a Lei Federal 9394/96, o sistema de ensino supletivo passa 
a ser Ensino de Jovens e Adultos-EJA. Através dessa Legislação, foi formulado um 
novo Regimento para o Colégio, sendo aprovado em 26 de junho de 2002. O portal 
oficial da rede Marista dispõe do seguinte esclarecimento: 
Os Irmãos partiram então para um novo projeto. Foi no dia 11 de agosto de 
1997que deram início as aulas do então Supletivo Champagnat, hoje Colégio 
Marista São Marcelino Champagnat, situado no Centro de Novo Hamburgo. Os 
primeiros alunos eram jovens e adultos em situação de vulnerabilidade social 
que também assumiam o papel de líderes ligados às comunidades 
católicas.(s.p,2018) 
 
Adentrando a Legislação que estabelece as diretrizes e bases da educação 
nacional para cursar este modelo de ensino, o candidato deve atender o que está 
previsto nesta Lei. Na Seção V_ Da Educação de Jovens e Adultos nos Art. 37 e 38 
encontramos a regulamentação da idade mínima necessária para poder cursar esse 
modo de ensino, assim como condições especificas a quem se destina essa 
modalidade. Conforme Planalto: 
Seção V 
 
Da Educação de Jovens e Adultos 
 
Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram 
acesso ou continuidade de estudos nos ensinos fundamental e médio 
16 
 
na idade própria e constituirá instrumento para a educação e a aprendizagem 
ao longo da vida. (Redação dada pela Lei nº 13.632, de 2018) 
 
§ 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos 
adultos,que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades 
educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus 
interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos eexames. 
 
§ 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do 
trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre si. 
 
§ 3º A educação de jovens e adultos deverá articular-se, preferencialmente, com 
a educação profissional, na forma do regulamento. (Incluído pela Lei nº 
11.741, de2008) 
 
Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos, que 
compreenderão a base nacional comum do currículo, habilitando ao 
prosseguimento de estudos em caráter regular. 
 
§ 1º Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão: 
 
I - no nível de conclusão do ensino fundamental, para os maiores de quinze 
anos; 
 
II - no nível de conclusão do ensino médio, para os maiores de dezoitoanos. 
 
§ 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos educandos por meios 
informais serão aferidos e reconhecidos mediante exames.(s.p,1996) 
 
 
Este sistema de ensino é presente nos dias atuais e atende cerca de setecentos 
estudantes alocados em turmas da 6.ª série do ensino fundamental ao 3.° ano do 
ensino médio, proporcionando aos jovens e adultos um ambiente que permite a 
preservação da autoestima, favorecendo sua inserção na sociedade. Conclui-se que 
o EJA desta instituição, apresenta-se como um espaço de transformação e 
aprendizagem. 
 
 
 2.5 Atuação do Assistente Social na EJA 
 
 
O Serviço Social na Instituição atua como porta de entrada para os estudantes. 
É por meio da entrevista de avaliação para concessão de bolsa de estudo que o 
estudante recebe a primeira acolhida. O quadro de funcionários da instituição conta 
com a atuação de assistentes sociais habilitados que participam de todas as 
atividades desenvolvidas no colégio. Estes profissionais apresentam um bom 
relacionamento com estudantes, criando um vínculo de confiança por serem o primeiro 
contato com a instituição. Conforme a Seção VIII do Regimento Interno do Colégio, 
compete ao Serviço Social. 
 
17 
 
O Serviço de Assistência Social é exercido por profissionais legalmente habilitados em Serviço 
Social. O Serviço Social coordena, elabora, planeja, executa, avalia, e implanta projetos e ações 
de assistência social para a comunidade escolar,bem como presta assessoria em matéria 
relacionada às políticas sociais, no exercício e na defesa dos direitos civis,políticos e sociais. O 
Serviço Social tem o objetivo de dar suporte à Direção do Estabelecimento de Ensino, as equipes 
da escola e ao conselho Administrativo e Pedagógico como agente facilitador da compreensão 
de fenômenos sociais presentes na escola. 
 
Compete ao Serviço de Assistência Social: 
 
● Realizar a avaliação socio econômica dos estudantes candidatos a bolsa de 
estudo; 
 
● Realizar visitas domiciliares, em caso denecessidade; 
 
● Encaminhar e orientar estudantes/familiares para obtenção de documentos 
pessoais, benefícios e outros serviços sociais que se fizerem necessário; 
 
● Gerar estatísticas de atendimento e relatórios de atividades realizadas; 
 
● Analisar as características sociais do estudante e da comunidade; 
 
● Entrevistar e orientar os responsáveis facilitando a integração família e 
escola; 
 
● Participar (contribuir nas discussões) de estudos de caso, quando 
necessário; 
 
● Realizar análise de rendimento escolar juntamente com outros 
profissionais, criando mecanismos que possibilitem auxiliar os estudantes na superação de suas 
dificuldades; 
 
● Orientar os estudantes quanto aos compromissos com a escola, família e 
visando a prevenção da evasão escolar, baixo rendimento escolar, desinteresse pelo 
aprendizado; 
 
● Participar do Conselho Técnico Administrativo Pedagógico, quando 
necessário; 
 
● Elaborar executar programas e projetos de orientação ao estudante e a 
família, visando a prevenção da evasão escolar, baixo rendimento escolar, desinteresse 
peloaprendizado; 
 
● Viabilizar o acesso do estudante, de sua família e colaboradores da 
instituição aos serviços públicos e privados, orientando-os para o seu uso pleno uso, como forma 
de garantir a universalização dedireitos; 
 
● Contribuir com a formação de novos assistentes sociais, disponibilizando 
campo de estágioadequado; 
 
● Estimular famílias com insuficiência de renda a se organizarem em 
cooperativas, visando a geração de trabalho, emprego e renda, como alternativa de colocação 
no mercado de trabalho; 
 
● Fomentar a mobilização e participação da população em espaços coletivos 
como fóruns, assembleias, a fim de ampliar seus direitos sociais; 
18 
 
Os assistentes sociais do Colégio Marista São Marcelino Champagnat atuam 
de forma íntegra e responsável, seguindo o Regimento Interno Escolar disposto pela 
Mantenedora da Instituição. As principais atividades desenvolvidas por estes 
profissionais são: entrevista e recepção da documentação para concessão de bolsas 
aos novos alunos, recebimento de documentos para renovação de bolsas de estudo, 
avaliação socioeconômica para seleção de alunos bolsistas, arquivamento das fichas 
socioeconômicas juntamente com a documentação apresentada por todos os 
estudantes, além de atendimentos que se apresentam de imediato na instituição. As 
demandas chegam através dos próprios alunos, professores, demais colaboradores, 
amigos ou familiares dos estudantes. Estes documentos, posteriormente são enviadas 
à matriz da escola. 
 
 
3. A QUESTÃO SOCIAL E SUAS IMPLICAÇÕES NOS EDUCANDOS DO EJA 
 
 
 3.1 A Questão Social e sua origem 
 
 
 
O termo “Questão Social” surgiu por volta do século XIX na Europa, com a 
Revolução Industrial, saindo de uma sociedade feudal e agrária para sociedade 
capitalista e urbana. A classe operária era fragmentada e submissa ao capitalismo, 
nascendo assim os termos social e questão social que marcaram a história.Segundo 
Santos: 
 
Entender a ‘questão social’ é de um lado,considerar a exploração do trabalho 
pelo capital e de outro, as lutas sociais protagonizadas pelos trabalhadoresorganizados em face desta premissa central à produção e reprodução do 
capitalismo. Conjugadas, essas premissas derivam em expressões 
diversificadas da ‘questão social’ em face das quais cabe sempre um processo 
de investigação a fim caracterizá-la enquanto ‘unidade na diversidade’; ou seja, 
devemos nos esforçar,como categoria,para apontar as características e ‘formas 
de ser’ de cada expressão da ‘questão social’ enquanto fenômeno singular e, ao 
mesmo tempo,universal,cujo fundamento comum é dado pela centralidade do 
trabalho na constituição da vida social ( pág.133, 2012). 
 
As condições miseráveis a que estavam expostos os trabalhadores eram vistas 
com naturalidade pela burguesia, ou como fenômenos autônomos de 
responsabilidade do próprio sujeito. Vale lembrar que parte da burguesia ainda hoje 
19 
 
considera os problemas sociais como algo natural e despolitizado. Segundo Carlos 
Montaño. 
Começa-se a se pensar então a "questão social", a miséria, a pobreza, e todas 
as manifestações delas, não como resultado da exploração econômica, mas 
como fenômenos autônomos e de responsabilidade individual ou coletiva dos 
setores por elas atingidos. A "questão social", portanto, passa a ser concebida 
como "questões" isoladas, e ainda como fenômenos naturais ou produzidos 
pelo comportamento dos sujeitos que os padecem. (pág.272, 2012) 
 
Em meados do século XIX o pensar sobre o social começa a ganhar forma, 
fazendo com que a miséria fosse politicamente questionada, pois, até então a pobreza 
era vista com naturalidade. Assim, desde autores sociais clássicos, e contemporâneos 
e as novas organizações políticas da classe trabalhadora, buscavam estabelecer 
normas institucionais, que manifestassem os deveres do Estado e os direitos dos 
cidadãos. Ainda de acordo com Montaño: 
 
Do século XVI ao XIX, período caracterizado como o do “capitalismo 
concorrencial”, os problemas sociais (questão social) e suas várias 
manifestações como, por exemplo, a pobreza e a marginalidade, apareciam 
desvinculadas da estrutura econômica que se tinha, da exploração decorrente 
dessa estrutura a qual os indivíduos eram submetidos. Os problemas sociais 
apareciam como “fenômenos autônomos e de responsabilidade individual ou 
coletiva dos setores por ela atingidos” (pág. 272, 2012). 
 
 
A condição social do trabalhador não poderia mais ser vista como caridade. 
Isso gerava um posicionamento da nova ordem social e econômica, ameaçando as 
relações entre capital e trabalho. Desencadeando as lutas sociais que rompiam com 
o domínio da burguesia sob os trabalhadores, politizando as demandas e 
transformando-as em Questão Social. Segundo Carvalho;Iamamoto: 
 
Historicamente, passa-se da caridade tradicional levada a efeito por tímidas e 
pulverizadas iniciativas das classes dominantes, nas suas diversas 
manifestações filantrópicas, para a centralização e racionalização da atividade 
assistencial e de prestação de serviços sociais pelo Estado, à medida que se 
amplia o contingente da classe trabalhadora e sua presença política na 
sociedade. Passa o Estado a atuar sistematicamente sobre as sequelas da 
exploração do trabalho expressas nas condições de vida do conjunto dos 
trabalhadores (pág.85, 2014) 
 
A classe trabalhadora adquiriu consciência através das lutas de classe, obtendo 
conquistas e derrotas, passaram a se reconhecer como sujeitos de direitos. Diante 
disto, funda-se a Questão Social vinculada às modernas condições de trabalho e a 
miserabilidade em que viviam os trabalhadores. Segundo Carvalho Iamamoto: 
20 
 
A questão social nada mais é que as expressões em que se deram a 
formação, o desenvolvimento e a entrada da classe operária no cenário 
político da sociedade, buscando se fazer reconhecer como classe pelo 
Estado e pelo empresariado, são as contradições entre a classe operaria ea 
burguesia, em que a primeira, luta por intervenções que vão muito além da 
caridade e da repressão.(pág.85,2014) 
 
Assim sendo, a questão social surge da relação desigual do modo capitalista 
de produção, onde toda a riqueza produzida pelo trabalhador era apropriada pelo 
capitalista.Tal situação, proveniente do sistema capitalista, se encontra presente,onde 
o operário vende sua força de trabalho para os meios de produção em troca de sua 
subsistência. De acordo com Fraga: 
 
O cerne da questão social está enraizado no conflito entre capital versus trabalho, 
suscitado entre a compra (detentores dos meios de produção) e venda da força 
de trabalho (trabalhadores), que geram manifestações e expressões. Estas 
manifestações e expressões, por sua vez, são subdivididas entre a geração de 
desigualdades: desemprego, exploração, analfabetismo, fome, pobreza, entre 
outras formas de exclusão e segregação social que constituem as demandas de 
trabalho dos assistentes sociais; também se expressa pelas diferentes formas de 
rebeldia e resistência: todas as maneiras encontradas pelos sujeitos para se opor 
e resistir às desigualdades, como, por exemplo, conselhos de direitos, sindicatos, 
políticas, associações, programas e projetos sociais (pág.45,2010) 
 
 
Os operários, através de reinvindicações, exigem a intervenção do Estado, em 
contrapartida, o Estado cria mecanismos extraeconômicos e políticos para atender as 
necessidades do capital. Diante destas imposições feitas pelo proletariado, o 
pensamento conservador vê a necessidade de um sistema moral capaz de manter a 
ordem, uma vez que as lutas sociais eram vistas como “desordem” e precisavam ser 
combatidas. Conforme Iamamoto: 
 
(...) A questão social não é senão as expressões do processo de formação e 
desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso no cenário político da 
sociedade, exigindo seu reconhecimento como classe por parte do empresariado 
e do Estado. É a manifestação, no cotidiano da vida social, da contradição entre 
o proletariado e a burguesia (...) ( pág.77, 2005) 
 
Neste período, a igreja católica coloca o socialismo e o liberalismo como opção, 
ou seja, uma via para o sistema capitalista. Seguindo as diretrizes das encíclicas 
Papais Rerum Novarum e Quadragésimo Ano, a igreja se posiciona como 
anticomunista e antiliberal, pregando a aliança entre burguesia e proletariado, onde 
os patrões deveriam oferecer salários “justos” e os empregados deveriam aceitar sua 
condição social. Desta forma, pode-se afirmar que a igreja não contraria os interesses 
do capital, mas busca influenciar os trabalhadores sob os princípios capitalistas, dita 
aos ricos obras de caridade aos mais pobres da sociedade e faz com que estes se 
tornem 
21 
 
dependentes das “obras de misericórdia” realizadas pelos donos do capital. Nesse 
mesmo sentido é o ensinamento de Sérgio Pinto Martins: 
A Igreja também passa a preocupar-se com o trabalho subordinado. É a doutrina 
social da Igreja. (...) A Encíclica Rerum Novarum de 1891, do Papa Leão XIII, 
pontifica uma fase de transição para a justiça social, traçando regras para a 
intervenção estatal na relação entre trabalhador e patrão. Dizia o referido papa 
que “não pode haver capital sem trabalho, nem trabalho sem capital” (Encíclica 
Rerum Novarum, Capítulo 28). Leão XIII defendia a propriedade particular por 
ser um princípio do Direito Natural. Quem não tinha a propriedade, supria-a com 
o trabalho. Este é o meio universal de prover as necessidades da vida. As greves 
deveriam ser proibidas com a autoridade da lei. A encíclica tinha cunho muito 
mais filosófico e sociológico. A Igreja continuou a preocupar-se com o tema, tanto 
que foram elaboradas novas encíclicas. (...) Afirmava Pio XI na Encíclica 
Quadragesimo Anno que “da oficina só a matéria sai enobrecida, os homens, ao 
contrário, corrompem-se e aviltam-se”. (...) As encíclicas evidentemente não 
obrigam ninguém, mas muitas vezes serviram de fundamento para a reforma da 
legislação dos países.(pág.3,2012) 
 
Nesta conjuntura da Questão Social, há também a participação do Estado, que 
buscava manipulara reprodução da força de trabalho; a burguesia tencionava 
desprender a Questão Social do campo político, sem alterar a ordem pública e sem 
atingir as bases da burguesia. De acordo com Netto: 
 
É a política Social do Estado burguês no capitalismo monopolista ( e,como se 
infere desta argumentação, só é possível pensar-se em política social pública na 
sociedade burguesa com a emergência do capitalismo monopolista), 
configurando a sua intervenção contínua, sistemática, estratégica sobre as 
sequelas da“questão social”(...) Através da política social, o Estado burguês no 
capitalismo monopolista procura administrar as expressões da “questão social” 
de forma a atender às demandas da ordem monopólica (...) (pág. 26, 1996) 
 
 
Este reformismo emergia para tornar viável a nova realidade da classe 
trabalhadora conforme a ordem estabelecida pelo sistema capitalista. Lembrando que 
a intervenção do Estado sobre a “Questão Social” acontecia de forma parcial e 
fragmentada, pois seu enfretamento como conjunto de problemas traria 
consequências para burguesia na relação capital/trabalho. Segundo Iamamoto: 
 
As práticas de concentração de capital, renda e poder, foram responsáveis pelo 
agravamento da questão social no país, além das precárias condições de vida 
da maioria da população brasileira, a questão social teve grande expressão no 
desemprego e no subemprego. E o afastamento do Estado frente essas questões 
se eximindo de suas responsabilidades sociais contribuiu ainda mais para seu 
agravamento. (s.p,2011) 
22 
 
Diante do exposto, compreende-se que o Serviço Social surgiu das lutas de 
classes que se manifesta de forma desigual, injusta e perversa, e de que modo esta 
perversidade capitalista continua impactando a vida dos sujeitos, sendo motivo de 
inquietação dos assistentes sociais. 
 
 
4. JUSTIFICATIVA 
 
 
 
A modalidade de Ensino para Jovens e Adultos – EJA é marcada pelas 
múltiplas expressões da Questão Social, já que os sujeitos atendidos possuem um 
traço de vida, origens, idades, vivências profissionais, históricos escolares e ritmos de 
aprendizagens distintos. Pessoas que não tiveram oportunidade de estudar no 
período regular com a idade, tendo assim seus direitos negados. Segundo Haddad: 
 
A educação de Adultos no Brasil se constitui muito mais como produto da miséria 
social do que do desenvolvimento. É consequência dos males do sistema público 
regular de ensino e das precárias condições de vida da maioria da população, 
que acabam por condicionar o aproveitamento da escolaridade na época 
apropriada. É este marco condicionante - a miséria social que acaba por definir 
as diversas maneiras de se pensar e realizar a Educação de Jovens e Adultos. 
É uma educação para pobres, para jovens e Adultos das camadas populares, 
para aqueles que são maioria nas 14 sociedades do Terceiro Mundo, para os 
excluídos do desenvolvimento dos sistemas educacionais de ensino.(p.3, 1994) 
 
Ao retomarem os estudos, estes sujeitos trazem consigo saberes populares e 
cultura distintas. Considerando a diferença de idade entre os estudantes, percebe-se 
que o conhecimento adquirido pelos adultos ao longo da vida, muitas vezes é ignorado 
pelos estudantes mais jovens, os quais possuem outros conceitos sobre a realidade 
vivida. Esses dilemas poderão gerar conflitos pessoais internos, pouca autoestima 
levando à evasão escolar. Conforme Arroyo: 
 
Entre os problemas internos da escola que alimentam a evasão, está o não 
aproveitamento dos diversos saberes que os educandos da EJA trazem de suas 
vivências culturais, perdendo-se, assim, a oportunidade da construção de uma 
proposta diferenciada que aproveite suas trajetórias. (s.p, 2006) 
 
Acrescenta-se também que a evasão escolar é um problema antigo já que, 
inicialmente, a educação não era a principal preocupação do governo. Problemas 
socioeconômicos, falta de qualificação dos profissionais, desemprego, violência na 
comunidade e em torno da escola, também têm grandes influências sobre os 
23 
 
estudantes. Lembrando que esta problemática é muito presente em todas as 
modalidades de ensino e se manifesta de forma expressiva na EJA, causando grandes 
prejuízos à educação. De acordo com Paulo Freire: 
 
As consequências da evasão escolar têm sido drásticas, apesar de surgir 
atualmente, novas políticas de incentivo em vários campos de alfabetização para 
jovens e adultos, com a qualificação profissional na área de alfabetizar nos vários 
níveis do ensino, a assistência e acompanhamento às instituições escolares,o 
auxílio às famílias carentes e materiais didáticos.(pág.82,1997) 
 
Analisando as possíveis causas da evasão, foram identificados alguns fatores 
que influenciam neste processo, tais como, conflitos com familiares e colegas, 
desemprego, cansaço físico, dificuldades em conciliar tempo de estudo e trabalho, o 
que não lhes permite encontrar significado na rotina escolar. Giovenatti afirma que: 
 
A vivência do processo de exclusão social, fruto do agravamento da 
desigualdade social que se expressa na falta de moradia, não atendimentoà 
saúde, falta de oportunidades de trabalho e, inclusive, não acesso à educação, 
é uma experiência que deixa profundas marcas nos seres humanos. São jovens 
e Adultos que vão construindo, ao longo de suas vidas, uma autoimagem 
marcada pela falta e pela negatividade. (pág. 2452006) 
 
Considerando a adversidade de sujeitos atendidos pela EJA, com histórias de 
vida distintas, porém, envolvidos na mesma realidade social ligada ao mundo trabalho, 
é que se baseia o objetivo deste projeto. Além disso, visa desenvolver propostas para 
aumentar o índice de frequência escolar e reduzir a evasão durante o processo de 
ensino e aprendizagem. 
 
 
 
5. OBJETIVOS 
 
 
 5.1 Objetivo Geral: 
• Promover uma pesquisa documental e bibliográfca que permita a compreesão 
do fatores que provocam a evasão escola, assim pensar junto ao setor de 
serviço social ações possíveis para o acesso e garantia aos direitos sociais. 
 5.2 Objetivos específicos: 
• Mapear o perfil dos jovens e adultos que estão matriculados no EJA; 
• Analisar, com base na pesquisa documental, os principais fatores que levam à 
evasão escolar; 
• Realizar uma discussão teórica que permita a análise da realidade dos alunos e 
as possibilidades do serviço social no enfrentamento à questão social. 
24 
 
 
6. METODOLOGIA 
 
 
A metodologia está relacionada ao caminho do pensamento que leva à 
abordagem dos fatos, ou seja, ao interior das teorias. O que distingue métodos usados 
em uma pesquisa é a forma como o mesmo é aplicado (abordado) devido ao uso de 
técnicas e instrumentos utilizados para sua realização. De acordo com Minayo: 
Entendemos por metodologia o caminho do pensamento e a prática exercida na 
abordagem da realidade. Neste sentido, a metodologia ocupa um lugar central 
no interior das teorias e está sempre referida aelas.(pág.16,1994) 
 
A teoria e a metodologia caminham lado a lado e são inseparáveis. A 
metodologia é um conjunto de técnicas com a função de oferecer ferramentas capazes 
de nortear os dilemas teóricos que desafiam as práticas de uma pesquisa. Tais 
ferramentas devem ser aplicadas de forma clara e coerente, de modo a evitar 
diagnósticos indevidos e apresentar respostas prontas, a falta destes instrumentos 
comprometem a teoria metodológica da pesquisa. Conforme citado por Minayo: 
 
O endeusamento das técnicas produz ou um formalismo árido, ou respostas 
estereotipadas. Seu desprezo, ao contrário, leva ao empirismo sempre ilusório 
em suas conclusões, ou a especulações abstratas e estéreis..(pág.16,1994) 
 
 
Para alguns pesquisadores, em determinados casos, é conveniente ignorar 
regras e quebrar paradigmas que representam limitações impostas pela estrutura 
dominante que dificultam determinadas pesquisas cientificas, limitando aos 
pesquisadores as teorias que não se aplicam em certas circunstâncias. Admite-se que 
é primordiala criatividade da pesquisa em um processo de trabalho investigativo. 
Segundo Minayo: 
Nada substitui, no entanto, a criatividade do pesquisador. Feyerabend, num 
trabalho denominado "Contra o método" (1989), observa que o progresso da 
ciência está associado mais à violação das regras do que à sua obediência. 
"Dada uma regra qualquer,por fundamental e necessária que se afigure para a 
ciência, sempre haverá circunstâncias em que se toma conveniente não 
apenas ignorá-la como adotar a regra oposta".(pág.17,1994) 
25 
 
Contrapondo essa ideia, outros estudiosos analisam o método como parâmetro 
para chegar ao conhecimento. Ainda assim a criatividade é marca de qualquer 
trabalho de investigação. Descrito por Minayo: 
O método, dizia o historicista Dilthey(1956), é necessário por causa de nossa 
"mediocridade". Para sermos mais generosos, diríamos, como não somos 
gênios, precisamos de parâmetros para caminhar no conhecimento. Porém, 
ainda que simples mortais, a marca de criatividade é nossa "griffe" em qualquer 
trabalho de investigação.(pág.17,1994) 
 
A construção de realidade está alicerçada na pesquisa como ação básica da 
ciência. Devido a isso, todas as operações desenvolvidas para resolução de conflitos 
da realidade baseiam-se em pesquisas, que, mesmo sendo uma prática teórica, ela 
vincula pensamentos e ações. Todas as ações de investigação partem de 
interrogações ligadas a conhecimentos anteriores, denominados por estudiosos como 
teorias. Em conformidade com Minayo: 
Toda investigação se inicia por um problema com uma questão, com uma dúvida 
ou com uma pergunta, articuladas a conhecimentos anteriores, mas que também 
podem demandar a criação de novos referenciais. Esse conhecimento anterior, 
construído por outros estudiosos e que lançam luz sobre a questão de nossa 
pesquisa, é chamado teoria.(pág.18,1994) 
 
Através de teorias, objetiva-se compreender e explicar um fenômeno. Porém 
é necessário conhecer a realidade em que está inserido, uma vez que a teoria tem 
caráter subjetivo, sendo um conjunto de ideias que colaboram para esclarecer o objeto 
de pesquisa, permitindo clareza na organização dos dados e está permeado por um 
conjunto de hipóteses que se relacionam. No entanto, não podem nortear totalmente 
a atividade de pesquisa, apresentam-se como explicações parciais da realidade e 
podem comprometer a originalidade da pergunta inicial. Para Minayo: 
A teoria é construída para explicar ou compreender um fenômeno, um processo 
ou um conjunto de fenômenos e processos. Este conjunto citado constitui o 
domínio empírico da teoria, pois esta tem sempre um caráter abstrato. Nenhuma 
teoria, por mais bem elaborada que seja, dá conta de explicar todos os 
fenômenos e processos. O investigador separa, recorta determinados aspectos 
significativos da realidade para trabalhá-los, buscando interconexão sistemática 
entre eles. Teorias, portanto, são explicações parciais da realidade. Cumprem 
funções muito importantes: a) colaboram para esclarecer melhor o objeto de 
investigação; b) ajudam a levantar as questões, o problema, as perguntas e/ou 
as hipóteses com mais propriedade;c) permitem maior clareza na organização 
dos dados; e também iluminam a análise dos dados organizados, embora não 
possam direcionar totalmente essa atividade,sob pena de anulação da 
originalidade da pergunta inicial.(pág.19,1994) 
 
A estrutura de um bom trabalho deverá basear-se em obras de autores que 
contribuam com embasamento teórico significativo para a construção do projeto e/ou 
26 
 
Pesquisa a ser desenvolvida. Para a composição do processo de pesquisa é relevante 
o uso da linguagem científica das preposições segundo teorias constituídas por 
autores antecessores ou contemporâneos, e conceitos que são construções de 
sentido. Segundo Minayo: 
 
Se quisermos, portanto, trilhar a carreira de pesquisador, temos de nos 
aprofundar nas obras dos diferentes autores que trabalhamos temas que nos 
preocupam, inclusive dos que trazem proposições com as quais ideologicamente 
não concordamos. A busca de compreensão do campo científico que nos é 
pertinente, já trilhado por antecessores e contemporâneos, nos alça a membros 
de sua comunidade e nos faz ombrear, lado a lado com eles, as questões 
fundamentais existentes, na atualidade, sobre nossa área de investigação. Ou 
seja, a teoria não é só o domínio do que vem antes para fundamentar nossos 
caminhos, mas é também um artefato nosso como investigadores, quando 
concluímos, ainda que provisoriamente, o desafio de uma pesquisa. 
(pág.19,1994) 
 
 
Conforme já mencionado neste trabalho, a metodologia está ligada ao caminho 
do pensamento que leva à abordagem dos fatos que se dá em conformidade com a 
pesquisa realizada. O propósito é sustentar a atividade de ensino frente à realidade 
do mundo. 
 
 
 6.1 Participantes da pesquisa 
 
 
Os participantes da pesquisa serão oito estudantes, identificados a partir do 
prontuário escolar, que apresentam baixa frequência escolar, tendentes à evasão 
escolar. Estes sujeitos estão em situação de vulnerabilidade social e possuem um 
traço de vida, origens, idades, vivências profissionais, históricos escolares, distintos, 
além de demonstrar dificuldades de aprendizagem, com idades que variam entre 15 
e 70 anos, que tiveram seus direitos violados, expressos através das múltiplas 
expressões das questões sociais como: desemprego, rompimento de vínculos 
familiares. Em geral, são alunos que apresentam baixa autoestima. Tais fatores 
contribuem com elevados índices de abandono e consequente a não conclusão dos 
estudos. A evasão escolar no EJA transborda a educação, destaca Carmo: 
[...]não só porque abrange os indivíduos que não mais voltam à escola, mas, 
principalmente, mas porque suas causas não se restringem a aspectos 
individuais de aprendizagem,ou de dificuldades didáticas do professor,ou do 
conflito estudo/trabalho. Vão além abrangem causas de caráter político, social e 
econômico, expressão dos desencontros entre a cultura escolar, a cultura 
popular, a cultura dominante e as relações desiguais de poder e sociais daí 
derivadas.(pág.10,2010) 
27 
 
Diante da problemática, serão apresentadas pelo grupo e mediante 
observação, coleta, análise e interpretação dos fatos e fenômenos que ocorrem dentro 
do ambiente escolar, objetiva-se construir estratégias de fortalecimento para 
continuidade dos estudos, através de grupos reflexivos. 
28 
 
 
 
 6.2 Instrumentalidade da pesquisa 
 
 
 
Os aspectos teórico-metodológicos desta pesquisa estão baseados em duas 
vertentes, sendo elas: qualitativa e descritiva. A pesquisa descritiva foi 
desenvolvida com base em material já elaborado, baseado em livros e, 
principalmente, em artigos, os quais trouxeram fundamentação teórica ao estudo. 
Por outro lado, a pesquisa qualitativa, que possibilita leitura da realidade, viabilizou 
a demanda a ser trabalhada na modalidade de ensino EJA do Colégio Marista São 
Marcelino Champagnat. As autoras Ludke e André descrevem o conceito de 
pesquisa qualitativa: 
A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como uma fonte direta de dados e 
o pesquisador como seu principal instrumento: Os dados coletados são 
predominante descritivos; A preocupação com o processo é muito maior 
doquecomoproduto;“Osignificado”queaspessoasdãoascoisaseàsua vida são 
focos de atenção especial pelo pesquisador. A análise dos dados tende a seguir 
um processo indutivo”.(pág.12,1996) 
 
O instrumento utilizado para coleta de dados foi a pesquisa de campo, através 
de observação, coleta, análise e interpretação dos fatos e fenômenos que ocorrem 
dentro do ambiente escolar, o que possibilitou identificar o objeto de estudo. 
Segundo Gonsalves: 
A pesquisa de campo é o tipo de pesquisa que pretende buscar a informação 
diretamente com a população pesquisada. Ela exige do pesquisador um encontro 
mais direto. Nesse caso, o pesquisador precisa ir ao espaço onde o fenômeno 
ocorre,ou ocorreu e reunir um conjunto de informações a serem documentadas 
[...].(s. p, 2001). 
 
 
Salientamos que a coleta de informações também ocorreu mediante entrevista 
social individual. De modo acolhedor, buscamos compreender as fragilidades dos 
estudantes participantes da pesquisa, baseados neste instrumento e com observação 
direta procuramos identificar o perfil dos sujeitos propensos à evasão escolar. Com 
29 
 
efeito, intentamos criar estratégias de intervenção que antecedem a execução do 
projeto de intervenção. De acordo com Flaviana: 
 
É o primeiro contato que o entrevistador, neste caso, o assistente social terá com 
o sujeito que precisa ser escutado. Dá-se por meio de uma escuta qualificada e 
empática, assim também de modo acolhedor buscando entender o contexto 
apresentado para além do que momentaneamente nos é colocado, avaliando 
estratégias para melhor intervenção neste momento primário, realizando 
hipóteses preliminares para ser dado início ao acompanhamento social. Nesse 
momento é fundamental o profissional se despir de toda a forma de pré 
julgamentos, senso comum e preconceitos. Portanto o ato de entrevistar é muito 
mais do que uma simples “conversa”, “bate papo” requerendo assim do 
profissional um planejamento e um aporte teórico metodológico e também ético 
político neste exercício.(s.p,2019) 
 
Na perspectiva do desenvolvimento e realização do projeto de intervenção, 
pretendemos realizar reuniões com integrantes, pré-estabelecidos recorrendo à 
pesquisa. Durante a execução destes encontros, realizaremos atividades ligadas ao 
tema do projeto. Tencionamos registrar todas as atividades com a finalidade de traçar 
objetivos e resultados com a realização dos encontros. Em conformidade com Souza: 
As reuniões ocorrem com diferentes sujeitos são realizadas junto à população 
usuária, com a equipe de profissionais que trabalham na instituição.Realiza- se 
em todo espaço em que se pretende que uma determinada decisão não seja 
tomada individualmente, mas coletivamente. Deve-se ter claro que uma reunião, 
seja com os usuários ou reunião de equipe deve ter ponto de pauta previamente 
estabelecido, registro de uma ata no qual ira constar tudo que foi apresentado, 
debatido e retirado como encaminhamento sendo assinado por todos os 
membros participantes. É importante também ter data e hora definida para iniciar 
e finalizar.(s.p,2008) 
 
O estudo realizado visa contribuir com a prevenção a evasão escolar no EJA, 
construindo estratégias de fortalecimento para continuidade dos estudos através de 
grupos reflexivos. 
 
 
7 ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA 
 
Os dados buscam alcançar o objetivo previsto diante das observações, da 
metodologia aplicada ao público participante e as possíveis fragilidades encontradas 
pela instituição de ensino de modo geral, no que diz respeito à evasão. A coleta de 
dados seguirá os seguintes passos: inicialmente realiza-se um levantamento de 
referenciais bibliográficos para obter embasamento teórico que fundamente o trabalho 
a ser desenvolvido; em um segundo momento, apresentar o projeto de pesquisa ao 
supervisor do campo de estágio e aos professores atuantes nas turmas de EJA para 
assim contribuir na discussão sobre os aspectos que ocasionam o índice de evasão 
escolar; logo após, identificar os sujeitos que farão parte do projeto através das 
30 
 
informações coletadas nos prontuários dos educandos e a “posteriori” convidá-los a 
participar do estudo de pesquisa. Por fim, os elementos coletados serão analisados e 
tabulados em gráficos que serviram de base para a discussão dos dados da pesquisa. 
 
 
7.1 APRESENTAÇÃO DOS DADOS 
 
O princípio deste estudo visa observar o perfil do público atendido na instituição, 
durante o segundo semestre de 2019, equivalente aos meses de agosto à dezembro. 
Neste período, o número geral de matriculados correspondia a 700 discentes dispostos 
em 7 turmas do ensino fundamental, contabilizando 265 estudantes e 11 turmas do 
ensino médio, o que representa 435 educandos. Do número de alunos registrados neste 
período, ocorreram 25 cancelamentos de matrículas, 24 desistências e 2 casos não 
identificados, totalizando 7,29% dos estudantes caracterizados como sujeitos evadidos. 
Através dos instrumentos de pesquisa aplicados, propõe-se reconhecer o perfil destes 
cidadãos composto por homens e mulheres com faixa etária que variam entre quinze e 
setenta e três anos. Com base em materiais pesquisados, verificou-se que 517 
discentes foram aprovados no segundo semestre de 2019, representando 73,86% de 
aprovações. Em contrapartida, 133 alunos não atingiram as metas esperadas, 
significando 19% de reprovações. Concluiram os estudos no segundo semestre de 
2019, 132 educandos, enquanto 160 indivíduos não renovaram matricúla para o 
semestre seguinte. Conforme demonstrativo na figura 1: 
Gráfico 1. Distribuição da faixa etária dos alunos do EJA 
 
 
 
92
345
106 96
54
7
0
50
100
150
200
250
300
350
400
15-17 anos 18-29 anos 30-39 anos 40-49 anos 50-59 anos 60-73 anos
Faixa Etária
Faixa Etária
31 
 
Número de alunos, por gênero, matriculados no EJA no segundo semestre 
de 2019. 
De acordo com o levantamento realizado e representado na figura 2, destaca-se 
que o número de pessoas do sexo feminino matriculadas neste período predomina em 
relação ao número de pessoas do sexo masculino, contabilizando 395 mulheres. O 
percentual equivalente a 56,43% dos estudantes em nível geral. Este número torna-se 
mais evidente na faixa etária dos 30 aos 59 anos. Ainda, segundo a pesquisa elaborada, 
muitas destas mulheres tiveram o acesso restrito à escolarização em tempo regular com 
a idade devido a inúmeras situações. Algumas foram submetidas a atuar em outros 
papéis em que não favorecia o contato com o código linguístico e letrado, uma vez que 
a elas eram destinado a função de cuidadoras dos irmãos menores ou tornavam-se 
mães e esposas muito jovens. Outras, devido a própia cultura, onde as mulheres eram 
preparadas para serem donas de casa. 
A inserção do público feminino no mercado de trabalho traz consigo uma 
mudança no modo em que elas passam a se relacionar com a escolarização. Em 
conformidade com Brasil: 
 
A educação, como chave indispensável para o exercício da cidadania 
contemporânea, vai se impondo cada vez mais nesses tempos de grandes 
mudanças e inovações nos processos produtivos. Ela possibilita ao individuo 
jovem e adulto retomar seu potencial, desenvolver suas habilidades, confirmar 
competências adquiridas na educação extraescolar e na própria vida, 
possibilitar um nível técnico e profissional mais qualificação , p. 11). 
 
A pressão das mulheres pela conquista de igualdades, relacionadas a cargos e 
salários, vem acompanhada pela qualificação profissional. Mesmo que atuem em 
funções cuja escolarização não seja necessária, o mínimo que se obriga é o término 
da educação básica obrigatória. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 
 
Gráfico 2: Número de alunos, por gênero, matriculados na EJA no segundo 
semestre de 2019. 
 
 
Torna-se crucial salientar que a evasão escolar nas familias que se encontram 
em situação de vulnerabilidade social acontece nos dois sentidos, independente de 
gênero, atingindo meninos e meninas. O que difere esta estimativa é a possibilidade 
que os homens têm em se manterem no ramo de atividades trabalhistas desenvolvendo 
funções laborativas, tendo como instrumento de trabalho o uso da força braçal. Estes, 
obtém o conhecimento adquirido na prática: trata-se do conhecimento popular 
conquistado por meio das tentativas, erros e acertos, com a necessidade de prover o 
sustento da família, limitam-se a retomarem os estudos. 
 
Em conformidade com a ficha sócia econômica preenchida pelos estudantes 
durante o processo de inscrição, constatou-se que quinhentos e cinquenta e duas 
pessoas, totalizando 78,72% dos entrevistados, se

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