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Química Analítica, Teórica e Experimental II Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Dr.ª Marina Garcia Resende Braga Revisão Textual: Prof. Me. Luciano Vieira Francisco Introdução às Titulações • Introdução; • Termos Importantes; • Titulometria Gravimétrica; • Curvas de Titulação. • Conhecer conceitos iniciais ao bom entendimento de titulações; • Conhecer a defi nição de solução padrão e exemplos de cálculos volumétricos; • Discutir sobre titulometria gravimétrica. OBJETIVOS DE APRENDIZADO Introdução às Titulações Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Introdução às Titulações Introdução Esta Unidade traz um assunto de suma importância à Química Analítica: as titulações. Esses métodos podem ser utilizados para os mais diversos fins: determi- nação de substâncias ácidas, bases, íons, entre outras aplicações. Mas, afinal de contas, o que são titulações? Quais os principais equipamentos utilizados em titulações? Você será capaz de responder a todas estas perguntas no final desta Unidade! Vamos começar? Figura 1 Fonte: iStock/GettyImages Termos Importantes Primeiramente, é fundamental conhecer o que são os métodos de titulação, vejamos: Segundo Skoog e colaboradores (2014, p. 301): Métodos de titulação são baseados na determinação da quantidade de um reagente de concentração conhecida que é requerida para reagir comple- tamente com o analito. O reagente pode ser uma solução padrão de uma substância química ou uma corrente elétrica de grandeza conhecida. As titulações podem ser: • Volumétricas: como o próprio nome já diz, são baseadas em medidas de volu- me de uma solução cuja concentração é previamente sabida e que é suficiente para reagir completamente com a substância de interesse – analito; • Gravimétricas: como você já sabe, a gravimetria é baseada em medidas de massa do titulante. Neste caso, em lugar do volume, é medida a massa; 8 9 • Coulométricas: s ão baseadas em reações eletroquímicas. O reagente, neste caso, é uma corrente elétrica de características conhecidas, igualmente capaz de consumir o analito por completo. Em se tratando de titulações volumétricas, adiciona-se lentamente um titulante com uma bureta ao titulado, agitando a solução resultante em um erlenmeyer, até que a reação seja considerada completa. Veja um exemplo de equipamentos em- pregados para a titulação volumétrica nesta Figura: Figura 2 – Equipamentos utilizados em titulometria volumétrica (bureta com o seu suporte e erlenmeyer). Fonte: Wikimedia Commons Com as informações obtidas durante o processo é possível determinar a massa ou o volume de reagente que foi utilizado (SKOOG et al., 2014). Em geral, existem alguns termos importantes que devem ser conhecidos quando se menciona titula- ção volumétrica. São os seguintes: • Solução padrão: todo tipo de reagente o qual as suas características são pre- viamente conhecidas – a concentração, principalmente –, sendo possível de utilização como reagente em análises volumétricas – pode ser chamado de solução padrão; • Titulante: nome que pode ser dado à solução padrão durante uma titulação; • Titulado: é a solução da substância de interesse em questão, ou seja, que con- tém o analito; • Ponto de equivalência: como o próprio nome já diz, é o ponto em que a quantidade de titulante é equivalente à quantidade de titulado. Em outras pa- lavras, é o ponto em que o reagente reage completamente com o analito, nas devidas proporções estequiométricas. Experimentalmente, é impossível verifi- car exatamente quando ocorre, mas podem ser feitas estimativas; • Ponto final: quando é percebida qualquer alteração física na solução de titulan- te-titulado – em geral, mudança de cor –, diz-se que a titulação chegou ao seu ponto final, o qual nada mais é que uma estimativa do ponto de equivalência e é quando conseguimos enxergar que a reação foi completada; 9 UNIDADE Introdução às Titulações • Erro de titulação: é o erro que existe entre as medidas do ponto final e do ponto de equivalência. Este erro também pode ser determinado pela titulação do branco – sem a presença do analito. Se estamos tratando de volumes (), o erro é dado por: E V VT ponto final pontode equivalência� � (1) • Indicadores: são substâncias adicionadas à solução que contém o analito e que podem indicar o ponto final da titulação, facilitando a observação de uma mudança física na solução. Como exemplos podemos citar os indicadores de pH, que provocam uma mudança de cor na solução dependendo do pH da mesma, tal como o azul de bromofenol, por exemplo. Consulte o capítulo 13 do livro de Skoog e colaboradores (2014, p. 303) e veja os passos sim- plificados para um procedimento de titulação volumétrica.Ex pl or Para garantir o máximo rendimento de uma titulação, o ideal seria o uso de solu- ções de padrões primários, cujas características principais são (SKOOG et al., 2014): • Alta pureza; • Não reatividade com componentes da atmosfera; • Desidratação – para que a umidade não interfira no procedimento; • Custo mais baixo. Como existem poucos padrões primários disponíveis no mercado, utilizam-se mais padrões secundários, cuja pureza deve ser determinada de forma criteriosa. Para ser utilizada em uma titulação, uma solução padrão deve: • Ser estável; • Reagir de forma rápida com o analito; • Reagir o mais completamente possível com o analito. Importante! A concentração das soluções padrão pode ser determinada por método direto ou padronização. Importante! Bem, agora passaremos a estudar como são feitos os cálculos em titulações volumétricas. Para tanto, relembraremos alguns conceitos importantes estudados anteriormente. Vamos lá? 10 11 Revisando: Em cálculos de titulação volumétrica, geralmente nos deparamos com os seguin- tes conceitos: • Quantidade de matéria: é dada em mols. Pode ser calculada da seguinte forma: n m MMA A A = (2) Em que nA é o número de mols de A presentes na solução, mA é a massa de A na solução – em gramas – e MMA é a massa molar de A – em g/mol. • Concentração molar, ou molaridade: é a quantidade de matéria – em mols – por volume de solução (V), em litros. Geralmente, a sua unidade é g/mol. É dada por: C nVA A= (3) • Cálculos de diluição: C V C Va a b b� � � (4) Em que ca e cb representam as concentrações molares (mol/L) das substâncias a e b, respectivamente, enquanto Va e Vb representam os volumes das soluções – em L, por exemplo – que contêm as substâncias a e b, respectivamente. Veja alguns exemplos para relembrar bem estes conceitos. Exemplo 1: Calcule a quantidade de matéria presente em: 1. 200 g de Ca(OH)2. 2. 135 g de NaOH. 3. 600 g de NaCl. Solução: 1. MM g mol m g n m MM mols Ca OH Ca OH A A A ( ) ( ) , / , , 2 2 74 1 200 200 74 1 2 70 = = = = = 2. MM g mol m g n m MM mols NaOH NaOH A A A = = = = = 40 135 135 40 3 38, 11 UNIDADE Introdução às Titulações 3. Faça você mesmo e discuta a solução com os seus colegas e tutor(a) no Fórum de discussão desta Unidade. Exemplo 2 (MATOS, 2013, p. 53): Calcule a concentração, em quantidade de matéria, de uma solução preparada a partir da dissolução de 5,00 g de tolueno (C7H8) em 225 g de benzeno. A densidade da solução é de 0,876 g/mL. Solução: Neste caso, sabemos que o tolueno é o soluto e o benzeno é o solvente. Como temos a densidade da solução, é possível calcular o volume total da mesma da se- guinte forma: d m V V V mLsol sol sol sol sol= → = + → = =0 876 5 00 225 230 0 876 263, , , Agora, calcularemos a quantidade de matéria de tolueno presente na solução: n m MM moltol tol tol = = = 5 00 92 1 0 054 , , , Sabendo o volume total da solução e quantidade de matéria de tolueno, é possí- vel calcular a concentração molar de tolueno na solução – lembre-se que o volume deve ser em litros: c n V mol Ltol tol sol = = = 0 054 0 263 0 205 , , , / Portanto, a concentração molar de tolueno na solução é 0,205 mol/L. Exemplo 3 (IADES, 2014, adaptado): Considerando as seguintes massas moleculares: Na = 23, Cl = 35,5, qual é a concentração molar (mol/L) de uma solução de 1.000 mL de NaCl em que foram utilizados 117 g de soluto? a) 1 mol/L. b) 2 mol/L. c) 3 mol/L. d) 4 mol/L. e) 5 mol/L. 12 13 Solução: Podemos resolver da mesma forma que fizemos no Exemplo 2: este caso é ainda mais simples, pois já nos foi dado o volume total de solução. Então, primeira- mente, calculamos a quantidade de matéria de NaCl na solução: n m MM molsNaCl NaCl NaCl = = + = = 117 23 35 5 117 58 5 2 , , Agora, já podemos calcular a concentração molar de NaCl na solução – lembre- -se de passar de mL para L: c n V mol LNaCl NaCl sol = = = 2 1 2 / Portanto, a resposta correta é a alternativa B. Importante! Atente-se ao número de algarismos significativos para expressar os seus resultados. Importante! Exemplo 4 (CESGRANRIO, 2017, adaptado): Uma solução aquosa de bicarbonato de sódio (NaHCO3) foi preparada em um balão volumétrico de 250,00 mL, utilizando-se 10,0 g do soluto, com o volume final ajustado pela adição de água pura. Dessa solução foi retirada uma alíquota de 25,00 mL, que foi transferida para um balão de 100,00 mL, no qual o volume final foi ajustado pela adição de água pura. Considerando MM g molNaHCO3 84 0= , / , os valores mais próximos das concentrações, em quantidade de matéria (mol/L), da solução inicial e da solução após a diluição são, respectivamente: a) 0,24 e 0,06. b) 0,24 e 0,12. c) 0,48 e 0,12. d) 0,48 e 0,24. e) 0,64 e 0,24. Solução: Neste exercício, podemos colocar em prática tudo o que revisamos até agora. Então, vamos lá! 13 UNIDADE Introdução às Titulações Primeiramente, com os dados fornecidos pelo problema, já podemos calcular a quantidade de matéria na solução inicial: n m MM molNaHCO NaHCO NaHCO 3 3 3 10 0 84 0 0 119= = = , , , Com este resultado, calculamos a concentração molar da solução inicial: c n V g molNaHCO NaHCO sol inicial 3 3 0 119 0 250 0 476 0 48= = = ≅ . , , , , / Agora, sabendo-se a concentração molar inicial, o volume da alíquota e o volu- me final, podemos calcular a concentração molar final utilizando equações para o cálculo de diluição: ca×Va=cb×Vb 0,48×0,025=cb×0,100 cb=0,12 g/mol Logo, a resposta certa é a alternativa C. Exemplo 5 (CESGRANRIO, 2012, adaptado): Dicromato de potássio é um padrão primário utilizado como agente oxidante em meio ácido na volumetria de oxirredução. Uma solução padrão foi preparada a par- tir de dissolução de 1,47 g de K2Cr2O7 em água destilada com o volume sendo ajus- tado para 250,00 mL em balão volumétrico. Considerando MM g molK Cr O 2 2 7 294= / a concentração da solução assim preparada, em mol/L, é igual a a) 1,00 × 10-2 b) 2,00 × 10-2 c) 3,00 × 10-2 d) 4,00 × 10-2 e) 5,00 × 10-2 Solução: Temos aqui um exemplo de preparação de solução padrão. Os cálculos, na ver- dade, são bem simples. Vamos lá! Primeiramente, verificaremos o que já temos: volume total da solução, massa da substância e massa molar da substância. Para descobrir a concentração molar, preci- samos saber a quantidade de matéria presente em 1,47 g de dicromato de potássio: n m MM molK Cr O K Cr O K Cr O 2 2 7 2 2 7 2 2 7 1 47 294 5 00 10 3= = = × − , , 14 15 Agora, calculamos a concentração molar da solução – volume em litros: c n V mol LK Cr O K Cr O sol 2 2 7 2 2 7 5 00 10 0 250 2 00 10 3 2= = × = × − −, , , / Portanto, a resposta correta é a alternativa B. Titulometria Gravimétrica Bem, já sabemos que os métodos gravimétricos são baseados em medidas de massa. Logo, na titulometria gravimétrica, em vez de medido o volume de titulan- te, é mensurada a sua massa. Além disso, no lugar de usar uma bureta, que é o equipamento mais utilizado para medir volumes em uma titulação volumétrica, são empregadas balanças analíticas digitais. Antigamente, quando não havia muita tecnologia, a titulometria gravimétrica era um processo mais complicado que a volumétrica. No entanto, com o advento de balanças analíticas digitais, este método tornou-se mais rápido e apresenta várias vantagens frente à titulação volumétrica, por exemplo (SKOOG et al., 2014): • A precisão e exatidão dos resultados são maiores do que nas titulações volumétricas; • Nã o há necessidade de correção de temperatura, pois a concentração molar em massa não se altera com a temperatura, ao contrário da concentração molar volumétrica; • Nas titulações volumétricas, como já aprendemos, existe a necessidade de cali- bração constante dos equipamentos e também de limpeza dos mesmos, traba- lhos estes que diminuem durante a titulação mássica. Veremos, agora, uma das formas mais utilizadas para representação gráfica de resultados de titulações volumétricas. Curvas de Titulação Já sabemos que o ponto final de uma titulação é possível de ser determinado por meio da observação de alterações físicas na solução – que ocorrem próximas ao pon- to de equivalência –, sendo as principais as alterações de cor e no potencial de ele- trodos. Mas, como saber quando ocorre o ponto de equivalência em uma titulação? Bem, para responder a essa pergunta, podemos lançar mão de uma curva de titulação. Segundo Skoog e colaboradores (2014, p. 314, grifo nosso), “[...] as curvas de titulação são representadas por gráficos de uma variável versus volume de titulante”. Além disso, calcu- lando-se os pontos da curva é possível entender as bases teóricas dos pontos finais, bem como determinar possíveis fontes de erros na titulação. Ex pl or 15 UNIDADE Introdução às Titulações As curvas de titulação permitem que as proximidades do ponto de equivalência sejam determinadas de acordo com uma variável específica. Este fato faz com que a escolha de um indicador de pH, por exemplo, seja feita de maneira correta, me- diante análise do intervalo no qual está contido o ponto de equivalência no gráfico. Nesta oportunidade veremos como construir uma curva de titulação do tipo ácido-base, visto que para cada tipo de titulação, temos que fazer certos tipos de considerações. É importante ressaltar que a construção de curvas de titulação para cada caso especial será apresentada em futuras unidades.Importante! Nesta Unidade, utilizaremos a seguinte simbologia: [ ] – concentração da substância no equilíbrio – e cA – concentração analítica da substância – refere-se à concentração real adicionada a determinado solvente de forma que possamos conhecer a concentração real da solução que contém o analito. Além disso, algumas simplificações foram levadas em consideração durante o Exemplo 6 – que serão melhor explicadas em unidades futu- ras sobre volumetria de neutralização. Importante! Exemplo 6: Represente a curva de titulação de 100 mL de HBr de concentração molar 0,010 mol/L com uma solução padrão de KOH de concentração molar 0,010 mol/L. Solução: Antes de começar a construir o gráfico propriamente dito, vários fatores devem ser levados em consideração: • Trata-se de uma titulação de neutralização – ácido-base – entre um ácido forte (HBr) e uma base forte (KOH). Neste caso, é possível verificar três regiões distintas no gráfico: antes do ponto de equivalência, no próprio ponto de equi- valência e depois do ponto de equivalência; • Podemos dividir os nossos cálculos em quatro etapas, que serão descritas a seguir: 1ª etapa – cálculo do pH da solução com o analito antes do início da titulação: Bem, já sabemos que uma solução de HBr contém o próprio HBr e água, certo? Então, como calcular o pH desta solução? Já aprendemos que a concentração mo- lar de HBr será responsável por determinar o pH da solução. Observe a seguinte reação química simplificada: HBr H O H O Braq l aq aq( ) ( ) ( ) + ( ) −+ → + 2 3 Pela estequiometria, podemos afirmar que a concentração molar de será igual à concentração molar de HBr. Logo, como o pH da solução é determinado pela concentração de cátions H3O +, temos: 16 17 pH = –log [H3O +] pH = –log [0,010] pH = 2,00 O resultado é coerente, pois nos mostra que a solução tem um pH ácido. Antes de passarmos para a segunda etapa de cálculos, é necessário determinar o ponto de equivalência dessa titulação. Para tanto, escreveremos a reação química que ocorrerá durante o processo – é importante ressaltar que você sempre deve escrever todas as reações químicas envolvidas no problema, pois dessa forma você poderá analisar melhor a situação e observar apuradamente a estequiometria: HBr(aq) + KOH(aq) → KBr(aq) + H2O(l) Pela reação química, podemos calcular o volume de titulante (KOH) que será necessário para atingir o ponto de equivalência. Isso ocorrerá quando a quantidade de matéria de HBr for igual à quantidade de matéria de KOH. Para encontrar este volume, podemos utilizar a seguinte fórmula de diluição: c V c V V V KOH sol KOH HBr sol HBr solKOH sol K × = × × = × . . . , , ,0 010 0 010 0 100 OOH L mL de KOH= × = = 0 010 0 100 0 010 0 100 100 , , , , Significa que a reação entrará em equilíbrio químico quando forem adicionados 100 mL de KOH – atingindo, portanto, o ponto de equivalência. 2ª etapa – cálculo do pH da solução antes do ponto de equivalência: Suponhamos que sejam adicionados 10 mL de KOH. Bem, analisando a este- quiometria da reação, podemos tirar algumas conclusões. Observe: • Primeiro, podemos determinar a quantidade de matéria de KOH adicionada na solução: nKOH = cKOH × Vsol.KOH = 0,010 × 0,010 = 0,0001 mol de KOH • Pela estequiometria da reação, sabemos que 1 mol de HBr reage com 1 mol de KOH – considerando conversão completa. Então, 0,0001 mol de KOH reagirá com 0,0001 mol de HBr; • Se 0,0001 mol de HBr reagiu, então, quantos mols de HBr restaram na solu- ção? Bem, para descobrir isso, precisamos saber quantos mols de HBr esta- vam na solução antes do início da titulação: nHBr–início = cHBr × Vsol.HBr = 0,010 × 0,100 = 0,001 mol de HBr • Agora, podemos determinar quantos mols de HBr restaram na solução: nHBr = ninício – nad de 10mL de KOH = 0,001 – 0,0001 = 0,0009 mol de HBr 17 UNIDADE Introdução às Titulações • Sabendo-se a quantidade de matéria na solução, podemos, finalmente, deter- minar a concentração de HBr na mesma: c n V mol LHBr HBr Total = = + = 0 0009 0 100 0 010 0 00818 , , , , / Importante! Observe que, no cálculo da concentração molar de HBr na solução, o volume levado em consideração, neste momento, é o inicial da solução somado ao volume de KOH adiciona- do. Em seus cálculos, não se esqueça dessa consideração sobre volume. Importante! • Bem, precisaremos relembrar um conceito importante: hidrólise de sais. Como você já sabe, quando em contato com a água, algumas substâncias sofrem hi- drólise, ou seja, tal contato provoca uma quebra nas moléculas das substâncias, fazendo com que os íons resultantes reajam com os íons da água. No entanto, quando há cátions e ânions provenientes de ácidos e bases fortes, estes não sofrem hidrólise devido ao alto grau de dissociação do sal formado. Portanto, podemos afirmar que a concentração de HBr será igual à de H3O + liberado na reação. Veja: HBr(aq) + H2O(l) → H3O + (aq) + Br – (aq) O íon brometo reagirá com o cátion potássio. Por essa reação, você pode per- ceber que 1 mol de HBr gera 1 mol de H3O +. Portanto, pode-se afirmar que a concentração de H3O + presente na solução é 0,00818 mol/L; • Agora já podemos calcular o pH da solução com o titulado: pH = –log [H3O +] pH = –log [0,00818] pH = 2,09 Pronto! Basta seguir esses passos para calcular mais alguns pontos de pH antes do ponto de equivalência. Mas, como saber quantos pontos devem ser gerados? Bem, é recomendável que você faça intervalos de 5 em 5, ou de 10 em 10 mL – depende do volume da solução de titulado. Se você titular uma solução de 50 mL, por exemplo, poderá calcular o pH para adição de 5, 10, 15 mL e assim por diante. Use sempre o bom senso! 3ª etapa – cálculo do pH no ponto de equivalência: Este é o ponto importante da titulação. Já sabemos o volume de KOH que deve ser adicionado. Logo, a quantidade de matéria de KOH adicionada será: nKOH = cKOH × Vsol.KOH = 0,010 × 0,100 = 0,001 mol de KOH 18 19 • Se no início havia 0,001 mol de HBr, este reagirá completamente com 0,001 mol de KOH. Como sais de cátions e ânions provenientes de bases e ácidos fortes não sofrem hidrólise, teremos apenas o equilíbrio químico da água – ionização da água: 2 2 3 H O H O OHl aq aq( ) ( ) + ( ) −+ Nestas condições, a concentração de íons hidrônio é igual a – considerando-se uma temperatura de 25º C: [H3O +] = 1,00 × 10–7 Logo, o pH da solução será: pH = –log [1,00 × 10–7] pH = 7,00 Portanto, quando fazemos a titulação entre um ácido e uma base fortes, o pH no ponto de equivalência será igual a 7,00. 4ª etapa – cálculo do pH da solução depois do ponto de equivalência: É importante ressaltar que, daqui para frente, não haverá mais HBr na solução, visto que reagiu completamente com o KOH. Então, tudo que teremos a partir de agora será um excesso de KOH. Mas, como saber a quantidade de matéria presente nesse excesso? Vamos lá! Qualquer volume adicionado acima de 100 mL já terá ex- cesso de KOH. Então, suponhamos uma adição de 110 mL de KOH. A quantidade de matéria, neste caso, será: nKOH = cKOH × Vsol.KOH = 0,010 × 0,110 = 1,10 × 10 –3 mols de KOH Considerando a solução titulada, a quantidade de matéria de KOH será: nKOH–excesso = nKOH–ad – nKOH–reagiu nKOH–excesso = 0,0011 – 0,0010 = 0,0001 mol de KOH na solução A concentração molar de KOH na solução, então, será: c mol LKOH = + = × − 0 0001 0 100 0 110 4 76 10 4, , , , / Agora, como temos apenas KOH, então, ao invés de determinarmos o pH, de- terminaremos o pOH: pOH = –log [4,76 × 10–4] pOH = 3,32 19 UNIDADE Introdução às Titulações Sabe-se que: pH + pOH = 14 Logo: pH + 3,32 = 14 pH = 14 – 3,32 = 10,68 Como visto na 2ª etapa, aqui você também poderá repetir esses passos para calcular o pH após a adição de excesso de KOH. Agora, finalmente, podemos fazer o gráfico de nossa curva de titulação. O pH obtido para diversos volumes de KOH adicionados pode ser observado na Tabela 1: Tabela 1 – pH da solução para cada volume de KOH adicionado Volume de KOH (mL)pH 0,00 2,00 5,00 2,04 10,0 2,09 15,0 2,13 25,0 2,22 50,0 2,48 75,0 2,85 99,0 4,23 100,0 7,00 101,0 9,70 105,0 10,38 110,0 10,68 115,0 10,84 A curva para esta titulação está representada na Figura 3 – o gráfico foi gerado no software Microsoft Excel: Figura 3 – Curva de titulação para o exemplo em questão 20 21 Agora, como exercício, calcule a concentração de H3O + para cada volume da Tabela 1. A seguir, você encontrará um pequeno questionário para praticar tudo o que aprendeu nesta Unidade. Responda-o e compartilhe as suas soluções com os seus colegas no Fórum de discussão. Exercícios de Fixação 4. O que você entende por titulação volumétrica? 5. Quais são as principais vantagens e desvantagens de uma titulação volumétrica? 6. Explique a diferença entre titulação volumétrica e titulação gravimétrica. 7. Comente sobre as principais características desejadas em um padrão primário. 8. Qual é a fi nalidade de uma curva de titulação? Bem, chegamos ao final de mais uma Unidade. Não se esqueça de revisar todos os conceitos aprendidos, consultar o Material complementar e fazer todos os exercícios propostos. Caso haja alguma dúvida, entre em contato com a tutoria! Bom estudo! 21 UNIDADE Introdução às Titulações Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Noções Básicas de Cálculo Estequiométrico Realize os exercícios de revisão propostos nos capítulos 2 e 4 do livro de Matos (2013). Caso não os encontre, basta pesquisar sobre exercícios de cálculo estequiométrico na internet e praticar bastante! Análise Química Quantitativa Saiba mais sobre curvas de titulação consultando o Capítulo 7 de Harris (2017); Vídeos Titulação do vinagre: Cálculo de concentração de ácido acético com e sem fórmula Assista a um exemplo prático de titulação de vinagre, elaborado pela professora Cláudia Regina. https://youtu.be/m5Y5aV0yIbI Leitura Titulação na Prática https://goo.gl/kF89zr 22 23 Referências HARRIS, D. C. Análise química quantitativa. 9. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2017. MATOS, R. M. Noções básicas de cálculo estequiométrico. Campinas, SP: Áto- mo, 2013. SKOOG, D. A. et al. Fundamentos de Química Analítica. 9. ed. São Paulo: Cen- gage Learning, 2014. 23
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