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AEngenheira de Processos e PMO em uma consultoria de Supply Chain BEngenheiro Civil formado pela Escola Politécnica da USP e atuante no Planejamento e Controle de uma das instituições financeiras mais antigas do Brasil. CEngenheira Química e Coordenadora de P&D em uma indústria líder no segmento de produtos para a construção civil. DFormada em Tecnologia da Informação e Gestora de Projetos em uma das maiores empresas de software da América Latina. CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS NA CONSTRUÇÃO DE TIMES ÁGEIS E SUA INFLUÊNCIA NO SUCESSO DOS PROJETOS Barbara KlitzkeA Henrique Minetto BraboB Luciana da SilvaC Mariana Quintão OliveiraD RESUMO Times ágeis são times formados por pessoas com características heterogêneas, em números variados, usualmente com mais de seis e menos de dez participantes, adotantes das metodologias ágeis, unidas com o intuito de realizar entregas de forma rápida, eficiente e assertiva. Apesar de possuir mensuração dificultosa, uma vez que os parâmetros de comparação não dependem única e exclusivamente da composição das equipes, mas também como fatores externos, como mercadológicos e globais, diversas empresas e acadêmicos defendem a relação entre utilização de equipes ágeis com uma maior eficiência e produtividade das equipes. Para o desenvolvimento do atual estudo, uniram- se embasamentos de modelos conceituais acadêmicos e teóricos não acadêmicos, a fim de gerar essencialmente uma contribuição futura, que é a consolidação de práticas ágeis, focadas especificamente em times ágeis e suas aplicações práticas, explicitando algumas recomendações e limitações. Palavras-chaves: Times Ágeis; Equipes Ágeis; GAP, PmBoK, Kanban, Ágil, XP, Gestão de Projetos, Scrum ABSTRACT Agile teams are teams made of people with heterogeneous characteristics, in varying numbers, usually with more than six and less than ten participants, adopters (the participants separately and the team as a whole) of agile methodologies, united in order to perform fast, efficient and assertive deliveries. Despite having a difficult measurement, since the parameters of comparison do not only depend on the composition of the teams, but also as external factors, such as marketing or even global factors, several companies and academics defend the relationship between the use of agile teams with greater efficiency and productivity of the teams. For the development of the current study, theoretical and non-academic conceptual frameworks were coupled, in order to generate essentially a future contribution, which is the consolidation of agile practices focused specifically on agile teams and their practical applications, pointing some recommendations and limitations. Key Words: Agile Teams; Agile Squads; APM, PmBoK, Kanban, Agile, XP, Project Management, Scrum 1 INTRODUÇÃO O mundo corporativo está em constante evolução, e, tais evoluções, acontecem rápida e intensamente no cenário atual do mundo globalizado devido a presença massiva de automatização nos processos e serviços que utilizamos. Tais evoluções enfocam tecnologias e inovações disruptivas que exigem respostas rápidas para as organizações se manterem competitivas e, até mesmo, sobreviverem no mercado. As metodologias de gerenciamento de projetos acompanharam às necessidades atuais e evoluíram para fornecer resultados mais expressivos em menor tempo. O chamado gerenciamento ágil de projetos (GAP) surgiu como alternativa às burocracias contempladas nos métodos conhecidos como tradicionais, e exige uma mudança de mentalidade e comportamento das organizações e profissionais de projeto. Empresas que visam ter sucesso na implantação de metodologia ágil, incluindo seus times, devem estar atentas aos elementos necessários para a transformação do modelo operacional da organização como um todo. Bresseau et al. (2019) enfatiza que a governança e a tomada de decisão simplificadas, a exemplo das decisões estratégicas que continuam sendo tomadas em comitês de direção e subsequentemente, ao compartilhar da mesma visão, os demais níveis organizacionais conseguem ter autonomia sobre cada área individualmente. O planejamento financeiro e estratégico pode ser revisto e ajustado conforme necessário, uma vez que os processos são alinhados ao propósito do negócio e, com isso, as fundamentações das decisões estratégicas são revistas com maior frequência. A gestão da performance, por sua vez, passa a ser vista como resultados dos times e não mais individualmente. Os papéis e responsabilidades, na metodologia ágil, são definidos prioritariamente para assegurar objetivos estratégicos. A gestão de riscos, nesse modelo, pode ser fortalecida com a transparência proposta pela metodologia GAP e investindo em recursos humanos especializados para as tratativas. Esse artigo visa trazer conteúdo para incentivar a busca por aperfeiçoamento em metodologias ágeis e gerar curiosidade sobre as competências essenciais de times ágeis, para que o leitor possa definir quais os critérios mais relevantes para a realidade ímpar da organização no qual está inserido. Empresas que apresentam projetos com taxa de sucesso superiores a 92%, segundo PMI’s Pulse of Profession 2017, gastam significativamente menos recursos devido a alta performance. Isso acontece devido a maturidade e construção de seus times, pois tais organizações colocam entre suas prioridades o desenvolvimento de competências técnicas da equipe de projeto, competências de liderança e de gestão do negócio. Desta forma, busca-se reforçar a premissa de que a maneira como as organizações constroem seus times está diretamente relacionada ao sucesso de seus projetos e que, se estes times - e as empresas que os detém - forem adeptos e praticantes de metodologias ágeis (“Times Ágeis”), os resultados podem ser mais satisfatórios. Para tal, no artigo constam mais quatro outras macro seções - conceitos, critérios, conclusão e Referências Bibliográficas. Na seção 2, serão apresentados os conceitos acerca de agilidade e times ágeis (times foco do objeto de estudo), além do embasamento teórico utilizado na elaboração do artigo, bem como exemplos da literatura que sustentem a hipótese inicial; a seção 3 trará referências recentes sobre as características do profissional ágil, a seção 4 descreve as conclusões e eventuais limitações e incertezas do estudo e, por fim, nas referências bibliográficas constam as publicações utilizadas como revisão literária do desenvolvimento do artigo. 2 CONCEITOS DA METODOLOGIA ÁGIL DE GESTÃO DE PROJETOS Diante das metodologias tradicionais, os métodos ágeis representam uma novidade porque valorizam a interação entre pessoas, a comunicação com o cliente e priorizam as atividades que efetivamente acrescentam valor. Este enfoque é de extrema importância tendo em vista a dinâmica de mercado atual que impõe dinamismo e velocidade no atendimento e na entrega de produtos e serviços. Conceitualmente, é comum a utilização dos termos “agilidade” e “times ágeis”, os quais nem sempre possuem definições convergentes, as quais variam entre autores e interlocutores. Para o desenvolvimento do artigo, utilizar-se-ão os conceitos de Conforto (2013) para ambos os termos. O autor define agilidade como: “a habilidade do time de projeto para mudar o plano do projeto, de forma rápida e contínua, em resposta às necessidades emergentes dos clientes, demandas de mercado e tendências ou oportunidades, para adicionar valor e entregar melhores resultados em um ambiente de negócios inovador e dinâmico” Também, o mesmo autor define, na mesma publicação, “times ágeis” como: “times de projeto que possuem esta habilidade (agilidade), que é a soma das competências, práticas gerenciais adotadas, e fatores críticos da agilidade (tanto da equipe quanto da organização e contexto do negócio), que, por conseguinte,poderão contribuir para melhores resultados dos projetos, em termos de inovação e valor para o cliente e mercado” Paralelamente, a agilidade possui dois atributos primordiais, relacionada aos times de projeto, a velocidade e flexibilidade (potencial para mudanças), sendo que o segundo é necessário, embora não suficiente para o atingimento da agilidade (adaptado de CONFORTO, 2013). Entre os frameworks (ou estruturas) da abordagem ágil existentes, o framework que possui uma definição clara dos papéis em um time ágil é o do método Scrum, idealizado por Ken Schwaber e Jeff Sutherland no início dos anos 2000, segundo sítio do Scrum. Nele, o framework proposto sugere os seguintes papéis: Product Owner, time de desenvolvimento e Scrum Master. O Product Owner (PO) é o responsável pelo produto e pelo gerenciamento do backlog das estórias que serão implementadas pelo time de desenvolvimento (adaptado de GENARO e FERRARI, 2015). Na prática, o PO é aquele que entende as regras de negócio do projeto e quem busca garantir que os requisitos e premissas estão sendo cumpridos e priorizados de forma coerente. O time de desenvolvimento (time Scrum) é composto por profissionais multidisciplinares auto-gerenciáveis, caracterizados pelos níveis significativos de autonomia e responsabilidade em diversos aspectos de seu trabalho, como planejamento, atribuição de tarefas e tomadas de decisões e são os responsáveis pela execução das atividades previstas no product backlog (adaptado de GENARO e FERRARI, 2015). São recursos que, geralmente, detém o conhecimento operacional sobre o projeto e que explicitam pontos como o tempo necessário para a realização dos itens previstos no product backlog. O Scrum Master atua como mediador entre os diferentes papéis, além de garantir que os princípios do framework estão sendo seguidos (adaptado de GENARO e FERRARI, 2015). Em caso de impedimentos durante os projetos, o Scrum Master é responsável também por mitigá-los ou eliminá-los para garantir que o time de desenvolvimento foque na entrega dos itens previstos no product backlog. Entretanto, é necessário salientar que o Scrum Master não possui um papel de gerente do projeto, ou seja, não possui atuação hierárquica sobre os demais membros do time. Além destes papéis, outras literaturas indicam ainda diferentes papéis de acordo com a natureza do projeto. Por exemplo, Akbar, Haris e Naeem (2008) comentam sobre o papel do Technical Lead em projetos que envolvem desenvolvimento de software. O papel pode ser assumido por pessoas com perfil e experiências técnicas que apoiam no entendimento dos requisitos de software e hardware e na decisão de como a tecnologia pode apoiar na construção ou desenvolvimento do projeto. Já Dubinsky e Hazzan (2004) propõe uma divisão macro dos papéis em um time de desenvolvimento de software utilizando a abordagem XP Programming: ● Grupo de liderança: onde atuam os responsáveis por garantir que os itens previstos na abordagem ágil estão sendo seguidos pelo time de desenvolvimento. ● Grupo de clientes: onde atuam os próprios clientes ou os membros do time responsáveis por representar os interesses desses clientes. Possuem como atividades a realização de testes de aceitação e fornecimento de feedback para o time de desenvolvimento. ● Grupo de codificação: onde atuam os responsáveis por todas as fases de desenvolvimento de software, como por exemplo a definição e realização de planos de teste e a definição de padrão de código e tecnologias que serão utilizadas. São também responsáveis por seguir e incentivar a metodologia de trabalho conhecida como pair programming, onde os programadores desenvolvem em pares, aumentando a eficiência, melhorando a qualidade e ganhando produtividade para a equipe. ● Grupo de sustentação: onde atuam os responsáveis pelo controle de documentação dos projetos, treinamentos e preparação de ambientes para a instalação do sistema. Independentemente da natureza do projeto, para que times ágeis consigam cumprir critérios de agilidade, é necessário que estejam inseridos em um ambiente com características ágeis, entre elas o feedback constante, que permite que os os membros demonstrem que estão cientes sobre as atividades do grupo, compartilhem conhecimentos e onde podem elucidar que estão comprometidos com os objetivos do time (adaptado de WHITWORTH e BIDDLE, 2007). 3 RECURSO HUMANO COMO O DIFERENCIAL ÁGIL O que há de novo sobre métodos ágeis não são as práticas utilizadas, mas sim o reconhecimento das pessoas como os principais impulsionadores do sucesso do projeto, juntamente com um intenso foco na eficácia e capacidade de mudanças (SILVA et al., 2015). O desenvolvimento ágil foca nos talentos e habilidades dos indivíduos, e molda o processo para especificar pessoas e equipes, não o contrário. Portanto o fator crítico em projetos de sucesso está uma equipe de desenvolvimento ágil, que concentra seus esforços na competência individual (SILVA et al., 2015). A transformação ágil começa com equipes estáveis, autônomas, auto organizáveis e com pensamento ágil. Para atender o negócio e o contexto em que se encontra, a equipe ágil de projetos precisa ser capaz de se adaptar e mudar de direção rapidamente sempre que necessário. Deve estar preparada para entender profundamente seu cliente, aprender rápido com os erros e conseguir entregar valor de forma contínua (SILVA et al., 2015). A composição de tais equipes pode ser facilitada no momento de recrutamento e seleção se observada algumas características e valores do profissional (Aghina et al., 2019). 3.1 CARACTERÍSTICAS DO RECURSO HUMANO ÁGIL Uma equipe de desenvolvimento estabelecida com os recursos necessários para entregar os serviços ou produtos desejados, com a autoridade para tomar as decisões e que interage entre si com responsabilidades individuais e conjuntas, capaz de se renovar, sem mudar as pessoas é uma equipe de força. Compartilhar o conhecimento, as responsabilidades, as ideias e os riscos de modo a garantir um trabalho em harmonia com todos os membros da equipe, agregando valor, oferecendo deste modo ganho de performance no projeto para entregar os resultados desejados são traços de colaboração (BECK, 2001). Pessoas motivadas que assumem a responsabilidade, compartilham o risco, tomam as decisões, trabalham em conjunto para um objetivo comum e não esperam seus superiores para entender quais tarefas eles precisam fazer, são consideradas auto-organizáveis (SILVA, 2015). O todo é mais importante e gera mais valor do que a soma das partes, por este motivo, não se deve existir priorização dos objetivos individuais dentro de uma equipe ágil, os indivíduos devem trabalhar em conjunto, sempre focados no objetivo comum (BECK, 2001). O tamanho adequado de uma equipe ágil deve garantir que seja grande o suficiente para possuir todas as competências necessárias para o projeto, sem perder o dinamismo e a colaboração contínua entre todos os membros e ser pequena o suficiente para colaborar entre si durante desenvolvimento do produto ou serviço e não carecer das habilidades necessária para concluir o projeto. Pode se considerar de seis a dez pessoas um tamanho ideal. Os membros de uma equipe ágil devem ser selecionados tendo em mente as habilidades necessárias para gerar valor nas entregas que o projeto terá pela frente e desta maneira possuir coletivamente multi-habilidades necessárias para garantir todas as entregas do projeto (SILVA, 2015). O PMI (2018, pg. 6) ressalta que além de atrair os talentos aderentes a cultura ágil, é necessário ênfase no processo de desenvolvimento dos recursos humanos, incentivo à cultura de mudança e treinamento em tecnologias disruptivas. Aghina et al. (2019) nomeiam algumas habilidades interpessoais que contribuem para a construção de um time que possui agilidade comocaracterística intrínseca. Os autores ressaltaram que algumas funções desempenhadas no projeto podem requerer mais ou menos de uma habilidade específica. De modo geral, a capacidade de gerenciar a ambiguidade em um ambiente dinâmico e a motivação para colaborar ativamente é uma característica predominante em times ágeis. Tais atributos, segundo os autores, trazem resultados mais significativos aos objetivos de projeto. Alguns fatores podem contribuir com o sentimento de “pertencimento”, uma vez que os colaboradores compartilham da mesma visão e se movem em direção de um objetivo único, de conhecimento de todos. Na próxima seção iremos comentar sobre alguns agentes que podem catalisar a agilidade em uma equipe de projetos. 3.2 FATORES DE INCENTIVO PARA TORNAR-SE UMA EQUIPE ÁGIL Num mundo de constante mudança, o capital humano não poderia ser inerte. As pessoas buscam intensamente terem no trabalho, além do sustento, uma realização pessoal, uma identificação com o seu propósito de ser. Para isso, as empresas ágeis almejam atrair e reter talentos aderentes a sua cultura, e sobretudo, aptos a conviver e aplicar a metodologia ágil no desenvolvimento de suas atividades. Um excelente time, para apresentar desempenho ágil, necessita da direção de um Product Owner motivado e com uma visão clara e de simples esclarecimento. O sucesso das organizações que adotaram tais premissas é devido a combinação de tais atributos. Nem sempre os times de alta performance são formados pelas pessoas mais capacitadas tecnicamente, ou com mais anos de experiência profissional. Porém podem ser resultado das combinações de traços relacionados a personalidade, comportamentos e valores condizentes com parâmetros de agilidade, sejam eles inerentes ou adquiridos ao longo da trajetória através de coaching e treinamentos específicos. Uma pesquisa realizada pela Deloitte, citada por Voline et al. (2019), evidenciou que a quarta revolução industrial traz a automação em seu nível máximo e com ela a necessidade de reinventar o propósito no ambiente de trabalho. Isso reforça um princípio ágil: o capital humano como propulsor do sucesso em projetos. Considerando que “o paradoxo dos dias atuais é estarmos inseridos em um mundo de tecnologia disruptiva porém é, e sempre será, o potencial humano que nos move para evolução.” (Adaptado de Voline et al., 2019, pág. 5), é possível assumir que investir em recursos humanos sempre trará benefícios para os resultados de projeto e para a organização como um todo. A tabela abaixo mostra alguns princípios humanos à serem colocados em pauta em empresas sob as consequências da quarta revolução industrial adaptado para um ambiente de projetos. Figura 1 - Princípios e valores humanos na era da indústria 4.0: como utilizá-los na obtenção de uma equipe ágil. Adaptado de: Deloitte Insights, 2019. Amaral et al. (2015) descreve características essenciais de um time ágil, que ajudam a pautar os valores de modo a maximizar a eficiência, são eles: ● Simplicidade: Reduzir substancialmente os esforços que não produzem resultados tangíveis. O autor comenta que o uso de métodos visuais e regras simples facilitam o entendimento para o time como um todo. ● Aprendizado: a metodologia ágil precisa acelerar as taxas de aprendizado. Devido a natureza de alguns projetos facilitarem o uso de metodologias ágeis, cada projeto passa a ser visto como uma oportunidade única para assimilar novos conceitos e tecnologias. ● Flexibilidade: O aprendizado constante permite que seja possível ajustar a trajetória. Por isso times ágeis são capazes de mudar e se adaptar às mudanças de escopo. ● Colaboração: como citado na seção anterior, o profissional que busca resultados da equipe prioritariamente aos resultados individuais é mais apto a compor uma equipe ágil. Um ambiente que propicie a participação ativa de todos os stakeholders, facilita a performance do projeto e tende a contribuir para o sucesso do mesmo. ● Velocidade: O conjunto dos fatores anteriores constituem o fator velocidade: quanto maior for a capacidade de incorporar as lições aprendidas, colaborar com o time, se adaptar a mudança, maior será a velocidade da equipe para às entregas necessárias. ● Orientação para Inovação: um ambiente em que se estimula soluções inovadoras para os problemas encontrados, contribui para a agilidade do time. ● Autogerenciamento: Autonomia para tomada de decisão ao invés da necessidade de aprovação em diferentes níveis hierárquicos torna a equipe mais produtiva eliminando a morosidade das diversas explicações, relatórios, validações sobre o mesmo assunto. ● Elaboração progressiva de requisitos: os requisitos surgem ao desenvolver o projeto, tornando necessário o equilíbrio entre flexibilidade e demais restrições de projeto. ● Iteração: as entregas evoluem gradativamente, permitindo reatividade aos feedbacks e, a cada ciclo, promover adaptações e planejar cada ciclo individualmente. ● Agregação de valor: o valor agregado é maior, pois o input constante com o cliente permite avaliar constantemente se as expectativas estão sendo atendidas, resultando numa entrega de maior precisão e um cliente notoriamente mais satisfeito. Além de todas essas características apresentadas, o artigo trará algumas ponderações sobre as vantagens de constituir times ágeis nas organizações. 3.3 VANTAGENS DE UMA EQUIPE ÁGIL Ter uma equipe ágil no desenvolvimento de um produto ou serviço traz vantagens ao gerenciamento dos projetos como uma participação mais efetiva quanto à definição das atividades, gerando maior comprometimento, motivação e confiança. As pessoas da equipe sabem o que estão fazendo e o porquê, diferentemente de quando o processo é imposto e não foi construído com a equipe, desta maneira o estímulo a colaboração entre os membros da equipe deixa o time mais coeso (PEREIRA, 2007). O fortalecimento do trabalho de time ocorre porque todos sabem o que os outros fazem, todos possuem a opção de escolher o que vão fazer, as responsabilidades estão visíveis e existem transparência e alinhamento para atender o objetivo do projeto. Quando existe estímulo aos relacionamentos e integração entre os membros da equipe, são minimizados os conflitos e o incentivo ao compartilhamento e disseminação do conhecimento, aumenta a visibilidade do desempenho da equipe e de cada membro e por consequência, além de uma maior participação, existe a satisfação do cliente (PEREIRA, 2007). O gerenciamento de performance em times ágeis, deve ser adaptado à metodologia GAP e ao contexto da organização. As abordagens ágeis devem ser claramente difundidas, a mentalidade GAP e as contribuições individuais devem ser reconhecidas, valorizadas e devidamente recompensadas. A gestão de performance feita de maneira adequada viabiliza a captura e a sustentabilidade dos benefícios prometidos pela agilidade. (DARINO, Lucia et al., 2019) A organização que implantar a metodologia ágil no desenvolvimento de seus times, ampliará sua capacidade de treinamento e reorganização e ao disseminar a mentalidade ágil poderá desenvolver as habilidades adequadas ao longo de toda a empresa. (Bresseau et al., pág. 8, 2019) 3.4 FATORES CRÍTICOS NA AGILIDADE Após elencar diversos fatores a favor das práticas ágeis e equipes ágeis, é de suma importância também relacionar os eventuais entraves existentes em relação à eles, e como estes fatores críticos na agilidade podem afetar negativamente ou mesmo inviabilizar a aplicação das metodologias, bem como a gestão das equipes. Almeida (2012) e Conforto (2013) expõe sete fatores críticos da agilidade, bem como suas hipóteses de adoção. O primeiro deles, “Autonomia da equipe de projeto”, pressupõe que equipes mais ágeis são as equipes com maior autonomia, isto é, equipes de projetoque podem decidir sobre eventuais mudanças no projeto, em conjunto com o gestor de projetos. O segundo, “Dedicação da equipe de projeto”, afirma que equipes ágeis as quais conseguem dedicar-se mais tempo ao projeto tendem a serem mais ágeis nestes projetos. O terceiro, “Proximidade dos membros da equipe de projeto”, pressupõe que times com membros geograficamente mais próximos tendem a ser mais ágeis, isto é, são menos susceptíveis a efeitos de fuso horário ou de comunicação, uma vez que não é necessário esperar longos períodos de tempo para se comunicarem (esperando resposta de e-mails ou por chamadas telefônicas, por exemplo). O quarto fator crítico da agilidade é a “Disponibilidade do Cliente”, com a hipótese de que clientes mais participativos, acessíveis, envolvidos no projeto e comunicativos são peça fundamental para a agilidade do time e do projeto, uma vez que o cliente pode então avaliar e dar feedbacks mais constantes à equipe. O quinto fator é a “Experiência do responsável pelo projeto”, o qual pressupõe que gestores de projeto (até product owners ou Scrum masters) mais experientes conseguem repassar sua vivência ágil para os demais membros da equipe, tornando a equipe como um todo mais ágil. O sexto fator é a “Novidade tecnológica”, isto é, equipes que trabalham em projetos mais inovadores (principalmente os de inovação radical ou disruptiva) tendem a ser mais ágeis, dadas as circunstâncias do desenvolvimento do projeto. Por fim, o sétimo fator é a “Disponibilidade das competências tecnológicas”, que pressupõe que equipes com maior acesso a infraestruturas tecnológicas (como servidores, softwares, hardwares ou outros equipamentos de comunicação e transmissão de dados, por exemplo), são mais ágeis. Além disso, é importante salientar que, além destes fatores, há a possibilidade de a equipe ou empresa, mesmo aderindo a metodologias ágeis, ter sua agilidade comprometida dependendo, por exemplo, do tipo de projeto ou produto a ser desenvolvido, isto é, dependendo de outros fatores externos, como atendimentos regulatórios, órgãos públicos ou mesmo requisitos internacionais. Figura 2 - Fatores Críticos da Agilidade 4 CONCLUSÃO A construção de um time ágil exige novas habilidades, comportamentos e mentalidades. Seja no recrutamento de recurso ou no desenvolvimento de recursos existentes na organização, a mentalidade GAP deve ser e comum a todos para o sucesso da implantação e captura de seus benefícios. Em algumas organizações pode ser necessário um esforço maior para essa mudança de mindset pois muitas estruturas hierárquicas e operacionais foram concebidas para serem rígidas e burocráticas, e devido a sua natureza seja difícil enxergar as vantagens da agilidade. O recurso humano, ao fazer parte de um time ágil, deve apresentar algumas características essenciais como auto-organização, força, colaboração, objetivo comum, diferentes habilidades e cultura. Equipes ágeis devem ser formadas com tamanho adequado, de maneira a construir confiança entre os membros e incentivá-los a trabalhar de forma autônoma. Um time ágil por ser responsável por resultados específicos, ser capacitado para trabalhar Adaptado de: ALMEIDA, L.F.M; CONFORTO, E.C; E.C; SILVA, S.L.; AMARAL, D. C. 2012 estreitamente com o cliente, ser apoiada por executivos seniores que lidarão com os impedimentos e impulsionaram a adoção de metodologias ágeis são capazes de entregar de um produto ou serviço específico, com maior qualidade e velocidade. Paralelamente, como citado na seção 3.4, com a exposição dos sete fatores críticos da agilidade de Almeida (2012) e Conforto (2013), tem-se que a agilidade dentro das equipes depende, muitas vezes, de fatores externos aos membros, sendo imprescindível o foco e atuação do gestor de projetos, Scrum master, product owner (quando aplicáveis), além dos demais membros da equipe, para manter sempre em pauta os fatores críticos à agilidade do time, e eventuais planos de ação de como mitigar os riscos que porventura possam vir a afetar a equipe. Dessa forma, é recomendado um diagnóstico da organização para identificação de quais configurações de times serão mais adequadas para o contexto no qual ela está inserida a fim de maximizar as vantagens das abordagens de GAP. As organizações ágeis estão sempre em constante aprendizado, portanto times ou profissionais que almejam ser ágeis devem estar sempre acompanhando as evoluções e exigências de mercado para atingir a excelência em seus processos e entregar resultados com velocidade. 4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGHINA, Wouter; HANDSCOMB, Christopher; LUDOLPH, Jesper; WEST, Dave; YIP, Abby. MCKinsey&Company. How to select and develop individuals for successful agile teams: A practical guide. 2019. AKBAR, A.; HARIS, M.; NAEEM, M. Requirement Gathering and Tracking Process for Distributed Agile based Development. 8th WSEAS International Conference on Applied Informatics and Communication (AIC’08). 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