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Recurso de terceiro prejudicado

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Recurso de terceiro prejudicado: 
 	A definição de quem figura como terceiro, tomando-se como referência uma relação jurídica processual qualquer, é de suma importância, uma vez que além de determinar os limites subjetivos da coisa julgada, também determina quem tem legitimidade para recorrer como terceiro juridicamente prejudicado.
	Por não pertencer à relação processual, não podem os efeitos da sentença se estender até sua (a do terceiro) esfera de atuação jurídica, não se submetendo, consequentemente, aos efeitos da coisa julgada. Há, porém, certos casos que retiram do terceiro essa característica de ser adverso à relação jurídica processual e lhe conferem a qualidade de parte, em uma demanda já formada por dois polos primitivos. É o que ocorre nas modalidades de intervenção de terceiros, já que o terceiro ingressa na relação processual já pendente como parte ou assistente. 
	O terceiro que não faz parte de uma relação jurídica processual pode sofrer prejuízos com o ato decisório que pretendeu solucionar litígio apresentado ao Poder Judiciário, mesmo não tendo atuado como parte da demanda. Havendo algum prejuízo a alguém que não foi parte na ação, causado pelos efeitos reflexos da sentença que pretendeu pôr fim a um processo, temos configurado o terceiro juridicamente prejudicado.
	É importante ressaltar que o recurso de terceiro não se equipara aos embargos de terceiro ou a uma espécie de rescisória, em que o recorrente pudesse exercer uma ação nova, alegando e defendendo direito próprio, para modificar, em seu favor, o resultado da sentença. Mesmo porque seria contrário a todo o sistema do devido processo legal vigente entre nós imaginar que o terceiro pudesse iniciar, sem forma nem figura de juízo, uma ação nova já no segundo grau de jurisdição.
-O exemplo de terceiro juridicamente prejudicado mais comum é o do sublocatário. A relação jurídica de que este é titular (sublocação) pode sofrer com os efeitos reflexos da sentença que decide a lide entre o locador e o locatário. Pondo-se fim à locação, também a sublocação fica comprometida, configurando-se, nesse caso, um prejuízo ao sublocatário, que terá, por isso, legitimidade para recorrer da decisão judicial (recurso de terceiro prejudicado), tentando reverter a situação desfavorável criada pela sentença;
- Pode ser considerada terceira prejudicada a mulher, em qualquer ação contra o marido, com quem constitui comunhão de bens, quando a sentença for executiva contra bens comuns, ou mandamental, também atingindo os bens comuns.
Em suma: o recurso de terceiro prejudicado é uma forma de intervenção de terceiro em grau de recurso ou, mais propriamente, uma assistência na fase recursal, porque, no mérito, o recorrente jamais pleiteará decisão a seu favor, não podendo ir além do pleito em benefício de uma das partes do processo. É que o assistente nunca intervém para modificar o objeto do processo, mas para ajudar “uma das partes a ganhar a causa”, pois é “a vitória do assistido que beneficia indiretamente o assistente”. Note-se, contudo, que mesmo diante da maior amplitude dada ao recurso do terceiro prejudicado pelo art. 996, parágrafo único, do NCPC, que chega a permitir a invocação de prejuízo a direito próprio, o caso não é de acertamento de tal direito no âmbito do grau recursal, mas apenas de possível invalidação da sentença, para que em outra ação esse direito possa ser acertado e defendido.
Comentários acerca das mudanças no artigo 996 do NCPC:
Artigo 996, parágrafo único do CPC/2015 – Sentido semelhante ao do artigo 499, parágrafo 1º do CPC/1973: O terceiro prejudicado e os requisitos a serem demonstrados para recorrer.
No que se refere ao terceiro prejudicado, preconiza (enaltece) este parágrafo único, cumprir-lhe demonstrar:
* a possibilidade de a decisão sobre a relação jurídica submetida à apreciação judicial atingir direito de que se afirme titular; ou,
* que possa discutir em juízo como substituto processual.
Quanto à primeira hipótese, Teresa Arruda Alvim Wambier – relatora da comissão responsável pela criação do anteprojeto do novo Código de Processo Civil -, alega que foi mal redigido:
“O dispositivo é mal redigido, pois fala em possibilidade de atingimento. Na verdade, para que o terceiro possa recorrer, é necessário que tenha sido efetivamente atingido. Do contrário, não seria terceiro prejudicado, carecendo de interesse em recorrer. Uma vez proferida a decisão que afete negativamente a este terceiro, aí sim nasce seu interesse, pressuposto recursal inafastável” (Comentários ao Novo Código de Processo Civil, 2ª edição, 2016, Coordenadores Antonio do Passo Cabral e Ronaldo Cramer, Ed. GEN/Forense, p. 1.494).
José Carlos Barbosa Moreira criticava a redação do parágrafo 1º do artigo 499 Código de Processo Civil de 1973, nesse sentido:
“O problema da legitimação, no que tange ao terceiro, postula o esclarecimento da natureza do prejuízo a que se refere o texto legal. A redação do §1º do art. 499 está longe de ser um modelo de clareza e precisão: alude ao “nexo de interdependência” entre o interesse do terceiro em intervir “ e a relação jurídica submetida à apreciação Judicial”, quando a rigor o interesse em intervir é que resulta do “nexo de interdependência” entre a relação jurídica de que seja titular o terceiro e relação jurídica deduzida no processo, por força do qual, precisamente, a decisão se torna capaz de causar prejuízo àquele” (Comentários ao Código de Processo Civil, 3ª edição, 1978, Volume V, Ed. Forense, pp. 331/332).
Assim, ao excluir o “nexo de interdependência” e incluir a frase “atingir direito de que se afirme titular”, eliminou o legislador toda a celeuma (“falatório”) doutrinária que havia em torno da redação do parágrafo 1º do artigo 499 do CPC/1973.
“Apesar, pois, da obscuridade do dispositivo ora comentado, no particular, entendemos que a legitimação do terceiro para recorrer postula a titularidade de direito (rectius: de suposto direito) em cuja defesa ele acorra. Não será necessário, entretanto, que tal direito haja de ser defendido de maneira direta pelo terceiro recorrente: basta que a sua esfera jurídica seja atingida pela decisão, embora por via reflexa. É essa, aliás, a linha hermenêutica sugerida pela própria tradição do direito luso-brasileiro” (Comentários de José Carlos Barbosa Moreira - que muito antes da edição do novo Código de Processo Civil, assim entendia - ao Código de Processo Civil, 3ª edição, 1978, Volume V, Ed. Forense, p. 333 – Grifei).
Prazos:
Em relação ao prazo, existem duas correntes:
1º- O terceiro prejudicado possui 15 dias para interpor recurso (Art. 1.003, § 5º), mesmo prazo das partes. O terceiro deve ficar atento porque não será intimado da decisão judicial que o prejudica, uma vez que não faz parte dos autos. Portanto, a contagem dos quinze dias não se inicia a partir da data em que teve ciência da sentença, mas sim a partir do dia em que a parte em cujo benefício ele recorre tiver tomado ciência da decisão (dies a quo). 
2º - Súmula 202 - A impetração de segurança por terceiro, contra ato judicial, não se condiciona a interposição de recurso. 
	A súmula garante ao terceiro o privilégio de impetração de segurança ao perder o prazo de recurso, dessa forma garantindo uma posição de benefício ao terceiro. O que não acontece no primeiro entendimento, onde o terceiro é nivelado a parte, em relação ao prazo, no entanto a parte possui o privilégio da intimação, que não é assegurado ao terceiro, já que não faz parte dos autos do processo, e o prejudicado ficará subordinado a ter ciência do dia que a parte teve ciência, entrou com o recurso e assim dando início ao prazo de 15 dias para a entrada do recurso do terceiro prejudicado.

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