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Pediatria Infecção do trato urinário Introdução A infecção do trato urinário acontece quando tenho um crescimento significativo de bactérias no trato urinário, em geral essas bactérias são grandes negativas e enterobactérias. Na cistite a infecção está restrita a bexiga e a pielonefrite a infecção afeta até pelve renal. Não é possível diferenciar pelo quadro clínico a cistite de pielonefrite em crianças abaixo de 2 anos. Nessa idade se considera que toda infecção do trato urinário febril abaixo de 2 anos é uma pielonefrite, devendo ser seguida e tratada como tal. Epidemiologia A infecção do trato urinário é uma das infecções mais comuns da infância correspondendo de 5 a 14% de todas as visitas ao pronto-socorro por crianças. A infecção do trato urinário é uma das infecções mais comuns da infância ela acontece em 7% das crianças abaixo de 2 anos que procura um pronto-socorro por febre. É mais comum em meninas na proporção de 20 meninas para 1 menino, exceto nos primeiros três meses de vida, em que ela é mais comum em meninos, principalmente nos não circuncidados. Tem um pico de incidência modal onde é mais comum entre os 3 e 5 anos e depois na adolescência. Etiologia A infecção por via hematogênica pode causar sepse e mais comum no período neonatal. É causada por bactérias e em geral é uma infecção ascendente, que é sempre mais comum. Sendo assim, acontece uma colonização das enterobactérias (flora intestinal) da região periuretral. A infecção ascendente é sempre mais comum por enterobactérias que são bactérias de flora intestinal e destas a mais comum é escherichia coli uropatogênica. Por proteus mirabilis colonizam o prepúcio, principalmente, nos menores de 5 anos e é mais comum em meninos não circuncidados. Por pseudomonas é mais comum em imunodeprimidos e pós-manipulação cirúrgica ou por sondagem de trato urinário. A infecção fúngica que leva a infecção urinária acontece mais quando tem uso de antibiótico de amplo espectro, uso de cateter urinário ou na presença de imunossupressão. A infecção viral por adenovírus pode levar a uma cistite hemorrágica. Etiopatogenia Para entender a virulência bacteriana: Tem fimbria que também chamada de peeling, que serve justamente para se aderir as células uroepiteliais e impedir com que com o fluxo urinário a bactéria seja lavada junto. Aliás, essa é uma das funções do fluxo urinário, não deixar que junte bactéria. O flagelo que ajudam a se movimentar. O antígeno polissacárideo capsular evade a defesa. O fator 1 neutralizante citotóxico destrói neutrófilos que são as células de defesa. Também produz siderófilos que são proteínas de alta afinidade por ferro e o capitam e depois o dão a bactéria para que esta consiga sobreviver. As hemolisinas que servem para fazer poros na membrana celular e assim a bactéria entrar. Produz urease que aumenta a produção de amônia a partir da ureia. Com a maior concentração de amônia há uma alcalinização da urina essa alcalinização da urina o que leva a precipitação de fosfato de carbonato de magnésio formando cristais e pedras de estruvita. Estruvita é uma pedra que contém bactérias em seu interior favorecendo mais colonização bacteriana e persistência da bactéria na urina favorecendo a infecção. Fatores predisponentes São intrínsecos do hospedeiro. Pacientes abaixo de um ano tem um risco de ter infecção do trato urinário, principalmente menores de 3 meses e sexo feminino. O sexo feminino tem maior risco porque o comprimento da uretra e maior proximidade do orifício uretral com canal anal. A raça branca tem maior risco e não sabe muito bem porque. Meninos tem prevalência de infecção urinária em lactentes é de 20% nos não circuncidados versus 2% nos circuncidados, sendo então um fator bem importante. Meninos não circuncidados têm maior risco por proteus. A constipação intestinal dificulta para o completo esvaziamento da bexiga, formando um resíduo pós miccional que favorecendo a proliferação de bactérias na bexiga e levando a infecção trato urinário. A própria atividade sexual também por causa de contato. A presença de anormalidades funcionais do trato urinário, por exemplo, a bexiga neurogênica e a disfunção miccional. As obstruções acumulam mais urina levando a uma maior chance de infecção do trato urinário. O refluxo vesico-ureteral é o retorno da urina para a bexiga e sobe ureter podendo subir até a pelve renal. A disfunção das eliminações acontece em 20% de todas as crianças e em 50% das crianças que tem infecção de trato urinário e é a principal causa de recorrência da infecção do trato urinário em maiores de 2 anos. É caracterizada pela presença de sintomas do sistema urinário, por exemplo, incontinência ou retenção urinária e até enurese, sintomas de trato gastrointestinal de disfunção de eliminação, por exemplo, uma constipação, uma encoprese tão grave que leva a fissura anal e pode ter sintomas de sistema nervoso central com alterações de coluna, como por exemplo o disrafismo sacral, assimetria de extremidades inferiores, assimetria de pregas glúteas e até alterações sensitivas ou motoras entre L1, S3 e S4. Nestes pacientes para conseguir quebrar esse ciclo vicioso de ficar fazendo infecção trato urinário de recorrência, primeiro tem que tratar a constipação intestinal e tratar disfunção vesical. A disfunção vesical essa criança precisa urinar a cada 3 ou a cada 4 horas. O refluxo vesico-ureteral é uma das anomalias mais comuns associadas a recorrência de infecção do trato urinário. Refluxo é o retorno da urina para o trato urinário superior e está presente em 20 a 40% de todas as crianças no primeiro episódio de infecção do trato urinário, e a incidência aumenta no episódios recorrentes. A graduação é dado pela uretrocistografia miccional. Grau 1 é um refluxo que acontece, mas não tem dilatação. Grau 2 o sistema ainda não está dilatado, mas afeta até o sistema coletor superior. Grau 3 tem dilatação de sistema urinário, com ureter dilatado e embotamento do cálice renal. Grau 4 tem dilatação de sistema urinário, com ureter e cálice renal dilatados. Grau 5 tão dilatado e tão grande sistema coletor que tem até tortuosidades, podendo dobrar sobre si mesmo. O refluxo vesico-ureteral de graus leves, em geral, se resolve nos primeiros anos de vida com o crescimento e a maturação, sendo necessário só a observação. Nos de grau mais elevado tem outras medidas e às vezes até abordagem cirúrgica. Clínica Varia conforme a faixa etária: Em recém-nascidos ele é muito inespecífico. Pode ser só um baixo ganho ponderal, irritabilidade, febre, anorexia pela falta de vontade de comer, mas também pode ter sintomas que sinaliza maior gravidade, como icterícia, distensão abdominal, vômitos. Quando tem sintomas de maior gravidade tem que pensar em sepse. Nos RNs e nos lactantes não é possível apenas pelos sintomas diferenciar uma cistite ou uma pielonefrite, por isso sempre a conduta e o tratamento sempre serão como se fosse um pielonefrite. Em lactentes um dos principais sinais de infecção do trato urinário é de febre sem sinais localizatórios Além disso, pode ter baixo ganho ponderal, alteração de urina ou até a mãe fala que a criança chora quando faz xixi. IMPORTANTE! Os fatores de risco estão divididos em sexo e conforme o número de fatores terá uma probabilidade de ter ou não infecção do trato urinário. Fatores de risco de meninas: ser branca, idade abaixo de 1 ano, temperatura maior igual a 39 graus, febre a dois dias em ausência de outra causa. Tem probabilidade acima de 1% quando há pelo menos um fator de risco e uma probabilidade acima de 2% quando há dois ou mais fatores de risco. A academia americana de pediatria recomenda colher exame de urina quando a probabilidadede ser uma ITU está entre 1 e 3%, ou seja, se houver pelo menos um fator já tem que colher urina 1 e urocultura. Fatores de risco em meninos: em meninos vale muito a questão da circuncisão. A probabilidade é maior que 1% quando os meninos circuncidados que tem mais ou igual a dois fatores de risco. A probabilidade de ter uma ITU é maior que 2% quando o menino não é circuncidado. Então a circuncisão é um fator super importante.. Disúria é a dor para urinar. Polaciúria é aumento da frequência urinária. Urgência miccional sente vontade tem que ir logo. Incontinência urinária. Febre baixa em geral é menor ou igual a 38º. Diagnósticos diferenciais de cistite: candidíase vaginal, vaginite, oxiuríase. Dor lombar se identifica no exame físico por meio da punho percussão também chamada de sinal de Giordano positivo. Com dor lombar outros diagnósticos diferenciais por exemplo apendicite ou até a nefrolitíase ou infecção pélvica em meninas adolescentes com vida sexual ativa. Diagnóstico O diagnóstico da ITU não é suficientemente clínico, ou seja, sempre precisa de uma análise da urina. Essa análise da urina para caracterizar a infecção do trato urinário precisa ter piúria que a presença de leucócitos na urina e bacteriúria que a presença de bactérias na urina. Como obter a amostra de urina? Se a criança for continente, ela fala quando ela está com vontade de fazer xixi, a mãe limpa, despreza o primeiro jato e se pode obter por jato médio. Se a criança não é continente, ou seja, ainda usa fralda, tem duas opções: - Sondagem vesical de alívio - Punção suprapúbica: é o método mais agressivo, mas costuma ter uma melhor sensibilidade. Principalmente nos recém-nascidos que é muito difícil fazer sondagem vesical. O saco coletor saco coletor, se cola um saco na região perineal da criança e espera ela fazer xixi. É péssimo por questões técnicas que pode contaminar a urina pelo contato com a pele da região periuretral ou a pele contaminada períneo. Se a análise normal com certeza não tem infecção do trato urinário. Piuria é o encontro de leucócitos na uroanálise ou urina tipo 1 é (mesma coisa). Esterase leucocitária positiva que é uma substância produzida pelos leucócitos, se encontrar é porque tinha leucócito na urina. Bacterioscopia positiva por coloração do gram (fiz uma coloração gram na urina e encontrei bactérias), sugere bastante infecção urinária. O nitrito é uma substância produzida por bactérias gram-negativas e que pode estar presente quando as bactérias estão na urina, porém tem uma baixa sensibilidade em lactentes, porque em geral urinam em menos de 4 horas e é necessário pelo menos 4 horas para aparecer o nitrito na urina. (A bacteriúria varia de autor para autor). A hemocultura positiva é mais comum nas crianças menores, é positivo em 4% dos menores de 1 ano e em 17% nos menores de 2 meses, depois em geral não é positiva. Tratamento Hospitalização em: Antibioticoterapia: O antibiótico tem que escolher baseada no perfil de resistência bacteriana. Tem se visto um aumento da resistência da escherichia coli ao bactrim que é o sulfametoxazol trimetoprim, a amoxicilina e a cefalexina. Por este fato se tem dado preferência à antibióticos de espectro um pouco maior, por exemplo, amoxicilina com clavulanato ou ciprofloxacino, intramuscular ou endovenoso. A cistite trata de 3 a 7 dias ou de 5 a 7 dias e a pielonefrite trata de 7 a 14 dias. Pode começar o tratamento com antibiótico endovenoso e quando o paciente melhorar pode transicionar para antibiótico via oral, já que a eficácia é quase a mesma. E o paciente não precisa ficar o tempo todo de tratamento internado. Se há dúvida se é pielonefrite, ou seja, naqueles menores de 2 anos ou com clínica suspeita, não se dá nitrofurantoína, porque não tem uma boa penetração no parênquima renal. Esta fica restrita apenas para aqueles que têm cistite. Sempre estar controlando a febre e dor, de preferência evitando anti-inflamatórios não esteroidais, pelo risco de lesão renal. Segmento O segmento não precisa colher urocultura após o tratamento, exceto se a criança tiver uma má evolução, por exemplo persistência de febre. O risco de recorrência de infecção trato urinário acontece em 40% das crianças. Sempre tem que sugerir para os pais que procurem o pronto socorro rápido na vigência de febre. Exames de investigação O ultrassom de rins e vias urinárias serve para pesquisar a presença de obstrução ou alteração anatômica, por exemplo, identifica a maior parte dos refluxos vesico-ureteral graus 4 ou 5, que são os que mais se relacionam com a recorrência de infecção trato urinário e com a existência de uma lesão renal (cicatriz). Criança com infecção que tiver menos de dois anos quando faz na fase aguda caso a criança estiver em mal estado geral sem melhora depois de 12 a 36 horas do início do antibiótico. Nesse caso, faz para pesquisar existência de obstrução anatômica que não está deixando tratar infecção urinária e para pesquisar a existência de abscesso renal. Porém, se a criança estiver ótima com o antibiótico e esta melhorando se espera de uma a duas semanas após o término do tratamento para fazer ultrassom de rins e vias urinárias até para diminuir o risco de ter falso positivo nesse ultrassom por causa da infecção trato urinário. A cintilografia renal com DMSA é o padrão ouro para o diagnóstico de pielonefrite e para diagnóstico de lesão renal. Não tem como fazer uma cintilografia na fase aguda, só se tiver uma má evolução clínica ou se eu tiver dúvida do diagnóstico. Na maior parte dos casos, pode esperar de 4 a 6 meses após a infecção urinária para fazer a cintilografia. E vai objetivar e detectar a cicatriz renal, ou seja, se aquela infecção machucou o rim, para tomar cuidado nas próximas infecções. Não faz em todo mundo. Faz-se em todas as crianças menores de dois anos que tiveram ITU febril e em todos os pacientes que têm refluxo vesico-ureteral. Lembrar que o recém-nascido e o lactente não tem diferenciação pela clínica e todo mundo que teve pielonefrite é necessário saber se não teve lesão renal. Uretrocistografia miccional é o exame de escolha para detecção de alteração de vias urinárias para detecção do refluxo vesico ureteral e sua graduação. Não faz em todo o mundo, só em algumas situações e também será depois de duas a três semanas do término de tratamento. Faz-se sempre que tiver uma alteração de ultrassom de rins e vias urinárias ou uma alteração da cintilografia renal e naqueles pacientes que tiver em ITU febril de repetição. Fatores de risco para cicatriz renal Antibioticoterapia Antibiótico profilaxia tem que tomar mais de 5500 doses de antibiótico para prevenir uma infecção trato urinário. Então, ao contrário de todo mundo pensa, não é para ficar dando antibiótico para criança tomar todo dia, além disso, aumenta o risco de resistência bacteriana. O antibiótico profilaxia se dá em refluxo grau 3 para cima com a presença de cicatriz renal. Então, além de ter refluxo que já favorecem a infecção urinária de repetição essa criança já tem lesão renal. E quando tem pacientes com disfunções miccionais, por exemplo, válvula de uretra posterior. Dá o antibiótico até corrigir a válvula PONTOS IMPORTANTES
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