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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ - UNESA CURSO DE GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA DISCIPLINA: Avaliação Institucional RELATÓRIO – Atividade Estruturada: A avaliação em grande escala no Brasil Simone Alves de Oliveira Pineli Matrícula: 201703423021 20 de maio de 2020 2 A AVALIAÇÃO EM GRANDE ESCALA NO BRASIL 1. OBJETIVOS • Pesquisar sobre a avaliação institucional da Educação Básica no Brasil; • Conhecer o IDEB e os principais tipos de avaliação na Educação Básica no Brasil; 2. INTRODUÇÃO TEÓRICA Enfatizar os processos de avaliação é considerado um subsidio indispensável para monitorar reformas e políticas educacionais cujo objetivo é o aumento da eficiência, da qualidade do sistema educacional, da equidade. Daí a relevância dada a avaliação institucional e de resultados em suas diferentes dimensões (infraestrutura, processos de gestão, qualificação, produtividade, o que e como os alunos aprendem, quais fatores estão associados ao rendimento escolar, etc.). Segundo Mussio e Dambros (2014) a partir dos anos 90 ocorreram diversas reformas objetivando solucionar diversos problemas encontrados na questão educacional e acabam por caracterizá-la como descontínua e pouco efetiva. Essas reformas ganharam força quando em todo o mundo ocorreram um reordenamento das políticas sociais calçadas no contexto de descentralização do Estado e nos critérios de eficiência e qualidade. No Brasil o destaque vai para os programas de controle de resultados da performance de alunos e instituições. Deste modo, pode-se afirmar que nos anos 90 a reforma educacional foi vista como a própria política educacional governamental. Outro ponto de destaque é o nível de analfabetismo neste período, 60% da população era considerada como muito desqualificada além do auto índice de evasão escolar porém, com o início da globalização, a necessidade de qualificação profissional tornou-se mais evidente e com isso, a reforma educacional foi defendida e concretizada (SHIROMA et al., 2011). Importante destacar a participação da Conferencia Mundial de Educação para Todos de 1990 que foi financiada pela UNESCO, pelo UNICEF e pelo Banco Mundial que resultou no Plano Decenal de Educação para Todos (1993-2003) com a participação de diversos governos que assumiram o compromisso de assegurar uma educação básica de qualidade. O relatório de Delors foi um importante documento de revisão da política educacional de vários países e pontua os grandes desafios a serem resolvidos no século XXI, ele configura a educação básica 3 dos 3 aos 12 anos com conteúdo universal, a educação em nível médio visando a formação de trabalhadores para os empregos existentes, o ensino superior visto como motor de desenvolvimento econômico e, o professor passa a ser visto como o principal responsável por implementar estas mudanças. No Brasil, importante citar também o PNAC – Programa Nacional de Alfabetização e Cidadania que propôs a mobilização da sociedade em prol da alfabetização e a LDB – Lei de Diretrizes e Bases (MUSSIO; DAMBROS, 2014). Voltando para a questão da avaliação institucional, esta é vista como um instrumento de melhoria e de qualidade acadêmica e científica e, nos últimos anos é possível evidenciar o crescente interesse pela avaliação institucional da escola, o que pode ser comprovado pelo aumento do espaço que esse tipo de avaliação passou a ocupar nos eventos e nos veículos da área de avaliação educacional. Segundo Limeira (2012), o estudo da avaliação institucional constitui-se em um amplo processo de avaliação e análise das instituições educacionais. Esse processo, segundo o autor, ocorre tanto externamente (quando realizadas em larga escala e por setores externos às instituições) quanto internamente (quando realizadas dentro das instituições, tendo por autores sujeitos externos à escola como também seus próprios atores e sujeitos). No entanto, Santos e Síveres (2018) observam que para a avaliação institucional de fato se efetivar nas escolas e se configurar como um tipo de avaliação formativa, esta deve ser assumida pelas redes de ensino e pelas unidades escolares, é preciso compreender e elucidar também os fatores que relacionam com a implementação que envolve três grandes fases: início, implementação e continuidade ou institucionalização. Vale frisar que, para a implementação dar certo é preciso que se compreenda os princípios básicos da mudança, suas finalidades e seu sentido, caso contrário, a implementação será superficial e não será duradoura. “O problema para implementação, então, não é apenas que os professores ‘aprendam a fazer’, mas que eles aprendam a base teórica [...]”, é precisam que saibam o porque estão fazendo. A clareza da inovação proposta é tida como um ponto crítico na implementação e, as características locais que afetam a fase da implementação “englobam a atuação dos órgãos centrais dos sistemas e redes de ensino, da comunidade, da direção escolar e dos professores”. A parceria com a comunidade também é muito importante. (SANTOS; SÍVERES, 2018, p. 228 - 229). No quadro a seguir apresenta-se os aspectos que favorecem a implementação da avaliação institucional em escolas ou redes de ensino. 4 QUADRO 1 - Aspectos que favorecem a implementação da avaliação institucional em escolas ou redes de ensino EIXO PONTOS OBSERVADOS Cultura de participação • Compromisso com a participação • Gestão democrática da escola • Trabalho coletivo • Liderança da gestão • Grande adesão de alunos Apoio do órgão central • Envolvimento e apoio da alta gestão • Continuidade do processo • Alocação de verbas para o desenvolvimento do processo Modelos e apoio externos • Assessoria externa • Existência de uma proposta já desenhada pelo órgão central • Embasamento em modelos já existentes • Proposta de fácil entendimento e operacionalização Cultura de avaliação na escola • Auto organização da escola • Institucionalização de equipe de avaliação • Confiança na avaliação • Formação continuada com base nas necessidades da escola • Articulação da avaliação institucional com o Projeto Político Pedagógico – PPP • Mapeamento dos problemas da instituição • Existência da autoavaliação antes de a rede implementa-la • Familiaridade com a investigação científica/formação em pesquisa • Adesão voluntária Condições de trabalho • Escolas de tempo integral • Dedicação exclusiva dos professores Fonte: SANTOS; SÍVERES, 2018, p. 235 Com relação a utilização em larga escala das avaliações com base em padrões de desempenho e aumento progressivo das políticas de responsabilização (accountability) Brooke (2012) destaca que a mesma tem como marco referencial as experiências reformistas ocorridas na Inglaterra e nos Estados Unidos durante a década de 1980. No Brasil, o que tange às políticas de accountability, registram-se algumas experiências de responsabilização em sistemas estaduais de ensino, ou seja, sistemas oficiais que aplicam testes ou procedimentos 5 padronizados para avaliar a aprendizagem e empregam critérios de desempenho, com poucas consequências para os membros da equipe escolar se comparada ao modelo norte-americano, por exemplo. Durante as últimas décadas o sistema de avaliação educacional no Brasil tem evidenciado os testes aplicados aos estudantes como referência da qualidade do ensino. Na educação básica, dá-se atualmente relevância a Provinha Brasil (avaliação diagnóstica do nível de alfabetização das crianças matriculadas no segundo ano de escolarização das escolas públicas brasileiras. Essa avaliação acontece em duas etapas, uma no início e a outra ao término do ano letivo), a Prova Brasil (aplicada censitariamente aos alunos de 5º e 9º anos do ensino fundamental público, nas redes estaduais, municipaise federais, de área rural e urbana, em escolas que tenham no mínimo 20 alunos matriculados na série avaliada - oferece resultados por escola, município, Unidade da Federação e país que são utilizados no cálculo do Ideb), à ANA (Avaliação Nacional de Alfabetização), o IDEB e os testes dos sistemas estaduais (BRASIL, 2020). Oliveira (2013) resume a avaliação educacional em três modalidades: a da aprendizagem; a do sistema, ou seja, as avaliações externas e a institucional. Segundo a autora os agentes avaliadores, se alternam conforme a categoria da avaliação. • Na avaliação da aprendizagem, o agente avaliador é o professor e o avaliado, o aluno; no âmbito do sistema, a avaliação (externa) passa a ser responsabilidade do Estado sendo avaliados os alunos, os professores e a escola (essas duas categorias são mais focados nos resultados do processo educativo); • Na avaliação institucional (interna) é a comunidade escolar quem planeja, executa, avalia e toma decisão, aqui o foco é centrado na melhoria dos processos internos do trabalho escolar. A avaliação institucional interna oportuniza uma prestação de contas à sociedade, permite a reformulação das práticas pedagógicas, a melhoria da comunicação e das relações humanas. Com relação ao Índice de Desenvolvimento da Educação Básica - IDEB, este foi criado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP (autarquia federal vinculada ao Ministério da Educação – MEC – que tem como objetivo subsidiar e implementar políticas públicas para a área educacional) em 2007, em uma escala de zero a dez. Sintetiza dois conceitos igualmente importantes para a qualidade da educação: aprovação e 6 média de desempenho dos estudantes em língua portuguesa e matemática. O indicador é calculado a partir dos dados sobre aprovação escolar, obtidos no Censo Escolar, e das médias de desempenho nas avaliações do Inep, o Saeb e a Prova Brasil (BRASIL, 2020). A Prova Brasil e o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb) são avaliações para diagnóstico, em larga escala cujo objetivo é o de avaliar a qualidade do ensino oferecido pelo sistema educacional brasileiro a partir de testes padronizados e questionários socioeconômicos. A partir das informações do Saeb e da Prova Brasil, o MEC e as secretarias estaduais e municipais de Educação podem definir ações voltadas ao aprimoramento da qualidade da educação no país e a redução das desigualdades existentes, promovendo, por exemplo, a correção de distorções e debilidades identificadas e direcionando seus recursos técnicos e financeiros para áreas identificadas como prioritárias. As médias de desempenho nessas avaliações também subsidiam o cálculo do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), ao lado das taxas de aprovação nessas esferas. (BRASIL, 2020) Quanto ao Plano Nacional de Educação – PNE instituído pela Lei 13.005/2014 foi criado com objetivo de erradicar o analfabetismo, universalizar o atendimento escolar, superar desigualdades educacionais, melhorar a qualidade da educação, formar para o trabalho e a cidadania, promover o principio da gestão democrática, dentre outras (BRASIL, 2014). 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Para realizar este relatório, foi feito um levantamento bibliográfico com base em artigos publicados na internet em banco de dados, livros relacionados ao assunto, publicações do Ministério da Educação, dentre outros pertinentes ao assunto. De acordo com Marconi e Lakatos (2010, p. 142) o levantamento bibliográfico “[...] é um apanhado geral sobre os principais trabalhos já realizados, revestidos de importância, por serem capazes de fornecer dados atuais e relevantes relacionados ao tema”. Após este levantamento, partiu-se para a pesquisa de campo para relacionar a teoria à prática. 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES O Ideb agrega ao enfoque pedagógico das avaliações em larga escala a possibilidade de resultados sintéticos, facilmente assimiláveis, e que permitem traçar metas de qualidade educacional para os sistemas. O índice varia de 0 a 10. A combinação entre fluxo e 7 aprendizagem tem o mérito de equilibrar as duas dimensões: se um sistema de ensino retiver seus alunos para obter resultados de melhor qualidade no Saeb, o fator fluxo será alterado, indicando a necessidade de melhoria do sistema. Se, ao contrário, o sistema apressar a aprovação do aluno sem qualidade, o resultado das avaliações indicará igualmente a necessidade de melhoria do sistema. O índice também é importante condutor de política pública em prol da qualidade da educação. É a ferramenta para acompanhamento das metas de qualidade para a educação básica, que tem estabelecido, como meta para 2022, alcançar média 6 – valor que corresponde a um sistema educacional de qualidade comparável ao dos países desenvolvidos. (INEP, 2020) No quadro a seguir apresenta-se o resultado da cidade de Vista Alegre do Alto publicado pelo INEP/Ideb. 8 QUADRO 2 - Índice de desenvolvimento da Educação Básica – EMEIEF Irineu Julião Fonte: Ideb, 2019 9 É evidenciando no quadro acima que a escola em questão obteve resultado positivo no período analisado (2007 – 2017) o que representa uma boa implementação da avaliação institucional e, o preparo dos profissionais que trabalham na instituição, no entanto, é necessário melhorias visto que, a média de proficiência embora esteja crescendo, ainda está um pouco longe de 10 – valor máximo. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério da Educação. Avaliações da aprendizagem. 2020. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/pnld/dicionarios/190-secretarias-112877938/setec- 1749372213/18843-avaliacoes-da-aprendizagem. Acesso em: 17 maio 2020. BRASIL. Ministério da Educação. Ideb: apresentação. 2020. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=180&Itemid=336 &msg=1&l=aW5kZXgucGhwP29wdGlvbj1jb21fY29udGVudCZ2aWV3PWJ1c2NhZ2VyY WwmSXRlbWlkPTE2NCZwYXJhbXNbc2VhcmNoX3JlbGV2YW5jZV09aWRlYiZkPXMm cGFyYW1zW2RlXT0mcGFyYW1zW2F0ZV09JnBhcmFtc1tjYXRpZF09JnBhcmFtc1tzZWF yY2hfbWV0aG9kXT1hbGwmcGFyYW1zW29yZF09cHI=. Acesso em: 17 maio 2020. BRASIL. Ministério da Educação. Prova Brasil: apresentação. 2020. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=210&Itemid=324 &msg=1&l=aW5kZXgucGhwP29wdGlvbj1jb21fY29udGVudCZ2aWV3PWJ1c2NhZ2VyY WwmSXRlbWlkPTE2NCZwYXJhbXNbc2VhcmNoX3JlbGV2YW5jZV09cHJvdmEgYnJhc 2lsJmQ9cyZwYXJhbXNbZGVdPSZwYXJhbXNbYXRlXT0mcGFyYW1zW2NhdGlkXT0m cGFyYW1zW3NlYXJjaF9tZXRob2RdPWFsbCZwYXJhbXNbb3JkXT1wcg==. Acesso em: 17 maio 2020. BROOKE, N. Marcos históricos na reforma da educação. Belo Horizonte: Fino Traço, 2012. Ideb. Índice de desenvolvimento da Educação Básica. Irineu Julião EMEIEF. 2019. http://idebescola.inep.gov.br/ideb/escola/dadosEscola/35076036#grafico-comparacao. Acesso em: 19 maio 2020 MUSSIO, B. R.; DAMBROS, M. Política educacional brasileira: a reforma dos anos 90 e suas implicações. 2014. Disponível em: http://xanpedsul.faed.udesc.br/arq_pdf/656-1.pdf. Acesso em: 14 maio 2020. OLIVEIRA, C. P. Avaliação institucional na educação básica: limitações e possibilidades. 2013. Disponível em: http://www.uneb.br/gestec/files/2013/06/Disserta%C3%A7%C3%A3o- Cleide.pdf. Acesso em: 19 maio 2020 PNE – Plano Nacional de Educação – Lei 13.005/2014. 2014 Disponível em: http://pne.mec.gov.br/18-planos-subnacionais-de-educacao/543-plano-nacional-de-educacao- lei-n-13-005-2014. Acesso em: 19 maio 2020. 10 SANTOS, J. R. S.; SÍVERES, J. Avaliação institucional na educação básica: os desafios da implementação. 2018. Disponível em: http://publicacoes.fcc.org.br/ojs/index.php/eae/article/view/5075/3562. Acesso em> 14 mai. 2020 SHIROMA, E. O. et al. Políticaeducacional. 4. ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2011.
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