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PROJETO DE ENSINO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL 
Prof.ª Me. Lucimara Acosta 
GUIA DA 
DISCIPLINA 
 2020 
 
 
1 Projeto de Ensino na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
1. HISTÓRICO DO PLANEJAMENTO EDUCACIONAL BRASILEIRO 
 
Objetivo 
Conhecer a evolução da instituição educacional brasileira para compreender como 
as questões políticas estão inseridas diretamente em suas entranhas, ao ponto que 
influenciam de forma significativa toda e qualquer medida que vise a discussão para 
possíveis melhorias ao sistema educacional. 
 
Introdução 
A “estrutura” sempre esteve “estruturada” em diversos paradigmas que norteiam o 
seu trabalho, a sua dinâmica e a sua forma de lidar perante as necessidades cotidianas – 
o que, justamente por esse motivo, a escola não pode estar engessada e parar num 
determinado tempo-espaço. Falar de planejamento educacional brasileiro e falar direta e 
obrigatoriamente sobre planejar. Ou seja, o ato de pensar, analisar, discutir e possibilitar 
inúmeras formas de ensino-aprendizagem para que o ensino possa ser desenvolvido pela 
instituição escolar. 
 
Justamente por esses motivos que proporei, nos próximos ensaios, pensarmos 
sobre o planejamento no ensino escolar enquanto um projeto educacional, assim como as 
suas possibilidades para que a instituição escolar esteja adequada com aquilo o que se 
demanda dela. 
 
Partindo da perspectiva histórica, o planejamento educacional brasileiro sempre 
interessou e foi endereçado às elites sociais e econômicas de suas respectivas épocas, 
haja vista que a escola só se tornou democrática e seu acesso facilitado a desde as últimas 
décadas. Anteriormente a isso, era um local onde apenas a elite local tinha acesso e, ainda 
assim, com diversos dispositivos que dificultavam as suas permanências. 
1.1. Da União Soviética ao mundo capitalista 
Antes da estruturação educacional proposta pela extinta comunista União Soviética 
(URSS), o ensino era descentralizado e sem uma organização que delimitasse e 
normatizasse os assuntos a serem debatidos de acordo com a idade discente e o que se 
 
 
2 Projeto de Ensino na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
pretendia para que aquela faixa de idade pudesse 
(ou necessitasse) aprender. De acordo com a 
UNESCO (1975), “é incontestável que foi graças ao 
planejamento que este país, com 2/3 de sua 
população ainda de analfabetos em 1913, hoje se 
coloca entre as nações de maior desenvolvimento 
educacional” (p. 4) e, por remontarmos à 1923, 
podemos compreender que as mais diversas educacionais mundiais tiveram influências do 
modelo soviético, tais como: França (1929), Estados Unidos (1933), Suíça (1941), dentre 
outros. 
 
Obviamente que a educação em si remonta séculos e séculos anteriores à União 
Soviética – o que estamos falando aqui, neste ponto, é a estruturação educacional 
enquanto um planejamento em si – mas, se buscarmos na História, teremos que falar da 
greco-romana, africana, americana, chinesa, dentre outros povos que tiveram seus 
sistemas educacionais e suas formas bem distintas e específicas de passar suas culturas 
e aprendizados entre as gerações. 
 
Outro ponto determinante para que a educação fosse mais bem sistematizada, foi a 
Segunda Guerra Mundial onde, a partir das mudanças nos dinamismos sociais, escassez 
de mão de obra e alta taxa de mortalidade – sobretudo de homens combatentes –, os países 
tiveram a necessidade de criar modelos educacionais que atendessem as suas 
necessidades. Um país com a sua economia colapsada em virtude dos altos gastos com 
armamentos e com a sia infraestrutura deteriorada pelos constantes ataques aéreos, 
terrestres e marítimos, necessitou-se olhar para a educação enquanto um pilar estruturante 
de melhorias sociais. 
 
Será, portanto, neste momento, que a educação passa a ser central nos discursos 
políticos mundiais e temas centrais nas conferências mundiais promovidas pela UNESCO. 
1.2. Das conferências da UNESCO ao Brasil de JK e da Ditadura Cívico-Militar 
As primeiras tentativas para se melhor organizar e estruturar a educação brasileira 
se deu desde a década de 1940 onde se tinha como objetivo não apenas estrutura-la como 
racionalizar os investimentos que, até então, eram compreendidos como gastos. 
 
 
3 Projeto de Ensino na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
O primeiro sistema de organização educacional no Brasil foi proposto por Juscelino 
Kubitschek, entre 1956 e 1961, que tinha como objetivo um Plano de Metas (Brasil, 1958), 
onde se afirmava sobre a necessidade de investimentos específicos no setor educacional 
para que pudesse haver um avanço industrial no País. Ou seja, a educação compreendida 
mais enquanto alavanca do desenvolvimento econômico do que do desenvolvimento 
sociocultural: 
Intensificação da formação de pessoal técnico e orientação da Educação para o 
Desenvolvimento, com a instalação de institutos de formação especializada. (op. 
cit., p. 20). 
O plano de metas visa dotar o país de uma infra e superestrutura industríal e 
modificar sua conjuntura econômica; se não ocorrer interligação dêsse plano com 
os demais fenômenos econômicos, sociais e políticos, o plano tornar-se-á falho. A 
conclusão é simples: a infraestrutura econômica deve ser acompanhada de uma 
infraestrutura educacional e, portanto, social. 
A meta constitui propriamente um Programa de Educação para o Desenvolvimento. 
(op. cit. p. 95) 
A influência mercadológica na educação se aprofundou de forma ainda mais intensa 
durante o golpe cívico-militar, que perdurou entre 1964 a 1984, por meio de um governo 
ditatorial que de forma mais forte e fria entravam em conflito com aqueles que se colocavam 
contrários à ele. A Ditadura Cívico-Militar se apoia na LDB, promulgada pelo presidente 
João Goulart, onde favorecia os interesses privatistas transferindo para os Conselhos de 
educação competências, antes concentradas nos detentores dos cargos executivos: 
secretário de Educação e ministro da Educação1. 
 
 
 
Todo e qualquer processo institucional, público ou privado, é significativamente 
influenciado pelas questões políticas pelo fato de que está inserido num 
determinado contexto social. Não diferentemente ocorre com as questões 
educacionais que têm seus projetos debatidos por representatividades sociais 
e/ou políticas, sendo assim influenciados por elas. 
 
 
 
No âmbito educacional, ainda que estejamos acostumados a ouvir o senso comum 
de que na época da Ditadura Militar o ensino público era o melhor que tinha, uma série de 
 
1 De p oi me nt o de L u is A nt ô ni o C u n ha d ur a nt e a 12 6 a a ud i ênc ia p ú bl ic a da Co miss ã o d a V er d ad e d o 
Es ta d o d e S ão Pa u lo “ Ru b ens P a iva” e m p arc er ia c om a C o miss ã o Nac io n al d a Ve rd a d e n o d ia 3 0 d e ma io 
de 20 1 4. 
 
 
4 Projeto de Ensino na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
medidas foi adotada com o objetivo de enfraquecê-la e, assim, fortalecer o privado. Não 
obstante, foi neste período que uma grande quantidade de escolas privadas foi criada. 
No primeiro momento, os militares primaram pela valorização e pela necessidade 
de incentivos ao desenvolvimento educacional do país, por outro lado, no segundo 
instante, através das atitudes tornaram-se evidentes as “contradições”, pois o 
Estado destinou poucas verbas para área da educação pública, e, de certa forma, 
estimulou setores privados vinculados à acumulação de capital facilitando e 
direcionando para uma política de privatização do ensino. (p. 1945) [...] A repressão 
foi fortemente exercida, vigiando professores e suas condutas, observando alunos 
e expulsando os subversivos, todos esses atos eram respaldados na ideologia de 
Segurança Nacional, na qual de certa maneira funcionava como um movimentoanti-
intelectual em nome de um anticomunismo propositadamente exacerbado. (Paulino; 
Pereira, 2016: p. 1946) 
 A privatização da educação e sua consequente mercantilização são percebidos 
contemporaneamente onde a quantidade de instituições de ensino privadas se sobrepõe 
às públicas. 
1.3. Do pós-ditadura à redemocratização 
O período educacional do pós-ditadura cívico-militar continuou sob forte influência 
do estrangeiro, sobretudo do modelo educacional dos Estados Unidos, que em nada 
dialogava (e ainda não dialoga) com as questões relacionadas ao Brasil. Durante o final do 
primeiro mandado de Fernando Henrique Cardoso foi criado o Plano Nacional da Educação 
(PNE), em 2001, de forte influência neoliberal, criando metas a serem cumpridas para os 
próximos 10 anos e tendo a sua atualização durante o primeiro ano do segundo mandado 
de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2011 – ainda que as influências neoliberais fossem 
mantidas, o novo PNE teve um caráter mais social, buscando a universalização do acesso 
à educação pública para todos, luta essa presente nos mais diversos movimentos sociais 
ligados às questões da educação pública de qualidade. 
Nesse mesmo espaço o governo de Cardoso cria os Parâmetros Curriculares 
Nacionais – PCN’s no intuito de organizar os níveis escolares da educação brasileira 
feito por educadores internacionais, foi um dos marcos das reformas educacionais 
brasileira. Demonstraria nesses Parâmetros o modelo neoliberal adotado por FHC, 
com o sustentáculo do Ministro Paulo Renato de Souza. (Guimarães, 2015: p. 11) 
A implementação dos Planos Nacionais da Educação dialoga mais com as 
exigências dos órgãos internacionais – sobretudo para que haja a manutenção do aporte 
financeiro e investimentos de entidades diversas – do que com as demandas sociais. 
 
 
5 Projeto de Ensino na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
O recém-aprovado PNE contraria o amplo debate construído durante a última década 
e modificado após o processo de impeachment da Presidente Dilma Rousself, ignorando 
toda a discussão de base realizada pelos setores da sociedade civil organizada, setores 
educacionais brasileiros e as demais representatividades sociais. 
 
Conclusão 
Conforme pudemos analisar neste texto introdutório, a educação brasileira sempre 
esteve atrelada ao modelo neoliberal e apenas na última década tentou-se, de fato, criar 
um Plano Nacional da Educação que contemplasse em exatidão as demandas e 
necessidades da sociedade brasileira, o que foi interrompido e cerceado após o processo 
de impedimento da Presidente Dilma Rousself. 
 
Com a interrupção unilateral do debate de base do novo PNE, por parte dos 
congressistas, os mais diversos movimentos representativos da educação como a ANPEd, 
os Programas de Pós-Graduações e Universidades num modo geral fizeram inúmeras 
moções de repúdio a estas interrupções – todas ignoradas pelo governo do Presidente 
Michel Temer. 
 
 
 
 
 
 
 
6 Projeto de Ensino na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
2. DEFINIÇÃO E APLICAÇÃO DE PLANEJAMENTO EDUCACIONAL 
 
Objetivo 
Analisar a importância do Planejamento escolar e como ele pode nortear e balizar o 
trabalho docente durante o transcorrer do ano, assim como analisar as possibilidades de 
reavaliá-lo sistemática e periodicamente com o intuito de compreender seus pontos 
positivos e negativos para que estejam adequados com aquilo o que foi inicialmente 
proposto e/ou esteja de acordo com as demandas discentes frente aos PCNs. 
 
Introdução 
Todo início de ano letivo as escolas passam pelo mesmo ritual: reunião docente no 
mês de janeiro, delimitação das ações para o ano durante estas reuniões, preparação para 
a reunião com as responsáveis das crianças em fevereiro e... nada do que foi debatido nas 
reuniões iniciais é aplicado nas escolas e nada muda nestas escolas. Afinal de contas, para 
que serve, então, as reuniões docentes, as delimitações das ações para o ano corrente e 
as reuniões com as responsáveis das crianças se, no final de todo esse processo, nenhuma 
ação é realmente implementada? 
 
Reconhecem-se as importâncias diversas existentes nestes momentos de início de 
ano e como eles podem delimitar e estruturar melhor as atividades a serem desenvolvidas 
durante o ano, mas também se reconhece que nem sempre as reuniões são levadas a sério 
e as ações aplicadas. 
 
Outro ponto que vale a pena ser posto em debate e trazido à reflexão se dá ao fato 
de que raras são as escolas que convidam discentes e seus responsáveis a participarem 
das reuniões com o objetivo de colaborarem conjuntamente para a construção daquilo que 
será desenvolvido durante o ano. Portanto, este texto parte exatamente deste ponto: como 
podemos querer uma escola diferente se sempre fazemos as ações iguais? 
2.1. Planejar para aplicar 
Conforme pudemos ver logo na introdução deste texto, parte-se do entendimento de 
que o planejamento é algo que não serve apenas para ficar no papel ou para ser feito por 
meio de reuniões pedagógicas que não são aplicadas durante o decorrer do ano ou até 
mesmo é algo que sequer é discutido nestas reuniões, sendo apenas momentos de 
 
 
7 Projeto de Ensino na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
descontração, correção de provas e trabalhos discentes ou qualquer outra atividade que 
em nada dialoga com o que de fato se objetiva em uma reunião pedagógica: planejar! 
 
O planejamento de uma reunião é de extrema importância para que possa ser 
debatido o cotidiano escolar, os pontos positivos e negativos existentes, assim como as 
próprias demandas discentes que tencionam a escola a pensar em questões que ora são 
invisibilizadas ou ora são simplesmente silenciadas. 
 Para Ribeiro (2010), 
O planejamento é um instrumento que possibilita a superação de rotinas. Visa 
organizar e disciplinar a ação. É de fundamental importância em toda a Educação 
Básica [...] O planejamento é um processo de busca de equilíbrio para a melhoria 
do funcionamento do sistema educacional. Como processo o planejamento não 
deve ocorrer em um momento único e sim a cada dia. A realidade educacional é 
dinâmica, os problemas, a reivindicação não tem hora nem lugar para se manifestar. 
Assim decidimos a cada dia, a cada hora. (p. 2) 
 
Sabendo que o planejamento é um processo, e não um 
fim entende-se que a escola deve retomá-lo constantemente 
desde a sua elaboração nas reuniões de início de ano para que 
ele seja reavaliado e readequado de acordo com as demandas e 
necessidades que porventura ocorra (pode ter certeza que 
ocorrerá!). Algumas escolas têm agendas quinzenais fechadas 
para a reunião de colegiado, outras mensais e outras bimestrais 
(aquelas com as presenças das responsáveis discentes). 
 
Gestores e docentes educacionais devem priorizar para que os encontros sejam no 
mínimo quinzenais com o objetivo de realmente, e de fato, debaterem as questões inseridas 
no planejamento de ensino, não apenas ser um encontro onde se fala mal de um aluno ou 
de outro. Sim um ambiente de construção de novas possibilidades educacionais e de 
desconstrução daquelas que não deram certo. 
 
O exercício de reflexão é de suma importância para que toda a equipe escolar possa 
analisar os motivos que tais pontos do planejamento fracassaram para que assim possam 
evitar esta ocorrência futuramente. 
 
 
8 Projeto de Ensino na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
2.2. Aplicar para replanejar 
O processo de reflexão existente no ato do planejamento escolar é um dos 
momentos mais gratificantes da prática docente por ser a partir dele que pensaremos e 
estruturaremos tudo o que objetivamos ao decorrer do ano e, principalmente, reconhecendo 
que ele poderá ser reavaliado em seu próprio transcorrer. Ressalto, ainda, que 
debateremos mais detalhadamenteno item 4, deste Guia da Disciplina, sobre o 
Planejamento Participativo. 
 
Muitas escolas delimitam o que será trabalhado durante o ano durante as reuniões 
em janeiro e posteriormente a isso nunca mais pegam ou debatem o planejamento anual 
pelo entendimento de que se ele foi debatido durante as reuniões iniciais e teve um 
documento final impresso, significa que ele está de acordo com a comunidade acadêmica 
e assim facilmente aplicado. Entretanto, não é bem isso que se espera de um planejamento 
de ensino. 
Assim sendo, o bom planejamento de ensino é aquele que melhor adapta-se a 
realidade sócio-cultural em que o aluno está inserido, é aquele que visa objetivos 
concretos com a utilização de linhas ininterruptas de pensamento, mas flexíveis o 
bastante para tomar caminhos diferenciados sem perder a direção. (Gama; 
Figueiredo, 2009, p. 30) 
Um planejamento fixo, estático e engessado é um planejamento fadado ao fracasso! 
Afirmo isso pelo simples fato de que não conhecemos a nossa comunidade escolar e por 
mais que possamos falar que conhecemos nossos alunos há anos e anos, a cada ano que 
passa as suas demandas modificam e consequentemente necessitamos de um diálogo 
para com eles com o intuito de compreendermos seus anseios e suas necessidades, assim 
como o que eles esperam da escola, dos professores e dos conteúdos a serem ministrados 
em sala de aula. 
 
Obviamente que necessitamos seguir os Parâmetros Curriculares Nacionais e 
justamente por essa necessidade que o Planejamento Escolar se faz necessário: será a 
parir desta necessidade que podemos pensar, conjuntamente com discentes, como 
abordarmos tais assuntos, quais eventos devemos promover na escola, quais saídas à 
campo necessitamos fazer, dentre outros. Lembro, ainda, que quando falo sobre saída à 
campo, não estou falando de grandes excursões e viagens, pelo fato de que podemos usar 
o entorno da escola para analisar erros gramaticais em placas do comércio, conhecer os 
pássaros da localidade, o tipo de vegetação e relevo, a angulação e acessibilidade (ou falta 
 
 
9 Projeto de Ensino na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
dela) das calçadas, dentre outros, promovendo, assim, uma interdisciplinaridade e 
aplicabilidade dos conceitos no cotidiano discente. 
 
Conclusão 
Pensar o planejamento escolar é uma das principais estratégias que possibilitará que 
o ensino dialogue mais, e melhor, com a comunidade escolar e assim a escola atinja os 
seus objetivos que sempre ansiou. Para tanto, conforme pudemos ver, necessitamos 
pensa-lo de forma rizomática e dinâmica. 
 
Um planejamento que dialoga 
com as necessidades e demandas 
daquela comunidade faz com que a 
escola esteja mais bem preparada 
para lidar com as questões 
contemporâneas que permeiam o 
cotidiano escolar. Reconhecer que nossos alunos têm as suas demandas, 
independentemente de suas idades, é compreender que a escola necessita estar atenta 
para atendê-los e possibilitar que o ensino tenha inteligibilidade para eles. 
 
Pensar em outras possibilidades educacionais é pensar em um ensino crítico, 
fundamentado, embasado e, acima de tudo, que esteja em constante avaliação, 
planejamento e replanejamento. A educação não é e nem pode ser estática. 
 
 
 
 
 
10 Projeto de Ensino na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
3. FUNÇÃO DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO NO 
PLANEJAMENTO 
 
Objetivo 
Propor uma reflexão da importância do Projeto Político Pedagógico escolar a partir 
do seu próprio nome: um projeto que de fato é político e que tem objetivos pedagógicos 
para promover a emancipação de seus alunos por meio do fortalecimento democrático, 
sendo inserido no planejamento escolar enquanto um pilar que sustenta suas ideias, 
objetivos e unidade. 
 
Introdução 
Já de antemão afirmo: não esperem que este texto lhes dê a fórmula mágica para 
um bom Projeto Político Pedagógico (PPP) perante o Planejamento Escolar porque isso 
simplesmente não existe! Cada escola tem as suas singularidades, o que impossibilita que 
exista um PPP universal e que se aplique a todas de forma igualitária. Será, então, a partir 
deste reconhecimento que teremos como ponto de partido o pensar tanto o PPP como a 
formulação de um bom Planejamento Escolar. 
 
Imaginem duas escolas, numa mesma cidade, onde uma está situada em bairro 
periférico, com limitada infraestrutura, e a outra escola está situada em bairro central, com 
total infraestrutura. Agora imagina uma escola de uma cidade comparando com outra 
cidade, com outro Estado e assim por diante. Pois bem, esse exemplo simples serve 
apenas para que possamos compreender que não há mágica na educação e muito menos 
na formulação do PPP. 
 
Para tanto, há a necessidade de que as reuniões pedagógicas sirvam para a boa 
formulação de um bom PPP que atenda as demandas daquela comunidade em específica, 
que dialogue com o proposto pelos PCNs e que possa pensar em outras possibilidades 
escolares, haja vista que a atual não contempla as necessidades sociais e está em total 
defasagem. 
3.1. Projeto Político Pedagógico é, de fato, um Projeto Político Pedagógico 
Ainda que cada vez mais tenhamos um discurso conservador presente na mídia, nos 
políticos e na sociedade em geral, perante as práticas pedagógicas e a instituição escolar 
como um todo, por meio de Projetos de Lei que buscam cercear a liberdade de cátedra e 
 
 
11 Projeto de Ensino na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
censurar os conteúdos a serem debatidos em sala de aula, deve-se reconhecer que o 
Projeto Político Pedagógico (PPP) não pode ser uma pilha de papéis que fica guarda num 
armário da escola e que não é utilizado em momento algum – seja em reuniões docentes, 
discentes e/ou com responsáveis. 
 
Este documento necessita estar em constante debate para 
que todos os envolvidos com o processo educacional 
compreendam que aquela referida escola está referenciada pelos 
documentos oficiais e estruturadas em pilares que sustentam uma 
determinada e específica abordagem teórico-metodológica. 
 
Pensar no PPP enquanto um documento que referencia os valores daquela escola 
é reconhecer que ela é um locus de debate de ideias, pluralidades de concepções, 
construções de conhecimentos e possíveis desconstruções de valores até então 
compreendidos como corretos a serem seguidos. Ele existe para que a escola esteja mais 
adequada possível a atender aquilo que se espera de uma escola: local de construções e 
desconstruções de conhecimento. 
O projeto político-pedagógico é a expressão mais viva desse novo momento da 
educação nacional. Juntar a comunidade acadêmica escolar ao redor de um projeto 
pedagógico que persiga a educação como um modo de ser democrático com suas 
implicações de liberdade e de deveres sociais, é um desafio para esta e para as 
próximas décadas. Talvez o desaguar dessas marés educacionais seja mesmo o 
planejamento estratégico escolar. (Jesus, 2015: p. 15) 
A escola, enquanto local de debates plurais e respeito às diferenças, tem reais 
condições de possibilitar mudanças estruturais na sociedade por ser um ambiente em que 
as mais diferentes formas de viver, e lidar com a vida, se encontram num mesmo lugar. 
Justamente por esse motivo que ela necessita ser plural e democrática, onde as diferenças 
(de cor e etnia, religiosidade, sexualidade, gênero, identidade de gênero, etc.) sejam 
respeitadas e estes valores de respeito sejam fundantes e centrais na construção de todo 
o PPP. Visto que, será a partir deste documento, que o Planejamento Escolar será 
desenvolvido e todas as possibilidades teórico-metodológicas estarão norteadas e 
referenciadas por um documento único e central. 
3.2. Escola Democrática e Plural 
Em pesquisa realizada por Elliott Green, da London School of Economics, Paulo 
Freire é referência não apenas brasileiracomo também mundial, configurando em 3º lugar 
 
 
12 Projeto de Ensino na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
no ranking dos autores mais citados em trabalhos acadêmicos a nível mundial, ficando a 
frente de teóricos renomados como Vygotsky, Michel Foucault, Bourdieu e Karl Marx. A sua 
importância se deve por compreender que “a educação enquanto ato de conhecimento é 
também, por isso mesmo, um ato político” (Freire, 1982, p. 97). 
 
Durante o Governo de Luíza Erundina, do Partido dos Trabalhadores (PT), no início 
dos anos de 1990, Paulo Freire foi o responsável pela Secretaria de Educação do Município 
de São Paulo, onde propôs uma escola pública popular e democrática por meio do amplo 
debate entre os partícipes da educação (gestores, docentes, discentes e comunidade 
geral). 
A educação libertadora, problematizadora, já não pode ser o ato de depositar, ou 
de narrar, ou de transferir, ou de transmitir “conhecimentos” e valores aos 
educandos, meros pacientes, à maneira da educação “bancária”, mas um ato 
cognoscente. O antagonismo entre as duas concepções, uma, a “bancária” [grifos 
do autor], que serve à dominação; outra, a problematizadora, que serve à libertação, 
toma corpo exatamente aí. Enquanto a primeira, necessariamente, mantém a 
contradição educador-educando, a segunda realiza a superação (Freire, 2005: p. 
78). 
 
Ana Maria Saul (2012), afirma que Paulo 
Freire trouxe à Secretaria de Educação do 
Município de São Paulo os pressupostos da 
educação popular, norteada em valores críticos, 
comprometidos com as questões das 
solidariedades e justiças sociais. Outra mudança 
significativa foi a abertura da escola para a 
comunidade, sendo um ambiente não apenas de aprendizagem em sala de aula como 
também de constante ocupação, ressignificando a sua própria estrutura e utilidade 
enquanto espaço público. Buscou implementar uma escola participativa, autônoma e 
coletiva, que propiciasse a autonomia para aqueles que nela estivessem inseridos. 
 
Possibilitar a autonomia discente é pensar em um ensino crítico, plural e que respeite 
as diferenças; um ensino em que a realidade socioeconômica e cultural daqueles que 
habitam e circundam a escola seja levada em conta e inserida centralmente no debate 
sobre a escola e pela escola. 
 
 
13 Projeto de Ensino na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Uma escola que estrutura o seu Projeto 
Político Pedagógico de acordo com as 
necessidades da sociedade local será uma escola 
em que as demandas serão atendidas, os alunos 
terão acesso a um ensino crítico e outras 
possibilidades de sociedade poderão ser pensadas 
e promovidas por meio do amplo debate. Já uma 
escola em que não referência os seus valores a partir das demandas locais, será uma 
escola em que nada dialoga com as suas necessidades e muito provavelmente perderá o 
controle sobre o processo de ensino-aprendizagem, levantando ao desinteresse 
educacional ou até mesmo a episódios de insurreições diversas. 
 
Conclusão 
O Projeto Político Pedagógico tem como objetivo nortear os valores que 
referenciarão a escola e, justamente por isso, assim como o Planejamento Escolar, 
necessita ser constantemente debatido para analisar se a prática docente está atingindo as 
expectativas. 
 
A escola é mais do que um local de disseminar o saber, também é um local de sua 
construção e debate perante a sua validade e importância para que as demandas sociais 
sejam atingidas e, sobretudo, as discriminações e moralismos diversos combatidos, com o 
objetivo de que se valorizem as diferenças. 
 
Uma escola plural é uma escola que está preparada para lidar com as diferenças e 
valorizar todas as formas e possibilidades de vidas, pois, assim, as mais diversas 
demandas serão atendidas. 
 
 
 
14 Projeto de Ensino na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
4. PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO 
 
Objetivo 
Olhar a escola pelas múltiplas perspectivas que estão inseridas em seu cotidiano é 
de suma importância para que possamos pensar em outras possibilidades educacionais e 
que a escola atenda as demandas das crianças, dos jovens e dos próprios professores. 
Construir uma escola de forma colaborativa é possibilitar que todos os que estão inseridos 
em seu cotidiano estejam, de fato, inseridos em seu cotidiano. 
 
Introdução 
Há tempos a escola deixou de ser um local onde apenas se ensina as disciplinas 
obrigatórias – isto é, às vezes me pergunto quando que foi criado esse discurso de que 
cabe à escola escolarizar e à família educar. Afinal de contas, a escola sempre foi um 
espaço de escolarização, educação e socialização. Portanto, a escola é um importante local 
de construção de uma sociedade mais plural que respeite as diferenças e que desconstrua 
as discriminações e preconceitos existentes. 
 
Pensar na escola para além das disciplinas obrigatórias é pensar numa escola que 
esteja preparada para as demandas sociais e que tenha interesse em fazer do seu 
ambiente um local para os debates, e não apenas um local enquanto assimilação de um 
dado conhecimento norteado como obrigatório. E falo sobre interesse em fazer do seu 
ambiente um local para os debates pelo fato de que muitas escolas não têm esse interesse 
e acreditam que possibilitar essa ação intramuros trará problemas para a sua ordem. 
 
Conforme visto no último texto da semana passada, os alunos resistem à norma e 
subvertem-na nas mais diversas formas e possibilidades. Tudo isso pelo simples fato de 
que eles querem uma escola que tenha representatividade para eles, que dialogue com as 
suas necessidades e atenda os seus anseios. Não essa escola como está configurada em 
dias atuais e que herdamos desde o séc. XVIII. Sim uma escola contemporânea. 
4.1. Navegar é preciso, viver não é preciso (Eita, não?) 
De um dado não temos dúvidas: a escola como está dada, está ultrapassada, 
cansada e monótona. Não atinge as necessidades dos alunos e nem os anseios dos 
professores. Mas, então, por que continuamos fazendo as mesmas atividades nela? Por 
que mantemos a nossa metodologia a mesma maneira que aprendemos anos/décadas 
 
 
15 Projeto de Ensino na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
atrás quando éramos estudantes? Por que reclamamos da escola, mas não a mudamos? 
São essas perguntas que buscarei responder ao longo dessa semana. 
 
Começo inicialmente propondo o Planejamento 
Participativo enquanto metodologia de ação que 
possibilite mudanças na escola, para que não apenas 
as reuniões sejam permeadas por professores, como 
também tenham representações discentes e 
familiares. Obviamente que a estes dois últimos não 
caberá cercear e nem censurar quais assuntos serão 
tratados em sala de aula – haja vista que temos os 
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) que normatizam a prática docente, assim como 
a LDB e a Constituição Federal. As suas participações se darão para que possam promover 
novas ideias, olhares e perspectivas sobre a escola. 
 
Ganzeli (2000, p. 3) afirma que “quando não existe participação pode ocorrer um 
processo de fragmentação dos diferentes "olhares" sobre a escola, ou seja, a escola vista 
e vivenciada pelo pai, não necessariamente corresponde àquela analisada e vivenciada 
pelo professor”, e muito menos aquela almejada pelo aluno. Pois, os múltiplos olhares se 
dão a partir de diferentes perspectivas e entendimentos sobre a função da escola na 
sociedade e a quem ela de fato interessa. Convidar para as reuniões todos os envolvidos 
na educação é realizar um convite para uma nova possibilidade escolar. 
 
Lembro, ainda, que quando falo sobre convidar para reunião não estou falando para 
as reuniões de pais e mestres ou algo do tipo, sim para as reuniões decisórias sobre a 
escola, os objetivos para aquele ano e tudo que a envolve. Preferencialmenteem horário 
em que todos possam participar, haja visto que se as demandas contemporâneas de 
trabalho muitas vezes impossibilitam que pais e alunos estejam presentes nas reuniões de 
pais e mestres, o que dirá, então, numa reunião colaborativa. 
4.2. Quem sabe faz a hora, não espera acontecer 
Reconhecendo a necessidade de promover a participação entre docentes, discentes 
e responsáveis, partiremos, agora, para a ação de planejar. Ou seja, como fazer um 
planejamento que realmente esteja de acordo com as demandas contemporâneas e como 
implementá-las na escola, para que o sucesso seja obtido e o fracasso diminuído – o que, 
 
 
16 Projeto de Ensino na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
muito possivelmente, continuará ocorrendo, pois, a escola é um locus de constante 
mudança. Ainda assim, ressalto que só de partirmos do reconhecimento da importância do 
trabalho conjunto, muitas melhorias poderão ser implementadas na escola. 
 
Pensar a escola e as suas múltiplas facetas possibilitam que olhemos para ela com 
o propósito de tirar o que há de melhor, tanto de sua estrutura física predial como de seu 
capital cultural da soma de todos que ali estão. Para isso, um bom planejamento, 
dialogando com as realidades locais e demandas específicas são de fundamental 
importância para que os objetivos traçados no início do ano sejam mais facilmente 
alcançados. 
A ação de planejar, portanto, não se reduz ao simples preenchimento de formulários 
para controle administrativo, é, antes, a atividade consciente da previsão das ações 
político – pedagógicas, e tendo como referência permanente às situações didáticas 
concretas (isto é, a problemática social, econômica, política e cultural) que envolve 
a escola, os professores, os alunos, os pais, a comunidade, que integram o 
processo de ensino. (Libâneo, 1994, p. 222) - LIBÂNEO, José Carlos, Didática. São 
Paulo. Editora Cortez. 1994. 
Uma escola localizada num bairro periférico terá demandas diferentes daquelas 
localizadas num bairro central e, justamente por esse motivo, a aula que ministramos numa 
escola nunca dará certa se ministrarmos igualmente em outra escola. O mesmo ocorre com 
o planejamento. Se não olharmos para a comunidade local, para as suas necessidades 
pontuais e pensarmos em possibilidades de melhorias conjuntamente escola-comunidade, 
a prática educativa estará impossibilitada. 
 
Planejar é pensar, dialogar, problematizar, construir, descontruir, ordenar, modificar 
e tantos outros sinônimos que possamos imaginar para uma ação ininterrupta pelo simples 
fato de que a escola não é um lugar de atividades fim, sim de atividades constantes e 
mutáveis. A ação de planejar é a ação da empatia, do olhar e buscar compreender, do 
reconhecer os limites docentes e institucionais, do pensar possibilidade para atentar as 
necessidades e, acima de tudo, de realizar um convite para a comunidade participar não 
apenas do processo de planejamento como um convite à comunidade para a escola. 
 
 
 
 
 
 
17 Projeto de Ensino na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
4.3. Bebida é água! Comida é pasto! Você tem sede de que? 
Estamos no séc. XXI e muitas crianças já vêm pré-alfabetizada de 
suas casas por conta da utilização de joguinhos em celulares e tablets 
de seus pais. Estas mesmas crianças estão inseridas numa outra 
dinâmica social muito diferente daquela em que nós, professores, 
estivemos inseridos em nossa infância. Seus raciocínios lógicos nos 
surpreendem em virtude destes mesmos joguinhos em que são pré-
alfabetizadas enquanto brincam por meio da ludicidade e brincadeira. 
 
Sabem colocar o desenho da cobra onde está escrito cobra, sabem colocar a casa 
onde está escrito casa e sabem reivindicar, a sua maneira, as suas necessidades. O mesmo 
processo, mas obviamente que com demandas diferentes, passa a nossa juventude com 
seus próprios celulares e tablets em mãos. A juventude mudou, a escola precisa mudar. 
 
Qual a sede das crianças? Qual a sede dos 
jovens? Qual a sede dos adultos? Será que a escola 
está preparada saciar a sede das crianças, dos 
jovens e de nós, professores? Por que, então, 
mantemos essa mesma escola e não pensamos em 
outras possibilidades escolares? Outros tipos de 
estruturas e hierarquias? Outras formas metodológicas? A escola é um local de construção 
de cidadania e sujeitos críticos, não pode ser um local de alienação e educação em sistema 
bancário. Nela podemos possibilitar um ambiente de amplo debate e desenvolvimento da 
cidadania por meio da construção de outras relações entre estudantes-escola-sociedade. 
 
Essa tríade será capaz de mudar não apenas a relação perante a educação como a 
relação perante a próprio sociedade em si. Afinal de contas, se acreditamos que a escola 
é capaz de mudar a sociedade, precisamos começar mudando a própria escola. 
 
Conclusão 
A escola pode ser um local muito diferente do que temos hoje – que é o mesmo que 
tivemos em nossas épocas e nas épocas de nossos avós. Para que isso ocorra, 
necessitamos encarar as mudanças, fazer do ensino um ato político (como já dizia Paulo 
Freire) e trazer para nós a responsabilidade destas mudanças. Mas não unilateral e 
individualmente, sim de forma compartilhada com estudantes e com a comunidade. 
 
 
18 Projeto de Ensino na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
É possível construirmos novas relações com a comunidade em que a escola está 
inserida e fazer com que a escola seja um ambiente favorável ao ensino, a aprendizagem 
e que atenda as necessidades estudantis. Para que isso ocorra, necessitamos apenas de 
escuta, de empatia e de compreensão. 
 
A escola é um local de extrema importância na sociedade e justamente por isso 
necessitamos fazer dela um local de construção e desconstrução, de intenso debate de 
convite para que todos de seu entorno saibam que ali dentro há possibilidades de 
mudanças na sociedade que ainda estão em criação e discussão, de forma participativa, 
colaborativa e, acima de tudo, horizontalizada. 
 
 
 
 
 
19 Projeto de Ensino na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
5. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO 
 
Objetivo 
Debater tomadas de decisões horizontalizadas a partir de termo e conceito oriundos 
do meio mercadológico-empresarial visando resolução de conflitos históricos no ambiente 
escolar que muitas vezes prejudicam o bom andamento da instituição escolar como um 
todo. 
 
Introdução 
Algumas pessoas podem se assustar ao se deparar com o termo “Planejamento 
estratégico” num texto sobre educação pelo fato de que essa terminologia ela costuma ser 
mais bem empregada no ambiente mercadológico-empresarial, não no educacional. Mas, 
se pararmos para ver o que tem de positivo nos planejamentos estratégicos empresariais 
e trouxermos para a educação, adaptando em sua singularidade e possibilitando novas 
melhorias. Por que não, então? 
 
O intenso dinamismo social em que estamos inseridos com o fluxo de informação 
cada vez mais acelerado fazem com que a escola fique, muitas vezes, aquém das 
expectativas discentes e até mesmo de nós professores, coordenadores e gestores. 
Partindo desse entendimento, ancorarei esse texto naquilo que a academia da 
administração, economia e até mesmo da logística vem falando sobre planejamentos 
estratégicos e pensaremos a partir destes pontos em sua aplicação no sistema educacional. 
 
Reconheço e entendo a possível estranheza sobre a utilização destes termos num 
ambiente escolar e justamente por isso faço desse texto um convite para pensarmos em 
mais uma nova possibilidade para a gestão escolar, para a coordenação/direção e para a 
docência em si. Pensar em como otimizar nosso tempo, maximizar nossos ganhos, diminuir 
nossas perdas, prever acontecimentos que possam dificultar o processo educacional e, 
assim,pensar em possibilidades para que a escola tenha o melhor aproveitamento, como 
um todo, para que os resultados sejam aqueles almejados. 
 
 
 
 
20 Projeto de Ensino na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
5.1. Pensar, planejar e executar 
De todas as reuniões em que eu já participei uma frase eu sempre ouvia: estamos 
apagando incêndio para uma geração que não quer saber de nada, não quer aprender e 
muito menos respeitam os professores. No meu tempo não era assim! Bom, já pudemos 
perceber que esse discurso de no meu tempo não era assim, além de fantasioso e de senso 
comum, não há nenhum estudo que comprove a sua veracidade. Afinal de contas, a 
educação sempre foi calamitosa e o Estado nunca se preparou adequadamente para as 
suas necessidades. 
 
Pois bem, justamente por isso que 
necessitamos pensar sobre o que buscamos com a 
escola, o que os nossos alunos necessitam e como 
podemos disponibilizar a melhor forma possível para 
que as suas necessidades, e as nossas, sejam 
atendidas intramuros. Olhar a escola pelas múltiplas formas e pessoas já é uma 
possibilidade de trazer melhorias para dentro da escola. 
 
Planejar as ações a serem tomadas é tão importante quanto pensarmos nelas pelo 
fato de que o seu planejamento é a forma que tiraremos as ideias de nossas cabeças para 
coloca-las no papel e a melhor forma de executarmos isso é por meio do brainstorming. 
 
Termo comumente utilizado nas reuniões empresarias que significa “chuva de 
ideias”, é aquele momento na reunião onde todo mundo vai dando as mais diferentes ideias, 
positivas ou negativas, utilizáveis ou “impossíveis” perante um mesmo tema/problema. As 
possíveis soluções poderão aparecer a partir destas ideias. Para tanto, todos os envolvidos 
no processo fazem parte da reunião – o que, no caso da educação, seriam os professores, 
coordenadores, diretores, alunos e comunidade em geral. 
 
Para Nóbrega, Lopes Neto e Santos (1997), 
A sessão brainstorming, por ser uma técnica de grupo, tem por objetivo coletar 
ideias de todos os participantes, sem críticas ou julgamentos. Logo, destina-se ao 
recolhimento de ideias e sugestões viabilizadoras de soluções para determinados 
problemas ou situações de trabalho improdutivo. 
Metodologicamente, o processo de brainstorming segue as seguintes fases: 
1' Fase: Criativa - os participantes da sessão apresentam o maior número deidéias 
e sugestões sem se preocuparem em analisá-Ias ou criticá-Ias; 
2' Fase: Crítica - os participantes da sessão, individualmente, justificam e defendem 
suas idéias com o propósito de convencerem o grupo; é a fase de filtração de idéias 
 
 
21 Projeto de Ensino na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
para a permanência das que foram melhor fundamentadas e de aceitação do grupo. 
(p. 249) 
 Será a partir da fase crítica que a sua execução será possível e viável, haja vista que 
uma série de decisões forem pensadas, discutidas e planejadas para só então serem 
postas em prática. A execução é tão importante quanto o ato de pensar e planejar. Por ser 
uma metodologia de resolução de conflitos e tomadas de decisões horizontalizadas, todas 
as suas partes são de suma e igual importância para a obtenção do resultado satisfatório. 
5.2. Do impossível ao possível para não mais morrer afogado no raso 
Horizontalizar as decisões com participação de 
todos os envolvidos na escola é a chave central para que 
os problemas possam ser mais facilmente sanados. 
Quando se fala sobre todos os envolvidos, compreende-
se que todas as pessoas que trabalham na escola – 
independentemente de suas funções e escolaridades – e todas as pessoas que a 
frequentam – independentemente de seus comportamentos – necessitam participar das 
reuniões e enriquecer o brainstorming. 
 
Criar uma boa gestão de pessoas, possibilitar uma ampla participação nas 
resoluções dos conflitos e permitir intervenção nas tomadas de decisões são perspectivas 
mercadológicas que podem favorecer o desenvolvimento da educação frente as demandas 
específicas vivenciadas pela escola. Mas lembre-se que cada escola tem a sua demanda 
em especifica e não tem como importarmos 
integralmente um modelo que deu certo em outro local 
apenas por ter dado certo. Vale a pena salientar que 
conflitos entre crianças, adultos, educadores fazem 
parte do processo de crescimento e construção do 
conhecimento. 
 
Liderança exige paciência, compreensão e determinação. Muito dificilmente 
atingiremos um propósito e um objetivo se não delegarmos as funções, ouvirmos o próximo 
e estarmos preparados para a crítica. O poder de escuta é algo que poucos sabem utilizar 
com sabedoria, mas aqueles que o fazem, garantem sucesso. 
 
 
 
22 Projeto de Ensino na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Por fim, termino este texto com a seguinte pergunta para a próxima imagem: como 
podemos querer que o nosso planejamento estratégico funcione se, mesmo sabendo que 
ele deve ser específico para aquela instituição em específica, as pessoas procuram-no 
Google e explicita que existem um milhão e quinhentos mil links para planejamentos 
estratégicos escolares pronto? 
 
Conclusão 
Conforme pudemos ver, muito podemos trazer do ambiente empresarial para uma 
melhor gestão da nossa escola. Podemos ouvir, debater, discutir, sempre no que se refere 
o assunto, sem levar para o lado pessoal, pois, assim, todos ganharão com a resolução 
daquele determinado problema. 
 
Se falamos da escola enquanto um ambiente democrático e de construção de 
cidadania, por que excluímos a maioria da participação das reuniões e tomadas de decisão, 
deixando a cargo apenas de determinados professores, coordenadores e diretores que nem 
escolhidos pela comunidade foram? Se falamos de uma escola democrática, temos que 
chamar a comunidade para a sua participação na tomada de decisão. 
 
É possível pensarmos em outras possibilidades escolares, utilizarmos de exemplos 
que deram certo – seja em outras escolas ou outros ambientes corporativos – para que as 
resoluções de conflitos sejam benéficas para todos sem que ninguém seja prejudicado, 
invisibilizado e/ou excluído deste processo. Outra escola é possível, basta tentar. 
 
 
 
 
 
23 Projeto de Ensino na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
6. CONSTRUÇÃO DO PROCESSO DE PLANEJAMENTO E APLICAÇÃO 
NO ENSINO 
 
Objetivo: 
Pensar em outras possibilidades educacionais é urgente em nosso sistema escolar 
como um todo, e será justamente sobre isso que versaremos neste texto: como construir, 
planejar e aplicar um projeto de ensino que não seja tradicional. 
 
Introdução: 
Sair do plano das ideias para o plano da aplicabilidade é algo complicado e um 
momento em que muitos profissionais da educação acabam se perdendo. Afinal de contas, 
como sair da teoria e ir para o prático? Várias são as possibilidades de abordagens de 
métodos e metodologias diferenciadas para que possamos atingir as expectativas tratadas 
no projeto. 
 
Após uma boa discussão e planejamento, a sua aplicação é o último estágio para 
que possamos avaliar se tudo aquilo que outrora pensamos terá condições de ser inserido 
em sala de aula. Afinal de contas, vale lembrar que um planejamento não deve ser fixo e 
imutável. Muito menos pensarmos que não é porque ele foi discutido e desenvolvido no 
início do ano, que deveremos segui-lo até o final do ano, independentemente de sua 
aceitação ou não. Planejamento nunca é fim, sempre é meio! 
 
Conforme já visto anteriormente, conhecer as necessidades e demandas discentes 
são fundamentais para o sucesso de um planejamento e aplicação no ensino e, justamente 
por isso, podemos pensar em diversas metodologias para além da sala de aula tradicional, 
como estamos acostumados a lidar, para atividades extramuros escolares e também em 
ambientesvirtuais de aprendizagens, como o que utilizamos aqui, neste exato momento. 
6.1. Para além dos muros escolares 
As atividades extraclasses (ou extramuros) escolares são de grande serventia para 
que o aluno crie outras relações com aquela disciplina em específica, principalmente pelo 
fato de que ele verá a sua aplicabilidade no dado contexto em que havia visto apenas nos 
livros e apostilas didáticas. 
 
 
24 Projeto de Ensino na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Aprender sobre a natureza e o meio ambiente, a 
importância de cultivar alimentos saudáveis e se 
alimentar deles, como funciona a relação desses 
alimentos com o meio ambiente e, sobretudo trazer novas 
concepções entre o alimento existente no supermercado 
e/ou no prato da refeição para o alimento plantado, com 
todas as relações existentes de trabalho, mão de obra, etc, são formas de mostrar a nossos 
alunos que a ciência aprendida na escola está em seus cotidianos – assim como outras 
disciplinas. 
 
Muitas escolas acabam por deslegitimar a importância da atividade de campo ao 
falar que será feito um passeio. Esse discurso desqualifica todo o planejamento existente 
por trás desta atividade, pois faz com que os alunos não compreendam as importâncias e 
potencialidades existentes nesta atividade. 
 
Quando um aluno é levado à campo para ver a aplicabilidade dos conceitos 
escolares in loco, acaba por desenvolver uma série de saberes dos mais diversos possíveis 
como, por exemplo, o poder de percepção, escuta, entendimento, liderança, 
relacionamento com o outro, com o diferente, com o novo, dentre outros. 
Por isso, é importante salientar que um trabalho de campo compreende não só a 
saída propriamente dita, mas as fases de planejamento (incluindo a viabilidade da 
saída, os custos envolvidos, o tempo necessário, a elaboração e a discussão do 
roteiro, a autorização junto aos responsáveis pelos alunos, entre outros aspectos), 
execução (a saída a campo), exploração dos resultados (importante para retomar 
os conteúdos, discutir as observações, organizar e analisar os dados coletados) e 
avaliação (verificando, por exemplo, se os objetivos foram atingidos ou mesmo 
superados, quais aspectos foram falhos, a percepção dos alunos sobre a atividade). 
(Viveiro, Diniz, 2009: 4) 
Olhar para além da atividade em si é importantíssimo para que o trabalho planejado 
seja bem executado. Dialogar com as outras áreas do saber também é de fundamental 
importância para que a sua densidade seja mais bem explorada e a atividade seja a mais 
rica possível. 
6.2. Ambientes Virtuais de Aprendizagem: sala de aula 2.0 
Já pudemos compreender massivamente que a dinâmica da sala de aula nos dias 
atuais mudou completamente. A exemplo disso, olhemos para nós mesmos que estamos 
aprendendo por meio de um ambiente virtual de aprendizagem (AVA), com videoaulas, 
apostilas, fóruns interativos, planejamento semanal enquanto um guia de estudos para 
 
 
25 Projeto de Ensino na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
melhor aprender os conteúdos, etc. Nós mesmos já estamos inseridos em uma outra 
dinâmica e contexto social que muitas vezes nem percebemos. 
 
A distância deixou de ser meramente geográfica para praticamente inexistente, visto 
que podemos matar a saudade de um parente que não vemos há tempos como também 
podemos ir ao Egito num clicar de mouse: google maps, google Earth, whatsapp, facebook, 
instagram, twitter, google classroom, apple classrom, moodle, etc. 
 
Aquilo que entendíamos como sala de aula deixou de 
ser há muitos e muitos anos, a discussão que tínhamos anos 
atrás sobre “o professor não é mais o centralizador, apenas o 
mediador do conhecimento” também não se faz mais atual e 
contemporânea. O professor passou a ser um participante da 
construção do conhecimento no mesmo instante que ensino e 
passa aos alunos aquilo que sabe pois, caso haja uma dúvida, 
um esquecimento ou até mesmo um desconhecimento acerca de um determinado assunto 
ou ponto da matéria, ele poderá, na frente de seus alunos, pegar o seu celular e pesquisar 
na internet, compartilhando do momento de aprendizagem coletivamente. 
 
O Ensino a Distância revolucionou a forma como o conhecimento chega nas pessoas 
e revolucionará ainda mais quando a sua metodologia for mais acessível às escolas. Digo 
isso porque ele revolucionou o Ensino Superior e poderá fazer o mesmo pelo Ensino de 
Base. Obviamente que não podemos esquecer e/ou ignorar as diferenças e desigualdades 
sociais onde nem todo mundo tem celular e smartphone, assim como temos regiões onde 
este tipo de tecnologia ainda é um artigo de luxo. Entretanto, para aquelas regiões em que 
o seu uso faz parte do dia a dia das pessoas, a escola poderá tirar o melhor proveito 
possível de seu uso. 
 
Conclusão 
Finalizamos essa semana mostrando a importância de que um planejamento esteja 
condizente com o cotidiano daquela escola e com a sua realidade, assim como os métodos 
de ensino diferenciados podem propiciar que o planejamento seja executado conforme 
esperado. 
 
 
 
26 Projeto de Ensino na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Olhar a escola para além dos livros didáticos e de seus muros aprisionantes é olhar 
para uma escola que possibilita a emancipação discente por meio da construção de seus 
próprios saberes. Saberes esses construídos na rua, nas praças, nas amizades, na internet, 
etc. 
 
Mais uma vez lhe convido para pensar numa outra possibilidade de escola, pensar 
em métodos e metodologias diferentes, pensar em mudanças significativas que dialoguem 
com o nosso próprio cotidiano. Tentar é uma forma de mudar. Mudar é trazer melhorias. 
 
 
 
 
 
27 Projeto de Ensino na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
7. PLANO DE ENSINO E SEUS OBJETIVOS 
 
Objetivo 
Pensar na importância do plano de ensino – não como algo teórico dito feito – mas 
sim enquanto instrumento pedagógico que nos possibilite analisar e diagnosticar a escola 
em seus pontos positivos e negativos. Será a partir de provocações ao nosso cotidiano que 
partiremos os 3 pontos elencados neste texto: nem preciso estudar mais essa matéria, já 
sei tudo de cor e, por fim, pegar o giz e escrever na lousa. 
 
Introdução 
Conforme visto na semana passada, um planejamento nunca pode ser “comprado” 
ou reaproveitado, visto que o processo educacional é dinâmico e cada unidade escolar tem 
a sua característica, o mesmo ocorre com o plano de ensino (popular e erroneamente 
conhecido como plano de aula). Delimitar o assunto a ser abordado a partir dos PCNs não 
é o ponto mais importante da prática pedagógica, sim a metodologia que será empregada 
nesta temática. 
Podemos ter uma matéria de um professor considerada como “legal e sensacional” 
pelos seus alunos e também podemos ter essa mesma matéria, mas com outro professor, 
e considerada como “chata e maçante”. Tudo isso pela metodologia de ensino escolhida 
pelos professores e como se estruturou o seu plano de ensino. A propósito, quando foi a 
última vez que você sentou para organizar um? 
 
Sempre que escutarmos que “nem preciso mais estudar essa matéria porque já sei 
tudo de cor, basta entrar na sala de aula, pegar o giz e começar a escrever na lousa que 
vem tudo à mente”, necessitaremos parar para pensar em toda essa frase porque seus 
elementos serão centrais para este capítulo: 1) nem preciso mais estudar essa matéria; 2) 
já sei tudo de cor; 3) pegar o giz e escrever na lousa. Será a partir destes três pontos que 
dividirei os três subcapítulos a seguir para que possamos pensar se realmente não 
precisamos estudar mais uma determinada matéria, se já sabemos de cor tudo sobre ela e 
se pegar o giz e começar a escrever na lousa realmente é a melhor metodologia a se 
determinar no plano de ensino. 
 
 
 
 
28Projeto de Ensino na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
7.1. Nem preciso mais estudar essa matéria 
Planejar um plano de ensino requer tempo, dedicação, atenção e acima de tudo, 
empatia. Digo empatia acima de tudo pelo fato de que se não nos colocarmos no lugar dos 
alunos, jamais saberemos qual tipo de metodologia eles preferem que seja abordada em 
sala de aula e qual tipo de metodologia melhor funciona com aquela determinada classe. 
Cada unidade de ensino requer uma atenção diferente, cada sala de aula requer um olhar 
diferenciado e cada aluno requer uma necessidade específica. 
 
Reconhecer todos esses pontos é saber que há a necessidade de constantemente 
olharmos nosso plano de ensino para melhor adequar a aula e assim fazer com que ela 
não seja cansativa. Se descobrirmos qual metodologia funciona com determinada sala de 
aula, não perderemos mais tempo dando bronca do que aula e consequentemente teremos 
um desgaste muito menor do que temos quando adotamos um mesmo plano de ensino 
para todas as classes – isto é, se é que adotamos um. 
É importante destacar que o plano é um tipo de planejamento que busca a previsão 
mais global para as atividades de uma determinada disciplina durante o período do 
curso (período letivo ou semestral) e que pode sofrer mudanças ao longo do período 
letivo por diversos fatores internos e externos. (Spudeit, 2014: 2) 
O plano de ensino deve se moldar de acordo com aquela instituição escolar com o 
objetivo seja de fazer a manutenção da ordem vigente ou possibilitar as potências juvenis 
e escolares daquela instituição, reivindicando outras possibilidades de ensino. A partir do 
momento em que mapearmos estas questões, teremos condições de possibilitar melhorias 
educacionais. 
 
 
 
• Quais são os fatores que levam a juventude ao fracasso escolar e o que 
influencia para que o desinteresse pelo processo de aprendizagem seja 
maçante o suficiente ao ponto de os alunos preferirem não aprender. 
• Quais possibilidades metodológicas existem para que uma aula seja mais 
interessante e aumente a participação dos alunos, fidelizando-o a este 
processo? 
 
 
O processo de ensino é dialético e, portanto, haverá constantes tensionamentos 
perante aqueles que não se sintam atendidos pelo processo de ensino-aprendizagem – 
infelizmente conhecidos como turma do fundão ou bagunceiros. Mas, raro são os 
 
 
29 Projeto de Ensino na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
momentos em que os professores olham para si e se perguntam os motivos de 
determinados desinteresses e quais fatores que desencadearam este desinteresse. Ou 
seja, qual foi o gatilho? 
7.2. Já sei tudo de cor 
Ambas as perguntas elencadas em laranja no item anterior eu recomendo a leitura 
do livro A produção do fracasso escolar, de Maria Helena Souza Patto, em que faz uma 
leitura excelente de como o fracasso escolar, o aluno bagunceiro, o aluno desinteressado 
na verdade é produzidos pela própria escola e pelo sistema escolar como um todo. 
 
Ainda que aparente se provocar e ouvir um argumento como esse, quantos de nós 
não demos aulas para a meia dúzia interessada e ignoramos o restante? Ou, então, 
quantos de nós já não falamos para aquele aluno desinteressado abaixar a cabeça e 
dormir? 
 
 
 
Será que nós também somos responsáveis pela produção do fracasso escolar ao 
não buscarmos outras possibilidades metodológicas para o ensino? Faço estas 
provocações justamente para que possamos refletir ao fato de sempre criticarmos o sistema 
escolar, mas por estarmos inseridos nele há tempos, podemos também estar assimilando 
a sua identidade. Ou seja, sendo subjetivado por essa lógica da produção do fracasso 
escolar. 
Do ponto de vista das práticas escolares, mais do que descrever um estado prévio 
ou constitutivo do sujeito, o ‘diagnóstico’ – seja em sua ver- são ‘científica’, seja na 
modalidade de um ajuizamento escolar – opera, assim, como poderoso meio de 
realização de suas próprias profecias. Por outro lado, sua enunciação sumária e 
burocrática parece desonerar professores e pesquisadores da educação da busca 
por fatores internos às práticas escolares que sejam potencialmente condicionantes 
da não aprendizagem. (Carvalho, 2011: 573) 
 
 
30 Projeto de Ensino na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Toda hipótese necessita de um diagnóstico e não será diferente com a educação. 
Precisamos diagnosticar, buscar entender e compreender quais são os motivos que 
levaram para que o fracasso ocorra dentro da nossa sala de aula. Só assim poderemos 
pensar em mudanças e melhorias. 
7.3. Pegar o giz e escrever na lousa 
Quantas vezes já perguntamos aos 
alunos o que eles realmente gostariam de 
aprender e buscamos possibilidades de inserir 
seus interesses no plano de ensino? Início 
com essa pergunta por que ela será o gatilho 
para esse último subtítulo pelo simples fato de 
que muitos e muitos professores nunca fizeram essa pergunta aos alunos e afirmam ser 
desnecessárias e inviáveis quando se comenta sobre a sua importância. Ora, buscarmos 
outras possibilidades educacionais é pensarmos em outros tipos de escola, outros tipos de 
fazer docência e outros tipos de sermos professor. Justamente por esse outro olhar que 
busco construir coletivamente com vocês que eu lhes faço um convite: vamos pensar em 
outras possibilidades educacionais e outros tipos de escola? 
 
Não existe fórmula, não existe equação e não existe mágica na educação. Existe 
tentativa e erro, existe hipóteses e análises, existe busca pela melhoria para todos e 
também a intensa e interminável capacitação docente – não aquela apenas do certificado 
que tanto buscamos, mas a de frequentar galerias de artes, peças de teatro, concertos de 
música, rodas juvenis, etc. Buscar outros olhares, outras perspectivas e outras influências. 
 
O fazer docente não ocorre apenas dentro da sala 
de aula e a partir dos Conteúdos Curriculares Nacionais, 
este fazer está em nosso cotidiano, nas mínimas 
conversas que temos com a família, amigos e 
desconhecidos na fila do mercado. Está ao assistir 
televisão e reconhecer os enunciados nos jornais, 
compreender como os momentos políticos influenciam 
significativamente a sala de aula e a prática docente, como um todo. Recentemente 
vivemos episódios de censurar à galerias de arte, peças de teatro e abordagem das 
temáticas de gêneros e sexualidades em sala de aula como vivenciamos apenas em 
 
 
31 Projeto de Ensino na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
momentos de Ditaduras Militares. Todo esse cerceamento e censura extramuros não 
podem ocorrer intramuros escolares. Mais uma vez faço um convite: vamos pensar em 
outras possibilidades de escola? 
 
Conclusão: 
A sala de aula é o local do pensar, do debater e do (des)construir porque ela tem 
como esse objetivo de acordo com os PCNs, com a LDB e com a Constituição Federal e é 
justamente por esse motivo que fiz diversos questionamentos e convites neste primeiro 
texto da última semana. Já nos conhecemos bem e sabemos a metodologia de cada um, 
tanto minha enquanto docente como a de vocês enquanto discentes. 
 
Provocações são necessárias para que saiamos da zona de conforto e 
reconheçamos nossos limites e necessidades, sejam elas urgentes ou não. Ainda que falar 
de educação seja falar de atraso, de dificuldades e baixo investimento, temos que 
reconhecer que essas questões fazem parte da educação e o governo, como um todo, tem 
as suas intencionalidades em manter o trabalho docente precário. 
 
Sendo assim, cabe a nós trazermos a responsabilidade para nós mesmos e 
reivindicarmos estas outras possibilidades escolares, educacionais e relacionais entre 
docente e discente, saberes e conhecimentos. 
 
 
 
 
 
32 Projeto de Ensino na Educação Especial 
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8. PROJETO INTERDISCIPLINAR 
 
Objetivo 
Reconhecer a importância de um projeto interdisciplinar que de fato perpasse em 
todas as áreas do saber ou, em sua grande parte, para que os alunos possam ver em seus 
cotidianos a aplicabilidade dos conceitos e conteúdo aprendidos em sala de aula. 
 
Introdução 
Uma das grandes possibilidades de mudança no ensino escolar que, se bem 
aproveitado, pode revolucionar todo o processo educacional contemporâneo e necessita 
de uma enorme e adequada atenção nas reuniões pedagógicas é a criação de um projeto 
interdisciplinar que de fato seja interdisciplinar – não aquele projeto que tem tal nome, mas 
que as disciplinas não se convergem. Trabalhar os saberes interligados, dando 
inteligibilidade à construção do conhecimento e possibilitando que os alunos vejam a sua 
aplicação no próprio cotidiano é de extrema importância para que o conhecimento escolar 
passe a ter significado para os alunos e também para nós, professores. 
 
As reuniões pedagógicas têm um papel importante para realizar o diagnóstico e 
debate sobre o projeto que necessita contar com a participação dos alunos (ou de seus 
representantes) para que o projeto dialogue com a necessidade de seus pares e, assim, 
ele tenha o sucesso batalhado. 
 
Quando falamos deste tipo de projeto não precisamos ir longe, buscar locais 
inatingíveis e com sucesso duvidoso, devemos pensar dentro de nossa própria escola e em 
seu entorno. Em quais informações contém na escola e nos alunos, o que o bairro propicia, 
o que a cidade tem de atrativo para ter enquanto centralidade no projeto, etc. Este olhar 
mais apurado permitirá que olhemos a cidade em outra perspectiva e compreenda que ela 
é um locus de intensa e extensa produção do saber que, se bem aplicado ao conteúdo 
escolar, poderemos ter outras possibilidades educacionais para além da sala de aula. 
8.1. Uma rua, uma esquina, uma árvore, uma praça 
Acordamos e nos espreguiçamos. Levantamos, tomamos banho e depois um café 
da manhã. Trocamo-nos e nos locomovemos à escola, seja de carro, moto, ônibus, metrô, 
bicicleta ou a pé. Chegamos a ela, entramos, damos oi a todos os presentes, sentamo-nos 
na sala dos professores, damos risadas, conversamos, pegamos nosso material e vamos 
 
 
33 Projeto de Ensino na Educação Especial 
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para a sala de aula. Nela, relacionamo-nos com os alunos que fizeram, muito 
provavelmente, o mesmo calvário da gente: sair da cama, tomar banho, comer, ir para a 
escola. Pois bem, a partir de uma perspectiva mais crítica, já podemos trabalhar a 
interdisciplinaridade no momento do sair da cama ao retornar a ela. Tudo tem 
conhecimento, tudo tem saber, tudo tem ciência! 
 
Quantas reações químicas o corpo tem ao despertar e sair da cama para 
trabalharmos na aula de ciências? O andar, tomar banho e comer requer uma grande 
quantidade de deslocamento para trabalharmos 
na aula de matemática, assim como a 
importância da geografia para nos localizarmos 
e andarmos. Não poderemos nos esquecer, em 
hipótese alguma, de como a evolução histórica 
permitiu que comamos alimento quente e 
também tomemos um banho quente pela manhã 
pois, por meio de todo o processo histórico, onde 
os mais diversos saberes foram desenvolvidos 
para que pudéssemos fazer hoje em dia todas 
essas ações. 
 
A interdisciplinaridade permite que olhemos para as ações cotidianas 
compreendendo todas as articulações e convergências dos saberes em nossas práticas. 
Mas, por que não a utilizamos em nossa sala de aula já que usamos em nosso cotidiano? 
Por falta de planejamento! 
As características de um projeto interdisciplinar evidenciam-se por partirem da 
possibilidade de rever o velho e torná-lo novo, pois em todo novo existe algo de 
velho. Durante todo seu movimento de realização, há efetivação de diálogo, em que 
se revelam novos indicadores; é dada importância ao caráter teórico-prático; 
registra-se e efetiva-se as experiências vividas no cotidiano da sala-de-aula; faz 
revisão e releitura crítica de aspectos retidos na memória; trabalha em parceria 
como necessidade de troca e de consolidação do conhecimento; o ambiente de 
trabalho transgride todas as regras de controle costumeiro; respeita o modo de ser 
de cada um e o caminho que cada um busca para sua autonomia; surge de alguém 
que já desenvolvia a atitude interdisciplinar, contamina os outros. (Francischett, 
2005: 8) 
Portanto, olhar o velho (ou seja, o nosso cotidiano) e buscar analisar os saberes 
envolvidos possibilita que criemos um projeto interdisciplinar sem nenhum gasto e nem 
 
 
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Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
custo para a escola, sendo necessário os professores balizarem quais conhecimentos 
serão trabalhados neste projeto e como se desenvolverá no cotidiano escolar. 
8.2. Uni, duo, múltiplos 
 Num mercado onde a alta competitividade aposenta forçadamente aqueles 
profissionais que não se adequaram e que os novos estão chegando com uma grande 
quantidade de conhecimentos a serem aplicados na escola, necessitamos olhar para essa 
nova dinâmica e dialogar com ela. Hoje um professor de uma determinada matéria acaba 
sabendo um pouco de tudo, além de ter que saber o tudo de seu pouco (de sua disciplina) 
e justamente por isso a escola tem total condição de 
desenvolver um projeto interdisciplinar extremamente 
coerente com o Projeto Político Pedagógico daquela 
instituição. 
 
Dialogar com as diferentes ciências significa 
mostrar ao aluno como elas se aplicam, como os 
conceitos estão aplicados e como os conhecimentos 
fazem sentido quando o vemos em nossa frente. De casa até a escola permeamos por 
ambientes informacionais da língua portuguesa, das ciências, história e geografia, 
matemática e física, dentre outros. 
 
Mostrar como os conhecimentos são relacionais e se convergem num determinado 
momento é mostrar ao aluno que aquilo que ele aprendeu na sala de aula e, popularmente 
falando não se aplicaria no seu cotidiano, está ali em sua frente, mas que, por falta de 
criticidade no processo de ensino-aprendizagem e do 
desenvolvimento de um bom projeto interdisciplinar, esse 
mesmo aluno não teve (ou não teria) condições de vê-lo. 
 
Propor essa abordagem metodológica é propor outro 
olhar perante não apenas aos saberes científicos da escola 
como também possibilitar que os professores se relacionem entre si, conheçam o trabalho 
do outro, os conhecimentos do outro, que os alunos também se relacionem e criemos, 
assim, novas perspectivas educacionais. A escola, ao trabalhar a interdisciplinaridade, 
enriquece seu cotidiano e possibilita que os alunos participem do processo de construção 
do conhecimento enquanto formadores e criadores dos respectivos saberes. 
 
 
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Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Conclusão 
Um projeto bem elaborado é capaz de unir as mais diferentes disciplinas com o 
propósito de que todos tenham acesso ao saber – não enquanto algo dado, posto, fixo e 
rígido – enquanto um eterno processo de construção e desconstrução. Quando bem 
estruturado e elaborado, os conteúdos escolares passam a ter um propósito e serem 
coerentes. 
 
Um dos grandes problemas dos conteúdos escolares é que eles ficam soltos, sem 
nada que os amarre. Por mais que possamos “fechar” o conteúdo ao término da aula, muito 
dificilmente ele dialogará com a outra disciplina pela inexistência de um eixo comum, de um 
projeto comum, de um norte em comum para todos os conteúdos escolares. 
 
Desenvolver um projeto interdisciplinar é muito além de desenvolver um simples e 
projeto qualquer, é nos colocar a prova, testar nossos limites, nos conhecermos e 
conhecermos o outro em sua peculiaridade e em seu saber. A construção de um projeto 
interdisciplinar requer rigor, dedicaçãoe empatia. 
 
 
 
 
 
 
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9. PAPEL DO PROFESSOR MEDIADOR E O PLANEJAMENTO 
EDUCACIONAL 
 
Objetivo 
Finalizar a nossa disciplina mostrando a importância de pensar na educação a 
distância como um método real de ensino para a escola, em como as nossas mudanças 
sociais empreendendo em outras possibilidades melhoram a aprendizagem e, por fim, um 
último e grande convite: vamos continuar estudando sempre? 
 
Introdução 
Neste último texto, proporei um retorno ao item 6.2, deste Guia da Disciplina, onde 
trabalhamos a questão do ensino a distância e suas possibilidades educacionais. Farei esse 
retorno para que possamos, por fim, pensar, mais uma vez, em outras possibilidades 
escolares com o objetivo de fecharmos essa disciplina. 
 
Já falamos de inúmeros assuntos emergenciais para o ensino nacional, seja ele 
público ou privado, e as possibilidades de mudanças que temos para a escola e para o 
professor. Justamente por isso, farei um diálogo final entre a possibilidade de usarmos mais 
o ensino a distância como uma forma de melhorar o nosso método de ensino e pensar no 
empreendedorismo na educação. 
 
As múltiplas ferramentas existentes na internet podem fazer com que o ensino seja 
mais dinâmico e passe a ter os alunos como, por exemplo, vocês mesmos, produtores do 
conhecimento a partir das provocações que faço no meu Guia da Disciplina, nas minhas 
videoaulas, nos meus fóruns, testes e questão discursiva. Quando digo sobre nossos 
alunos serem produtores do conhecimento, afirmo com a plena ciência de que o google, os 
grupos de whatsapp, o youtube e outras ferramentas virtuais lhe ajudaram nesta disciplina. 
E por que afirmo isso? Porque essa é a maravilha existente na internet! Quando 
reconhecemos nossos limites e dificuldades, resolvemos tudo num clica, numa digitação e 
num áudio. Os tempos mudaram! 
9.1. Mediar para alternar e alterar 
Pensar na importância da mediação do conhecimento é reconhecer que nossos 
alunos vêm com as suas bagagens culturais e podemos trazê-las para o conteúdo escolar 
por meio do diálogo e da alternância. Sim, alternância! Do saber, do conhecimento e da 
 
 
37 Projeto de Ensino na Educação Especial 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
informação. Todos nós a temos, seja enquanto professor ou enquanto aluno. Com toda a 
certeza do mundo vocês sabem de algo que eu não sei principalmente no que se refere aos 
seus cotidianos e com relação a sua sala de aula; justamente por isso que para que 
aprender, necessitei da alternância do conhecimento que construímos em nossas 3 
semanas – a esse fato falarei do planejamento no próximo item deste texto. 
 
Cada conhecimento construído nestas 3 semanas de aula, de debate, de dúvidas, 
de discordâncias e concordâncias serviram para que pudéssemos aprender um pouco mais 
sobre o que é ser professor, sobre quais questões existem no cotidiano de cada um e como 
não há fórmula e nem mágica para aplicarmos um conteúdo na sala de aula. 
 
Pensar a sala de aula para além da estrutura física em si é de extrema importância 
e urgência, haja vista que nossos alunos estão hiperconectados e nasceram com 
smartphones e tablets em mãos. Isso significa que a escola como conhecemos hoje, que 
já estava defasada há décadas, agora ficou totalmente para trás. 
 
Possibilitar a construção do conhecimento por meio de grupos no facebook, no 
whatsapp, criando salas virtuais gratuitamente no google ou no moodle são metodologias 
que facilitarão para que o processo de ensino-aprendizagem esteja moderno e condizente 
com o que se espera de uma escola no séc. XXI. 
Para a atuação em uma disciplina ou curso on-line, o professor orientador deve 
acompanhar o aluno propondo questões problematizadoras e atividades que se 
tornem desafios. Além disso, deve atuar responsável, crítica e comprometidamente 
nessa nova modalidade de ensino, atentando para a complexidade e especificidade 
que requer o ensino e a aprendizagem. (Inocêncio, 2007: 7) 
As vezes pode parecer loucura ler tudo isso, eu sei! Muitas vezes eu também me 
pergunto sobre “e a vida privada? E meu momento de lazer? Mas eu só ganho para ficar 
aqueles 50 minutos dentro da sala de aula, não para trabalhar em casa! etc”. Reconheço 
todas essas perguntas e problematizações que fazem parte do nosso cotidiano, mas, se 
pararmos para olhar com mais atenção, quando alguém fala que não tem whatspp, logo 
perguntam: mas como assim você não tem whatsapp??? Assim como, aqueles que já têm, 
muito provavelmente estão em algum grupo de trabalho (ou, até mesmo, alguns grupos de 
trabalho). 
 
 
 
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Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Sim, já estamos inseridos nesta nova dinâmica e apenas não nos atentamos à ela. 
Para tanto, precisamos inserir nossos alunos nessas novas dinâmicas para que nossas 
aulas sejam mais atrativas e interessantes. 
9.2. Planejar para compartilhar 
Ao final do primeiro capítulo do item anterior eu falei sobre como construímos a 
alternância de conhecimento ao longo destas 3 semanas e encerro este texto falando 
justamente sobre isso, sobre tudo o que venho falando desde o início: a importância de um 
bom planejamento. Planejar é xadrez! 
 
Durante a construção de todo esse material, eu pensei na formação de vocês, como 
possivelmente interagiam com outras disciplinas, quais os questionamentos que mais 
levantavam e participavam das atividades, etc. Tudo isso para que eu pudesse planejar 
com o máximo de atenção todo o conteúdo a ser trabalhado durante as 3 semanas. 
 
Ah! Antes que pense que fiz tudo isso apenas para 
conhecer melhor o que falar e como colocar no papel, eu fiz 
tudo isso pensando em vocês e como deveria mostrar vários 
temas tornando as aulas cada vez mais dinâmicas e 
interativas. Busquei conhecê-los sem nem antes vê-los, 
saber das demandas e necessidades para então pensar nas 
possibilidades educacionais que eu poderia propor. Afinal 
de contas, de que adiantaria eu vir aqui durante as 3 semanas falando sobre pensarmos 
em outras possibilidades de atividade e desempenho escolar e fazer o mesmo? Não me 
atentar as questões de cada um para pensar os conteúdos a serem trabalhados? Se eu 
estou convidando você a pensar em outras possibilidades é porque eu também tenho que 
pensar nelas, eu também tive que sair da minha zona de conforto e arquitetar e empreender 
outras formas de ensino-aprendizagem. 
 
Pensar no conteúdo como um todo foi a chave para essa disciplina e é o que eu 
gostaria que fosse para todos vocês. Olhar a escola como um todo e dentro desse todo as 
suas individualidades, as suas questões, as suas particularidades pois, a partir de cada 
partícula, temos um todo, um coletivo, um corpo. Bom, melhor eu ir parando por aqui porque 
já entrarei em química e biologia e nos alongaremos mais! 
 
 
 
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Conclusão 
Enfim, terminamos a nossa disciplina e espero que tenham gostado dos debates e 
das provocações. Foi a partir desses pontos que busquei por em prática tudo o que eu 
prego para uma outra possibilidade educacional e tudo o que eu inseri nestes textos e nas 
videoaulas. Fui além, coloquei-me a prova de mim mesma e de vocês. Busquei outros 
olhares e passei das fronteiras. Tudo isso para mostrar que podemos sim pensar em outras 
possibilidades. 
 
Tenho a certeza que olhar o todo em seu conjunto e o uni em suas particularidades 
possibilitam melhorias, compreensões e empatia frente as diversas questões que aparecem 
em nosso cotidiano escolar. Não há fórmula, não há mágica e não há moldes. 
 
Há estudo, estudo e mais estudo. Não parei de estudar e não pararei de estudar. 
Esse é o último convite que faço a vocês: vamos continuar a estudar sempre? Sem nunca

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