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Oclusão Normal e Classificações Ortodontia 2018-1

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Oclusão normal e má oclusão 
 Aulas na Graduação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Conceitos de oclusão normal (ideal) e má oclusão 
 
1 Introdução aos conceitos: 
 Ao se realizar uma análise tendo em vista as características da 
anatomia dentária e a sua relação direta com as funções que cada grupo de 
dentes desempenha na cavidade oral, é possível perceber que para o 
atingimento pleno de toda a potencialidade funcional da dentição, se faz 
necessário que a dentição esteja arranjada guardando certos parâmetros, 
como alinhamento, ausência de espaços na dentição, relação precisa de 
cúspides dos dentes no arco superior e inferior, etc. Não por acaso, a 
presença dessas características também confere qualidade estética a 
dentição. Assim, considerando os aspectos funcionais e estéticos ideais, é 
possível conceituar um arranjo de oclusão ideal com o termos “oclusão 
norma.”, já que arranjos diferentes poderiam constituir anormalidades 
funcionais e estéticas. Entretanto, partindo-se da premissa de que “normal é 
o mais usual”, observa-se que a oclulsão normal individual, aquela que mais 
ocorre na população, não coincide com a oclusão ideal, ou seja, 
estatisticamente a situação mais encontrada na população humana é o que 
caracterizamos como sendo má oclusão. Apenas cerca de 1% da população 
apresenta naturalmente uma oclusão estética e funcionalmente “ideal”. 
Assim, ao se considerar que somente uma parcela muito pequena da 
população apresenta uma oclusão ideal, chama-la de normal em primeira 
vista parece paradoxal, no entanto, pode ser explicado. 
 Muito poderia ser dito sobre os fatores que levaram a oclusão ideal, do 
ponto de vista morfológico e funcional, ocorrer tão pouco no ser humano e 
em alguns grupos de animais. O principal fator está relacionado ao papel da 
oclusão ideal na evolução das espécies. De um modo simplificado pode ser 
dito que animais que dependem profundamente em sua sobrevivência de 
uma oclusão morfológica e funcionalmente em boas condições, como 
animais carnívoros por exemplo, evoluíram com esse fator como elemento de 
dependência direta, assim, descendentes seus que por algum fator venham a 
não herdar uma dentição em condições ideais, naturalmente acabam tendo 
poucas chances de sobrevivência, e portanto de deixar descendentes com 
essa característica desfavorável, fazendo desse modo com que o caminho 
evolutivo nessas espécies resulte em uma maioria de indivíduos 
apresentando ótimas condições de oclusão. 
 O ser humano, no contexto evolutivo, apresentou um comportamento 
contrário, ou seja, descendentes humanos que não herdem uma dentição em 
perfeitas condições morfológicas e funcionais, ou mesmo apresentem má 
oclusão, graças a outras habilidades naturais, podem sobreviver e deixar 
descendentes com as mesmas características. Assim, depois de muito tempo 
transcorrido, a maioria dos seres humanos passou a apresentar algum tipo 
de má oclusão, já que esse fator não constitui uma restrição evolutiva. No 
entanto isso não impede que possamos, num sentido de saúde, reconhecer e 
caracterizar aquelas condições morfológicas e funcionais ideais, e 
continuamos chamando esse conjunto de fatores de oclusão “normal”. 
 O nosso senso estético, nesse caso, é um outro fator que merece 
destaque nessa digressão, já que é possível constatação de que o senso 
estético predominante na espécie humana também corrobora essa 
conceituação de oclusão ideal, ou seja, ainda que esse tipo de oclusão seja 
uma ocorrência natural incomum, continuamos achando “belo” um sorriso 
alinhado e bem articulado, que não por acaso, em geral está muito próximo 
ou coincide com a oclusão morfologicamente e fisiologicamente ideais. 
 A existência da Ortodontia como especialidade, a qual se encarrega 
de prover artificialmente as condições ideais de oclusão, ou o mais próximo 
possível dela, em pacientes que apresentam má oclusão, seja por fatores 
hereditários ou não, de certo modo pode ser justificada dentro da perspectiva 
abordada nessa digressão. 
 O primeiro autor a descrever as características básicas da oclusão 
normal (Ideal) foi Eduard Angle em 1899. Essa descrição foi muito importante 
na história da Ortodontia, pois evidentemente para o reconhecimento daquilo 
que é considerado anormal, em primeiro lugar é necessário o conhecimento 
claro das características normais. O autor também foi o criador da 
classificação das más oclusões mais popular de todos os tempos em 
Ortodontia. 
 O curso do primeiro módulo de atividades teóricas da disciplina de 
Ortodontia da UFPel, tornará possível ao estudante o conhecimento e a 
consolidação da perícia técnica necessária para o reconhecimento das 
características da oclusão normal e seus desvios. 
 As características da oclusão normal serão novamente discutidas 
nesse texto, abaixo figuras originais ilustrando as características da oclusão 
normal publicadas nos trabalhos de Angle. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CLASSIFICAÇÃO DE ANGLE 
1 Introdução: 
 A nomenclatura e a classificação de uma má oclusão não deve ser 
confundido com o seu diagnóstico, certamente estão muito aquém, pois na 
verdade, a determinação de um nome ou classe apenas distingue um 
categoria de outra conforme a eleição de certas características ou sistema 
usado, e não substitui o protocolo de diagnóstico. Contudo, é inegável que 
separar más oclusões em classes tem sido algo extensamente utilizado, pois 
nesse caso a classificação é vista como uma ferramenta importante para 
descrição durante o diagnóstico ortodôntico, ao serem consideradas 
hipóteses terapêuticas, por razões didáticas, bem como para comunicação 
entre profissionais. Dentre todas classificações presentes na literatura da 
área, do ponto de vista prático destacam-se a de Angle e Lischer . 
 Classe III Classe II Classe I 
 
 
2 – Referenciais históricos 
 O ponto de partida para diferenciar anomalias certamente é o 
conhecimento no normal, assim, o conceito de oclusão normal (ou ideal do 
ponto de vista morfológico) já teria sido descrito pelo cirurgião inglês John 
Hunter1 no século XVIII, já a primeira conceituação de má oclusão 
possivelmente foi descrita por Carabelli, que na metade do século XIX 
elaborou um sistema de classificação de situações anormais no 
relacionamento entre os arcos dentárias superior e inferior. Alguns termos 
antigos, mas ainda hoje muito utilizados, como “mordida topo a 
topo” e “sobremordida” (do inglês: overbite) derivaram da descrição do 
sistema de classificação original de Carabelli. 
 Na Odontologia, foi Edward Hartley Angle (figura 1) no final do século 
XIX o primeiro autor a caracterizar um conceito de oclusão normal (ideal) 
como ponto de partida para o diagnóstico e classificação de más oclusões. 
Fazendo uma simplificação, é possível dizer que Angle2 afirmou que em uma 
oclusão ideal a cúspide mésiovestibular do primeiro molar superior deveria se 
encontrar ocluindo no sulco central vestibular do primeiro molar inferior, e os 
dentes ocluindo nos arcos estando os mesmos posicionados de maneira 
alinhada. 
 Considerando situações desviadas do ideal, Angle descreveu três 
tipos básicos do que ele chamou de “má oclusão” , ou “maloclusão” (o termo 
original em inglês é malocclusion), representando desvios na dimensão 
antero posterior.6 Cabe salientar, que os dois termos citados são aceitos em 
textos em língua portuguesa, ainda que deva ser mencionado o fato de 
descritores de dados bibliográficos (Decs) referirem somente o primeiro termo 
como equivalente para a palavra chave malocclusion na língua portuguesa, 
sendo por essa razão o termo “má oclusão” o adotado pela disciplina. 
 
Figura 1. Edward Hartley Angle. 
 A classificação de Angle foi rapidamente aceita pela pelos 
profissionais odontólogos dedicados, pois estabelecia uma ordem regular 
para a análise de relações dos arcos dentários.1 Sobretudo, é necessário 
considerar que naquele momento históricoainda não havia conhecimento 
acumulado no presente, nem existiam recursos de diagnóstico importantes, 
como por exemplo a cefalometria radiográfica, que permitiram a melhor 
compreensão e distinção dos fatores envolvidos no surgimento de más 
oclusões, sejam eles dentários ou esqueléticos. Assim, embora 
essencialmente trata-se de uma classificação com foco nas relações 
dentárias, certamente a classificação de Angle oferecia uma importante 
alusão indireta e a possibilidade de uma distinção simples dos problemas 
dentários e esqueléticos associados, pois trazia referenciais em uma vista 
muito favorável para diferenciar problemas nas relações entre os arcos 
dentários: a vista lateral da face, ou seja sua análise no sentido 
anteroposterior. 
 Quando os trabalhos de Eduard Angle foram publicados, Calvin Case, 
entre outros profissionais destacados a época, apresentou diversas críticas a 
classificação, entre elas, afirmou que embora a má oclusão fosse um 
problema tridimensional, no sistema de classes proposto por Angle abordava 
somente os desvios antero-posteriores.6 As críticas ao sistema original de 
Angle levaram a uma série de adições informais a essa classificação ao 
longo da história da Ortodontia. Algumas mudanças acabaram sendo 
definitivamente incorporadas, outras não, por exemplo, diversas subdivisões 
da Classe I foram propostas por Martin Dewey, inicialmente discípulo e 
seguidor de Angle, e mais tarde seu adversário. Apesar das críticas e 
limitações, as vantagens da classificação, entre elas o fato desse sistema de 
classificação considerar a observação as relações de oclusão entre os arcos 
em uma vista lateral, a vista mais favorável para interpretar as características 
da maior parte das más-oclusões, fez dessa a classificação mais 
universalmente aceita até os dias de hoje. 
 As modificações na classificação de Angle que se integraram e 
consolidaram a versão da classificação atualmente aceita pela maioria das 
escolas, referem algumas caracterizações básicas relacionadas entre si: 
- a classificação original formulada por Angle (eminentemente dentária) 
continua sendo sua base fundamental; 
- o uso do conceito de “relação molar” (chave de molar), e mais tarde “relação 
de caninos” (chave de caninos); 
- a consideração da relação esquelética dos maxilares (*assumida como 
característica implícita em cada classe); 
- o padrão de crescimento (considerando a concepção de que, em princípio, 
uma classe não normalmente não se converte em outra durante o 
crescimento e desenvolvimento facial). 
 *Obs.: Aqui cabe um comentário importante, pois esse certamente a 
relação esquelética dos maxilares assumida como característica implícita 
pode ser um aspecto propício a gerar confusão entre estudantes de 
odontologia em relação a classificação de Angle. Ainda que a classificação 
original se refira a marcadores dentários como medida de referencia para 
avaliar os desvios nas relações dos arcos dentários mandibular e maxilar 
quando em oclusão, é necessário considerar que os padrões caracterizados 
por Angle encerram em si uma fundamentação morfológica, reveladora da 
situação esquelética em que cada má oclusão está contextualizada. Assim, 
certamente essa fundamentação responde por parte do seu sucesso como 
classificação. Cabe salientar ainda que na época em que foi concebida a 
classificação de Angle, o conhecimento científico e os recursos para o 
diagnóstico eram muito escassos em relação aos dias de hoje, por exemplo, 
não haviam métodos padronizados para a interpretação das relações 
esqueléticas, como é o caso da cefalometria radiológica ou tomográfica 
usadas atualmente. A introdução da cefalométrica na prática ortodôntica 
ocorreu na década de 50, sendo nas décadas seguintes incorporada ao 
diagnóstico ortodôntico em conjunto com os modelos de gesso, em 
substituição aos gnatostáticos e outros instrumentos anteriormente usados 
para essa finalidade.6 Nos dias atuais a classificação de Angle 
frequentemente pode ser vista em um uso, seja para comunicação ou em 
publicações, em uma versão extrapolada para cefalometria. 
3 - Oclusão normal e má oclusão e a Classificação de Angle 
 O conceito de oclusão normal, ou ideal do ponto de vista morfológico, 
evoluiu na especialidade à partir da descrição das características normais 
publicadas e ilustradas por Angle (figuras 2 e 3). Como dito anteriormente, 
por questões atávicas, apenas um percentual muito pequeno da população 
humana apresenta naturalmente oclusão normal, ou aquela em que todas as 
características ideais estão presentes, tendo a má oclusão incidência 
dominante. Entretanto a oclusão normal (ideal) permanece como referencia 
morfológica e estética no inconsciente coletivo, e nas metas terapêuticas de 
ortodontistas. A oclusão normal (ou ideal) atualmente continua sendo descrita 
por seus componentes morfológicos, mas sua concepção também abarca 
conceitos gnatológicos, de homeostase e eficiência funcional, bem como, de 
harmonia estética, sendo importante salientar que este último conceito está 
sujeito à variações socioculturais. 
 As posições dos dentes superiores e inferiores nos arcos e nos 
respectivos maxilares superior e inferior, assim como as relações de oclusão 
que mantem, são determinados pelos inúmeros processos relacionados ao 
crescimento e desenvolvimento facial, os quais interagem sobre os dentes e 
suas estruturas de suporte durante os períodos de formação e crescimento4. 
A oclusão dentária varia entre indivíduos de acordo com diversos fatores, 
como tamanho e forma dos dentes, posições dentárias, época e sequência 
de erupção, forma e tamanho do arco dentário e padrões de crescimento 
craniofaciais, variações naturais nos componentes do aparelho mastigatório, 
mudanças funcionais e patológicas. De modo geral a oclusão dentária está 
associada fatores hereditários e ambientais que influenciam a vida pré e 
pósnatal.4 
 Strang8 descreveu a oclusão normal como um complexo estrutural 
formado fundamentalmente por dentes e maxilares, caracterizado por uma 
relação normal dos planos inclinados oclusais dos dentes (figuras 2 e 3), que 
se encontram situados individualmente e o conjunto em harmonia 
arquitetônica com os ossos basais e anatomia craniana, e que apresentam 
corretos contatos proximais e posições axiais (figuras 4 e 5), estando 
associados ao crescimento, desenvolvimento, correlação e posição normais 
de todos os tecidos e estruturas circundantes.8 
 
Figuras 2 e 3. Oclusão normal em um vista vesta por vestibular e por lingual. 
 
 
figura 4. Ilustração dos dentes superiores em um aspecto lateral e frontal, 
mostrando a inclinação dos longos eixos das raízes em relação as suas 
bases ósseas maxilares. 
 
 
figura 5. Ilustração dos dentes inferiores em um aspecto lateral e frontal, 
mostrando a inclinação dos longos eixos das raízes em relação as suas 
bases ósseas na mandíbula. 
 
3.2 Má oclusão 
 Segundo Strang8, má oclusão consiste em desvio da oclusão dentária 
normal. Contudo, é necessário considerar o longo tempo e o grande e 
complexo número de processos envolvidos na formação da dentição 
humana, bem como sua relação com o crescimento do esqueleto ósseo e 
estruturas faciais. Muitos distúrbios podem ocorrer envolvendo todos esses 
elementos, levando aos desvios da normalidade das posições das unidades 
dentárias em qualquer etapa do processo de formação da dentição, por 
exemplo, é possível encontrar problemas de erupção ectópica mesmo antes 
da erupção dos dentes, problemas dentários na fase da dentição decídua ou 
na dentição mista (figura 6). 
 A má oclusão pode variar desde um leve grau de rotação ou 
deslocamento de um dente, até uma complexa má posição de vários ou 
todos os dentes, estando ou não associados a problemas esqueléticos ou 
funcionais, podendo envolver ainda a falta de relação correta de um arco 
dentário com seu antagonista, ou uma desarmonia entre um, ou ambos os 
arcos, em relação a anatomia craniana.8 
 
 
figura6.Exemplo de má oclusão na dentição mista, em que se pode notar o 
posicionamento mesial indevido dos molares superiores antes da sua 
erupção completa. 
 
4 - Sistemas de classificação 
Definição - é um processo de análise dos casos clínicos com má oclusão, 
com a finalidade de separá-los grupos, ou classes, caracterizados por certas 
variações específicas da normalidade, tomando-se como referencia a oclusão 
normal 8 , ou também chamada ideal. 
Objetivos da classificação: 
a) Agrupar casos que partilham um número mínimo de características 
similares; 
b) Facilitar a referência e descrição acadêmica de casos clínicos; 
c) Permitir uma melhor comunicação entre profissionais. 
Princípios norteadores da classificação: 
 Moyers5 relata em seu livro que um dos erros mais comuns é o de 
rotular casos clínicos, enfatizando que não se deve categoriza-los 
precipitadamente, considerando sempre o fato de que a classificação não é o 
diagnóstico. Os procedimentos semiológicos, bem como a requisição de 
elementos complementares de diagnóstico, não podem nunca ser 
desprezados, sendo importante inicialmente descrever o que está errado de 
maneira precisa e completa, e ao final do exame, sendo possível, se pode 
utilizar uma classificação para descreve-lo de forma resumida. Todo 
estudante deve considerar que irá se deparar com casos atípicos, difíceis ou 
até impossíveis de classificar. 
4.1 Sistema proposto por Angle 
 Originalmente Angle baseou-se nos seguintes fatores:2,8 
a) O corpo mandibular e respectivo arco dentário deve ocupar um 
posicionamento normal em relação a anatomia craniana; 
b) o arco dentário maxilar, por estar construído sobre uma base fixa em 
relação a anatomia craniana, é mais ou menos estável em relação aos vários 
limites da cabeça. Consequentemente, no maxilar superior se poderia 
escolher um ponto através do qual seria possível verificar e julgar a relação 
do arco dentário inferior. Ele selecionou então o primeiro molar superior, por 
acreditar que os mesmos ocupavam posições normais com maior frequência 
do que qualquer outro dente, e por que serem estes dentes menos limitados 
para tomarem suas posições na arcada. 
c) observou também a relação normal dos caninos que, segundo ele devido 
ao tamanho, forçavam suas passagens para dentro de posições normais. 
Obs.: A classificação original de Angle está focada no agrupamento de más 
oclusões considerando principalmente as relações entre arcos dentários. 
4.2 Análise crítica e do Sistema de Classificação proposto por Angle 
 Todo estudante deve considerar, como já foi contextualizado 
historicamente no item 2 desse guia de estudos, que os argumentos que 
levaram Eduard Angle a estabelecer seu sistema de classificação, descritos 
de forma resumida no item 4.1, na realidade não eram perfeitamente 
adequados, entretanto, isso não impediu que sua classificação se tornasse 
um referencial amplamente utilizado até os dias atuais, devido fortuitamente a 
sua representatividade, facilidade de uso e também por sua tradição histórica 
na literatura internacional. Por exemplo, hoje sabemos bem que o primeiro 
molar superior pode variar muito na sua posição, não sendo portanto 
realmente estável. 
5 – A classificação de Angle: 
Classes: 
a) Classe I; 
b) Classe II, 1a. e 2a. divisões e subdivisões, e, 
c) Classe III. 
 
Classe I: Nessa classe são englobados aqueles casos de má oclusão em 
que a relação anteroposterior entre primeiros molares superior e inferior é 
considerada normal. Isto significa que o arco dentário mandibular está em 
correta relação mesiodistal com o arco dentário maxilar. Angle descreveu que 
nesses casos a cúspide mesiovestibular do primeiro molar superior oclui no 
sulco central do primeiro molar inferior. Assim, a má oclusão está geralmente 
relacionada a problemas dentários que não afetam essa relação Inter arcos, 
com por exemplo a falta de alinhamento nos dentes anteriores ou outros 
problemas.(figura 7) 
 
figura 7. Má oclusão Classe I 
 
 
 
 
 
 
 
Classe II: são aqueles casos em que o arco dentário inferior se encontra em 
relação distal com o arco dentário superior. A cúspide mesio-vestibular do 
primeiro molar superior oclui no espaço entre a cúspide vestibular do primeiro 
molar inferior e a face distal da cúspide vestibular do segundo pré-molar 
inferior. 
Apresentam duas divisões: 
Classe II-, divisão 1: Uma de suas características marcantes é a protrusão 
dos incisivos superiores, que apresentam uma inclinação axial labial 
(trespasse horizontal excessivo). A forma dos arcos se assemelha à um "V" e 
o arco inferior pode apresentar curva de Spee exagerada.(figura 8) 
 
 
 
figura 8. Má oclusão Classe II div. 1 
Classe II - divisão 2: são aqueles casos de classe II em que os incisivos 
superiores estão com inclinação axial vertical ou lingual. O arco superior 
geralmente apresenta-se achatado na região anterior, devido a inclinação 
lingual excessiva dos incisivos centrais superiores. Pode existir uma sobre 
mordida vertical (trespasse vertical) excessiva, e o arco inferior também pode 
apresentar frequentemente a curva de Spee exagerada. (figura 9) 
 
figura 9. Maloclusão classe II, div. 2 
Subdivisão - quando os molares de um lado apresentam relações de classe 
I e o outro lado em relação de classe II. Recebe a denominação de 
subdivisões direita ou esquerda, conforme a chave de oclusão de classe II 
esteja do lado direito ou esquerdo, respectivamente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Classe III: são aqueles casos em que o primeiro molar inferior encontra-se 
em posição mesial na relação com o primeiro molar superior. A cúspide 
mésio vestibular do primeiro molar superior oclui no espaço entre a cúspide 
distal do primeiro molar inferior e a cúspide mesio-vestibular do segundo 
molar inferior. Também neste caso é usada a sub-divisão quando existe 
apenas em um lado a chave de oclusão em Classe III. Os incisivos podem ou 
não apresentar mordida cruzada, sendo este o caso com as faces 
vestibulares dos incisivos superiores podem estar contatando com as faces 
linguais dos incisivos inferiores. Os incisivos e caninos inferiores podem 
encontram-se com excessiva inclinação lingual.(figura 10) 
 
figura 10. Maloclusão Classe III 
 
 
 
 
 
 
 
Versões ou Interpretações de ocorrências parciais nos 
marcadores das classes de Angle: 
 Alguns profissionais usam as expressões fracionadas para as Classes 
II, ou até para Classes III de Angle, para desse modo designar as posições 
de relação para o sentido mesial ou distal do molar inferior em relação ao 
superior (fora da Classe I), sem que tenha ocorrido a intercuspidação 
completa nos sentido anteroposterior, que caracterizam claramente a Classe 
II ou III, bem como, é usual a expressão “completa” (do inglês full Class) 
quando a intercuspidação é completa em cada categoria, veja o exemplo na 
figura 11. 
 
figura 11: Exemplo: variantes fracionadas para as relações de Classe II de 
Angle. 
Importante: Anotações das Classes de Angle, e suas 
variantes, nas clínicas diárias na UFPel 
 Na disciplina Ortodontia e nas Clínicas Infantis da UFPel, por razões 
práticas, foi convencionado simplificar as anotações clínicas, através da 
adoção “somente” do termo ½ cúspide para designar “todas” as condições 
fracionadas para as Classes II ou Classes III de Angle, ou seja, para 
designar as posições de relação para o sentido mesial ou distal do molar 
inferior em relação ao superior (fora da Classe I), sempre que não tenha 
ocorrido a intercuspidação completa de Classe II ou III. Desse modo, todas 
as condições fracionadas, incluindo a relação oclusal de ¼ de cúspide no 
sentido anteroposterior, serão consideradas e designadas genericamente 
como “relação de ½ cúspide” se a oclusão completa não ocorrer 
clinicamente. 
 Resumidamente podemos dizer que para todas as más oclusões de 
classe II e III de Angle serão anotadas nas fichas clínicas, somente usando 
as expressões “completa” ou “½ cúspide”.NOMENCLATURA DE LISCHER 
DENOMINAÇÃO DAS MÁS POSIÇÕES DENTÁRIAS INDIVIDUAIS - 
LISCHER 4, 5 E 7 
 A nomenclatura de Lischer, para descrever as más posições dentárias 
individuais é a mais usada na maioria das escolas de Ortodontia. Envolve a 
adição do sufixo "versão" ao verbete indicador da direção para a qual o dente 
desvia-se da posição normal.5 São termos sugeridos por Lischer, e usados 
para descrever anomalias individuais dos dentes.7 
a) Mesioversão - mesial à posição normal. 
b) Distoversão - distal à posição normal. 
c) Linguoversão - lingual à posição normal. 
d) Lábio ou	Bucoversão (ou ainda Vestíbuloversão) em direção ao lábio 
ou à bochecha. 
e) Infraversão - aquém à linha de oclusão. 
f) Supraversão - além da linha de oclusão. 
g) Axiversão - inclinação axial incorreta. 
h) Giroversão ou Torsiversão - rotação sobre seu longo eixo. 
i) Transversão ou Transposição - alteração da ordem normal dos dentes no 
arco. 
Os termos podem ser combinados quando o dente assume uma má posição 
que apresente mais de uma variação da posição normal. 
 
figura 16. Má posição individual dos dentes. 
 
LA.V.= Lábioversão, 
 
L.V.= Linguoversão, 
 
T.V.= Giroversão, 
 
D.V.= Distoversão, 
 
M.V.= Mésioversão, 
 
B.V.= Bucoversão (ou V.V. = Vestíbuloversão), 
 
M.LA.V.= Mesiolabioversão. 
 
 
 
figura 17. 
 
A- Incisivo lateral em transversão, 
 
B- Incisivo lateral em labioversão, 
 
C- Canino em axiversão, 
 
D- Incisivo central em giroversão, 
 
E- Incisivo lateral em linguoversão, 
 
F- 1o PM em supraversão, 
 
G- 1o molar em mesioversão, 
 
H- Canino inferior em infraversão, 
 
I- 1o PM em distoversão. 
 
Obs.: O Texto de leitura obrigatória recomendada para essas aulas é 
o livro do Moyers, ref: 5. 
 
 
 
 
6 - Bibliografia 
1 - Ackerman, J. L., Proffit, W. R. - The Caracteristics ofa Malocclusion: a 
Modern approach to Classification and Diagnosis, Am. J. Ortho., 56 (5), 443-
454, nov., 1969. 
2 - Angle, E. H., Treatment of Malocclusion of the Teeth, 7a Ed., Philadelphia, 
The SSW Co., cap.01, 1907. 
3 - Dale, J. G., Rushton, J. S., et al.: A half Century of Care, a Future of 
Caring, Tucson, Ariz., 1982, The Charles H Tweed International Foundation. 
4 - Graber, T. M., Orthodontics, Principles and Pratice., Sanders Co., 
Philadelphia, p. 204-225, 1972. 
5 - Moyers, R. C., Ortodontia, Guanabara Koogan, 4o. Edição, p. 156-166, 
1988. 
6 - Proffit, W. R. e Fields Jr., H. W., Orthodontia Contenporânea, Ed. 
Guanabara Koogan SA, Rio de Janeiro, p. 2-15, 1995. 
7 - Salzmann, J. A., Principles of Orthodontics, J. B. Lippincott Co., p. 386-
415, 1943. 
8 - Strang, R. H. A., A Text Book of Orthodontia, Lea e Febiger, Philadelphia, 
cap. 01 e 06, 1950. 
9 - Classificação de Angle – Apostila UFRJ.

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