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Oclusão normal e má oclusão Aulas na Graduação Conceitos de oclusão normal (ideal) e má oclusão 1 Introdução aos conceitos: Ao se realizar uma análise tendo em vista as características da anatomia dentária e a sua relação direta com as funções que cada grupo de dentes desempenha na cavidade oral, é possível perceber que para o atingimento pleno de toda a potencialidade funcional da dentição, se faz necessário que a dentição esteja arranjada guardando certos parâmetros, como alinhamento, ausência de espaços na dentição, relação precisa de cúspides dos dentes no arco superior e inferior, etc. Não por acaso, a presença dessas características também confere qualidade estética a dentição. Assim, considerando os aspectos funcionais e estéticos ideais, é possível conceituar um arranjo de oclusão ideal com o termos “oclusão norma.”, já que arranjos diferentes poderiam constituir anormalidades funcionais e estéticas. Entretanto, partindo-se da premissa de que “normal é o mais usual”, observa-se que a oclulsão normal individual, aquela que mais ocorre na população, não coincide com a oclusão ideal, ou seja, estatisticamente a situação mais encontrada na população humana é o que caracterizamos como sendo má oclusão. Apenas cerca de 1% da população apresenta naturalmente uma oclusão estética e funcionalmente “ideal”. Assim, ao se considerar que somente uma parcela muito pequena da população apresenta uma oclusão ideal, chama-la de normal em primeira vista parece paradoxal, no entanto, pode ser explicado. Muito poderia ser dito sobre os fatores que levaram a oclusão ideal, do ponto de vista morfológico e funcional, ocorrer tão pouco no ser humano e em alguns grupos de animais. O principal fator está relacionado ao papel da oclusão ideal na evolução das espécies. De um modo simplificado pode ser dito que animais que dependem profundamente em sua sobrevivência de uma oclusão morfológica e funcionalmente em boas condições, como animais carnívoros por exemplo, evoluíram com esse fator como elemento de dependência direta, assim, descendentes seus que por algum fator venham a não herdar uma dentição em condições ideais, naturalmente acabam tendo poucas chances de sobrevivência, e portanto de deixar descendentes com essa característica desfavorável, fazendo desse modo com que o caminho evolutivo nessas espécies resulte em uma maioria de indivíduos apresentando ótimas condições de oclusão. O ser humano, no contexto evolutivo, apresentou um comportamento contrário, ou seja, descendentes humanos que não herdem uma dentição em perfeitas condições morfológicas e funcionais, ou mesmo apresentem má oclusão, graças a outras habilidades naturais, podem sobreviver e deixar descendentes com as mesmas características. Assim, depois de muito tempo transcorrido, a maioria dos seres humanos passou a apresentar algum tipo de má oclusão, já que esse fator não constitui uma restrição evolutiva. No entanto isso não impede que possamos, num sentido de saúde, reconhecer e caracterizar aquelas condições morfológicas e funcionais ideais, e continuamos chamando esse conjunto de fatores de oclusão “normal”. O nosso senso estético, nesse caso, é um outro fator que merece destaque nessa digressão, já que é possível constatação de que o senso estético predominante na espécie humana também corrobora essa conceituação de oclusão ideal, ou seja, ainda que esse tipo de oclusão seja uma ocorrência natural incomum, continuamos achando “belo” um sorriso alinhado e bem articulado, que não por acaso, em geral está muito próximo ou coincide com a oclusão morfologicamente e fisiologicamente ideais. A existência da Ortodontia como especialidade, a qual se encarrega de prover artificialmente as condições ideais de oclusão, ou o mais próximo possível dela, em pacientes que apresentam má oclusão, seja por fatores hereditários ou não, de certo modo pode ser justificada dentro da perspectiva abordada nessa digressão. O primeiro autor a descrever as características básicas da oclusão normal (Ideal) foi Eduard Angle em 1899. Essa descrição foi muito importante na história da Ortodontia, pois evidentemente para o reconhecimento daquilo que é considerado anormal, em primeiro lugar é necessário o conhecimento claro das características normais. O autor também foi o criador da classificação das más oclusões mais popular de todos os tempos em Ortodontia. O curso do primeiro módulo de atividades teóricas da disciplina de Ortodontia da UFPel, tornará possível ao estudante o conhecimento e a consolidação da perícia técnica necessária para o reconhecimento das características da oclusão normal e seus desvios. As características da oclusão normal serão novamente discutidas nesse texto, abaixo figuras originais ilustrando as características da oclusão normal publicadas nos trabalhos de Angle. CLASSIFICAÇÃO DE ANGLE 1 Introdução: A nomenclatura e a classificação de uma má oclusão não deve ser confundido com o seu diagnóstico, certamente estão muito aquém, pois na verdade, a determinação de um nome ou classe apenas distingue um categoria de outra conforme a eleição de certas características ou sistema usado, e não substitui o protocolo de diagnóstico. Contudo, é inegável que separar más oclusões em classes tem sido algo extensamente utilizado, pois nesse caso a classificação é vista como uma ferramenta importante para descrição durante o diagnóstico ortodôntico, ao serem consideradas hipóteses terapêuticas, por razões didáticas, bem como para comunicação entre profissionais. Dentre todas classificações presentes na literatura da área, do ponto de vista prático destacam-se a de Angle e Lischer . Classe III Classe II Classe I 2 – Referenciais históricos O ponto de partida para diferenciar anomalias certamente é o conhecimento no normal, assim, o conceito de oclusão normal (ou ideal do ponto de vista morfológico) já teria sido descrito pelo cirurgião inglês John Hunter1 no século XVIII, já a primeira conceituação de má oclusão possivelmente foi descrita por Carabelli, que na metade do século XIX elaborou um sistema de classificação de situações anormais no relacionamento entre os arcos dentárias superior e inferior. Alguns termos antigos, mas ainda hoje muito utilizados, como “mordida topo a topo” e “sobremordida” (do inglês: overbite) derivaram da descrição do sistema de classificação original de Carabelli. Na Odontologia, foi Edward Hartley Angle (figura 1) no final do século XIX o primeiro autor a caracterizar um conceito de oclusão normal (ideal) como ponto de partida para o diagnóstico e classificação de más oclusões. Fazendo uma simplificação, é possível dizer que Angle2 afirmou que em uma oclusão ideal a cúspide mésiovestibular do primeiro molar superior deveria se encontrar ocluindo no sulco central vestibular do primeiro molar inferior, e os dentes ocluindo nos arcos estando os mesmos posicionados de maneira alinhada. Considerando situações desviadas do ideal, Angle descreveu três tipos básicos do que ele chamou de “má oclusão” , ou “maloclusão” (o termo original em inglês é malocclusion), representando desvios na dimensão antero posterior.6 Cabe salientar, que os dois termos citados são aceitos em textos em língua portuguesa, ainda que deva ser mencionado o fato de descritores de dados bibliográficos (Decs) referirem somente o primeiro termo como equivalente para a palavra chave malocclusion na língua portuguesa, sendo por essa razão o termo “má oclusão” o adotado pela disciplina. Figura 1. Edward Hartley Angle. A classificação de Angle foi rapidamente aceita pela pelos profissionais odontólogos dedicados, pois estabelecia uma ordem regular para a análise de relações dos arcos dentários.1 Sobretudo, é necessário considerar que naquele momento históricoainda não havia conhecimento acumulado no presente, nem existiam recursos de diagnóstico importantes, como por exemplo a cefalometria radiográfica, que permitiram a melhor compreensão e distinção dos fatores envolvidos no surgimento de más oclusões, sejam eles dentários ou esqueléticos. Assim, embora essencialmente trata-se de uma classificação com foco nas relações dentárias, certamente a classificação de Angle oferecia uma importante alusão indireta e a possibilidade de uma distinção simples dos problemas dentários e esqueléticos associados, pois trazia referenciais em uma vista muito favorável para diferenciar problemas nas relações entre os arcos dentários: a vista lateral da face, ou seja sua análise no sentido anteroposterior. Quando os trabalhos de Eduard Angle foram publicados, Calvin Case, entre outros profissionais destacados a época, apresentou diversas críticas a classificação, entre elas, afirmou que embora a má oclusão fosse um problema tridimensional, no sistema de classes proposto por Angle abordava somente os desvios antero-posteriores.6 As críticas ao sistema original de Angle levaram a uma série de adições informais a essa classificação ao longo da história da Ortodontia. Algumas mudanças acabaram sendo definitivamente incorporadas, outras não, por exemplo, diversas subdivisões da Classe I foram propostas por Martin Dewey, inicialmente discípulo e seguidor de Angle, e mais tarde seu adversário. Apesar das críticas e limitações, as vantagens da classificação, entre elas o fato desse sistema de classificação considerar a observação as relações de oclusão entre os arcos em uma vista lateral, a vista mais favorável para interpretar as características da maior parte das más-oclusões, fez dessa a classificação mais universalmente aceita até os dias de hoje. As modificações na classificação de Angle que se integraram e consolidaram a versão da classificação atualmente aceita pela maioria das escolas, referem algumas caracterizações básicas relacionadas entre si: - a classificação original formulada por Angle (eminentemente dentária) continua sendo sua base fundamental; - o uso do conceito de “relação molar” (chave de molar), e mais tarde “relação de caninos” (chave de caninos); - a consideração da relação esquelética dos maxilares (*assumida como característica implícita em cada classe); - o padrão de crescimento (considerando a concepção de que, em princípio, uma classe não normalmente não se converte em outra durante o crescimento e desenvolvimento facial). *Obs.: Aqui cabe um comentário importante, pois esse certamente a relação esquelética dos maxilares assumida como característica implícita pode ser um aspecto propício a gerar confusão entre estudantes de odontologia em relação a classificação de Angle. Ainda que a classificação original se refira a marcadores dentários como medida de referencia para avaliar os desvios nas relações dos arcos dentários mandibular e maxilar quando em oclusão, é necessário considerar que os padrões caracterizados por Angle encerram em si uma fundamentação morfológica, reveladora da situação esquelética em que cada má oclusão está contextualizada. Assim, certamente essa fundamentação responde por parte do seu sucesso como classificação. Cabe salientar ainda que na época em que foi concebida a classificação de Angle, o conhecimento científico e os recursos para o diagnóstico eram muito escassos em relação aos dias de hoje, por exemplo, não haviam métodos padronizados para a interpretação das relações esqueléticas, como é o caso da cefalometria radiológica ou tomográfica usadas atualmente. A introdução da cefalométrica na prática ortodôntica ocorreu na década de 50, sendo nas décadas seguintes incorporada ao diagnóstico ortodôntico em conjunto com os modelos de gesso, em substituição aos gnatostáticos e outros instrumentos anteriormente usados para essa finalidade.6 Nos dias atuais a classificação de Angle frequentemente pode ser vista em um uso, seja para comunicação ou em publicações, em uma versão extrapolada para cefalometria. 3 - Oclusão normal e má oclusão e a Classificação de Angle O conceito de oclusão normal, ou ideal do ponto de vista morfológico, evoluiu na especialidade à partir da descrição das características normais publicadas e ilustradas por Angle (figuras 2 e 3). Como dito anteriormente, por questões atávicas, apenas um percentual muito pequeno da população humana apresenta naturalmente oclusão normal, ou aquela em que todas as características ideais estão presentes, tendo a má oclusão incidência dominante. Entretanto a oclusão normal (ideal) permanece como referencia morfológica e estética no inconsciente coletivo, e nas metas terapêuticas de ortodontistas. A oclusão normal (ou ideal) atualmente continua sendo descrita por seus componentes morfológicos, mas sua concepção também abarca conceitos gnatológicos, de homeostase e eficiência funcional, bem como, de harmonia estética, sendo importante salientar que este último conceito está sujeito à variações socioculturais. As posições dos dentes superiores e inferiores nos arcos e nos respectivos maxilares superior e inferior, assim como as relações de oclusão que mantem, são determinados pelos inúmeros processos relacionados ao crescimento e desenvolvimento facial, os quais interagem sobre os dentes e suas estruturas de suporte durante os períodos de formação e crescimento4. A oclusão dentária varia entre indivíduos de acordo com diversos fatores, como tamanho e forma dos dentes, posições dentárias, época e sequência de erupção, forma e tamanho do arco dentário e padrões de crescimento craniofaciais, variações naturais nos componentes do aparelho mastigatório, mudanças funcionais e patológicas. De modo geral a oclusão dentária está associada fatores hereditários e ambientais que influenciam a vida pré e pósnatal.4 Strang8 descreveu a oclusão normal como um complexo estrutural formado fundamentalmente por dentes e maxilares, caracterizado por uma relação normal dos planos inclinados oclusais dos dentes (figuras 2 e 3), que se encontram situados individualmente e o conjunto em harmonia arquitetônica com os ossos basais e anatomia craniana, e que apresentam corretos contatos proximais e posições axiais (figuras 4 e 5), estando associados ao crescimento, desenvolvimento, correlação e posição normais de todos os tecidos e estruturas circundantes.8 Figuras 2 e 3. Oclusão normal em um vista vesta por vestibular e por lingual. figura 4. Ilustração dos dentes superiores em um aspecto lateral e frontal, mostrando a inclinação dos longos eixos das raízes em relação as suas bases ósseas maxilares. figura 5. Ilustração dos dentes inferiores em um aspecto lateral e frontal, mostrando a inclinação dos longos eixos das raízes em relação as suas bases ósseas na mandíbula. 3.2 Má oclusão Segundo Strang8, má oclusão consiste em desvio da oclusão dentária normal. Contudo, é necessário considerar o longo tempo e o grande e complexo número de processos envolvidos na formação da dentição humana, bem como sua relação com o crescimento do esqueleto ósseo e estruturas faciais. Muitos distúrbios podem ocorrer envolvendo todos esses elementos, levando aos desvios da normalidade das posições das unidades dentárias em qualquer etapa do processo de formação da dentição, por exemplo, é possível encontrar problemas de erupção ectópica mesmo antes da erupção dos dentes, problemas dentários na fase da dentição decídua ou na dentição mista (figura 6). A má oclusão pode variar desde um leve grau de rotação ou deslocamento de um dente, até uma complexa má posição de vários ou todos os dentes, estando ou não associados a problemas esqueléticos ou funcionais, podendo envolver ainda a falta de relação correta de um arco dentário com seu antagonista, ou uma desarmonia entre um, ou ambos os arcos, em relação a anatomia craniana.8 figura6.Exemplo de má oclusão na dentição mista, em que se pode notar o posicionamento mesial indevido dos molares superiores antes da sua erupção completa. 4 - Sistemas de classificação Definição - é um processo de análise dos casos clínicos com má oclusão, com a finalidade de separá-los grupos, ou classes, caracterizados por certas variações específicas da normalidade, tomando-se como referencia a oclusão normal 8 , ou também chamada ideal. Objetivos da classificação: a) Agrupar casos que partilham um número mínimo de características similares; b) Facilitar a referência e descrição acadêmica de casos clínicos; c) Permitir uma melhor comunicação entre profissionais. Princípios norteadores da classificação: Moyers5 relata em seu livro que um dos erros mais comuns é o de rotular casos clínicos, enfatizando que não se deve categoriza-los precipitadamente, considerando sempre o fato de que a classificação não é o diagnóstico. Os procedimentos semiológicos, bem como a requisição de elementos complementares de diagnóstico, não podem nunca ser desprezados, sendo importante inicialmente descrever o que está errado de maneira precisa e completa, e ao final do exame, sendo possível, se pode utilizar uma classificação para descreve-lo de forma resumida. Todo estudante deve considerar que irá se deparar com casos atípicos, difíceis ou até impossíveis de classificar. 4.1 Sistema proposto por Angle Originalmente Angle baseou-se nos seguintes fatores:2,8 a) O corpo mandibular e respectivo arco dentário deve ocupar um posicionamento normal em relação a anatomia craniana; b) o arco dentário maxilar, por estar construído sobre uma base fixa em relação a anatomia craniana, é mais ou menos estável em relação aos vários limites da cabeça. Consequentemente, no maxilar superior se poderia escolher um ponto através do qual seria possível verificar e julgar a relação do arco dentário inferior. Ele selecionou então o primeiro molar superior, por acreditar que os mesmos ocupavam posições normais com maior frequência do que qualquer outro dente, e por que serem estes dentes menos limitados para tomarem suas posições na arcada. c) observou também a relação normal dos caninos que, segundo ele devido ao tamanho, forçavam suas passagens para dentro de posições normais. Obs.: A classificação original de Angle está focada no agrupamento de más oclusões considerando principalmente as relações entre arcos dentários. 4.2 Análise crítica e do Sistema de Classificação proposto por Angle Todo estudante deve considerar, como já foi contextualizado historicamente no item 2 desse guia de estudos, que os argumentos que levaram Eduard Angle a estabelecer seu sistema de classificação, descritos de forma resumida no item 4.1, na realidade não eram perfeitamente adequados, entretanto, isso não impediu que sua classificação se tornasse um referencial amplamente utilizado até os dias atuais, devido fortuitamente a sua representatividade, facilidade de uso e também por sua tradição histórica na literatura internacional. Por exemplo, hoje sabemos bem que o primeiro molar superior pode variar muito na sua posição, não sendo portanto realmente estável. 5 – A classificação de Angle: Classes: a) Classe I; b) Classe II, 1a. e 2a. divisões e subdivisões, e, c) Classe III. Classe I: Nessa classe são englobados aqueles casos de má oclusão em que a relação anteroposterior entre primeiros molares superior e inferior é considerada normal. Isto significa que o arco dentário mandibular está em correta relação mesiodistal com o arco dentário maxilar. Angle descreveu que nesses casos a cúspide mesiovestibular do primeiro molar superior oclui no sulco central do primeiro molar inferior. Assim, a má oclusão está geralmente relacionada a problemas dentários que não afetam essa relação Inter arcos, com por exemplo a falta de alinhamento nos dentes anteriores ou outros problemas.(figura 7) figura 7. Má oclusão Classe I Classe II: são aqueles casos em que o arco dentário inferior se encontra em relação distal com o arco dentário superior. A cúspide mesio-vestibular do primeiro molar superior oclui no espaço entre a cúspide vestibular do primeiro molar inferior e a face distal da cúspide vestibular do segundo pré-molar inferior. Apresentam duas divisões: Classe II-, divisão 1: Uma de suas características marcantes é a protrusão dos incisivos superiores, que apresentam uma inclinação axial labial (trespasse horizontal excessivo). A forma dos arcos se assemelha à um "V" e o arco inferior pode apresentar curva de Spee exagerada.(figura 8) figura 8. Má oclusão Classe II div. 1 Classe II - divisão 2: são aqueles casos de classe II em que os incisivos superiores estão com inclinação axial vertical ou lingual. O arco superior geralmente apresenta-se achatado na região anterior, devido a inclinação lingual excessiva dos incisivos centrais superiores. Pode existir uma sobre mordida vertical (trespasse vertical) excessiva, e o arco inferior também pode apresentar frequentemente a curva de Spee exagerada. (figura 9) figura 9. Maloclusão classe II, div. 2 Subdivisão - quando os molares de um lado apresentam relações de classe I e o outro lado em relação de classe II. Recebe a denominação de subdivisões direita ou esquerda, conforme a chave de oclusão de classe II esteja do lado direito ou esquerdo, respectivamente. Classe III: são aqueles casos em que o primeiro molar inferior encontra-se em posição mesial na relação com o primeiro molar superior. A cúspide mésio vestibular do primeiro molar superior oclui no espaço entre a cúspide distal do primeiro molar inferior e a cúspide mesio-vestibular do segundo molar inferior. Também neste caso é usada a sub-divisão quando existe apenas em um lado a chave de oclusão em Classe III. Os incisivos podem ou não apresentar mordida cruzada, sendo este o caso com as faces vestibulares dos incisivos superiores podem estar contatando com as faces linguais dos incisivos inferiores. Os incisivos e caninos inferiores podem encontram-se com excessiva inclinação lingual.(figura 10) figura 10. Maloclusão Classe III Versões ou Interpretações de ocorrências parciais nos marcadores das classes de Angle: Alguns profissionais usam as expressões fracionadas para as Classes II, ou até para Classes III de Angle, para desse modo designar as posições de relação para o sentido mesial ou distal do molar inferior em relação ao superior (fora da Classe I), sem que tenha ocorrido a intercuspidação completa nos sentido anteroposterior, que caracterizam claramente a Classe II ou III, bem como, é usual a expressão “completa” (do inglês full Class) quando a intercuspidação é completa em cada categoria, veja o exemplo na figura 11. figura 11: Exemplo: variantes fracionadas para as relações de Classe II de Angle. Importante: Anotações das Classes de Angle, e suas variantes, nas clínicas diárias na UFPel Na disciplina Ortodontia e nas Clínicas Infantis da UFPel, por razões práticas, foi convencionado simplificar as anotações clínicas, através da adoção “somente” do termo ½ cúspide para designar “todas” as condições fracionadas para as Classes II ou Classes III de Angle, ou seja, para designar as posições de relação para o sentido mesial ou distal do molar inferior em relação ao superior (fora da Classe I), sempre que não tenha ocorrido a intercuspidação completa de Classe II ou III. Desse modo, todas as condições fracionadas, incluindo a relação oclusal de ¼ de cúspide no sentido anteroposterior, serão consideradas e designadas genericamente como “relação de ½ cúspide” se a oclusão completa não ocorrer clinicamente. Resumidamente podemos dizer que para todas as más oclusões de classe II e III de Angle serão anotadas nas fichas clínicas, somente usando as expressões “completa” ou “½ cúspide”.NOMENCLATURA DE LISCHER DENOMINAÇÃO DAS MÁS POSIÇÕES DENTÁRIAS INDIVIDUAIS - LISCHER 4, 5 E 7 A nomenclatura de Lischer, para descrever as más posições dentárias individuais é a mais usada na maioria das escolas de Ortodontia. Envolve a adição do sufixo "versão" ao verbete indicador da direção para a qual o dente desvia-se da posição normal.5 São termos sugeridos por Lischer, e usados para descrever anomalias individuais dos dentes.7 a) Mesioversão - mesial à posição normal. b) Distoversão - distal à posição normal. c) Linguoversão - lingual à posição normal. d) Lábio ou Bucoversão (ou ainda Vestíbuloversão) em direção ao lábio ou à bochecha. e) Infraversão - aquém à linha de oclusão. f) Supraversão - além da linha de oclusão. g) Axiversão - inclinação axial incorreta. h) Giroversão ou Torsiversão - rotação sobre seu longo eixo. i) Transversão ou Transposição - alteração da ordem normal dos dentes no arco. Os termos podem ser combinados quando o dente assume uma má posição que apresente mais de uma variação da posição normal. figura 16. Má posição individual dos dentes. LA.V.= Lábioversão, L.V.= Linguoversão, T.V.= Giroversão, D.V.= Distoversão, M.V.= Mésioversão, B.V.= Bucoversão (ou V.V. = Vestíbuloversão), M.LA.V.= Mesiolabioversão. figura 17. A- Incisivo lateral em transversão, B- Incisivo lateral em labioversão, C- Canino em axiversão, D- Incisivo central em giroversão, E- Incisivo lateral em linguoversão, F- 1o PM em supraversão, G- 1o molar em mesioversão, H- Canino inferior em infraversão, I- 1o PM em distoversão. Obs.: O Texto de leitura obrigatória recomendada para essas aulas é o livro do Moyers, ref: 5. 6 - Bibliografia 1 - Ackerman, J. L., Proffit, W. R. - The Caracteristics ofa Malocclusion: a Modern approach to Classification and Diagnosis, Am. J. Ortho., 56 (5), 443- 454, nov., 1969. 2 - Angle, E. H., Treatment of Malocclusion of the Teeth, 7a Ed., Philadelphia, The SSW Co., cap.01, 1907. 3 - Dale, J. G., Rushton, J. S., et al.: A half Century of Care, a Future of Caring, Tucson, Ariz., 1982, The Charles H Tweed International Foundation. 4 - Graber, T. M., Orthodontics, Principles and Pratice., Sanders Co., Philadelphia, p. 204-225, 1972. 5 - Moyers, R. C., Ortodontia, Guanabara Koogan, 4o. Edição, p. 156-166, 1988. 6 - Proffit, W. R. e Fields Jr., H. W., Orthodontia Contenporânea, Ed. Guanabara Koogan SA, Rio de Janeiro, p. 2-15, 1995. 7 - Salzmann, J. A., Principles of Orthodontics, J. B. Lippincott Co., p. 386- 415, 1943. 8 - Strang, R. H. A., A Text Book of Orthodontia, Lea e Febiger, Philadelphia, cap. 01 e 06, 1950. 9 - Classificação de Angle – Apostila UFRJ.
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