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28/05/2020 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 1/6 Conforme vimos, a estética pós-moderna, mais flexível, permissiva e adaptável, conforma-se facilmente à dinâmica da cidade contemporânea, na qual os fluxos predominam sobre os lugares. Mas é importante lembrar que essa adequação entre a proposta urbanística e a arquitetura nem sempre se caracterizou pela convergência. Já nas origens do urbanismo moderno, como conseqüência da industrialização acelerada, as cidades passam a ser concebidas como um conjunto de redes interconectadas (circulação, abastecimento,etc) passíveis controle por meio de regras e princípios. Trata-se de uma proposta de urbanismo enquanto disciplina científica, sujeita a parâmetros, modelos e fórmulas universalmente aplicáveis. Assim, as duas principais propostas da modernidade, a tradição funcional e progressista dos CIAM e a tradição culturalista da Cidade-Jardim de E. Howard buscam sua fundamentação em modelos pragmáticos, científicos e universais. De outro lado, o exercício projetual da arquitetura mantém a tradição criativa, o fazer artístico. Assim, a pretensão científica do urbanismo moderno instaura uma cisão com a arquitetura, no papel de objeto estético autônomo, desligado de compromissos e relações com os demais elementos componentes do espaço urbano. Na expressão de Marcel Duchamp, o arquiteto passa a ser o produtor de “máquinas celibatárias”, objetos estéticos solitários em meio ao espaço urbano. Põe-se em jogo a dicotomia entre urbanismo e a arquitetura, ciência e arte, devidamente incorporada nas atividades do engenheiro e do arquiteto. O urbanismo proposto pelo movimento moderno parte do princípio de segregação espacial a partir da perspectiva funcionalista, privilegiando o zoneamento e a circulação. Desta forma, a arquitetura da cidade moderna passa a ser uma coleção de objetos autônomos, microcosmos singulares sujeitos a suas próprias condições e limites, mera cenografia do espaço de fluxos em que progressivamente vai se convertendo a cidade. De certa forma, os ecos do urbanismo científico moderno ainda se mostram presentes na cidade contemporânea. A noção de espaço urbano como conjunto de redes , por exemplo, é revitalizada pela proposta da “sociedade em rede” de Manuel Castells. Para ele, a sociedade global contemporânea está centrada no uso e aplicação da informação e do conhecimento, resultando em profundas mudanças nos sistemas de valores, nos sistemas políticos e na vida das cidades. Trata-se de uma redefinição histórica das relações de produção, de poder e de experiência individual e social, a partir da admissão de uma fundamentação na estrutura em redes, numa convergência com a crescente complexidade das interações, formas de produção e desenvolvimento, com a flexibilidade de organização e reorganização de processos, organizações e instituições, e com o acelerado desenvolvimento tecnológico. De forma simplificada, o conceito de rede pode ser entendido como um conjunto de nós interconectados que, pela sua flexibilidade e adaptabilidade, podem ser aplicados ao entendimento da complexidade das sociedades contemporâneas. Uma estrutura social organizada em redes, é um sistema dinâmico e aberto, onde a expansão é possível por meio da simples integração de novos nós que partilhem os mesmos códigos de comunicação que os demais. É a partir disso que se pode admitir uma nova lógica de organização espacial: o espaço de fluxos. Mercadorias, capitais, informação, pessoas, decisões, enfim, a 28/05/2020 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 2/6 atividade humana passa a estar submetida a esta forma de organização. Ao admitir o espaço de fluxos, torna-se necessário aceitar sua correlação com a noção de uma temporalidade fundamentada no instantâneo e no simultâneo. No funcionamento das redes, o tempo é binário, não expressa sequência, conhece só dois estados - presença e ausência - tudo o que existe é “agora” (está na rede e é imediatamente acessível), tudo o que não existe tem de ser introduzido do exterior (está fora da rede e é inacessível). O espaço dos fluxos, dissolve o tempo, desordenando a sequência de eventos, tornando-os simultâneos, instalando assim a sociedade numa espécie de eterna efemeridade. Tudo pode acontecer a qualquer momento. Considerando que a experiência da cidade é indissociável de uma experiência efetiva do tempo, e que o espaço de fluxos progressivamente se sobrepõe aos lugares, a produção da arquitetura em tal contexto torna-se mais problemática e complexa. Estaríamos condenados a reproduzir máquinas celibatárias como modelo cenográfico de paisagem urbana da cidade pós-industrial? Mongin (p.158-9) sugere que a revalorização da experiência urbana passa pela reconquista dos lugares a partir da reabilitação do tempo material e de uma arquitetura como vetor de imagens e idéias, devidamente alinhada com toda a produção cultural, artística e literária, também referências históricas exemplares, enquanto experiência multidimensional capaz de admitir o espaço de fluxos como componente estrutural. Exercício 1: A pretensão científica do urbanismo moderno instaura uma cisão com a arquitetura, que passa a assumir o papel de objeto estético autônomo, desligado de compromissos e relações com os demais elementos componentes do espaço urbano. Na expressão de Marcel Duchamp, o arquiteto passa a ser o produtor de “máquinas celibatárias”, objetos estéticos solitários em meio ao espaço urbano. Põe-se em jogo a dicotomia entre urbanismo e a arquitetura, ciência e arte, devidamente incorporada nas atividades do engenheiro e do arquiteto. O urbanismo proposto pelo movimento moderno parte do princípio de segregação espacial resultante da perspectiva funcionalista, privilegiando o zoneamento e a circulação. I. Desta forma, a arquitetura da cidade moderna passa a ser uma coleção de objetos autônomos e cenográficos ao longo de avenidas e estradas que configuram o espaço de fluxos II. Por isso, pode-se afirmar que a cidade moderna continua sendo o modelo de eficiência e estética a ser adotado para o desenvolvimento urbano III. Torna-se evidente que a adoção do urbanismo científico é necessária para dar continuidade ao projeto moderno e solucionar os problemas urbanos contemporâneos A) Apenas a afirmação I está correta B) Apenas a afirmação II está correta C) Apenas a afirmação III está correta D) Apenas as afirmações I e II estão corretas E) Apenas as afirmações II e III estão corretas O aluno respondeu e acertou. Alternativa(A) 28/05/2020 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 3/6 Comentários: D) A) Exercício 2: Para Manuel Castells, a sociedade global contemporânea está centrada no uso e aplicação da informação e do conhecimento. Isso resulta em profundas mudanças nos sistemas de valores, nos sistemas políticos e na vida das cidades. Trata-se de uma redefinição histórica das relações de produção, de poder e de experiência individual e social, a partir da admissão de uma fundamentação na estrutura em redes . A lógica da sua estrutura em redes é mais coerente com a crescente complexidade das interações, formas de produção e desenvolvimento, com a flexibilidade de organização e reorganização de processos, organizações e instituições, e com a convergência de tecnologias e integração de sistemas. I. As possibilidades de desenvolvimento da estrutura em rede depende da centralização da gestão de processos, inclusive do espaço urbano. II. Ao admitir o espaço de fluxos como fundamento da nova espacialidade urbana, torna-se necessário aceitar a importância da centralidade como fundamento único. III. Uma nova lógica de organização espacial emergente, o espaço dos fluxos, sob o qual mercadorias, informação, pessoas, passam a interagir ,deve necessariamente corresponder a uma nova estruturação do espaço urbano contemporâneo A) Apenas a afirmação I está correta B) Apenas a afirmação II está correta C) Apenas a afirmação III está correta D) Apenas as afirmações I e II estão corretas E) Apenas as afirmações II e III estão corretas O aluno respondeu e acertou. Alternativa(C) Comentários: C) Exercício 3: A expressão “máquinas celibatárias”, proposta por Marcel Duchamp, toma por referência I. a arquitetura da era da primeira era da máquina, cuja estética mecanicista divergia dos princípios da beleza estética moderna II. a convergência entre a cidade industrial e a proposta do movimento moderno de arquitetura III. a proposta de um espaço urbano constituído por objetos singulares e autônomos que não mantêm relações entre si ou com a própria cidade A) Apenas a afirmação I está correta B) 28/05/2020 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 4/6 As afirmarmações I e II estão corretas C) Apenas a afirmação II está correta D) As afirmarmações II e III estão corretas E) Apenas a afirmação III está correta O aluno respondeu e acertou. Alternativa(E) Comentários: C) D) A) E) Exercício 4: Considerando a proposta de Olivier Mongin em “A condição urbana” (São Paulo: Estação Liberdade, 2009) pode-se considerar como modalidades de externalização dos fluxos A) edifícios de escritórios e residências B) espaço urbano e espaço rural C) transportes e telecomunicações D) infra-estrutura e espaços públicos 28/05/2020 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 5/6 E) espaços públicos e espaços privados O aluno respondeu e acertou. Alternativa(C) Comentários: E) A) B) C) Exercício 5: ”A condição urbana generalizada está na origem de um sistema urbano globalizado que privilegia as redes e os fluxos, contribuindo assim para distinguir os lugares entre si, para hierarquizá-los e, sobretudo, para fragmentá-los” (Mongin,O. A condição urbana. São Paulo: Estação Liberdade, 2009 p.139). A afirmação de Mongin indica I. o inevitável fim dos territórios II. o fim do espaço urbano e dos lugares III. a necessária reconfiguração territorial A) Apenas a afirmação I está correta B) As afirmações I e II estão corretas C) Apenas a afirmação II está correta D) As afirmações II e III estão corretas E) Apenas a afirmação III está correta O aluno respondeu e acertou. Alternativa(E) 28/05/2020 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 6/6 Comentários: E)
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