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Modelos de Terapia Familiar

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Prévia do material em texto

Brasília-DF. 
Modelos de Terapia FaMiliar 
Elaboração
Karina Santos da Fonseca
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 4
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 5
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE ÚNICA
MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR ............................................................................................................ 9
CAPÍTULO 1
HISTÓRIA DA TERAPIA FAMILIAR ................................................................................................. 9
CAPÍTULO 2
TERAPIA FAMILIAR ................................................................................................................... 18
CAPÍTULO 3
ESCOLAS E TERAPIA PÓS-MODERNA ....................................................................................... 24
CAPÍTULO 4
CONSTRUCIONISMO SOCIAL E TERAPIAS NARRATIVAS ............................................................. 32
CAPÍTULO 5 
TERAPIA FAMILIAR E TRANSGERACIONALIDADE ........................................................................ 38
CAPÍTULO 6
GENOGRAMA NO ESPAÇO TERAPÊUTICO ............................................................................... 41
PARA (NÃO) FINALIZAR ..................................................................................................................... 51
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 53
4
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se 
entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. 
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela 
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da 
Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade 
dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos 
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém 
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a 
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo 
a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na 
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em 
capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos 
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar 
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para 
aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de 
Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Praticando
Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer 
o processo de aprendizagem do aluno.
6
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não 
há registro de menção).
Avaliação Final
Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso, 
que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única 
atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber 
se pode ou não receber a certificação.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
7
Introdução
O Assistente Social, no exercício de suas atribuições, possui a necessidade do conhecimento 
dos Modelos de Terapias Familiares. Por isso, torna-se relevante a obtenção de informações 
sobre a existência dos diversos Modelos de Terapias Familiares, tais como: as pós-modernas, as 
narrativas e o modelo trigeracional.
Este Caderno, portanto, tem o objetivo de proporcionar informações acerca dos Modelos de 
Terapias Familiares, com o compromisso de orientar os profissionais da área de Serviço Social, 
para que possam desempenhar suas atividades com eficiência e eficácia.
Objetivo
 » Conhecer os diversos Modelos de Terapia Familiar.
9
UNIDADE ÚNICAMODELOS DE 
TERAPIA FAMILIAR
CAPÍTULO 1
História da Terapia Familiar
“Família: grupo de pessoas ligadas entre si por laços de casamento ou de 
parentesco, ou conjunto de ancestrais ou descendentes de um indivíduo 
ou linhagem”. (LAROUSSE CULTURAL, 1992)
Embora a Teoria Geral dos Sistemas e a Cibernética tenham surgido em bases 
comuns, logo os diferentes sistemas de crenças envolvidos na elaboração de teorias 
resultaram em diferentes modelos de Terapia Familiar, caracterizados por sistemas de 
inteligibilidade diversos. Com isso, surgiram as distintas escolas de Terapia Familiar, 
com suas descrições, compreensões e interpretações próprias, podendo divergir, apesar 
de terem os mesmos pontos de partida.
Na década de 1950, surgiu, nos Estados Unidos, a terapia de família. Inúmeros 
fatores contribuíram para que seu surgimento ocorresse nesse país e nessa época, 
entre os quais podemos citar, como um dos mais relevantes, o pós-guerra. Nessa 
época de transformações, em diversas áreas dos Estados Unidos, como o aumento 
da industrialização, a participação das mulheres no mercado de trabalho, de novas 
tecnologias, de relações sociais modificadas, de aumento do acesso à educação, entre 
outras, surgiram consequências da consolidação dessa expansão que já vinha ocorrendo 
desde a Segunda Guerra Mundial.
De acordo com Ponciano (1999), todas essas transformações geraram um clima de 
otimismo e fé no futuro, o que favoreceu o aumento das famílias e a crença de que a 
família era um lugar da felicidade 
A Segunda Guerra Mundial proporcionou um ambiente intelectual e diversificado, com 
a imigração de vários profissionais de diversas áreas da Europa para os Estados Unidos. 
Esses imigrantes levaram consigo suas histórias e experiênciasvividas durante a guerra, 
e esses acontecimentos tiveram efeito importante sobre as disciplinas relacionadas 
10
UNIDADE I │MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR
à saúde mental. Isso porque, em situações de guerras, a capacidade que as pessoas 
costumam ter de possuir o controle sobre as próprias vidas e sobre o destino parece 
ser posta à mercê de forças sobre as quais elas não têm nenhum controle. Para Bloch 
e Rambo (1998), a consciência da importância do contexto social sobre a vida dos 
indivíduos nessa época aumentou rapidamente e adquiriu maior complexidade.
Nesse contexto, de forma paralela, ocorreu a união de psicanalistas judeu-europeus com 
psiquiatras militares norte-americanos parcialmente treinados que retornavam aos 
Estados Unidos sem muita perspectiva profissional, o que resultou no crescimento do 
movimento psicanalítico, e abriu as portas para terapias ativas que vieram suplantar a 
psiquiatria biológica inicial. Em um curto período de tempo, o movimento psicanalítico 
dominou o cenário psiquiátrico norte-americano, ao mesmo tempo em que começaram 
a surgir sinais de descontentamento com essa teoria.
Segundo Bloch e Rambo (1998), o descontentamento com esse modelo teve origem 
em alguns pontos, sendo os principais: o caráter limitado do modelo freudiano de 
desenvolvimento psicológico feminino; as mudanças dos paradigmas nas ciências 
sociais e naturais, o que inclui a física pós-einsteiniana, a Teoria da Informação, 
a Cibernética, a Linguística e a Teoria Geral dos Sistemas; a consciência dos limites 
das noções de saúde mental; e a tomada de consciência em relação à importância do 
contexto, o que, segundo os críticos, estaria em desacordo com a psicanálise, já que esta 
teria seu enfoque voltado para a história passada, na experiência interna do indivíduo, 
expressa em sequências intrapsíquicas.
O trabalho inicial centrado na família iniciou-se como pesquisa voltada, principalmente, 
para famílias com pacientes esquizofrênicos e delinquentes, que não estavam se 
beneficiando dos tratamentos convencionais. As primeiras e principais pesquisas 
direcionadas às famílias com pacientes esquizofrênicos foram as realizadas por Gregory 
Bateson, Don Jackson, Weakland, Haley, Bowen, Lidz, Whitaker, Malone, Scheffen e 
Birdwhistle, a maioria descrita no livro organizado por Bateson et al. (1980), “Interación 
familiar”. Já as pesquisas direcionadas às famílias com delinquentes tiveram seu marco 
inicial no projeto Wiltwick, realizado por Minuchin, no início da década de 1960.
Segundo Grandesso (2000), essas pesquisas representam o início de um novo campo 
que começava a se desenvolver e que tinha como principal característica a mudança de 
foco da prática terapêutica no indivíduo e nos processos intrapsíquicos, para a família, 
com ênfase nas interações entre seus membros. Diferente de outras correntes teóricas, 
como a psicanálise, por exemplo, que tinha em seu início formulações centradas em 
torno de um autor principal, esse novo campo começou a se desenvolver com muitas 
11
MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR│ UNIDADE I
influências, vindas de diversos campos e autores. As influências mais marcantes na 
formação desse campo foram da Teoria Geral dos Sistemas e da Cibernética.
Na década de 1930, foi desenvolvida, por Ludwig Bertalanffy, a Teoria Geral dos 
Sistemas, tendo por objetivo desenvolver leis que explicassem o funcionamento de 
sistemas gerais, independentes de sua natureza. Era, também, uma tentativa de aplicar 
princípios organizacionais a sistemas biológicos e sociais (RAPIZO, 1996). Junto a um 
biomatemático e um fisiologista, Bertalanffy criou o Centro de Estudos Superiores das 
Ciências do Comportamento, que mais tarde se tornou a Sociedade de Pesquisa Geral 
dos Sistemas, com o objetivo de desenvolver estudos sobre sistemas teóricos que fossem 
aplicáveis a mais de uma das disciplinas tradicionais da ciência.
De acordo com essa teoria, existiam princípios e leis que se aplicam aos sistemas em 
geral, independentemente de seu tipo particular, da natureza de seus elementos e das 
relações que atuam entre eles. A busca por princípios universais aplicáveis aos sistemas 
em geral, obteve como resultado três propriedades que estariam presentes em sistemas.
 » Totalidade: que se refere ao fato de todos os sistemas serem compostos 
de elementos interdependentes e em interação. 
 » Relação: que diz respeito às estruturas básicas dos elementos e ao modo 
como eles se relacionam.
 » Equifinalidade: que é a característica de o mesmo estado final poder 
ser alcançado partindo de diferentes condições iniciais e de diversas 
maneiras.
De acordo com Ponciano (1999), para definir essas propriedades, essa teoria operou o 
deslocamento da ênfase no conteúdo para a estrutura.
A palavra Cibernética vem do grego kybernetes, que significa piloto, condutor. Tal 
palavra foi escolhida pelos criadores da Cibernética, Wiener, Rosenblueth e Bigelow, 
para nomear o campo do conhecimento que se ocupa da teoria do controle e da 
comunicação na máquina e no animal. Ao escolherem esse nome, gostariam que fosse 
associado às máquinas que pilotam os navios, por estas serem as primeiras e mais bem 
desenvolvidas formas de feedback, conceito central de sua teoria. À medida que suas 
ideias foram apresentadas, outros cientistas interessaram-se e perceberam claramente 
a analogia entre o funcionamento do sistema nervoso e o funcionamento das máquinas 
de computação. Com o desenvolvimento de pesquisas e sua importância para a guerra, 
visto que a construção de máquinas computadoras era essencial naquele momento 
histórico, em 1946, aconteceu a primeira de uma série de conferências dedicadas 
12
UNIDADE I │MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR
ao tema do feedback como promoção da Fundação Josiah Macy, em Nova York. 
(VASCONCELOS, 2003)
A Cibernética evoluiu enquanto teoria, e o momento descrito é conhecido como 
Primeira Cibernética. A Segunda Cibernética surge com a introdução do conceito 
de morfogênese, feita por Maruyama (1968). Segundo esse autor, além de a 
sobrevivência dos sistemas depender de sua capacidade de manter o equilíbrio e 
a organização, apesar das modificações do meio (morfoestase), um sistema vivo 
necessita, também, modificar sua organização básica, para se adaptar às situações 
do meio. Dessa forma, o mecanismo, chamado por ele de morfogênese, funcionava 
com sequências que amplificavam o desvio, fazendo com que o sistema conseguisse 
sobreviver, adaptando-se às condições externas. Esses dois momentos, a Primeira 
e Segunda Cibernéticas, constituem a Cibernética de Primeira Ordem, que evoluiu 
para o que conhecemos como Cibernética de Segunda Ordem.
Para Vasconcelos (2003), essa passagem da Cibernética de Primeira para a de 
Segunda Ordem representa uma mudança paradigmática nas ciências como um todo, 
com o surgimento do que ela denomina cientista novo-paradigmático, ressaltando 
a mudança que ocorre no cientista e não na ciência como algo independente. Nesse 
novo paradigma, alguns pressupostos básicos da ciência tradicional são substituídos, 
a partir de problemas que surgem no limite dessa ciência. Dessa forma, as dimensões 
da simplicidade, da estabilidade e da objetividade são substituídas pela complexidade, 
instabilidade e intersubjetividade, ou objetividade entre parênteses.
Todas essas teorias influenciaram o campo da Terapia de Família desde início e 
continuaram a influenciar o seu desenvolvimento, havendo modificações que ocorreram 
paralelamente em ambas. Em um primeiro momento, o principal responsável 
pela aproximação entre a Teoria Geral dos Sistemas e a Cibernética e a área “psi” é 
o antropólogo Gregory Bateson, que veio a ser o grande mentor do que se tornou a 
Abordagem Sistêmica na Terapia de Família.
Novos aportes filosóficos, as questões da linguagem, a construção conjunta de 
significados(construtivismo e construcionismo social), as contribuições da nova física 
e os novos conhecimentos sobre o funcionamento do cérebro e da mente formam 
um pano de fundo para o surgimento de novas escolas de Terapia Família, que, sem 
abandonar completamente os pressupostos anteriores, passam a explorar as narrativas 
dos diversos membros de uma família, novas descrições para as histórias familiares 
que tragam mais recursos para o funcionamento da família. O terapeuta deixa de ser 
um observador externo, um expert em detectar problemas, para se transformar em um 
articulador, um mediador de conversações, mais preocupado em conhecer como essa 
13
MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR│ UNIDADE I
família se organiza e opera, quais os significados que são ou não compartilhados por 
seus membros. 
No Brasil, podemos destacar como grandes nomes da Terapia Familiar, entre outros: 
Marilene Grandesso, Maria José Esteves, Terezinha Féres, Rosa Macedo, Sandra 
Fedulo, Roberto Faustino (Recife), Rosana Rapizzo e Luiz Carlos Prado.
É possível compreendermos que o sistema familiar vive interações que repercutem 
no seu desempenho, tanto em seu ambiente interno quanto externo. Dessa forma, 
conseguimos entender um dos principais pilares da Terapia Familiar, que é a 
circularidade que estuda, atenciosamente, as sequências interacionais dos familiares, 
para um olhar mais aprofundado acerca dos fatores que estão “segurando”o padrão 
comportamental familiar. Sabe-se que todo sistema faz parte de um sistema maior. Por 
esse motivo, é importante relacionar a família, observando-se sua rede de subsistemas, 
mediante a leitura de contextos mais amplos, ou seja: indivíduo, grupo, comunidade, 
sistema de crenças, cultural, político.
A família é compreendida como um sistema aberto e, dependendo de como “administra” 
suas relações, poderá “trabalhar” para, diante de um desafio, problema, continuar na 
sua zona de conforto e não propiciar a mudança, ficando na homeostase. Pode, também, 
“trabalhar” no favorecimento da mudança, buscando condições de superação e novos 
significados.
É importante ressaltar que a Terapia Familiar dos dias atuais tem seus paradigmas 
baseados na Ciência Pós-Moderna e se apoia nos seguintes conceitos.
 » Complexidade: não existe só uma realidade; base no multiverso; há 
diferentes olhares, múltiplos significados acerca de um mesmo fato. 
Imprevisibilidade: compreender que as imprevisibilidades existem, 
pois muitos fatos não estão sob o nosso controle.
 » Intersubjetividade: influências recíprocas entre o observador e 
a realidade observada; negação da neutralidade, ou seja, enquanto 
participante do processo terapêutico, o terapeuta também coloca, nesse 
percurso, suas vivências.
A Teoria Sistêmica nos ensina a olhar como a vida das pessoas é moldada pelas interações 
tanto com seus familiares quanto pelos contextos nos quais estão inseridos. O contexto 
familiar é compreendido de forma menos objetiva e mais complexa, no qual se vai em 
busca dos diversos significados dos membros familiares e da família como um todo. O 
14
UNIDADE I │MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR
terapeuta familiar deverá atuar como um facilitador, ajudando nesse processo de curar 
feridas e, também, de mobilizar talentos e recursos.
Para tal, é preciso que, ao trabalhar no processo terapêutico familiar, o terapeuta possa 
se aprofundar nos seguintes pontos significativos.
 » Contexto relacional.
 » Circularidade dos comportamentos: individual e familiar, emocional, 
afetivo e cognitivo.
 » Padrão de comportamento familiar: abertura /fechamento à mudança.
 » Estrutura familiar: subsistemas, fronteiras, triângulos, alianças, colisões, 
hierarquia, papéis.
 » Heranças familiares e suas influências: proximidade e diferenciação, 
sentimento de pertencer à família por meio dos seus valores e aprendizados, 
mas também se trabalhar em busca de um sentido de autoria própria – 
autonomia. Esse olhar familiar é transgeracional, focando a família de 
origem e a família nuclear. Muitas vezes, trabalhamos com a compreensão 
de três gerações.
 » Processos de comunicação.
 » Crenças, valores e significados.
 » Ciclos de vida familiar.
 » Função do sintoma na família.
O terapeuta familiar sistêmico procura desenvolver uma epistemologia voltada à 
atenção de como evolui na sua forma de conhecer, atuar, mediante a observação atenta 
dos seus valores, sua visão de mundo, e a forma pela qual faz a integração desses fatores 
ao contexto terapêutico. Seu olhar é, continuadamente, voltado ao contextual, ao 
relacional, sem esquecer, também, o valor do fator individual em cada sistema familiar, 
refletindo o terapeuta, que, ao mesmo tempo, é parte integrante do sistema.
Contextualizando uma visão pós-moderna, no conceito da Terapia Familiar (1980), 
Maria José Esteves coloca que é importante reforçar os seguintes pontos.
 » Entender que a família é um sistema aberto e que o terapeuta não está a 
serviço de reparar ou consertar a disfunção. Importante o trabalho cooperativo 
15
MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR│ UNIDADE I
entre família e terapeuta, voltando o olhar à família também como recurso, e não 
só dificuldade.
 » A intersubjetividade do terapeuta deverá ser compreendida e incluída 
no contexto do sistema: o terapeuta deverá, ao mesmo tempo em que faz 
parte do sistema, dele tomar distância, para refletir conteúdos que são 
seus e das famílias.
 » Sabendo que não existe apenas uma realidade, o terapeuta precisa estar 
consciente das suas ideias que tem acerca das patologias, estruturas 
disfuncionais, seus preconceitos, das suas demandas, para que, colocando 
tudo isso em parênteses, possa estar aberto para visões alternativas.
 » Essencial que o terapeuta aja como facilitador da autonomia do cliente, 
vez que ele tem a função de “arquiteto do diálogo”, que incentiva condições 
e facilita a abertura para a criação do espaço dialógico.
 » O terapeuta deverá compreender que adotar o pensamento circular não 
significa anular o pensamento linear, que faz parte da sobrevivência 
de todos nós. Importante é focalizar ideias, sentimentos e ações, 
compreendendo como esses se entrelaçam e contribuem ao sentido de 
autoria das famílias, olhando, também, as condições de interdependência 
dessas situações.
 » Fundamental ao terapeuta pós-moderno é investir, continuadamente, 
no exercício de aprender sobre Terapia Familiar, aprender como fazer 
Terapia Familiar e aprender como ser um terapeuta de família.
Vivemos, hoje, na Terapia Familiar, a uma multiplicidade de abordagens, tantos quantos 
forem os terapeutas em questão. Contudo, a ausência de um purismo de abordagens 
não significa uma anarquia epistemológica, se considerarmos os marcos referenciais da 
pós-modernidade como seus denominadores comuns. Uma coerência epistemológica 
une as práticas pós-modernas de terapia em torno de alguns pressupostos teóricos 
comuns que organizam a ação dos terapeutas.
 » A consciência de que o terapeuta co-constrói, no sistema terapêutico, em 
ação conjunta com a família, a definição do problema e das possibilidades 
de mudança. 
 » A crença de que toda mudança só pode se dar a partir da própria pessoa 
e da sua organização sistêmica autopoiética, sendo responsabilidade e 
especialidade do terapeuta a organização da conversação terapêutica. 
16
UNIDADE I │MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR
 » A mobilização dos recursos da família, da comunidade e das redes de 
pertencimento, legitimando o saber local de pessoas e contextos. 
 » Uma concepção não essencialista de self, compreendida como construída 
no contexto das relações e práticas discursivas; a visão da pessoa como 
autora de sua história e existência, competente para a ação e para o 
agenciamento de escolhas, a partir de um posicionamento autorreflexivo, 
moral e ético, podendo criar e expandir suaspossibilidades existenciais. 
 » A ênfase sobre os significados socialmente elaborados na linguagem e 
nos espaços dialógicos, sendo construídos nos discursos emergentes e, ao 
mesmo tempo, responsáveis por suas transformações. 
 » A crença no diálogo, definido como um cruzamento de perspectivas, 
como uma prática social transformadora para todos os envolvidos, 
independente de seu lugar como terapeuta e cliente. 
 » A ênfase nas práticas de conversação e nos processos de questionamento 
como recurso para gerar reflexão e mudança, conforme expande os 
horizontes de terapeutas e clientes. 
 » A adoção de postura hermenêutica em que a compreensão é coconstruída 
intersubjetivamente pelos participantes da conversação. 
 » A ênfase muito mais no processo do que no conteúdo das histórias, 
compreendendo as narrativas como locais e, portanto, idiossincráticas.
Refletindo sobre o panorama atual da Terapia Familiar, podemos considerar que sua 
consistência decorre de uma epistemologia unificadora pós-moderna, apoiada numa 
hermenêutica contemporânea construída na intersubjetividade, envolvendo a pessoa 
do terapeuta como coconstrutor das realidades com as quais trabalha. A prática dessas 
terapias ditas pós-modernas envolve um trânsito do terapeuta entre teoria e prática de 
modo epistemologicamente coerente, de acordo com os meios que se lhe apresentem 
mais úteis e despertem seu entusiasmo e sua criatividade enquanto interlocutor 
qualificado.
Enquanto uma prática social transformadora, essa terapia se organiza a partir dos 
contextos locais e das histórias culturais de distintas comunidades linguísticas. O 
respeito pela diversidade e multiplicidade de contextos com seus saberes locais implica 
numa terapia construída a partir da aceitação da responsabilidade relacional do 
terapeuta, legitimando os direitos humanos de bem-estar e de exercício da livre escolha.
17
MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR│ UNIDADE I
Os imensos desafios que se apresentam para o terapeuta, vindos do campo da saúde 
mental, das instituições voltadas para o cuidado e do tratamento da pessoa, dentro 
de uma perspectiva pós-moderna, convidam para a humildade na construção do 
conhecimento e conduzem, cada vez mais, para uma ação transdisciplinar numa 
instância de trocas colaborativas entre os distintos domínios de saber e no uso de 
técnicas como recursos a serviço do bem-estar. O caráter autorreferencial e de reflexo 
presente nas terapias pós-modernas desafiam o terapeuta a tornar explícitos seus 
pré-juízos, seus valores e suas opções ideológicas, nos limites da sua subjetividade, 
estabelecendo parâmetros para a clínica que pratica, harmonizando, de forma estética, 
teoria e prática a serviço do bem-estar das famílias que são atendidas.
18
CAPÍTULO 2
Terapia Familiar
Neste capítulo, abordaremos a temática relacionada aos modelos de Terapia Familiar, 
desde sua gênese, para que, assim, possamos compreender como desencadeou o seu 
desenvolvimento e quais foram as suas contribuições.
“A família é uma unidade social que enfrenta uma série de tarefas de 
desenvolvimento. Estes diferem de acordo com os parâmetros das 
diferenças culturais, mas têm raízes universais”. (MINUCHIN)
A Terapia Familiar estuda os indivíduos enquanto parte integrante de sistemas 
interpessoais. Sistemas estes que, por sua vez, servem de contexto explicativo das 
condutas. Esse enfoque é uma explicação da denominada Teoria Geral dos Sistemas 
(TGS), no que concerne ao campo comportamental.
A Teoria Geral dos Sistemas é um modelo abstrato com um nível de generalização tal 
qual se pode aplicar a diferentes ciências. O que os psicoterapeutas familiares fizeram 
foi tomar os seus conceitos básicos e utilizá-los ao campo da Terapia Familiar.
O conceito de família está diretamente relacionado a uma unidade fundamental que 
acompanha a formação e o desenvolvimento do ser humano. Sua composição ocorre por 
pessoas que estabelecem, entre si, profundas ligações emotivas, que são naturalmente 
complexas e diferentes ao longo da vida e, muitas vezes, unem várias gerações, podendo 
possuir elementos que, não tendo ligação biológica com a família, são afetivamente 
muito importantes no enredo das relações familiares. A família designa, assim, um 
conjunto de elementos emocionalmente ligados entre si.
A Terapia Familiar é um diálogo que se constrói e se desenvolve no tempo, envolvendo 
um terapeuta disponível e uma família, normalmente, em grande sofrimento. 
É uma procura de novas alternativas que não passa por resolver problemas e corrigir 
erros, mas, principalmente, por colocar em evidência a competência da própria família, 
ativando sua participação na resolução dos seus problemas.
Os terapeutas não transformam, mas suscitam ocasiões favoráveis às mudanças. 
Costumam orientar o seu foco de intervenção mais para o modo como os padrões de 
interação sustentam um problema do que, propriamente, para a identificação das suas 
causalidades. Considera-se que a família, como um todo, é maior do que a soma das 
partes.
19
MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR│ UNIDADE I
A Terapia Familiar, muitas vezes, está associada à sua variante de terapia de casal, e 
conhecida como Terapia Familiar Sistêmica, devido à sua origem no seio do modelo 
sistêmico. É um tipo de terapia que se aplica a casais ou famílias, em que os membros 
possuem algum nível de relacionamento. A Terapia Familiar Sistêmica tende a 
compreender os problemas em termos de sistemas de interação entre os membros de 
uma família. Desse modo, os relacionamentos familiares são considerados como fator 
determinante para a saúde mental, e os problemas familiares são vistos mais como um 
resultado das interações sistêmicas do que como uma característica particular de um 
indivíduo.
O Pensamento Sistêmico surgiu, no século XX, em contraposição ao pensamento 
“reducionista-mecanicista”, herdado dos filósofos da Revolução Científica do século 
XVII, como Descartes, Bacon e Newton. 
É uma forma de abordagem da realidade que compreende o desenvolvimento 
humano sobre a perspectiva da complexidade. O Pensamento Sistêmico não nega a 
racionalidade científica, porém acredita que ela não oferece parâmetros suficientes 
para o desenvolvimento humano. Assim, deve ser desenvolvida conjuntamente com 
a subjetividade das artes e das diversas tradições espirituais. É considerado como 
componente do paradigma emergente, representado por cientistas, pesquisadores, 
filósofos e intelectuais de vários campos. Por definição, aliás, o Pensamento Sistêmico 
inclui a interdisciplinaridade. É importante destacar sua abordagem sistêmica, que 
lança olhar não somente para o indivíduo isoladamente, pois considera, também, seu 
contexto e as relações aí estabelecidas.
Para se pensar de forma sistêmica, é necessário ter uma nova forma de olhar o mundo 
e o homem. Além disso, também é exigida uma mudança de postura por parte do 
cientista, postura esta que propicia ampliar o foco e entender que o indivíduo não é o 
único responsável por ser portador de um sintoma, mas, sim, que existem relações que 
mantêm esse sintoma. 
De acordo com Capra (1996), o pensamento sistêmico tem raízes 
teóricas na Biologia Organísmica, na Física Quântica, na Psicologia 
Gestalt e na Ecologia. É uma disciplina, e não uma tecnologia, porque 
constitui um regime de ordem livremente consentida pela pessoa ou 
pelo grupo interessado. Entretanto, é possível “empacotar” (codificar) 
os princípios da dinâmica de sistemas como tecnologia de modelagem 
matemática. (BRIDGELAND)
20
UNIDADE I │MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR
A Terapia Familiar Sistêmica consiste em uma abordagem terapêutica em que todos 
os indivíduos participam da sessão. A família funciona como um todo, e as pessoas 
interagem umas com as outras e influenciam essas relações em apoio mútuo.
O terapeuta familiarpode oferecer uma melhora das interações no interior do sistema 
familiar e fazer um processo de recodificação de mensagens, possibilitando maior 
compreensão nas suas comunicações. Também pode facilitar uma busca e descoberta 
de novos caminhos de relação sistêmica, incitar a todos para atuarem e descobrirem 
onde convém introduzir mudanças, para favorecer uma evolução e um amadurecimento 
ao paciente identificado e em todo sistema.
A Terapia Familiar evoluiu a partir de uma multiplicidade de influências, tendo recebido 
contribuições de diferentes áreas do conhecimento. Desde o início da formulação da 
psicanálise, Freud considerou e ressaltou, em seus estudos, as relações familiares. Em 
“Fragmento da Análise de um Caso de Histeria” (1905), ele afirma que devemos prestar 
tanto atenção às condições humanas e sociais dos enfermos quanto aos dados somáticos 
e aos sintomas patológicos, ressaltando que o interesse do psicanalista deve dirigir-se, 
sobretudo, para as relações familiares dos pacientes. Freud faz referência à família em 
vários outros momentos de sua obra. Em uma das suas Conferências, ele se refere às 
resistências externas, emergentes das circunstâncias do paciente, de seu ambiente, que 
interferem no processo analítico e que podem explicar um grande número de fracassos 
terapêuticos. Ressalta que, muitas vezes, quando a neurose tem relação com os conflitos 
entre os membros de uma família, os membros sadios preferem não prejudicar seus 
próprios interesses do que colaborar na recuperação daquele que está doente. Todavia, 
apesar da preocupação com as relações familiares e da importância que atribui a elas, 
Freud, como sabemos, não desenvolveu uma teoria da família nem tampouco uma 
técnica de atendimento familiar.
Na área “psi”, podemos ressaltar algumas postulações teóricas de autores que colaboram 
para o surgimento da Terapia Familiar. Um importante precursor, sem dúvida, foi Adler, 
que enfatiza, em sua Teoria do Desenvolvimento da Personalidade, a importância dos 
papéis sociais e as relações entre esses papéis na etiologia da patologia. Influenciado 
pelas teorias de Adler, Sullivan coloca que a doença mental tem origem nas relações 
interpessoais perturbadas e que um entendimento mais completo do indivíduo só 
pode ser alcançado no contexto de sua família e de seus grupos sociais. Sullivan coloca, 
assim, a patologia na relação, na dimensão interacional. Paralelamente a Sullivan, 
Frieda Fromm-Reichman estuda a relação mãe-filho como possível fonte de patologia e 
formula o conceito de mãe esquizofrenogênica, para explicar, em termos etiológicos, a 
relação do paciente esquizofrênico com sua mãe.
21
MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR│ UNIDADE I
No final da Segunda Guerra, surge o movimento das comunidades terapêuticas, proposto 
por Maxwell-Jones, para a reformulação da assistência psiquiátrica. O conjunto das 
relações imediatas do paciente internado passou a ser considerado no seu tratamento. 
A ideia fundamental é que a melhora do quadro clínico do paciente vai ocorrer à medida 
que ansiedades e conflitos surgidos nas relações entre os membros da comunidade 
hospitalar possam ser trabalhados. Em seguida, Pichon-Rivière inclui a família na 
sua compreensão da doença mental e desenvolve a noção de “bode expiatório” como 
depositário da patologia que é de toda a família. Todos esses movimentos, formulações 
teóricas e novas compreensões da patologia propiciaram o surgimento dos primeiros 
estudos no campo da Terapia Familiar propriamente dita.
No início da década de 1950, ao mesmo tempo em que crescia, a partir da produção 
teórica, a consciência da importância da família no desenvolvimento e na manutenção 
da patologia mental, a prática clínica vigente era regida por regras que ressaltavam que 
o contato com a família do paciente não deveria ser feito.
Essa situação postergou a divulgação do trabalho clínico inicial com famílias e tornou 
a pesquisa, nesse período, o modo mais facilmente aceitável de se atenderem famílias, 
facilitando a aprendizagem sobre seu funcionamento e sobre as possibilidades 
terapêuticas de atendimento conjunto. Assim, os primeiros autores importantes na 
área da Terapia Familiar produziram conceitos teóricos relevantes sobre estrutura e 
dinâmica da família, ao longo do desenvolvimento de grandes projetos de pesquisa. 
Essa pesquisa inicial foi realizada com a população esquizofrênica, tendo em vista ser a 
esquizofrenia uma doença frequente, de longa duração, com alto índice de reincidência, 
e muito resistente aos métodos terapêuticos vigentes. O problema social dela decorrente 
justificou a aplicação de verbas públicas na investigação dessa patologia, o que ocorreu, 
nesse momento, sobretudo nos Estados Unidos e na Inglaterra.
Entre os vários grupos de pesquisa que se organizaram, o grupo de Gregory Bateson, 
cujo trabalho foi desenvolvido em Palo Alto, tem como resultado, em 1956, a primeira 
publicação na área: o artigo clássico intitulado “Toward a Theory of Schizophrenia”, 
em que são postuladas as bases familiares da etiologia da esquizofrenia e formulado o 
conceito de duplo-vínculo. Segundo esses autores, para que tenha lugar uma situação 
de duplo-vínculo, são necessárias as seguintes condições: duas pessoas com um alto 
nível de envolvimento (em geral, a mãe e o seu bebê); um paradoxo infringido pela 
mãe ao bebê, que é chamado de “vítima”; a repetição dessa experiência, que passa a 
ser habitual; e a impossibilidade da “vítima” de abandonar o campo, ou seja, escapar 
ao paradoxo. Aos poucos, o foco desses estudos, inicialmente voltados para famílias 
com pacientes esquizofrênicas, foi se ampliando, abrangendo famílias com pacientes 
neuróticos e, eventualmente, famílias sem patologias sérias. Os trabalhos mostraram 
22
UNIDADE I │MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR
que os fenômenos descobertos nas famílias esquizofrênicos eram elementos básicos 
na dinâmica familiar. Constata-se que os mesmos princípios interacionais estavam 
presentes em todas as famílias, embora em graus diferentes. A patologia não representava 
(assim como não representa no indivíduo) uma situação qualitativamente diferente, 
mas uma exacerbação de determinados padrões. 
Campo da Terapia Familiar
Enfoque Sistêmico
Os Estados Unidos, que estão agora na terceira geração de terapeutas familiares, 
reclamam para si o pensamento sistêmico no trabalho clínico com famílias. A partir 
da Teoria Geral dos Sistemas e da Teoria da Comunicação surgiram várias escolas de 
Terapia Familiar e vários institutos e centros de atendimento e de formação foram 
criados. Para os teóricos da comunicação, qualquer comportamento, verbal ou não 
verbal, manifestado por uma pessoa (emissor), em presença de outra (receptor), é 
comunicação. Ao mesmo tempo em que a comunicação transmite uma informação, ela 
define a natureza da relação entre os comunicantes. Essas duas operações constituem, 
respectivamente, os níveis de relato (digital) e de ordem (analógico) presentes em 
qualquer comunicação. Quando esses dois níveis se contradizem, temos o paradoxo. A 
comunicação paradoxal está na origem da patologia familiar.
A família é vista como um sistema equilibrado. O que mantém esse equilíbrio são 
as regras do funcionamento familiar. Quando, por algum motivo, essas regras são 
quebradas, entram em ação meta-regras, para restabelecer o equilíbrio perdido.
A terapia desenvolvida a partir desse enfoque enfatiza a mudança no sistema familiar, 
sobretudo pela reorganização da comunicação entre os membros da família. O passado 
é abandonado como questão central, pois o foco de atenção é o modo comunicacional 
no momento atual. A unidade terapêutica desloca-se de duas pessoas para três ou mais 
na medida em que a família é concebida como tendo uma organização e uma estrutura. 
É dada uma ênfase a analogias de uma parte do sistema com relaçãoa outras partes, de 
modo que a comunicação analógica é mais enfatizada que a digital.
Os terapeutas sistêmicos abstêm-se de fazer interpretações na medida em que 
assumem que novas experiências, no sentido de um novo comportamento que 
provoque modificações no sistema familiar, geram mudanças. Nesse sentido, são 
usadas prescrições, nas sessões terapêuticas, para mudar padrões de comunicação, e 
prescrições, fora das sessões, com a preocupação de encorajar uma gama mais ampla de 
23
MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR│ UNIDADE I
comportamentos comunicacionais no grupo familiar. Há certa concentração no problema 
presente, mas este não é considerado apenas como um sintoma. O comportamento 
sintomático é visto como uma resposta necessária e apropriada ao comportamento 
comunicativo que o provocou. A partir do enfoque sistêmico, várias escolas de Terapia 
Familiar se desenvolveram, entre elas a Escola Estrutural, a Estratégia, a de Milão e, 
mais recentemente, a Escora Construtivista.
24
CAPÍTULO 3
Escolas e Terapia Pós-Moderna
A família poderia assim se constituir de uma instituição normalizada por 
uma série de regulamentos de afiliação e aliança, aceitos pelos membros. 
Alguns desses regulamentos envolvem: a exogamia, a endogamia, o 
incesto, a monogamia, a poligamia, e a poliandria (MINUCHIN, 1990). 
Escola Estrutural 
Na década de 1950, a Teoria Estruturalista tornou visível o conflito entre as Teorias 
Clássicas e das Relações Humanas. A primeira considerava a organização formal sob 
uma visão de que, para as empresas serem eficientes, deveriam ter o foco na estrutura e 
na forma. Já a última valorizou a teoria informal, as pessoas e os grupos internos.
A abordagem estruturalista criou uma teoria mais abrangente, entendendo a empresa 
como uma organização aberta, ou seja, tendo grande interação com o ambiente externo 
direto e indireto, além do conceito de homem organizacional, dos inevitáveis conflitos 
e dos incentivos mistos dentro da organização.
A Escola Estruturalista surgiu em decorrência do declínio do movimento das relações 
humanas, no final da década de 1950, com os seguintes aspectos.
 » Oposição entre os aspectos formais e os defendidos pelos autores da 
Escola Clássica, informais, valorizados pelos autores da Escola de 
Relações Humanas.
 » Necessidade de visualizar a organização como um todo, e não de forma 
compartimentada e isolada. A organização lida com muitas variáveis 
complexas de ordem interna e externa. Ela tanto influencia quanto pode 
ser influenciada pelo ambiente externo direto e indireto.
 » Repercussão dos resultados dos estruturalistas na compreensão das 
organizações como um todo integrado e complexo.
25
MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR│ UNIDADE I
Conceito de Estruturalismo
O Estruturalismo é um método analítico e comparativo que estuda os elementos ou 
fenômenos em sua totalidade, salientando seu valor de posição. Os estruturalistas 
preocupam-se com as relações e interconexões das partes na constituição e na 
compreensão de todos. O Estruturalismo está alicerçado na totalidade e na reciprocidade, 
para facilitar o entendimento de que o todo é o maior que a simples soma das partes.
Fundamentos da Escola Estruturalista
O homem organizacional é aquele que desempenha diferentes papéis em organizações 
diversas. Para cada papel desempenhado, o homem deve adotar posturas/
comportamento, como a flexibilidade, tolerância, capacidade de adiar as recompensas 
e permanente desejo de realização.
A necessidade de o homem relacionar seu comportamento com o de outras pessoas, a fim 
de atingir um objetivo, gera a organização social. Na organização social, encontramos o 
elemento comportamento, gerado pelo estímulo, e o elemento estrutura, que é formado 
por categorias de comportamento ou conjuntos de comportamentos agrupados. Os 
conflitos, para os estruturalistas, são inevitáveis. Fazem parte de um processo social 
fundamental, pois é o grande elemento propulsor do desenvolvimento, embora isso 
nem sempre ocorra.
O movimento estruturalista não só reconheceu o conflito como inevitável, mas também 
como, muitas vezes, desejável, para tirar os empregados da zona de conforto. Ele deve 
estimular a mudança, ou seja, a passagem do estado estável para o estado instável.
A administração de conflitos requer a conservação de um nível adequado de conflitos 
em um grupo. Pouco conflito gera estagnação. Muito conflito gera rupturas e brigas 
internas. Ambos os casos são prejudiciais para o grupo. Dessa forma, compete ao gestor 
manter um nível adequado de conflitos, por meio da utilização de técnicas de resolução 
e estimulação de conflitos.
O conflito nas organizações pode ser decorrente tanto dos atributos estratégicos, 
estruturais, processuais e ambientais quanto de desempenho. Fatores como origem, 
educação, experiência e treinamento moldam cada empregado em uma personalidade 
única com um conjunto particular de valores. O resultado é que as pessoas podem ser 
vistas pelas outras como ríspidas, indignas de confiança, difíceis, estranhas de lidar. 
Essas diferenças pessoais podem estimular o conflito.
26
UNIDADE I │MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR
As técnicas geralmente utilizadas na resolução de conflito são a abstenção, acomodação, 
imposição ou coerção, acordo ou conciliação e colaboração.
Há que se ressaltar os incentivos mistos. Os estruturalistas consideram importantes 
tanto os incentivos e recompensas psicossociais quanto os materiais, bem como as 
influências mútuas.
Os símbolos e os significados também devem ser prezados e compartilhados pelos 
outros, como a esposa, os colegas, os amigos, os vizinhos. Embora as recompensas sociais 
sejam importantes, elas não diminuem a importância das recompensas materiais.
Alguns autores identificaram a corrente, que foi denominada corrente estruturalista, 
cujo enfoque foi estabelecer uma crítica sobre o que tinha sido escrito até então dentro 
desse campo. Com isso, foram passados em revista os conceitos da Escola Clássica, 
de Relações Humanas e da Burocracia, tomando-se, novamente, a retórica sobre 
organizações e sua complexidade.
As escolas anteriormente estudadas tinham visão parcial dos elementos que compunham 
uma organização. E é impróprio considerarmos que o Estruturalismo constitui por si 
só um corpo teórico com inovações conceituais sobre a administração, mas não o é 
considerá-lo a forma organizada de analisar os mesmos problemas já abordados de 
maneira fragmentada.
Ao estudarmos a organização sob a óptica estruturalista, estamos, necessariamente, 
fazendo uma análise globalizante de todos os fatores que compõem o todo organizacional. 
Mais que isso, estamos reconhecendo a integração e interdependência desses fatores. 
Outro aspecto importante do conceito de Estruturalismo é a influência que esses fatores 
exercem uns sobre outros, de onde surge a necessidade de reconhecer a existência de 
um ambiente em que se inserem.
A finalidade da organização, em um sentido amplo, depende de alguma combinação 
dos seguintes fatores: das hipóteses concernentes à natureza do homem; da unidade de 
análise, ou seja, dos níveis institucionais, individuais e organizacionais; e, por último, 
do ponto de partida da organização.
Minuchin é o principal teórico da Escola Estrutural e, para ele, a família é um sistema 
que se define em função dos limites de uma organização hierárquica. O sistema familiar 
diferencia-se e executa suas funções por meio de seus subsistemas. As fronteiras de 
um subsistema são as regras que definem quem participa de cada subsistema e como 
participa. Para que o funcionamento familiar seja adequado, essas fronteiras devem 
ser nítidas. Quando as fronteiras são difusas, as famílias são aglutinadas; fronteiras 
27
MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR│ UNIDADE I
rígidas caracterizam famílias desligadas.Famílias saudáveis emocionalmente possuem 
fronteiras claras. A estrutura não é, para Minuchin (1974), uma entidade imediatamente 
acessível ao observador. É no processo de união com a família que o terapeuta obtém os 
dados. A terapia estrutural é uma terapia de ação, e o sintoma é visto como um recurso 
do sistema para manter uma determinada estrutura.
Escola Estratégica 
A Escola Estratégica (HALEY, 1985; MADANES, 1984) é um modelo pragmático voltado, 
essencialmente, para a clínica. Sua preocupação é com a solução do problema e com 
a identificação dos comportamentos que mantêm o problema. Para cada resolução de 
problema, são traçadas estratégias específicas. Há um plano geral que inclui a primeira 
entrevista, a qual tem lugar muito importante, pois, além de explorar o problema, 
estabelece as metas e as atribuições que cabem a todos. Progressivamente, vão sendo 
planejadas intervenções que requerem cooperação de todos, até o estágio de resolução 
do problema, e uma fase posterior de manutenção dos ganhos obtidos.
O termo estratégico é utilizado para descrever qualquer terapia em que o terapeuta 
realiza ativamente intervenções para resolver problemas. A visão estratégica define o 
sintoma como expressão metafórica ou analógica de um problema, representando, ao 
mesmo tempo, uma forma de solução insatisfatória para os membros do sistema em 
questão.
A abordagem terapêutica é pragmática: trabalham-se as interações e evitam-se os 
porquês. O principal objetivo é mudar o comportamento manifesto do paciente. 
São utilizadas instruções paradoxais que consistem em prescrever comportamentos 
que, aparentemente, estão em oposição aos objetivos estabelecidos, mas que visam 
a mudanças em direção a eles. A instrução paradoxal é mais utilizada sob a forma 
de prescrição de sintoma, isto é, encorajando-se aparentemente o comportamento 
sintomático. Para Watzlawick et al. (1967), o uso do paradoxo leva à substituição da 
ação do duplo vínculo patogênico por um duplo vínculo terapêutico.
Escola de Milão
Refere-se à Escola da Psicoterapia Sistêmica, desenvolvida pelos psiquiatras e 
psicanalistas milaneses Mara Selvini Palazzoli, Luigi Boscolo, Gianfranco Cecchin e 
Giuliana Prata. Esse grupo de estudiosos afastou-se da psicanálise na década de 1970 
e dava ênfase ao tratamento da família como um todo, priorizando a observação do 
28
UNIDADE I │MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR
“jogo” intrafamiliar, ou seja, das regras internas e implícitas que regem a família − e 
que, normalmente, servem de apoio à sintomática.
Foi, então, desenvolvido um Modelo Sistêmico de Intervenção Familiar, que é utilizado 
no atendimento de famílias anoréticas e ou com problemas sérios emocionais.
Partindo da hipótese de que a família é um sistema autorregulado que se governa por 
meio de regras, Palazzoli et al. (1978) relatam suas pesquisas com diferentes grupos 
de famílias. Conclui que as famílias de anoréticos são caracterizadas pela presença de 
redundâncias comportamentais e por regras particularmente rígidas, enquanto que as 
famílias com um paciente psicótico, embora haja a rigidez do modelo base, apresentam 
enorme complexidade nas modalidades transacionais.
Um princípio terapêutico fundamental para o grupo de Milão é a conotação positiva 
dos comportamentos apresentados pela família, quando se qualificam como positivos 
os comportamentos sintomáticos motivados pela tendência homeostática do sistema. 
Outro tipo de intervenção utilizada pelo grupo de Milão é o ritual familiar, ou seja, 
uma ação ou uma série de ações das quais todos os membros da família são levados a 
participar. A prescrição de um ritual visa a evitar o comentário verbal sobre as normas 
que perpetuam o jogo em ação. No ritual familiar, novas regras substituem, tacitamente, 
as regras precedentes. Para elaborar um ritual, o terapeuta deve ser bastante observador 
e criativo. O ritual é rigorosamente específico a uma determinada família.
A neutralidade é a posição de que o sistema deve ser visto em todas as suas partes, 
e todas têm a mesma importância na sua expressão. Na prática, é fazer aliança com 
todos os membros da família. Além do valor da equipe como um importante recurso 
no atendimento, a Escola de Milão trouxe questionamentos sobre o intervalo entre as 
sessões como outro recurso terapêutico (BOSCOLO; CECCHIN; HOFFMAN & PENN, 
1993). Nichols & Schwartz (2006/2007) consideram que a Escola de Milão pode ser 
vista como estratégica (na origem de seus conceitos e prescrições) e com ênfase na 
adoção de rituais, que são ações prescritas para dramatização da conotação positiva.
Escola Construtivista 
No final da década de 1970, utilizando os conceitos da Cibernética de Segunda Ordem e de 
sua aplicação aos sistemas sociais, surge a Escola Construtivista. A partir da concepção 
de retroalimentação evolutiva de Prigogine (1979), considera-se que a evolução de um 
sistema ocorre por meio da combinação de acaso e história, em que, a cada patamar, 
surgem novas instabilidades que geram novas ordens, e assim sucessivamente. Nessa 
perspectiva em que os sistemas vivos são considerados como hipercomplexos e 
29
MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR│ UNIDADE I
indeterminados, instabilidade e crise ganham um novo sentido no sistema familiar. A 
crise não é mais um risco, mas parte do processo de mudanças, assim como o sintoma.
Assim, os terapeutas de família da Escola Construtivista passam a considerar a autonomia 
do sistema familiar, partindo do estudo dos sistemas auto-organizados da Cibernética 
de Segunda Ordem e dos sistemas autopoéticos postulados por Humberto Maturana 
(1990). Ocorre, nesse enfoque, uma ruptura entre o sistema familiar/observado e o 
terapeuta/ observador. O sistema surge como construção de seus participantes. O 
terapeuta estará interessado não mais no comportamento a ser modificado, mas no 
processo de construção da realidade da família e nos significados gerados no sistema. 
A ênfase é deslocada do que é introduzido no sistema pelo terapeuta para aquilo que o 
sistema permite a ele selecionar e compreender. Alguns terapeutas estratégicos podem 
ser citados como tendo incluído posteriormente na sua prática o modo de pensar 
construtivista; entre eles, os do grupo de Milão. Palazzoli et al (1980) estabelecem 
três princípios indispensáveis ao trabalho terapêutico: a formação de uma hipótese, 
a circularidade e a neutralidade. A hipótese formulada deve ser testada ao longo da 
sessão; se rejeitada, o terapeuta procurará outras, baseando-se nos dados obtidos na 
verificação da primeira hipótese. Todas as hipóteses devem ser sistêmicas, ou seja, 
devem incluir todos os membros da família e fornecer uma conjetura que explique a 
função da relação. A circularidade diz respeito à capacidade do terapeuta de conduzir 
a sessão, baseando-se nos feedbacks recebidos da família como resposta à informação 
que solicitou em termos relacionais.
A neutralidade consiste numa atitude de imparcialidade do terapeuta, que se alia a 
cada membro da família, neutralizando qualquer tentativa de coalizão ou sedução de 
qualquer componente do grupo familiar.
O enfoque construtivista, proposto a partir de uma ótica sistêmica de segunda ordem, 
questiona, portanto, o poder do terapeuta na Terapia Familiar e as intervenções 
terapêuticas diretivas. A ênfase não é colocada na pergunta, mas na construção da 
interação. A ação do terapeuta pretende explorar as construções em que surgem os 
problemas.
A Terapia Sistêmica de Família mudou juntamente com o mundo, que já não é mais o 
mesmo. As ideias pós-modernas, com contribuições dos aportes filosóficos, abordando 
as questões da linguagem, as teorias sobre a construção conjunta de significado, as 
questões de gênero, a ética, as contribuições da nova física e os novos conhecimentos 
sobre o funcionamento do cérebro e da mente formaram umpano de fundo para o 
surgimento de novas escolas de Terapia de Família.
30
UNIDADE I │MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR
Sem abandonar completamente os pressupostos anteriores, novas abordagens 
terapêuticas passaram a explorar as narrativas dos diversos membros de uma família, 
em busca de diferentes descrições para os problemas e de mais recursos para o 
funcionamento da família, sempre se perguntando sobre o que seria adequado em cada 
contexto sociocultural. O terapeuta deixou de ser um observador externo, um especialista 
em detectar problemas, para se transformar em um articulador, um mediador de 
conversações preocupado em conhecer como determinada família se organiza e opera. 
E também os significados construídos e compartilhados por seus membros.
Nesse meio tempo, o desenvolvimento de nossas teorias da terapia 
tem caminhado rapidamente em direção a uma posição mais 
hermenêutica e interpretativa. Essa posição enfatiza os sentidos 
à medida que eles são criados e vivenciados pelos indivíduos nas 
conversações. Na busca por essa nova base teórica, desenvolvemos um 
conjunto de ideias que conduzem nosso entendimento e explicações 
à arena dos sistemas em movimento, que existem somente nos 
caprichos do discurso, da linguagem e da conversação. É uma posição 
firmada nos domínios da semântica e da narrativa que se apoia, 
principalmente, no princípio segundo o qual a ação humana acontece 
em uma realidade de entendimento criada pela construção social e do 
diálogo. Desse ponto de vista, as pessoas vivem e compreendem seu 
viver por meio de realidades narrativas construídas socialmente que 
conferem sentidos e organização à sua experiência. (ANDERSON; 
GOOLISHIAN, 1998, p.36)
Sem negar a importância do conhecimento do especialista, o pós-modernismo põe em 
evidência o conhecimento local, o conhecimento trazido pelas histórias e narrativas 
pessoais. Geertz (1978), inspirado em Ryle − filósofo inglês representante da geração 
influenciada pelas teorias de Wittgentein sobre a linguagem −, menciona dois tipos de 
narrativas ou descrições: as descrições superficiais, que buscam analisar os significados 
culturais a partir do ponto de vista do especialista, determinando o que eles são; e as 
descrições ou narrativas densas que analisam os significados a partir do ponto de vista 
dos atores, interessando-se por quem eles são.
O pós-modernismo trouxe novas metáforas para a questão da comunicação. Chamamos 
atenção para sua etimologia, que mostra a mesma origem das palavras comum, comuna 
e comungar: todas se originaram da expressão latina commune. Além da ideia da 
transmissão de informações, comunicação remete ao processo de construção de um 
sentido comum por meio da relação mediada pela linguagem. 
31
MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR│ UNIDADE I
O pensamento da pós-modernidade, associado a uma prática clínica 
sistêmica, manifesta-se em um conjunto de princípios e derivações 
práticas em torno dos enfoques conhecidos como construtivismo e 
Construcionismo Social (...) Posso dizer que, em linhas bem gerais, 
a oposição dá-se entre uma visão de construção do conhecimento 
centrada no indivíduo, no caso do construtivismo, e uma centrada na 
construção social, no caso do construcionismo. (GRANDESSO, 2000, 
p.56)
Para Benjamim, a experiência é fundamental; não a experiência isolada, mas, sim, a 
experiência de uma pessoa em interação com seu contexto pessoal, familiar, social, 
político, espiritual. E a narrativa que surgirá dessa experiência será sempre uma forma 
artesanal de comunicação, cujo sentido surge a cada vez que é narrada, a cada encontro 
entre narrador e ouvinte, que, estando em interação, em comunicação, construirão, em 
conjunto, o sentido do que vivem.
32
CAPÍTULO 4
Construcionismo Social e Terapias 
Narrativas
“Não é simplesmente a sociedade que é complexa, mas cada átomo do 
mundo humano”. (MORIN, 1996:84)
Construcionismo Social
O Construcionismo Social considera o discurso sobre o mundo não como um reflexo 
ou mapa do mundo, mas como um artefato de intercâmbio social. O Construcionismo 
constitui-se um desafio significativo à compreensão convencional, sendo uma orientação 
tanto em relação ao conhecimento quanto ao caráter dos constructos psicológicos. 
Embora suas raízes possam ser rastreadas há bom tempo nos debates entre as escolas de 
pensamento empirista e racionalista, o Construcionismo busca ultrapassar o dualismo 
com o qual as duas teorias estão comprometidas e situar o conhecimento no interior dos 
processos de intercâmbio social. Ainda que o papel da explicação psicológica se torne 
problemático, o Construcionismo plenamente desenvolvido pode oferecer um meio 
para compreender o processo da ciência e convidar para que se desenvolvam critérios 
alternativos para a avaliação da investigação psicológica.
A pesquisa construcionista social ocupa-se, principalmente, em explicar os processos 
pelos quais as pessoas descrevem, explicam, ou, de alguma forma, dão conta do 
mundo em que vivem (incluindo-se a si mesmas). Busca formas compartilhadas de 
entendimento tal como existem atualmente, como existiram em períodos históricos 
anteriores e como poderão vir a existir se a atenção criativa se dirigir nesse sentido. 
A importância do movimento construcionista é mais bem apreciada tendo como fundo 
a história. Embora o tratamento completo dos antecedentes relevantes esteja além do 
alcance deste artigo, é útil entender o Construcionismo em relação a duas tradições 
intelectuais rivais. Estas tradições podem ser amplamente identificadas em termos 
de orientações ou modelos básicos de conhecimento. Por um lado, pensadores como 
Locke, Hume, os Mills e vários empiristas lógicos do presente século localizaram a 
fonte do conhecimento (como representação mental) nos eventos do mundo real. O 
conhecimento copia (ou deveria idealmente copiar) os contornos do mundo. Essa 
perspectiva exogênica (GERGEN, 1982) tende, portanto, a ver o conhecimento como 
um peão da natureza. O conhecimento apropriado mapeia ou espelha o mundo real como 
ele é. Em contraste, filósofos como Spinoza, Kant, Nietzsche e vários fenomenólogos 
33
MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR│ UNIDADE I
tenderam a adotar uma perspectiva endogênica quanto às origens do conhecimento. 
Nesse caso, o conhecimento depende de processos (algumas vezes considerados inatos) 
endêmicos ao organismo. Diz-se, assim, que os humanos abrigam tendências inatas a 
pensar, categorizar, ou processar informação, e que essas tendências (antes do que as 
características do mundo em si mesmo) são de importância capital na configuração do 
conhecimento. 
A antinomia exogênico-endogênico tem, também, desempenhado papel importante 
tanto pela filosofia pragmatista quanto pela positivista. O behaviorismo (juntamente 
com o neobehaviorismo) localizou (e continua localizando) os determinantes principais 
da atividade humana no ambiente. Para que o organismo se adapte com sucesso, alega-
se que seu conhecimento deve representar ou refletir adequadamente o meio ambiente. 
Até recentemente, a perspectiva endogênica não conseguiu florescer em solo americano.
O interesse pela inferência lógica, modelos cognitivos, armazenamento e recuperação 
de informação e heurística cognitiva ampliou a premissa lewiniana: a ação humana é 
criticamente dependente do processamento de informação, ou seja, no mundo como 
é conhecido, e não no mundo como é. É claro que tal mudança na ênfase explicativa 
ocorreu, em grande medida, também na Psicologia em geral. Os contornos dessa 
“revolução cognitiva” são amplamente reconhecidos.
Parece que o cognitivismo tampouco poderá atingir a hegemonia no discurso 
psicológico. Essa tem sido uma história de disputas contínuas e não resolvidas entre 
pensadores exogênicos (ou empiristas, neste contexto) e endogênicos(racionalistas, 
idealistas, fenomenológicos). Essencialmente, a história da Filosofia do Conhecimento 
pode ser amplamente escrita em termos de uma série contínua de movimentos 
pendulares. Temos testemunhado o conflito entre as formas puras do conhecimento 
de Platão versus o interesse de Aristóteles pelo papel da experiência sensorial; entre 
a autoridade atribuída por Bacon, Locke e Hume à experiência versus as capacidades 
racionais atribuídas à mente por Descartes, Spinoza e Kant; entre a ênfase colocada por 
Schopenhauer e Nietzsche, na vontade e na paixão, na geração do conhecimento, e as 
tentativas dos positivistas lógicos de basear todo conhecimento em dados observáveis.
Quando o cognitivismo é estendido às suas conclusões naturais, converte-se num infeliz, 
inaceitável solipsismo. Além disso, o cognitivismo permanece perenemente incapaz 
de resolver problemas espinhosos, tais como a origem das ideias ou dos conceitos e 
a forma como as cognições influenciam o comportamento (GERGEN, 1985). Restam 
para serem elaboradas explicações convincentes de como as cognições poderiam tanto 
ser “construídas” a partir da experiência quanto ser geneticamente programadas. 
34
UNIDADE I │MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR
Tampouco as teorias têm sido capazes de resolver o dilema cartesiano de explicar como 
a “matéria mental” pode influenciar ou ditar diferentes movimentos corporais. 
É contra esse fundo que se pode observar a emergência do Construcionismo Social. Ao 
invés de uma vez mais retomar o movimento de pêndulo, o desafio (para muitos) tem 
sido transcender o dualismo tradicional sujeito-objeto e todos os problemas que lhe 
são concomitantes (cf. RORTY, 1979), e desenvolver uma nova estrutura de análise, 
baseada numa teoria alternativa (não empirista) do funcionamento e dos potenciais da 
ciência.
Esse movimento se inicia, efetivamente, quando se questiona o conceito de 
conhecimento como representação mental. Dada a miríade de situações insolúveis a que 
tal conceito dá margem, somos levados a considerar o que se toma por conhecimento 
nos assuntos humanos. Há pelo menos um candidato majoritário, que é representado 
pela interpretação linguística. Geralmente, tomamos por conhecimento aquilo que é 
representado em proposições linguísticas – arquivado em livros, revistas, disquetes etc. 
Essas interpretações, para continuar um tema anterior, são constituintes de práticas 
sociais. Sob essa perspectiva, o conhecimento não é algo que as pessoas possuem em 
algum lugar dentro da cabeça, mas, sim, algo que as pessoas fazem juntas. As linguagens 
são, essencialmente, atividades compartilhadas. De fato, até que os sons ou sinais 
cheguem a ser compartilhados no interior de uma comunidade, é desapropriado falar-se 
em linguagem. Com efeito, podemos encerrar a investigação sobre a base psicológica da 
linguagem (cuja descrição constituiria nada mais do que um subtexto ou linguagem em 
miniatura) e nos focalizar no uso prático da linguagem nos assuntos humanos.
O construcionismo, inevitavelmente, encontrará resistências dentro da Psicologia em 
geral. Ele se constitui num desafio potencial às premissas tradicionais do conhecimento; 
a pesquisa psicológica é ela própria, colocada na desconfortável posição de um objeto 
de pesquisa. Todavia, para o analista social, a mudança é de grandes proporções. A 
investigação social já não se defronta com a ameaça de se tornar um empreendimento 
secundário, meramente elaborando as implicações sociais de processos psicológicos 
mais fundamentais. Ao contrário, o que se toma como processo psicológico, em última 
instância, passa a ser um derivativo de trocas sociais. O locus explicativo da ação humana 
muda da região interior da mente para os processos e as estruturas de interação humana. 
A pergunta “por quê?” não é respondida com um estado ou processo psicológico, mas 
se levando em consideração as pessoas em relação. Poucos estão preparados para um 
deslocamento conceitual tão violento. Contudo, para os inovadores, aventureiros e as 
pessoas flexíveis, os horizontes são de fato emocionantes.
35
MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR│ UNIDADE I
O Construcionismo tem sido uma alternativa atraente por causa de sua ênfase nas 
bases sociais do conhecimento, seus processos de interpretação e sua preocupação com 
os fundamentos valorativos das descrições científicas. As feministas têm sido, portanto, 
pioneiras no emprego de estratégias interpretativas de pesquisa, documentando a 
construção científica de gênero, demonstrando os usos pragmáticos da investigação 
construcionista (SASSEN, 1980) e explorando os fundamentos da metateoria 
construcionista. (UNGER, 1983)
Esse movimento não oferece regras fundamentais de garantia e, nesse sentido, é 
relativista. Contudo, isso não significa que “vale tudo”. Por causa da dependência inerente 
dos sistemas de conhecimento em comunidades de inteligibilidade compartilhada, a 
atividade científica será sempre, em grande medida, governada por regras normativas. 
Entretanto, o Construcionismo convida os praticantes a verem essas regras situadas 
histórica e culturalmente – sujeitas, portanto, à crítica e à transformação. Pode haver 
estabilidade do conhecimento sem o embrutecimento do fundacionalismo. Além disso, 
ao contrário do relativismo moral da tradição empirista, o Construcionismo reafirma a 
relevância dos critérios morais para a prática científica.
Terapias Narrativas 
A Terapia Narrativa é, às vezes, conhecida por envolver a “reautoria” ou a “renarração” 
das conversas. Como esses relatos sugerem, as histórias são centrais para a compreensão 
de formas narrativas de trabalho.
Elas se distinguem das outras abordagens terapêuticas na forma como olham para o 
discurso das pessoas (suas narrativas). Enquanto as outras abordagens veem o discurso 
das pessoas como meio para chegar aos fenômenos psicológicos relevantes, ou seja, 
olham por meio da narrativa, as terapias narrativas veem esse discurso como sendo o 
próprio fenômeno psicológico relevante. Essa abordagem se desenvolveu, após a década 
de 1970, a partir dos trabalhos Michael White e David Epston, da Nova Zelândia, e 
entende que as pessoas são os maiores especialistas em suas próprias vidas e, por isso, 
o olhar sobre as histórias que elas contam sobre si mesmas passa a ser priorizado.
Há muitos temas diferentes que poderiam caracterizar o que ficou conhecido como 
“Terapia Narrativa”, e cada terapeuta trabalha essas ideias de maneira diversa. Quando 
você ouve alguém se referindo à “Terapia Narrativa”, elas podem estar se referindo a 
formas peculiares de compreender as identidades das pessoas. Ainda como alternativa, 
elas poderiam estar se referindo a certas maneiras de compreender problemas e seus 
efeitos nas vidas das pessoas. Elas também poderiam estar falando sobre formas 
singulares de conversar com as pessoas sobre suas vidas e sobre os problemas pelos 
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UNIDADE I │MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR
quais estão passando, ou formas particulares de compreender relações terapêuticas e a 
ética ou política da terapia. 
A Terapia Narrativa busca ser uma abordagem respeitosa, sem tentar achar culpados 
para realizar os aconselhamentos e trabalhos com a comunidade, e que centra as pessoas 
como especialistas em suas próprias vidas. Ela examina os problemas como situações 
separadas das pessoas e pressupõe que as pessoas têm diversas habilidades, diversas 
competências, diversas crenças, diversos valores, diversos compromissos e diversas 
habilidades que irão ajudá-las a reduzir a influência dos problemas em suas vidas.
Há vários princípios que ensinam maneiras narrativas de trabalhar, mas, em minha 
opinião, duas são particularmente significativas: sempre manter uma atitude de 
curiosidade e sempre fazer perguntas cujas respostas você realmente não saiba. Eu o 
convido a ler este caderno de estudoscom esses dois princípios em mente. Eles nos 
ensinam sobre as ideias, a atitude, o tom, os valores, os compromissos e as crenças da 
Terapia Narrativa.
As conversas narrativas são interativas e sempre estão em colaboração com as pessoas 
que estão consultando o terapeuta. O terapeuta busca entender o que é do interesse das 
pessoas que estão se consultando com ele e como a jornada está se adequando a suas 
preferências. Frequentemente, você vai ouvir, por exemplo, um terapeuta narrativo 
perguntar o seguinte.
 » Como essa conversa está indo para você? 
 » Devemos continuar falando sobre isso ou você estaria mais interessado 
em outro assunto? 
 » Isso é interessante para você? 
 » Devemos passar nosso tempo falando sobre isso? 
 » Talvez, você esteja mais interessado em me ouvir, fazendo mais perguntas 
sobre isso, ou, talvez, você queira focar nossa conversa em outras opções? 
Dessa forma, conversas narrativas são guiadas e dirigidas pelos interesses daqueles que 
estão consultando o terapeuta. 
Os terapeutas narrativos pensam em termos de histórias – histórias dominantes e 
histórias alternativas; enredos dominantes e enredos alternativos; eventos sendo 
conectados por meio do tempo que têm implicações para ações do passado, presente 
e futuro; histórias que poderosamente moldam vidas. Os terapeutas narrativos estão 
interessados em unir-se a pessoas, a fim de investigar as histórias que eles têm sobre 
37
MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR│ UNIDADE I
suas vidas e seus relacionamentos, seus efeitos, seus significados e o contexto no qual 
elas foram formadas e criadas.
As Terapias Narrativas distinguem-se da seguinte forma. 
Narrativa Dominante: é narrativa que suporta o problema. É restrita a único tema e, 
independentemente das mudanças da situação de vida da pessoa/família, as narrativas 
produzidas são sempre variações desse tema. Isso consolida o problema inviabiliza 
percursos alternativos.
Narrativa Alternativa: utiliza elementos provenientes de uma ou mais das narrativas 
que a pessoa/família trazia consigo, mas inclui, também, novas experiências, novos 
temas e novas interações. 
A intervenção explora a forma como são organizadas e contadas às narrativas dominantes 
da pessoa/família, e produz uma transformação na natureza dessas histórias e/ou na 
forma de contá-las, alternando a sua força na manutenção do problema.
Seguem algumas técnicas. 
Externalização: procura situar o problema não na pessoa/família, mas como algo 
separado e que exerce uma influência sobre pessoa/família.
Questões sobre resultados únicos: os resultados únicos são os acontecimentos 
que contradizem a narrativa dominante.
Amplificação da Narrativa Alternativa: parte dos resultados únicos e procura 
valorizar a sua importância na construção da narrativa alternativa, proporcionando a 
pessoa/família experiência diferente de si próprio/a.
38
CAPÍTULO 5 
Terapia Familiar e Transgeracionalidade
“Numa terapia orientada para o crescimento, a questão central é a de 
focar sobre a expansão do significado da experiência e a ampliação dos 
horizontes de vida”. (WHITAKER,1990, p.59)
Ao pensarmos sobre o processo terapêutico com olhar sobre a transgeracionalidade, 
primeiramente consideraremos a postura do terapeuta no setting. A partir do momento 
em que se inicia uma terapia, terapeuta e família formam um sistema, no qual o 
terapeuta sai da postura de mero observador e atua dentro da configuração que se 
estrutura, relembrando da premissa sistêmica que diz que onde existem elementos em 
relação, há a um sistema operando.
Enfocaremos um terapeuta que baseia a sua prática em uma posição narrativa, que 
considera que os sistemas humanos são geradores de linguagens e sentidos, (incluindo 
o sistema terapêutico), os quais são construídos socialmente dialogicamente, em uma 
troca de mão dupla, na qual novos sentidos são criados. O terapeuta passa a ser um 
observador-participante que exercita a sua “arte” ao fazer perguntas terapêuticas, 
a partir de uma posição de não saber, que objetiva a criação dialógica de uma nova 
narrativa, que dá um novo sentido para a vida. (MCNAMEE; GERGEN, 1998)
A inclusão do observador, a co-construção, a autorreferência e a significação da experiência 
na conversação são características da intersubjetividade, que, junto à complexidade e 
instabilidade, fundamentam o pensamento sistêmico (VASCONCELLOS, 2002). Para 
o terapeuta, é fundamental auto-observar-se, percebendo quais são os sentimentos, as 
sensações e as imagens que aparecem nas situações durante a sessão terapêutica, pois 
esse conteúdo lhe servirá de guia para a realização do tratamento. Essa autopercepção 
está relacionada com o conhecimento que o terapeuta tem de sua própria vida, 
sua história e dinâmica familiar. Para um terapeuta trabalhar com os fenômenos 
transgeracionais, faz-se fundamental que ele mesmo tenha passado pela experiência 
de identificar quais os padrões predominantes em sua família, mitos, crenças, tema, 
conflitos de lealdade, para observar sua influência na prática profissional, identificando 
quais possíveis dificuldades e facilidades no desempenho de sua função terapêutica. 
Além de o terapeuta ter a experiência de fazer sua terapia pessoal, uma forma entrar 
em contato com a transgeracionalidade de sua família é, durante a formação em 
Terapia Familiar, confeccionar o Genograma de sua família de origem. O modo como o 
Genograma é feito dispõe as informações da família graficamente, de forma a oferecer 
uma visão compreensiva dos complexos padrões familiares. A utilização do Genograma 
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MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR│ UNIDADE I
proporciona uma visão do quadro geracional de uma família e de seu movimento por 
meio do ciclo de vida: “Os genetogramas são retratos gráficos da história e do padrão 
familiar, mostrando a estrutura básica, a demografia e os relacionamentos da família” 
(CARTER; MCGOLDRICK, 1985, p.144). As informações reunidas pelo Genograma 
incluem nomes e idades de todos os membros da família; datas exatas de nascimentos, 
casamentos, separações, divórcios, mortes, abortos e outros acontecimentos 
significativos; indicações datadas das atividades, ocupações, doenças, lugares de 
residência e mudanças no desenvolvimento vital; e as relações entre os membros da 
família.
Por meio dos Genogramas, ao acessar os principais mitos e as principais crenças que 
norteiam a vida da família atendida, que a acompanham há gerações e determinam 
os padrões de relacionamentos, é possível a criação de hipóteses sobre o problema 
clínico da família. Com isso, é possível fazer determinadas predições sobre os processos 
futuros que a família vivenciará, baseando-se na utilização do Genograma. De acordo 
com Bowen (apud WENDT; CREPALDI, 2007), passado e presente são examinados 
para se obter possíveis informações sobre o futuro. 
Ao chegarem para a terapia, as famílias encontram-se focadas no momento presente, 
paralisadas pelos seus problemas e sentimentos ou ansiosas por um momento futuro, 
perdendo a consciência do movimento contínuo da vida, que inclui passado, presente 
e futuro, junto às transformações dos relacionamentos familiares. “Quando o senso 
de movimento é perdido ou distorcido, a terapia pode devolver o senso da vida como 
um processo e movimento” (CARTER; MCGOLDRICK, 1985, p.13). Whitaker (1990) 
recomenda expandir o entendimento familiar dos sintomas por meio de sua extensão 
para o passado, para as gerações prévias.
Outro método é impeli-los para frente, em direção às novas gerações. Ao supor que os 
sintomas têm continuidade pelas gerações, é possível acessar o rico mundo simbólico 
que percorre a família extensiva. Sequências comportamentais que formam padrões se 
tornam organizadas em torno de temas que, frequentemente, servem como metáforas 
para o tipo de sintoma que é escolhido. A palavra

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