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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE FITOTECNIA DISCIPLINA: GRANDES CULTURAS I NOTAS DE AULA PROFESSOR – JOÃO BOSCO PITOMBEIRA CULTURA DO ARROZ (Documento de circulação restrita) FORTALEZA - CEARÁ 2006.1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE FITOTECNIA DISCIPLINA: GRANDES CULTURAS I NOTAS DE AULA CULTURA DE ARROZ SUMÁRIO: 1. IMPORTÂNCIA ECONÔMICA 2. ORIGEM, CLASSIFICAÇÃO, MORFOLOGIA E DESENVOLVIMENTO DA PLANTA 3. CLIMA E SOLO 4. PRÁTICAS CULTURAIS 5. PRAGAS E DOENÇAS 6. COLHEITA, BENEFICIAMENTO E ARMAZENAMENTO 7. MELHORAMENTO BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ou RECOMENDADA: · Cultura do arroz de sequeiro. Instituto de Potassa e Fosfato. Piracicaba, SP. 1983. · Adubação e nutrição mineral do arroz. N.K.Fageria. Embrapa-CNPAFeijão.Editora Campus. Rio de Janeiro, RJ. 1984. · Lavoura arrozeira. Revista do IRGA. Porto Alegre, RS. · Manual de produção do arroz irrigado. M.G.Ramos et al.Florianópolis, EMPASC/ACARESC. 1981. · Nutrição e adubação do arroz (sequeiro e irrigado). Morel P.Barbosa Filho. Boletim Técnico 09. Associação Brasileira para a Pesquisa da Potassa e do Fosfato.Piracicaba, SP. 1987. · Recomendações técnicas para a cultura do arroz irrigado no Nordeste. C.M Ferreira, Goiânia: EMBRAPA-CNPAF. 1998. 56p (EMBRAPA-CNPAF. Doc. 86). · Zinco e ferro na cultura do arroz. M. P Babosa Filho; J. F Dynia, e N.K Fageria, Brasilia:Embrapa-Spi,1994.71p(Embrapa-Cnpaf. Documentos, 49). · Breeding Field Crops. J. M. Poehlman and D. A Sleper. Iowa University Press. 4th Edition. 1995. · Hybrid rice. S.S. Virmani. In: Advances in Agronomy. Vol. 57. 377-451. Academic Press, Inc. 1996. · Rice: Origin, history, tecnology and production. C. W. Smith and R. N. Dilday (Editors). Wiley, 2002. · http://www.irri.org · http://riceweb.org · http://www.cnpaf.embrapa.br CULTURA DO ARROZ 1. Importância econômica O arroz (Oryza sativa L), é segundo cereal produzido no mundo superado apenas pelo o milho (Tabela 01). O cultivo do arroz está intimamente envolvido na cultura, alimentação e economia de vários povos. Tabela 01. Situação mundial dos principais cereais. Produção, área colhida e produtividade. 2001/2004. Cereal ANO 2001 2002 2003 2004 Produção de grãos x 1000 (t) Milho 614,751 604,407 635,708 705,293 Arroz 597,889 575,429 584,975 624,093 Trigo 590,309 572,666 557,308 608,496 Cevada 133.798 136,446 140,978 155,114 Sorgo 60,194 52,191 58,900 60,224 Área colhida x 1000 (ha) Milho 139,081 137,830 141,151 217,556 Arroz 151,696 147,589 150,938 153,256 Trigo 214,719 213,485 208,132 145,142 Cevada 54.029 55,161 56,814 57,030 Sorgo 44,234 42,132 43,915 44,391 Rendimento (kg/ha) Milho 4.420 4.385 4.503 4.859 Arroz 3.941 3.898 3.875 3.970 Trigo 2.749 2.682 2.677 2.868 Cevada 2.476 2473 2481 2.719 Sorgo 1.360 1.238 1.341 1.356 Fonte: FAOSTAT Database. 2005 É uma planta semi-aquática originada nos trópicos quentes e úmidos. A dispersão natural e a seleção praticada pelo homem estenderam o plantio do arroz desde o rio Amur, 530 LN, na fronteira entre a União Soviética e a China até 400 LS na Argentina. É possível ainda encontrar arroz sendo cultivado nos climas frios das montanhas do Nepal e Índia como também nos desertos do Paquistão, Irã e Egito. É lavoura de sequeiro na Ásia, África e América Latina. Arrozes flutuantes prosperam em águas de 3m de profundidade em Bangladesh, Birmânia, Tailândia e Vietnã. Em solos salinos, alcalinos e sulfoácidos se comporta melhor do que outros cultivos. Das plantas que se aproveita o grão, é a única cultivada quase que exclusivamente para a alimentação humana. Constitui a dieta básica de mais de 3,0 bilhões de pessoas. É usado na indústria de álcool, perfumarias, bebidas (cerveja, saquê) vinagre, acetona, farinhas alimentícias, etc. Os grãos "in natura", devido a proteção da casca, não sofrem facilmente o ataque das pragas dos grãos armazenados como acontece com o milho e sorgo. É considerado um alimento leve, devido a fácil digestão, sendo por isso recomendado para crianças e pessoas idosas. A qualidade do arroz depende dos costumes e tradições dos países ou regiões onde é consumido. Na Tailândia, o arroz de boa qualidade deve ter grãos longos, finos e translúcidos, e após a cocção apresentar um produto solto e tenro. No Japão, preferem-se grãos curtos e largos que após a cocção fiquem pegajosos. No Paquistão a preferência é por grãos longos, finos e aromáticos. O brasileiro prefere grãos soltos. Na camada externa da semente de arroz está a maioria dos nutrientes de valor alimentício. O polimento do arroz, para melhorar o aspecto comercial do grão, retira grande parte desses nutrientes. Entretanto o arroz sem polimento é de difícil conservação, devido ao óleo contido no pericarpo e aleurona, que rancifica facilmente e o torna escuro após a cocção. O valor nutricional do arroz e outros cereais encontram-se a seguir: Composição Proteínas Gorduras Carboidratos Calorias + fibra Arroz* 7,5 1,7 77,7 356 Trigo** 11,2 1,0 74,7 353 Milho*** 7,5 1,1 78,8 355 Cevada* 8,2 1,0 78,3 357 Aveia* 14,2 7,0 68,2 396 Milheto*** 5,6 1,5 78,0 336 Valores expressos em g/100g do produto * grãos sem casca ** farinha *** grãos Fonte: Fageria (1984) As vitaminas existentes nas camadas externas do arroz, removidas no processo de polimento, são do grupo B - tiamina, ácido nicotínico e riboflavina. Pessoas que tem o arroz como dieta básica podem ser acometidas das doenças beribéri e pelagra, causadas por deficiência de vitaminas. Para evitar a retirada da parte mais nutritiva do arroz no processo de polimento, foi desenvolvido um processo industrial que consiste em colocar o arroz com casca em uma câmara onde é feito o vácuo. Em seguida é injetada água quente sob pressão, que dissolve as vitaminas, proteínas e gorduras da superfície do grão injetando-os no seu interior. Após esse tratamento o arroz é seco, descascado e polido. O grão fica consistente, tem coloração amarelada, é de fácil preparo e não difere quanto ao gosto do arroz comum. Esse processo de enriquecimento do arroz é chamado de parboilização e o arroz submetido a esse processo é chamado de parboilizado. Nos Estados Unidos 95% do arroz consumido e enriquecido com vitaminas do complexo B. No Brasil, recentemente foi desenvolvida tecnologia para adição de vitaminas e ferro ao arroz polido. Situação do arroz no mundo A produção mundial de arroz está concentrada no continente asiático. Em 2003 os cinco países mais produtores e as respectivas participações na produção mundial foram: China (29,0%), Índia (22,3%), Indonésia (9,0%), Blangadesh (6,6%), Vietnã (5,8,0%) (Tabela 02). Nesse ano o Brasil contribui com apenas 1,7% para produção mundial. Os sistemas de cultivo do arroz no mundo encontram-se na Figura 01. Situação do arroz no Brasil O arroz é cultivado em todo território nacional. Na safra 2002 os principais estados produtores foram Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Santa Catarina, Maranhão, Pará e Tocantins (Tabela 03). No Brasil o consumo "per capita" é estimado em 45 kg/ano, enquanto nos Estados Unidos não ultrapassa 8 kg/ano. Em países da Ásia pode atingir 200 kg/ano. É cultivado em dois ecossistemas: 1) terras altas sem irrigação (sequeiro) e 2) em várzeas (terras baixas) podendo ser com irrigação controlada (irrigado) e sem controle da irrigação (várzeas inundadas). Na safra 98/99 o ecossistema várzeas contribuiu com 60% da produção total (10 milhões de toneladas) e 40% da área cultivada (3,5 milhões de hectares) Tabela 02 Produção de arroz em casca nos principais países produtores em (Mt) Paises produtores Ano 1999 2000 2001 2002 2003 World 599,114,543 597,889,044 575,429,633 584,975,923 China 200,403,308 189,814,060 179,304,887 176,342,195 167,617,000 India 134,495,904127,531,000 139,735,008 113,580,000 133,513,000 Indonesia 50,866,388 51,898,000 50,460,800 51,579,104 51,849,200 Bangladesh 34,600,500 37,627,500 36,269,000 37,851,000 38,060,000 Viet Nam 31,393,800 32,529,500 32,108,400 34,447,200 34,605,400 Tailandia 24,172,000 25,844,000 26,514,000 25,610,900 27,000,000 Myanmar 20,126,038 21,323,868 21,914,306 22,780,000 21,900,000 Filipinas 11,786,600 12,389,400 12,954,900 13,270,653 13,171,087 Brasil 11,709,700 11,089,800 10,195,400 10,472,100 10,219,300 Japan 11,468,800 11,863,000 11,320,000 11,111,000 9,863,000 United States of America 9,343,954 8,657,819 9,764,495 9,568,996 9,033,610 Pakistan 7,733,417 7,203,900 5,823,000 6,717,750 6,751,000 Republica da Korea 7,032,757 7,196,582 7,406,517 6,687,225 6,068,000 Egito 5,816,960 6,000,490 5,226,700 5,600,000 5,800,000 Nepal 3,834,290 4,216,465 4,164,687 4,132,600 4,155,000 Cambodia 4,040,900 4,026,092 4,099,016 3,822,509 3,800,000 Iran 2,348,241 1,971,462 1,990,223 3,100,000 3,300,000 Nigeria 3,277,000 3,298,000 2,752,000 3,192,000 3,192,000 Sri Lanka 2,857,100 2,859,900 2,695,080 2,859,480 3,100,000 Madagascar 2,570,000 2,480,000 2,662,000 2,670,600 2,868,000 Colombia 2,185,232 2,285,718 2,313,810 2,346,940 2,500,000 Laos 2,102,815 2,201,800 2,334,700 2,416,500 2,500,000 Malasia 2,036,641 2,140,800 2,094,000 2,091,000 2,145,142 Korea, Dem People's Rep 2,343,000 1,690,000 2,060,200 2,186,000 2,284,000 Equador 1,289,684 1,246,630 1,255,990 1,284,504 1,235,967 Italia 1,427,100 1,229,767 1,272,952 1,371,100 1,359,826 Peru 1,959,341 1,892,100 2,028,719 2,118,616 2,090,000 Faostat Citation Tabela 03. BRASIL. Quantidade produzida (1000 T) de arroz (em casca) REGIÃO/UF 1990/91 2000/01 2001/02 2002/03 2003/04 2004/05 NORTE 721,6 1.121,2 1.090,0 1.261,5 1.330,5 1.380,2 RR 16,0 59,8 66,0 106,4 133,8 133,8 RO 131,1 168,4 131,6 115,7 166,3 187,1 AC 45,7 36,0 31,3 32,6 37,8 37,8 AM 4,8 33,3 20,8 23,2 23,2 23,2 AP 0,5 1,9 1,9 3,6 3,8 3,8 PA 213,8 458,4 467,2 554,8 541,4 541,4 TO 309,7 363,4 371,2 425,2 424,2 453,1 NORDESTE 1.683,4 1.004,5 966,4 1.124,8 1.147,1 1.258,2 MA 985,6 661,1 624,0 706,9 720,1 818,0 PI 314,8 180,6 85,8 197,7 167,6 180,8 CE 164,3 48,2 98,7 99,6 92,3 92,3 RN 6,0 0,9 5,2 7,1 8,0 8,0 PB 33,6 0,6 9,6 10,8 10,7 10,7 PE 26,6 8,5 21,1 17,4 32,5 32,5 AL 28,3 35,1 38,6 12,0 12,4 12,4 SE 32,7 37,5 43,9 42,8 40,4 40,4 BA 91,5 32,0 39,5 30,5 63,1 63,1 CENTRO-OESTE 1.281,9 1.684,3 1.650,1 1.749,1 2.517,5 2.672,4 MT 499,2 1.267,4 1.215,7 1.289,6 1.932,2 2.072,1 MS 231,8 209,4 218,1 237,6 240,0 241,0 GO 544,0 207,3 216,0 221,8 345,2 359,1 DF 6,9 0,2 0,3 0,1 0,1 0,2 SUDESTE 1.369,7 325,2 343,0 311,6 337,0 359,4 MG 843,6 192,1 210,5 191,6 212,4 241,0 ES 107,6 20,2 13,4 8,0 10,2 11,3 RJ 55,0 11,8 8,3 8,5 8,8 11,6 SP 363,5 101,1 110,8 103,5 105,6 95,5 SUL 4.940,6 6.250,8 6.576,6 5.920,1 7.476,1 7.139,2 PR 169,2 178,6 182,5 180,4 174,6 180,6 SC 687,8 881,7 929,3 1.043,3 999,8 1.080,8 RS 4.083,6 5.190,5 5.464,8 4.696,4 6.301,7 5.877,8 NORTE/NORDESTE 2.405,0 2.125,7 2.056,4 2.386,3 2.477,6 2.638,4 CENTRO-SUL 7.592,2 8.260,3 8.569,7 7.980,8 10.330,6 10.171,0 BRASIL 9.997 10.386 10.626 10.367 12.808 12.809 FONTE: CONAB Tabela 04 Produtividade média (kg/ha) de arroz em casca REGIÃO/UF 1990/91 2000/01 2001/02 2002/03 2003/04 2004/05 NORTE 1.646 1.990 2.059 2.287 2.244 2.247 RR 4.000 3.860 5.500 5.600 5.350 5.350 RO 1.660 1.830 1.880 1.900 2.100 2.100 AC 1.540 1.360 1.390 1.370 1.400 1.400 AM 1.200 1.900 1.808 1.870 1.870 1.870 AP 1.360 830 830 1.300 1.200 1.200 PA 1.350 1.670 1.755 1.997 1.930 1.930 TO 1.900 2.690 2.560 2.745 2.560 2.560 NORDESTE 1.407 1.380 1.314 1.562 1.486 1.598 MA 1.280 1.440 1.300 1.420 1.391 1.549 PI 1.290 1.100 550 1.400 1.050 1.100 CE 2.190 1.055 2.350 2.600 2.460 2.460 RN 1.400 800 2.600 2.850 2.853 2.853 PB 2.100 96 1.280 1.370 1.469 1.469 PE 3.800 4.474 5.420 5.450 5.500 5.500 AL 3.450 5.400 5.520 4.800 4.000 4.000 SE 2.870 3.676 4.300 4.500 4.250 4.250 BA 1.500 960 1.479 1.750 2.200 2.200 CENTRO-OESTE 1.650 2.670 2.727 2.885 2.821 2.804 MT 1.560 2.760 2.761 2.900 2.860 2.840 MS 2.070 3.900 4.277 4.800 4.333 4.350 GO 1.600 1.760 1.900 1.980 2.140 2.140 DF 1.430 1.103 1.520 1.137 1.137 1.500 SUDESTE 1.951 1.897 2.353 2.341 2.476 2.447 MG 1.830 1.775 2.150 2.150 2.250 2.280 ES 2.990 3.100 2.920 2.415 2.900 2.900 RJ 3.500 3.360 3.070 2.925 2.925 3.620 SP 1.920 1.900 2.730 2.738 3.000 2.800 SUL 4.417 5.412 5.463 5.039 5.953 5.622 PR 1.200 2.290 2.340 2.600 2.650 2.740 SC 4.660 6.450 6.600 7.195 6.630 7.000 RS 4.920 5.520 5.548 4.890 6.064 5.600 NORTE/NORDESTE 1.471 1.646 1.626 1.876 1.815 1.883 CENTRO-SUL 2.923 4.220 4.384 4.169 4.522 4.292 BRASIL 2.362 3.197 3.300 3.254 3.510 3.397 Tabela 05 Área colhida (ha) de Arroz (em casca) REGIÃO/UF 1990/91 2000/01 2001/02 2002/03 2003/04 2004/05 NORTE 438,5 563,4 529,5 551,6 3,8 614,2 RR 4,0 15,5 12,0 19,0 - 25,0 RO 79,0 92,0 70,0 60,9 79,2 89,1 AC 29,7 26,5 22,5 23,8 27,0 27,0 AM 4,0 17,5 11,5 12,4 12,4 12,4 AP 0,4 2,3 2,3 2,8 3,2 3,2 PA 58,4 274,5 266,2 277,8 280,5 280,5 TO 63,0 135,1 145,0 154,9 165,7 177,0 NORDESTE 1.196,9 727,9 735,3 720,3 772,1 787,3 MA 70,0 59,1 480,0 97,8 517,7 528,1 PI 44,0 64,2 156,0 141,2 159,6 164,4 CE 75,0 45,7 42,0 38,3 37,5 37,5 RN 4,3 1,1 2,0 2,5 2,8 2,8 PB 16,0 5,9 7,5 7,9 7,3 7,3 PE 7,0 1,9 3,9 3,2 5,9 5,9 AL 8,2 6,5 7,0 2,5 3,1 3,1 SE 11,4 10,2 10,2 9,5 9,5 9,5 BA 61,0 33,3 26,7 17,4 28,7 28,7 CENTRO-OESTE 776,8 630,9 605,2 606,3 892,4 952,9 MT 320,0 59,2 440,3 44,7 75,6 729,6 MS 112,0 53,7 51,0 49,5 55,4 55,4 GO 340,0 117,8 113,7 112,0 161,3 167,8 DF 4,8 0,2 0,2 0,1 0,1 0,1 SUDESTE 702,0 171,4 145,8 133,1 136,1 146,9 MG 461,0 08,2 97,9 89,1 94,4 105,7 ES 36,0 6,5 4,6 3,3 3,5 3,9 RJ 15,7 3,5 2,7 2,9 3,0 3,2 SP 89,3 53,2 40,6 37,8 35,2 34,1 SUL 1.118,6 1.155,0 1.203,8 1.174,8 1.255,9 1.269,9 PR 41,0 78,0 78,0 69,4 65,9 65,9 SC 47,6 136,7 40,8 45,0 150,8 154,4 RS 30,0 40,3 85,0 960,4 1.039,2 1.049,6 NORTE/NORDESTE 1.635,4 1.291,3 1.264,8 1.271,9 1.365,1 1.401,5 CENTRO-SUL 2.597,4 1.957,3 1.954,8 1.914,2 2.284,4 2.369,7 BRASIL 4.232,8 3.248,6 3.219,6 3.186,1 3.649,5 3.771,2 FONTE: CONAB A distribuição, em termos percentuais, da área cultivada e produção de arroz nos diferentes sistemas de cultivo, no Brasil, encontram-se na Tabela 06. Tabela 06. Distribuição da área cultivada e produção de arroz nos diferentes sistemas de cultivo. Sistema de cultivo Área cultivada(%) Produção(%) Sequeiro 77 30 Irrigado 12 60 Várzeas úmidas 2 4 Outros 9 6 Uma análise da situação do arroz no Brasil, tendo como base a década de 80, mostra que até 1985 a produção nacional não era suficiente para atender a demanda interna, havendo, por conseqüência, a necessidade de importação.Nesse período o Brasil era o maior importador mundial de arroz. A partir de 1987, com o aumento da produção interna decorrente em parte do aumento da produtividade e queda no consumo, o Brasil tornou-se auto-suficiente. No período 1992/2001 as exportações superaram as importações Tabela . A evolução da cultura do arroz no Brasil no período 1998/2002 mostra que houve um aumento no rendimento, decréscimo na área cultivada e flutuação na produção (Tabelas 02, 03, 04). O aumento no rendimento é atribuído, principalmente, a introdução de novas variedades e outras tecnologias nos sistema de produção, enquanto que a oscilação na produção, pode ter como causas a variação nos preços ao nível de produtor e falta de crédito para custeio. Mesmo com os ganhos no rendimento, os níveis atingidos são muito inferiores aos obtidos em outras regiões do globo. Esse baixo rendimento pode ser atribuído a baixa produtividade do arroz de sequeiro, que tem uma participação expressiva na área cultivada (70%), (Tabela 06). As causas atribuídas a baixa produtividade do arroz de sequeiro são: · Utilização de terras menos férteis para seu cultivo; · Distribuição irregular das chuvas nas zonas produtoras; · Baixo nível tecnológico utilizado. Atualmente o arroz de terras altas vem sendo empregado raramente para abrir novas áreas como aconteceu nas décadas de 60 a 80. Recentemente o arroz de terras altas migrou do Centro-Oeste para as regiões que apresentam adequada distribuição pluviométrica, em especial o centro-norte de Mato Grosso, onde o uso de tecnologias mais avançadas tem permitido rendimentos superiores a 2500 kg/ha. Nas áreas de irrigação controlada tem havido expansão no vale do Araguaia, com alto nível tecnológico. Situação do arroz no Ceará A produção, área cultivada e rendimento do arroz no Ceará, período 1998/2002, encontram-se nas Tabelas 08, 09 e 10. Essa produção não é suficiente para atender a demanda interna, suprida com importações dos estados de Mato Grosso, Tocantins, Minas Gerais, Maranhão e Rio Grande do Sul. A região de Iguatu é o maior pólo produtor de arroz do Ceará. Tabela 08. Quantidade produzida (t) de Arroz (em casca) nos principais municípios do Ceará Brasil, Unidade da Federação e Município Ano 1998 1999 2000 2001 2002 Brasil 7.716.090 11.709.694 11.134.588 10.184.185 10.457.093 Ceará 106.808 129.582 148.363 51.530 82.153 Iguatu - CE 18.011 15.770 28.869 15.371 14.276 Quixelô - CE 5.406 6.100 9.378 8.637 7.700 L. da Mangabeira 1.475 3.890 6.950 875 5.479 Morada Nova CE 25.200 12.590 4.000 480 4.818 Várzea Alegre 294 6.171 10.341 671 4.051 Limo. do Norte 15.000 15.239 10.000 3.000 3.000 Tarrafas - CE 213 405 661 808 2.986 Redenção - CE 570 1.200 1.375 1.120 2.849 Barro - CE 157 598 1.430 319 2.445 Acopiara - CE 18 1.479 2.447 300 2.300 Caririaçu - CE 432 900 3.600 872 2.131 Aurora - CE 1.677 3.054 4.050 615 2.068 Farias Brito - CE 360 1.800 1.260 128 1.649 Crato - CE 1.180 3.690 2.870 374 1.405 Cariús - CE 364 1.185 2.650 708 1.255 Santna do Cariri 141 2.340 3.003 210 1.233 Nova Olinda – CE 480 1.800 1.540 80 1.125 Orós - CE 2.401 2.560 2.160 200 740 Russas - CE 4.800 2.160 3.000 192 432 Jaguaruana - CE 4.800 4.235 4.125 974 275 Tab. do Norte 4.200 4.800 2.113 2.520 240 Icó – CE 5.956 6.034 6.600 120 180 Fonte: IBGE - Produção Agrícola Municipal Tabela 09. Rendimento médio (kg/ha) de arroz (em casca) nos principais municípios do Ceará. Brasil, Unidade da Federação e Município Ano 1998 1999 2000 2001 2002 Brasil 2.519 3.070 3.038 3.240 3.324 Limoeiro do Norte - CE 6.000 6.220 4.000 6.000 6.000 Quixeré - CE 6.000 6.000 5.000 6.000 6.000 Russas - CE 6.000 6.000 6.000 6.000 6.000 São João do Jaguaribe - CE 6.000 6.000 6.000 6.000 6.000 Tabuleiro do Norte - CE 6.000 6.000 4.402 6.000 6.000 Morada Nova - CE 6.000 5.978 5.000 6.000 5.948 Iguatu - CE 5.944 4.597 5.462 5.703 5.803 Jaguaruana - CE 6.000 5.500 5.500 5.502 5.500 Quixelô - CE 5.406 4.236 5.096 4.963 5.238 Alto Santo - CE 5.000 5.000 5.000 5.000 5.000 Banabuiú - CE - 1.200 1.600 5.000 5.000 Orós - CE 4.001 3.657 3.600 4.000 4.111 Lavras da Mangabeira - CE 546 1.805 2.574 323 3.098 Icó - CE 3.936 3.564 3.666 4.000 3.000 Jaguaribe - CE 2.080 3.002 2.236 5.000 2.931 Barro - CE 560 1.172 2.200 379 2.876 Sobral - CE 1.964 2.633 2.800 2.716 2.857 Jaguaretama - CE 3.000 2.580 2.700 3.500 2.611 Baturité - CE 840 1.500 1.400 1.106 2.600 Nova Olinda - CE 400 1.800 1.540 100 2.500 Acopiara - CE 26 1.998 1.858 412 2.300 Redenção - CE 600 1.200 1.250 1.445 2.200 Ceará 2.188 2.413 2.532 1.250 2.134 Santana do Cariri - CE 402 1.200 1.540 200 2.125 Altaneira - CE 837 1.500 1.050 253 2.111 Baixio - CE - 400 2.000 100 2.000 Chorozinho - CE 200 750 1.250 1.000 2.000 Ibaretama - CE - 1.200 1.500 1.000 2.000 Ibicuitinga - CE - 1.200 2.000 1.000 2.000 Ipaumirim - CE - 806 2.805 300 2.000 Mauriti - CE 500 2.200 2.000 404 2.000 Fonte: IBGE - Produção Agrícola Municipal Tabela 10. Área colhida (Hectare) de arroz (em casca) nos principais municípios do Ceará Brasil, Unidade da Federação e Município Ano 1998 1999 2000 2001 2002 Brasil 3.062.195 3.813.266 3.664.804 3.142.826 3.145.868 Ceará 48.799 53.685 58.592 41.221 38.496 Várzea Alegre - CE 2.624 2.869 3.000 3.000 3.035 Iguatu - CE 3.030 3.430 5.285 2.695 2.460 Lavras da Mangabeira 2.700 2.155 2.700 2.705 1.768 Assaré - CE 1.810 1.810 1.810 2.158 1.718 Tarrafas - CE 450 450 450 1.496 1.659 Caririaçu - CE 1.200 1.000 1.600 1.700 1.480 Quixelô - CE 1.000 1.440 1.840 1.740 1.470 Redenção - CE 950 1.000 1.100 775 1.295 Aurora - CE 2.070 1.370 1.800 1.840 1.280 Cariús - CE 925 1.245 1.300 1.140 1.175 Farias Brito - CE 800 1.000 1.000 913 1.051 Acopiara - CE 677 740 1.317 728 1.000 Crato - CE 2.000 2.050 2.050 1.440 975 Barro - CE 280 510 650 840 850 Morada Nova - CE 4.200 2.106 800 80 810 Palmácia - CE 691 1.165 1.170 690 750 Pacoti - CE 650 1.085 1.120 650 720 Cedro - CE 800 1.193 1.200 1.031 657 Viçosa do Ceará - CE 60 600 650 700 650 Jucás - CE 550 620 625 490 628 Juazeiro do Norte - CE 320 300 520 580 610 Santana do Cariri - CE 350 1.950 1.950 1.050 580 Limoeiro do Norte - CE 2.500 2.450 2.500 500 500 Dep Irapuan Pinheiro 100 300 350 630 480 Frecheirinha - CE 165 800 2.400 500 450 Graça - CE 200 100 140 370 450 Mombaça - CE 759 740 800 320 450 Nova Olinda - CE 1.200 1.000 1.000 800 450 Fonte: IBGE - Produção Agrícola Municipal Cadeia produtiva do arroz (Tabela 10) 2. Origem, classificação, morfologia e desenvolvimento do arroz Origem O sudeste asiático é apontado como o local de origem do arroz. As províncias de Bengala e Assam na Índia e Mianmar têm sido referidas como centros de origem dessa espécie. Duas formas silvestres, Oryza rufipogon, procedente da Ásia e Oryza barthii, da África ocidental tem sido consideradas com precursoras respectivamente da Oryza sativa e Oryza glaberrima espécies cultivadas de arroz. O arroz foi provavelmente o principal alimento e a primeira planta cultivada na Ásia havendo referência na literatura chinesa de seu cultivo há cerca de 5000 anos. O arroz é uma planta herbácea, anual, pertencente ao gênero Oryza. Das 22 espécies desse gênero apenas duas são cultivadas: Oryza glaubérrima e Oryza sativa. A Oryza glaubérrima é originária da África onde fica restrito o seu cultivo. A Oryza sativa é a mais cultivada e a sua domesticação ocorreu a mais de 10.000 anos, numa área que inclui o nordeste da Índia, Bangladesh, Burma,Tailândia, Laos Vietnã e sul da China. O número básico de cromossomos dessa espécie é 2n=24. Classificação botânica Classe: Monocotiledônea Ordem: Glumiflorae Família: Poaceae (Gramineae) Gênero: Oryza Espécie: Oryza sativa Subespécies: Indica, Japônica e Javanica As subespécies se diferenciam por características morfológicas, origem, local de cultivo, conteúdo de amilose do grão, comprimento do grão, temperatura que o torna gelatinoso e aroma ao cozê-lo. A Indica é originada nos trópicos e sub-trópicos asiáticos, a Japônica em regiões subtropicais temperadas e a Javanica na região equatorial da Indonésia. Outras características das subespécies; Subespécie Indica · Folhas verdes claras e longas · Grãos delgados · Elevado perfilhamento · Porte alto · Sementes geralmente sem aristas · Lema e pálea com pêlos curtos e delgados · Degrane natural fácil · Tecido da planta fraco · Sensibilidade variável ao fotoperíodo Subespécie Japônica · Folhas verdes escuras e estreitas · Grãos curtos e arredondados · Perfilhamento médio · Porte médio · Sementes geralmente aristadas · Degrane natural difícil · Tecidos da planta resistentes · Sensível ao fotoperíodo Subespécie javanica · Porte alto com caules grossos · Folhas largas e eretas · Baixo perfilhamento · Panículas longas · Resistentes ao degrane natural Morfologia da planta O arroz cultivado é considerado uma gramínea anual semi-aquática. Quando cultivado que em regiões tropicais pode sobreviver como perene, produzindo novos perfilhos a partir dos nós, após a colheita. Quando atinge a maturação a planta de arroz possui um caule principal e alguns perfilhos. Cada perfilho produtivo possui uma inflorescência terminal ou panícula e a altura da planta varia de 40 cm a 5 m nos arrozes flutuantes. Os estágios de desenvolvimento da planta se dividem em vegetativo (fases de germinação, plântula e perfilhamento) e estagio reprodutivo (iniciação e formação da panícula). Raiz O sistema radicular do arroz é do tipo fasciculado, constituído de raízes seminais oriundas do embrião, de vida efêmera (Figura 03) e de raízes secundárias com ramificações abundantes, oriundas dos primeiros nós do colmo, formando o sistema radicular definitivo da planta (Figura 04). Nas cultivares de sequeiro predomina um sistema radicular mais desenvolvido do que nas cultivares irrigadas, característica importante para melhor resistir a seca. Caule O caule do arroz é tipo colmo, formado de nós e entrenós. Os entrenós variam em comprimento dependendo da variedade e condições ambientais, e geralmente aumentam da base para a parte terminal da planta. O número de entrenós varia de 13 a 16, tendo os últimos 4 a 5 entrenós comprimento longo. Em situações onde ocorre uma elevação rápida do nível da água as variedades adaptadas para cultivo em águas profundas têm os entrenós mais baixos com comprimento de até 30 cm. Em cada nó existe uma folha e uma gema capaz de emitir perfilhos e raízes. Os entrenós são ocos. O número e o comprimento dos entrenós determinam a altura das plantas e dependem da variedade e do ambiente. A inundação profunda no estádio inicial de crescimento da planta induz o alongamento dos entrenós. O comprimento, diâmetro e espessura dos entrenós determinam a resistência ao acamamento. Os perfilhos nascem dos nós inferiores, alternadamente, sendo que do colmo principal saem os perfilhos primários, destes originam-se perfilhos secundários que por sua vez poderão emitir perfilhos terciários e assim sucessivamente. A quantidade de perfilhos emitidos por uma planta depende da variedade e do ambiente (Figura 05). A fase de perfilhamento começa logo que o a plântula atinge a capacidade de auto-suficiência e geralmente termina com o inicio da formação da panícula. O desenvolvimento dos perfilhos inicia quando a plântula possui 5 folhas. Embora os perfilhos permaneçam ligados ao caule principal eles tornam-se independentes porque possuem as suas próprias raízes. O número de perfilhos é um fator varietal, mas também é influenciado pôr fatores ambientais como espaçamento, luz, nutrientes e práticas culturais. Folhas As folhas do arroz são invaginadas, dispostas no colmo alternadamente em cada nó. O número de folhas por colmo varia de 6 a 12, sendo que o colmo principal possui mais folhas do que perfilhos. A folha é constituída de bainha, lâmina e zona de união com lígula e aurícula (Figura 05). A lígula e a aurícula servem para diferenciar as plantas de arroz, do capim arroz (Echinocloa sp), uma das principais invasoras do arroz, que não as possui. A última folha, chamada de folha bandeira, Figura 06, permanece ereta depois da maturação. O ângulo de inserção da folha é importante no aproveitamento da radiação solar e na fotossíntese. Folhas eretas tornam as plantas mais produtivas do que folhas horizontais. Folhas curtas e estreitas está associado com folhas eretas, portanto desejáveis. A superfície foliar é avaliada pelo índice de área foliar (IAF) que é influenciado pelo espaçamento, densidade de plantio e adubação. Inflorescência A inflorescência do arroz é uma panícula ramificada com espiguetas dispostas ao longo das ramificações. A espigueta é unifloral sendo envolvida por lema e pálea que formam a casca da semente (Figura 06). A panícula do arroz é ereta inicialmente e pendente quando há a formação dos grãos. O número de grãos por panícula varia em média de 100 a 150. Através dos componentes da panícula é possível estimar a produção de grãos de uma determinada área, conforme a seguir: Produção(t/ha) = no. panículas/m2 x no. grãos/panícula x % de grãos cheio x peso de 1000 grãos (g) x 10-5. Flor A flor da planta de arroz é envolvida pelas glumas (pálea e lema) e constituída de 6 anteras e 1 ovário contendo 1 óvulo e estilo curto com 2 estigmas plumosos. Na base do ovário existem 2 estruturas chamadas lodículas que quando se intumesce provocam a abertura da flor, que dura de 1 a 2 horas (Figura 07). A flor do arroz é normalmente autopolinizada, porém podem ocorrer cruzamentos naturais, que varia com a variedade e condições ambientais. Estudos conduzidos nos Estados Unidos mostraram a existência de uma taxa de cruzamento natural variando de 0 a 3,0%, com média de 0,5%. O período de abertura das flores de uma panícula varia de 7 a 10 dias. Semente A semente de arroz é um fruto-semente chamada cariopse, envolvida pela casca, que é constituída de lema e pálea com suas estruturas associadas (glumelas, ráquila e arista). O peso da casca representa aproximadamente 20-30% do peso do grão. É parte ainda da semente o pericarpo, o endosperma e o embrião (Figura 08). O pericarpo é constituído de fibras com pigmentos avermelhados, envolve o endosperma, e normalmente é removido durante o beneficiamento, para conferir melhor aparência ao grão. O tamanho, forma e peso da semente variam com a variedade e condições ambientais. Comercialmente as sementes de arroz são classificadas em longas, médias e curtas, Figura 09. As sementes de arroz germinam sob condições anaeróbicas, solos alagados, mas o crescimento subseqüente é prejudicado. Trabalhos conduzidos no Rio Grande do Sul mostram que o tratamento das sementes com CaO2 (peróxido de cálcio) pode melhorar a emergência das plântulas em solos inundados, conforme consta na Tabela 11. Tabela 11. Emergência de plântulas de arroz em solos inundados, oriundas de sementes tratadas com CaO2 Tratamentos Emergência (%) Pré-germinada 92 a Inchada/tratada com CaO2 83 a Não inchada/tratada com CaO2 63 b Inchada/não tratada 20 c Não inchada/não tratada 8 c Fonte: Lavoura arrozeira. Vol. 46. N0 408. 1993 O peróxido de cálcio reage com a água liberando oxigênio para a germinação. Diferenças morfológicas entre cultivares de arroz irrigado e de sequeiro: Arroz Irrigado· Porte baixo, colmos curtos e resistentes. · Folhas pequenas, estreitas e bem eretas. · Boa capacidade de perfilhamento Arroz de Sequeiro · Porte médio a alto · Folhas grandes largas e caídas, de coloração clara. · Baixo perfilhamento e menor índice de colheita · Insensíveis ao fotoperíodo, fechamento rápido dos estômatos. · Sistema radicular profundo com raízes grossas e longas · Enrolamento das folhas nas horas mais quentes do dia Fases do crescimento e desenvolvimento da planta de arroz. O crescimento e desenvolvimento da planta podem ser divididos em 3 fases: vegetativa, reprodutiva e de maturação. Fase vegetativa Inicia-se com a germinação das sementes, passa pelo perfilhamento e alongamento do colmo, terminando com a diferenciação do primórdio floral (Figura 10). O processo de germinação dura de 5 a 7 dias e pode não ocorrer devido a problemas de dormência causada por uso de sementes recém colhidas. A dormência depende ainda da variedade, umidade na colheita e temperatura (baixa na maturação e altas na floração favorece a dormência). Outras causas de dormência: falta de oxigenação provocada pela lema e pálea e presença de inibidores (ácido abscíssico na casca). A quebra na dormência pode ser conseguida através do tratamento térmico (500 C durante 4-5 dias); tratamento químico (imersão em solução 0,1N de HNO3 durante 16-24 horas). Outras formas de quebra da dormência encontram-se na Tabela . O perfilhamento começa com as plantas no estágio de 4-5 folhas e depende da cultivar, temperatura, nutrientes radiação solar e densidade de plantio. A presença de fósforo favorece o perfilhamento. Fase reprodutiva Inicia-se com a diferenciação do primórdio floral e termina com o inicio da floração (Figura 10). O inicio do primórdio floral pode começar antes ou após o perfilhamento máximo, dependendo da cultivar (Figura 11). A situação ideal seria aquela em que o inicio da floração coincidisse com o fim do perfilhamento máximo. Durante a fase reprodutiva ocorre alongamento dos entrenós e folhas, emborrachamento, aparecimento da panícula e abertura das flores. Essa fase tem inicio 40-45 dias após a germinação, em variedades de ciclo precoce (105-110 dias), e nela é determinado o número de espiguetas. É afetada por temperatura e radiação solar baixa e deficiências de água e nitrogênio. Fase de maturação Nessa fase ocorre o enchimento e maturação dos grãos que passa pelos estágios de grão leitoso, grão pastoso e grão maduro (Figura 10). No grão maduro o endosperma apresenta coloração branca e o seu teor de umidade varia de 20-25%. Se o grão permanecer no campo após a maturação pode tornar-se quebradiço, apresentar baixo rendimento industrial e ocorrer degrane. O maior parte dos carboidratos do grão é produzido durante a fase de maturação. Entretanto carboidratos armazenados no colmo e outras partes da planta, antes da floração podem ser translocados para os grãos. A qualidade da semente torna-se prejudicada se a umidade na colheita for inferior a 16%, por apresentar baixo vigor e germinação. O aparecimento de perfilhos pode ocorrer, se o arroz permanecer no campo por muito tempo após a maturação. Vantagens e desvantagens de algumas características da planta de arroz: Características da planta Vantagens ou desvantagens Planta baixa .Resiste ao acamamento Planta alta .Suscetível ao acamamento e resiste as invasoras Folha larga · .Taxa de fotossíntese elevada por unidade de área foliar Folha estreita .Maior índice de área foliar Folha ereta .Uso eficiente da energia solar com IAF elevado Folha caída .Uso maior da energia solar com IAF baixo e supera invasoras Perfilhamento alto · .Adaptada a ampla faixa de espaçamentos Perfilhamento baixo .Recomendado para semeadura direta Sistema radicular superficial e relação raiz/parte aérea baixa .Maior utilização e assimilação de produtos fotossintéticos Sistema radicular profundo e relação raiz/parte aérea alta .Aumenta a resistência a seca em arroz de sequeiro Ciclo tardio .Adaptada a baixa fertilidade Sensível ao fotoperíodo .Adaptada a regiões com longos períodos de chuva Insensível ao fotoperíodo .Pode ser plantada em qualquer época do ano Panícula com baixa esterilidade com alto nível de N .Tolera altas doses de N Alto índice de colheita .Associada com alta produção Grãos pequenos .Rápido enchimento dos grãos e adaptado a locais onde ocorre seca na fase final da maturação Grãos longos .Associado a alta produção Fonte: Yoshida (1978) citado por Fageria (1984) (Adaptado) Tipo ideal de planta de arroz (Padrão do IRRI – International Rice Research Institute) · Baixa capacidade de perfilhamento (3 a 4 perfilhos na semeadura direta) · Poucos perfilhos improdutivos · Grãos por panícula (200 – 250) · Caule grosso · Sistema radicular vigoroso · Ciclo ( 100- 130 dias) · Índice de colheita elevado 3. Clima e solos para o arroz Clima Os fatores climáticos com maior interferência no cultivo do arroz são: Temperatura, radiação solar e água. Temperatura Efeitos sobre a germinação - A planta de arroz apresenta comportamento satisfatório se cultivada em ambientes com temperatura média entre 150C e 330C. Temperaturas menores do que 150C e maiores do que 330C prejudicam a germinação da semente. Efeitos sobre o florescimento -Temperatura menor do que 150C, durante 1 hora, logo após a abertura da flor, impede a fertilização. Acima de 500C prejudica a floração. Temperatura ótima para o florescimento: 30-320C. Efeitos na maturação - Temperaturas baixas, porém não inferiores a 200C, favorecem a formação dos grãos, por aumentar esse período, proporcionando maior tempo de exposição a radiação solar. Altas temperaturas provocam desequilíbrio entre respiração e fotossíntese, contribuindo para os baixos rendimentos do arroz nas regiões tropicais. Para cada elevação de 10 0C na temperatura, a respiração aumenta 2 vezes mais do que o incremento na fotossíntese. As temperaturas diurnas ótimas para o arroz na maturação situam-se entre 21 e 250C. As temperaturas críticas, mínima, máxima e ótima para as diferentes fases de desenvolvimento da planta de arroz, segundo Yoshida (1981), encontram-se na Tabela 07. A resistência da planta as temperaturas críticas varia com a cultivar, fase do desenvolvimento da planta e duração da temperatura crítica. Radiação solar Quanto mais radiação solar for interceptada por uma planta, maior será a sua fotossíntese e conseqüentemente a sua produção. O IAF (Índice de Área Foliar), superfície de área foliar por unidade de superfície do terreno, se relaciona positivamente, dentro de certos limites, com a interceptação da radiação solar pelas plantas. Outras características da folha como forma, tamanho, cor, separação vertical, arranjo horizontal, ângulo da folha com a radiação incidente, também influenciam a interceptação da radiação solar pelas plantas. O ângulo foliar é o mais importante desses fatores. Folhas eretas permitem aumentar muito o IAF, por minimizar o autosombreamento. Com folhas verticais e IAF grande, a superfície foliar total iluminada é maior do que numa comunidade de folhas caídas, embora a intensidade de luz por unidade de folha seja menor. Como a eficiência fotossintética é maior com intensidade luminosa mais baixa e como a maior parte da fotossíntese ocorre nas horas em que o sol esta alto, infere-se que uma comunidade de plantas com folhas eretas seja mais eficiente do que com folhas caídas. O efeito do sombreamento nas diferentes fases do crescimento, sobre o rendimento de grãos e seus componentes encontra-se na Tabela 08 e Figura 12. Verifica-se que o sombreamento na fase vegetativa afeta pouco os componentes da produção. Na fase reprodutiva tem efeito sobre o número de espiguetas e produção de grãos e na maturação diminui a % de grãos cheios. Água As necessidades de água do arroz dependem de fatores do clima (radiação solar, temperatura, velocidade dos ventos e umidade do ar) e fatores do solo (textura,estrutura e altura do lençol freático). A umidade do ar tem influência sobre a evapotranspiração, floração e colheita. Com elevada umidade a evapotranspiração é menor, a abertura das flores é facilitada proporcionando elevada fertilização. Baixa umidade facilita a colheita. Requerimentos de água do arroz irrigado no Rio G. do Sul: · Tipos precoces 1.150 mm/ciclo · Tipos tardios 1.700 mm/ciclo Evapotranspiração e consumo total de água do arroz de sequeiro, segundo Fageria (1984), encontra-se na Figura 13. A influência do déficit hídrico e níveis de nitrogênio na produção de grãos do arroz de sequeiro encontra-se na (Figura 14). O estresse hídrico provocado por falta de chuva ou de irrigação, retarda o crescimento do arroz. O estágio do desenvolvimento da planta em que mais afeta a produção de grãos, situa-se de 10 dias antes da floração até a completa abertura das flores na panícula. A Tabela 09 mostra que a ocorrência de um severo estresse hídrico, nesse período, causa uma percentagem elevada de esterilidade reduzindo, por conseqüência, o rendimento de grãos. Como a resposta é irreversível, o suprimento adequado de água a plantas estressadas nos estágios mais avançados é totalmente ineficiente. Quando o estresse hídrico ocorre na fase vegetativa, pode haver redução na altura das plantas, número de perfilhos e área foliar, mas a planta é capaz de recuperar-se quando o estresse for aliviado. Os principais sintomas de déficit hídrico em plantas de arroz são: · Enrolamento das folhas e secamento das pontas · Redução no crescimento e perfilhamento · Atraso na floração · Aumento na esterilidade das espiguetas e redução no peso dos grãos. Na área dos Cerrados onde se concentra grande parte da lavoura de arroz de sequeiro no Brasil, o efeito dos veranicos (ocorrência de déficit hídrico por falta de chuvas) é intensificado se ocorrer concomitantemente com condições ambientais marcadas por alta radiação solar, baixa umidade relativa do ar e alta temperatura, que induzem a elevada evapotranspiração. Essa condição pode ser agravada se o solo possuir baixa capacidade de retenção de água, baixa capacidade de troca de cátions, elevada acidez e saturação de alumínio, por induzir o desenvolvimento de um limitado sistema radicular, que reduz a capacidade de absorção de água e nutrientes pelas plantas das camadas mais profundas do solo. Nas regiões sujeitas a veranicos, devido aos elevados riscos de frustração de safra, o uso de insumos é baixo, com reflexos na produtividade. O efeito de diferentes regimes hídricos sobre a produção de grãos cheios encontra-se na Tabela 10. Efeito do excesso de água sobre a planta de arroz O arroz pode sobreviver em condições de excesso de água porque possui espaços intercelulares nas folhas e caules que permitem o deslocamento do oxigênio até as raízes. Outras plantas como o milho e cevada também possuem esses espaços, porém o arroz é cerca de 10 vezes mais eficiente do que a cevada e 4 vezes mais do que milho no transporte de oxigênio (Figura 15). Solos Os solos aluvionais e os podzólicos são os mais usados para plantio do arroz. Nas áreas irrigadas o relevo deve ser plano, o lençol freático próximo a superfície, possuir uma camada impermeável para reter a água e ser de fácil drenagem para permitir o seu preparo, facilitar a emergência das plântulas de arroz, o controle das plantas daninhas e a colheita. O pH deve ficar entre 5,0 e 6,5. Efeito da irrigação por inundação na cultura do arroz sobre o solo Redução do solo · Causado por bactérias anaeróbicas que utilizam substâncias oxidadas solúveis como receptoras de elétrons reduzindo-as. Principais processos de redução em solos alagados: 2NO3- + 12 H+ + 10 e- ( N2 + 6 H2 O MnO2- + 4 H+ + 2 e- ( Mn2= + 2 H2 O Fe(OH)2- + 3 H+ + e- ( Fe2= + 3 H2 O · A máxima redução do solo ocorre em solos com elevada matéria orgânica, temperatura elevada e pH próximo do neutro. · Conseqüência da redução do solo: · Aumenta o pH do solo por consumir H+ · Em solos ácidos, o alagamento produz efeito semelhante à calagem. · Aumento na disponibilidade de NH+ , K+, Ca++ e Mg++. · Produção de substâncias tóxicas (ácidos orgânicos – acético, propiônico, butírico) em solos ricos em matéria orgânica, prejudicando as raízes do arroz; · Acumulação de Fe++ em solos ricos em Fe podendo prejudicar a absorção de K, Mg, P e Zn. 4. Práticas culturais Preparo do solo Arroz irrigado - O preparo é geralmente feito com uma aração seguida de uma gradagem. Se houver necessidade, faz-se um nivelamento antes da semeadura. O entaipamento é feito depois da semeadura. Em solos alagados o preparo é feito com equipamentos especiais, trator com tração positiva e pneus arrozeiro ou sobre-rodas. Arroz de sequeiro - Recomenda-se proceder a uma aração logo após a colheita, para incorporar os restos de cultura melhorando as características físicas e químicas do solo. A soqueira deve ser destruída com roço ou grade leve. Próximo ao plantio realizar a gradagem para controlar as plantas daninhas e destorroar o solo. Semeadura Época: · Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul - set/out. · São Paulo e Minas Gerais - out/nov. · Nordeste - início das chuvas (arroz de sequeiro) Semeadura de arroz irrigado - Tipos: a) Convencional - Pode ser manual e mecânica. Na manual faz-se o plantio em covas espaçadas de 20 a 25cm colocando-se 5 sementes por cova. O plantio mecânico requer um bom preparo do solo e as sementes devem ser distribuídas através de plantadeiras ou plantadeiras-adubadeiras a tração animal ou motora, com espaçamento entre linhas de 20-25 cm. A profundidade de semeadura deve ser de três a 4cm. Usam-se 100-120 kg/ha de sementes. b) A lanço - Pode ser manual ou mecânica e requer cobertura das sementes com grade especial chamada de arrastão, ou grade de discos. As sementes devem ficar enterradas 3 a 4cm para evitar o ataque de pássaros. O número de plantas por unidade de área depende do porte da cultivar (alto menor população de plantas) e capacidade de perfilhamento. Para as cultivares CICA-8, CICA-9, BR IRGA 409 e BR IRGA 410, com boa capacidade de perfilhamento, recomenda-se 500 sementes/m2 com 80% de germinação. Para cultivares de porte baixo e pouco perfilhamento recomenda-se 700 sementes/m2. Evitar o plantio a lanço em áreas alagadas, por provocar o apodrecimento das sementes. Usam-se 120-150 kg/ha de sementes. c) Sementes pré-germinadas - Usada em solos alagados. Recomenda-se, quando possível, retirar a água por alguns dias após a semeadura, para que as plantas desenvolvam melhor o sistema radicular. Quando não ocorre a retirada da água a planta desenvolve mais a parte aérea e apresenta uma estrutura frágil. Requer 20 a 30% mais sementes do que a semeadura convencional por ter menor afilhamento. Nesse sistema de plantio as plantas daninhas são bem controladas. Usa-se 120-150 kg/ha de sementes. Para pré-germinar coloca-se as sementes em sacos e faz-se a imersão dos mesmos em água (tanque ou canal) por 24 horas. Após esse período retirar as sementes da água e mantê-las a sombra por 24 a 48 horas, dependendo da temperatura, até que as sementes iniciem o processo de germinação (separação da lema da pálea e inicio do aparecimento da radícula que não deve ficar muito desenvolvida para evitar risco de quebra). d) Transplantio - Fazer a sementeira próxima ao local de transplante. Usa-se 1 t de sementes por ha de sementeira que produz muda para até 50 ha. Realizar o transplante quando as plantas atingirem 20 a 30 cm de altura, que ocorre entre 20 e 30 dias após a semeadura. Colocar 2 a 3 mudas por cova no espaçamento de 20 a 25 cm. O solo deve estar em lama ou no máximo com lâmina d'água de 10 cm. Para transplantar 1 ha requer 30 a 40 homens por dia. Existem máquinas que realizam a operação de transplantio, com rendimento operacional de 1 ha/dia. Usam-se 20-30 kg/ha de sementes. Semeadura de arroz de sequeiro O espaçamento e densidade de plantiorecomendado para o arroz de sequeiro dependem das características da variedade (disposição e forma da folha, porte da planta, capacidade de perfilhamento e área foliar). De um modo geral recomenda-se 40 a 60 cm entre fileiras com 60 a 90 sementes /m de fileira, cerca de 30 a 50 kg/ha de sementes. O uso de densidades excessivas provoca esgotamento rápido das reservas de água do solo, excessivo autosombreamento, retardamento no perfilhamento, maior acamamento e redução na produção de grãos e matéria seca. Densidades menores do que o recomendado pode dificultar o controle das plantas daninhas e induzir a formação de perfilhos tardios e improdutivos. A profundidade de semeadura deve ficar entre 3 e 5 cm, cobrindo as sementes com 2 cm de solo. Profundidades maiores podem causar menor desenvolvimento das raízes seminais e retardar e diminuir o perfilhamento. Cultivares de arroz A escolha da cultivar para plantio deve ser feita em função da preferência do consumidor e das condições existentes de cultivo, colheita, secagem e industrialização. No Ceará cultivares que tem adquirido a preferência dos agricultores: · Plantio irrigado - EPAGRI 109, EPAGRI 110, BR IRGA 410 e BR IRGA 417 (região do baixo Jaguaribe). Outras - Cica 8, Diamante e Metica 1. · Cultivares para plantio em condições de sequeiro e irrigado recomendadas pela EMBRAPA para o Nordeste e outras regiões encontram-se na Tabela 11. Nutrição mineral do arroz Extração de nutrientes: O conhecimento da quantidade de nutrientes contidos nas diferentes partes da planta de arroz pode ser usado como um indicativo da demanda dos mesmos pela planta e do que deve ser reposto ao solo para manter a sua fertilidade. A Tabela 12 mostra as quantidades de nutrientes contidas nas diferentes partes da planta de arroz irrigado, onde fica evidenciado a grande demanda por N e K2O. Tabela . Nutrientes minerais extraídos por uma cultura de arroz irrigado. Parte da Produção Nutrientes (kg/ha) planta (kg/ha) ______________________________________________ N P2O5 K2O CaO MgO Fe2O5* SiO2* Grãos 2.430 23,3 12,1 12,2 1,5 4,4 1,6 148,8 Palha 4.930 22,0 11,4 51,6 13,5 5,6 42,7 93,9 Raízes 2.000 4,8 2,5 7,5 3,0 1,5 35,6 91,4 Total 9.360 50,1 26,0 71,3 18,0 11,5 79,9 334,1 Grãos 1.000 9,6 5,0 5,1 0,6 1,8 0,7 61,2 Palha 1.000 4,5 2,3 10,5 2,8 1,1 8,7 19,0 Raízes 1.000 2,4 1,3 2,7 1,5 0,7 17,8 45,7 Fonte: GRIST (1973), citado por Ramos et alii (1981) * g/ha Acumulação de nutrientes: O conhecimento da absorção e acumulação de nutrientes nas diferentes fases do desenvolvimento da planta permite determinar as épocas em que os elementos são mais exigidos, permitindo corrigir possíveis deficiências através da adubação. Em geral os nutrientes são absorvidos durante todo o ciclo da cultura. Entretanto alguns estudos têm mostrado que no inicio do desenvolvimento da planta há uma maior demanda por N, K e Fe do que os demais elementos. Efeitos de alguns nutrientes sobre o arroz: Nitrogênio - Proporciona aumento no número de perfilhos, número de panículas, tamanho e número de grãos e teor de proteína. A aplicação de altas doses pode trazer problemas, principalmente em cultivos de sequeiro, por induzir grande número de perfilhos e aumento na área foliar, que provoca sombreamento, acamamento e queda na produção, principalmente se ocorrer estiagem na fase reprodutiva. Os sintomas de deficiência de nitrogênio em arroz se caracterizam por amarelecimento generalizado da planta, crescimento atrofiado, perfilhamento fraco, colmos finos. Os sintomas aparecem primeiro nas folhas mais velhas, devido ser móvel na planta. Fósforo - Promove perfilhamento, sendo a maior exigência nas fases iniciais do desenvolvimento da planta. Em condições de umidade adequada provoca aumentos expressivos na produção de grãos, ocorrendo o contrário, se houver deficiência hídrica, por aumentar o número de grãos vazios. A deficiência de fósforo reduz o perfilhamento e induz a formação de folhas estreitas, colmos finos, maturação atrasada. Os sintomas de deficiência se manifestam primeiro nas folhas mais velhas, com o aparecimento de coloração bronze nas pontas. As folhas novas ficam com aparência verde escura. Potássio -Tem pouco efeito sobre o perfilhamento, porém tem um efeito significativo no peso dos grãos. Importante ainda no aumento da resistência às doenças e ao acamamento. Reduz as perdas d'água atuando como regulador da abertura dos estômatos. Os sintomas de deficiência de K caracterizam-se por clorose branca nas pontas das folhas velhas, progredindo pelas margens, seguido de secamento de pontas e margens. Ferro - O efeito do ferro sobre o arroz se manifesta, principalmente, inibindo a formação das raízes e reduzindo a absorção de nutrientes. A deficiência desse elemento não tem sido detectada em arroz de sequeiro. Entretanto a toxidez tem sido comum em algumas áreas arrozeiras irrigadas. Concentração de Fe2+ na solução do solo de até 40 ppm não mostrou sinais de toxidez. Zinco - A deficiência de zinco tem sido constatada em arroz de sequeiro, podendo ser facilmente controlada com aplicação de fertilizantes. Silício - Embora não seja considerado um elemento essencial é o mais extraído pelo arroz, entre os micronutrientes. O uso desse elemento tem recebido pouca atenção no Brasil. No Japão, segundo Barbosa Filho (1984), anualmente, são utilizadas mais de 1 milhão de toneladas de escórias básicas (resíduos industriais) como fonte de silício no cultivo do arroz. Estado nutricional das plantas de arroz Pode ser avaliado através de mostras de tecidos de partes da planta. Os níveis, deficiente, crítico, adequado e tóxico encontrados nas diferentes partes da planta encontram-se na Tabela O método de amostragem com relação ao estágio de crescimento da planta encontra-se na Tabela . Adubação do arroz Nitrogênio - A resposta a adubação nitrogenada varia entre as cultivares tradicionais (baixa resposta) e as cultivares modernas (alta resposta). Assim é que nas variedades tradicionais a adubação nitrogenada pode induzir o crescimento exagerado da parte vegetativa, com riscos de acamamento e baixa relação grãos/palha. Nas variedades modernas, por apresentarem porte baixo e folhas eretas, ocorre uma alta relação grãos/palha e resistência ao acamamento. Não existe um método satisfatório para avaliar a capacidade de um solo fornecer N as plantas, em razão do mesmo se apresentar em grande parte, no solo, na forma orgânica, requerendo ser mineralizado para poder ser absorvido pelas plantas. A mineralização depende da atividade de microorganismos, que é função do pH, umidade, temperatura, relação C/N, aeração, etc. A forma absorvida pelas plantas, NO3-, é sujeita a lixiviação, imobilização e denitrificação pelos microorganismos, não sendo por essa razão, possível obter-se uma curva de calibragem. A maneira usada para determinar a melhor dose de N para um determinado solo, é através de uma curva de resposta em relação a várias doses. A uréia e o sulfato de amônia são os fertilizantes nitrogenados mais recomendado para os arrozes de sequeiro e irrigado. Devem deve ser aplicados quando for maior a demanda pela planta, que nas variedades modernas ocorre no perfilhamento e inicio da diferenciação do primórdio floral. Nas variedades tradicionais não é recomendado aplicar N no perfilhamento em face da possibilidade de estimular o crescimento vegetativo em detrimento da produção, podendo ocorrer ainda alongamento do ciclo vegetativo, acamamento e aumento da susceptibilidade a pragas e doenças, principalmente a bruzone. No arroz de sequeirorecomenda-se aplicar 1/3 do N no plantio e os 2/3 restantes em cobertura, na diferenciação do primórdio floral. No arroz irrigado a regra básica é colocar, no plantio, 1/3 do adubo nitrogenado na camada redutora do solo que ocorre entre 5 e 10 cm de profundidade, evitando-se assim perdas por denitrificação. O restante deve ser aplicado em cobertura, na água de irrigação ou a lanço, no perfilhamento e emborrachamento. Fósforo - Em solos inundados ocorre um aumento na disponibilidade de fósforo, justificando a menor resposta do arroz irrigado em relação ao arroz de sequeiro a esse nutriente. A maior disponibilidade de fósforo nos solos inundados é conseqüência, entre outros, do aumento de pH e, principalmente, da redução do fosfato férrico a forma mais solúvel do fosfato ferroso. Os adubos fosfatados, tanto no arroz de sequeiro como irrigado devem ser aplicados na sua totalidade por ocasião do plantio, não se justificando o seu parcelamento devido a sua baixa mobilidade no solo. Potássio - Embora seja o nutriente mais absorvido pela planta de arroz não se tem verificado resposta a aplicação deste nutriente com a mesma freqüência do nitrogênio e fósforo, em termo de aumento de produção de grãos. Explicações para essa ocorrência: · baixa produtividade do arroz; · teor adequado de potássio no solo, capaz de atender a necessidade da cultura; · cerca de 80 a 90% do potássio é acumulado na palha, que retorna ao solo através dos restos de cultura; · adição de potássio através da água de irrigação; · aumento da disponibilidade de potássio em solos inundados, através do deslocamento deste elemento do complexo de troca para a solução, pelos íons Fe2+, NH4+ e Mn2+. As interações do potássio com reflexos na produção são observadas com o nitrogênio, o cálcio, o magnésio e o fósforo. A aplicação de potássio é recomendada, na sua totalidade, na época do plantio, embora existam informações de efeito positivo se aplicação for parcelada. Micronutrientes - As informações sobre a deficiência de micronutrientes, tanto em arroz de sequeiro como em irrigado, sugerem que os solos brasileiros apresentam, com exceção do zinco, quantidades suficientes de nutrientes para o bom desenvolvimento das plantas de arroz. A correção do zinco pode ser feita através da aplicação no solo, tratamento das sementes e aplicação foliar. Calagem – A irrigação por inundação provoca modificações físico-químicas no solo alterando o seu pH. Nos solos ácidos provoca aumento do pH, exceto naqueles baixos em Fe, e em solos sódicos e calcários uma diminuição. Assim a aplicação de calcário visa principalmente a correção de Ca e Mg quando estes elementos estão abaixo de 1,5 e 0,8 ppm, respectivamente. Em condições especiais onde ocorrem altos teores de matéria orgânica, Ca+Mg e Al++ as quantidades de calcário não devem ser recomendadas com base na análise de solo pois esta sempre indicará necessidade excessivamente alta de calcário. Doses elevadas de calcário provocam deficiências de micronutrientes e aceleram a decomposição da matéria orgânica. Em áreas com problemas de toxidez de Fe ou onde se efetuaram cortes profundos, ocorrem elevados teores de Fe, sendo recomendável 3 t/ha de calcário, que deve ser aplicado 6 semanas antes do plantio Recomendações de adubação As recomendações para adubação do arroz irrigado por inundação no estado do Ceará, com base na análise do solo encontram-se na Tabela . Tabela . Recomendação de adubação nitrogenada, fosfatada e potássica para arroz irrigado por inundação para o estado do Ceará, com base na análise do solo. Análise do solo (ppm) Recomendações (kg/ha) Plantio Cobertura N P2O5 K2O N Nitrogênio 30 60 Fósforo 10 60 11 a 20 40 20 30 Potássio 45 45 46 a 90 35 90 25 Fonte: Recomendações técnicas para arroz irrigado no Centro-oeste, Norte e Nordeste. EMBRAPA/CNPAF. Aproveitamento da soca É possível o aproveitamento da soca do arroz fazendo-se o corte a 15 cm do solo, colocando-se uréia em cobertura e em seguida irrigando-se. A colheita pode ser feita entre 60 e 70 dias sendo que o rendimento é reduzido em 1/3 da primeira produção. Vantagens da soca: · Não requer preparo do solo, reduzindo os custos de produção; · Redução do ciclo da cultura; · Maior produção por unidade de área em menor tempo; · Usada no melhoramento; · Necessita menos irrigação e adubação. Desvantagens da soca: · Produz menos do que a cultura original. Em arroz produz 1/2 a 2/3 da cultura original em 2/3 do tempo; · Aumenta a incidência de doenças e invasoras Controle das plantas daninhas O controle das plantas daninhas no arroz pode ser realizado através dos métodos manual (enxada, arranquio), mecânico (cultivadores), cultural (rotação de culturas), manejo da água (arroz irrigado) e químico. O método químico requer complementação manual e os principais herbicidas recomendados para o arroz irrigado encontram-se na Tabela 14. Quando se usa herbicidas pré-emergentes, que são aplicados depois do plantio e antes da emergência das ervas daninhas e da cultura, o solo deve estar bem preparado, livre de torrões e restos de culturas e em boas condições de umidade. Irrigação e drenagem O sistema de irrigação mais usado no arroz é a inundação. Requer a construção de taipas, muros ou marachas para reter a água nos talhões. As taipas são feitas manual ou mecanicamente. A lâmina d'água nos talhões deve ser a menor possível, 15 cm nas cultivares de porte baixo e 40 cm nas cultivares de porte alto. Cultivares com bom perfilhamento ficam prejudicadas se a lâmina d'água for profunda. A irrigação deve ser iniciada 10 a 15 dias após a germinação do arroz e suspensa pouco antes da colheita. No inicio a lâmina d'água deve ser pequena e ir aumentando a medida que as plantas crescem. Há uma recomendação para que aos 30 dias a água seja retirada dos talhões para forçar o desenvolvimento do sistema radicular. Pouco antes de completar a maturação drenar a água para uniformizar a maturação e melhorar a qualidade do produto. Quanto a qualidade da água, o arroz suporta água salina com teores de até 2,5 g/l de NaCl. Entretanto, nos estágios iniciais do desenvolvimento da planta o teor de sal não deve ser superior a 0,5 g/l de NaCl. 5. Pragas e doenças do arroz Pragas Estima-se que as pragas sejam responsáveis por mais de 30% na redução da produção de arroz na região Centro-Oeste do Brasil. De acordo com a sua biologia as pragas do arroz podem ser agrupadas em: do solo, da parte aérea e dos grãos armazenados. Principais pragas do solo: . Broca do colo (Elasmopalpus lignosellus) A lagarta possui coloração verde-azulada e a cabeça é pequena e de coloração verde-escura. Inicialmente se alimenta das folhas, mas, em seguida localiza-se junto ou pouco abaixo da superfície do solo, onde cava galerias em direção ao centro dos colmos, provocando a murcha e morte das planta. Esta praga causa um sintoma conhecido como "coração morto", que se caracteriza pelo secamento da folha central, a qual despreende-se com facilidade. As plantas jovens são muito sensíveis ao seu ataque, o que provoca um grande número de falhas na lavoura, sendo necessário, às vezes, uma nova semeadura. Muito prejudicial em solo seco. O controle pode ser feito com a inundação do solo, tratamento de sementes e pulverização das reboleiras atacadas com produto a base de carbaril. . Lagarta-rosca (Agrostis ipsilon) A lagarta rosca tem coloração parda-acizentada-escura e hábito noturno. Durante o dia fica enrolada e abrigada no solo. Ao toque elas se enroscam. Os danos da lagarta rosca caracterizam-se pelo corte das plantas ao nível do solo. Para o seu controle recomenda-se os mesmo tratamentos da lagarta-do-colo. . Bicheira-da-raiz (Oryzophagos oryzae) Conhecida também como bicheira-do-arroz é uma praga do arroz irrigado. O inseto adulto é um besouro de coloração castanho-escuro com manchas brancas e negras sobre o corpo. Mede 3,5 mm de comprimento eé encontrado sobre as folhas e dentro da água. Alimenta-se do parênquima da folha deixando cicatrizes paralelas a nervura central. A larva penetra na raiz do arroz onde escava galerias para se alimentar. Os sintomas de ataque da bicheira-do-arroz são amarelecimento das folhas e apodrecimento da base do colmo. As panículas ficam reduzidas ou chochas podendo ocorrer a morte das plantas. As recomendações de controle são: eliminação das gramíneas hospedeiras, tratamento das sementes, controle químico dos adultos na fase do acasalamento com produtos a base de carbofuran (Furadan 5G) e/ou retirada da água por um período de 7 a 15 dias. Principais pragas da parte aérea: . Lagarta dos milharais (Spodoptera frugiperda) É conhecida também como lagarta do cartucho do milho. As larvas possuem coloração que varia entre pardo escuro e verde até quase preta. Apresentam três linhas finas, brancas amareladas, na parte dorsal do corpo. Na parte frontal da cabeça existe um Y invertido. As lagartas alimentam-se das folhas chegando as vezes a destruir completamente a cultura. O controle pode ser com pulverização de produtos a base de Bacillus thuringiensis (Dipel ou Thuricide), trichlorfon (Dipterex) ou carbaril. . Broca do colmo (Diatrea sacharallis) A lagarta possui coloração amarelo-pálida, com manchas de cor café em cada segmento do abdome. As lagartas jovens alimentam-se do parênquima das folhas, penetrando a seguir nas hastes fazendo galerias, provocando o aparecimento de panículas chochas. As plantas atacadas tombam com facilidade. Para controle recomendam-se os mesmos produtos indicados para a lagarta dos milharais. . Percevejo marron (Tibraca limbativentris) Encontrado em todas as regiões arrozeiras, principalmente no sul do Brasil. Pode ser identificado por sua coloração marrom uniforme e pela presença de duas projeções triangulares a cada lado da parte frontal do escutelo. Os danos são causados por adultos e ninfas, que ao sugarem a haste do arroz causam um estrangulamento na mesma, produzindo um sintoma conhecido de "coração morto”. O controle deve ser feito com pulverizações com trichlorfon ou povilhamento com produtos a base de carbaril. Outras pragas que podem atacar o arroz: Cigarrinha das pastagens (Deois flavopicta), ataca folhas; Percevejo sugador (Oebalus poecilus), suga os grãos. No controle das pragas do arroz deve-se optar pelo controle integrado que envolve práticas de manejo consistindo dos controles: cultural, varietal, mecânico, físico, biológico e químico (Tabela 15). No controle químico os inseticidas com as respectivas doses, classe toxicológica e período de carência, recomendados para controle da praga do solo, da parte aérea do arroz e tratamento das sementes encontram-se na Tabela 16. Pragas dos grãos: . Gorgulho (Sithophilus zeamais ou Sitophilus oryzae) Os adultos possuem coloração castanha escura, tem cabeça prolongada para frente em rostro recurvado onde estão as peças bucais. O arroz de sequeiro sofre mais o ataque do gorgulho do que o arroz irrigado, porque apresenta maior número de grãos com defeitos de casca. Estudos têm mostrado que os gorgulhos não danificam grãos com casca perfeita. Atacam apenas grãos com abertura na casca ou casca quebrada. O controle pode ser feito com produtos a base de fosfeto de alumina (fosfina). Phostoxin pastilhas usar 1 para cada 5 sacos por 2 dias. No caso de povilhamento recomendam-se produtos a base de malathion (Shellgran). Evitar expurgo com brometo de metila. . Traça (Sitotroga cerealella) São mariposas pequenas, 6 a 8mm de comprimento com asas anteriores cor de palha. Causam danos apenas no estado larval, corroendo o endosperma amiláceo dos grãos. Dificilmente ataca grãos com casca perfeita. O controle pode ser feito com as mesmas medidas recomendadas para os gorgulhos. Doenças Segundo estudos da EMBRAPA, já foram registradas mais de 16 doenças de arroz no Brasil, sendo a maioria causada por fungos. As principais doenças do arroz são: Bruzone (Piricularia oryzae) Considerada a principal doença do arroz, ataca todas partes da planta. A ocorrência é mais freqüente na lâmina foliar e no pedúnculo do ráquis (pescoço) da panícula. Pode atacar ainda a bainha das folhas, ráquis, nós do colmo e glumas. Os sintomas nas folhas consistem no aparecimento de minúsculos pontos marrons, que se expandem tomando a forma fusiforme, com o centro com aparência aquosa, evoluindo para a cor palha, mas mantendo as margens marrons. Os danos são elevados quando ocorrem na região do pescoço da panícula, provocando o apodrecimento dos tecidos e tombamento da panícula. Umidade elevada e temperatura noturna baixa, 20 a 240C, favorecem as lesões. Outros fatores favoráveis ao aparecimento da doença: solos arenosos, aplicação excessiva de adubos nitrogenados, densidade excessiva de plantas, controle tardio de plantas daninhas, drenagem excessivamente precoce para favorecer o amadurecimento dos grãos. O controle pode ser feito com variedades resistentes; métodos culturais (evitar excesso de adubação nitrogenada, alta densidade de plantio, etc) e uso de fungicidas (Tabela 16 e 17). Mancha parda (Helminthosporium oryzae) Doença amplamente distribuída nas áreas arrozeira, transmitida pela semente. O fungo causa lesões nas folhas, bainha das folhas e glumas. As manchas decorrentes do ataque do fungo são ovaladas ou circulares, com centro marrom claro. A infecção não ocorre em ambientes com temperatura acima de 250C. Chuvas contínuas e dias nublados favorecem a infecção. O controle pode ser feito com métodos culturais (manejo apropriado da água de irrigação, aplicação parcelada de adubos nitrogenados) e controle químico (Tabelas 16 e 17). Mancha estreita (Cercospora oryzae) Ataca plantas adultas com maior intensidade no florescimento. As manchas nas folhas são retangulares e alongadas. Causa o secamento da folha, começando da ponta para a bainha. Controle: cultivares resistentes. Ponta branca (Aphelencoides bessey) O nematódeo causador da ponta branca é um ectoparasito que se alimenta de folhas novas não desenvolvidas. Provoca murcha na ponta das folhas novas, progredindo em direção a base, proporcionando a aparência esbranquiçada nas pontas das folhas. São transmitidos por sementes, porque na ocasião do espigamento os nematódeos migram para as glumas, permanecendo entre a pálea e o grão. Pode ser transmitido também pela palha. O controle recomendado consiste no tratamento de sementes com PCNP 75PM. O controle das doenças do arroz pode ser feito através de variedades resistentes, práticas culturais e fungicidas. Os fungicidas recomendados para tratamento de sementes encontram-se na Tabela 17. 6. Colheita, secagem, beneficiamento, armazenamento e qualidade do grão Colheita Por apresentar um florescimento desuniforme na mesma panícula e panículas formadas em épocas diferentes na mesma touceira (devido ao perfilhamento) a planta de arroz tende a apresentar na fase de maturação grãos com diferentes estágios de desenvolvimento. Se colhidos no inicio da fase de maturação a percentagem de grãos verdes é elevada e grãos cheio baixa. Essa relação se inverte a medida que a maturação avança. A situação ideal para a colheita é quando existe o máximo de grãos maduros e o mínimo de grãos verdes. Assim sendo a época da colheita influencia a qualidade e quantidade do arroz produzido, como também a forma de colheita. A colheita antecipada ocasiona a presença de grãos verdes ou imaturos, que interferem no peso e qualidade do produto colhido, devido a elevada umidade dos grãos que provoca fermentação (ardimento), mofo e aquecimento. A Figura 16 mostra a relação entre o teor de umidade dos grãos na colheita e a percentagem de grãos verdes. Outros problemas decorrentes da colheita antecipada são a presença elevada de espiguetas vazias e grãos gessados devido ao alto teor de umidade dos grãos. Pesquisa conduzida nesse sentido mostrou que o teor de umidade do grão na colheita que proporcionou baixa percentagem (2,32%) deespiguetas vazias estava em torno de 26,5% (Figura 17). O aparecimento de espiguetas vazias pode ser decorrente de outras causas como presença de doenças (bruzone), pragas (broca), deficiência hídrica durante a formação da semente e intensidade luminosa baixa durante a maturação. A relação entre o teor de umidade dos grãos na colheita e a percentagem de grãos gessados e mostrados na Figura 18. A presença de grãos gessados prejudica a comercialização do produto por interferir no aspecto visual do grão, visto que o consumidor é muito exigente neste particular, requerendo grãos limpos, inteiros, brancos (vítreo) e brilhantes. Na classificação comercial do arroz não é permitida a presença de grãos gessados em valores superiores a 20%. O arroz gessado além do aspecto de aparência é mais quebradiço do que o arroz normal. Nas regiões gessadas do grão as células de amido têm formato arredondado, enquanto que nas áreas normais tem formato poligonal e são fortemente compactadas. A existência de maior espaço intercelular nas regiões gessadas favorece o rompimento dos grãos quando submetidos a impacto. O arroz gessado também favorece ao empapamento (grãos ficam ligados após a cocção). O brasileiro prefere que os grãos de arroz após o cozimento fiquem soltos. Na colheita tardia pode ocorrer degrana e germinação dos grãos na panícula que também afetam a quantidade e qualidade do produto. A colheita do arroz pode ser manual ou mecânica. Na colheita manual a planta é cortada próxima ao nível do solo e formado feixes de 15 a 20 cm de diâmetro, os quais são empilhados em medas de 20 a 30 feixes com as panículas para cima, em forma de cone, para posterior batição. Só usado em cultivares de degrane natural difícil. A colheita mecânica é feita com máquinas que colhem trilham e ensacam. Se o teor de umidade do grão for maior que 20% ocorre amassamento e abaixo de 14% o seu quebramento. A colheita tardia provoca queda de grãos, germinação na panícula, ataque de pragas e doenças. Secagem A secagem do arroz pode ser natural ou artificial. Na secagem natural o arroz é exposto ao sol em terreiros, até a umidade atingir 13%. Na secagem artificial as sementes são submetidas a temperatura de 400C até a umidade atingir 11%. Para o consumo, a temperatura de secagem pode atingir 800C e umidade final de 11 a 13% Temperaturas elevadas no inicio provocam "envidramento" do grão que pode causar quebra no beneficiamento. Beneficiamento A época da colheita pode afetar o beneficiamento através do rendimento total e rendimento de grãos inteiros. A Figura 18 mostra a relação entre a umidade dos grãos na colheita e o rendimento de grãos inteiros. Os grãos de arroz removidos da panícula são envolvidos pelo lema e pálea, estruturas da flor que permanecem aderidas ao grão até a sua maturação e constituem a casca do arroz. A estrutura do grão de arroz com casca é mostrado na Figura . O processo de beneficiamento do arroz se inicia com a remoção da casca, que normalmente é realizado por máquinas especiais. Os grãos sem casca podem ser consumidos, inclusive são mais nutritivos. Entretanto devido a sua aparência e necessitar de mais tempo para a cocção tem pouco valor comercial. Em decorrência disso torna-se necessário que seja submetido a um processo de polimento, que consiste na remoção do pericarpo e aleurona, camadas que envolvem o endosperma, para que seja melhor aceito pelos consumidores. O polimento é feito em máquinas apropriadas onde o arroz sem casca é geralmente misturado com carbonato de cálcio (CaCO3), na proporção 1:1000 que atua como abrasivo facilitando a operação. Como resultado do beneficiamento do arroz em casca obtém-se 20% de casca, 70% de grãos inteiros e quebrados e 10% de farelo de arroz. Casca do arroz Constitui um problema para o beneficiador dos grãos de arroz em razão de ser dura, abrasiva e de baixo valor nutritivo, tendo por conseqüência uso limitado. Os constituintes da casca de arroz são: cinzas (20%); pentosanas (20%); lignina (20%); proteínas (3%); gorduras (2%). O principal elemento mineral encontrado na cinza da casca é a sílica (94-96%). O arroz, diferente dos outros cereais, absorve grande quantidade desse elemento que se deposita na casca. Usos sugeridos para a casca de arroz: - Na alimentação animal em mistura com o farelo de arroz na proporção 1,5:1,0. - Em galinheiros formando cama - Cobertura morta - Combustível(poder calorífico baixo,2/3 do da madeira) - Como fonte de furfural (baixo teor em relação a outras fontes como a casca da semente de aveia, a casca da semente de algodão, o sabugo de milho, etc.). O furfural tem uso, entre outros, na fabricação de vernizes; acelerador no processo de vulcanização; inseticidas; fungicidas, e reagente em química analítica. Farelo de arroz O farelo é o resultado do processo de polimento dos grãos e consiste das camadas do pericarpo, aleurona e pequena quantidade de amido do endosperma. Alguns dos constituintes do farelo de arroz são: proteína (12,0%); gorduras (15,0%); pentosanas (10,0%); fibras (10,0%); cinzas (9,0%). O farelo é ainda uma excelente fonte de vitamina B (tiamina 10,6, riboflavina 5,7, niacina 30,9, piroxina 19,2 ug/g) e vitamina E, porém possui baixo ou nenhum teor das vitaminas A, C ou D. O farelo de arroz é uma excelente fonte de nutrientes para o arraçoamento animal. O óleo existente no farelo é oriundo do pericarpo e não do embrião como acontece com a maioria dos cereais. A estocagem do farelo por longo período pode ocorrer rancificação e diminuir a palatabilidade. Armazenamento O arroz pode ser armazenado em sacos, com casca, em armazéns ventilados, com controle fitossanitário ou em silos graneleiros. Qualidade do grão A qualidade do grão para consumo depende da percentagem de grãos quebrados que ocorra no processo de beneficiamento. A aceitação pelos consumidores varia de país a país e mesmo entre regiões dentro de um mesmo país. Os consumidores americanos preferem arroz que após cozido apresente grãos soltos e macios e cada grão deve manter a sua forma. Na Ásia os consumidores preferem grãos que após a cocção apresentem-se úmidos e pegajosos. Os grãos longos, por apresentarem-se secos e macios após a cocção, são recomendados para cozimento rápido e enlatados. Os grãos curtos, por se apresentarem úmidos e pegajosos são recomendados para o fabrico de cereais, alimento para crianças e industria de cervejaria. O conteúdo de amilose no amido, que depende da cultivar e do tipo de grão, influencia na qualidade do arroz. Assim é que grãos longos se caracterizam por elevado teor de amilose (23-27%), enquanto que grãos de tamanho médio e curto o teor de amilose varia entre 15-21%. Os testes de qualidade do grão de arroz são feitos em laboratórios providos de equipamentos especiais como descascadores e polidores e outros para análises física e química. Os aspectos de interesse dos melhoristas relacionados com a qualidade do grão são: tamanho, forma e peso do grão; rendimento de engenho; aparência do endosperma; teores de amilose, temperatura de gelatinização, consistência de gel; e teor de proteína. Na melhoria da qualidade do grão deve-se considerar a preferência do consumidor, que varia entre países. O consumidor japonês prefere arroz de grãos curtos, processado recentemente e que permita ser consumido como massa pegajosa; já o consumidor brasileiro, prefere arroz de grãos longos e finos, que cresçam na panela e fiquem separados, macios e soltos. Na análise da qualidade é necessário levar em consideração a idade do grão, pois a sua textura muda com armazenamento. Propriedades físico-químico do grão de arroz: Tamanho, forma e peso Tamanho e forma são características da maior importância do ponto de vista do consumidor, considerando que em alguns países a preferência e por grãos curtos e arredondados enquanto em outros se prefere grãos longos e finos. A classificação quanto ao tamanho dos grãos após o beneficiamento, utilizada no CIAT, obedece a tabela a seguir: Tipo de grão
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