Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA Prof. Leonardo Henrique Barbosa Lima ENTENDENDO OS PROBLEMAS NACIONAIS NO CAMPO TRIBUTÁRIO E AS DIFICULDADES PARA RESOLVÊ-LOS • O sistema tributário pode ser considerado como importante instrumento de redução das desigualdades sociais, sendo fator decisivo na melhoria da distribuição de renda. A regra geral de tributação é a seguinte: Os tributos devem ser cobrados sobre: • » patrimônio e renda das pessoas físicas e jurídicas; • » encargos sociais; e • » consumo de bens e serviços. • Em 1776, o escocês Adam Smith publicou em sua clássica obra A riqueza das nações, alguns preceitos da boa tributação: justiça, simplicidade e neutralidade. Veja o que disse o renomado autor sobre cada um dos preceitos: • JUSTIÇA – Um sistema tributário é justo quando todos, do mais pobre ao mais rico, contribuem em proporção direta à sua capacidade de pagar. Na definição de justiça tributária, está implícito o princípio da progressividade – quem ganha mais deve contribuir com uma parcela maior do que ganha, pois uma parte maior da sua renda não está comprometida com o atendimento de necessidades básicas. • SIMPLICIDADE – De acordo com Smith, num sistema tributário simples é relativamente fácil e barato para o contribuinte calcular e pagar quanto deve. A mesma facilidade tem o governo para fiscalizar se o contribuinte pagou o que devia. • NEUTRALIDADE – Neutralidade quer dizer que o sistema tributário não deve influenciar a evolução natural da economia. Ou seja, não deve influir na competitividade e nas decisões das empresas e tampouco no comportamento do consumidor/contribuinte. • A tributação sobre o patrimônio e a renda deve ser gravada pelo critério da progressividade, que significa cobrar, da forma possível, alíquotas (efetivas) maiores dos contribuintes com maior capacidade de consumo. Assim, uma renda mensal de R$ 20 mil deve ser tributada por uma alíquota maior do que uma renda de R$ 8 mil. Um automóvel cujo valor de mercado seja R$ 90 mil deve ter alíquota maior que outro de R$ 40 mil. • Já a tributação sobre o consumo de bens e serviços deve seguir o critério da seletividade, ou seja, gêneros alimentícios de primeira necessidade, como produtos da cesta básica, devem ter alíquotas menores, enquanto os produtos supérfluos, alíquotas maiores. • Mas o Brasil atual tem muitos, mas muitos problemas no campo tributário: • A complexidade excessiva da atual legislação tributária, fazendo muitas vezes com que o contribuinte acabe pagando mais do que deve por não entender adequadamente a aplicação da legislação vigente. Pior que pagar muito é não ter certeza se o que foi pago está correto. • A tributação sobre o consumo, que responde por quase metade da carga tributária total. Os tributos sobre o consumo oneram todos os contribuintes de forma igual, não cumprindo o dispositivo da isonomia tributária, o qual defende que NÃO deve ser dado tratamento igual a contribuintes desiguais. • A tributação sobre a renda das pessoas físicas é uma das mais baixas do mundo, em relação à participação do IRPF sobre o PIB. As pessoas com remuneração mais elevada não são tributadas na pessoa física, escondendo-se em empresas tributadas pelo lucro presumido, que sofrem carga tributária menor em comparação com a tributação dos assalariados. • O elevado peso dos encargos sociais na carga tributária, mais de 25%. • A CULTURA TRIBUTÁRIA FRACA da população, tema associado integralmente com o baixo retorno oferecido pelos serviços públicos, que não são de qualidade. Assim, o contribuinte procura todos os artifícios possíveis para pagar menos tributos, inclusive algumas vezes de forma irregular. A corrupção sistêmica, que vem tomando conta do noticiário nos últimos anos, é outro fator que contribui para esta fragilidade cultural no campo tributário. • Portanto, ratificando o que disse Adam Smith há 240 anos, para que uma reforma tributária seja classificada como tal, deve cumprir com a função social de redistribuição de renda. E isso só será obtido quando a reforma atingir, cumulativamente, três parâmetros básicos: simplificação, redução e estabilização. QUESTIONÁRIO: 1. No seu ponto de vista o sistema tributário nacional é complexo? De que forma poderá atingir a SIMPLIFICAÇÃO sugerida por Adam Smith? Justifique: 2. Uma reforma no sistema tributário nacional tem que sugerir uma redução na carga tributária para ser efetiva? Justifique: 3. De acordo com os slides apresentados, o sistema tributário nacional está desajustado sob o ponto de vista da isonomia tributária? Exemplifique. IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados Base de Cálculo do IPI A base de cálculo do IPI veio a ser definida pela legislação infraconstitucional e, regra geral, é o valor da operação por qual a mercadoria deixa o estabelecimento do industrial ou do comerciante a ele equiparado, em geral acobertando um negócio juridicamente econômico, ou seja, uma operação de compra e venda. Já no caso de importação, a base de cálculo do IPI é acrescida do valor do imposto sobre importação e das despesas aduaneiras efetivamente pagas, necessárias ao desembaraço das mercadorias. Quanto às mercadorias apreendidas ou abandonadas, arrematadas em leilão das autoridades fiscais, a base do IPI será o preço alcançado no Leilão. ICMS na base de cálculo do IPI Discutiu-se muito a questão da inclusão do ICMS na base de cálculo do IPI, quando a operação configure fato gerador de ambos, prevalecendo intenção da Fazenda Federal, há muito manifestada através dos Pareceres Normativos CST 39/70 e 341/71. A doutrina e a jurisprudência de igual forma compartilham com esse entendimento, sob a justificativa de que o montante do ICMS integra o valor da operação. E, portanto, se o IPI tem como base de cálculo o valor da operação, neste, obrigatoriamente, encontra-se incluído o valor do ICMS. Descontos incondicionais na base de cálculo do IPI: Os descontos incondicionais que reduzem a base do ICMS não são descontados na base de cálculo do IPI. Então, em uma venda realizada pela indústria por R$ 500 com desconto de R$ 50, caso a alíquota do IPI seja de 8%, este percentual será aplicado sobre R$ 500, montando R$ 40 de IPI, sem deduzir o desconto. IMUNIDADES NO IPI O art. 18 do Decreto no 7.212/10 consolida as imunidades previstas na Constituição Federal para o IPI: a. Os livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão. b. Os produtos industrializados destinados ao exterior. c. O ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial. d. A energia elétrica, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do país. ISENÇÃO DO IPI Salvo se concedida por prazo certo em função de determinadas condições, a isenção pode ser revogada ou modificada por lei a qualquer tempo, e, quando não concedida em caráter geral, é aplicável independentemente do reconhecimento por autoridade administrativa. Existem muitas situações onde há isenção de IPI. O Regulamento do IPI apresenta os itens isentos e os detalhes de aplicação das isenções a partir do art. 54. A partir do art. 81 há menção da isenção para produtos industrializados na Zona Franca de Manaus. As Leis no 8.032/90 (art. 2o, I) e no 8.402/92 (art. 1o, IV) definem a isenção em produtos importados pelos entes estatais, partidos políticos, instituições científicas e tecnológicas, dentre outras isenções.
Compartilhar