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Os DIREITOS REAIS sob coisas alheias refere

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Os DIREITOS REAIS sob coisas alheias refere-se a propriedade onde estão contidos diversos elementos, como o usufruto, o uso e a habitação, por exemplo. Essas peças do direito real não necessitam estar exclusivamente nas mãos de seu proprietário, podendo assim estarem conferidos a um terceiro, devido ao fato do Direito os considerar como suscetíveis de se constituírem em objeto próprio.
Não é equivocado afirmar que, para classificar os bens em relação com o homem, existem duas formas distintas: ou eles são bens abundantes, ou seja, sem valoração econômica (ex.: água do mar, o ar, a luz solar, entre outros), ou são passiveis de apropriação (bens apropriáveis, ou seja, que possam transformar-se em propriedade). Todas as coisas uteis e raras podem ser objeto de propriedade, visto sob o interesse econômico que elas tem.
Os direitos reais, de forma simplificada, são as regras do campo patrimonial que trata da influência do homem em relação as coisas alheias. A propriedade é o principal objeto do direito real. As coisas publicas jamais serão apropriáveis. Os demais direitos reais são o usufruto, o uso, a habitação, a superfície, as servidões, o direito do promitente comprador, o penhor, a hipoteca e a anticrese, como dispõe o Art. 1225 do CC, em que limita o numero dos direitos reais, assim definidos:
Art. 1225: São direitos reais:
I – a propriedade;
II – a superfície;
III – as servidões;
IV – o usufruto;
V – o uso;
VI – a habitação;
VII – o direito do promitente comprador do imóvel;
VIII – o penhor;
IX – a hipoteca;
X – a anticrese. 
Dentro desses direitos reais, o trabalho visa apresentar fundamentações acerca do usufruto, uso e habitação.
O usufruto é um direito de gozar da coisa alheia enquanto temporariamente destacado da propriedade, ou seja, é o direito que o sujeito tem de desfrutar temporariamente de um bem alheio, sem que ele tenha que ser o seu proprietário e sem que altere a sua substancia. O uso, por sua vez, é o direito que um sujeito tem de usar de uma coisa e dela retirar o que for de acordo com as suas necessidades e de sua família, sem dela retirar as vantagens. Difere do usufruto, uma vez que o usufrutuário retira das coisas todas as utilidades da coisa, ou seja, o sujeito goza da coisa alheia como se fosse o seu proprietário.
Já a habitação é um uso limitado, consistente no uso de um imóvel para a sua habitação e de sua família. É a faculdade que o sujeito tem de residir em um determinado local. O titular deste direito não pode fazer nada com a casa ou prédio alheio a não ser habita-lo com sua família.
USUFRUTO
Usufruto é o direito real que se confere a alguém para retirar de coisa alheia, por certo tempo, os frutos e utilidades que lhe são próprios, desde que não lhe altere a substancia ou destino. No Código Civil de 2002, não há uma concepção conceitual clara a respeito do que é usufruto, levando apenas as suas características, finalidades, modo de extinção, entre outros.
 Sua classificação se dá sobre o parâmetro de usufruto de gozo ou fruição sob coisa alheia, ou seja, o titular é quem recebe o direito, tendo a prerrogativa de usar ou gozar, utilizando-se dela de fora semelhante ao proprietário da coisa. Explica o jurista Lafayette:
“O proprietário no uso e gozo da coisa tem a faculdade ampla de altera-la, transforma-la, de destruir-lhe, enfim, a substancia. Mas o direito do usufrutuário não pode ser levado tão longe. Desde que o proprietário conserva direito à substancia do objeto, o usufrutuário é obrigado a respeita-lo: não há direito contra direito. Assim, o usufruto é um direito sobre a coisa alheia, salva a substancia da mesma coisa”.
Por ser um direito real sobre coisa alheia, pressupõe-se então a convivência dos direitos do usufrutuário e do nu-proprietário. O que distingue os direitos de um e de outro são o proveito da coisa em beneficio do usufrutuário e a substancia que permanece com o nu-proprietário. Dispõe o Código Civil de 2002 os direitos do usufrutuário em seu Art.  1394:
“Art. 1394: O usufrutuário tem direito à posse, uso, administração e percepção dos frutos”.
Em outras palavras, o usufrutuário tem a posse direta do bem, sendo então o possuidor direto da coisa. Já o nu-proprietário é o possuidor indireto do bem. Sendo assim, ambos tem direitos a ações e proteções possessórias, por serem ambos possuidores.
O nu-proprietário, por sua vez, é explicado nas palavras de Carlos Roberto Gonçalves:
“Além da posse indireta da coisa, tem o direito à substancia da coisa, a prerrogativa de dispor dela e a expectativa de recuperar a propriedade plena pelo fenômeno da consolidação, tendo em vista que o usufruto é sempre temporário; de outro lado, passam para as mãos do usufrutuário os direitos de uso e gozo, dos quais transitoriamente se torna titular”.[5]
Por referir precisamente dos poderes do usufrutuário, dos quais seriam em relação à coisa fruída: gozar temporariamente da coisa alheia, o usufrutuário, para exercer esse poder, deverá exercer um outro, do qual seria exigir ao nu-proprietário da coisa que esta seja entregue com o direito de usufruto. O usufrutuário pode também hipotecar a outro o seu usufruto, como assim dispõe os Arts. 1400 a 1409 do mesmo diploma legal. Ali, os artigos acima citados explicam os deveres do usufrutuário, como o dever de inventario, de prestar caução, consentir a intervenção do proprietário, reparações, encargos fiscais e defesa dos interesses do proprietário.
O usufruto tem duas finalidades distintas, sendo estas exclusivas às relações familiares. São elas a assistencial e a alimentar, normalmente advindas de um negócio tanto gratuito como oneroso. Ademais, esses negócios vem sempre de testamentos ou doações que tenham, de certa forma, a reserva de usufruto. O principal objetivo dessas finalidades, tanto a assistencial quanto a alimentar é dar ao usufrutuário o direito de uso e gozo da coisa testamentada ou doada, sendo tanto para assegurar-lhe dos meios assim advindos, quanto para prover sua subsistência.
As características do usufruto, além das já citadas, das quais são o direito de usar e fruir da coisa alheia e a sua não permissão de alteração da substancia da coisa ou do direito em si, são dividias em partes: é um direito real sobre a coisa alheia; caráter temporário; inalienável; divisível; e insuscetível de penhora.
É direito real sobre coisa alheia pois, nas palavras de Silvio Rodrigues:
“Recai diretamente sobre a coisa, não precisando seu titular, para exercer seu direito, de prestação positiva de quem quer que seja. Vem munido do direito de sequela, ou seja, da prerrogativa concedida ao usufrutuário de perseguir a coisa nas mãos de quem quer que injustamente a detenha, para usa-la e desfrutá-la como lhe compete. É um direito oponível erga omnes e sua defesa se faz através de ação real”.
Essa característica difere de qualquer outra utilização de coisa alheia, como a locação e o comodato, por exemplo.
Tem caráter temporário, pois limita o usufruto à vida do usufrutuário; ao termo de sua duração; pela extinção da pessoa jurídica ou no decurso de 30 anos da data em que se começou a exercer; pela cessação do motivo de que se origina; pela destruição da coisa; pela consolidação; por culpa do usufrutuário quando aliena, deteriora ou deixa arruinar os bens; ou pelo não uso e fruição da coisa. 
É inalienável, mas admite cessão a titulo oneroso ou gratuito (Art. 1410, IV, CC). A inalienabilidade não permite a penhora, que apenas incidirá sobre o proveito econômico que ele possa oferecer. Essa característica esta configurada nos fins do instituto, porque tem o dever de prover a subsistência do usufrutuário e de sua família.
É divisível, ou seja, o código permite a sua constituição em favor de duas ou mais pessoas, gerando assim o co-usufruto.
E, por fim, é insuscetível de penhora, ou seja, decorrente da inalienabilidade, o usufruto é impenhorável. Carlos Roberto Gonçalves explica melhor essa característica:
“O direito em si não pode ser penhorado, em execução movida por divida do usufrutuário, porque a penhora destina-se a promover a vendaforçada do bem em hasta publica. Mas como o seu exercício pode ser cedido, é passível, em consequência, de ser penhorado. Nesse caso, o usufrutuário fica provisoriamente privado do direito de retirar da coisa os frutos que ela produz”.
Como formas de constituição do usufruto, este pode se dar por meio de atos de vontade, usucapião e por determinação legal. Para bens imóveis, dispõe o Art. 1391 do Código Civil:
“Art. 1391: O usufruto de imóveis, quando não resulte de usucapião, constituir-se-á mediante registro no Cartório de Registro de Imóveis”.
Para bens moveis, tem-se o Art. 1267 do mesmo diploma legal:
“Art. 1267: A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos antes da tradição. Parágrafo Único: Subtende-se a tradição quando o transmitente continua a possuir pelo constituto possessório; quando cede ao adquirente o direito à restituição da coisa, que se encontra em poder de terceiro, ou quando o adquirente já esta na posse da coisa, por ocasião do negocio jurídico”.
O usufruto constituído mediante atos de vontade ou atos jurídicos, é aquele conquistado por contratos ou por meio testamentário. Na primeira hipótese, a constituição pode ser tanto onerosa como gratuita, inter vivos ou causa mortis. Em geral surge de forma gratuita, por doação com reserva de usufruto, ou por doação de nu-propriedade para um beneficiário ou também por um usufruto a outro. A segunda e mais frequente hipótese, quando por testamento a pessoa proprietária deixa a outra o usufruto e a fruição da coisa.
Ademais, tem-se também a forma de constituição por meio da usucapião, podendo ser ordinária ou extraordinária. O usufrutuário tem o dever de cumprir as despesas ordinárias de conservação, conforme dispõe Art. 1403 do Código Civil, porém, não responde ao nu-proprietário pelas deteriorações normais de uso (Art. 1402, CC). As despesas extraordinárias, por sua vez, incumbem ao nu-proprietário, como rege o Art. 1404 do mesmo diploma legal.
Como ultima forma de constituição do usufruto, temos aquela por determinação legal. Essa estabelece em favor de certas pessoas, como o usufruto do cônjuge sobre os bens do outro cônjuge, quando tal direito lhe competir (Art. 1652, I,  CC). Em outras palavras, essa forma de constituição de usufruto se da somente se previsto em lei, ou seja, por determinação em lei.
Assim como temos os meios de constituição do usufruto, temos também os meios de extinção do mesmo, assim regidos pelo Art. 1410 do Código Civil:
“Art. 1410: O usufruto extingue-se, cancelando-se o registro no Cartório de Registro de Imóveis:
I – Pela renuncia ou morte do usufrutuário;
II – Pelo termo de sua duração;
III – Pela extinção da pessoa jurídica, em favor de quem o usufruto foi constituído, ou, se ela perdurar, pelo decurso de trinta anos da data em que se começou a exercer;
IV – Pela cessação do motivo de que se origina;
V – Pela destruição da coisa, guardadas as disposições dos Arts. 1407, 1408, 2ª parte e 1409;
VI – Pela consolidação;
VII – Por culpa do usufrutuário, quando aliena, deteriora, ou deixa arruinar os bens, não lhes acudindo com os reparos de conservação, ou quando, no usufruto de títulos de credito, não dá às importâncias recebidas a aplicação prevista no paragrafo único do Art. 1395;
VIII – Pelo não uso, ou não fruição, da coisa em que o usufruto recai (Arts. 1390 e 1399).
O inciso primeiro do Art. 1410 do código civil diz respeito ao modo de extinção do usufruto por meio da renuncia ou morte do usufrutuário. A renuncia  exige, além da capacidade do usufrutuário de promove-la, a disponibilidade desse direito. Ela deve ser feita mediante escritura publica, de forma expressa ou em alguns casos tácita, para bens imóveis de valores superiores a trinta salários mínimos, como explica o Art. 108 do mesmo diploma legal. Por ser temporário e inalienável, explica o fato de o usufruto extinguir-se mediante morte do usufrutuário, aplicando-se ao usufruto vitalício e aquele constituído para durar por um certo período de tempo.
Quando o usufruto é constituído por duas ou mais pessoas, este se extinguirá para os que falecerem, subsistindo a parte dos remanescentes, salvo se estipulado o direito de acrescentar, quando o quinhão dos falecidos cabe aos sobreviventes até que faleça o ultimo usufrutuário, como rege o Art. 1411 da mesma base legal. Cumpre ressaltar sobre a proibição de violação da legitima dos herdeiros necessários, ou seja, se o usufruto for simultâneo e recair sobre a herança, o direito de aumentar é automático.
O termo de duração do usufruto também é um modo de extinção do mesmo. Este se estabelece mediante atos constitutivos, se o usufrutuário não vir a falecer antes. Por mais que o usufruto seja por prazo determinado, o mesmo inexiste na função sucessória.
É modo de extinção do usufruto quando a pessoa jurídica venha a extinguir-se. Para consolidar tal ato, o legislador determina que precisa-se da morte do usufrutuário e, também, do limite de duração do usufruto de trinta anos, para pessoas jurídicas. Nesse caso, o usufruto cessa-se antes da morte do usufrutuário, no caso em questão, por cessação da sociedade da pessoa jurídica.
Outro modo de extinção é a consolidação, onde a pessoa tem a junção do domínio e a do usufruto ao mesmo tempo. É quando o nu-proprietário adquire o usufruto ou quando o usufrutuário adquire a propriedade ou até mesmo quando um terceiro envolvido adquire a propriedade e o direito de usufruto também. É modo de extinção pois o usufruto não pode se dar decorrente de bem próprio.
Se o usufruto for adquirido mediante razão alheia, a partir de cessado seu caso, aquele se extingue. Este é o caso do inciso IV do mesmo diploma. Em outras palavras, o direito de usufruto continua até que não se realize um outro acontecimento futuro e incerto. Esse modo de extinção acontece também no direito de família, quando os pais ficam sob a proteção dos bens dos filhos até que estes atinjam a maioridade civil para adquiri-los.
A destruição da coisa também é um modo do Art. 1410, CC. Para isso, a coisa alheia precisa ser infungível, ou seja, perecendo o artefato, perece também o seu direito de tê-lo. Deve perecer a coisa em sua totalidade, pois se caso haja possibilidade de reaver parte dela, a mesma pode permanecer.
Por culpa do usufrutuário, quando este aliena o bem, deteriora ou deixa arruiná-lo, não o reparando para uma possível conservação ou quando no usufruto de títulos de credito, não da às importâncias recebidas a aplicação prevista no paragrafo único do Art. 1399, este vem a extinguir-se. Isso chama-se de abuso de fruição.
Por ultimo e mais comum, a prescrição também é um meio de o usufruto deixar de existir. Para isso, o usufrutuário deve deixar de usufruir da coisa alheia por um determinado lapso de tempos para que esta se leve à extinção. Esse lapso de tempo que é um contraditório, ou seja, para uns, diz-se trinta anos, para outros, quinze, para outros, dez. Porem, aplica-se o aludido no Art. 205 do Código Civil:
“Art. 205: A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor”.
O Código Civil de 2002 não traz uma definição legal sobre o que é o usufruto, porém, este mesmo diploma foi meticuloso ao regulamentar tal instituto. Isso foi possível em decorrência de sua grande aplicabilidade, do qual se estende ao Direito de Família, Direito das Sucessões, Direito das Obrigações e também ao Direito das Coisas.
USO:
O uso apresenta grandes semelhanças com o usufruto, e é por essa razão que o legislador manda que se aplique, quando couber, as regras do usufruto. O uso nada mais é do que o direito de servir-se da coisa alheia na medida em que suas necessidades próprias e se sua família vierem a colidir, porém, sem retirar-lhe as vantagens. Diferente do usufruto, que este retira da coisa todas as utilidades que dela podem resultar, inclusive as vantagens.
“O uso nada mais é do que um usufruto limitado. Destina-se a assegurar ao beneficiário a utilização imediata de coisa alheia, limitada à reduzir a um conceito único o direito de usufruto, uso e habitação.Optou, entretanto, o legislador pátrio por distingui-lo dos outros dois direitos reais mencionados”.
O uso mantém as mesmas características do usufruto, sendo ele temporário e resultante do desmembramento da propriedade. Por outro lado, ele tem também suas características próprias, como a indivisibilidade, o uso não pode ser constituído por partes em uma mesma coisa. E é também incessível, ou seja, não é cedido nem pelo seu exercício.
O uso já não é mais tão praticado pela nossa legislação vigente. Um exemplo de uso seria um terreno em cemitério, do qual é classificado como uso, pois apesar de cada pessoa comprar um “pedaço de terra”, tal ato não gera uma escritura, assim o que se existe é uma autorização de uso.
O objeto do uso pode ser tanto bens moveis como imóveis. Quando recair sobre bens moveis, o uso não poderá ser nem fungível e nem consumível. Alguns autores admitem o uso de bens moveis consumíveis, explica Carlos Roberto Gonçalves:
“Alguns autores admitem a incidência do uso sobre bens moveis consumíveis, caracterizando o quase-uso, a exemplo do quase-usufruto. O usuário adquiriria a propriedade da coisa cujo uso importa consumo e restituiria coisa equivalente”.
As formas de constituição e de extinção do uso se dão da mesma forma que pelo usufruto. Assim, pode ser aplicada a mesma regra do Art. 1410, CC tanto para o usufruto, quanto para o uso. Porém, a única exceção deste instituto é a extinção pelo não uso, do qual não se aplica.
HABITAÇÃO
Enfim a habitação, como conceito pratico, seria o direito que a pessoa tem de morar e residir em casa alheia. A habitação é em favor da pessoa e de sua família, não podendo ser cessível, ou seja, não é cedido nem pelo seu exercício.
Diria Carlos Roberto Gonçalves a respeito da habitação:
“O instituto em apreço assegura ao seu titular o direito de morar e residir na casa alheia. Tem, portanto, destinação especifica: servir de moradia ao beneficiário e sua família. Não podem aluga-la ou emprestá-la. Acentua-se, destarte, a inacessibilidade assim do direito quanto do seu exercício”.
 É um direito real e personalíssimo, ou seja, embora como o uso, também tenha advindo do usufruto, este instituto é ainda mais restrito que os demais. Outra característica é ser temporário, também como o usufruto e o uso, pois rege também as regras do Art. 1410 do Código Civil.
Seu objeto é o bem imóvel como exclusividade e o sujeito titular do direito deverá residir neste bem, ele ou com a sua família. Por ser personalíssimo, não pode entrega-lo a outra pessoa e nem emprestá-lo. Se o direito for conferido a mais de uma pessoa, qualquer delas poderá residir na casa, sem a obrigação de pagar aluguel aos demais titulares. Como rege o Art. 1415:
“Art. 1415: Se o direito real de habitação for conferido a mais de uma pessoa, qualquer delas que sozinha habite a casa não terá de pagar aluguel à outra, ou às outras, mas não as pode inibir de exercerem, querendo, o direito, que também lhes compete, de habitá-la”.
Esta divisão de direito é feita de forma expressa. A pessoa titular do direito pode habitar a casa alheia sem que deva pagar aluguel aos demais titulares, porém, aos demais também tem o direito de habita-la, não podendo impedi-las de exercer seus direitos.
Na legislação vigente, a habitação esta regulamentada nos Arts. 1414 a 1416 do Código Civil, assim esta explicito o primeiro deles:
“Art. 1414: Quando o uso consistir no direito de habitar gratuitamente casa alheia, o titular deste direito não a pode alugar, nem emprestar, mas simplesmente ocupa-la com sua família”.
Não se tem mais, na legislação brasileira, o direito de habitação permitida a alugar casa alheia. Também o direito de habitação não se extingue pelo não uso, porém, extingue-se por todos os demais meios previstos no Art. 1410 da mesma base legal.
O direito de habitação cabe muito ao direito sucessório, em que, em seu Art. 1831, dispõe:
“Art. 1831: Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será assegurado, sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança, o direito real de habitação relativamente ao imóvel destinado à residência da família, desde que seja o único daquela natureza a inventariar”.
O que o artigo de lei quer dizer é que todos os herdeiros necessários tem o direito de habitar no imóvel destinado à residência familiar, desde que seja o único a inventariar. Ao viúvo ou viúva também é concedido o direito de habitação na herança. Mesmo que o cônjuge sobrevivente seja herdeiro ou legatário, não perde o direito de habitação.
AÇÕES DECORRENTES DO USUFRUTO, USO E HABITAÇÃO
O usufruto, o uso e a habitação são semelhantes como um todo, tanto na forma de constituição, de extinção, características, finalidades, etc., como também na parte processual. O sujeito que desejar buscar os fins processuais para resolver-se nas questões que envolvem tais institutos, pode valer-se de ação reivindicatória no exercício do direito de sequela contra o proprietário ou terceiro envolvido, dos quais estejam impedindo seu direito.
Se precisar provar da existência do direito de usufruto, uso ou habitação, a ação cabível para este caso seria a confessória, pois com efeito mandamental, possui finalidade de entregar a coisa ao autor ou aos seus acréscimos e frutos. Acontece nos casos de quando o proprietário nega o direito real ao interessado.
A ação cominatória também é valida nos casos dos sujeitos usufrutuários, usuários ou habitadores, para que obriguem ao proprietário a entregar a coisa, sob pena de multa diária. Essa ação, movida contra o proprietário, terá cunho reivindicatório e petitório. As medidas possessórias só serão possíveis se eles já estiverem alcançados a posse da coisa.
A dúvida de qual instituto que o sujeito sob o domínio do direito da coisa estiver valendo-se é comum, devendo o titular, quando esta dúvida vier a existir, utilizar-se de uma ação declaratória, para saber quem afinal alega o usufruto, o uso ou a habitação e deverá prova-los. Já o proprietário da coisa poderá promover uma ação contra o sujeito de direito de usufruto, uso ou habitação, nos casos de prejuízos ocasionados por dolo ou culpa. Poderá o proprietário também exigir a caução e requerer medidas cautelares para que se impeça a deterioração, perecimento ou perda da coisa.
Por fim, tem-se a ação negatória, da qual confere ao titular do direito para agir contra aquele que o ofendeu ou o turbou, aduzindo que também possui direito sobre a coisa. Este direito real é limitado e tal ação pode, inclusive, se voltar contra o nu-proprietário (possuidor indireto), nos casos em que este possuidor indireto é quem esteja obstando do direito real do sujeito usufrutuário, usuário ou habitador.
Indaga-se (resuminho)
O direito real é um instituto do direito das coisas, no âmbito civil, cujo titular desse direito exerce total poder sobre a coisa. Dentro desses direitos reais, temos eles sobre coisas alheias, que é o caso da propriedade. E é na propriedade que encontramos os institutos estudados no presente artigo. São eles o uso, o usufruto e a habitação. O uso é o direito que o sujeito tem de usar de uma coisa e dela retirar o que for necessário para o seu sustento e de sua família. O usufruto, por sua vez, é onde o sujeito tem o direito de desfrutar de um bem alheio, por tempo determinado, sem ser o seu proprietário e sem retirar sua substancia. E na habitação, por fim, é quando o sujeito tem o direito de apenas residir num imóvel com sua família, sendo esse o instituto mais limitado dos demais acima citados.
Com o passar dos anos, mudanças aconteceram dentro do direito de propriedade. Na antiguidade, por exemplo, o direito de usufruto era pleno, assim como seu direito de uso e habitação. Todos da clã ou tribo ou família eram proprietários e, por essa razão, usufrutuários, usuários e também habitantes do mesmo pedaço de terra assim conquistado. Já na era medieval, esses direitos foram extintos para um determinado grupo, como os servos, fazendo valer-se apenas do direito de uso, ou seja, apenas usar o que for necessário para o seu sustentoe de sua família. Passando-se dessa era para a era contemporânea, os direitos aqui estudados voltam a existir plenamente, fazendo reforçar-se o direito de propriedade e de sociedade pacifica e assim a cada dia que passa esses direitos vão criando força e se concretizando ainda mais.
Mudanças no Código Civil de 1916 para o 2002 também ocorreram, como no caso da taxatividade, onde no antigo código se entendia como os institutos não serem taxativos, ou seja, permitia o legislador a criar novos direitos. Já no novo e atual Código, surge a característica de taxatividade dos direitos reais, ou seja, o legislador não pode mais criar novos direitos.
As classificações de usufruto, uso e habitação estão divididas no que diz respeito ao gozo ou fruição da coisa alheia, ou seja, é o titular quem recebe o direito de usufruto; no uso da coisa alheia apenas em função de suas necessidades e de sua família; e no direito de morar e residir no bem imóvel alheio. Suas características estão também divididas, no que diz respeito ao usufruto, um direito real sobre a coisa alheia, de caráter temporário, é inalienável, divisível e insuscetível de penhora. Ao uso, como a indivisibilidade e inacessibilidade, ou seja, não é cedido nem pelo seu exercício. E à habitação, é um direito real, temporário e personalíssimo, ou seja, este instituto é ainda mais restrito que os demais.
As formas de constituição de usufruto, uso e habitação são idênticas, das quais são constituídas por meio de atos de vontade, usucapião e por determinação legal. já, as formas de extinção desses institutos são semelhantes, vistos que ambos estão regidos pelo Art. 1410, CC. A única diferença seria, no uso e na habitação, do qual o inciso VIII do artigo supracitado não se aplica, sendo aceito apenas pelo usufruto.
Assim, por serem semelhantes em todos seus aspectos, os institutos de usufruto, uso e habitação tem por meio judiciário os mesmos ditames. Sendo eles, a ação reivindicatória, ação confessória, ação cominatória e, por fim, a ação negatória. Essas ações dizem respeito ao casos que podem ocorrer e prejudicar o usufrutuário, o usuário ou o habitante que dispor do direito de tal ato.
O direito de habitação é muito visto no direito sucessório, na parte testamentaria, onde o de cujus deixa de herança para o herdeiro necessário, além da propriedade, o direito de habitação do mesmo. É por esse e vários outros motivos que esses institutos, criados no direito romano, chamados usus fructus, usus e habitatio, são tão importantes no direito e legislação.

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