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Artigos_2013 - Corpo e envelhecimento - uma reflex�o (1) (1)

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Objetivo: refletir sobre questões que permeiam o envelhecer e 
o corpo, envolvendo mudanças e significado para a sociedade 
moderna. Método: trata-se de uma pesquisa bibliográfica, realizada 
a partir do levantamento de publicações indexadas nas bases de 
dados Medline, SCIELO e LILACS, no período de agosto de 2009 
a junho de 2010. O corpus do estudo foi composto por onze publi-
cações. Resultados: transformações do corpo são inerentes ao 
envelhecimento, no qual se encontram embutidas questões refe-
rentes ao bem-estar, à saúde, à dor, à doença e ao processo de 
envelhecer. Através da relação “eu-corpo-outro-mundo”, vive-se 
a corporeidade de modo significativo para si, e deseja-se o reco-
nhecimento desse valor pelos outros. No entanto, juventude e vigor 
1 Graduada em Enfermagem. Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). 
Vínculo Institucional: Professora assistente da Universidade Federal da Bahia (UFRB). E-mail: claudia-
feiolima@yahoo.com.br
2 Graduada em Enfermagem. Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). 
Vínculo Institucional: Professora assistente da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). 
E-mail: mariarivemales@hotmail.com
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tornam-se elementos centrais numa sociedade que tem o corpo 
como meio de expressão e de construção de identidades. O corpo 
do velho é o corpo “diferente”, comparado – em desvantagem – 
com o modelo de corpo e beleza jovem vigente na sociedade. 
Conclusão: reconhecer as transformações do corpo na maturi-
dade significa incluí-lo no registro da diferença, recolocando-o num 
lugar de valor, mantendo-o no circuito do desejo, sem exageros e 
negação de si. 
p a l a v r a s - c h a v e 
Idoso. Corpo Humano. Enfermagem.
1 I n t r o d u ç ã o
O corpo é tudo aquilo que somos, mas também aquilo que nos escapa, 
que nos ultrapassa, que não nos pertence. É nele que marcas/símbolos cultu-
rais são inscritos e funcionam como um modo de classificar, agrupar, ordenar, 
qualificar e diferenciar, posicionando de diferentes modos os sujeitos na escala 
social e determinando quem pertence ou não a certas classificações de corpo: 
magro, alto, belo, branco, jovem, heterossexual, saudável, entre outros.
Esses marcadores identitários não são fixos ou estáveis, são objetos de uma 
contínua construção. Visto desta perspectiva, o corpo é um construto social e 
cultural alvo de diferentes e múltiplos marcadores identitários (ANDRADE, 
2003). Assim que o corpo chega, a sociedade toma conta dele, sendo concebido 
e vivido como se fosse um objeto inacabado, incompleto (MALYSSE, 2000).
Enquanto construto social, o corpo é produzido como um elemento 
discursivo de múltiplas instâncias econômicas, sociais e culturais e cada 
sociedade ou grupo social dispõe de maneiras específicas de conceber e lidar 
com o corpo, interpretando-o e representando o seu estado de saúde ou 
doença de forma distinta.
A experiência do corpo, segundo Chammé (1996), pode nortear-se entre 
dois pólos: o de saúde e o de doença. Porém, seus determinantes não serão 
necessariamente ditados pela exclusividade do acometimento biológico, mas 
também pelas condições culturais e simbólicas que configuram sua ampla e 
complexa identidade. 
Nesse sentido, a doença, como fenômeno social, é capaz de estabelecer 
uma relação entre as ordens biológica e social, atingindo concomitantemente 
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Sao indivíduo, no que deve à biologia – o seu corpo – à sociedade e as rela-
ções sociais (CANESQUI, 2003). Tais relações estarão constantemente sob 
controle, mediante as condições de riscos e alteração do estado de saúde, que, 
uma vez instalados, nunca são considerados como definitivo, por entender 
que saúde e doença estão constantemente sob uma condição tanto provisória, 
quanto suspeitável.
No decorrer do século XX, a imagem do que é saúde sofre um deslo-
camento em relação a conceitos de períodos anteriores. A conquista de um 
corpo saudável e belo passa a ser entendida como um objetivo individual a 
ser atingido por meio de um exercício intencional de autocontrole, envol-
vendo força de vontade, restrição e vigilância constantes (ANDRADE, 2003). 
Na modernidade, o que se verifica é uma utopia centrada no corpo, na 
saúde em aliança com a beleza. Através dos meios de comunicação, circulam 
as informações sobre os problemas de saúde e as formas de se chegar à aparência 
da beleza (SILVA, 2001). 
Na medida em que o sujeito, através de seu corpo, exibe as condições 
de ordem ou de desordem nele instaladas, cabe-lhe, ainda, simbolicamente, a 
tarefa de apresentá-lo como se fosse um verdadeiro passaporte que permite 
ao seu portador efetuar e efetivar a ampliação ou restrição das suas relações 
interativas (CHAMMÉ, 1996). 
Por outro lado, em função do mercado de consumo, o corpo sofre por um 
processo de construção e reconstrução. Ele consome a si mesmo como imagem 
bela que se permite vender, sendo importante um corpo belo, jovem e saudável, 
que exaltado e padronizado pelos modelos atuais em nossa sociedade, desva-
loriza o envelhecimento, e consequentemente, leva a não percepção social da 
velhice, por ser o corpo em declínio revelador da finitude do ser.
Nessa perspectiva, o presente estudo evidencia o conhecimento situacional 
das publicações evolutivas a respeito das questões que permeiam o envelhecer 
e o corpo, envolvendo mudanças e significado para a sociedade moderna.
2 M é t o d o
Trata-se de um estudo bibliográfico, desenvolvido com publicações 
científicas. A coleta de dados foi realizada no período de agosto/2009 a 
Junho/2010, a partir do levantamento de publicações indexadas nas bases 
de dados Medline (National Library of Medicine, USA), SCIELO (Scien-
tific Eletronic Library Online) e LILACS (Literatura Latino-Americana e do 
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Caribe em Ciências da Saúde), utilizando-se as seguintes palavras-chave: 
corpo humano, idoso, envelhecimento. 
Foram incluidas publicações da literatura nacional que tratassem sobre 
a temática do estudo e estivessem disponíveis eletronicamente. O corpus da 
pesquisa foi composto por onze publicações. As fases da pesquisa ocorreram, 
respectivamente, a partir da identificação e localização de referencial teórico 
que abordasse o tema em estudo, do fichamento e arquivamento do material 
encontrado, da obtenção das informações pertinentes ao estudo, e por fim, da 
redação do trabalho. 
Na análise bibliográfica, foi utilizada a abordagem qualitativa, uma 
vez que essa permite entrar em profundidade na essência do tema proposto. 
As publicações foram analisadas de modo a refletir sobre questões que 
permeiam o envelhecer e o corpo, envolvendo mudanças e significado para 
a sociedade moderna.
Por se tratar de uma revisão bibliográfica, não foi necessária a apro-
vação por um Comitê de Ética em Pesquisa.
3 R e s u l t a d o s
As publicações selecionadas e incluidas no estudo são apresentadas e 
descritas na tabela 1 em ordem cronológica de publicação.
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Há o pressuposto de que infância, juventude, maturidade e velhice são 
conceitos construídos historicamente, regulados por valores e representações 
sociais, que vão orientar a inclusão e a exclusão das pessoas no campo social 
(BIRMAN, 1996).
Por outro lado, Marin et al (2008) citam que se deve levar em conta 
que profundas transformações vêm ocorrendo na estrutura etária da popu-
lação, caracterizada pela acentuada longevidade, atribuída, em especial, às 
melhores condições de vida das pessoas, no que se refere ao acesso às novas 
tecnologias de atendimento à saúde.
A temática do envelhecimento vem ganhando maior destaque em dife-
rentes campos, em virtude do aumento significativo da população em idade 
avançada e dos possíveis problemas que tal fato acarretará à sociedade. Essa 
maior visibilidade ampara-se em estatísticas populacionais que salientam o 
fenômeno do crescimento, em escala mundial, do grupo de idosos no total da 
população. Tal transformação na estrutura etária brasileira tem exigido uma 
revisão dos estereótipos comumente associados à velhice (MAIA, 2008).
As principais razões para a transição demográfica e epidemiológica são os 
avanços da ciência e a melhoria das condições sanitárias, tendo revelado como 
consequência o aumento absoluto e relativo da população idosa brasileira. 
Nos países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, essa transição tem 
ocorrido de forma acelerada, o que vem tornar necessária a organização dos 
serviços de saúde e, principalmente, o conhecimento dos profissionais de saúde 
para se tornarem hábeis em lidar com essa clientela (PROCHET; SILVA, 2008).
O fato de se estar envelhecendo, de modo tão acelerado, traz transfor-
mações nos valores éticos, estéticos e no modo como se percebe o processo 
de envelhecer. Mendonça, Squassoni, Zanni (2010) relatam que muitas são as 
transformações inerentes ao envelhecimento, entre elas, as relacionadas ao 
corpo, sendo caracterizadas como de difícil elaboração, ainda que possam ser 
aspectos relativizados. 
Cada um tem uma imagem corporal de si mesmo, e essa imagem muda 
em cada etapa de vida. Sendo a velhice uma dessas etapas, é nela que se 
concentra o momento mais dramático de mudança de imagem corporal, pela 
dificuldade de aceitação da imagem envelhecida em uma sociedade que tem 
como referência a beleza da juventude.
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Com a população em crescimento, os anos ainda são concebidos como 
parte do passar do tempo, expressados no corpo. No imaginário social, o 
processo de envelhecimento é apontado pelo desgaste, pelas limitações e perdas 
físicas e dos papéis sociais. As perdas, de maneira frequente, são vistas como 
problemas de saúde, manifestando-se, em grande parte, na aparência do 
corpo (MENEZES; LOPES; AZEVEDO, 2009).
No corpo encontram-se embutidas as questões referentes ao bem-estar, 
à saúde, à dor, à doença e ao processo do envelhecimento. Através da relação 
“eu-corpo-outro-mundo”, o ser humano vive sua corporeidade de modo signi-
ficativo para si próprio, e deseja ser reconhecido nesse valor significativo 
pelos outros.
Nos domínios da subjetividade, trata-se do corpo de um sujeito, que fala 
de si, que se representa na sua história. História enquanto processo consti-
tuído, através das imbricações dos acontecimentos de sua vida de sujeito, 
cujos elos associativos conferem um sentido a sua existência (PY, 1999).
Os idosos apresentam condições específicas que os tornam mais vulne-
ráveis a perdas, tanto do ponto de vista funcional como emocional, social e 
econômico, predispondo-os, principalmente, à presença de múltiplas doenças, 
baixa autoestima, depressão, incapacidade para realizações e pobreza, com 
grandes interferências na qualidade de vida (MARIN et al., 2008).
Todavia, para Fontes (2007), o aparecimento de doenças crônicas, 
prevalentes neste período da vida, leva à existência de incapacidades, que 
podem prejudicar ainda mais o desempenho funcional do indivíduo, o que 
de algum modo acaba por interferir profundamente em sua relação com o 
mundo que o cerca.
Envelhecer e adoecer não são sinônimos. É reconhecido que algumas 
doenças são próprias do envelhecimento, e que, com o decorrer do tempo, 
elas provocam mudanças corporais. Assim, existem dificuldades enfren-
tadas pelos idosos, decorrentes de alterações na integralidade do seu corpo, 
demonstrando que ele possui um forte significado da vivência. 
Na aproximação da velhice, o corpo em modificação, suscita senti-
mentos de perda. É preciso, contudo, que o sujeito desse corpo se ponha à 
tarefa de reconhecer a si mesmo, confrontando a imagem que se fez ideal, 
com a realidade das suas capacidades e dos seus limites.
A idade, para alguns idosos, significa causa de espanto e perda do corpo 
belo, do padrão jovem exposto pela mídia, que classifica na sociedade quem é 
velho ou jovem. Por outro lado, a idade é apenas um fator social criado para 
padronizar aspectos sociais e sua importância é sociocultural. Porém, ela é 
experenciada diferentemente por cada pessoa (SANTANA; SANTOS, 2005).
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SO corpo velho é um corpo que não perfila ao parâmetro de (re)cons-
trução a partir de um conjunto de discursos, práticas e procedimentos que 
visam a torná-lo culturalmente adequado, capaz de atender as exigências 
de uma corporeidade supostamente considerada como ideal. Sua presença 
torna-se uma anomalia em uma sociedade voltada para a perfectibilidade, 
necessitando, por isso, ser escamoteado ou corrigido (FONTES, 2007). 
A negação da velhice se dá por um duplo aspecto. Através da cons-
trução de práticas que tendem a encobrir os problemas próprios da idade 
mais avançada, oferecendo oportunidades de afastar os efeitos do envelhe-
cimento com a renovação do corpo, das identidades e da autoestima. Como 
também aqueles velhos, que em situação de dependência, pobreza e aban-
dono não podem adequar-se aos modelos de uma velhice bem sucedida, 
podendo acabar sendo afastados dos circuitos sociais.
Na contemporaneidade, conforme Pitanga (2006) há uma obsessão pelo 
corpo jovem e uma tentativa de corrigir a marca de passagem do tempo. É 
justamente esse conhecimento que leva ao enaltecimento do corpo belo e 
vigoroso, provocando a depreciação do corpo velho e conseqüente busca 
incessante de adiar ou aniquilara velhice. 
O desenvolvimento de uma gama enorme de tecnologias, na atualidade, 
permite a produção de novos discursos, novos modos de subjetivação e novas 
formas de pensar, sentir e viver a velhice (SIBILIA, 2002). A adoção de uma 
nova representação para as pessoas em idade avançada, associada à produ-
tividade, passa a compor os discursos sobre a velhice na atualidade. Acom-
panhando essa modificação, novos estilos de vida estão sendo propostos, 
culminando na produção de uma nova imagem para a velhice (MAIA, 2008). 
Assim, vivemos um deslizamento, um cruzamento de fronteiras entre o 
corpo e as tecnologias, colocando em cheque conceitos, como saúde e beleza, 
pois não há um limite que possa ser estabelecido para determinar o que é 
saúde e o que é beleza (SILVA, 2000).
Juventude e vigor tornam-se elementos centrais numa sociedade que 
tem o corpo como meio de expressão e de construção de identidades. O corpo 
passa a ser submetido a um regime em que nada pode vazar ou fugir ao 
controle, gerando um corpo belo, jovem e vigoroso, mesmo que, contradito-
riamente, seja iminente a importância de se discutir juventude e longevidade. 
Instaura-se, portanto, um cenário que nos leva a pensar sobre a rejeição e o 
temor em envelhecer em virtude do mito da “eterna juventude”. Se por um lado 
há um aumento da longevidade e da população de idosos, por outro, observa-
se um obscurecimento da velhice, na medida em que se recorre a técnicas que 
evitem o progresso da decadência física. Esse imperativo espalhou-se de tal 
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forma que afetou o cotidiano dos indivíduos e aprisionou o devir em corpos 
que lutam para alcançarem o inatingível – a eternidade.
O que parece estar em evidência, para Maia (2008) é a dificuldade em 
lidar com a velhice e seus imperativos, como a aproximação da morte e a 
decadência física. Com o investimento maciço sobre a dimensão corporal, 
na sua aparência, saúde, performance ou longevidade é comum a presença 
do modelo biomédico dominante na definição do envelhecimento, conside-
rando-o exclusivamente em termos de declínio da idade adulta, como um 
estado patológico, uma doença a ser tratada.
Essa discussão demonstra que tais percepções referem-se a uma relação 
bioideológica com a velhice. É sobre seus corpos, a partir dos sinais visíveis 
do envelhecimento e da metáfora médica, que os sentimentos e discursos são 
produzidos. Ao mesmo tempo em que estão numa dimensão não produtiva, 
de descarte, resíduos da natureza são novamente requisitados, postos em 
circulação através de atividades, produtos e serviços (MOTTA, 2002). 
O corpo do velho é o corpo “diferente”, comparado – em desvantagem – 
com o modelo de corpo e beleza jovem vigente na sociedade, manipulável para 
se aproximar deste (MOTTA, 2006). Sendo o envelhecimento evidenciado por 
um padrão cultural e estético antagônico, o envelhecer pode passar a ser vivido 
como um defeito que pre cisa ser disfarçado por meio de artifícios que prometem 
o reju venescimento (SILVA; SANTOS; BERARDINELLI, 2010). Assim, é preciso 
que a pessoa idosa não procure na imagem do corpo os padrões de beleza da 
mídia, pois se sabe que a sociedade desempenha papel de destaque na forma 
como conduz os indivíduos para a importância que atribuem a seus corpos.
Portanto, à luz dessas questões é que se considera a necessidade de dar 
maior atenção a essa estetização da existência, em que somos o que aparen-
tamos ser, fazendo do corpo o espelho da alma. 
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Ao colocar em foco as questões aqui discutidas, podem ser pensados outros 
modos de viver na velhice, uma vez que tem sido posta em pauta a necessidade 
de se (re)pensar as experiências nessa fase de vida. Formas essas que permitem 
a construção de novas identidades, não mais sob uma ótica negativa, mas 
também que não se radicalize na idéia da mesma sem problemas, superável.
A velhice se apresenta de alguma maneira, através da imagem do corpo, 
e mesmo que o indivíduo encontre uma imagem mais ou menos convincente 
ou satisfatória de si mesmo, não pode fugir das modificações que o corpo 
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Svai apresentando com o passar dos anos. Portanto, reconhecer as transfor-
mações do corpo na maturidade significa incluí-lo no registro da diferença, 
recolocando-o num lugar de valor que o faz permanecer no circuito do desejo, 
contudo sem exageros e negação de si mesmo.
Envelhecer pode trazer limites, incapacidades, mas também pode 
abrir novas possibilidades de projetos e valores. É importante considerar os 
aspectos sócio-culturais que envolvem o corpo e o envelhecimento, incluindo 
valores morais, que através de reflexões, intervenções e vivências, podem 
construir um contexto social mais inclusivo, de forma a permitir um envelhe-
cimento ativo e qualificado. 
Assim, para atuar junto a essa parcela da população, é necessário se 
pautar na integralidade do cuidado. O enfermeiro, por sua vez, deve exercer 
seu papel assumindo um dimensionamento ampliado (SILVA; SANTOS; 
BERARDINELLI, 2010) e, muitas vezes, distinto das bases de formação e de 
atuação dos profissionais de saúde que, por muitos anos, vem privilegiando 
o tecnicismo e deixando de lado os aspectos subjetivos do envelhecimento 
(MARIN et al., 2008).
Nesse sentido, a enfermagem desempenha importante papel frente às 
peculiaridades da pessoa idosa, na medida em que dá ênfase ao potencial que 
ela é capaz de utilizar diante das modificações que são inerentes ao envelhe-
cimento, possibilitando, dessa maneira, o envelhecer saudável, mesmo com 
as inevitáveis modificações do corpo.
Portanto, os enfermeiros devem ampliar o entendimento quanto à 
urgência de estudos sobre o envelhecer considerando-o um fenômeno multifa-
cetado, no qual a enfermagem tem um papel fundamental para contribuir com 
o envelhecimento saudável.
Defende-se, aqui, um idoso que se coloca diante da vida através de um 
corpo autônomo e criativo, e que se utilize do avanço tecnológico na medida 
de suas reais necessidades e para o desenvolvimento de suas potencialidades. 
Ou seja, não seria negar a tecnologia, mas estar atento para não sucumbir 
diante dela.
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A R T I C L E
A b s t r a c t
Objective: to reflect on questions related to the aging and the body, 
involving changes and significance for modern society. Methodo-
logy: this is a bibliographical research from publications indexed 
in the virtual health library in the period from August 2009 to June 
2010. The corpus of this study was composed of twenty publica-
tions. Result: the transformations of the body are inherent to the 
aging, in wich they find inlaid referring questions to the welfare, to 
the health, pain, the illness and the process of aging. Through the 
relation “me-body-other-world”, lives it in significant way for itself, and 
desires the recognition of this value for the others. However, youth 
and vigor become central elements in a society that has the body as 
a way of expression and identity construction. The body of the old 
is “different” compared, disadvantaged, with the body model and 
young beauty in our society. Conclusion: to recognize the transfor-
mations of the body at the maturity means to include it into the 
register of the difference, it in a value place, keeping it in the circuit 
of the desire, without a denial of itself.
k e y w o r d s 
Aged Human Body. Nursing.
referências
ANDRADE, Sandra Santos dos. Saúde e beleza do corpo feminino – algumas repre-
sentações no Brasil do Século XX. Movimento, Porto Alegre, v. 9, n. 1, p. 119-143,2003. Disponível em: <http://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/2665>. Acesso em 
15 de ago. de 2009.
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Recebido em 06/08/2011 
1ª Revisão em 07/06/2012 
Aceito em 26/10/2012

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