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DIREITO PROCESSUAL CIVIL IVmeu

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV 
Aula 01 
TEORIA GERAL 
DO PROCESSO DE EXECUÇÃO
1.1) Conceito de execução
	Execução é o conjunto de “técnicas jurisdicionais a serem adotadas para a transformação da realidade com vistas à satisfação do direito reconhecido em título executivo, tendo ele se formado judicial ou extrajudicialmente”. (BUENO, Cassio Scarpinella. Curso sistematizado de direito processual civil: Tutela jurisdicional executiva. Vol. 3. 9ª ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020, p. 87) 
	Pressupõe: 
	a) Obrigação incontroversa (Título executivo) 
	b) Sujeitos da relação obrigacional 
	c) Inadimplemento 
1.2) Princípios afetos à execução civil 
	a) Do princípio da autonomia ao princípio do sincretismo 
	b) Nulla executio sine titulo 
	c) Patrimonialidade 
	d) Disponibilidade 
	e) Unilateralidadade do interesse na execução 
	f) Menor onerosidade possível (art. 805 do CPC) 
	g) Fungibilidade dos meios executórios 
	h) Utilidade (art. 836 do CPC) 
	i) Contraditório limitado 
	j) Tipicidade e atipicidade dos atos executórios (Novidade CPC/15) 
1.3) Competência 
 1.3.1) Competência para a fase de cumprimento da sentença 
	Art. 516 do CPC: 
	a) Sentenças e acórdãos 
	b) Sentença penal condenatória (art. 63 do CPP) 
	c) Sentença arbitral ou proferida por tribunal marítimo 
	Competência territorial: § único do art. 516 do CPC dá ao credor a opção de escolha do foro. 
 1.3.2) Competência para execução de título executivo extrajudicial 
	Art. 781 do CPC 
	a) Domicílio do executado 
	b) Foro de eleição 
	c) Situação dos bens sujeitos à execução 
	d) Devedor com vários domicílios: Qualquer um deles 
	e) Domicílio desconhecido do executado: Onde se encontrar ou o domicílio do exequente 
	f) Vários devedores: Domicílio de qualquer um deles 
	g) Local do ato ou fato que originou o título executivo 
1.4) Legitimidade 
	Legitimidade ordinária e extraordinária 
 1.4.1) Legitimidade ativa ordinária 
	Credor/exequente (§ 1º do art. 513 do CPC – cumprimento de sentença; e art. 778 do CPC – execução) 
	Espólio/herdeiros/sucessores (§ 1º, inc. II, art 778 do CPC) 
	Obs: Legitimidade ordinária superveniente. Aplicável por analogia à hipótese de dissolução de pessoas jurídicas. 
 1.4.2) Legitimidade ativa extraordinária 
	Demais incisos do § 1º do Art. 778 do CPC 
	a) Ministério Público 
	b) Cessionário (ato entre vivos) 
	c) Sub-rogado (vide arts. 346 a 351 do CC) 
	Obs: O cessionário e o sub-rogado possuem legitimidade extraordinária superveniente. 
 1.4.3) Legitimidade passiva 
	Art. 779 do CPC 
	a) Devedor 
	b) Espólio/herdeiros/sucessores 
	c) Novo devedor (consentimento do credor) 
	d) Fiador (título executivo extrajudicial) 
	e) Titular do bem dado em garantia real da dívida 
	f) Responsável tributário 
 1.4.4) Desconsideração da personalidade jurídica 
	Incidente cabível no cumprimento de sentença e no processo de execução (art. 134 do CPC) 
	Hipótese de legitimidade passiva superveniente (art. 50 do Código Civil)
Aula 02 
CLASSIFICAÇÃO DA TUTELA EXECUTIVA 
E OS TÍTULOS EXECUTIVOS
2 – CLASSIFICAÇÃO DA TUTELA EXECUTIVA
2.1) Introdução 
	A classificação da tutela executiva auxilia a compreensão das técnicas e mecanismos empregados na realização do direito material de titularidade do credor. 
2.2) Classificação quanto à origem do título executivo 
	a) Tutela executiva de título judicial (art. 515) 
	b) Tutela executiva de título extrajudicial (art. 784) 
2.3) Classificação quanto à estabilidade do título executivo 
	a) Tutela provisória (art. 520 e ss) 
	b) Tutela definitiva 
2.4) Classificação quanto à modalidade da obrigação 
	a) Tutela das obrigações de fazer ou não fazer (arts. 536 e 537 – títulos judiciais; arts. 814 a 823 – títulos extrajudiciais) 
	b) Tutela das obrigações de dar (art. 538; arts. 806 a 813) 
	c) Tutela das obrigações de pagar quantia em dinheiro (arts. 523 a 527; arts. 824 a 909) 
2.5) Classificação quanto aos efeitos 
	a) Efeitos condenatórios (ex.: execução de quantia certa contra devedor solvente, execução de alimentos) 
	b) Efeitos executivos lato sensu (ex.: ação de despejo, reintegração de posse) 
	c) Efeitos mandamentais (ex.: Mandado de segurança, ação de cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer) 
3 – TÍTULOS EXECUTIVOS
3.1) Considerações iniciais 
	Elemento necessário e suficiente para a execução 
	Necessário, por ser um pressuposto objetivo da tutela executiva (Nulla executio sine titulo). 
	Suficiente, por consubstanciar em um documento ou relação jurídica todos (ou a maioria) dos contornos da obrigação que se pretende executar. 
	Seus principais atributos são: certeza, liquidez e exigibilidade 
· Certeza: Possui relação com a própria existência e delimitação da obrigação constante do título executivo (natureza da dívida, do devedor, do credor). 
· Liquidez: Capacidade de identificação da expressão monetária (quantum debeatur) ou a quantidade do objeto da obrigação. 
· Exigibilidade: Verificação da inexistência de condição ou outro fator material que impeça a satisfação do direito inscrito no título executivo. 
3.2) Eficácia abstrata do título executivo 
	A eficácia abstrata do título executivo deve ser compreendida tal qual o caráter autônomo do direito de ação. 
	Na tutela executiva não se busca o reconhecimento de um direito, mas sua concretização. 
	O título executivo é prova suficiente do direito a ser tutelado pelo Estado e na execução não se discute se o direito existe ou não. 
3.3) Títulos executivos judiciais 
	São os títulos originados a partir da atividade jurisdicional na fase de conhecimento do processo e que embasam o início da fase de cumprimento da sentença. 
	Rol taxativo – art. 515 (exemplos): 
	a) decisões proferidas no processo civil; 
	b) decisão homologatória de acordo (judicial ou extrajudicial); 
	c) formal e certidão de partilha; 
	d) sentença penal condenatória transitada em julgado; 
	e) sentença arbitral (Lei 9.307/96); 
	f) sentença estrangeira homologada pelo STJ; 
3.4) Títulos executivos extrajudiciais 
	São documentos ou relações jurídicas de direito privado que a lei define como suficientes para comprovar a obrigação, de modo a tornar desnecessária a fase de conhecimento. 
	Rol taxativo – art. 784 (exemplos): 
	a) títulos cambiários; 
	b) escritura pública; 
	c) documento particular assinado pelo devedor e 2 testemunhas; 
	d) certidões de dívida ativa; 
	e) créditos de cotas condominiais; 
	f) demais títulos previstos na legislação (ex: Contrato de honorários previsto no Estatuto da OAB). 
4 – RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL
4.1) Conceito 
	“O crédito compreende um dever para o devedor e uma responsabilidade para o seu patrimônio.” (THEODORO JR., Humberto. Curso de direito processual civil, vol. II, RJ: Forense, 1998, p. 104) 
	
	A execução é realizada sobre os bens do devedor, não sobre sua pessoa. 
	Exceção: p. ex.: prisão civil do devedor de alimentos (medida coercitiva, não satisfazendo a obrigação). 
	Responsabilidade patrimonial incide sobre bens presentes e futuros (art. 789), mas não alcança bens pretéritos. 
	Responsabilidade sobre bens materiais ou imateriais (direitos autorais, patente, etc). 
4.2) Responsabilidade e legitimação passiva na execução 
	Responsável, via de regra, é o devedor. 
	A execução pode alcançar o patrimônio de terceiros: 
	a) fiador ; 
	b) avalista; 
	c) sócio, quando desconsiderada a personalidade jurídica; 
	d) herdeiro (limitado ao valor da herança – art 796); 
5 – FRAUDES
5.1) Conceito 
	Fraude é uma a situação proibida por lei, que torna anuláveis os atos fraudulentos praticados. 
 A fraude pressupõe o dano, não devendo ser anulado o ato se não houve prejuízo para terceiros, como o credor. 
	Tipos: 
	a) fraude contra credores; 
	b) fraude à execução; e 
	c) alienação de bem penhorado. 
5.2) Fraude contra credores 
	Previsão legal: arts. 158 a 165 do Código Civil. 
	A fraude acarreta a insolvência prévia do devedor. 
	Pressupostos: 
	a) eventus damni: prejuízo aos credores 
	b) consilium fraudis: má fé, intenção de prejudicar os credores 
	Ação Paulianaou Revocatória: movida em face do devedor e daqueles que participaram da fraude (p. ex.: donatário ou adquirente do bem). Prazo de decadência de 4 anos (art. 178, inc. II do Código Civil) 
5.3) Fraude à execução 
	Previsão legal: arts. 792 do CPC. 
	A fraude à execução atinge não só o interesse do credor, mas também viola o próprio sistema processual. 
	Fraude à execução ocorre mesmo quando há risco de insolvência, quando atinge atos praticados no processo. 
Previsão legal: arts. 792 do CPC. 
	A fraude à execução atinge não só o interesse do credor, mas também viola o próprio sistema processual. 
	Fraude à execução ocorre mesmo quando há risco de insolvência, quando atinge atos praticados no processo. 
Hipóteses: Alienação ou oneração de bens: 
	a) sujeitos a ações de direito real ou reipersecutória; 
	b) com averbação da existência da execução no registro; 
	c) com averbação de constrição judicial no registro; 
	d) alienados quando pendente ação capaz de reduzir o devedor à insolvência; 
	e) demais casos previstos em lei 
Aula 03 
LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA 
ATOS EXECUTIVOS TÍPICOS E ATÍPICOS 
MEIOS SUB-ROGATÓRIOS E COERCITIVOS
6 – LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA
6.1) Generalidades 
	Título executivo ilíquido é aquele que não contém a delimitação da extenção da obrigação. 
	Liquidação de sentença é uma fase pré-executiva, que visa conferir liquidez ao título ilíquido. 
	Procedimento usado para liquidar obrigações de qualquer natureza, não só obrigações de pagar quantia em dinheiro. 
	Liquidação é possível quando houver recurso sem efeito suspensivo. 
A sentença parcialmente ilíquida não impede a imediata execução da parte líquida (§ 1º do art. 509) 
	Simples cálculos aritméticos dispensam a liquidação (§ 2º do art. 509). 
	A liquidação de sentença serve apenas para fixar o valor quantitativo devido, não havendo espaço para rediscutir a lide ou modiificar a sentença (§ 4º do art. 509). 
A liquidação é medida excepcional, pois é dever das partes e do Juízo buscar obter uma sentença que já contenha o valor do débito, nos termos do art. 491 do CPC. 
	Legitimidade para requerer: Credor ou devedor. 
	A liquidação pode ser feita de 2 formas (art. 509): 
	a) por arbitramento; 
	b) pelo procedimento comum. 
6.2) Natureza jurídica da decisão homologatória da liquidação 
	Natureza jurídica da decisão que homologa a liquidação de sentença: Decisão interlocutória, pois não se enquadra na hipótese do § 1º do art. 203, restando a previsão residual do § 2º. 
	Recurso cabível: Agravo de instrumento (parágrafo único do art. 1.015). 
	Mas a doutrina não é unânime, principalmente quando se observa a cognição de fatos novos na liquidação pelo procedimento comum. 
Parte da doutrina (Araken de Assis e Fredie Didier Jr., p. ex.), entende que, sendo a liquidação de sentença uma fase complementar do procedimento cognitivo, a decisão final seria uma sentença, pois também resolve questão de mérito (fatos novos). 
	Recurso cabível seria, então, apelação. 
	Outra justificativa dessa corrente doutrinária: Na “liquidação-zero”, essa decisão seria a última do processo, não sendo possível um processo terminar com uma decisão interlocutória e sim com uma sentença. 
Daniel Amorim Assumpção Neves tem um entendimento diferente. 
	Para ele, a decisão é uma sentença, mas que o recurso cabível é o agravo, como previsto excepcionalmente na lei. 
	Além disso, entende que o recurso cabível seria apelação quando a liquidação fosse o primeiro contato com a jurisdição civil (liquidação de sentença arbitral ou sentença penal condenatória). 
6.3) Liquidação por arbitramento 
	Arbitramento cabe nas seguintes hipóteses: 
	(inc. I do art. 509)
	a) determinação do juiz, na sentença; 
	b) convenção das partes; 
	c) em razão da natureza do objeto da liquidação. 
As partes são intimadas a apresentarem parecer e documentos elucidativos (art. 510). 
	Não sendo suficiente para decidir, o juiz poderá nomear perito para auxiliá-lo na fixação do valor devido. 
	Verificando-se a complexidade do arbitramento, com a necessidade de realização de outras provas, o juiz pode determinar a liquidação pelo procedimento comum. 
· PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL. DESCUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO DE FAZER. CONVERSÃO EM PERDAS E DANOS. NATUREZA DO OBJETO DA LIQUIDAÇÃO. NECESSIDADE DE AVERIGUAÇÃO POR ARBITRAMENTO. DECISÃO REFORMADA. 1. O procedimento de liquidação de sentença revela-se necessário toda vez que a decisão condenatória não revelar o quantum da prestação pecuniária ou a espécie de obrigação que a parte deve cumprir, ou seja, quanto o réu deve. 2. Em razão da conversão da obrigação de fazer em perdas e danos, torna-se necessário verificar a repercussão financeira da ausência de restabelecimento de serviço público, sendo imprescindível a realização de liquidação por arbitramento, haja vista a natureza do objeto da liquidação 3. Recurso conhecido e provido.(TJ-DF 07077609420178070000 DF 0707760-94.2017.8.07.0000, Relator: CARLOS RODRIGUES, Data de Julgamento: 11/09/2017, 6ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE : 06/10/2017 . Pág.: Sem Página Cadastrada.)
6.4) Liquidação pelo procedimento comum 
	No CPC de 1973 era chamada de “liquidação por artigos”. 
Modalidade de liquidação utilizada quando houver necessidade de se comprovar fatos novos. 
Exemplo: Quando proferida a sentença, determinou-se que o devedor pagasse ao credor o valor equivalente a 20% do valor da próxima safra a ser colhida. Logo, como a safra ainda não havia sido colhida, a prova da quantidade colhida constitui fato novo, que não foi apreciado na sentença. 
Procedimento mais complexo, garantindo ampla defesa e produção de qualquer tipo de prova. 
Não se discute os fatos cobertos pela coisa julgada, apenas fatos novos. 
7 – ATOS EXECUTIVOS TÍPICOS E ATÍPICOS
7.1) Generalidades 
	Novo CPC introduziu diversas mudanças no sistema processual brasileiro, inclusive na tutela executiva. 
	Mudança de paradigma: do princípio da tipicidade dos atos executivos, para o princípio da atipicidade. 
	Princípio da tipicidade: Os atos executivos devem ser definidos na lei, não havendo espaço para prática de atos atípicos. 
	Princípio da atipicidade: Permite a prática de atos não previstos na lei, desde que necessários para obtenção do resultado esperado e não sejam suficientes os atos típicos. 
Os dois princípios convivem, pois o novo CPC não aboliu os atos típicos, mas os atualizou em alguns casos. 
	Os atos atípicos só podem ser aplicados quando os atos típicos se revelam insuficientes para o sucesso da tutela executiva. 
	Os atos executivos atípicos devem ser aplicados com cautela, se amoldando as peculiaridades do caso concreto e sempre preservando os princípios do devido processo legal e da menor onerosidade possível para o devedor (art. 805). 
7.2) Meios sub-rogatórios e coercitivos 
	O processo de execução visa obter o adimplemento da obrigação por sub-rogação, quando não há o cumprimento espontâneo pelo devedor. 
	Diante da inêrcia do devedor, o Estado-juiz realiza os atos necessários para que o patrimônio do devedor possa responder pelo débito e satisfazer a obrigação. 
	A sur-rogação, então, é a substituição da vontade do devedor em cumprir a obrigação, não quanto à responsabilidade patrimonial.
São atos sub-rogatórios aqueles destinados à apreensão e alienação do patrimônio do devedor (expropriação), além dos necessários à materialização do cumprimento da obrigação. 
Exemplos de atos sub-rogatórios: 
	a) penhora; 
	b) hasta pública; 
	c) busca e apreensão; 
	d) pagamento ao credor com o produto da expropriação. 
Entretanto, o sistema processual se vale de meios coercitivos, que têm a finalidade de encorajar o devedor a cumprir a obrigação. 
	Nesses casos, os atos não são capazes de satisfazer a obrigação, mas se revelam eficazes no sentido de levar o devedor a cumpri-la. 
	Exemplo de ato coercitivo: aplicação de multa. 
7.3) Atos executivos típicos 
	São os atos executivos sub-rogatórios ou coercitivos previstos na lei. 
	Exemplos: 
	a) arresto (830); 
	b) penhora (arts.831); 
	c) imissão na posse ou busca e apreensão (§ 2ª do art. 806) 
	d) adjudicação do bem penhorado (art. 876); 
	e) imissão na posse (§ 2º do art. 806); 
	f) multa (§ 1º do art. 536). 
7.4) Atos executivos atípicos 
	São atos executivos sem previsão legal, mas determinados pelo juiz a fim de obter o sucesso da execução. 
	Via de regra, são atos coercitivos, utilizados como forma de encorajar o devedor a cumprir a obrigação e satisfazer a execução. 
	Autorização legal para os atos atípicos: 
	a) art. 139, inc. IV; 
	b) art. 536; 
	c) art. 773; 
Os atos atípicos devem ser razoáveis e não podem ofender a dignidade humana do devedor. 
	Exemplos de atos atípicos que se tem conhecimento: 
	a) Bacenjud, Renajud e Infojud; 
	b) Inscrição em cadastros de inadimplentes (SPC, Serasa). 
	c) Retenção de CNH, Passaporte e cartões de crédito; 
 		Obs: Retenção de documentos é questão bastante controvertida na jurisprudência. 
Aula 04 
ESPÉCIES DE TUTELA EXECUTIVA
8 – ESPÉCIES DE TUTELA EXECUTIVA
8.1) Noções gerais 
	Os procedimentos da fase de cumprimento da sentença ou da execução são adaptados conforme a natureza da obrigação, em razão da qualidade da pessoa do devedor ou da matéria. 
	O procedimento se adapta conforme os seguintes critérios: 
	a) Obrigação de pagar quantia certa; 
	b) Obrigação de prestar alimentos; 
	b) Obrigação de pagar quantia certa pela Fazenda Pública; 
	c) Obrigação de fazer ou não fazer; 
	e) Obrigação de entregar coisa. 
O CPC consagra o princípio da unilateralidade da execução (art. 797), determinando que a execução se realiza no interesse do exequente. 
	Petição inicial executiva possui requisitos específicos (art. 798) e obrigações acessórias (art. 799). 
	Petição inicial incompleta ou faltando documento indispensável é passível de emenda (art. 801), no prazo de 15 dias. 
Na execução, o despacho inicial interrompe a prescrição (art. 802), ainda que proferido por juiz incompetente. 
	Hipóteses de nulidade da execução (art. 803): 
	a) ausência de título executivo certo, líquido e exigível; 
	b) falta de citação regular do executado; 
	c) ajuizamento antes de verificada condição ou termo. 
	Nulidade pode ser decretada de ofício ou requerida pela parte através de simples petição (§ único do art. 803). 
Todas as espécies de tutela executiva são disciplinadas tanto quando é judicial ou extrajudicial o título executivo. 
	As disposições relativas à execução de títulos extrajudiciais são complementares, quando se trata da fase de cumprimento da sentença (arts. 513 e 771). 
8.2) Execução das obrigações de pagar quantia certa 
8.2.1) Com base em título judicial 
	Pressupõe uma sentença condenatória para o devedor cumprir uma obrigação pecuniária (pagar). 
	O cumprimento de sentença é uma etapa do prcedimento (processo sicrético), iniciando-se por meio de petição intercorrente apresentada pelo credor. 
	Embora uma petição intercorrente, devem ser observados os requisitos dos arta. 798 e 799, para que seja válida.
	O executado é intimado a efetuar o pagamento no prazo de 15 dias (art. 523). 
	A intimação é feita através do advogado do devedor. 
	Se o devedor não tiver advogado (renúncia, p. ex.), a intimação será pessoal do devedor e, caso não seja encontrado, poderão ser arrestados seus bens (art. 830). 
No caso de revelia na fase de conhecimento, a intimação ocorrerá por simples publicação do Diário da Justiça. 
	Feita a intimação e não havendo o pagamento voluntário, o débito será acrescido de multa (processual) de 10% e honorários advocatícios também de 10% (§ 1º). 
	Pagamento parcial: as cominações acima incidem sobre o saldo ainda devido. 
Além da aplicação da multa e honorários, o não pagamento acarretará a expedição de mandado de penhora e avaliação. 
	A penhora e avaliação será feita conforme as regras previstas para o processo de execução (arts. 831 a 875). 
	Findo o prazo para pagamento, iniciará o prazo para impugnar a execução (art. 525). 
	A garantia do juízo não é condição para a impugnação. 
Art. 526 autoriza o comparecimento espontâneo do “réu” (a doutrina prefere chamar de devedor). 
	Nesse caso, o “autor” (a doutrina prefere credor) será intimado para se manifestar em 5 dias, podendo impugnar o valor declarado pelo devedor, sem prejuízo do levantamento da quantia depositada (parcela incontroversa). 
	Sendo insuficiente o depósito, incidem multa e honorários sobre o saldo, prosseguindo-se com a penhora de bens. 
8.2.2) Com base em título extrajudicial 
	Petição inicial observará os arts. 798 e 799. 
	O despacho inicial fixará honorários advocatícios de 10% (art. 827). Não há previsão de multa processual. 
	O exequente poderá obter certidão de admissão da execução para fins de averbação em registro de imóveis, veículos, etc. 
	O executado será citado para pagar o valor devido no prazo de 3 dias, contados da citação (art. 829). O mandado de citação constará ordem de penhora para o caso de não pagamento. 
O exequente poderá indicar os bens a serem penhorados, desde a inicial, que não serão penhorados se o devedor indicar outros que forem aceitos pelo juiz. 
	Não encontrado o devedor para ser citado, o Oificial de Justiça poderá arrestar os bens do devedor que encontrar (inclusive o que for indicado pelo credor para penhora) (art. 830). 
	Feito o arresto, o Oficial de Justiça deverá procurar o devedor por 2 vezes e, se for o caso, efetuar a citação por hora certa. 
Frustrada a citação pessoal ou por hora certa, o devedor será citado por edital. 
	Feita a citação e transcorrido o prazo para pagamento, o arresto será convertido em penhora. 
8.2.3) Penhora
	A penhora deve recair sobre tantos bens quantos bastem para saldar a dívida, acrescida de atualização monetária, juros, custas processuais e honorários advocatícios. 
	No caso de cumprimento de sentença, a penhora deve abranger também o valor da multa processual prevista no § 1º do art. 523). 
	Bens impenhoráveis e inalienáveis na forma da lei não estão sujeitos à penhora. 
São bens impenhoráveis (art. 833): 
	a) os bens inalienáveis; 
	b) móveis e utensílios domésticos, salvo de grande valor; 
	c) roupas e objetos de uso pessoal; 
	d) salários e demais vencimentos; 
	e) livros, máquinas e instrumentos de trabalho; 
	f) seguro de vida; 
	g) materiais para obras em andamento; 
	h) pequena propriedade rural; 
 i) recursos públicos recebidos pelo particular para aplicação em educação, saúde ou assistência social; 
	j) poupança, até 40 (salários mínimos); 
	k) recursos públicos do fundo partidário; e 
	l) créditos oriundos da alienação de unidades imobiliárias vinculados à execução da obra. 
	Os bens de família definidos nos arts. 1.711 a 1.722 do CC também são impenhoráveis por força da Lei nº 8.009/90. 
A impenhorabilidade não é oponível se a dívida foi constituída em razão da coisa impenhorável (ex.: imóvel onde o devedor reside pode ser penhorado por dívida de IPTU ou condomínio). 
	A impenhorabilidade de salários e poupança não se aplica nas dívidas de alimentos. 	
	A penhora pode recair sobre os frutos de bens impenhoráveis (ex.: a colheita, os aluguéis). 
Ordem legal de preferência da penhora: 
a. dinheiro; 			 
b. títulos da dívida pública; 		
c. títulos e valores mobiliários; 		
d. veículos de via terrestre; 		
e. bens imóveis; 			
f. bens móveis; 			 
g. semoventes; 
h. navios e aeronaves; 
i. ações e cotas de empresas;
j. percentual de faturamento; 
k. pedras e metais preciosos; 
l. promessa compra e venda e alienação fiduciária; 
m. outros direitos.
A penhora em dinheiro tem prioridade sobre as demais modalidades, que poderão ter a ordem alterada conforme as circunstâncias do caso concreto (§ 1º). 
Equiparam-se a dinheiro, para fins de substituição, a fiança bancária e o seguro garantia judicial acrescidos de 30% sobre o valor do débito (§ 2º). 
Se o crédito estiver garantido por garantia real, a penhora recairá sobre a coisa dada em garantia e, se pertencer a terceiro, este será intimado da penhora (§ 3º). 
A penhora é documentada no auto de penhora que deverá conter os elementos descritos no art.838. 
	O depósito dos bens penhorados devem observar o art. 839. 
	Se não houver designação do depositário judicial, os bens ficarão em poder do exequente (§ 1º) ou do executado, caso seja difícil a remoção ou quando anuir o exequente (§ 2º). 
	Formalizada a penhora, o executado será intimado (art. 841) e, recaindo sobre bem imóvel ou direito real, também o seu cônjuge, salvo se o regime for da separação absoluta (art. 842). 
Penhorada cota parte de bem indivisível, este deverá ser alienado e a parte do coproprietário ou cônjuge alheio à execução recairá sobre o produto da alienação (art. 843). 
Direito de preferência do coproprietário ou o cônjuge não executado (§ 1º do art. 843). 
	Não será alienado o bem por valor incapaz de garantir o valor devido ao coproprietário ou cônjuge (§ 2º). 
	O arresto ou penhora serão averbados no registro competente, para presunção absoluta do conhecimetno de terceiros (art. 844). 
Penhora é realizada onde se encontrem os bens (art. 845), mas a penhora de imóveis e veículos é feita por termo nos autos, quando apresentadas certidões que comprovem a existência dos mesmos (§ 1º). 
	Penhora de bens localizados em foro diverso do da execução será feita por carta (precatória, rogatória) enviada ao foro de situação dos bens, onde será feita, além da penhora, a avaliação e a alienação (§ 2º). 
	Se o devedor impedir o acesso do OJ para realizar a penhora, poderá ser deferida ordem de arrombamento (art. 846). 
No prazo de 10 dias da intimação da penhora, o executado poderá requerer a substituição do bem penhorado, desde que prove ser menos onerosa e sem prejuízo para o exequente (art. 847). 
	O exequente deve ser intimado para se manifestar sobre o pedido de substituição (§ 4º), após o que o juiz decidirá. 
	Outras hipóteses de substituição da penhora: art. 848. 
	Poderá haver redução ou ampliação da penhora, ou ainda a transferência para outros bens, quando o valor de mercado do bem sofrer alteração significativa. 
Poderá ser designada nova penhora nas hipóteses do art. 851: 
	a) anulação da primeira penhora; 
	b) insuficiência da primeira penhora; 
	c) desisência do exequente quanto à primeira, que tenha recaído sobre bem litigioso ou que contenha outras constrições. 
	Certos bens estão sujeitos à alienação antecipada, para evitar deterioração, depreciação ou se houver manifesta vantagem (art. 852). 
	Qualquer modificação da penhora só será deferida após ouvir a parte contrária em 3 dias (art. 853). 
8.2.4) Avaliação do bem penhorado 
	A avaliação do bem penhorado é feita pelo Oficial de Justiça (art. 870), salvo se depender de conhecimentos especializados, quando um perito avaliador será nomeado pelo juíz (parágrafo único). 
	A avaliação constará de laudo de vistoria anexado ao auto de penhora, quando realizada pelo Oficial de Justiça, ou por laudo emitido pelo perito avaliador (art. 872). 
	É admitida nova avaliação nas hipóteses do art. 873. 
	Feita a nova avaliação, a penhora poderá ser reduzida ou ampliada (art. 874). 
É dispensada a avaliação nas seguintes situações (art. 871): 
	a) anuência de uma parte com a avaliação da outra; 
	b) títulos ou mercadorias com cotação em bolsa; 
	c) títulos de dívida pública, ações de S/A ou títulos de crédito negociados em bolsa; 
	d) veículos ou outros bens cujo preço médio possa ser facilmente constatado. 
	Ultrapassada a avaliação, os bens estarão sujeitos à expropriação (art. 875). 
8.2.5) Expropriação do bem penhorado 
	Se não houver remição da execução, nos termos do art. 826, o bem penhorado estará sujeito à expropriação, que consiste na transferência da titularidade do bem penhorado para o exequente ou terceiros. 
	A expropriação consistem em: 
	a) adjudicação; 
	b) alienação; ou 
	c) apropriação de frutos e rendimentos. 
A adjudicação é a aquisição da titularidade do bem penhorado pelo exequente ou outro legitimado, oferecendo valor não inferior ao da avaliação homologada pelo juiz. 
	É a forma de expropriação preferencial estabelecido no CPC (art. 876 e seguintes). 
	Qualquer bem penhorado pode se sujeitar à adjudicação independentemente de sua natureza. 
Além do exequente, podem requerer a adjudicação (§§ 5º e 7º do art. 876): 
	a) cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente do executado; 
	b) coproprietário de bem indivisível, cuja fração ideal foi penhorada; 
	c) titular de direito real (ex: usufruto, uso, habitação) sobre bem penhorado que esteja gravado por um desses direitos reais; 
	d) proprietário do imóvel gravado de direito real, quando a penhora recair sobre o direito real; 
 e) credor pignoratício, hipotecário, anticrético, fiduciário ou com penhora anterior, quando o objeto da penhora contiver tais gravames; 
	f) promitente comprador, quando a penhora recair sobre bem objeto de promessa de compra e venda; 
	g) promitente vendedor, quando a penhora recair sobre direitos aquisitivos decorrente de promessa de compra e venda; 
	h) Fazenda Pública, quando o bem for tombado (p. ex.: patromônio histórico); 
	i) sócios, quando a penhora recair sobre cotas o capital de sociedades empresárias ou civis ou ações de S/A com capital fechado. 
Se o valor do crédito for inferior ao valor do bem, o interessado depositará em juíz a diferença que ficará a disposição do executado. 
	Se o valor do crédito for superior ao valor do bem, prosseguirá a execução pelo saldo remanescente. 
	Havendo pluralidade de pretendentes, proceder-se-á a licitação, tendo preferência, em caso de igualdade, o cônjuge ou companheiro, ou descendente ou ascendente, nessa ordem (§ 6º). 
	A adjudicação será feita por auto de adjudicação e se o bem for sujeito a registro, será expedida carta de adjudicação. 
A alienação do bem penhorado pode ser feita por duas modalidades: 
	a) alienação por iniciativa particular; ou 
	b) alienação em leilão judicial. 
	A alienação por iniciativa particular poderá ser feita pelo próprio exequente ou ainda por corretor ou leiloeiro público (art. 880). 
	As condições de alienação serão estabelecidas pelo juiz (§ 1º). 
Realizada a alienação, será lavrado auto de alienação na forma do (§ 2º), expedindo-se a carta de alienação, mandado de imissão na posse ou ordem de entrega de bem móvel. 
	A alienação por leilão judicial será realizada sempre por leiloeiro público, salvo se o bem for negociado em bolsa de valores, quando será alienado por corretor especializado (§§ 1º e 2º do art. 881). 
	O leilão poderá ser eletrônico ou presencial e a nomeação do leiloeiro poderá observar indicação do exequente. 
As incumbências do leiloeiro público se encontram no art. 884. 
	O leiloeiro receberá do arrematante a comissão fixada em lei ou arbitrada pelo juiz (parágrafo único). 
	O edital de leilão deverá descrever o bem e suas características, a fim de identificá-lo e distingui-lo de outros bens. 
	O edital informará o preço mínimo (que poderá ser inferior ao da avaliação), as condições de pagamento e as garantias que poderão ser prestadas pelo arrematante, definidas previamente pelo juiz. 
Não sendo eletrônico, o edital informará o dia, hora e local da realização do leilão presencial. 
	O edital ainda informará a data, hora e local da realização do segundo leilão, caso não haja interessados no primeiro leilão. 
	O edital deverá ser amplamente divulgado pelo leiloeiro (art. 887), devendo ser publicado com pelo menos 5 dias de antecedência (§ 1º), na internet (§ 2º), ou não sendo possível ou insuficiente a utilização da internet, deverá ser fixado em local próprio na sede do juízo e ainda publicado em jornal de circulação local (§ 3º). 
Serão previamente intimados para ciência da data do leilão o executado e demais pessoas interessadas (art. 889). 
	O art. 890 identifica as pessoas impedidas de participar do leilão e dar lance a fim de arrematar o bem. 
	O interessado não pode oferecer preço vil, assim considerado: 
	a) inferior ao mínimo estipulado pelo juiz (consta do edital); 
	b) 50% do valor do bem, caso não tenha sido fixado preço mínimo pelo juiz. 
Havendo vários pretendentes, será feita a licitação entre eles até seobter a maior oferta (§ 2º do art. 892). 
	Estabelecido o lance vencedor, o pagamento deverá ser imediato e por depósito judicial (art. 892), salvo se o juiz fixar de modo diverso. 
	O pagamento em prestações deverá ser requerido pelo interessado (art. 895) até o início do primeiro leilão pelo valor de avaliação (inc. I), ou até o segundo leilão por preço que não seja considerado vil (inc. II). 
O parcelamento deverá conter uma entrada de pelo menos 25% da oferta e o restante parcelado em até 30 meses, garantido por caução em caso de bem móvel ou hipoteca do próprio bem em caso de imóvel (§ 1º). 
	A proposta de parcelamento não suspende o leilão (§ 6º) e se houver proposta de pagamento à vista, esta prevalecerá (§ 7º). 
	A arrematação constará de auto lavrado imediatamente (art. 901) e será expedido ordem de entrega de bem móvel ou carta de arrematação com ordem de imissão na posse de bem imóvel (§ 1º). 
Auto de arrematação pelo juiz, pelo arrematante e pelo leiloeiro, torna a arrematação perfeita, acabada e irretratável, ainda que posteriormente acolhidos embargos à execução ou ação autônoma (ou ainda a impugnação ao cumprimento de sentença), situação que poderá ensejar indenização (art. 903). 
	No prazo de 10 dias após o aperfeiçoamento da arrematação, o juiz poderá analisar pedido de invalidação, ineficácia ou resolução da arrematação (§ 2º), nas hipóteses do § 1º. 
	Desistência da arrematação: hipóteses do (§ 5º do art. 903). 
8.2.6) Satisfação do crédito 
	A satisfação do crédito será feita pela entrega do dinheiro ou adjudicação do bem penhorado (art. 904). 
	Ao receber o mandado de levantamento do dinheiro, o exequente dará quitação ao executado, por termo nos autos (art. 906). 
	Havendo sobra, ela será restituída ao executado (art. 907). 
	Havendo pluralidade de credores, o dinheiro será distribuído conforme a ordem de preferência (ex.: várias penhoras, paga-se antes o primeiro credor que teve registrada a penhora) (art. 908).

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