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COMUNICAR E EXPRESSAR

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Estudo Orientado - 
Comunicar e Expressar
1ª edição
2017
Estudo Orientado - 
Comunicar e Expressar
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Unidade de estudo 8
Elaboração de textos acadêmicos: 
perspectivas, objetividade e clareza
Para iniciar seus estudos
Nós bem sabemos que, às vezes, surgem algumas dificuldades na hora 
de escrever redações e textos acadêmicos, não é mesmo? Até mesmo 
quem nunca teve nenhuma dificuldade com redação na escola, às vezes 
se encontra em uma situação de desconforto ou dificuldade quando tem 
de desenvolver um trabalho de conclusão de curso, um artigo acadêmico 
ou projeto de pesquisa. É claro, isso é normal, até porque a maioria de nós 
somos graduandos de primeira viagem. Não basta o bom e velho portu-
guês, o trabalho científico possui normas específicas de produção, que 
corriqueiramente são exigidas pelos professores. Nesta unidade, vamos 
tentar auxiliá-lo um pouco com os principais elementos presentes nas 
monografias, dissertações e teses, revisando alguns elementos que nós já 
havíamos conversado anteriormente. Tudo bem? Vamos lá!
Objetivos de Aprendizagem
• Identificar os elementos que compõem a produção textual como, 
por exemplo: folha de rosto, prefácio, resumo, palavras-chave, 
introdução, texto principal, referências, notas, uso de aspas e cita-
ções.
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acadêmicos: perspectivas, objetividade e clareza
8.1 O pensamento científico
Muitas vezes é comum que escutemos popularmente que “todo cientista é louco”. Por isso, em algumas áreas, 
como as ciências humanas, quando dizemos que vamos fazer pesquisa, às vezes escutamos: “Existe como fazer 
pesquisa sobre isso aí?” ou “E o que você vai pesquisar? ”.
A verdade é que há uma compreensão ruim do que é o pensamento científico. Ele começa, justamente, em pen-
sar “fora da caixinha”. E o que seria isso, de maneira mais clara? O pensamento científico nada mais é que uma 
forma metódica de compreender o mundo. Por exemplo, quando vamos ao supermercado com uma quantia 
específica de dinheiro e temos que fazer uma compra muito bem calculada para que ela não extrapole nosso 
orçamento, estamos agindo com pensamento científico. Afinal, economistas e contadores lidam com esse tipo 
de prática a todo o momento, considerando possíveis juros, lucros, perdas... Enfim: adota-se uma postura racio-
nal diante daquilo que estamos tentando compreender.
Não é nenhum bicho de sete cabeças, muito pelo contrário. Trata-se de organizar os passos daquilo que iremos 
fazer: parar, pensar, formular hipóteses e organizar tudo que será necessário, fazer anotações e estabelecer um 
pensamento linear que leve a uma conclusão.
Um texto acadêmico não é diferente. Nesta unidade, vamos adotar o projeto de pesquisa como referência para 
apresentar alguns elementos comuns dos textos acadêmicos. Essas orientações podem ser úteis tanto se seu TCC 
for um artigo ou uma monografia, quanto para alguns outros gêneros acadêmicos. Antes, vamos tentar compre-
ender um pouco melhor os aspectos desse trabalho? Vamos lá!
8.1.1 O projeto científico 
O projeto de pesquisa, ou projeto científico, de maneira mais abrangente, nada mais é do que o passo a passo 
da pesquisa que você irá realizar. Nele, nós descrevemos, paulatinamente, tudo aquilo que vamos fazer. Mas, 
como nós fazemos isso, exatamente? É simples. Imagine que você irá ajudar na organização de um evento na sua 
universidade e tem que convencer seus colegas de turma que é preciso definir algumas tarefas para o evento. 
É claro que você terá que lhes apresentar , por exemplo, algumas informações que você considera importantes, 
não é? Caso contrário, é muito difícil conseguir convencê-los de que devem estabelecer os objetivos e atividades 
a serem realizadas para garantir o sucesso do evento. Assim, vocês logo podem começar a se questionar: Quem 
pode participar do evento? Em qual data ele pode acontecer? O que se quer com esse evento? Como, quando, 
onde e quanto vai custar? 
Parece brincadeira, mas no projeto científico é igual. Devemos saber, claramente, aquilo que estamos fazendo, 
o porquê, aonde queremos chegar, com qual conhecimento e de que maneira. Além disso, devemos verificar 
duas coisas: a disponibilidade financeira e de tempo. Afinal, ninguém quer começar algo e, depois de algum 
tempo, encontrar-se sem tempo para concretizar o seu intento ou sem disponibilidade de recursos para executar 
a tarefa iniciada.
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Por outro lado, se essas perguntas são respondidas, não teremos a menor dificuldade em fazer o nosso projeto. 
Aquelas nomenclaturas difíceis de responder no nosso projeto não são nada mais que essas perguntas, resumi-
das em uma palavra. “O que iremos fazer?” é a apresentação da nossa problematização, ou de nosso tema e 
problema. O “porquê” é nossa justificativa, “onde chegaremos” é o nosso objetivo, e o conhecimento e maneira 
referem-se ao nosso referencial teórico (bibliografia geral) e metodologia, respectivamente. Combinados com 
o custeio e o cronograma, nosso trabalho está pronto, ou melhor, projetado. Esse é o panorama geral que quase 
sempre estará presente nos trabalhos científicos. Às vezes, uma universidade ou outra adota algumas especifi-
cidades, também variando em cada área, mas há um padrão, que é necessário para que ninguém faça cada um 
do seu jeito, não é mesmo? Agora, vamos conhecer melhor cada parte do nosso projeto e como nós trabalhamos 
cada uma dessas partes mencionadas.
Lembre-se: cuidado com a formatação do seu trabalho. Use sempre tamanho A4, com mar-
gens superior e esquerda formatadas em 3 cm e inferior e direita de 2 cm. Procure usar Arial 
ou Times New Roman como fonte. Procure usar as normas da ABNT para referências bibliográ-
ficas ou verifique se há alguma outra que seja aceita em sua instituição
8.1.2 A argumentação
Na maioria dos textos acadêmicos, nós temos que argumentar. Como é característica do discurso científico, 
geralmente nossa missão nesses textos é chegar a uma conclusão sobre o assunto que estamos desenvolvendo 
de forma lógica, coesa e coerente, mantendo sua unidade, com o rigor científico. Para isso, há um conjunto de 
atividades que devemos conhecer e praticar, que podemos chamar de competências argumentativas.
Cabe lembrar, também, que as orientações que aqui daremos não se restringem aos gêneros acadêmicos, mas 
são boas práticas de redação que podemos levar para outros campos também. Em uma entrevista de emprego 
e em vestibulares, normalmente nos é exigida a produção de uma redação, às vezes (nem sempre!) com tema 
simples, como “Por que você quer trabalhar aqui?” ou, simplesmente, “Discorra sobre a publicidade infantil”, por 
exemplo. São temas que, aparentemente, são simples, mas há muito o que vasculhar neles. Daí a necessidade de 
um pensamento linear, de bom conhecimento do assunto e da prática de argumentação. Caso contrário, mesmo 
uma pergunta simples, como a primeira, pode ter como resposta um pensamento confuso e de difícil compre-
ensão.
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Platão e Fiorin (1995, p.201-209) fazem quatro apontamentos que chamam de defeitos de argumentação. 
São práticas comuns em redações dissertativo-argumentativas, que, entretanto, devem ser evitadas. Claro, é 
importante lembrar que não há formulas prontas para uma boa argumentação, mas há orientações que podem 
ser seguidas. Os apontamentos em relação à argumentação na redação são:
- Emprego de noções confusas: Aqui, apontam para o caráter amplo e até mesmo vago de uma determinada 
palavra ou de como o texto está construído. Dois exemplos que esses autores dão podem ser conferidos na 
Figura 8.1: 
Figura 8.1 - Noções confusas
Legenda: Dois exemplos de texto com noções confusas.
Fonte: Elaborada pela autora (2017).Para Platão e Fiorin, “o defeito de tais argumentações nem sempre reside no princípio que defendem, mas no 
modo como se faz a defesa dele” (1995, p. 203). De fato, analisando as orações da Figura 8.1, podemos nos 
perguntar: Qual a ordem estabelecida? Quando? Onde? Como? Mesmo na frase seguinte, a qual diz que “o pro-
fessor é uma autoridade”, a palavra “autoridade” torna-se demasiadamente ampla. De qual tipo de autoridade 
nós estamos falando? Além disso, o professor é, de fato, autoridade na escola? Coordenador, diretor e a equipe 
gestora em geral não desempenham também esse papel? 
Veja que, a partir dos apontamentos aqui feitos, surgiriam outras discussões que se depreendem dos contextos. 
Isso acontece porque nem todos os componentes foram considerados na discussão. Cuidado: ao levantar uma 
discussão, cada aspecto deve ser analisado em relação ao contexto. Fórmulas prontas devem ser evitadas, pois 
podem dar a entender que houve alguma falha entre seu pensamento e a escrita.
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- Emprego de noções de totalidade indeterminada: Mais uma vez, critica-se aqui a falta de visão analítica e 
de informação. O emprego de generalizações com falta de fundamento e pesquisa é danoso para as redações, 
principalmente para as redações científicas. Os exemplos dados pelos autores estão na Figura 8.2.
Figura 8.2 - Noções de totalidade
Legenda: Exemplos de textos com noções de totalidade. 
Fonte: Elaborada pela autora (2017).
Esse tipo de construção textual é amplamente usado nas introduções de redações. Mesmo sendo para iniciar sua 
dissertação, essas construções não são bem vindas. Todo argumento deve dar direito a um contra-argumento, 
que também deve ser embasado em fatos. A boa construção textual, na verdade, não é aquela que se desvia dos 
contra-argumentos, mas aquela que é capaz de lidar com eles de maneira concreta, lógica e coerente. Por isso, 
os exemplos da Figura 8.2 são falaciosos: para invalidar a primeira, por exemplo, basta indagar se o argumentador 
conhece todos os políticos. 
A segunda frase da Figura anterior também apresenta uma expressão bem comum no falar cotidiano: “no fundo, 
são iguais.” Não há nada de errado em dizer, coloquialmente, que “no fundo, fulano gosta de sicrano”, mas em 
uma argumentação isto é muito vago. São iguais por serem realmente sistemas econômicos, mas o fato de o 
comunismo não permitir privatizações já seria uma diferença a se considerar. Portanto, evite termos semelhan-
tes.
- Emprego de noções semiformalizadas. Neste tópico, os autores referem-se ao uso inconsciente de termos 
que são de cunho científico e exigem tal rigor ao serem empregados. Citam como exemplos: sistema, estrutura, 
classe social, burguesia, idealismo e alguns outros. 
O mau emprego desses termos pode apresentar uma falsa erudição e subjetividade, duas atitudes que não 
devem sequer chegar próximas de um texto científico. Como exemplo, veja a frase exibida na Figura 8.3.
Figura 8.3 - Noções semiformalizadas
Legenda: Exemplo de texto com noções de semiformalidades. 
Fonte: Elaborada pela autora (2017).
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Está claro que a afirmação é inconsistente. Nada comprova que um professor e aluno ocupem classes sociais 
diferentes. Além disso, segundo os autores, “a burguesia, por exemplo, é constituída pelos proprietários de 
indústrias; o proletariado é constituído por todos aqueles que entram com a mão de obra para a produção de bens. 
Esses conceitos nada têm a ver com a posição de professores e alunos no interior da escola” (PLATÃO; FIORIN, 
1995, p. 209). Veja que, ainda que o enunciado queira metaforizar, por assim dizer, a posição dos professores 
e dos alunos dentro de uma escola, com o sentido de que estes seriam inferiores àqueles, essas construções 
devem ser abolidas. A leitura de um texto científico deve ser denotativa, e tais construções podem prejudicar a 
neutralidade do trabalho científico, o qual precisa apresentar a confiabilidade e a imparcialidade necessárias ao 
texto.
O quarto apontamento refere-se aos defeitos de argumentação pelo exemplo, pela ilustração ou pelo 
modelo, que diz respeito às conclusões precipitadas na exemplificação, na tentativa de comprovar com dados 
afirmações generalizadas, e na utilização de modelos a serem seguidos, com embasamento moral. Certamente, 
esses argumentos devem ser evitados, pois devemos lembrar que o texto científico deve sempre ter base teórica 
de literatura especializada na área, evitando qualquer tipo de subjetividade, credo ou algo semelhante. 
Como você estudou até aqui, a construção do texto científico possui características essenciais, principalmente, 
a argumentação, afinal, ao produzir um texto científico você fará uso de argumentos para orientar e convencer o 
leitor sobre o que está sendo divulgado. Chegamos até aqui com muitos conhecimentos para auxiliá-lo a escrever 
bem seu discurso, mas não é só da construção do texto que temos que cuidar quando o assunto é um trabalho 
científico, precisamos também colocá-lo numa estrutura adequada, como veremos na próxima seção. Vamos lá? 
8.1.3 Capa e folha de rosto
Esses elementos são tradicionais do projeto científico. Constituem-se de nome da instituição, às vezes, nome do 
programa ou unidade em que se está fazendo o projeto (por exemplo, Faculdade de Letras, Filosofia, e Ciências 
Humanas, e afins), título do seu projeto, nome do autor (ou autores), local e data. A única diferença entre ambos 
é que a folha de rosto apresenta também o nome de seu orientador e a finalidade do projeto. Daí a presença 
daquele pequeno texto à esquerda do projeto, em que se lê algo como: “projeto de pesquisa apresentado à banca 
examinadora de determinada universidade como requisito parcial para obtenção de determinado título sob a 
orientação de determinado professor”, ou textos semelhantes. 
8.1.4 Apresentação, justificativa e objetivos
Aqui, é necessário conduzir o leitor de maneira que ele fique atento e convencido de que deve continuar lendo 
aquilo que você escreveu. A apresentação do tema deve deixar absolutamente claro aquilo que você está pes-
quisando, qual sua natureza e principalmente, qual seu limite, a delimitação do projeto. Toda pesquisa é apenas 
um recorte.
É necessário ter o tema bem definido, para que se possa ter domínio e objetividade ao pesquisá-lo (Figura 8.4). 
Lembre-se que você tem um tempo certo para desenvolver este trabalho, por isso não pode se alongar demais 
escolhendo temas que são demasiadamente abertos. Por exemplo, vamos imaginar que você decidiu escrever 
sobre violência. É bem verdade que é um tema relevante, pois logo percebe-se a conotação forte que a palavra tem. 
Porém, uma coisa é escrever sobre a violência contra a mulher, outra é escrever sobre a violência contra animais. 
São diferentes perspectivas e abordagens sobre o assunto, que alterarão toda a sua referência bibliográfica e o 
desenvolvimento do trabalho em geral.
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Figura 8.4 - Delimitação da pesquisa
Legenda: Ilustra a necessidade de se delimitar o que se vai estudar e pesquisar.
Fonte: <http://publicdomainvectors.org/pt/vetorial-gratis/Ilustra%C3%A7%C3%A3o-de-pesquisa-multi/33031.html>.
Após esta delimitação, deve ser colocado em pauta o que levaria você a pesquisar aquele assunto, o porquê de 
ele ser interessante. Deve ser colocado um problema que permita ao leitor acompanhar seu raciocínio durante o 
trabalho de pesquisa, e é a partir deste raciocínio que o leitor também fará suas reflexões e aprendizagem. 
Lembre-se: seu trabalho será lido por alguém, por isso tenha em mente que está desenvolvendo um trabalho 
para o outro, e não para si mesmo. Com oproblema bem especificado e delimitado, faz-se a descrição sucinta 
dele. É a apresentação. Logo em seguida, vem a justificativa do seu trabalho. Cabe ao pesquisador refletir: “O 
que me levou a pesquisar e qual a relevância deste trabalho para a ciência que estou estudando?” E, claro, onde 
se pretende chegar com essa pesquisa, compondo os objetivos. As respostas a esses questionamentos podem 
ser apresentadas de maneira geral ou em tópicos específicos, que resultam do desdobramento do tema maior 
em temas menores.
Apesar de simples, essa sequência é o que consolida seu trabalho. De nada adianta saber um tema e não conse-
guir discorrer sobre ele, fazê-lo sem saber aonde chegar ou apenas gostar do tema e não ter consciência de sua 
relevância, tanto para você que desenvolve, quanto para a ciência, ou melhor, para a sociedade. Então, lembre-se 
da fórmula: levante uma questão, verifique ali um problema bem delimitado, veja se há relevância em pesquisá-
-lo e se isso levará a algum lugar. “O que irei estudar? Qual o recorte? Qual o problema da pesquisa?”. Se todas 
as perguntas forem bem replicadas, sem dúvida não haverá problemas no decorrer de sua pesquisa. Confira a 
apresentação de um projeto de trabalho de conclusão de curso da área de Letras:
Uma das características da humanidade é a capacidade de nomear as coisas que existem no 
mundo. Normalmente, essa nomeação não é feita de forma arbitrária; envolve aspectos relacio-
nados à cultura, ao conhecimento acumulado por gerações, revelando-se, assim, um marcador 
identitário de determinada comunidade. A escolha de um nome, por sua vez, afeta as maneiras 
pelas quais as pessoas concebem o mundo.
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Na cidade de Guajará-Mirim, temos registro de que pessoas atribuem nomes de remédios indus-
trializados a plantas medicinais. A nomeação, portanto, ocorre por meio de uma metáfora fun-
cional. Segundo Ferrarezi (2008, p.201), podemos conceituar metáfora, de maneira geral, “como 
a associação de uma característica de um elemento de um paradigma cultural a outro de outro 
paradigma”, em outras palavras, uma comparação entre domínios diferentes. É comum o uso 
de metáforas para dar nomes a objetos que fazem parte do nosso cotidiano, sendo que, muitas 
vezes, estes nomes se popularizam e passam de geração para geração. Às metáforas que incor-
poram referências culturais dá-se o nome de metáforas funcionais. 
No caso de certas plantas medicinais que ganharam o nome de remédios industrializados, pode-
mos perceber que, em determinado momento, os motivos originais da denominação desta ou 
daquela planta, embora popularmente consagrada, se perderam no tempo. 
Uma reflexão sobre o emprego de expressões metafóricas funcionais – com a que pretendemos 
fazer nesse trabalho – pode ajudar a identificar as razões linguísticas e culturais que levam uma 
comunidade a registrar os nomes dos remédios industrializados para identificar plantas tidas 
como medicinais. Além disso, permite a documentação de determinados conhecimentos ligados 
a esse fenômeno, guardados especialmente por pessoas mais idosas, de modo que estes não 
sejam apagados da memória cultural local. (FERRAREZI JUNIOR, 2015, p. 45).
Veja que aqui temos uma proposta simples, de nomes dados a plantas e o motivo. É um recorte bem específico, 
que provavelmente não irá extrapolar o tempo e os recursos disponíveis no momento da pesquisa. Repare ainda: 
O que será estudado? O uso de metáforas funcionais para a nomeação de plantas. Qual o recorte? As plantas 
medicinais apenas da cidade de Guajará-Mirim. Qual o problema da pesquisa? Os motivos que explicam o uso 
dessas metáforas funcionais ao nomear as plantas. Agora, leia um exemplo de justificativa da área de Saúde 
Pública, que aproxima a propaganda e o marketing de bebidas alcoólicas e seu aumento de consumo. Tente ana-
lisar a maneira como ela é conduzida e redigida e lembre-se de que a justificativa além de ser clara, direta, deve 
convencer de que vale a pena gastar tempo e investimento financeiro na sua pesquisa. 
O consumo de bebidas alcoólicas entre jovens brasileiros está crescendo, assim como as con-
sequências negativas advindas desse consumo, tais como acidentes, violência e crimes, cirrose, 
dependência, entre outras.
A promoção do álcool, através da propaganda e marketing parece dar especial atenção ao jovem, 
aparentemente confirmando preocupação de autoridades nacionais e internacionais a esse res-
peito.
O reconhecimento de que a divulgação de bebidas alcoólicas é um fator importante para o início 
e continuidade do consumo por parte dos jovens tem impulsionado, no Brasil, vários projetos de 
lei no sentido de limitar a propaganda de bebidas alcoólicas (do mesmo modo como foi feito com 
relação ao tabaco). Estudos científicos que informem tanto o público leigo quanto os especialis-
tas e políticos são essências no sentido de colaborar para o estabelecimento de políticas públicas 
a respeito do consumo de bebidas alcoólicas em nosso país. (FERRAREZI JUNIOR, 2015, p. 50).
Uma justificativa bem elaborada dispensa grandes adjetivações, clichês ou quaisquer ações do tipo. Veja, no 
exemplo anterior: o consumo de bebidas cresce, junto com as consequências negativas; o marketing e a propa-
ganda, como divulgadores do produto, posicionam-se sobre este aspecto, resultando em projetos de lei, colo-
cando o jovem no centro da questão. De fato, trata-se do estado da questão: Como está o cenário da questão 
que você pesquisa? Dele, deve-se extrair tanto um problema quanto uma boa justificativa para estudá-lo. Para 
redigir os objetivos, é necessário lembrar-se de ser pontual: você irá pesquisar questões específicas, que podem 
ser redigidas em tópicos, dividindo em objetivos gerais e específicos, ou em formato dissertativo geral. Contudo, 
não se esqueça de que deve ficar claro, de maneira breve, aquilo que você quer pesquisar.
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8.1.5 Referencial teórico e bibliografia
O referencial teórico diz respeito às ideias das quais o pesquisador pretende partir. É sua base teórica, afinal, não 
se começa a discorrer sobre o trabalho do nada, apenas “com ideias da cabeça.” Trata-se de trabalhar com outras 
vozes na sua obra: todo o discurso científico precisa de embasamento teórico, que dará crédito a sua discussão, 
por isso é necessário ter algumas obras-base como ponto de partida.
No entanto, equivocadamente, muitos pensam que uma longa lista de referência bibliográfica diz algo sobre o 
autor, sobre o quanto ele deve ter lido e é inteligente. Cuidado: seja honesto, pois um bom exame das referências 
bibliográficas pode tirar muita gente da pesquisa. Procure inserir em sua pesquisa apenas obras que você real-
mente leu e que possuam relevância e relação com o projeto proposto. 
Boletins e catálogos bibliográficos são bons alvos na hora de levantar sua bibliografia. Recorra sempre a eles na 
hora de selecionar seus livros e artigos de forma criteriosa, sempre se pautando apenas no assunto a ser tratado. 
Todo livro usado e citado no trabalho, para seu desenvolvimento e preparação, deve ser citado nas referências 
bibliográficas. A prática da documentação da obra também auxilia muito em sua melhor compreensão. Lembre-
-se sempre de fazer fichamentos e resumos das obras que você lê, assim poderá ter fácil acesso, de maneira 
objetiva, a tudo aquilo que você compreendeu e selecionou.
8.1.6 Metodologia
É a descrição dos procedimentos que se pretende seguir para chegar aos seus objetivos. Neste local, o pesquisador 
informa se fará pesquisa de campo, quais dados usará, quais as estratégias de análise, quais instrumentos 
serão utilizados, qual o contexto do estudo, os participantes do estudo, enfim, será preciso deixar claro qual o 
caminho que será trilhado. Existem algumasmetodologias cristalizadas que podemos encontrar na internet, mas 
devemos evitar nos apropriar equivocadamente delas: a metodologia depende muito de cada área e, mais ainda, 
de pesquisa para pesquisa. Atente-se ao que você irá fazer e procure discorrer sobre sua própria metodologia. 
Lembre-se do planejamento, do passo a passo. Isso é essencial.
Vamos imaginar, como exemplo, que pesquisadores descobriram que uma substância médica tem o poder de 
eliminar, finalmente, o vírus da gripe. Antes, na apresentação, na justificativa e nos objetivos, eles apresentariam 
a problematização do vírus da gripe, justificariam a importância desse trabalho e nos deixariam claro seu objetivo. 
Já na metodologia, eles informariam como chegaram a essa substância e qual o passo a passo da aplicação no 
paciente, etc.
Em um trabalho de pesquisa, a metodologia é essencial. Veja que cada passo da pesquisa é dependente do 
outro, de maneira que, como já foi dito, cada questionamento que impulsiona a pesquisa deve ser respondido 
objetivamente, de forma concreta, com boa argumentação, de forma que se você não se sentir seguro em 
alguma etapa, é bom repensá-la. A metodologia é como um mapa do tesouro. Você dirá: eu dei seis passos para 
a frente, dois para a direita, fiz isso e aquilo e, então, cheguei ao meu destino final. Se o “mapa” está confuso, é 
bem provável que você fique perdido, o que pode prejudicar sua redação final.
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De forma geral, a metodologia pode ser mais sucinta ou mais discorrida, variando de projeto a projeto. Algumas 
áreas apresentam, em vez do termo “metodologia”, o termo “materiais e métodos”. Também é claramente válido, 
pois cada área usará de um recurso e um meio. É comum o uso, por exemplo, de pesquisa de campo, mas mesmo 
esta metodologia varia em cada área (uma coisa é uma pesquisa de campo na área da sociologia, outra coisa é 
uma pesquisa deste porte na área da saúde). Mais comum ainda é o uso de metodologias com base em pesquisa 
bibliográfica, formato mais comum para trabalhos de graduação e iniciação científica. Veja, a seguir, um exemplo 
de metodologia deste tipo de pesquisa:
O presente projeto se fundamenta basicamente em pesquisa bibliográfica. Essa pesquisa será 
desenvolvida em quatro etapas:
1. Identificação e seleção de material bibliográfico pertinente;
2. Leitura e fichamento em formato digital do material selecionado com identificação das obras, 
dos autores e de suas ideias centrais;
3. Elaboração de uma lista de palavras-chave (referentes a assuntos relevantes para a pesquisa) 
que facilite a localização dos temas no material fichado no momento de elaboração do relatório 
final;
4. Análise do conteúdo do material levantado para a elaboração das conclusões da pesquisa. 
(FERRAREZI JUNIOR, 2015, p. 65).
Esse formato também é válido, no entanto, queremos relembrá-lo que a metodologia varia em cada área. Analise 
bem a sua pesquisa e veja qual a metodologia que ela pede. Consulte também professores e seu orientador, peça 
para que leiam seu projeto, olhe-o de maneira fria e verifique tudo que pode ser redigido novamente e merece 
melhor atenção. Peça para que uma pessoa leiga na área o leia. Se ela conseguir compreender bem o seu projeto, 
então ele está bom. Caso contrário, procure entender o porquê de ela não ter entendeido e exatamente qual 
parte pode ser refeita. Assim, seu trabalho estará cada vez mais concreto e mais claro, e você poderá desenvolvê-
-lo com mais segurança.
8.2 Elementos Constituintes do Texto Científico
Agora que já conversamos sobre aspectos que costumam preocupar no trabalho científico, que tal se conver-
sássemos um pouquinho sobre elementos que sempre aparecem em qualquer tipo de trabalho acadêmico? São 
algumas formalidades específicas do gênero acadêmico, cada qual com sua finalidade, seja de encaminhar o 
leitor para sua leitura, contextualizando-o, ou explicando alguma questão no texto.
São formalidades que costumam dar dor de cabeça para pesquisadores experientes e também para alunos que, 
como você, estão no início da vida acadêmica. Por exemplo, qual a diferença entre citação curta e citação longa? 
Quando se deve usar as notas de rodapé? Na verdade, são coisas bem simples. Procuraremos dar alguns nortes 
em relação a esses elementos, para que você consiga identificá-los sem dificuldade durante a leitura do texto 
acadêmico, e que o conteúdo aqui apresentado auxilie você a usá-los nos seus trabalhos. Vamos começar?
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8.2.1 Prefácio e resumo
Já conversamos nesta disciplina sobre como a boa prática de resumo pode ajudá-lo a compreender melhor o con-
teúdo que está estudando. Resumos e resenhas críticas são excelentes práticas para compreensão do conteúdo 
que você irá utilizar em seguida no seu trabalho. Porém, quando falamos de trabalho acadêmico, devemos ter 
em mente que o que será resumido é o seu próprio trabalho. Exatamente! O leitor do seu texto deve encontrar, 
logo de início, além do que se trata, uma breve síntese do que está sendo feito e aonde se chegou com o trabalho.
Uma boca dica é sempre fazer seu sumário e resumo após o trabalho estar concluído. Acon-
tece que seu trabalho em desenvolvimento está sujeito a diversas mudanças, que irão modi-
ficar o sumário e o resumo. Desenvolva o núcleo do seu trabalho (introdução, desenvol-
vimento e conclusão). Após isso, faça um breve esboço do seu resumo, para acompanhar 
como está a sua prática de síntese. Uma boa dica também é elaborar a introdução após 
o desenvolvimento do trabalho.Essa ação fará com que seja evitada a inserção de infor-
mações que não estão mencionadas no corpo do trabalho, sendo possível se basear nos 
elementos principais do trabalho para conduzir o leitor ao texto que está sendo apresentado. 
É costume que seu resumo tenha entre 250 e 500 palavras, portanto, seu poder de síntese é crucial nesse 
momento. Lembre-se também de usar um tópico frasal, ou seja, o assunto a ser tratado deve estar claro na pri-
meira fase do resumo, já que ele deve ser todo redigido em apenas um parágrafo. A seguir temos um exemplo de 
resumo. Vamos ler e tentar entender a maneira como ele foi construído:
A Odontologia Preventiva é um modelo de prática odontológica centrada na promoção de saúde 
bucal, o qual se baseia na aplicação de medidas de prevenção e enfatiza a educação da popula-
ção. Nesse sentido, o propósito deste trabalho foi observar, mediante revisão da literatura, pro-
gramas educativos aplicados com o intuito de prevenir as doenças cárie e periodontal. Pode-se 
constatar que os programas analisados, utilizando diferentes métodos educativos, apresenta-
ram resultados positivos, tanto no que diz respeito ao comportamento quanto ao conhecimento 
odontológico dos indivíduos. A orientação direta mostrou-se mais efetiva na educação de adul-
tos, ao passo que a indireta foi mais adequada para as crianças. Verificou-se também que antes 
da elaboração de programas educativos deve-se avaliar o nível de conhecimento odontológico 
do público-alvo, para que tais programas sejam adequados às reais necessidades da população a 
ser educada. (MASTRANTONIO; GARCIA, 2002, s.p.).
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Vamos voltar àquela prática de sempre fazer perguntas ao texto. Analisando o resumo, a primeira pergunta a ser 
feita sobre o tema é: “O que é?”.
Veja que ela é respondida logo no início: “É uma prática odontológica centrada na promoção da saúde bucal”. 
Em seguida: “Qual o propósito do trabalho?”. A resposta também é encontrada facilmente: “Observar programas 
educativos aplicados com o intuito de prevenir as doenças cárie e periodontal.” A pergunta final seria: “Quais 
osresultados?”. E logo teremos: “Os programas analisados apresentaram resultados positivos”. Com essas três 
perguntas, o resumo fica bem orientado e, sem dúvida, você conseguirá desenvolver uma boa prática de resumo. 
Tente respondê-las antes de iniciar, certo? Leia e releia sempre o resumo buscando encontrar as respostas para 
estas três perguntas, sempre considerando se responde adequadamente ou não. Esta estratégia funciona como 
uma bússola de navegação.
Quanto ao prefácio, não é tão comum em textos acadêmicos. Em livros didáticos, é comum que ele apareça 
dando as palavras iniciais do que se trata e a quem se dirige. No trabalho acadêmico, o que nós temos, na ver-
dade, são os elementos pré-textuais. Costumam ser a folha de agradecimentos, a folha de dedicatória e a epí-
grafe. Acontece que estes elementos aqui citados são os elementos facultativos, que você não é obrigado a 
inserir no trabalho. Já a folha de rosto, a ficha catalográfica, a página de avaliação, o resumo, a lista de ilustrações, 
tabelas, abreviaturas e siglas costumam ser obrigatórios, sempre que constarem no seu desenvolvimento. 
8.2.2 Introdução e palavras chave
O que costuma substituir o prefácio, porém, de forma acadêmica, é a introdução. Isso significa que a introdu-
ção não apresenta o caráter subjetivo que, às vezes, o prefácio costuma apresentar, com frases como “esta obra 
é resultado de uma grande dedicação dos autores” e, até mesmo, se ausenta de usos como vocativo (prezado 
leitor...) e construções afins.
Sua introdução deve ser convidativa. Deve apresentar, de forma concisa e coerente, não só a relevância do seu 
trabalho, mas demonstrar a maneira como ele é disposto e se desenvolve. Claro, não se deve falar de cada tópico 
específico que seu texto contém (imagine uma tese de doutorado, quantos tópicos não possui?), e muito menos 
desenvolvê-lo de maneira semelhante ao resumo. No resumo, a estrutura deve ser clara: breve explanação sobre 
o começo, o meio e o fim. Já a introdução deve ser um passo antes do início. Cabe nela um tanto de contextualiza-
ção ao leitor, como os fundamentos, o assunto, o que levou à pesquisa, enfim, situar o leitor no terreno que ele 
está entrando. Segundo Severino (1979),
A introdução deve, quando for o caso, levantar o estado da questão, mostrando o que já foi escrito 
a respeito, do tema, e assinalando a relevância e o interesse do presente trabalho. Em todos os 
casos, deve manifestar as intenções do autor e os objetivos do trabalho, enunciando devida-
mente seu tema, seu problema, sua tese e os procedimentos, que serão adotados para o desen-
volvimento do raciocínio. [...] Deve ser sintética e versar única e exclusivamente sobre a temática 
intrínseca do trabalho. (SEVERINO, 1979, p. 86).
Uma boa estratégia também é desenvolvê-lo por último, de forma a trazer uma síntese explicativa que apresente 
de uma maneira convidativa ao leitor (não um resumo!) as ideias que virão a ser tratadas. Seguem aqui as mesmas 
boas práticas de redação: acostume-se a usar um tópico para dizer do que se trata a sua introdução. Apesar de, 
no trabalho acadêmico, as palavras-chave virem junto à folha de resumo (é importante que isso fique claro), 
elas também orientam na redação do projeto, principalmente as partes menores, justamente à introdução e o 
resumo. Procure sempre se perguntar: Do que eu estou falando? Quando penso no meu texto, quais as primeiras 
palavras que vêm à minha mente? Estas são as palavras-chave. Vejamos um exemplo: se seu texto fala sobre o 
uso de smartphones na sala de aula, sem dúvidas duas das palavras-chave devem ser tecnologia e educação. 
Certo?
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8.2.3 Texto principal 
O texto principal é o desenvolvimento do conteúdo do seu trabalho. É o “miolo” mesmo, a parte em que se 
desenvolve, de maneira estruturada por seções e subseções, todo o estudo realizado. Geralmente ele é dividido 
em tópicos, que serão apresentados no sumário. Esses tópicos devem ser estruturados conforme a necessidade 
que o trabalho apresentar, e não de acordo com simples vontade ou qualquer critério avulso. Assim, cada título 
deve expressar uma unidade de conteúdo consistente, e isto não é só para quem irá ler o seu trabalho. Se sua 
obra for objetiva, no corpo do trabalho deve aparecer somente o necessário, para que você melhor possa discor-
rer sobre o tema. 
Corriqueiramente, alunos aparecem com preocupações em relação à quantidade de folhas que determinada 
unidade contém, com a ideia de quanto mais conteúdo, mais qualidade. Isso não é verdade, portanto, não é algo 
com que você deve se preocupar.Discorra o necessário, de forma clara, até concluir aquele tópico. É a mesma 
questão que falamos anteriormente em relação ao referencial teórico: quantidade não é sinônimo de qualidade. 
O único objetivo do corpo do trabalho é expor sua discussão, demonstrando seu debate com fundamento lógico, 
e deve, inclusive, ser feito sem se alongar, já que a quantidade de páginas será determinada pela abrangência do 
tema e pelo recorte feito dele.
Também de grande preocupação dos estudantes é a conclusão, que não é nada mais que a síntese para a qual 
caminha o seu trabalho. Deve ser breve, porém não deve ser mera repetição de tudo que já foi dito anteriormente, 
mas, sim, uma resposta ao questionamento inicial, seja uma confirmação ou negação das hipóteses apontadas 
no início. Podem-se apontar, também, temas que, durante a pesquisa, mostram-se dignos de estudos futuros, 
mas que não cabem àquela monografia. Lembre-se de que a conclusão deve fechar de maneira razoavelmente 
breve toda a discussão, evitando novos questionamentos e informações. Além disso, deve fazer sentido para 
quem leu apenas a introdução do seu trabalho. Veja: o resumo sintetiza sua pesquisa, a introdução inicia a con-
versa e a conclusão fecha. Ao conteúdo, cabe desenvolver melhor os assuntos.
8.2.4 Referências, notas de rodapé e citações
Como foi dito no referencial teórico, é bem difícil desenvolver uma pesquisa somente com o conteúdo que 
temos de cabeça, não é mesmo? Em uma redação, tudo bem, mas uma grande pesquisa exige material teórico. 
E, mesmo assim, é prática comum de vestibulares e concursos nos oferecerem textos de apoio na hora de desen-
volver uma redação. Do mesmo jeito deve ser feito com nossa pesquisa. Nós precisamos de uma boa base teórica 
para que possamos progredir, paulatinamente, no desenvolvimento de nosso raciocínio. É como construir uma 
casa: não basta empilhar tijolos. Por melhor que seja nosso planejamento, nós precisamos do cimento para que 
qualquer vento não derrube nossas paredes, e essa parede também tem de estar bem amarrada a colunas, por 
meio do cimento que são os referenciais teóricos (Figura 8.5).
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Figura 8.5 - Referenciais teóricos
Legenda: Ilustra a necessidade de se construir o texto científico como erguemos uma cons-
trução forte. As colunas seriam a argumentação; o cimento, nossa base teórica.
Fonte: <http://publicdomainvectors.org/pt/vetorial-gratis/Clip-art-de-ferramentas-de-pedreiro/31468.html>.
No entanto, fica aquela dúvida: como inserir esse material no nosso trabalho? É claro, além da leitura e docu-
mentação técnica, é necessário saber incluir este apoio teórico no nosso trabalho, o que é a grande característica 
do discurso científico. Há três maneiras de fazermos isso: por meio da citação, da referência e da nota de rodapé. 
Então, vamos pelo mais simples: referências bibliográficas. 
Antes de tudo, há diferença entre bibliografia e referências bibliográficas. Apesar de muitas vezes empregados 
como sinônimos há uma diferença crucial entre cada um: a bibliografia refere-se apenas àquilo que você leu na 
íntegra. Costuma ser o referencial teórico base, o qual demanda pleno domínio para desenvolvero seu trabalho. 
Já a referência bibliográfica refere-se àquilo que não necessariamente você leu na íntegra, mas que usou para 
consulta, para embasamento teórico. Veja bem: são coisas diferentes, por isso você precisa inseri-los em páginas 
diferentes também. 
Com isso bem claro, vamos entender como que nós as inserimos no nosso trabalho. As normas para as inserirmos 
são as mesmas, pois a diferença é entre o que lemos por completo e o que utilizamos excertos, mas ambos se 
referem aos livros que usamos. Tanto as referências bibliográficas quanto a bibliografia devem vir no final de todo 
o seu trabalho, após a conclusão, em folha individual. Existem duas maneiras de escrevermos as referências: a 
norma ABNT e a norma Chicago diferem na localização da data, na primeira, ela vem ao final da referência; na 
segunda, a data vem após o nome do autor, conforme demonstrado na Figura 8.6. 
Figura 8.6 - Apresentação das referências
Legenda: Apresenta exemplos de como se deve apresentar as referências utilizadas.
Fonte: Elaborada pela autora (2017).
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Procure saber qual a norma aceita na sua instituição. É comum que as universidades exijam 
a formatação geral nas normas da ABNT. Mais informações sobre a ABNT podem ser obtidas 
em: http://www.abnt.org.br/
Deve constar na referência, como pode-se observar na Figura 8.6:
a. Sobrenome do autor em caixa alta, seguido de vírgula;
b. Nome do autor, que pode ser representado pela inicial seguido de ponto final (J.) ou por extenso (Joa-
quim);
c. Data da edição usada;
d. Título do livro em itálico, negrito ou sublinhado, seguido de ponto final;
e. Qual a edição utilizada (2. ed., por exemplo). Caso seja a primeira edição, é permitido ficar em branco.
f. Imprensa (local, seguido de dois pontos e nome da editora).
Essa é a regra geral, que irá manter um padrão no seu trabalho. No entanto, existem particularidades quanto 
às informações adicionais (organizadores da obra, mais de um autor, autoria desconhecida, indicações de res-
ponsabilidade, série ou coleção e notas especiais) que devem ser pesquisadas em livros específicos para isso ou 
diretamente no site da ABNT. Já as notas de rodapé, para Severino (2002), possuem três finalidades: indicam a 
fonte de onde é retirada uma citação, inserem no trabalho considerações complementares e trazem a versão ori-
ginal de alguma citação traduzida no texto. Aqui, nos interessa a primeira finalidade, que é a de notas de citação 
bibliográfica. 
O padrão da nota de rodapé é igual ao de referência bibliográfica anteriormente demonstrada, o que facilita 
e simplifica a apresentação do trabalho. Geralmente, os editores eletrônicos já formatam as notas de rodapé, 
porém cabe lembrar que, caso vá fazer manualmente, a fonte a ser utilizada é a fonte padrão do texto redigido, 
no tamanho 10 e sem elementos de realce. Assim, quando citar um autor no texto, pode-se indicar por meio de 
nota de rodapé a qual obra pertence o excerto citado.
Agora, devemos tomar cuidado com a citação. Citação direta ou curta, de até três linhas, costuma ser feita 
citando o autor (corriqueiramente, usando os termos “segundo o autor”, “conforme o autor”), indicando o ano 
da obra e a página em seguida. Após isso, usando aspas duplas, transcreve-se literalmente o excerto presente na 
obra consultada. 
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Figura 8.7 - Exemplo de citação direta curta
Legenda: Apresenta um exemplo de citação direta curta.
Fonte: Elaborada pela autora (2017).
Sempre ao fazer citação direta deve-se usar as aspas. Apesar de, corriqueiramente, usar-
mos as aspas na linguagem coloquial, para indicar ironia e afins, formalmente ela indica que 
estamos reproduzindo um discurso que não é nosso. Quando, em vez de empregarmos a 
citação literal, nós a reproduzimos com as nossas palavras, mantém-se a data e página entre 
parênteses. A esta prática, damos o nome de paráfrase. 
Já a citação direta, ou longa, é quando o trecho que queremos citar diretamente é muito longo, passando de 
três linhas. Nesta ocasião, recuamos o texto 4 cm à esquerda, diminuindo a fonte para 10, com o espaçamento 
simples. Desta forma, o texto terá mais destaque e será de melhor visualização. Por exemplo:
Conforme Severino (1979),
As citações são os elementos retirados dos documentos pesquisados durante a leitura de docu-
mentação que se revelaram úteis para corroborar as ideias desenvolvidas pelo autor no decorrer 
do seu raciocínio. Estas citações são transcritas a partir das Fichas de Documentação, podendo 
ser transcrições literais ou então apenas alguma síntese de passagem. Em ambos os casos, é 
necessário citar a fonte, transpondo os dados já presentes na Ficha. (SEVERINO, 1979, p. 93).
Cabe, como último comentário, lembrar que as citações enriquecem o trabalho, mostrando fundamento teórico, 
mas eles devem sustentar o discurso principal, que é o seu. Sendo assim, o que não se deve nunca praticar é a 
transcrição de algum outro autor sem fazer a citação. A esta prática, dá-se o nome de plágio, e pode render sérios 
problemas na academia.
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Considerações finais
Chegamos ao final da Unidade 8 e, para finalizá-la de maneira interes-
sante, como nas demais unidades, vamos retomar o que estudamos até 
o momento:
• O projeto de pesquisa, ou projeto científico, de maneira mais 
abrangente, é nada mais do que o passo a passo da pesquisa que 
você irá realizar. Nele, nós descrevemos passo a passo, paulatina-
mente, tudo aquilo que vamos fazer.
• Como é característica do discurso científico, geralmente nossa 
missão nesses textos é chegar a uma conclusão sobre o assunto 
que estamos desenvolvendo de forma lógica, coesa e coerente, 
mantendo a unidade do assunto, com o rigor científico. 
• Uma justificativa bem elaborada dispensa grandes adjetivações, 
clichês ou quaisquer ações do tipo.
• O referencial teórico diz respeito às ideias das quais o pesquisador 
pretende partir. É sua base teórica, afinal, não se começa a discor-
rer o trabalho do nada, apenas “com ideias de cabeça”.
• A metodologia é a descrição dos procedimentos que se pretende 
seguir para chegar aos seus objetivos.
• É costume que um resumo tenha entre 250 e 500 palavras, por-
tanto o poder de síntese é crucial nesse momento.
• A bibliografia refere-se apenas àquilo que você leu na íntegra. 
Costuma ser o referencial teórico base, o qual demanda pleno 
domínio para desenvolver o seu trabalho. 
• A referência bibliográfica refere-se àquilo que não necessaria-
mente você leu na íntegra, mas que usou para consulta, para 
embasamento teórico e suporte para a sua pesquisa. Veja bem: 
são informações diferentes, por isso você precisa inseri-los em 
páginas diferentes também.
Referências bibliográficas
20
FERRAREZI JUNIOR, Celso. Guia do trabalho científico: do projeto à reda-
ção final. São Paulo: Contexto, 2015.
FIORIN, J. L.; SAVIOLI, F. P. Para entender o texto. 10. ed. São Paulo: Ática, 
1995.
MASTRANTONIO, S. D. S.; GARCIA, P. P. N. S. Programas educativos em 
saúde bucal: revisão da literatura. J. Bras. Odontopediatr. Odontol. Bebê, 
v. 5, n. 25, p. 215-222, maio/jun. 2002.
SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico: Dire-
trizes para o Trabalho Didático-Científico na Universidade. 4. ed. São 
Paulo: Cortez e Moraes Ltda, 1979. 
______. Metodologia do trabalho científico. 22. ed. São Paulo: Cortez, 
2002.

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