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47 DIREITO EMPRESARIAL Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 Unidade II5 10 15 20 25 30 35 5 ESTABELECIMENTO COMERCIAL O estabelecimento comercial está regulamentado a partir do art. 1.142 do Código Civil (Brasil, 2002). Vejamos: Art. 1.142 do Código Civil: “Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para o exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária”. Nicolò (1971, p. 412) declarou que: Se a organização dos bens para a produção de produtos e serviços é o estabelecimento, e se o empresário é o que exerce uma atividade econômica organizada, não se pode assumir relevo aquela qualidade de empresário, considerada sob o perfil jurídico-formal, sem a contemporânea existência de uma entidade objetiva, ou seja, daquela organização de bens que a lei qualifica estabelecimento. Para Diniz (2009, p. 684-686), o empresário organiza um conjunto de bens para exercer uma atividade econômica, sendo esses bens organizados o próprio estabelecimento, ou seja, o estabelecimento é instrumento essencial da atividade empresarial, é a base física. Aclarando mais a definição, podemos dizer que estabelecimento é o complexo de bens de natureza variada, materiais ou corpóreos (por exemplo, mercadorias, máquinas, imóveis, veículos, equipamentos etc.) e de bens imateriais ou 48 Unidade II Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 incorpóreos (patentes, marcas, modelo de utilidades, invenções, ponto etc.) devidamente conjugados e dinamizados pelo empresário para que a atividade empresarial, que é a empresa, atinja sua finalidade. O art. 1.143 do Código Civil (Brasil, 2002) diz que “o estabelecimento pode ser objeto unitário de direitos e negócios jurídicos”, assim, tem-se que o estabelecimento comercial é um conjunto de bens, materiais e imateriais, organizado e idôneo para exercício da empresa, tendo este um valor patrimonial e, portanto, podendo ser negociado. Em suma, diz-se que esse complexo de bens consiste numa unidade patrimonial, ou seja, formam um novo bem, uma universalidade jurídica especial com valor patrimonial. Aliás, é mais interessante, economicamente, que o estabelecimento seja vendido na sua totalidade e não proceder à venda de bens isoladamente, visto que a totalidade dos bens tem valor bem superior. 5.1 Estabelecimento virtual Atualmente, vivemos na era da tecnologia virtual. Quem nunca comprou um objeto pela internet? Ou, pelo menos, quem nunca entrou num site de compras e serviços oferecido na rede? Pois pensando nisso é que Diniz (2009) preocupou-se em definir também esse novo instituto que faz parte de nossa realidade. Assim, tem-se que o estabelecimento virtual tem um endereço eletrônico e é identificado pelo seu nome de domínio, cujo registro compete ao Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR-NIC.br. (Resolução nº 1 (Brasil, 2005) do Comitê Gestor da Internet do Brasil – CGI-br). O nome de domínio (por exemplo, www.yahoo.com.br) o identificará na rede de computadores e proporcionará a conexão 49 DIREITO EMPRESARIAL Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 entre o emitente e o destinatário de informações via internet. Ainda se pode acrescentar que o nome de domínio é o endereço que possibilita a localização de um computador ou de um serviço colocado à disposição na internet. A Resolução nº 2 do CGI-br (Brasil, 2005) consagra o princípio do first to file, pelo qual o direito ao nome de domínio será dado àquele que o requerer em primeiro lugar ao órgão competente, desde que preenchidos os dados normativos exigidos em lei. Diniz (2009, p. 691) divide os estabelecimentos virtuais em duas espécies: • Originário: se sua criação estiver desvinculada de qualquer atividade econômica organizada anterior. • Derivado: se for expressão digital de um estabelecimento comercial físico preexistente de um empresário, ou seja, já existia o estabelecimento físico e agora passa a utilizar também o instrumento da internet para implementar seu negócio. Vejamos exemplos de dois sites de serviços oferecidos na internet: • http://www.submarino.com.br/ – trata-se de um estabelecimento virtual originário. • http://www.casasbahia.com.br/ – trata-se de um estabelecimento virtual derivado, uma vez que existe o estabelecimento físico. Note que, no caso de estabelecimento virtual originário, não são partes integrantes: o ponto empresarial, visto que não necessita de um prédio para oferecer seus produtos e serviços; máquinas, mercadorias, utensílios, pois ficarão em outro local, ou seja, num depósito, por exemplo. 50 Unidade II Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 No caso do estabelecimento virtual derivado, o local onde o empresário supervisiona as operações do site é o estabelecimento físico, pois este existe independente da página de serviços aberta na internet. 5.2 Características do estabelecimento virtual (estabelecimento empresarial digital) De acordo com Ridolfo (2005): 1) Interatividade. É a capacidade de produzir informação qualitativa baseada na coleta em tempo real das manifestações relacionadas aos atos de consulta, visita ou compra efetiva de bens ou serviços ofertados no estabelecimento empresarial digital. 2) Dinamicidade. Mais que uma característica, uma necessidade que obriga o Estabelecimento Empresarial Digital a ofertar, conjuntamente com seus bens e serviços, informações genéricas e/ou específicas, atualizadas no menor lapso de tempo admissível, e que comporão todo o arcabouço informativo comercial, técnico, financeiro e mercadológico que suportará e/ou norteará a conduta do consumidor. 3) Customização. É a possibilidade, derivada da análise das manifestações dos canais interativos de adequarem-se bens e serviços ofertados no estabelecimento empresarial digital às reais necessidades da demanda, ajustando-os em tempo real. 4) Navegabilidade. Característica tecnológica interna do estabelecimento empresarial digital que deve permitir uma condição favorável de 51 DIREITO EMPRESARIAL Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 identificação e intelecção de produtos, serviços e informações próprias do estabelecimento visitado. 5) Acessibilidade. É a característica do estabelecimento empresarial digital por meio do qual se tornou possível induzir ou identificar necessidades correlatas ou adjacentes aos bens e/ou serviços originalmente ofertados no estabelecimento digital, remetendo o interessado direta e simultaneamente ao outro estabelecimento digital indicado. Um exemplo dessa característica pode ser visto no http:// compare.buscape.com.br, site eletrônico que faz o trabalho de pesquisar os produtos elegidos e indicar lojas com preços mais atraentes. 6) Conectividade. Característica por meio da qual um estabelecimento empresarial digital pode ser acessado por diferentes meios tecnológicos (Ridolfo, 2005). Exemplos: computadores, telefones, notebooks etc. 7) Escalabilidade. Característica da infraestrutura tecnológica que sustenta e mantém um estabelecimento empresarial digital por meio da qual lhe deve ser conferida a capacidade de ser visitado ou consultado por um número não necessariamente planejado e crescente de visitantes (Ridolfo, 2005). De fato, hoje a internet tem cada vez mais atingido grandes seguidores. Digamos que é a grande tendência mundial com relação ao comércio. O que será que vem depois? 52 Unidade II Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 Resumindo • Estabelecimento é elemento essencial da empresa, pois o empresário, para exercê-la, deverá organizar um conjunto de bens. • É o complexo de bens da natureza variada, reunidos e organizados pelo empresárioou sociedade para serem úteis ao desenvolvimento da exploração de sua atividade econômica. • Físicos. • Vírtuais. Importância Conceito Tipos de estabelecimentos Consiste num endereço eletrônico - nome de domínio, perante o qual os internautas podem comprar os produtos e serviços oferecidos. Pode ser originário, quando desvinculado de outro já pre- existente ou ser derivado quando está conectado com outro estabelecimento físico. Estabelecimento virtual: navegabilidade conectividade escalabilidade acessibilidade customização Características do estabelecimento virtual: interatividade e dinamicidade; 53 DIREITO EMPRESARIAL Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 5.3 Elementos do estabelecimento empresarial Como denota Diniz (2009), o estabelecimento, por ser um complexo organizado de bens necessários à empresa, constituindo seu ativo permanente e sendo o fato gerador de lucro ou de sua expectativa, possui elementos integrantes: Corpóreos: têm existência material - móveis e imóveis (estoque de produtos, terrenos, máquinas etc). Incorpóreos: têm existência imaterial, ex.: patentes, marcas, nome empresarial. Estabelecimento formado por bens corpóreos e incorpóreos: Falaremos especialmente sobre um dos importantes elementos imateriais que caracterizam a empresa, ou seja, o nome empresarial ou comercial, como também é conhecido. 5.4 Nome empresarial O nome empresarial é o elemento incorpóreo do estabelecimento, que identifica o empresário no exercício da atividade econômica e tem proteção legal exaustiva pela importância que desempenha na reputação do empresário junto aos fornecedores, financiadores e, principalmente, consumidores. A Constituição Federal (Brasil, 1988) em seu art. 5o, inciso XXIX, determina que “a lei assegurará proteção (...) ao nome de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico do país”. 54 Unidade II Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 Perceba que o legislador constituinte tratou desse instituto como direito fundamental do homem e, por que não dizer, da sociedade. As leis nº 8.934 (Brasil, 1994) e nº 9.276 (Brasil, 1996) vêm regulamentar o tema, discorrer sobre seu funcionamento e ainda temos um capítulo inteiro no Código Civil (Brasil, 2002) que estabelece diversas normas sobre o assunto, as quais iremos analisar cuidadosamente. 5.5 Definição do nome empresarial Nos moldes do art. 1.155 do Código Civil, nome empresarial “é a firma ou a denominação adotada em conformidade com este capítulo, para o exercício da empresa”. A Lei nº 8.934 (Brasil, 1994) determina que o registro do nome empresarial deve ocorrer mediante à junta comercial, na respectiva sede da empresa. O empresário, seja pessoa física ou pessoa jurídica, tem um nome empresarial, e é com este que irá se apresentar nas relações comerciais. Assim, tem-se que o nome empresarial é a designação com que o empresário efetua seu registro, exerce sua atividade econômica e assina seus documentos. Outros elementos identificadores que habitam o comércio e a empresa não se confundem com o nome empresarial, como a marca, o nome de domínio, entre outros. Vejamos: o nome empresarial identifica o sujeito que exerce a empresa; a marca identifica os produtos e serviços; o nome de domínio identifica a página na rede mundial de computadores etc. (Coelho, 2009, p. 72). 5.6 Princípios que regem o nome empresarial • Princípio da veracidade: impõe que a firma seja constituída sob o patronímico do empresário, ou se firma social, sob os dos sócios que compõem a sociedade. Por este se veda 55 DIREITO EMPRESARIAL Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 qualquer tipo de informação inverídica na composição do nome empresarial. Por exemplo: na formação da firma do empresário individual deverá constar o nome do empresário – “J. Cauduro Meias”. • Princípio da autenticidade: por este, a firma individual ou social deverá transparecer o nome do empresário e dos sócios integrantes da sociedade. Por exemplo: se um dos sócios morreu ou se retirou da sociedade e o nome dele constava na firma, deverá ser alterada a fim de retirar o nome do sócio do nome empresarial. Art. 1.165 do Código Civil (Brasil, 2002): “O nome do sócio que vier a falecer, for excluído ou se retirar, não pode ser conservado na firma social”. 5.7 Espécies de nomes empresariais • Firma. • Firma social. • Denominação. A firma, assim como a denominação, pode ser examinada sob dois aspectos: estrutural ou com relação à função de cada. Com relação à estrutura, a firma só pode ter por base nomes civis, do empresário individual ou dos sócios da sociedade empresarial. Já a denominação deve designar o objeto da sociedade e pode adotar por base nome civil ou qualquer outra expressão linguística – nome fantasia (Coelho, 2009). Firma: individual ou social • Deve conter os nomes civis do empresário ou dos sócios, no caso de sociedade empresária. 56 Unidade II Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 Denominação • Deve conter o objeto da empresa e pode conter nome fantasia ou o nome civil de sócio. Muitas vezes fica difícil de verificar pelo nome empresarial se se trata de firma ou de denominação, por isso examinaremos um segundo aspecto que deve ser levado em consideração: Com relação à função, “os nomes empresariais se diferenciam na medida em que a firma, além da identidade do empresário, é também a sua assinatura, ao passo que a denominação é exclusivamente elemento de identificação do exercente da atividade profissional” (Coelho, 2009). Por exemplo: • O empresário individual adota a firma, este deve assinar o respectivo instrumento não com seu nome civil, mas com seu nome empresarial. Se o nome civil deste é Ambrósio Souza Pestana, mas sua firma inscrita no Registro Público de Empresas Mercantis é Souza Pestana, Livros infantis, a assinatura apropriada para os instrumentos obrigacionais relacionados com seus negócios mercantis deve coincidir com a firma adotada, inclusive “Livros infantis”. • Já o representante legal que assine em nome de determinada sociedade que adotou denominação para seu nome empresarial, deve assinar seu nome civil nos instrumentos negociais, não podendo assinar a denominação da empresa. Como já mencionamos, então temos três tipos de nomes empresariais. Vamos analisar quando se aplica um ou outro. a) Firma: é usada pelo empresário individual, por aquele que comercia isoladamente. 57 DIREITO EMPRESARIAL Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 A firma deve ser composta pelo nome civil do empresário, podendo usá-lo de forma abreviada ou por extenso. Ainda, se desejar, poderá incluir o ramo de atividade a que se dedica. Exemplos: “Ambrósio Souza Pestana” ou “A. S. Pestana” ou “Souza Pestana” ou “S. Pestana, Livros infantis” etc. b) Firma social ou razão social: é utilizada pela pessoa jurídica, ou seja, pela sociedade empresarial, exceto a sociedade anônima. Segundo Requião (2010), ”as sociedades empresárias, constituídas em razão das qualidades de seus sócios (sociedade de pessoas), formam a sua razão social na base do patronímico dos sócios que forem responsáveis ilimitadamente pelas obrigações sociais”, de acordo com o art. 1.157, do Código Civil: “A sociedade em que houver sócios de responsabilidade ilimitada operará sob firma, na qual somente os nomes daqueles poderão figurar, bastando para formá-la aditar ao nome de um deles a expressão ’e companhia’ ou sua abreviatura”. Vejamos: • Nas sociedades em nome coletivo todos os sócios têm responsabilidade ilimitada, então aqui todos poderão constar no nome empresarial. A lei exige que se adote a firma social,que pode ter por base o nome civil de um, de alguns ou de todos os sócios. Os nomes podem ser usados por extenso ou abreviados. Se não constar o nome de todos os sócios, deverá constar a expressão “e companhia” ou “& Cia”. É possível agregar o ramo da atividade desenvolvida. Exemplos: “Ambrósio Silva, Bruno Pestana & Caio Souza”, “Ambrósio Silva & Cia”, etc. • Nas sociedades em comandita simples, somente os sócios comanditados poderão constar na firma, uma vez que 58 Unidade II Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 somente estes tem responsabilidade ilimitada perante as obrigações sociais. As demais regras são as mesmas do item anterior. • A sociedade limitada está autorizada por lei a optar pela firma ou denominação, o que preferir, uma vez que aqui todos os sócios respondem limitadamente às obrigações sociais assumidas. Se optar pela firma, poderá incluir o nome civil de um, alguns ou de todos os sócios, por extenso ou abreviadamente, valendo-se da expressão “e companhia”. Se optar pela denominação, deverá constar o objeto social e poderá incluir ou uma expressão fantasia ou nome civil de sócios. Falaremos no item a seguir, exemplificando. Adotando firma ou denominação é fundamental que conste no nome desse tipo de sociedade a expressão “Ltda.” Para deixar claro que a responsabilidade dos sócios é essencialmente limitada, em caso de omissão poderá gerar responsabilidade ilimitada para eles. Exemplos: “Ambrósio Souza & Cia Ltda.” Ou “A. Souza & Pestana, Livros infantis Ltda.” etc. • A sociedade anônima só pode adotar denominação de que deve constar a referência ao objeto social. Art. 1.160 do Código Civil (Brasil, 2002): “A sociedade anônima opera sob denominação designativa do objeto social, integrada pelas expressões ’sociedade anônima’ ou ’companhia’, por extenso ou abreviado”. Pelo artigo citado, tem-se que é obrigatório a inclusão das expressões “sociedade anônima ou companhia” juntamente com o objeto social. 59 DIREITO EMPRESARIAL Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 Também é possível incluir nomes civis de pessoas que fundaram ou contribuíram para o êxito da companhia. Exemplos: “S/A Aurora – Livros infantis” ou “Aurora Livros infantis Sociedade Anônima” ou “Indústria Diógenes de Almeida S.A.” etc. 5.8 Alteração do nome empresarial O nome empresarial poderá ser alterado de forma voluntária desde que haja vontade do empresário, quando individual, ou dos sócios quando haja sociedade empresarial. Porém, em certas situações específicas, a lei obriga a mudança do nome empresarial. Isso se deve em respeito ao princípio da veracidade e da autenticidade implícitos neste tópico. Então, passemos a analisar as situações que obrigam a sociedade empresarial a mudar seu nome: a) Na saída, retirada, exclusão ou morte de sócio cujo nome civil constava da firma social. Por quê? Enquanto não for alterado o nome empresarial, o sócio que saiu nessas condições, ou seu espólio, continua a responder pelas obrigações sociais nas mesmas condições em que respondia quando ainda integrava o quadro associativo (Arts. 1.158, § 1º, e 1.165 do Código Civil – Brasil, 2002). Art. 1.158, § 1o, do Código Civil (Brasil, 2002): “A firma será composta com o nome de um ou mais sócios, desde que pessoas físicas, de modo indicativo da relação social”. Art. 1.165 do Código Civil (Brasil, 2002): “O nome de sócio que vier a falecer, for excluído ou se retirar, não pode ser conservado na firma social”. b) Na alteração da categoria do sócio, quanto à sua responsabilidade pelas obrigações sociais, se o nome civil não integrava o nome empresarial. Por quê? É o 60 Unidade II Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 caso, por exemplo, do sócio comanditado, que tinha responsabilidade ilimitada e agora passa a ser sócio comanditário; se este não tirar seu nome civil do nome empresarial, continuará a responder pelas obrigações sociais de forma ilimitada. Art. 1.157, do Código Civil (Brasil, 2002): “A sociedade em que houver sócios com responsabilidade ilimitada opera sob firma, na qual somente os nomes daqueles poderão figurar, bastando para formá-la aditar ao nome de um deles a expressão ‘e companhia’ ou sua abreviatura”. c) Alienação do estabelecimento por ato entre vivos: nesse caso, o empresário ou sociedade empresarial não podem alienar o nome empresarial (art. 1.164 do Código Civil, Brasil, 2002). Porém, na hipótese de alienação do estabelecimento empresarial, por ato entre vivos, o adquirente pode usar o nome do alienante, precedido do seu, com a qualificação de sucessor de. Art. 1.164 do Código Civil (Brasil, 2002): O nome empresarial não pode ser objeto de alienação. Parágrafo Único: O adquirente de estabelecimento, por ato entre vivos, pode, se o contrato permitir, usar o nome do alienante, precedido de seu próprio, com a qualificação de sucessor. d) Em caso de transformação do tipo societário, ou seja, imagine que a sociedade era limitada e passa a ser sociedade anônima, assim, deverá mudar de firma para denominação. Se tal atitude não for tomada, perante terceiros a sociedade continuará sendo limitada. e) Finalmente, em caso de lesão a direito de outro empresário: é o caso de haver dois nomes empresariais similares. Dessa 61 DIREITO EMPRESARIAL Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 forma, o segundo registro deverá ser anulado, uma vez que pode gerar inúmeros prejuízos para o primeiro, em função de confusão de clientes, crédito etc. Resumindo Alteração do nome empresarial: • Deve conter o objeto da empresa e pode conter nome fantasia ou o nome civil de sócio. De forma obrigatória, conforme os casos abaixo enumerados Na saída, retirada, exclusão ou morte de sócio cujo nome civil constava na firma social. Alteração da categoria do sócio, quanto à sua responsabilidade pelas obrigações sociais, se o nome civil não integrava o nome empresarial. Alienação do estabelecimento por ato entre vivos. Em caso de transformação do tipo societário. Em caso de lesão a direito de outro empresário. 5.9 Exclusividade do uso do nome empresarial Segundo Requião (2010, p. 270), “o registro da firma ou denominação ocorre automaticamente com o arquivamento dos atos constitutivos da sociedade e suas alterações, conforme as 62 Unidade II Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 assinaturas constantes dos instrumentos, ficando dispensadas quaisquer outras formalidades”. É importante salientar que, uma vez arquivado, ao ato constitutivo da sociedade é garantido o direito de uso exclusivo do nome empresarial adotado. Não será permitido o uso de homônimo, uma vez que isso pode gerar sérios prejuízos a ambas sociedades. Se por um acaso ocorrer a identidade de nomes empresariais, o empresário que haja feito uso dele antes terá direito de obrigar o outro a acrescer ao seu nome distintivos suficientes, alterando-o totalmente, conforme arts. 35, V, da Lei de Registro de Empresa (Brasil, 1994) e 1.163 do Código Civil (Brasil, 2002) e 3o, § 2o da Lei das Sociedades Anônimas (Brasil, 1976). Para que haja proteção ao nome empresarial, faz-se necessário o respectivo registro na junta comercial onde esteja situada a matriz da sociedade. Há que se cuidar que a exclusividade seja garantida somente no território daquela unidade federativa, ou seja, se o nome foi registrado no Estado de São Paulo, somente neste será dado direito à exclusividade de seu uso. Se for interesse do empresário garantir seu uso de forma exclusiva em todo território nacional, será necessário que registre em todas as juntas comerciais das unidades federativas, nos moldes do art. 1.166 do Código Civil (Brasil, 2002). Art. 1.166 do Código Civil (Brasil,2002): “A inscrição do empresário, ou dos atos constitutivos das pessoas jurídicas, ou as respectivas averbações, no registro próprio, asseguram o uso exclusivo do nome nos limites do respectivo Estado”. Requião (2010) alega que para uma grande empresa, com uma cadeia de filiais ou de estabelecimentos, preservar e garantir o monopólio de seu nome, não basta tê-lo registrado na sua sede, mas estendê-lo a outras juntas comerciais, onde deseje operar. Enfim, para assegurá-lo em todo país, será necessário que 63 DIREITO EMPRESARIAL Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 efetue o arquivamento da certidão, em breve teor do relatório da empresa passado pela junta em que tenha sede principal, em todas as juntas brasileiras. Essa certidão deverá conter os seguintes dados: a) Nome empresarial. b) Endereço completo da sede. c) Atividade econômica da empresa e data de sua constituição. d) Número de identificação do seu registro – NIRE. e) Número de inscrição no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas – CNPJ. f) Nome ou nomes dos representantes legais da empresa. Com relação a prazo, ressalta-se que não existe um prazo de validade para o nome empresarial. Via de regra ele irá existir enquanto houver personalidade jurídica da empresa. No entanto, este pode perder a proteção e, consequentemente, a exclusividade, quando expirar o prazo de duração da sociedade e ela entrar em liquidação. E ainda poderá perder o direito ao uso do nome se a sociedade no período de 10 anos consecutivos não proceder a qualquer tipo de arquivamento no registro competente. Dessa forma, entender-se-á que está inativa e será proposto o seu cancelamento na junta comercial, conforme art. 1.168 do Código Civil (Brasil, 2002). Art. 1.168 do Código Civil (Brasil, 2002): “A inscrição do nome empresarial será cancelada, a requerimento de qualquer interessado, quando cessar a atividade para a qual foi adotado, ou quando ultimar-se a liquidação da sociedade que a inscreveu”. 64 Unidade II Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 5.10 O nome empresarial pode ser alienado? Literalmente, a resposta é depende. Depende se se trata de firma ou denominação. Passemos a analisar este tópico. Atualmente, o direito brasileiro considera o nome empresarial como elemento constitutivo da empresa comercial. O art. 7º, do Decreto nº 916 (Brasil, 1890), incluía o nome como elemento constitutivo do estabelecimento comercial, só sendo admitida sua cessão e transferência com o estabelecimento. Hoje a questão é saber se se trata de firma ou de denominação. Se a sociedade adotou firma ou firma social, a princípio não será possível sua alienação, porque o nome empresarial coincide com o nome civil do empresário ou dos sócios da sociedade, e dessa forma são direitos personalíssimos e, portanto, inalienáveis. O que se permite nesses casos, é que o adquirente da empresa use o nome empresarial acrescido da expressão “sucessor de”, conforme art. 1.164 do Código Civil (Brasil, 2002). Por exemplo: Pedro Silva & Cia., Sucessor de João Souza & Cia. Com relação às sociedades que adotaram denominação, nome este composto independente de nomes civis dos sócios que a integram, mas tomada de expressões de fantasia livremente escolhidas, a questão muda totalmente. Nesse caso, a denominação poderá sim ser alienada, por qualquer título, e inclusive independente da venda do estabelecimento. 5.11 Acessórios do nome empresarial a) Título de estabelecimento. b) Insígnia. 65 DIREITO EMPRESARIAL Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 c) Expressão ou sinal de propaganda. a) Título de estabelecimento É o nome, a designação pela qual o local da situação da empresa é conhecido popularmente. Por exemplo: UNIP, enquanto seu nome empresarial é Associação Unificada. É a designação dada ao local onde se exerce a atividade empresarial, utilizada em sua fachada, identificando-o. Diniz (2009) diz que o título de estabelecimento não necessita ser registrado, no entanto, mesmo assim goza de proteção indireta com relação ao uso exclusivo, de natureza penal conforme os arts. 195, V e 209 da Lei 9.279 (Brasil, 1996). Agora, é importante salientar que a forma mais segura de garantir o uso exclusivo do título de estabelecimento é registrá-lo como marca. É o que acontece na maioria das vezes na prática. b) Insígnia É o sinal externo ou representação gráfica do estabelecimento (logotipo, figura, emblema, desenho etc.), que individualiza e costuma-se utilizar em correspondências. Por exemplo, o jacarezinho da Lacoste, o palhaço do McDonald’s etc. c) Expressão ou sinal de propaganda É a legenda, anúncio, palavra, música que revela a qualidade dos produtos e serviços e servem como atrativos da clientela por fazê-la lembrar da marca e da empresa. Por exemplo: “Lojas Marabraz, melhor preço ninguém faz”; “Brastemp não tem comparação”; “Tomou Doril a dor sumiu”. 66 Unidade II Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 Atualmente não há regulamentação específica sobre esse tema, não podendo ser registrados, porém, a Lei 9.279 (Brasil, 1996) tipifica como crime do art. 191 o ato de reproduzir ou imitar, de modo que possa induzir em erro ou confusão. Os pedidos de registro de expressão ou sinal de propaganda em andamento no Inpi serão definitivamente arquivados e os que foram registrados vigorarão até que encerre o prazo previsto naquela lei hoje revogada. Resumindo Acessórios do nome empresarial: Expressão ou sinal de propaganda É a legenda, anúncio, palavra, música que revela a qualidade dos produtos e serviços e servem como atrativos da clientela por fazê-la lembrar da marca e da empresa. Insígnia É o sinal externo ou representação gráfica do estabelecimento que indiviadualiza e costuma-se utilizar em correspondência. Ex.: jacarezinho do Lacoste. Título do estabelecimento É o nome, a designação pela qual o local da situação da empresa é conhecido popularmente. Ex.: UNIP. 67 DIREITO EMPRESARIAL Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 EXERCÍCIOS 1. No que consiste o nome empresarial? 2. Quais são os tipos de nome empresarial aceitos no ordenamento jurídico brasileiro? 3. Quando estes tipos de nomes empresariais são usados, ou seja, para que tipo de empresários ou sociedades empresariais? 4. O que se deve fazer para assegurar o uso com exclusividade do nome empresarial? 5. Onde devem ser arquivados os atos constitutivos? 6. Qual a delimitação territorial para o uso do nome empresarial com exclusividade? 7. O registro do nome empresarial tem prazo de vigência? Resolução dos exercícios 1. É a firma ou a denominação adotada para o exercício da empresa. O nome identifica o sujeito da empresa. 2. Firma, firma social e denominação. 3. O termo ”firma” será usado para empresário individual; “firma social” para as sociedades empresariais, exceto para as sociedades anônimas; “denominação” será usado para as SAs. 4. O uso exclusivo do nome empresarial será concedido quando for realizado o arquivamento do ato constitutivo da sociedade no registro competente. 68 Unidade II Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 5. Registro de Empresas Mercantis e Atividades Afins, ou seja, na junta comercial mais próxima da sede da empresa. 6. A proteção com relação ao nome empresarial será garantida no território da unidade federativa onde estiver localizada a junta comercial que realizou o arquivamento do ato constitutivo. Se houver necessidade, cabe à empresa registrar em todas as juntas nacionais, assim, terá proteção em todo território brasileiro. 7. Não tem prazo de vigência o registro do nome empresarial. 6 DAS MARCAS A marcaé o sinal distintivo de determinado produto, mercadoria ou serviço. A Constituição Federal (Brasil, 1988), em seu art. 5o, XXIX, protege a propriedade de marcas tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do país. De acordo com o art. 129 da Lei nº 9.279 (Brasil, 1996), fica garantido em território nacional a propriedade da marca e o seu uso exclusivo àquele que obtiver o registro segundo disposições legais. 6.1 Função e natureza jurídica das marcas Segundo Requião (2010), a marca, no início, limitava-se a apontar a origem ou procedência do produto, abrangendo apenas a indústria. O fim imediato da garantia do direito à marca é resguardar o trabalho e a clientela do empresário. Não assegurava nenhum direito do consumidor, pois, para ele, constituía apenas uma indicação da legitimidade 69 DIREITO EMPRESARIAL Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 da origem do produto que adquirisse. Atualmente, todavia, o direito sobre a marca tem duplo aspecto: resguardar os direitos do produtor e do comerciante, e, ao mesmo passo, proteger os interesses do consumidor, tornando-se instituto ao mesmo tempo de interesse público e privado. O interesse do público é resguardado pelo Código do Consumidor − Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990 − e por outras leis, inclusive penais, que reprimem a fraude e falsificações fora do campo da concorrência desleal (Requião, 2010, p. 286). 6.2 Requisitos das marcas A Lei nº 9.279 (Brasil, 1996) apresenta os requisitos que deverão ser observados para se proceder ao registro de uma determinada marca. De acordo com o art. 122 da lei, “são suscetíveis de registro como marca os sinais distintivos visualmente perceptíveis, não compreendidos nas proibições legais”. Os sinais serão palavras, denominações, monogramas, emblemas, símbolos, figuras ou quaisquer outros que não estejam, de algum modo, vetados pelo art. 124 da lei citada. Os requisitos para registrar uma marca são: a) Originalidade. b) Novidade. c) Licitude. a) Originalidade É muito sutil a diferença entre originalidade e novidade, mas ela existe e vamos buscar esclarecer neste momento. 70 Unidade II Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 Originalidade significa que a marca deve ser intrinsecamente idônea e capaz de individuar os produtos de uma determinada empresa. Não podem, de forma alguma, “representar ou reproduzir denominações, nome, sinal genérico e indicação descritiva de uso comum” (Requião, 2010). Assim, ficam impedidas as reproduções de “brasões, armas, medalha, emblema, distintivos e monumentos, oficiais, públicos ou correlatos, nacionais, estrangeiros ou internacionais” (Requião, 2010). b) Novidade A marca, além de original, deve apresentar novidade, ou seja, deve ser formada de elementos inconfundíveis de outras já apropriadas. Não pode apresentar colidências com registro já existente. Entende-se que para atender o requisito da novidade, a marca deve ser diferente de qualquer outra já anteriormente criada e independe de classe, ou seja, ela deve ser distinta de qualquer outra já existente ou adotada por qualquer outro comerciante. Em suma, original é a coisa, a ideia inédita e a novidade pode não sê-lo, ensejando, porém, o registro, desde que não colida com outra já existente. c) Licitude O direito somente tutela as relações e os bens que não afetem a moral e os bons costumes. Por esse motivo, o art. 124, III, da Lei nº 9.279 (Brasil, 1996) proíbe o registro de marcas que contenham “expressão, figura, desenho ou qualquer outro sinal contrário à moral e aos bons costumes ou que ofenda a honra ou imagem de pessoas ou atente contra liberdade de consciência, crença, culto religioso ou ideia e sentimento dignos de respeito e veneração”. 71 DIREITO EMPRESARIAL Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 6.3 Espécies de marcas É no art. 123 da citada lei que aparecem as espécies de marcas que temos atualmente. Vejamos: “I – marca de produto ou serviço: aquela usada para distinguir produto ou serviço de outro idêntico, semelhante ou afim, de origem diversa” (Brasil, 1996). Exemplo: Wall Mart, Carrefour etc. II – marca de certificação: aquela usada para atestar a conformidade de um produto ou serviço com determinadas normas ou especificações técnicas, notadamente quanto à qualidade, natureza, material utilizado e metodologia empregada; e (Brasil, 1996) Exemplo: o Inmetro fiscaliza se os brinquedos seguem as normas exigidas de segurança. “III – marca coletiva: aquela usada para identificar produtos ou serviços provindos de membros de uma determinada entidade” (Brasil, 1996). Exemplo: a Cuca é Cooperativa dos Usineiros de Cana-de-açúcar. 6.4 Marcas não registráveis Conforme estabelece o art. 124 da Lei nº 9.279 (Brasil, 1996): Art. 124 Não são registráveis como marca: I – brasão, armas, medalha, bandeira, emblema, distintivo e monumento oficiais, públicos, nacionais, estrangeiros ou internacionais, bem como a respectiva designação, figura ou imitação; 72 Unidade II Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 II – letra, algarismo e data, isoladamente, salvo quando revestidos de suficiente forma distintiva; III – expressão, figura, desenho ou qualquer outro sinal contrário à moral e aos bons costumes ou que ofenda a honra ou imagem de pessoas ou atente contra liberdade de consciência, crença, culto religioso ou ideia e sentimento dignos de respeito e veneração; IV – designação ou sigla de entidade ou órgão público, quando não requerido o registro pela própria entidade ou órgão público; V – reprodução ou imitação de elemento característico ou diferenciador de título de estabelecimento ou nome de empresa de terceiros, suscetível de causar confusão ou associação com estes sinais distintivos; VI – sinal de caráter genérico, necessário, comum, vulgar ou simplesmente descritivo, quando tiver relação com o produto ou serviço a distinguir, ou aquele empregado comumente para designar uma característica do produto ou serviço, quanto à natureza, nacionalidade, peso, valor, qualidade e época de produção ou de prestação do serviço, salvo quando revestidos de suficiente forma distintiva; VII – sinal ou expressão empregada apenas como meio de propaganda; VIII – cores e suas denominações, salvo se dispostas ou combinadas de modo peculiar e distintivo; IX – indicação geográfica, sua imitação suscetível de causar confusão ou sinal que possa falsamente induzir indicação geográfica; X – sinal que induza a falsa indicação quanto à origem, procedência, natureza, qualidade ou utilidade do produto ou serviço a que a marca se destina; 73 DIREITO EMPRESARIAL Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 XI – reprodução ou imitação de cunho oficial, regularmente adotada para garantia de padrão de qualquer gênero ou natureza; XII – reprodução ou imitação de sinal que tenha sido registrado como marca coletiva ou de certificação por terceiro, observado o disposto no art. 154; XIII – nome, prêmio ou símbolo de evento esportivo, artístico, cultural, social, político, econômico ou técnico, oficial ou oficialmente reconhecido, bem como a imitação suscetível de criar confusão, salvo quando autorizados pela autoridade competente ou entidade promotora do evento; XIV – reprodução ou imitação de título, apólice, moeda e cédula da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios, dos Municípios, ou de país; XV – nome civil ou sua assinatura, nome de família ou patronímico e imagem de terceiros, salvo com consentimento do titular, herdeiros ou sucessores; XVI – pseudônimo ou apelido notoriamente conhecidos, nome artístico singular ou coletivo, salvo com consentimento do titular, herdeirosou sucessores; XVII – obra literária, artística ou científica, assim como os títulos que estejam protegidos pelo direito autoral e sejam suscetíveis de causar confusão ou associação, salvo com consentimento do autor ou titular; XVIII – termo técnico usado na indústria, na ciência e na arte, que tenha relação com o produto ou serviço a distinguir; XIX – reprodução ou imitação, no todo ou em parte, ainda que com acréscimo, de marca alheia registrada, para distinguir ou certificar produto ou serviço idêntico, semelhante ou afim, suscetível de causar confusão ou associação com marca alheia; 74 Unidade II Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 XX – dualidade de marcas de um só titular para o mesmo produto ou serviço, salvo quando, no caso de marcas de mesma natureza, se revestirem de suficiente forma distintiva; XXI – a forma necessária, comum ou vulgar do produto ou de acondicionamento, ou, ainda, aquela que não possa ser dissociada de efeito técnico; XXII – objeto que estiver protegido por registro de desenho industrial de terceiro; e XXIII – sinal que imite ou reproduza, no todo ou em parte, marca que o requerente evidentemente não poderia desconhecer em razão de sua atividade, cujo titular seja sediado ou domiciliado em território nacional ou em país com o qual o Brasil mantenha acordo ou que assegure reciprocidade de tratamento, se a marca se destinar a distinguir produto ou serviço idêntico, semelhante ou afim, suscetível de causar confusão ou associação com aquela marca alheia. Requião (2010) ainda acrescenta nas vedações com relação ao registro de marcas, as marcas coletivas ou de certificação que já tenham sido usadas no Brasil e cujos registros tenham sido extintos. 6.5 Modalidades de uso das marcas Segundo o art. 131 da Lei nº 9.279 (Brasil, 1996), a proteção às marcas abrange seu uso em papéis, impressos e documentos relativos à atividade de seu titular, sobretudo em relação às marcas de serviços. Quanto às marcas de produtos, podem ser usadas de modo aderente, pregadas sobre os produtos ou mercadorias, em seus recipientes ou invólucros, bem como figurar em etiquetas ou rótulos (Requião, 2010). 75 DIREITO EMPRESARIAL Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 “Art. 131 A proteção de que trata esta Lei abrange o uso da marca em papéis, impressos, propaganda e documentos relativos à atividade do titular” (Brasil, 1996). 6.6 Tipos de marcas Segundo Requião (2010), as marcas podem ser: a) Verbais ou nominativas: adotam palavras ou expressões e “podem ser de fantasia, arbitrariamente formuladas, ou constar de denominações necessárias, como firma ou denominação empresarial, ou vulgares, ou nome de pessoa, do titular ou de terceiro mediante autorização expressa”. Exemplos: • Fantasia: OMO, Assolan, Confort, Kibon. • Arbitrariamente formuladas: Apple para computadores. b) Marcas emblemáticas ou figurativas: estas admitem figuras ou emblemas que podem “versar sobre desenhos, concretos ou abstratos, imagens, letras ou linhas, desde que se revistam de suficiente forma distintiva” (Requião, 2010). • Desenhos: a árvore da Editora Abril. • Letras e linhas: a marca Diesel de jeans. c) Marcas mistas: formada por palavras e desenhos. • Exemplo: Sadia com o peru. Quem pode requerer o registro da marca? É o art. 128 da Lei nº 9.279 (Brasil, 1996) que disciplina o tema. Vejamos: 76 Unidade II Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 Art. 128 Podem requerer registro de marca as pessoas físicas ou jurídicas de direito público ou de direito privado. § 1º As pessoas de direito privado só podem requerer registro de marca relativo à atividade que exerçam efetiva e licitamente, de modo direto ou através de empresas que controlem direta ou indiretamente, declarando, no próprio requerimento, esta condição, sob as penas da lei. § 2º O registro de marca coletiva só poderá ser requerido por pessoa jurídica representativa de coletividade, a qual poderá exercer atividade distinta da de seus membros (entidade de classe, cooperativa). § 3º O registro da marca de certificação só poderá ser requerido por pessoa sem interesse comercial ou industrial direto no produto ou serviço atestado. § 4º A reivindicação de prioridade não isenta o pedido da aplicação dos dispositivos constantes deste Título (Brasil, 1996). 6.7 Direitos inerentes ao titular das marcas Ainda na Lei nº 9.279 (Brasil, 1996) temos: “Art. 130 Ao titular da marca ou ao depositante é ainda assegurado o direito de: I – ceder seu registro ou pedido de registro;” Essa “cessão deverá compreender todos os registros ou pedidos, em nome do cedente, de marcas iguais ou semelhantes, relativas a produto ou serviço idêntico, semelhante ou afim, sob pena de cancelamento dos registros ou arquivamento dos pedidos não cedidos”, conforme dita o art. 135 da lei. O Inpi fará a anotação “da cessão, fazendo constar a qualificação completa 77 DIREITO EMPRESARIAL Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 do cessionário”, segundo art. 136, I, da Lei nº 9.279 (Brasil, 1996). Essa anotação produzirá efeito em relação a terceiro a partir da data de sua publicação, conforme art. 137 da lei acima citada. “II – licenciar seu uso;” (Brasil, 1996) Sem que para isso haja prejuízo de seu direito de controlar direta e efetivamente as especificações, natureza e qualidade dos produtos e serviços. Esse contrato de licença, para produzir efeitos erga omnes, deverá ser averbado no Inpi, conforme arts. 139 e 140 da lei. “III – zelar pela sua integridade material ou reputação.” (Brasil, 1996) O art. 132 da Lei nº 9.279 (Brasil, 1996) determina algumas proibições que se aplicam ao titular da marca. Vejamos: “I – impedir que comerciantes ou distribuidores utilizem sinais distintivos que lhes são próprios, juntamente com a marca do produto, na sua promoção e comercialização;” (Brasil, 1996) Por exemplo, o supermercado Pão de Açúcar faz comerciais próprios, expondo logicamente produtos de determinadas marcas. II – impedir que fabricantes de acessórios utilizem a marca para indicar a destinação do produto, desde que obedecidas as práticas leais de concorrência; III – impedir a livre circulação de produto colocado no mercado interno, por si ou por outrem com seu consentimento, ressalvado o disposto nos §§ 3º e 4º do art. 68; e IV – impedir a citação da marca em discurso, obra científica ou literária ou qualquer outra publicação, desde que sem conotação comercial e sem prejuízo para seu caráter distintivo (Brasil, 1996). 78 Unidade II Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 Por exemplo: neste livro-texto, por inúmeras vezes, citamos marcas de produtos e serviços, porém sem qualquer intuito comercial, apenas para aclarar certos conceitos. Isso também é permitido e não há nada que o titular da marca possa fazer para impedir tal conduta. 6.8 Processo de registro das marcas O registro de marcas é pleiteado perante a Diretoria de Marcas do Instituto Nacional de Propriedade Industrial – Inpi, por meio de requerimento dirigido ao presidente do instituto. Não será permitida a acumulação de pedidos de registro de diversos sinais distintivos em um só requerimento. O requerimento deverá ser instruído com um exemplar descritivo da marca (etiquetas) e comprovante de pagamento da contribuição relativa ao depósito. O requerimento e a documentação que o acompanhar serão lavrados em língua portuguesa e, havendo documento estrangeiro, sua tradução simples deverá ser apresentada no ato de depósito, admitindo-se que o seja até sessenta dias subsequentes, sob pena de ser desconsiderado, conforme art. 155, parágrafo único, da Lei nº 9.279 (Brasil, 1996). Art. 155. O pedido deverá referir-se a um únicosinal distintivo e, nas condições estabelecidas pelo Inpi, conterá: I – requerimento; II – etiquetas, quando for o caso; e III – comprovante do pagamento da retribuição relativa ao depósito. Parágrafo único. O requerimento e qualquer documento que o acompanhe deverão ser 79 DIREITO EMPRESARIAL Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 apresentados em língua portuguesa e, quando houver documento em língua estrangeira, sua tradução simples deverá ser apresentada no ato do depósito ou dentro dos 60 (sessenta) dias subsequentes, sob pena de não ser considerado o documento. Apresentado o requerimento, sofrerá exame formal preliminar, e estando devidamente instruído, será protocolado, sendo que a data de apresentação será tomada como a data de depósito, conforme art. 156 da citada lei. Após, o pedido será submetido a exame, que se inicia com a sua publicação para apresentação de oposição, no prazo de sessenta dias, art. 158, da lei. O depositante terá o mesmo prazo para se manifestar se caso haja oposição. Eventual oposição deverá ter por base: • Colidência, total ou parcial, com o sinal que o depositante não poderia desconhecer em razão de sua atividade. • Colidência com marca notória. Durante o exame poderão ser feitas exigências, com prazo de sessenta dias para cumprimento. Se não forem atendidas, arquiva-se o pedido. O exame se encerrará com decisão fundamentada que defira ou não o pedido de registro, a decisão poderá ser submetida a recurso dirigido ao presidente do Inpi, também no prazo de sessenta dias. A decisão adotada no recurso é irrecorrível, pelo menos por via administrativa. Deferido o pedido de registro, será expedido certificado de registro, que comprova, a existência da marca registrada, 80 Unidade II Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 assegurando o exercício dos direitos que lhe são próprios ao titular. O certificado de registro é documento formal e o seu conteúdo vem traçado pelo art. 164 da Lei nº 9.279 (Brasil, 1996): “Art. 164 Do certificado deverão constar a marca, o número e data do registro, nome, nacionalidade e domicílio do titular, os produtos ou serviços, as características do registro e a prioridade estrangeira.” 6.9 Prazo de vigência do registro No direito brasileiro, a propriedade de marcas sobre produtos e serviços é temporária. O art. 133 da Lei nº 9.279 (Brasil, 1996) estabelece que o registro de determinada marca vigorará por dez anos, contados da data de concessão do registro, podendo ser prorrogado por períodos de igual tempo, sucessivamente. O pedido de prorrogação poderá ser feito no último ano de vigência do registro, provando-se o pagamento da contribuição relativa a novo período. Se o interessado perder o prazo, admite-se que requeira nos seis meses seguintes ao final do prazo de vigência de uso da marca, desde que pague uma contribuição adicional, devida juntamente com a retribuição normal. 6.10 Perda dos direitos inerentes ao uso das marcas Segundo o artigo 142 da Lei nº 9.279 (Brasil, 1996): Art. 142 O registro da marca extingue-se: I – pela expiração do prazo de vigência; 81 DIREITO EMPRESARIAL Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 II – pela renúncia, que poderá ser total ou parcial em relação aos produtos ou serviços assinalados pela marca; III – pela caducidade; ou IV – pela inobservância do disposto no art. 217. Portanto, o registro pode extinguir-se: a) Pela expiração do prazo de vigência: segundo o art. 133 da citada lei, o prazo de validade do registro é de dez anos, podendo ser prorrogado. Se não for conforme determina a lei, extinguir-se-ão os direitos mencionados. b) Pela renúncia pura e simples pelos interessados com relação à marca. c) Pela caducidade, segundo o art. 143 da citada lei, requerida por qualquer pessoa com legítimo interesse, se o uso da marca no Brasil não tiver iniciado dentro de cinco anos de sua concessão ou tiver sido interrompido por mais de cinco anos consecutivos, ou, se no mesmo prazo, a marca tiver sido usada com modificações que alterem seu caráter distintivo original, tal como constante no registro. Segundo o § 1º do artigo citado, não haverá caducidade se o titular justificar o desuso por razões legítimas. d) Pela ausência de representante no Brasil, se seu titular tiver domicílio em outro país. Por fim, vale lembrar a importância da marca, afinal, além de resguardar o direito de seu titular, tutela os interesses do consumidor e seu uso em desacordo com a lei traz consequências civis e até penais. 82 Unidade II Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 Resumindo c) Lícita: não proibida por lei. A marca para ser registrada precisa preencher três requisitos essenciais: a) Originalidade significa que a marca deve ser capaz de individualizar os produtos de uma determinada empresa. b) Novidade: ela deve ser distinta de qualquer outra já existente ou adotada por qualquer outro comerciante. Marca é o sinal distintivo de determinado produto, mercadoria ou serviço. EXERCÍCIOS 1. O que é marca? 2. Qual a finalidade de se proteger o direito de uso de uma marca? 3. Quais são os requisitos para registrar uma marca? 4. Quais são as espécies de marca no direito pátrio? 5. Quais são os tipos de marca? 6. Onde será requerido o registro de uma marca? 7. Qual o prazo de vigência de registro da marca? 83 DIREITO EMPRESARIAL Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 Resolução dos exercícios 1. É o sinal distintivo de determinado produto, mercadoria ou serviço. 2. A finalidade é dupla, ou seja, de um lado, protege o detentor da marca e, por outro, protege os direitos da clientela. 3. Originalidade, novidade e licitude. 4. São espécies de marcas: • Marca de produto ou serviço: aquela usada para distinguir produto ou serviço de outro idêntico, semelhante ou afim, de origem diversa. • Marca de certificação: aquela usada para atestar a conformidade de um produto ou serviço com determinadas normas ou especificações técnicas, notadamente quanto à qualidade, natureza, material utilizado e metodologia empregada. • Marca coletiva: aquela usada para identificar produtos ou serviços provindos de membros de uma determinada entidade. 5. São tipos de marcas: • Marcas verbais ou nominativas: estas adotam palavras ou expressões. Elas podem ser de fantasia, arbitrariamente formuladas, ou constar de denominações necessárias, como firma ou denominação empresarial; ou vulgares, ou nome de pessoa, do titular ou de terceiro mediante autorização expressa. • Marcas emblemáticas ou figurativas: estas admitem figuras ou emblemas – estes podem versar sobre desenhos, concretos ou abstratos, imagens, letras ou linhas, desde que se revistam de suficiente forma distintiva. 84 Unidade II Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 • Desenhos: a árvore da Editora Abril. • Letras e linhas: a marca Diesel de jeans. • Marcas mistas: formada por palavras e desenhos. 6. O registro da marca será requerido junto ao Inpi, solicitação encaminhada ao presidente do instituto. 7. O prazo de vigência do registro da marca é de 10 anos, podendo ser prorrogado por períodos iguais e sucessivos. 7 PROPRIEDADE INDUSTRIAL Com o passar do tempo, criou-se uma nova modalidade de direitos, vinculada diretamente à empresa: os direitos sobre bens intelectuais. Justamente por possuírem natureza imaterial esses direitos foram chamados de incorpóreos. Começou-se pelas marcas, já estudadas, e acabou pelo reconhecimento das invenções. Atualmente, os bens incorpóreos, como a invenção, o modelo de utilidade, o desenho industrial e as marcas, fazem parte dos direitos de propriedade industrial esão regulamentados pela Lei nº 9.279 (Brasil, 1996). 7.1 História O direito ao privilégio de invenção não é antigo, tendo sido reconhecido pela primeira vez nas corporações de comércio da Idade Média. A patente, que é o diploma oficial que assegura o monopólio da exploração do invento, passou a ser deferida pelo príncipe. A primeira patente que se tem conhecimento “parece ter sido deferida em 1331, por Eduardo III da Inglaterra, sendo encontrada outra” somente em 1561, que foi o reconhecimento do salitre para fabricação (Requião, 2010). 85 DIREITO EMPRESARIAL Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 Bastante tempo depois, em 1787, os Estados Unidos asseguraram, em sua Constituição, o direito dos inventores como estímulo ao desenvolvimento industrial. No Brasil, temos os direitos de exclusividade do inventor reconhecidos pela primeira vez na Constituição do Império no século XIX. Atualmente, o direito de propriedade industrial está consagrado em nossa Constituição Federal (Brasil, 1988), como direito fundamental de todos os seres humanos. Art. 5o, XXIX, da Constituição Federal (Brasil, 1988): “a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do país”. Finalmente, temos a Lei nº 9.279 (Brasil, 1996) que trata com detalhes sobre os direitos de propriedade industrial. Quatro são os bens imateriais protegidos pelo direito industrial: a) A patente de invenção. b) A patente de modelo de utilidade. c) O registro de desenho industrial. d) O registro de marca. Uma autarquia federal, o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi), concede os direitos industriais, portanto, estes são concedidos pelo Estado. Nasce, assim, o direito à exploração exclusiva do objeto da patente ou do registro a partir do ato concessivo correspondente. 86 Unidade II Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 Resumindo Desenho industrial Marca InvençãoModelo de utlidade Direitos de Propriedade Industriais: bens imateriais sobre bens intelectuais, são eles: 7.2 Patentes É o título oficial, formal que concede o direito de propriedade exclusiva com relação às invenções e os modelos de utilidade. O art. 6o, § 2º, da Lei nº 9.279 (Brasil, 1996) diz que: “A patente poderá ser requerida em nome próprio, pelos herdeiros ou sucessores do autor, pelo cessionário ou por aquele a quem a lei ou o contrato de trabalho ou de prestação de serviços determinar que pertença a titularidade”. Esse artigo ainda menciona, no § 3o da lei citada, que “quando se tratar de invenção ou de modelo de utilidade realizado por duas ou mais pessoas, a patente poderá ser requerida por todas ou qualquer delas, mediante nomeação ou qualificação dos demais, para ressalva dos respectivos direitos”. 87 DIREITO EMPRESARIAL Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 Também podem ser patenteados a invenção e o modelo de utilidade. Passemos, agora, a analisar cada um desses institutos: a) Invenção De acordo com Ferreira (1962), invenção “é mais a ação ou processo de inventar do que o invento. Este é o resultado feliz daquele”. A invenção, de modo geral, consiste na criação de uma coisa até então inexistente; a invenção apresenta-se como uma solução de um problema técnico, que visa à satisfação de fins determinados, de necessidades de ordem prática, conforme ensinamentos de Requião (2010, p. 343). Coelho (2009, p. 85) define invenção como “ato original do gênio humano”. Ou seja, toda vez que alguém projeta algo que desconhecia, estará produzindo uma invenção. Da invenção se origina o direito do inventor, que se funda no direito natural. O inventor é sujeito do direito sobre a invenção, de que é resultante o direito de obter a patente, isto é, do reconhecimento do Estado ao privilégio de uso exclusivo. Por exemplo: a invenção da roda que move os veículos. Imagine se ela fosse quadrada? b) Modelo de utilidade É toda disposição ou forma nova obtida ou introduzida em objetos conhecidos, desde que se prestem a um trabalho ou uso prático. A disposição ou forma nova refere-se a ferramentas, instrumentos de trabalho ou utensílios que nele são empregados para aumentar ou desenvolver a sua eficiência ou utilidade (Requião, 2010). 88 Unidade II Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 Os modelos de utilidade se destinam simplesmente a melhorar o uso ou utilidade do objeto, e dotá-lo de maior eficiência ou comodidade em seu emprego ou utilização, por meio de nova configuração que lhe é dada, da disposição ou combinação diferente de suas partes, de novo mecanismo ou dispositivos, em uma palavra: mediante modificação vantajosa introduzida nos objetos comuns (Gama Cerqueira apud Requião, 2010). Por exemplo: a caixinha tetra pak acabou melhorando muito a sua finalidade e podemos dizer até que praticamente substituiu o saquinho no qual era embalado o leite a bem pouco tempo atrás. Coelho (2009, p. 85) diz que modelo de utilidade “é o objeto de uso prático suscetível de aplicação industrial, com novo formato de que resulta melhores condições de uso ou fabricação”. 7.3 Requisitos para a concessão da patente Para ser concedida a patente, que é título da concessão do privilégio de invenção ou modelo de utilidade, é necessário que seja: a) Original. b) Nova. c) Suscetível de utilidade industrial. d) Lícita. Passemos a analisar esses elementos: “Art. 8º É patenteável a invenção que atenda aos requisitos de novidade, atividade inventiva e aplicação industrial” (Brasil, 1996). 89 DIREITO EMPRESARIAL Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 a) Originalidade: é o elemento criador que distingue a invenção, constituindo sua essência, o seu elemento íntimo. A originalidade é o elemento criador que a invenção encerra. Concebe-se como uma criação que resulta da atividade inventiva do homem. Originalidade está, como já se mencionou, intimamente ligada à atividade inventiva, assim, será considerada original a invenção que despertar no espírito dos técnicos da área o sentido de um real progresso. b) Novidade: este é um conceito mais prático, pois decorre da Lei nº 9.279 (Brasil, 1996) e esta, por sua vez, exige que a invenção seja nova, no sentido de que não tenham precedentes, ou seja, quando não compreendidos no estado da técnica. Art. 11 A invenção e o modelo de utilidade são considerados novos quando não compreendidos no estado da técnica. § 1º O estado da técnica é constituído por tudo aquilo tornado acessível ao público antes da data de depósito do pedido de patente, por descrição escrita ou oral, por uso ou qualquer outro meio, no Brasil ou no exterior, ressalvado o disposto nos arts. 12, 16 e 17. Segundo Rizzardo (2004): “Estado da técnica” é, pois, tudo aquilo que compõe o acervo da civilização técnica, que oferece produtividade, conforto e bem-estar aos indivíduos. O que já compuser este acervo, no momento do depósito do pedido de patente, não constituiu invenção nova e nem, portanto, pode ser privilegiável. 90 Unidade II Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 De forma mais simples, poderíamos dizer que novidade encerra a qualidade da invenção ser desconhecida pela comunidade científica, técnica ou industrial. c) Industriabilidade ou aplicação industrial A invenção deve ser suscetível de exploração industrial. Deve ter utilidade, sendo passível de aproveitamento ou exploração industrial, ou melhor, utilizável na indústria. Segundo o art. 15 da Lei nº 9.279 (Brasil,1996), somente a invenção e o modelo de utilidade suscetíveis de aproveitamento industrial podem ser patenteados. Quem criar uma máquina que somente irá funcionar com um combustível inexistente não terá direito à patente por faltar a sua invenção o requisito da industriabilidade. Enfim, a industriabilidade é a qualidade da invenção de permitir uma aplicação industrial, isto é, de ser utilizada em um ramo qualquer da produção. d) Licitude A invenção, o modelo de utilidade e o desenho industrial devem estar de acordo com os bons costumes e em consonância com a moral comum. Por esse motivo a citada lei, em seu art. 18, enumera diversos pontos que não serão patenteáveis. Vejamos: Art. 18 Não são patenteáveis: I – o que for contrário à moral, aos bons costumes e à segurança, à ordem e à saúde públicas; II – as substâncias, matérias, misturas, elementos ou produtos de qualquer espécie, bem como a modificação de suas propriedades físico-químicas e os respectivos processos de obtenção ou modificação, 91 DIREITO EMPRESARIAL Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 quando resultantes de transformação do núcleo atômico; e III – o todo ou parte dos seres vivos, exceto os micro-organismos transgênicos que atendam aos três requisitos de patenteabilidade – novidade, atividade inventiva e aplicação industrial – previstos no art. 8º e que não sejam mera descoberta (Brasil, 1996). 7.4 Prazo de duração das patentes O prazo de duração das patentes é por tempo determinado. O prazo da patente de invenção é de 20 anos e o da patente do modelo de utilidade é de 15 anos, contados do depósito do pedido de patente. Agora, para garantir ao inventor um tempo razoável de aproveitamento de sua criação, o prazo de duração do direito industrial não poderá ser inferior a 10 anos, no caso de invenções e, de 7 anos, para os modelos de utilidade, contados esses prazos da data de expedição das patentes. As patentes não são prorrogáveis, findo esse tempo, as criações passam para o domínio público. Art. 40 A patente de invenção vigorará pelo prazo de 20 (vinte) anos e a de modelo de utilidade pelo prazo de 15 (quinze) anos contados da data de depósito. Parágrafo único. O prazo de vigência não será inferior a 10 (dez) anos para a patente de invenção e a 7 (sete) anos para a patente de modelo de utilidade, a contar da data de concessão, ressalvada a hipótese de o Inpi estar impedido de proceder ao exame de mérito do pedido, por pendência judicial comprovada ou por motivo de força maior (Brasil, 1996). 92 Unidade II Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 7.5 Condições legais para a concessão de patente De acordo com o art. 6o, § 1o, da Lei nº 9.279 (Brasil, 1996), “salvo prova em contrário, presume-se o requerente legitimado a obter a patente”. Significa dizer que a autoridade competente que expede a patente não investiga a qualidade do requerente inventor. Cabe ao verdadeiro inventor intervir no processo de concessão de patente, apresentando sua oposição, no prazo de 36 meses da publicação do depósito, demonstrando e provando sua autoria e a usurpação de que foi vítima. Se ninguém se opuser ao pedido de patente, a lei presume que o requerente seja seu verdadeiro inventor. 7.6 Procedimento para requerer a patente O pedido de patente deverá contar com os seguintes elementos, conforme art. 19 da Lei nº 9.279 (Brasil, 1996): Art. 19 O pedido de patente, nas condições estabelecidas pelo Inpi, conterá: I – requerimento; II – relatório descritivo; III – reivindicações; IV – desenhos, se for o caso; V – resumo; e VI – comprovante do pagamento da retribuição relativa ao depósito. Segundo o art. 20 da Lei nº 9.279 (Brasil, 1996), “apresentado o pedido, será ele submetido a exame formal preliminar e, se 93 DIREITO EMPRESARIAL Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 devidamente instruído, será protocolizado, considerada a data de depósito a da sua apresentação”. Se o pedido não atender as exigências formais, o depositante terá prazo de 30 dias para cumprir as exigências solicitadas, sob pena de arquivamento do pedido. Segundo o art. 22 da Lei nº 9.279 (Brasil, 1996), “o pedido de patente de invenção terá de se referir a uma única invenção ou a um grupo de invenções inter-relacionadas de maneira a compreenderem um único conceito inventivo”. Segundo o art. 23 da referida lei: O pedido de patente de modelo de utilidade terá de se referir a um único modelo principal, que poderá incluir uma pluralidade de elementos distintos, adicionais ou variantes construtivas ou configurativas, desde que mantida a unidade técnico-funcional e corporal do objeto (Brasil, 1996). O art. 24 da Lei nº 9.279 (Brasil, 1996) traz que ”o relatório deverá descrever clara e suficientemente o objeto, de modo a possibilitar sua realização por técnico no assunto e indicar, quando for o caso, a melhor forma de execução”. Já o art. 31 da mesma lei traz que “publicado o pedido de patente e até o final do exame, será facultada a apresentação, pelos interessados, de documentos e informações para subsidiarem o exame” (Brasil, 1996). 7.7 Exame técnico do pedido Segundo o art. 33 da Lei nº 9.279 (Brasil, 1996), “o exame do pedido de patente deverá ser requerido pelo depositante ou por qualquer interessado, no prazo de 36 (trinta e seis) meses contados da data do depósito, sob pena do arquivamento do pedido”. 94 Unidade II Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 Segundo o art. 34: Requerido o exame, deverão ser apresentados, no prazo de 60 (sessenta) dias, sempre que solicitado, sob pena de arquivamento do pedido: I – objeções; busca de anterioridades e resultados de exame para a concessão de pedido correspondente em outros países, quando houver reivindicação de prioridade; II – documentos necessários à regularização do pedido; III – tradução simples do documento em outro idioma (Brasil, 1996). Será elaborado um relatório de busca e parecer sobre o exame técnico realizado. Desse relatório abrir-se-á um prazo de 90 dias para o depositante se manifestar. Segundo o art. 37 da Lei nº 9.279 (Brasil, 1996), “concluído o exame, será proferida decisão, deferindo ou indeferindo o pedido de patente”. Uma vez concedida, serão aplicados direitos, vantagens, prerrogativas e limitações conforme os preceitos legais da referida lei. EXERCÍCIOS 1. No que consiste uma patente? 2. É possível se requerer patente de que coisas? 3. No que consiste uma invenção? 4. No que consiste um modelo de utilidade? 5. Quais são os requisitos para a concessão de patente? 6. Quais são os prazos de duração das patentes de invenção e de modelo de utilidade? 95 DIREITO EMPRESARIAL Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 Resolução dos exercícios 1. É o título formal que concede o direito de propriedade exclusiva acerca de uma invenção ou modelo de utilidade. 2. As patentes podem ser requeridas em face de uma invenção, ou de um modelo de utilidade. 3. A invenção, de modo geral, consiste na criação de uma coisa até então inexistente; a invenção apresenta-se como uma solução de um problema técnico, que visa à satisfação de fins determinados, de necessidades de ordem prática. 4. Modelo de utilidade é toda disposição ou forma nova obtida ou introduzida em objetos conhecidos, desde que se prestem a um trabalho ou uso prático. 5. Os requisitos para a concessão de uma patente são os seguintes: originalidade, novidade, suscetível de utilidade industrial e licitude. 6. Prazo: é o art. 40 que regulamenta o prazo das patentes. Vejamos: A patente de invenção vigorará pelo prazo de 20 (vinte) anos e a de modelo de utilidade pelo prazo de 15 (quinze) anos contados da data de depósito. Parágrafo único.O prazo de vigência não será inferior a 10 (dez) anos para a patente de invenção e a 7 (sete) anos para a patente de modelo de utilidade, a contar da data de concessão. 7.8 Registro industrial A marca e o desenho industrial são registráveis no Inpi para fins de concessão do direito de exploração exclusiva. 96 Unidade II Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 Em tópico anterior já discorremos sobre as peculiaridades das marcas. Neste momento, trataremos especificamente sobre o desenho industrial. 7.9 Desenho industrial ou design Segundo os arts. 94 e 95 da Lei nº 9.279 (Brasil, 1996): Art. 94 Ao autor será assegurado o direito de obter registro de desenho industrial que lhe confira a propriedade, nas condições estabelecidas nesta Lei. Art. 95 Considera-se desenho industrial a forma plástica ornamental de um objeto ou o conjunto ornamental de linhas e cores que possa ser aplicado a um produto, proporcionando resultado visual novo e original na sua configuração externa e que possa servir de tipo de fabricação industrial. Para Coelho (2009), o desenho industrial “diz respeito à forma dos objetos, e serve tanto para conferir-lhe um ornamento harmonioso como para distingui-los de outros do mesmo gênero”. Segundo Requião (2010), “o desenho industrial, particularmente, constitui uma combinação de linha, de cores, de forma dirigida a conseguir um novo aspecto exterior de um produto”. A importância desses desenhos é, principalmente, atender ao gosto diversificado dos consumidores, mais cores, mais linhas, mais formas, tudo para saciar o consumo desesperado da atualidade. 7.10 Titularidade dos desenhos industriais É o art. 94 da Lei nº 9.279 (Brasil, 1996) que define: o requerente é o autor do desenho, pelo menos até que se comprove o contrário. 97 DIREITO EMPRESARIAL Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 Segundo o art. 6º, § 3º, da mencionada lei, é possível que o registro seja requerido em nome próprio, pelos herdeiros ou sucessores, pelo cessionário do desenhista, “ou por aquele a quem a lei ou o contrato de trabalho ou de prestação de serviços determinar pertencer a titularidade” (Brasil, 1996). 7.11 Requisitos para registrar desenhos industriais a) Novidade: ou seja, não compreendido no estado da técnica. Segundo Coelho (2009), “a forma criada pelo desenhista deve, para merecer a proteção do direito industrial, propiciar um resultado visual inédito”. b) Originalidade: o desenho é original quando apresenta uma configuração própria, não encontrada em outros objetos (Coelho, 2009). c) Licitude: a lei impede o registro de alguns desenhos, são eles definidos no art. 100 da Lei nº 9.279 (Brasil, 1996): Art. 100 Não é registrável como desenho industrial: I – o que for contrário à moral e aos bons costumes ou que ofenda a honra ou imagem de pessoas, ou atente contra liberdade de consciência, crença, culto religioso ou ideia e sentimentos dignos de respeito e veneração; II – a forma necessária comum ou vulgar do objeto ou, ainda, aquela determinada essencialmente por considerações técnicas ou funcionais. Segundo o art. 108 da lei citada, o registro do desenho industrial tem prazo de validade, ou seja, 10 anos, contados da data de depósito, e pode ser prorrogável por até três períodos sucessivos de 5 anos cada, devendo ser recolhida a retribuição a cada 5 anos. 98 Unidade II Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 7.12 Do depósito do pedido Segundo os arts. 101 e 102 da Lei nº 9.279 (Brasil, 1996), o pedido de registro deverá conter: I – requerimento; II – relatório descritivo; III – reivindicações; IV – desenhos ou fotografias; V – campo de aplicação do objeto; VI – comprovante de pagamento da retribuição relativa ao depósito. Art. 102 Apresentado o pedido, será ele submetido a exame formal e, se devidamente instruído, será protocolizado, considerada esta data de depósito. Segundo o art. 104 da Lei nº 9.279 (Brasil, 1996), o pedido do depósito deve restringir-se “a um único objeto, permitida uma pluralidade de variações, desde que se destinem ao mesmo propósito e guardem entre si a mesma característica distintiva preponderante, limitado cada pedido a 20 variações no máximo”. Segundo o parágrafo único desse mesmo artigo, “o desenho deverá representar clara e suficientemente o objeto e suas variações, se houver, de modo a possibilitar sua reprodução por técnico” com conhecimento na matéria abordada pelo desenho (Brasil, 1996). O art. 106 da referida lei traz que depositado o pedido, ele será automaticamente publicado e concedido o registro, expedindo-se o respectivo certificado (Brasil, 1996). 99 DIREITO EMPRESARIAL Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 Segundo o art. 107 da Lei nº 9.279 (Brasil, 1996), no certificado deverão constar: • O número e o título. • Nome. • Nacionalidade. • Domicílio do titular. • Prazo e vigência. • Os desenhos. • E, quando houver, relatório descritivo e reivindicações. 7.13 Da proteção conferida pelo registro Do registro decorre o direito de seu titular impedir que terceiro faça uso do desenho, seja para desenvolver outros desenhos industriais, seja para produzir, a partir da concessão do registro, o modelo industrial que dele deriva, sem o consentimento do detentor dos direitos sobre o desenho registrado. 7.14 Extinção dos registros Segundo o art. 78 da Lei nº 9.279 (Brasil, 1996), a extinção dos registros ocorre nas seguintes situações: I – pela expiração do prazo de vigência; II – pela renúncia de seu titular, ressalvado o direito de terceiros; III – pela caducidade; IV – pela falta de pagamento da retribuição; V – pela ausência de procurador do titular residente no estrangeiro. 100 Unidade II Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 Segundo o art. 228 da referida lei, “para os serviços previstos nesta Lei será cobrada retribuição, cujo valor e processo de recolhimento serão estabelecidos por ato do titular do órgão da administração pública federal a que estiver vinculado o Inpi” (Brasil, 1996). EXERCÍCIOS 1. No que consiste o desenho industrial? 2. Quais são os requisitos para conseguir seu registro no Inpi? 3. Qual o prazo de vigência para o uso exclusivo dos desenhos? Resolução dos exercícios 1. Desenho industrial diz respeito à forma dos objetos, e serve tanto para conferir-lhe um ornamento harmonioso como para distingui-lo de outros do mesmo gênero. 2. Originalidade, novidade e licitude. 3. Prazo de 10 anos, podendo ser prorrogado por até três períodos sucessivos de 5 anos cada. 8 TÍTULOS DE CRÉDITO 8.1 Histórico Segundo Almeida (2009), o dinheiro é um instrumento de troca por excelência. Pode-se dizer que é a mercadoria por todos voluntariamente aceita para desempenhar as funções intermediárias nas aquisições de outras mercadorias e na obtenção de serviços indispensáveis, satisfazendo as necessidades humanas no convívio social. Por fim, é o meio normal de pagamento. 101 DIREITO EMPRESARIAL Re vi sã o: S ilv an a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 5/ 02 /2 01 1 A princípio, adotou-se como instrumento de troca os produtos de uso comum, como o gado e o sal. Passou-se pela fase metálica, chegando à fase financeira, quando surge então o papel-moeda (Almeida, 2009). Assim, passamos pela fase monetária, caracterizada pela moeda como instrumento de troca ou denominador comum de valores. E, finalmente, chegamos à fase da economia creditória, ampliando-se o conceito de troca, segundo Almeida (2009, p. 2). Com a criação dos títulos de crédito, o dinheiro em espécie é substituído. Os títulos de crédito desempenham uma extraordinária função econômica: proporcionando uma aplicação fácil ao capital particular, forçam
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