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direito ao silencio e moro

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Curso
	Direito 
	Disciplina
	Estágio Supervisionado II- Penal
	Professor
	Larissa Botelho
	Aluno(a)
	Felipe dos Santos Ramos
	Matrícula
	20141101084
Pesquisa sobre a possibilidade de Direito ao Silêncio do ex-ministro Sérgio Moro frente seu depoimento à Polícia Federal
Primeiramente cabe nos esclarecer algumas nomenclaturas utilizadas nessa pesquisa a fim de proporcionar o correto entendimento do caso em tela.
O Direito ao Silêncio, consagrado na expressão latina nemo tenetur se detegere, é uma garantia constitucional que protege qualquer pessoa contra a auto-incriminação , estando contante também na Convenção Americana de Direitos Humanos , também chamada de Pacto de San José da Costa Rica, de 1969. Sua origem emana da presunção de inocência.
É uma norma que foi acolhida no Brasil em 1992 e pode ser resumida como significa o direito de não participar, de qualquer modo, na acusação estatal contra si mesmo. É um direito individual, humano e fundamental, de observância obrigatória em todo processo penal.
O art.5º,LXIII, do Texto Constitucional impõe que o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado. E dele decorre o artigo 186 do CPP que diz, in verbis:” o acusado será informado pelo juiz, antes de iniciar o interrogatório, do seu direito de permanecer calado e de não responder perguntas que lhe forem formuladas”.
Esse direito se desdobra basicamente em três prerrogativas:
(a) o direito de permanecer em silêncio, 
(b) de não ser compelido a produzir elementos de incriminação contra si próprio nem constrangido a apresentar provas que lhe comprometam a defesa e 
(c) de se recusar a participar, ativa ou passivamente, de procedimentos probatórios que lhe possam afetar a esfera jurídica, tais como a reprodução simulada do evento delituoso e o fornecimento de padrões gráficos ou de padrões vocais, para efeito de perícia criminal.
Passadas essas primeiras informações, vamos aos fatos do objeto dessa pesquisa: Ao anunciar sua saída do governo, em 24 de abril de 2020, Sérgio Moro havia dito que o Presidente Jair Bolsonaro tentou interferir politicamente no trabalho da Polícia Federal e em inquéritos relacionados a familiares.
Frente disso, o Ministro Celso de Mello, do STF, autorizou abertura do inquérito para investigar essas denúncias do ex-ministro da Justiça contra o presidente, resultando num depoimento do alegador para a Polícia Federal.
Em tal depoimento prestado no inquérito policial para apurar as supostas infrações do Chefe de Estado o ex-ministro da Justiça poderia se valer da garantia constitucional e legal do Direito ao silêncio?
O Procurador-Geral da República, Augusto Aras, diante dos fatos narrados pelo sr.Moro solicitou ao Supremo Tribunal Federal a abertura de uma investigação para analisar o Presidente Jair por suposta tentativa de interferência política na Polícia Federal e por falsificar a assinatura de seu então Ministro da Justiça.
Em seguida, O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública prestou depoimento na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. Esse ato faz parte do inquérito policial , que é um procedimento policial administrativo, previsto no Código de Processo Penal Brasileiro nos arts. 4º ao art. 23 como fundamental procedimento investigativo da Polícia judiciária brasileira, precedendo a ação penal e sendo considerado como pré-processual.
Apesar de ser disciplinado em detalhes apenas entre os artigos 185 a 196 do CPP, que tratam do ato processual presidido pelo juiz, o interrogatório é também realizado pela autoridade policial no decorrer do inquérito instaurado para apurar a infração penal. No procedimento realizado pela polícia, no entanto, são aplicáveis as regras do interrogatório judicial(art. 6º, inciso V, do CPP), ou seja, o direito ao silêncio do interrogado que é extensível ao preso, suspeito, interrogado, indiciado ou acusado conforme comenta a doutrina penal nacional.
O que se compreende na fórmula do artigo 5.º, inciso LXIII, da Carta Magna, é que nenhum cidadão que figure no polo passivo de atividade estatal persecutória, da qual possa resultar em atos de incriminação penal ou outro gravame jurídico, pode ser obrigado a produzir prova contra si próprio, seja respondendo perguntas, seja praticando ou deixando de praticar qualquer ato.
Pelo exposto, concluo que o sr. Sérgio Moro, mesmo estando na condição de testemunha dos atos de supostos crimes praticados pelo Presidente da República, no âmbito de inquérito policial ou qualquer outro procedimento estatal tem o direito de não ser compelido a praticar ato do qual possa resultar em produção de prova que lhe incrimine, no caso em tela, podendo permanecer calado diante de perguntas que possam incriminá-lo.
Nessa linha de pensamento, mostro um julgado do Supremo Tribunal Federal:
…assiste, a qualquer pessoa, regularmente convocada para depor perante Comissão Parlamentar de Inquérito, o direito de se manter em silêncio, sem se expor – em virtude do exercício legítimo dessa faculdade – a qualquer restrição em sua esfera jurídica, desde que as suas respostas, às indagações que lhe venham a ser feitas, possam acarretar-lhe grave dano (‘Nemo tenetur se detegere’) (RTJ 180/1125, Rel. Min. Marco Aurélio).
Bibliografia utilizada
https://canalcienciascriminais.jusbrasil.com.br/artigos/255167571/o-direito-ao-silencio 
https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/148329/direito-ao-silencio-seu-significado-e-sua-dimensao-de-garantia 
https://canalcienciascriminais.com.br/apontamentos-direito-ao-silencio/ 
https://g1.globo.com/politica/noticia/2020/05/05/leia-a-integra-do-depoimento-de-sergio-moro-a-policia-federal.ghtml 
https://emporiododireito.com.br/leitura/direito-ao-silencio-na-fase-policial 
https://canalcienciascriminais.com.br/testemunha-direito-silencio/

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