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704899-Livro_História_da_educação_texto_resumido

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HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
Maria siMara torres barbosa
são luís
2010
Edição: 
Universidade estadUal do Maranhão - UeMa
núcleo de tecnologias para edUcação - UeManet
Coordenador do UemaNet
prof. antonio roberto coelho serra
Coordenadora Pedagógica:
Maria de fátiMa serra rios
Coordenadora do Curso de Filosofia, a distância: 
profª. leila aMUM alles barbosa
Coordenadora de Produção de Material Didático UemaNet: 
caMila Maria silva nasciMento
Responsável pela Produção de Material Didático UemaNet:
cristiane costa peixoto
Professora Conteudista:
profª. Maria siMara torres barbosa
Revisão:
liliane Moreira liMa
lUcirene ferreira lopes
Diagramação:
JosiMar de JesUs costa alMeida
lUis Macartney sereJo dos santos
tonho leMos Martins
Capa: 
lUciana vasconcelos
Governadora do Estado do Maranhão
roseana sarney MUrad
Reitor da UEMa
prof. José aUgUsto silva oliveira
Vice-reitor da UEMa
prof. gUstavo pereira da costa
Pró-reitor de administração
prof. José bello salgado neto
Pró-reitor de Planejamento
prof. José goMes pereira
Pró-reitor de Graduação
prof. porfírio candanedo gUerra
Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação
prof. Walter canales sant’ana
Pró-reitora de Extensão e assuntos Estudantis
profª. vânia loUrdes Martins ferreira
Chefe de Gabinete da Reitoria
prof. raiMUndo de oliveira rocha filho
Diretora do Centro de Educação, Ciências Exatas e Naturais - CECEN
profª. andréa de araúJo
Universidade estadUal do Maranhão
Núcleo de Tecnologias para Educação - UemaNet
Campus Universitário Paulo VI - São Luís - Ma
Fone-fax: (98) 3257-1195
http://www.uemanet.uema.br
e-mail: comunicacao@uemanet.uema.br
Proibida a reprodução desta publicação, no todo ou em 
parte, sem a prévia autorização desta instituição.
Barbosa, Maria Simara Torres
História da educação / Maria Simara Torres Barbosa. 
- São Luís: UemaNet, 2010.
125 p.
1. Educação hidtória. I. Título.
CDU: 37 (091)
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO
UNIDADE 1
a HISTóRIa E a HISTóRIa Da EDUCação ......................... 19
Fases da história da educação ........................................... 20
Das comunidades primitivas a Rousseau: a educação para a 
ocupação produtiva ........................................................... 24
UNIDADE 2
EDUCação jESUíTICa Na SoCIEDaDE CoLoNIaL 
BRaSILEIRa ............................................................................. 29
o processo de aculturação dos índios ............................... 32
Educação para o trabalho ou a aprendizagem de ofícios no 
Brasil Colônia ................................................................... 33
as corporações e a aprendizagem de ofícios ............................. 35
a chegada da família Real ao Brasil ................................. 37
UNIDADE 3
a EDUCação No BRaSIL IMPERIaL: 1822 – 1889 ............. 43
a emancipação política do Brasil .................................... 44
a influência europeia no pensamento pedagógico brasileiro ....... 46
o Desenvolvimento de Vocações e aptidões pela educação ...... 48
as Casas de Educandos artífices ..................................... 49
UNIDADE 4
aS REFoRMaS Na EDUCação Na REPúBLICa VELHa: 1889 
- 1930 ...................................................................................... 55 
as primeiras decisões republicanas na área da educação .......... 56
a expansão quantitativa da rede de ensino primário ................. 59
o declínio das oligarquias e repercussão para a educação ........ 60
a luta a favor das oportunidades na educação .......................... 61
a educação profissional dos jovens pobres ................................ 62
as escolas salesianas .................................................................... 64
UNIDADE 5
a EDUCação Na ERa VaRGaS: 1930 – 1945 ....................... 69
as primeiras mudanças na educação da década de 1930 ......... 71
as reformas Capanema ............................................................... 77
UNIDADE 6
a EDUCação No PERíoDo DEMoCRáTICo DE 1946 a 1964 .... 81
o momento político e econômico .................................... 81
as consequências do contexto social para a educação ..... 83
os cursos normais ........................................................... 85
a criação do Sistema “S” de aprendizagem .................... 86
o Projeto da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional ......................................................................... 87
UNIDADE 7
aS MUDaNçaS EDUCaCIoNaIS Do REGIME aUToRITáRIo: 
1964 - 1985 ............................................................................. 95
as reformas para a educação .......................................... 96
os reflexos do militarismo na educação básica ................ 99
UNIDADE 8
aS REFoRMaS EDUCaCIoNaIS No CoNTExTo DaS TRaNS-
FoRMaçõES ECoNôMICaS E PoLíTICaS Da DéCaDa DE 
NoVENTa .............................................................................. 105
aspectos políticos e econômicos das últimas décadas ...... 105
o advento da globalização .............................................. 108
a educação nos ditames das políticas neoliberais e da 
globalização .................................................................... 109
Educação para a profissionalização ................................. 112
a reforma da educação no Brasil nos anos de 1990 ........ 115
REFERÊNCIaS ................................................................... 121
ATIVIDADES SUGESTÃO DE fILME REfERêNCIAS
íCONES
Orientação para estudo
ao longo deste fascículo, serão encontrados alguns ícones utilizados 
para facilitar a comunicação com você.
Saiba o que cada um significa.
 SAIBA MAIS GLOSSÁRIO
Você está recebendo o material didático da disciplina de HISTóRIa 
Da EDUCação que se constitui parte integrante do curso de 
Formação Pedagógica de Docentes.
a compreensão abrangente da HISTóRIa e da história da educação 
brasileira é fundamental para que se possa refletir sobre os vínculos 
entre os fatos históricos e as políticas educacionais, a fim de ressaltar 
a importância da educação no contexto da realidade econômica, 
política e cultural do Brasil. 
o caderno completo consta de 08 unidades que foram organizadas 
de forma didática para facilitar sua compreensão. 
Cada unidade poderá ser apropriada de acordo com sua 
disponibilidade, sendo que ao término de cada uma constam as 
tarefas propostas para serem realizadas como forma de ampliar 
sua compreensão com reflexões e análises dos temas propostos. 
Estas deverão ser cuidadosamente elaboradas como forma de 
proporcionar a assimilação e sistematização do seu aprendizado.
Recomendamos que estabeleça sua rotina de tal modo que 
os horários de estudo possam se constituir em momentos de 
aprendizado constante.
APRESENTAÇÃO
a aprendizagem se efetiva na medida em que somos capazes de, 
sucintamente, descrever como compreendemos cada assunto. 
Então, desejamos a você bons momentos de estudo e aprendizado. 
Dúvidas, sugestões e críticas poderão ser enviadas para:
Profª. Maria Simara Torres Barbosa 
msymarat@yahoo.com.br
PLANO DE ENSINO
DISCIPLINA: História da Educação
Carga horária: 60 h
EMENTA
História e História da Educação. Fases da História da Educação. o 
contexto socioeconômico e político da Colônia até 1996. as lutas 
em torno da legislação brasileira e os movimentos em favor da 
educação.
OBJETIVOS
Geral 
Propiciar elementos para a compreensão, do ponto de vista histórico, 
da evolução da educação com a finalidade de oferecer subsídios 
para uma postura crítica frente à problemática educacional do 
Brasil na atualidade.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
UNIDADE I - A HISTóRIA DA EDUCAÇÃO
Fases da história da educação
 
UNIDADE II - EDUCAÇÃO JESUíTICA NA SOCIEDADE COLONIAL 
BRASILEIRA
a chegada de D. joão e os reflexos na educação
Educação dos órfãos e abandonados no Brasil Colônia: a 
aprendizagem de ofícios
UNIDADE III - A EDUCAÇÃONO BRASIL IMPERIAL: 1822 – 1889
os padres da Igreja de Língua Grega
UNIDADE IV - AS REfORMAS DA EDUCAÇÃO NA REPÚBLICA VELHA: 
1889 – 1930
Educação brasileira na Primeira República: o significado da 
educação para os republicanos; a política educacional da Primeira 
República - reformas nos âmbitos estaduais e federais.
UNIDADE V - ESTADO NOVO
Educação brasileira na Era Vargas: a revolução de 1930; o Manifesto 
dos Pioneiros; o confronto: católicos x liberais e a arbitragem 
governista; o Estado Novo e as Leis orgânicas do Ensino.
UNIDADE VI - O PERíODO DE 1945 E 1964
a educação brasileira: o populismo; debates sobre a lei de Diretrizes 
e Bases da Educação Nacional desde o projeto inicial (1947) até a 
entrada em vigor da Lei 4.024, de 20.12.1961; os movimentos de 
educação popular; política social e política educacional.
UNIDADE VII - DO GOVERNO MILITAR à REDEMOCRATIzAÇÃO
Educação brasileira no período militar (1964-1984): contexto 
histórico-educacional; reforma universitária; reforma do ensino de 
1º e 2º Graus; a Nova República e a transição educacional: política 
educacional no núcleo e na periferia do Estado.
UNIDADE VIII - AS REfORMAS EDUCACIONAIS NO CONTExTO DAS 
TRANSfORMAÇõES ECONôMICAS E POLíTICAS DA DéCADA DE 
NOVENTA
aspectos políticos e econômicos das últimas décadas
o advento da globalização
a educação nos ditames das políticas neoliberais e da globalização
Educação para a profissionalização
a reforma da educação no Brasil nos anos de 1990
METODOLOGIA
o trabalho pedagógico será desenvolvido a partir de uma 
metodologia problematizadora, valorizando a relação teoria e 
prática e a interdisciplinaridade de ações envolvidas no processo 
ensino-aprendizagem. Para tanto, serão utilizados debates, 
trabalhos em grupos, participação em fóruns, e demais orientações 
dentro da metodologia de educação a distância.
AVALIAÇÃO
Será feita considerando-se elementos como participação regular e 
contínua nas atividades, evidenciando o comprometimento com o 
estudo bem como domínio dos conteúdos trabalhados. Utilizar-se-á 
para esse fim trabalhos individuais e grupais e avaliações escritas.
Considerando que educação é sempre uma atividade intencional 
a ser medida pela referência a uma finalidade, ao longo da história 
sempre configurou práticas sociais movidas pelos interesses dos 
indivíduos. Interesses que foram desde questões culturais, religiosas, 
sociais ou políticas, como também interesses científicos, movidos pela 
necessidade da sobrevivência humana. 
atribuímos significados à educação na medida que compreendemos 
que dela depende a própria perpetuação da espécie humana. a 
evolução do conhecimento científico sobre temas vitais como a vida no 
planeta, a preservação do meio ambiente, a cura de doenças, dentre 
outros, perpassam por pesquisas desenvolvidas nos meios acadêmicos. 
as práticas educativas estão ligadas principalmente à cultura de um 
povo, entendendo cultura de forma ampliada, englobando a produção 
de bens, consumo e a forma da organização social. 
o tema educação, de uma forma mais abrangente, pode ser entendido 
como um campo de desenvolvimento de interpretações e perspectivas 
sobre o homem, sobre o que seria bom acontecer com ele em seus 
diferentes ciclos de vida, infância, adolescência e diferentes fases da 
história. 
INTRODUÇÃO
Uma premissa importante surge a partir da constatação histórica de 
que o homem tem sua vida dependente de dois tipos de cuidados 
essenciais: saúde e educação. o debate sobre a educação ao longo da 
história envolve, pois, muito mais que teorias parciais sobre o homem, 
interpretações pedagógicas, psicológicas, sociológicas, históricas ou 
filosóficas. 
Em seu trabalho cotidiano os educadores se deparam hoje com 
problemas práticos que demandam compreensão de questões de 
fundo de consciência política e social. Por exemplo: o que é necessário 
hoje para “formar o cidadão”? o que significa formar um cidadão, 
entendendo este como alguém que possui direitos, isto é, que se define 
pelo “direito de ter direitos”? Como uma educação pode conferir 
ao educando o direito de ter direitos? Poderemos responder a estes 
questionamentos dizendo que em cada momento histórico o debate 
em torno de questões fundamentais da educação foi se construindo 
de acordo com a ideologia, pois a educação não é um fenômeno 
neutro alheio aos interesses dominantes, sempre buscou atingir fins 
específicos. 
Poderíamos dizer que a educação é um ponto de confluência de várias 
ciências e disciplinas. Mais precisamente, a educação, como área 
aplicada e interdisciplinar, se fundamenta nas disciplinas das ciências 
sociais, que contribuem para melhor compreendê-la e desenvolvê-la. 
assim, em todos os tempos não se pode perder a visão de conjunto, o 
ponto de reunião da filosofia, da sociologia, da história e da política, 
além de outras ciências como a psicologia, a economia etc., porém 
não nos é possível ignorar que cada área possui fisionomia própria.
a partir de então estudaremos a história da educação e apresentaremos 
as visões históricas das relações educação-sociedade e escola em 
diferentes momentos, desde a antiguidade até os nossos dias. 
Sucintamente apresentaremos a história em suas fases, importância e 
o significado que hoje atribuímos no Brasil à educação, sem, todavia, 
ter a pretensão de esgotar ou desrespeitar a multiplicidade de visões 
teóricas e interpretações existentes.
1
UNIDADE
A HISTóRIA E A HISTóRIA DA 
EDUCAÇÃO
a história, desde a antiguidade clássica até a modernidade, foi 
vista como narrativa histórica, isto é, contada apenas através da 
descrição dos fatos, sem considerá-los no seu contexto, com causas 
e consequências. Somente a partir das transformações ocorridas 
na forma de produção, em que as relações humanas se tornam 
eminentemente sociais, que a visão do tempo muda e a história 
passa a ter outro significado, ligando o presente ao passado e ao 
futuro através das ações do homem.
Como foi dito anteriormente, a história da educação é parte 
integrante da história e da cultura de um povo. Em cada momento 
histórico, a educação corresponde a diferentes visões de homem e 
de sociedade de acordo com o pensamento dominante. 
Para compreender a história da educação, é essencial situá-la na 
história geral. De acordo com Luzuriaga (1981), as principais fases 
da história da educação se integram à mesma divisão da história 
geral. Serão, portanto, situadas cada uma das fases por um breve 
passeio histórico.
OBJETIVOS DESTA UNIDADE:
Compreender a evolução 
da história da educação 
através dos tempos;
Proporcionar a revelação 
da interação educação-
contexto histórico, 
mediante análise de suas 
recíprocas determinações.
fILOSOfIA20
fASES DA HISTóRIA DA EDUCAÇÃO
A Educação primitiva
a educação entre os povos primitivos ocorria de forma espontânea, 
não havia uma pessoa dedicada à função de instruir as crianças ou 
jovens. Eles aprendiam o que era necessário à própria sobrevivência. 
as aprendizagens se restringiam à busca por alimentação, abrigo e 
defesa contra os ataques tanto de animais quanto de outras tribos. 
Podemos afirmar que a imitação era a principal forma de educar usada 
pelos adultos para ensinar os mais jovens. 
Com o passar dos séculos, começaram a fazer parte da educação 
a observação de fenômenos naturais, alguns rituais sagrados e a 
preparação para a guerra, o que exigia práticas de treinamento para 
os jovens. 
Educação oriental
Compreendida os povos do Egito, índia, China, além de hebreus 
e árabes, dentre outros. Nesse momento da história já podemos 
identificar civilizações desenvolvidas. Convém destacar que para se 
ter civilização é necessário ter alguma forma de organização política, 
como Estado ou cidades. a educação que, no começo, era restrita 
apenas a cunho religioso, ao longo do tempo tornou-se intencional. a 
escrita sistematizada criada no oriente, associada à organização social 
maisampla, se estabeleceu e levou a criação de escolas e mestres em 
alguns dos países orientais. 
No Egito, as crianças filhas do povo frequentavam as escolas 
elementares a partir dos sete anos de idade para aprenderem a ler, 
escrever e contar. os filhos dos funcionários iam às escolas superiores 
ou eruditas, em que, além do nível elementar, aprendiam astronomia, 
matemática e arte em geral, como música e poesia. 
HISTóRIA DA EDUCAÇÃO | UNIDADE 1 21
a educação entre os hebreus era baseada nos livros sagrados Tora e 
Talmud. Tinha duração de 10 anos. as crianças entravam com oito 
anos e concluíam aos 18 anos. 
Entre os hindus, na sociedade de castas, a educação era privilégio 
apenas das castas superiores, as escolas não eram comuns. Geralmente 
os pais, com base nos textos Vedas, eram responsáveis pela educação 
dos filhos. 
Na China, a educação sistematizada só ocorreu a partir do período 
imperial. No século V a. C. dividia-se em elementar, do povo e superior, 
que se destinava aos funcionários mandarins.
Educação clássica
De acordo com Luzuriaga (1981), desenvolveu-se entre os séculos V a. 
C. e V d. C., e diz respeito à educação ocidental. Compreende Roma 
e Grécia. 
a educação grega teve quatro períodos distintos: heroica (poemas 
homéricos); cívica (atenas e Esparta); clássica/humanista (Sócrates, 
Platão e aristóteles) e helenística enciclopédica (cultura alexandrina). 
Cada período tem suas próprias características. 
a educação romana teve três principais períodos: heroico - patrícia (V 
– III a. C.); de influência helênica (III – I a. C.); e imperial (I a. C. – V d. 
C.). Embora sejam bastante parecidas, a cultura e a educação grega e 
romana possuíam pontos de divergência significativos.
Educação medieval
Quando ocorreu a expansão do cristianismo, a educação cristã 
também se expandiu por toda a Europa (V – xV d. C.). o caráter é 
essencialmente religioso, dogmático, predominando matérias abstratas, 
Um pedagogo acompanhando o 
seu pequeno discípulo à palestra
Fonte: http://www.educ.fc.ul.pt/
docen te s /pa ide ia / images /
concei1.gif
fILOSOfIA22
literárias, com prejuízo à educação intelectual e científica. é empregado 
o uso do latim como língua única.
Educação humanista
após o século xIV é criada a educação humanista, no período da 
renascença, que faz emergir a cultura clássica greco-romana. a 
disciplina e a autoridade, até então predominantes, deixam espaço ao 
desenvolvimento do pensamento livre e crítico. 
as matérias científicas, antes proibidas pela Igreja, agora compõem o 
currículo. Surge o colégio humanista ou escola secundária, onde são 
estudados o latim e o grego, embora não tenham caráter erudito. o 
ideal de educação na renascença eram os exercícios físicos tais como o 
salto, a corrida, a luta, a natação etc.
Educação cristã reformada
No século xVI surge a reforma religiosa, e como resultado, uma 
educação cristã reformada, tanto católica, como protestante. a 
educação católica pós renascença foi marcada por um movimento 
conhecido por Contrarreforma contra os protestantes. as ordens 
religiosas, das quais se destacava a Companhia de jesus, foram as 
responsáveis pela divulgação do cristianismo durante séculos. o 
Ratio Studiorum era o “currículo” dos jesuítas, que ministravam uma 
educação inspirada nas escolas humanistas.
Lição de música. (jarra autografada por Dúris cerca de 490 - 480 a. C., Berlim.)
Fonte: http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/paideia/images/concei1.gif
HISTóRIA DA EDUCAÇÃO | UNIDADE 1 23
Educação realista
Esta fase começa no século xVII, com base na filosofia e nas ciências 
novas de Galileu, Copérnico, Newton e Descartes. a educação se 
renova em outras perspectivas e dá início aos métodos da educação 
moderna com dois dos maiores nomes da didática Moderna – Ratke 
e Comenius.
Educação Naturalista
Com base nas ideias de jean-jacques Rousseau, a educação naturalista 
teve influência decisiva na educação moderna. São pressupostos para 
a educação: a liberdade, a atividade pela experiência, a diferença 
entre a mente da criança e do adulto. a criança deixou de ser vista 
como um adulto em miniatura, e passou a ser vista como um ser em 
desenvolvimento. 
o propósito da educação é que ela seja integral, que atenda aos 
aspectos físicos, intelectuais e morais. Para Rousseau, cada aluno 
deveria ter um educador. 
 
Educação nacional
Ideia originada com a Revolução Francesa no século xVII, a 
educação nacional pressupôs a responsabilidade do Estado para o 
estabelecimento da escola primária universal, gratuita e obrigatória, 
com vistas à formação da consciência patriótica.
fILOSOfIA24
DAS COMUNIDADES PRIMITIVAS A ROUSSEAU: a educação 
para a ocupação produtiva.
o ponto de partida deste estudo é o reconhecimento de que, no começo 
da civilização humana, as famílias se encarregavam de transmitir aos 
jovens os saberes necessários à vida nas comunidades primitivas. Todas as 
decisões eram tomadas em comum, incluindo a educação, a produção e as 
relações sociais, caracterizando o que hoje denominamos de “comunismo 
primitivo”. Percebe-se que civilização e educação desenvolveram-se 
simultaneamente, ou melhor dizendo, “educação é concomitante à 
existência humana.” (SaVIaNI, 1996).
Na antiguidade Clássica, no período pré-socrático, o trabalho manual era 
valorizado e aos pais cabia a responsabilidade de ensinar aos filhos um 
ofício. os homens, cujos talentos se revestiam em invenções úteis, eram 
louvados e reconhecidos. Muitos se destacavam pelos seus feitos. Todas 
as invenções que ocorreram na antiguidade foram oriundas da criação 
técnica de homens que se aventuraram em especulações intelectuais, 
associadas à prática.
Um pouco mais adiante, na história grega, em aristóteles, essa conciliação 
foi rompida. Para este filósofo, o trabalho era uma etapa na vida do 
homem, que deveria ser vencida. a mais alta preparação de um homem 
era a teoria. Em sua obra “a política”, afirmava que o artesão não merecia 
o título de cidadão, apenas o ócio concedia virtude cívica (CUNHa, 2000).
o emprego da mão de obra escrava na antiguidade grega contribuiu para 
a depreciação social do trabalho manual e todos os trabalhadores a ele 
associado. Com isso, a Medicina se distanciou da Cirurgia, a Física se 
distanciou das experimentações e a ciência, só na teoria, estagnou.
Somente na Idade Média, com o grande artista, inventor e cientista 
Leonardo da Vinci, a teoria novamente se aproximou da prática. Da Vinci 
e homens como Galileu conseguiram, através de experimentações, fazer 
mover a ciência, tirando-a do estado de estagnação em que se encontrava.
Na época de Da Vinci, as artes liberais eram as artes livres da necessidade 
de trabalhar, consideradas artes nobres, elevadas, enquanto as artes 
mecânicas eram consideradas ignóbeis. o artista era um gênio, trabalhador 
livre, dono do seu talento que poderia escolher para quem “vendê-lo”. 
Homem na pré-história
http://www.extrafix.com.br/fotos/
informacoes_uteis/historia_
ferramenta/histfer2.jpg
HISTóRIA DA EDUCAÇÃO | UNIDADE 1 25
Enquanto que o artesão era trabalhador anônimo, preso às corporações, 
sujeito às normas que estas lhe imputavam.
o Cristianismo trouxe nova visão para o trabalho. No Código de Conduta 
dos Monges Beneditinos, chamado de Regula Benedict, por exemplo, 
constava a exortação ao trabalho. o ócio era visto como pai de todos os 
vícios. os verdadeiros monges eram aqueles que viviam do trabalho feito 
pelas próprias mãos. 
No século xI, no Regime Feudal, os artesãos passaram a ocupar uma posição de 
reconhecimento pelo seu trabalho. organizados juridicamente em corporações, 
dispunham de estatutos que regulamentavam a prática de artífices do mesmo 
ofício. a aquisição de matéria prima, a venda dos produtos, as relações com 
trabalhadores mestres, aprendizes e assalariados estavam previstas nas normas 
que os regulavam. Para os jovens aprendizes havia determinação do
[...] número e da idadedos aprendizes, da duração da 
aprendizagem, do pagamento pelo aprendizado, e da” 
obra prima, 'uma espécie de prova final prática, pela qual 
o aprendiz era recebido entre os mestres e podia exercer 
seu oficio autonomamente.' (CUNHa, 2000a p. 12).
as corporações de ofícios mecânicos começaram a enfraquecer com 
a chegada da manufatura. os burgueses recém-chegados ao poder, 
viram nas corporações de ofícios empecilho para contratação de mão 
de obra mais barata. Em toda a Europa foram paulatinamente sendo 
extintas, na medida em que o capitalismo foi-se consolidando.
Na Península Ibérica, formada por Portugal e Espanha, as corporações 
não se desenvolveram. o trabalho artesanal nestes países não teve o 
mesmo significado que no resto da Europa. Foram regiões em que o 
trabalho manual não foi valorizado, portanto os trabalhadores manuais 
também foram depreciados.
Capa do livro de Rosseau Emílio ou a Educação
Fonte: http://www.leeds.ac.uk/library/adopt-a-book/
pics/rousseau.jpg
fILOSOfIA26
Na França, com o movimento do Enciclopedismo, alguns autores 
não compactuavam com a hierarquização sociocultural existente 
entre as artes liberais e as artes mecânicas. Montesquieu e Diderot 
criticaram em seus escritos tais comportamentos. Diderot, ao escrever 
a obra “Enciclopédia das Ciências, das artes e dos ofícios”, inseriu 
a possibilidade de junção da teoria com a prática. o que não foi 
compartilhado pelo seu contemporâneo Rosseau, que em sua obra 
“Emílio, ou da Educação” escrita em 1762, evidenciou o desprezo 
pelos ofícios manufatureiros e ressaltou que a ocupação produtiva que 
mais se aproximava do estado natural era o trabalho artesanal. o ofício 
recomendado a Emílio deveria ser de marceneiro, pois o considerava 
limpo, útil, além de exigir habilidade e bom gosto.
Faça uma pesquisa sobre a educação na antiguidade 
grega destacando o pensamento de Platão quanto à 
importância e significado da educação.
"OS MISERÁVEIS" (1862)
Sinopse: a história é aMbientada na frança do início do sécUlo 
xix, eM Meio à crise, à foMe e à revolUção. liaM neeson vive Jean 
valJean, UM hoMeM qUe roUboU UM pedaço de pão para aliMentar 
a faMília e recebeU 20 anos de prisão. ele foge, consegUe nova 
identidade, reconstrói sUa vida e passa a ser prefeito do vilareJo 
de vigaU. Mas o inspector Javert (geoffrey rUsh) continUa atrás 
dele, aMeaçando tUdo o qUe consegUiU.
Direção: bille aUgUs
Elenco: liaM neeson, geoffrey rUsh, UMa thUrMan, claire danes, 
hans Matheson, reine brynolfsson, peter vaUghan, MiMi neWMan.
HISTóRIA DA EDUCAÇÃO | UNIDADE 1 27
O NOME DA ROSA (1986)
Sinopse: eM 1327 WilliaM de baskerville (sean connery), UM Monge 
franciscano, e adso von Melk (christian slater), UM noviço qUe 
o acoMpanha, chegaM a UM reMoto Mosteiro no norte da itália. 
WilliaM de baskerville pretende participar de UM conclave para 
decidir se a igreJa deve doar parte de sUas riqUezas, Mas a atenção 
é desviada por vários assassinatos qUe aconteceM no Mosteiro. 
WilliaM de baskerville coMeça a investigar o caso, qUe se Mostra 
bastante intrincando, aléM dos Mais religiosos acreditareM qUe 
é obra do deMônio. WilliaM de baskerville não partilha desta 
opinião, Mas antes qUe ele conclUa as investigações bernardo 
gUi (f. MUrray abrahaM), o grão-inqUisidor, chega no local e 
está pronto para tortUrar qUalqUer sUspeito de heresia qUe 
tenha coMetido assassinatos eM noMe do diabo. considerando 
qUe ele não gosta de baskerville, ele é inclinado a colocá-lo 
no topo da lista dos qUe são diabolicaMente inflUenciados. esta 
batalha, JUnto coM UMa gUerra ideológica entre franciscanos 
e doMinicanos, é travada enqUanto o Motivo dos assassinatos é 
lentaMente solUcionado.
Direção: Jean-JacqUes annaUd
Gênero: ficção
Elenco: sean connery, christian slater, helMUt qUaltinger, elya 
baskin, Michael lonsdale, volker prechtel, feodor chaliapin 
Jr., WilliaM hickey, Michael habeck, Urs althaUs, valentina 
vargas, ron perlMan, leopoldo trieste, franco valobra, vernon 
dobtcheff, donald o'brien, andreW birkin e f. MUrray abrahaM.
300 (2007)
Sinopse: o filMe coMeça coM UM orador espartano a contar a vida 
do JoveM rei leônidas i, revelando taMbéM o rigor e a disciplina 
a qUe foi sUbMetido dUrante a sUa infância. aos sete anos, é 
tirado da sUa Mãe para iniciar a agogê - UM período de privações 
a qUe todos os cidadãos de esparta são sUbMetidos. passados 
trinta anos, o orador conta qUe UM Mensageiro persa chega a 
esparta e coMUnica-lhe o deseJo de xerxes eM doMinar. coMo 
esparta estava a celebrar a festa religiosa da carneia, leônidas 
fILOSOfIA28
não poderia entrar eM gUerra, então ele pega 300 hoMens de sUa 
gUarda pessoal, diz qUe vai dar UM passeio e Marcha ao encontro 
dos invasores persas.
Direção: zack snyder
Gênero: ação
Elenco: gerard bUtler, lena headey, david WenhaM, doMinic 
West, vincent regan, Michael fassbender, rodrigo santoro. 
aRaNHa, Maria Lúcia de arruda. História da Educação. São 
Paulo: Moderna 2000.
CUNHa, Luiz antonio. O Ensino de Ofícios Artesanais e 
Manufatureiros no Brasil Escravocrata. São Paulo: UNESP, 
Brasília, DF, Flacso, 2000.
FILHo, Francisco Geraldo. A educação brasileira no contexto 
histórico. Campinas, SP: Editora alínea, 2004.
LUZURIaGa, Lorenzo. História da educação e da pedagogia. 
13. ed. São Paulo: Nacional, 1981.
MaNaCoRDa, M. a. História da educação. 12. ed. São Paulo: 
Cortez, 2006.
NISKIER, arnaldo. Educação brasileira: 500 anos de história. 
São Paulo: Melhoramentos, 1989.
RIBEIRo, Maria Luiza Santos. História da Educação Brasileira 
- a organização Escolar. 11. ed. São Paulo: Cortez, 1991.
RoMaNELLI, otaíza de oliveira. História da Educação no 
Brasil (1930/1973). 6. ed. Petrópolis: Vozes, 1984.
UNIDADE
o período Colonial durou de 1500 até a Independência, em 
1822. a partir daí, iniciou-se a fase política do Império, que 
durou até 1889. a educação escolar no período político do Brasil 
Colônia passou por três fases: a de predomínio dos jesuítas; a das 
reformas realizadas pelo Marquês de Pombal, principalmente a 
partir da expulsão dos jesuítas do Brasil e de Portugal em 1759; e 
a época de D. joão VI no Brasil (1808 - 21), quando então nosso 
país foi sede do império português (GHIRaLDELLI, 2009 p. 1).
Em março de 1549, com o fim do regime das capitanias 
hereditárias, chegou ao Brasil o primeiro Governador Geral, 
Tomé de Souza, que trouxe em sua comitiva seus assessores e 
os primeiros jesuítas. Desembarcaram aqui o Padre Manoel de 
Nóbrega e dois outros jesuítas. Somente mais tarde vieram mais 
alguns membros da Companhia de jesus para ajudar no trabalho 
de catequização dos índios e na educação dos filhos da elite, os 
brancos europeus.
o predomínio dos jesuítas na educação brasileira transcorreu 
entre os anos de 1549 e 1759, com a expulsão de todos os 
OBJETIVOS DESTA UNIDADE:
Compreender a história 
da educação brasileira 
no período colonial e seu 
contexto socioeconômico;
Proporcionar uma 
reflexão crítica da 
educação dos jesuítas 
no Brasil, bem como 
as consequências para 
a formação do povo 
brasileiro.
2
EDUCAÇÃO JESUíTICA NA SOCIEDADE 
COLONIAL BRASILEIRA 
fILOSOfIA30
padres pertencentes à Companhia de jesus, de Portugal e seus 
domínios, pelo Marques de Pombal. Este período se constituiu em 
dois séculos de memória e história do Brasil e da organização escolar, 
que se consolidou a partir da instalação do Governo Geral, com a 
interferência da Igreja, predominantemente através da atuação da 
ordem da Companhia de jesus com os padres jesuítas.
Tomé de Souza fundou a cidade de Salvador para ser a capital 
e sede do Governo Geral. Quinze dias após a chegada, os jesuítas 
criaram em Salvador a primeira escola elementar brasileira.
os jesuítas permaneceram como mentores da educação brasileira 
durante duzentos e dez anos, até 1759, quando foram expulsos de 
todas as colônias portuguesas por decisão de Sebastião josé de 
Carvalho, o marquês de Pombal, primeiro-ministrode Portugal.
Quando foi expulsa, a Companhia tinha 25 residências, 36 missões 
e 17 colégios e seminários, além de seminários menores e escolas de 
primeiras letras instaladas em todas as cidades, nas quais havia casas 
da Companhia de jesus. 
a orientação básica da missão dos jesuítas no Brasil era de catequizar 
os índios e dar-lhes instrução. Não havia, a priori, a intenção de 
dar-lhes formação profissional. o que levou, mais tarde, os jesuítas 
a optarem pelo ensino profissionalizante agrícola ao índio foi a 
constatação de sua inadequação à formação sacerdotal. Nesse 
caso, os índios foram apenas catequizados. os instruídos foram os 
descendentes de colonizadores e a elite. 
os colégios dos jesuítas se transformaram em importante ordem 
no campo educacional. Eram procurados como via de acesso à 
classificação social mais elevada. No entanto, o conteúdo literário e 
religioso, o movimento de imitação, o cultivo ao estilo clássico e os 
cursos de filosofia escolástica afastaram os educandos da formação 
científica nascente na Europa.
Não só o Brasil Colônia, mas também a metrópole portuguesa se 
mantiveram distanciados das influências que modernizaram a 
Em 29 de março de 1549, a 
armada portuguesa aportava 
na Vila Velha (hoje Porto 
da Barra), comandada pelo 
português Diogo Álvares, 
o Caramuru. Era fundada 
oficialmente a cidade de 
Cidade do São Salvador da 
Baía de Todos os Santos, 
que desempenhou um papel 
estratégico na defesa e 
expansão do domínio lusitano 
entre os séculos XVI e XVIII, 
sendo a capital do Brasil de 
1549 a 1763.(WWW.saltur.
salvador.ba.gov.br)
HISTóRIA DA EDUCAÇÃO | UNIDADE 2 31
produção e a comercialização em toda a Europa. Esse atraso intelectual 
se refletiu no plano econômico, no aspecto político e no social. Portugal 
não acompanhou o desenvolvimento industrial europeu. Tornou-se 
uma nação ainda mais empobrecida e decadente, que não conseguiu 
a ultrapassagem da etapa mercantil para a industrialização. Manteve-
se no feudalismo agrícola. a Inglaterra liderava o processo industrial 
europeu, comprava os produtos agrícolas portugueses e os vendia 
manufaturados, com vantagens e lucros.
o Plano de Estudos dos jesuítas, chamado de Ratio Studiorum 
era constituído por um conjunto de regras direcionadas a todas 
as atividades dos agentes ligados ao ensino, desde as regras do 
provincial, às do reitor, do prefeito de estudos, dos professores, do 
bedel e de cada matéria de ensino. as regras eram mais específicas 
para os alunos que obedeciam a regras da prova escrita, da 
distribuição de prêmios e penalidades dentre outras.
De acordo com a Romanelli (1984), a organização 
social e política brasileira na época da colônia estava 
profundamente relacionada com a economia escravocrata, 
de onde originou a unidade básica do nosso sistema de 
produção e de poder sustentado na autoridade desmedida 
dos donos da terra. Por serem brancos, de origem europeia, 
sentiam a necessidade de manter as tradições medievais 
da Europa no novo mundo, assim copiaram hábitos e 
costumes. Na educação foram beneficiados pelos jesuítas, 
que tinham a incumbência de preservar o estilo da classe 
nobre portuguesa.
Padre Manuel da Nóbrega, ao elaborar o primeiro plano de estudos, 
incluiu os filhos dos colonos brancos, os mamelucos e os filhos dos 
principais. Mas as mulheres, os agregados e os escravos não se 
incluíam no plano de educação da Companhia de jesus. o direito 
à educação se restringia aos filhos (do sexo masculino) dos donos 
de engenho e senhores de terras. a educação estava vinculada aos 
interesses políticos dos colonizadores.
Convertendo as crianças
Fonte: http://www.eb23-diogo-cao.rcts.pt/Trabalhos/bra500/
jesindos.htm
Todas as escolas jesuítas 
eram regulamentadas por 
um documento, escrito por 
Inácio de Loiola, o Ratio atque 
Instituto Studiorum, chamado 
abreviadamente de Ratio 
Studiorum. 
fILOSOfIA32
O PROCESSO DE ACULTURAÇÃO DOS íNDIOS
o conteúdo cultural propagado nos colégios jesuítas, de acordo com 
Romanelli (1984), era o espírito da Contra-Reforma, apego às formas 
dogmáticas de pensamento, pela revalorização da escolástica, pela 
prática de exercícios intelectuais, com a finalidade de robustecer a 
memória e capacitar o raciocínio para fazer comentários de textos, 
e o desinteresse, quase que total, pela ciência e a repugnância pela 
atividade técnica e artística.
assim, a educação se constituiu numa formação humanística sem 
finalidades para a economia brasileira, baseada na agricultura 
rudimentar. 
os jesuítas fundaram muitas escolas com a finalidade de formar fieis 
e servidores. as escolas visavam dar educação elementar aos filhos 
dos colonos e aos índios, educação média aos homens da classe 
dominante, e ensino superior para aqueles que seguiam a carreira 
religiosa. aos poucos a obra da catequese foi cedendo lugar à 
educação da elite. Tão bem formados foram os da aristocracia rural 
brasileira, que se mantiveram inalterados no poder por mais de três 
séculos. Foram os teólogos, juízes e magistrados que permaneceram 
nos cargos políticos mais elevados do país.
Com o propósito de afastar os índios dos interesses dos colonizadores, 
os jesuítas criaram as reduções ou missões. Nestas Missões, os índios, 
além de passarem pelo processo de catequização, também foram 
treinados para o trabalho agrícola, que serviam àquelas comunidades 
para sustento, além da comercialização do excedente.
os índios, durante o processo de catequização, ficaram à mercê 
dos interesses do homem branco colonizador. os padres jesuítas 
desejavam convertê-los ao cristianismo e aos valores europeus; os 
colonos estavam interessados em usá-los como escravos.
A Escolástica (ou 
Escolasticismo) é uma linha 
dentro da filosofia medieval, 
de acentos notadamente 
cristãos, surgida da 
necessidade de responder às 
exigências da fé, ensinada 
pela Igreja, considerada 
então como a guardiã dos 
valores espirituais e morais 
de toda a Cristandade. Por 
assim dizer, responsável pela 
unidade de toda a Europa, 
que comungava da mesma 
fé. Esta linha vai do começo 
do século IX até ao fim do 
século XVI, ou seja, até ao 
fim da Idade Média. Este 
pensamento cristão deve o 
seu nome às artes ensinadas 
na altura pelos escolásticos 
nas escolas medievais. Estas 
artes podiam ser divididas 
em Trivium (gramática, 
retórica e dialéctica) e 
Quadrivium (aritmética, 
geometria, astronomia 
e música). A escolástica 
resulta essencialmente do 
aprofundar da filosofia.( http://
pt.wikipedia.org)
Por volta de 1610 foram 
fundadas pelos jesuítas 
espanhóis as primeiras 
reduções na Província de 
Guayrá, a de Loreto e a de 
Santo Inácio, às margens 
do rio Paranapanema, no 
atual Estado do Paraná. Não 
demorou para que outras 
surgissem, e já, em 1628, 
treze delas agregavam mais 
de 100 mil índios, (WWW.
terrabrasileira.net).
HISTóRIA DA EDUCAÇÃO | UNIDADE 2 33
No Brasil, a situação de colônia se agravava na intensificação da 
exploração e fiscalização, no aumento dos cargos públicos sendo 
ocupados apenas pelos nascidos na metrópole. o atraso intelectual e 
institucional português provocou um movimento pela modernização 
inspirado no Iluminismo, que encontrou grande resistência da parte da 
elite conservadora tradicional portuguesa.
a partir desses movimentos em Portugal, com reflexos no Brasil, 
algumas reformas se consolidaram; a Companhia de jesus foi expulsa 
em 1759 de Portugal e das colônias. A reforma pombalina pretendeu 
transformar Portugal em uma metrópole capitalista e adaptar as 
colônias à nova ordem.
EDUCAÇÃO PARA O TRABALHO OU A APRENDIzAGEM DE 
OfíCIOS NO BRASIL COLôNIA
No Brasil, nos primeiros anos da colonização, as atividades manuais 
eram destinadas aos escravos. os serviços de carpintaria, tecelagem 
e outros eram executados por negros, o homem branco afastava-
se destes ofícios, pois almejava a distinção. Dessa forma, o trabalho 
manual por aqui foi duplamente estigmatizado, pelaherança cultural 
ibérica e pela escravidão.
alguns ofícios eram confiados a homens brancos. Quando isso 
acontecia.
[...] as corporações baixavam normas rigorosas 
impedindo ou, pelo menos, desincentivando o 
emprego de escravos como oficiais e, em decorrência, 
procurava-se “branquear” o ofício, dificultando-o a 
negros e mulatos. Mouros e judeus, dotados, também, 
de características étnicas “inferiores”, eram arrolados 
nas mesmas normas, embora fosse improvável que 
seu número no artesanato do Brasil Colônia merecesse 
referências especiais (CUNHa, 2000 p. 17).
O Marquês de Pombal, 
influenciado pelo 
enciclopedismo francês, 
contrário ao clero, promoveu 
a reforma, chamada 
pombalina, e expulsou os 
jesuítas de Portugal e seus 
domínios. Tal expulsão se 
deu principalmente ao fato 
do Marquês acreditar que o 
fanatismo religioso foi o maior 
responsável pela decadência 
econômica Portuguesa.
fILOSOfIA34
Existem registros de preconceito contra o trabalho artesanal em diversas 
regiões do Brasil, narrados por viajantes, que se empreendiam pelo 
interior, vindos de vários países. Um viajante inglês conta que todas 
as artes eram praticadas da maneira mais formalística e aborrecida 
possível. Cada trabalhador se considerava iniciado nalgum mistério, 
que apenas ele e os de sua confraria podiam compreender. Houve 
carpinteiros que exprimiam seu espanto ao verem um inglês tomar de 
uma serra e manejá-la com a mesma destreza e rapidez maior que a 
deles próprios. "[...] a isso, os mecânicos brancos juntaram mais uma 
loucura; consideravam todos eles fidalgos demais para trabalhar em 
público, e que ficariam degradados, se vistos carregando a menor 
coisa, pelas ruas, ainda que fossem as ferramentas do seu oficio." 
(CUNHa, apud LUCCoK, 2000 p. 19). 
No século xVI, a agroindústria açucareira utilizava, além da mão de 
obra escrava, trabalhadores livres em pequena escala. a produção em 
expansão fez crescer a comercialização, que por sua vez, gerou núcleos 
urbanos que ampliaram o mercado consumidor para os produtos de 
diversos artesãos. Prosperaram os pintores, alfaiates, carpinteiros, 
dentre outros. 
os oficiais, naquela época, eram homens que exerciam ofícios, mas 
essa expressão tinha duplo sentido. Eram chamados de oficiais, 
os funcionários públicos, juízes, desembargadores, procuradores. 
Também eram oficiais os artesãos, artífices e os artistas. Estes, como 
eram trabalhadores ligados à produção, recebiam a denominação de 
oficiais mecânicos, a exemplo da Europa.
os pequenos núcleos urbanos cresceram próximos aos colégios 
dos Padres jesuítas, onde existiam oficinas de vários destes ofícios, 
ensinados a índios, escravos e homens livres. Nestes e em diferentes 
instituições brasileiras, ocorreram processos de aprendizagens de 
ofícios: na agroindústria açucareira, nos arsenais da Marinha e nas 
Corporações de ofícios. os Colégios dos jesuítas foram os primeiros 
centros de ensino artesanais no Brasil. além dos padres destinados ao 
trabalho religioso, havia os irmãos encarregados de ensinar os ofícios 
mecânicos nas oficinas.
HISTóRIA DA EDUCAÇÃO | UNIDADE 2 35
os irmãos procuravam reproduzir nas oficinas as 
práticas de aprendizagens de ofícios vigentes na 
Europa, onde eles próprios aprenderam. Por isso, 
davam preferência às crianças e aos adolescentes, 
aos quais iam sendo atribuídas tarefas acessórias da 
produção (CUNHa, 2000 p. 32).
o ofício de carpintaria foi a principal atividade desenvolvida nos 
colégios. Em diferentes cidades do litoral havia oficinas de fabricação 
de embarcações para o transporte tanto marítimo quanto fluvial. a par 
dos carpinteiros estavam os pintores que completavam as obras. 
as oficinas de ferraria também exerceram importante função na 
fabricação de ferramentas para o cultivo e também como instrumentos 
de trabalho para outros ofícios. Fabricavam machado, foice, martelo, 
faca, serrote, cunhas, chaves, pregos, enfim, tudo que se necessitava 
na época, inclusive para as fazendas de engenho. as olarias eram 
imprescindíveis em todos os locais, pois as construções de casas, 
galpões e igrejas dependiam da produção de adobe, produzidos e 
transportados até os núcleos mais habitados. 
a tecelagem, segundo Cunha (2000), foi o ofício mais adaptado aos 
índios, talvez devido à proximidade com os ornamentos confeccionados 
por eles nas aldeias. Fiavam e usavam os teares com habilidade que, 
em algumas regiões, a produção foi exportada para outros estados. 
as boticas para a fabricação de medicamentos também foram criadas 
e desenvolvidas nas oficinas dos Colégios dos jesuítas. os padres e 
os seus alunos pesquisaram e catalogaram plantas medicinais nativas, 
produziram novos medicamentos, principalmente no laboratório do 
Rio de janeiro, que serviu de centro para abastecimento de outros 
colégios e para a população.
AS CORPORAÇõES E A APRENDIzAGEM DE OfíCIOS
a organização do trabalho artesanal no Brasil seguiu o modelo 
corporativo de Portugal. Quando, por toda a Europa, declinava a 
O aprendizado corporativo 
visando a profissionalização 
assume destaque como 
veículo de instrução formal 
da juventude, em detrimento 
da frequência das escolas 
elementares de primeiras 
letras. O aprendiz era admitido 
através de um contrato entre o 
seu pai e o mestre, a princípio 
oralmente e depois por escrito, 
fixando o preço e a duração 
da aprendizagem, detalhando 
os deveres do mestre e do 
aprendiz e submetido a 
juramento perante outros 
mestres, para marcar de forma 
solene a entrada de um novo 
membro na corporação. (Anais 
do XXXIV COBENGE, 2006).
fILOSOfIA36
economia corporativa, em Portugal estava iniciando. os portugueses 
que aqui chegaram trouxeram o modelo e implantaram, com pequenas 
alterações, adaptadas ao modo de vida na Colônia.
a aprendizagem que se dava nas corporações de ofícios eram 
organizadas, não de forma escolarizada, mas sistemática, determinando 
o número de aprendizes por mestre, duração da aprendizagem, a forma 
de avaliação e até contrato de aprendizagem registrado, constando 
valores de remuneração e cláusulas sobre punições e rescisão, caso 
fosse necessário.
as corporações eram instituições fortes, organizadas de tal forma 
que fixava os padrões de produção, preços e salários. a nascente 
burguesia viu nestas organizações entrave para a livre contratação de 
trabalhadores, sem a qual o capitalismo no Brasil, naquela época, se 
tornaria inviável.
a aprendizagem nos engenhos de cana-de-açúcar se dava no próprio 
ambiente de trabalho, sem regulamentações, oferecidas a qualquer 
um que se dispusesse ao trabalho, fossem homens escravos ou livres, 
adolescentes ou crianças. os escravos, que eram a maioria, recebiam 
as orientações sob duras pressões, a aprendizagem ocorria nas “casas 
de penitência”, locais onde o serviço braçal era forçado, os escravos 
amarrados a grossas correntes, com longas jornadas de trabalho e 
precárias condições. os homens livres não recebiam castigo e nem 
restrições, mas era-lhes exigida muita dedicação, força física, atenção 
e lealdade ao senhor.
a agroindústria açucareira começou a declinar no momento em que 
surgiu novo ciclo econômico. Entre os anos de 1693 e 1695, ocorreu a 
descoberta do ouro. Boris Fausto afirma que “sem exagero, a extração 
do ouro liquidou a economia açucareira do Nordeste. os metais 
preciosos vieram aliviar momentaneamente os problemas financeiros 
de Portugal” (FaUSTo, 2003, p.99). a corrida do ouro atraiu pessoas 
de todas as partes do Brasil, principalmente paulistas e baianos, além 
de estrangeiros, escravos e índios. 
a Coroa teve dificuldades em organizar e estabelecer limites ao grande 
contingente de mineradores, incluindo um grande número de frades, 
que impedidos de permanecer como religiosos, criaram irmandades 
HISTóRIA DA EDUCAÇÃO | UNIDADE 2 37
leigas. a mineração fez nascer uma sociedade diferenciada, composta 
de famílias de negociantes, burocratas da coroa, militares,fazendeiros 
e os artesãos. Estes, fugindo dos centros que se esvaziaram, foram para 
a mineração em busca de maiores lucros. Seus negócios prosperaram 
como era de se esperar, havia muitas obras a serem construídas. Logo 
surgiu uma organização de ofícios embandeirados da mineração. a 
sistematização da aprendizagem surgiu em seguida, nos termos que se 
concretizaram nas capitais.
o ciclo do ouro teve seu apogeu por volta de 1750, momento em que 
surgiu a necessidade de expansão do comércio interno, associado ao 
maior controle da Coroa em defesa da pirataria. a Coroa, na tentativa 
de explorar outras regiões, criou a Companhia Geral do Comércio do 
Grão-Pará e Maranhão, com amplos poderes monopolistas. Para dar 
apoio ao comércio interno e externo destes dois centros econômicos 
do ouro em Minas Gerais e o comércio do norte, foram criados os 
arsenais da marinha no Pará e no Rio de janeiro, em 1761 e 1763, 
respectivamente.
a construção naval empreendida pelos jesuítas, após sua expulsão, 
ficou seriamente comprometida. após a criação dos arsenais da 
marinha, foram retomadas as fabricações de diversos tipos de 
embarcações. os oficiais de várias especialidades, em sua maioria 
brancos, e alguns escravos exerciam os postos de comando. além 
dos recrutas da marinha, os artífices eram os homens “vadios” que, 
detidos por crime de infrações corriqueiras, eram enviados pela polícia 
para cumprirem pena nos serviços de carpintaria, ferraria, calafates 
etc. a aprendizagem de ofícios nos arsenais da marinha ocorreu sem 
quaisquer regulamentações.
A CHEGADA DA fAMíLIA REAL AO BRASIL
a chegada da Família Real, em 1808, foi um marco decisivo para as 
mudanças sociais, econômicas e políticas que começaram a ocorrer no 
Brasil, a partir de então. a Coroa Portuguesa se viu obrigada a deixar 
fILOSOfIA38
Coimbra após a invasão de Portugal pela França. Sob a guarda da 
Inglaterra cruzaram o atlântico trazendo mais de quinze mil nobres e 
funcionários. Importantes medidas econômicas foram tomadas logo 
após a chegada. a primeira foi a abertura dos portos. o Príncipe 
Regente foi obrigado a decretar abertura dos portos às nações amigas 
que, naquele momento, se restringia à Inglaterra. Desencadeiam-se 
então as forças renovadoras no sentido de transformar a antiga colônia 
numa comunidade nacional e autônoma.
Chegada da Família Real ao Brasil em 1808
Fonte: http://www.portinari.org.br/IMGS/jpgobras/oaa_2404.jPG
Essa medida favoreceu a comercialização, beneficiando os ingleses que 
poderiam vender mais produtos sem a interferência de Portugal. os 
grandes proprietários de terras e de escravos sentiram-se beneficiados 
com a possibilidade de auferirem maiores lucros.
Nesse processo acelerou-se a urbanização e com ela uma nova 
realidade, ocorreu a criação da Imprensa Régia, da Biblioteca Pública, 
do Museu Nacional e a circulação do primeiro jornal e da primeira 
revista. a abertura dos portos não ampliou apenas o comércio, mas 
a vida social em todos os aspectos: cultural, intelectual e educacional. 
Foram criadas as academias Reais da Marinha e a Militar, além de várias 
escolas de formação profissional e cursos superiores de agricultura, 
botânica, de química e desenho técnico. 
Embora fossem organizações isoladas, não se constituindo em 
universidades, mas com preocupações mais profissionalizantes, tais 
iniciativas foram bastante positivas e significaram o rompimento com o 
ensino jesuítico. o ensino primário e secundário também recebeu um 
HISTóRIA DA EDUCAÇÃO | UNIDADE 2 39
impulso, mais de 60 escolas de primeiras letras e mais de 20 cadeiras 
de gramática latina foram criadas.
a educação na era Colonial se restringia a algumas escolas primárias e 
médias, seminários eclesiásticos e as aulas régias. Com a chegada de 
D. joão, foram criados os primeiros cursos superiores com a finalidade 
de atender à Marinha e ao Exército, as academias Reais da Marinha 
e a Militar, além dos cursos Médico-Cirúrgico precursores das antigas 
faculdades de medicina. Foram criados também os cursos de Economia 
Política, Química e agricultura, além da Real academia de Desenho, 
Pintura, Escultura e arquitetura Civil, que foi transformada depois na 
Escola Nacional de Belas artes. 
Com o objetivo de formar uma elite aristocrática e nobre, o foco da 
educação foi direcionado para o ensino superior em detrimento da 
escola primária e média. outros cursos foram criados, como a Faculdade 
de Direito e a de Engenharia. os novos cargos administrativos criados 
a partir da República foram preenchidos pelos letrados, que, formados 
nas faculdades, principalmente de Direito, ocupavam as melhores 
posições administrativas. 
Para a formação da força de trabalho, ligada à produção, foi necessário 
criar outro tipo de ensino. o tratado econômico-político estabelecido 
entre Portugal e Inglaterra previa a extinção do tráfico de negros para o 
Brasil. Era necessário encontrar uma forma de substituição da mão de 
obra escrava para atender os empreendimentos industriais nascentes. 
a solução imediata encontrada foi a contratação de estrangeiros para 
os cargos. artífices portugueses e chineses atenderam aos apelos da 
nascente indústria brasileira, mas não vieram em número suficiente.
a segunda alternativa foi a criação de diversos institutos filantrópicos, 
com o intuito de recolher crianças pobres, órfãos, abandonados, 
miseráveis e impor-lhes a aprendizagem de ofícios, pois nenhum 
homem livre queria exercer tais atividades estigmatizadas pela 
escravidão.
fILOSOfIA40
Faça uma breve análise da educação no Brasil Colônia 
após a chegada dos jesuítas considerando os seguintes 
aspectos:
- o papel dos jesuítas na educação das elites no 
período colonial;
- a catequização dos índios, os interesses dos 
colonizadores e dos jesuítas;
- a formação da mão de obra ou a aprendizagem de 
ofícios;
- a educação das mulheres e dos negros.
A MISSÃO (The Mission, ING 1986)
Sinopse: no sécUlo xvii, na aMérica do sUl, UM violento Mercador 
de escravos indígenas, arrependido pelo assassinato de seU 
irMão, realiza UMa aUtopenitência e acaba se convertendo coMo 
Missionário JesUíta eM sete povos das Missões, região da aMérica 
do sUl reivindicada por portUgUeses e espanhóis, e qUe será 
palco das "gUerras gUaraníticas”. palMa de oUro eM cannes e 
oscar de fotografia.
Direção: roland Joffé
Elenco: robert de niro, JereMy irons, lian neeson
COMO ERA GOSTOSO MEU fRANCêS (Brasil, 1970)
Sinopse: no brasil, eM 1594, UM aventUreiro francês coM conheciMentos 
de artilharia é feito prisioneiro dos tUpinaMbás. segUndo a cUltUra 
indígena, era preciso devorar o iniMigo para adqUirir todos os seUs 
poderes: saber Utilizar a pólvora e os canhões.
HISTóRIA DA EDUCAÇÃO | UNIDADE 2 41
Direção: nelson pereira dos santos
Elenco: ardUíno colassanti, ana Maria Magalhães, gabriel 
archanJo, edUardo iMbassahy,cUnhaMbebe, José kléber
CARAMURU A INVENÇÃO DO BRASIL (Brasil, 2001)
Sinopse: o filMe teM coMo ponto central a história de diogo 
álvares, artista portUgUês, pintor talentoso, responsável 
por UMa das lendas qUe povoaM a Mitologia brasileira - a do 
caraMUrU. antes, poréM, diogo é responsável por UMa confUsão 
envolvendo os Mapas qUe seriaM Usados nas viagens de pedro 
álvares cabral.
Direção: gUel arraes
Elenco: selton Mello, caMila pitanga, deborah secco, tonico 
pereira, débora bloch, lUís Mello, pedro paUlo rangel, diogo 
vilela.
 
CUNHa, Luiz antônio. O Ensino de Ofícios Artesanais e 
Manufatureiros no Brasil Escravocrata. São Paulo: UNESP; 
Brasília, DF, Flacso, 2000.
FILHo, Francisco Geraldo. A educação brasileira no contexto 
histórico. Campinas, SP: Editora alínea, 2004.
NISKIER, arnaldo. Educação brasileira: 500 anos de história. 
São Paulo: Melhoramentos, 1989.
RIBEIRo, Maria Luiza Santos. História da Educação Brasileira 
- a organização Escolar. São Paulo: Cortez, 11. ed. 1991.
RoMaNELLI, otaíza de oliveira. História da Educação no 
Brasil(1930/1973). Petrópolis: Vozes, 6. ed. 1984.
UNIDADE
A EDUCAÇÃO NO BRASIL IMPERIAL: 
1822 - 1889
OBJETIVOS DESTA UNIDADE:
Identificar as 
características da 
educação brasileira no 
Período Imperial em seu 
contexto social, cultural e 
econômico;
Propiciar elementos 
para uma análise crítico-
reflexiva, do ponto 
de vista histórico, da 
educação brasileira no 
Período Imperial.
3
o Brasil viveu o Período Imperial compreendido entre os anos de 
1808 até 1850. Esse período iniciou-se na fase joanina, após a 
chegado de Dom joão, com uma estrutura social notadamente 
de submissão. De um lado os negros, escravos, mestiços ou semi-
escravos, todos na condição de total submissão. Por outro lado, o 
branco colonizador, na posição de comando. Havia uma relação 
de poder entre essas duas camadas da sociedade: opressão do 
explorador para o explorado, do fiscalizador para o fiscalizado. as 
lutas contra essas contradições foram evidenciadas entre os colonos 
e índios, nos motins de escravos, nas fugas, atentados, violências e 
lutas dos contribuintes coloniais contra o fisco metropolitano. 
aos poucos a condição de submissão foi cedendo espaço à 
emancipação, através das manifestações de descontentamentos 
em diferentes segmentos da sociedade. a revolta de maior 
expressão entre esses movimentos e de grande repercussão foi a 
Inconfidência Mineira.
44 fILOSOfIA
A EMANCIPAÇÃO POLíTICA DO BRASIL
a volta da Família Real para Portugal, em 1821, contribuiu para a 
emancipação política do Brasil, conquistada em 1822. Como nação 
independente, em 1824 é outorgada a primeira Constituição, inspirada 
na Constituição Francesa de 1791.
Para a educação, a Constituição garantiu a instrução primária gratuita 
a todos os cidadãos e abriu a possibilidade para a criação de colégios 
e Universidades. apenas teoricamente, pois os recursos financeiros 
destinados à educação sempre foram escassos, o que inviabilizou a 
ampliação do atendimento escolar. junta-se a este fato, a instabilidade 
política e o “regionalismo” das províncias, o que fez com que ocorressem 
graves falhas na educação em todos os níveis. 
Havia poucas escolas de primeiras letras e insuficiente número de 
professores para atender a todas. Somente a partir de 1835, foram 
criadas as escolas normais em vários estados. 
No Maranhão, a Sociedade Literária 11 de agosto mantinha, em 1872, uma 
Escola Normal que funcionava das 6h30 às 8h e das 5h às 9h, destinada, 
portanto, a trabalhadores (SaLDaNHa; MELo, 1996, p. 23).
No ensino secundário, as aulas ministradas eram avulsas e particulares. 
Como forma de organizar e sistematizar esse nível de ensino, foram criadas 
escolas de nível secundário chamadas de Liceus, inspiradas no modelo 
francês. o que se viu na prática foi a mesma postura de aulas avulsas e 
isoladas de antes, apenas agrupadas num mesmo espaço físico.
o Grito do Ipiranga, 1888.
Fonte: http://www.f64.com.br/holidays/independencia/h0102f40.jpg
HISTóRIA DA EDUCAÇÃO | UNIDADE 3 45
a reforma pombalina introduziu as aulas Régias, e o Estado passou a 
assumir a responsabilidade com a educação. Muitos foram os obstáculos 
encontrados para que o ensino se tornasse laico, pois os professores 
eram oriundos dos Colégios jesuítas com formação sacerdotal. Durante 
os treze anos de transição, formam mantidas as mesmas características 
literárias e religiosas, mas caiu a qualidade do ensino. os métodos 
pedagógicos de varas de marmelo e palmatórias de sucupira eram 
usados como armas para manter a autoridade e o respeito.
Uma classe social intermediária surgiu no Brasil do século xIx, qual? 
a possibilidade de ascensão social é depositada na escola, pois o título 
de doutor valia na época tanto quanto o de proprietário de terras.
Proclamação da República
Fonte: http://letrasdespidas.files.wordpress.com/2009/04/proclamacao-da-
republica.jpg
as ideias liberais dominantes na Europa já haviam chegado ao Brasil. 
a classe ascendente, que se ligava à aristocracia rural para conseguir 
emprego, viu-se numa contradição, tendiam a aderir às novas ideias, 
pois os ideais liberais abriam a possibilidade de ascensão através da 
política, como ocorrera na Europa. o reflexo desta adesão foi sentido 
com a abolição da Escravatura (1888), a Proclamação da República 
(1889) e o desenvolvimento industrial que se seguiu.
Em 1834 foi criado o ato adicional, com o objetivo de conferir às 
províncias o direito de legislar sobre a instrução pública relativa ao 
ensino primário e secundário. o ensino primário foi abandonado 
nas mãos de alguns mestres-escolas, que insistiam em continuar 
No período Monárquico 
o Brasil vivenciou o total 
abandono do ensino primário, 
o ensino secundário se 
tornara propedêutico, elitista 
e privado. O ensino superior 
predominado pelas faculdades 
de Direito, com ênfase na 
retórica, servindo de mera 
ilustração.
46 fILOSOfIA
ensinando. os Liceus Provinciais foram criados nas capitais, de forma 
desorganizada e sem recursos suficientes para sua manutenção. o 
que favoreceu a rede privada de ensino, que, ao absorver o ensino 
secundário, tornou-o mais elitista e voltado para o preparo do exame 
de admissão no ensino superior. Não só as escolas secundárias privadas 
se transformaram em cursinhos preparatórios, mas os Liceus e até o 
Colégio Pedro II, criado e mantido pela Corte para servir de modelo, 
também se viu naquela contingência.
A INfLUêNCIA EUROPEIA NO PENSAMENTO PEDAGóGICO 
BRASILEIRO
No Período Imperial o pensamento pedagógico brasileiro baseava-se 
em imitações de culturas europeias, na ilusão de assim superar o atraso 
cultural e educacional em que se encontrava. a consequência maior 
foi a falta de consciência traduzida na visão ingênua que permitia a 
perpetuação da dominação cultural.
o primeiro projeto educacional apresentado à assembleia Constituinte, 
o “Tratado de Educação”, expressou a inadequação de medidas 
estrangeiras para a nossa realidade educacional. Infelizmente esta 
constatação permaneceu no campo teórico. o que se seguiu foi 
contínuas medidas sendo transplantadas e os fracassos atribuídos a 
questões de âmbito restrito à escola e não as de cunho mais amplos 
referentes à inadequação das propostas.
a classe dominante brasileira teve sua formação cultural sustentada 
na cultura transplantada. Em tese, esse pressuposto justificaria a 
incapacidade do grupo dominante de criar um projeto educacional 
genuinamente nacional. Importante ressaltar os preconceitos herdados 
pela colonização, relativos ao negro como portador de incapacidades 
múltiplas, ao brasileiro como mal administrador, mal político, foram 
inculcados como forma de manter a dominação europeia sobre o 
Brasil.
HISTóRIA DA EDUCAÇÃO | UNIDADE 3 47
a condição fundamental para a manutenção e reprodução das 
relações materiais e sociais de reprodução é o domínio das 
consciências. Para isso a educação do povo é o mecanismo ideal, 
utilizado para disseminar uma determinada ideologia através de 
um pensamento pedagógico. a escola funciona como aparelho 
ideológico de estado e atua como dissimuladora das reais intenções 
do pensamento pedagógico que divulga. Faz crer que há uma 
lógica interna na escola que justifica toda ação pedagógica como 
independente, quando na verdade não o é. São decisões políticas, 
econômicas e sociais que norteiam o pensamento pedagógico 
adotado em cada país.
as desigualdades de oportunidades sociais no Brasil foram atribuídas 
à escola como desigualdades de oportunidades educacionais. Como 
se à escola coubesse a responsabilidade de desenvolver todas as 
potencialidades individuais a ponto de proporcionar aos indivíduos a 
possibilidade de superar as dificuldades que os impedem de ascender 
socialmente. Quando na realidade, sabe-se que as causas estavam em 
questões macros, exteriores à escola. 
Na ocasião da organização do Estado Nacional Brasileiro, as elites se 
aliaram às classes populares.o interesse era estabelecer aliança com a 
população para se fortalecer e enfrentar os opositores. Era uma farsa 
para esconder o jogo político. Proclamaram objetivos educacionais 
que não correspondiam aos objetivos reais, que de fato não foram 
cumpridos.
a educação popular proposta na assembleia Constituinte de 1823 
era inviável. Perdeu-se muito tempo em discussões vãs, ao passo que 
as precárias condições das instituições escolares existentes no país 
exigiram mais atenção. o país não dispunha de meios financeiros nem 
para sustentar o próprio aparelho de Estado que se formava.
o ensino superior mereceu atenção maior que a educação popular. 
o interesse em cursos jurídicos para formar quadros que ocupassem 
cargos políticos e públicos, fez aumentar a procura em tais cursos. o 
ensino secundário propedêutico expandiu-se através, principalmente, 
da iniciativa privada.
48 fILOSOfIA
O DESENVOLVIMENTO DE VOCAÇõES E APTIDõES PELA 
EDUCAÇÃO
Em 1810, foi criada a Companhia de Soldados artífices, com o intuito 
de suprir o exército de produtos e serviços. a intenção era a substituição 
da força de trabalho estrangeira pelo disciplinamento da mão de obra 
local. além das aulas práticas de cada oficio, em serviço, os aprendizes 
recebiam aulas de desenho, abertas posteriormente a aprendizes fora 
do arsenal.
Na Bahia, a casa Pia, destinada ao desenvolvimento de ensino de 
ofícios, foi pioneira na inclusão do ensino profissional.
Era o início de uma longa série de estabelecimentos 
destinados a recolher órfãos e a dar-lhes ensino 
profissional. ainda não encontramos em nossa 
história nenhum outro com essa finalidade. Mas daqui 
por diante, pelo espaço de mais de um século, todos 
os asilos de órfãos, ou de crianças abandonadas, 
passariam a dar instrução de base manual a seus 
abrigados. Na evolução do ensino de ofícios, a aparição 
do Seminário dos órfãos da Bahia, representa um 
marco de incontestável importância. a própria filosofia 
daquele ramo de ensino oi grandemente influenciada 
pelo acontecimento e passou, daí por diante, a encarar 
o ensino profissional como devendo ser ministrado 
aos abandonados, aos infelizes, aos desamparados 
(CUNHa, 2000a p. 75 apud FoNSECa 1961 p. 104).
Por ordem do Príncipe Regente foi criado, em 1809, o Colégio das 
Fábricas. os artífices e aprendizes vindos de Portugal deveriam formar-
se no colégio para serem absorvidos pelas fábricas particulares, assim 
que elas fossem instaladas. Mas a concorrência inglesa impossibilitou 
a instalação da indústria nacional, o que ocasionou o fechamento do 
Colégio das Fábricas em 1812, três anos após sua instalação.
a Imprensa Régia, criada pelo Príncipe Regente, contou com o ensino 
de ofício regulamentado para os aprendizes. Estes deveriam ter idade 
inferior a 24 anos e permanecer nos locais de aprendizagem pelo 
tempo mínimo de cinco anos. os mestres recebiam incentivos por 
aprendiz que completasse dois anos de aprendizagem.
HISTóRIA DA EDUCAÇÃO | UNIDADE 3 49
a academia de artes foi uma instituição criada para atender menores 
na tentativa de oferecer tanto o ensino das artes mecânicas quanto o 
ensino das belas-artes.
Em decorrência da contratação de pessoas nos grandes centros, dentre 
outros, criou-se um enorme contingente de desocupados sujeitos à 
vadiagem e à desordem. Temerosa, a elite brasileira reclamava 
providências no sentido de assegurar “normas para o bem viver”. Foi 
então criado o Projeto de Lei denominado “Repressão à ociosidade” 
que propunha a correção dos infratores do termo de “bem viver”. 
o Projeto foi aprovado e mandava criar estabelecimentos públicos 
destinados a correção, pelo trabalho, especialmente na agricultura, a 
infratores que transgredissem os tais termos.
AS CASAS DE EDUCANDOS ARTífICES
Por um lado havia a preocupação da elite política em dar trabalho a 
quem vadiasse, por outro lado os trabalhadores já preocupavam em 
se organizarem para defender seus interesses. os primeiros sinais de 
organização da classe trabalhadora no Brasil apareceram no século 
xIx, por forte influência dos “agitadores” estrangeiros, que não 
conformavam com a exploração da mão de obra escrava no Brasil. 
as organizações iniciais eram de cunho beneficente, que mais se 
aproximavam às bandeiras de ofícios. a entidade filantrópica chamada 
de Sociedade Montepio dos artífices da Bahia em 1832 foi a pioneira, 
seguida da Sociedade auxiliadora das artes e Beneficentes do Rio de 
janeiro em 1835 (CUNHa, 2000a, p. 94).
as indústrias manufatureiras fabris receberam incentivos fiscais 
através de contratos que previam, dentre outras coisas, a proibição 
da contratação de mão de obra escrava. Em contrapartida, havia a 
obrigação de contratação de menores aprendizes. 
Na medida em que se constituía o Estado Nacional, desenvolvia-se o 
aparato burocrático administrativo, judiciário e militar. Novas instituições 
50 fILOSOfIA
de ensino de ofícios manufatureiros foram criadas, ora pela iniciativa 
pública, ora pela iniciativa privada, ora pela articulação entre ambas.
após a Independência, os arsenais de guerra se multiplicaram. 
Nas oficinas militares havia muitos menores aprendizes praticando 
inúmeros ofícios. os quartéis militares foram os primeiros a atraírem 
para os seus quadros, menores, órfãos, pobres e desvalidos da sorte. 
as práticas de aprendizagens eram seguidas às de religiosidade para 
o disciplinamento dos aprendizes. aos 21 anos, findava o prazo de 
aprendizagem de ofícios, momento em que recebiam certificado de 
mestre e eram contratados como operários.
Por iniciativa da filantropia, como obras de caridade, foram criadas em 
cada capital da província as Casas de Educandos artífices. até o ano 
de 1865, dez casas estavam em funcionamento, mantidas pelo Estado, 
abrigando menores para aprenderem ofícios de marcenaria, ferraria, 
carpintaria, funileiro, pedreiro e outros. 
a primeira casa foi no Pará, em 1840, 
que serviu de paradigma para as demais. 
a segunda foi no Maranhão, em 1842, 
seguida por São Paulo, em 1844, Piauí, 
em 1849, alagoas, em 1854, Ceará, em 
1856, Sergipe, em 1856, amazonas, em 
1858, Rio Grande do Norte, em 1859, e 
por fim, na Paraíba, em 1865.
outras instituições assistencialistas 
foram criadas no intuito de amparar 
meninos desvalidos e formá-los como 
força de trabalho. a mais importante 
delas foi o asilo dos Meninos desvalidos do Rio de janeiro, em 1875. os 
asilos eram orientados a darem a instrução básica a todos e selecionar 
os que possuíssem mais talentos para continuarem os estudos. 
a educação era distribuída em três partes. Na primeira era oferecida 
a instrução primária básica; na segunda, eram oferecidas disciplinas 
como álgebra, geometria aplicada às artes, escultura, desenho e música; 
na terceira parte eram ensinados ofícios de tipografia, encadernação, 
alfaiataria, carpintaria, marcenaria, e outros. 
Menores em casa de educandos
Fonte: http://www.casapia.org.br/home/salas%20de%20aula%20nos%20corredores%20
devido%20a%20reforma%20de%20%2067.jpg
HISTóRIA DA EDUCAÇÃO | UNIDADE 3 51
ao terminar a terceira fase, o aprendiz era obrigado a permanecer 
por mais três anos na instituição, trabalhando nas oficinas. o produto 
do seu trabalho era vendido e metade do valor depositado na Caixa 
Econômica, que lhe era entregue ao sair.
o aspecto assistencialista foi deixado de lado na academia de Belas 
artes, o ingresso de alunos era feito através de processo seletivo. o 
candidato teria que saber ler, escrever e contar. ao ser aprovado, o 
aluno teria de optar por se dedicar às belas-artes, para ser artista, ou 
pelas artes mecânicas, para ser artífice. a academia havia sido criada 
como escola superior, pelo menos superior nos talentos, expressados 
desde o acesso.
após a intensificação da indústria manu-
fatureira, foram criadas várias entidades 
assistencialistas para amparar órfãos, 
indigentes ou filhos de pais pobres, 
para ensinar-lhesas artes de ofícios. 
Em 1858, foi criado o primeiro Liceu de 
artes e ofícios, tendo como instituição 
mantenedora uma das sociedades civis, 
apoiados pelo Imperador, pela Princesa 
Isabel, e por vários membros da corte. o 
objetivo de tais instituições, além do caráter 
amparador, era aplicar os estudos de belas 
artes aos ofícios industriais.
os Liceus recebiam dois tipos de alunos: os efetivos, que seguiam o 
curso completo, e os amadores, que cursavam apenas uma parte dos 
estudos. 
após a República, os liceus receberam novo impulso. Seus sócios repu-
blicanos ocuparam cargos públicos e aumentaram consideravelmente 
suas contribuições. Foram ampliadas as instalações e o número de 
atendimentos. Em 1891, no Liceu do Rio de janeiro, foram admiti-
das mulheres como alunas, o currículo feminino era diferenciado, mais 
voltado para prendas domésticas. No ano seguinte, teve início o curso 
comercial, em quatro séries. 
Menores aprendendo tecelagem
Fonte: http://www.casapia.org.br/home/tecelagem%201967.jpg
52 fILOSOfIA
a Sociedade auxiliadora da Indústria, criada em 1827, inspirada 
numa francesa de igual teor, tinha o objetivo de incentivar a utilização 
de maquinário como forma de incrementar a produção e substituir 
a mão de obra, que deveria se restringir a poucos, mas qualificados 
trabalhadores. Para tanto, foi criada a Escola Industrial em agosto 
de 1873, na qual foram matriculados 176 alunos, entre brasileiros 
e estrangeiros. o currículo ambicioso e algumas dificuldades nas 
instalações fizeram com que os alunos desistissem dos cursos e em 
1892 foi desativada a escola.
Faça uma breve análise da organização da educação 
brasileira no Período Imperial.
após a chegada da Família Real ao Brasil muitas 
mudanças ocorreram. Quais foram e com quais 
finalidades?
Quanto à educação profissional, a quem estava 
destinada e em que circunstâncias as primeiras escolas 
foram criadas?
CARLOTA JOAqUINA, PRINCESA DO BRASIL (Brasil 1995)
Sinopse: a Morte do rei de portUgal d. José i eM 1777 e a 
declaração de insanidade de d. Maria i eM 1972, levaM seU filho 
d. João e sUa MUlher, a espanhola carlota JoaqUina, ao trono 
portUgUês. eM 1807, para escapar das tropas napoleônicas, 
o casal se transfere às pressas para o rio de Janeiro, onde a 
faMília real vive seU exílio de 13 anos. na colônia aUMentaM os 
desentendiMentos entre carlota e d. João vi.
Direção: carla caMUrati
HISTóRIA DA EDUCAÇÃO | UNIDADE 3 53
Elenco: Marieta severo, Marco nanini, lUdMila dayer, Maria 
fernanda, Marcos palMeira, antonio abUJaMra, vera holtz, ney 
latorraca. 100 Min.
 
INDEPENDêNCIA OU MORTE (Brasil 1972)
Sinopse: o filMe narra UM dos períodos Mais iMportantes da 
história do brasil: a chegada da faMília real, a infância e a 
JUventUde de d. pedro i, as contendas políticas, as lUtas de 
interesses, a proclaMação de nossa independência, a rebeldia e 
as aventUras do príncipe, seU roMance coM a MarqUesa de santos 
e seU retorno a portUgal. 
Direção: carlos coiMbra
Elenco: tarcísio Meira, glória Menezes 
OS INCONfIDENTES (Co-produção Brasil Itália 1972)
Sinopse: o filMe é UMa versão cineMatográfica da inconfidência 
Mineira, de seU início até o degredo dos inconfidentes e a 
execUção de tiradentes.
Direção: JoaqUiM pedro de andrade
Elenco: Jose Wilker, lUiz linhares, paUlo José pereio, fernando 
torres
xICA DA SILVA (Brasil 1976)
Sinopse: conta a história (roManceada) da escrava chica da silva.
Direção: cacá diegUes
Elenco: zezé Motta, WalMor chagas, Jose Wilker
54 fILOSOfIA
CUNHa, Luiz antonio. O Ensino de Ofícios Artesanais e 
Manufatureiros no Brasil Escravocrata. São Paulo: UNESP. 
Brasília, DF; Flacso, 2000a.
FILHo, Francisco Geraldo. A educação brasileira no contexto 
histórico. Campinas, SP: Editora alínea, 2004.
GHIRaLDELLI júNIoR, Paulo. História da Educação. SP: 
Cortez, 1990.
RIBEIRo, Maria Luiza Santos. História da Educação Brasileira 
- a organização Escolar. 11. ed. São Paulo: Cortez, 1991.
RoMaNELLI, otaíza de oliveira. História da Educação no 
Brasil (1930/1973). 6. ed. Petrópolis: Vozes, 1984.
SaLDaNHa, Lilian Maria Leda, MELo, Maria alice. Reconstrução 
histórica do processo de formação primária no Maranhão 
(1889-1930). São Luís, 1996. mimeo.
xaVIER, Maria Elisabete Sampaio Prado. Poder político e 
educação de elite. 3. ed. SP: Cortez Editora: autores associados, 
1992.
OBJETIVOS DESTA UNIDADE:
analisar a trajetória da 
educação no Brasil, no 
Período Republicano, 
através das reformas 
instituídas desde a 
primeira Constituição.
Compreender os 
mecanismos que levaram 
a sucessivos fracassos na 
superação dos problemas 
educacionais brasileiros 
no período da primeira 
República.
4
UNIDADE
AS REfORMAS DA EDUCAÇÃO NA 
REPÚBLICA VELHA: 1889 - 1930
após a Proclamação da Re-
pública e a promulgação da 
Constituição de 1891, em 
que assumem o poder os Ma-
rechais Manuel Deodoro da 
Fonseca e Floriano Peixoto, o 
Brasil entrou numa nova fase: 
a transformação das provín-
cias em Estado, cada Estado 
regido por sua própria Cons-
tituição, os governos eleitos 
pelo voto e seus próprios aparatos policiais.
a aliança das forças militares com a camada dominante 
conquistou a república. ocorrida no ano de 1889, a Proclamação 
da República marcou o momento da emancipação política 
brasileira, sob forte influência do Positivismo. a contradição 
assembleia Constituinte da República
Fonte: http://www.novomilenio.inf.br/festas/brasil1v.jpg
56 fILOSOfIA
que antes se dava entre senhores e escravos passa a ser entre a 
submissão e a emancipação. 
Nesse momento histórico chamado de República Velha, começa a 
ocorrer o crescimento da camada média da população, juntamente 
com o processo de urbanização do país. Essa camada média, composta 
de comerciantes, funcionários do Estado, profissionais liberais, 
militares, religiosos, viam na educação a possibilidade de ascensão 
social. Constituindo-se, por isso, num incentivo para que os problemas 
relativos à educação assumissem maiores proporções e influenciassem 
as políticas educacionais.
AS PRIMEIRAS DECISõES REPUBLICANAS NA ÁREA DA 
EDUCAÇÃO
Várias decisões governamentais foram tomadas com relação à 
educação, momento em que esta recebeu muita atenção por parte do 
novo governo. Tais modificações aconteceram em todos os níveis do 
ensino, inclusive no nível superior que, aos moldes da Europa, formava 
oradores sem funções práticas na sociedade. Faltavam instituições 
que se dedicassem à pesquisa científica e aos estudos filosóficos 
metodológicos. 
o ensino secundário, cujo conteúdo era de predomínio literário, 
exclusivo aos alunos do sexo masculino, tinha forte participação da 
iniciativa privada, caracterizado como ensino preparatório para o 
ingresso no curso superior.
o manifesto liberal foi o pontapé para uma série de reformas, importadas, 
vale dizer, que evidenciavam a distância do Brasil real para o Brasil ideal. 
o Positivismo, apoiado no liberalismo e no cientificismo, ganhou força 
para implantar as reformas, tais como ocorreram na Europa, dentre as 
quais a supressão dos poderes da aristocracia, limites para a atuação da 
Igreja separada do Estado, o registro civil para o casamento.
HISTóRIA DA EDUCAÇÃO | UNIDADE 4 57
a educação recebeu, em 1879, a reforma do Ensino Livre proposta 
por Leôncio de Carvalho, em cujo teor consta a liberdade do ensino, 
o exercício do magistério separado das funções administrativas, 
a liberdade de frequência às aulas e outras. Esta data também foi 
marcada pela introdução do ensino feminino no nível secundário. Foi 
criada a Escola americana e outras escolas modelo.
Três forças sociais participaram do golpe militar ocorrido em 
15/11/1889 que proclamou a República. os governos de Deodoro 
da Fonseca e Floriano Peixoto foram apoiados por uma parcela 
do exército, os fazendeiros paulistas e a classe média urbana. 
Posteriormente as oligarquias dos Cafeicultores dominaram o poder,

Outros materiais