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Introdução ao Direito Previdenciário

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 A SEGURIDADE SOCIAL 
Em meados do século XX, entre 1940 e 1943, alguns países, como Alemanha e 
Inglaterra, perceberam que o Seguro Social não era suficiente para amparar seus 
cidadãos, uma vez que esse modelo do século XIX garantia direitos apenas aos 
trabalhadores vinculados por contrato de trabalho. 
Diante dessa necessidade de ampliação da cobertura securitária, esses países foram 
pioneiros na criação do modelo de Seguridade Social, que não se confunde com o 
Seguro Social. 
Após iniciativas de se criar um modelo de seguridade social, tivemos a Declaração dos 
Direitos do Homem, em 1948, que reconheceu a necessidade de se implantar a 
seguridade social como modelo universal. 
Posteriormente, a 35ª Conferência Internacional do Trabalho, da OIT, em 1952, 
aprovou a Convenção n. 102, à qual denominou “Norma Mínima em Matéria de 
Seguridade Social”.1 
A Constituição brasileira de 1988, em seu artigo 6º passou a enumerar os direitos 
sociais e o artigo 194 complementou, conceituando a Seguridade Social: 
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado 
de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, 
destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à 
previdência e à assistência social. 
Dessa forma, no Brasil a Seguridade Social abrange a Saúde, a Previdência e a 
Assistência Social. 
 
 FONTES DO DIREITO PREVIDENCIÁRIO 
Segundo a doutrina e juristas, são fontes do direito previdenciário: 
 a Constituição Federal; 
 a Emenda Constitucional; 
 a Lei Complementar; 
 a Lei Ordinária; 
 a Lei Delegada; 
 a Medida Provisória; 
 o Decreto Legislativo; 
 a Resolução do Senado Federal; 
 os Atos Administrativos Normativos; 
 a jurisprudência dos Tribunais Superiores e da Turma Nacional de 
Uniformização dos Juizados Especiais Federais. 
 
 
1
 Ob. Cit.. 
 PRINCÍPIOS GERAIS E CONSTITUCIONAIS DO DIREITO 
PREVIDENCIÁRIO 
Os princípios no Direito Previdenciário estão divididos da seguinte forma: (i) 
Princípios Gerais do Direito Previdenciário; (ii) Princípios Constitucionais do 
Direito Previdenciário e (iii) Princípios Específicos de Custeio. 
 Princípios Gerais 
Tem-se como princípios gerais do direito previdenciário: 
a) Princípio da solidariedade: a Previdência Social se baseia, 
fundamentalmente, na solidariedade entre os membros da sociedade 
(art. 3º, inciso I, da CB/1988). Ressalta Daniel Machado da Rocha que 
“a solidariedade previdenciária legitima-se na ideia de que, além de 
direitos e liberdades, os indivíduos também têm deveres para com a 
comunidade na qual estão inseridos”, como o dever de recolher tributos 
(e contribuições sociais, como espécies destes), ainda que não haja 
qualquer possibilidade de contrapartida em prestações (é o caso das 
contribuições exigidas dos tomadores de serviços).2 
 
b) Princípio da vedação do retrocesso social: segundo Marcelo 
Leonardo Tavares, “consiste na impossibilidade de redução das 
implementações de direitos fundamentais já realizadas”.3 
 
c) Princípio da proteção ao hipossuficiente: por esse princípio, as 
normas dos sistemas de proteção social devem ser fundadas na ideia 
de proteção ao menos favorecido. Daí decorre, como no Direito do 
Trabalho, a regra de interpretação in dubio pro misero, ou pro operario, 
pois este é o principal destinatário da norma previdenciária. 4 
 
 Princípios Constitucionais 
Como o próprio nome já diz, os princípios constitucionais são princípios trazidos na 
própria Constituição brasileira de 1988 (art. 194), vejamos quais são: 
a) Universalidade da cobertura e do atendimento: a cobertura deve 
alcançar a proteção social em todos os seus eventos, a fim de manter a 
subsistência de quem dela necessite. O atendimento significa a entrega 
das ações, prestações e serviços de seguridade social a todos os que 
necessitem, tanto de previdência social, como da saúde e da 
assistência social. 
 
b) Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às 
populações urbanas e rurais: estabelece o tratamento uniforme a 
 
2
 CASTRO, de, C.A. P., LAZZARI, Batista, J. Manual de Direito Previdenciário, 22ª edição. 
[Minha Biblioteca]. Retirado de https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books 
/9788530985363/ 
3
 Ob. Cit. 
4
 Ob. Cit 
trabalhadores urbanos e rurais, havendo assim idênticos benefícios e 
serviços (uniformidade), para os mesmos eventos cobertos pelo sistema 
(equivalência). 
 
c) Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios: a 
seletividade pressupõe que os benefícios são concedidos a quem deles 
efetivamente necessite, razão pela qual a Seguridade Social deve 
apontar requisitos para a concessão de benefícios e serviços. A 
distributividade compreende a distribuição de renda e bem estar social, 
por meio de seus benefícios e serviços. 
 
d) Irredutibilidade do valor do benefício: por este principio, o 
benefício não pode ter seu valor nominal reduzido, preservando-se seu 
valor real. 
 
e) Equidade na forma de participação do custeio: busca-se garantir 
que aos hipossuficientes seja garantida a proteção social, exigindo-se 
destes, quando possível, contribuição equivalente a seu poder 
aquisitivo. 
 
f) Diversidade da base de financiamentos: surge da necessidade de 
se estabelecer várias fontes de financiamento, uma vez que nosso 
sistema é hibrido, ou seja, sistema contributivo e não contributivo. 
 
g) Caráter democrático e descentralizado da administração, 
mediante gestão quadripartite: a gestão dos recursos, programas, 
planos, serviços e ações nas três vertentes da Seguridade Social deve 
ser realizada mediante discussão com a sociedade (trabalhadores, 
empregadores, aposentados e governo). 
 
 4.3 Princípios Específicos de Custeio 
 
a) Do orçamento diferenciado: a Seguridade Social tem orçamento 
próprio, distinto daquele previsto para a União Federal. 
 
b) Da precedência da fonte de custeio: é o principio segundo o qual 
não pode ser criado benefício ou serviço, nem majorado ou estendido a 
categorias de segurados, sem que haja a correspondente fonte de 
custeio total. 
 
c) Da compulsoriedade da contribuição: estabelece a 
obrigatoriedade de contribuições sociais á todo àquele que a lei 
estabelecer e constituir como fato gerador. 
 
d) Da anterioridade tributária em matéria de contribuições sociais: 
as contribuições sociais, quando criadas ou majoradas, só podem ser 
exigidas após o prazo de noventa dias.

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