Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE LINS - UNILINS CURSO DE FARMÁCIA LUIS FERNANDO DA SILVA LEITE CUMARINAS E SAPONINAS LINS 2020 LUIS FERNANDO DA SILVA LEITE CUMARINAS E SAPONINAS Trabalho realizado no Centro Universitário de Lins como requisito para obtenção de pontos na média do curso de graduação em Farmácia. Lins 2020 Introdução Cumarinas Cumarinas são benzo-derivados da pirona, de ocorrência natural ou sintética, classificadas como: benzo-α-pironas e benzo-γ-pironas que são comumente conhecidas por cromonas. As cumarinas tem como representante mais simples a 1,2-benzopirona que foi isolada pela primeira vez por Vogel, em 1820, de frutos de D. odorata. As propriedades farmacológicas e bioquímicas, e as aplicações terapêuticas de cumarinas simples, dependem do padrão de substituição. Mais de 300 cumarinas foram identificadas a partir de fontes naturais, em especial plantas verdes. As mais comuns na natureza são a umbeliferona, a esculetina e a escopoletina. A cumarina é conhecida por ser um forte inibidor da germinação de sementes e crescimento de raízes. É uma substância modulada pela luz, capaz de reduzir a taxa de respiração e fotossíntese por inibir o sistema de transporte de elétrons. Apresenta um efeito ambíguo (indução e inibição) sobre o crescimento, dependendo da espécie e da concentração. Entre as cumarinas isoladas, as mais estudadas são o ostol e o aurapteno. ] O ostol pode ser utilizado como anticancerígeno, para a prevenção de hepatite, entre outros. O aurapteno é um composto que apresenta atividade antiagregante plaquetária, e uma elevada atividade antimicrobiana. Há indícios de que a eficácia do composto de cumarina, oxypeucedanin, contra linhagens celulares de câncer de próstata DU145, sugeriram um efeito anticancerígeno novo para oxypeucedanin, mediado através da indução de parada do ciclo celular G2-M e apoptose destas células. A atividade antioxidante de cumarinas realizada pelo método fotocolorimétrico do radical livre estável DPPH foi sugerida em alguns estudos, que através de extratos etanólicos totais das flores e dos caules/folhas de Bidens segetum Martius ex Colla e das partes aéreas de Pterocaulon alopecuroides, verificou que cumarinas 6,7-diidroxiladas e flavonoides hidroxilados nos anéis, com ligação dupla nas posições 2,3 e grupo hidroxila na posição 3 do anel são os principais responsáveis pela atividade dos extratos testados. Cientistas avaliando as possíveis propriedades citoprotetoras de cumarina (1,2-benzopirona) e alguns de seus derivados, como esculetina (6,7- diidroxicumarina), escoparona (6,7-dimetoxicumarina) e 4-metilumbeliferona (7- hidroxi-4-metilcumarina), contra tetracloreto de carbono (CCl4), obtiveram resultados que indicam que as estruturas químicas de cumarinas desempenham um papel importante na prevenção da toxicidade hepática. As cumarinas constituem um grupo de substâncias derivadas do metabolismo da fenilalanina, sendo um de seus primeiros precursores o ácido p- hidróxi-cinâmico (ácido p-cumarínico). Compreendem o grupo dos compostos conhecidos como benzopironas. O núcleo básico de todas as cumarinas é resultante da fusão dos anéis benzeno e 1,2-pirona, sendo o representante principal a cumarina, também conhecida como 1,2-benzopirona. Este composto foi inicialmente isolado em 1920 por Vogel a partir do fruto de Dipteryx odorata, e batizado de cumarina em uma referência a outra planta, a Coumarona odorate, na qual este composto é encontrado em abundância. Em virtude da sua simplicidade estrutural, a cumarina simples é conhecida como o composto líder da classe, embora geralmente a 7-hidroxicumarina embora seja considerada como o composto mais importante, visto que grande parte das cumarinas mais complexas é seu derivado. A literatura nos mostra que os principais tipos de cumarinas encontradas na natureza são geralmente oxigenadas na posição C-7, e pouco frequentemente oxigenadas nas posições C-5, C-6 e C-8. A quantidade e natureza destes substituintes, independente da sua origem, classificam estas moléculas como: simples, furanocumarinas, piranocumarinas, e cumarinas substituídas no anel pirona. Também é valido ressaltar que após a ciclização da cumarina, a natureza dos substituintes indicarão suas características químicas. Substituintes ativadores (doadores de elétrons) e desativadores (retiradores de elétrons) influenciam o núcleo 1,2-benzopirona de diferentes formas e modelam as atividades biológicas e químicas atribuídas a estes compostos, bem como os demais parâmetros farmacológicos. Neste contexto, as mudanças sazonais, condições ambientais ou estresses provocados por interação com microrganismos podem afetar diretamente a ocorrência e a quantidade de cumarinas em diversas partes da planta e consequentemente as atividades biológicas atribuídas aos seus extratos. Por este motivo, com o decorrer dos anos, inúmeros métodos de síntese de cumarinas foram desenvolvidos, facilitando o acesso e incorporando resultados interessantes a este grupo de moléculas. Em uma breve revisão da literatura, observa-se que a síntese de cumarinas pode ser realizada de várias maneiras, incluindo as reações de Pechmann, Perkin, de Knoevenagel, de Reformatsky, Wittig, Ponndorf, entre outras. Dentre estas, a síntese de Pechmann é a metodologia mais utilizada, pois envolve a utilização de materiais de partida simples, isto é, fenóis e β- cetoesteres em meio ácido. A síntese de 4-metilcumarina, realizada a partir da condensação do fenol com acetoacetato de etila em presença de ácido sulfúrico concentrado, foi descrita pela primeira vez em 1883 por Hans von Pechmann e seu estudante Friedrich Carl Duisberg que sintetizaram esta cumarina no laboratório de Adolf von Baeyer na Universidade de Munique. Mais tarde, Pechmann estendeu esta metodologia para realizar a síntese de outras cumarinas, empregando ácido málico no lugar de βcetoester. Progressos consideráveis têm sido relatados acerca das propriedades farmacodinâmicas, farmacocinéticas e toxicológicas das cumarinas. Os resultados obtidos nestes trabalhos indicam que a 1,2-benzopirona é considerado um interessante núcleo para o desenvolvimento de novos fármacos já que, além de apresentar uma enorme gama de atividades farmacológicas, seus derivados ativos geralmente obedecem à regra dos cinco de Lipinski e apresentam uma satisfatória permeação através de barreiras biológicas, características importantes observadas para os principais fármacos disponíveis no mercado atualmente. A partir da década de 1990, um número significante de trabalhos passou a ser publicado relacionando inúmeras atividades biológicas às cumarinas, como por exemplo: antimicrobiana, imunossupressora, anti-HIV, antimelanogênica, citostático e citotóxico. Conclusão Cumarinas A cumarina possui uma elevada solubilidade em dióxido de carbono supercrítico em pressões acima do comportamento retrógrado, sendo capaz de solubilizar mais que 100g de cumarina para cada quilo de solvente. Desta forma, chega-se a conclusão, que a utilização de um co-solvente apolar, como por exemplo, o etano, poderia ser utilizado, na tentativa de melhorar a seletividade, e consequentemente, o rendimento na extração. Um item que poderá ser explorado em trabalhos futuros. Introdução: Saponinas Saponinas são um grupo de glicosídeos presentes em plantas, cuja característica mais citada é a capacidade de formar espuma em soluções aquosas. A presença de saponinas foi reportada em mais de 100 famílias de plantas, das quais pelo menos 150saponinas naturais foram caracterizadas por possuir significantes propriedades anti-câncer. Baseado em seu esqueleto químico, as saponinas são classificadas em triterpênicas ou esteróides. As saponinas esteróides possuem a porção aglicona derivada do ciclopentanoperidrofenantreno (conhecido como núcleo esteróide), enquanto as saponinas triterpênicas possuem 30 átomos de carbono e núcleo triterpênico como porção aglicona. As saponinas esteróides estão presentes quase exclusivamente nas angiospermas monocotiledôneas, enquanto que as saponinas triterpênicas, mais abundantes, ocorrem principalmente nas angiospermas dicotiledôneas. As saponinas esteróides encontram-se principalmente distribuídas entre as famílias Agavaceae, Dioscoreaceae, Liliaceae, Solanaceae, Scrophulariaceae, Amaryllidaceae, Leguminosae e Rhamnaceae; enquanto as saponinas triterpênicas encontram-se mais comumente distribuídas entre as famílias Leguminosae, Araliaceae, Scrophulariaceae, Campanulaceae e Caryophyllaceae. O núcleo triterpênico tem a mesma origem que o esqueleto esteróide, porém diverge durante o processo de formação do óxido de esqualeno. Nesse caso, o óxido de esqualeno cicliza em uma conformação cadeira-cadeira- cadeira-barco, podendo dar origem aos triterpenos tetracíclicos ou aos triterpenos pentacílicos. Dentre as atividades mais citadas para as saponinas na literatura científica, destacam-se a atividade hemolítica, moluscicida, antiinflamatória, antifúngica/antilevedura, antibacteriana/antimicrobiana, antiparasítica, citotóxica/antitumoral e por fim, a atividade antiviral. Há mais de 11 esqueletos de saponinas, incluindo damaranos, tirucalanos, lupanos, hopanos, oleananos, taraxasteranos, ursanos, cicloartanos, lanostanos, curcurbitanos e esteróides. Entre essas saponinas, cicloartanos, damaranos, oleananos, lupanos e alguns esteróides os quais demonstraram atividade antitumoral em diferentes tipos de câncer . Uma saponina esteróide nova, a furcreastatina, isolada de extrato etanólico de folhas de Furcraea foetida (L.) Haw. (Agavaceae), foi testada para toxicidade seletiva contra fibroblastos de ratos que possuíam expressão do gene mutante. Esse composto diminuiu a viabilidade das 13 células com o gene mutante expresso, com uma concentração de ED50 de 4µg/ml. Muitas saponinas isoladas têm demonstrado alta atividade citostática ou citotóxica contra linhagens celulares HL-60 de leucemia humana. Segundo a literatura cientistas isolaram um novo metabólito de saponina (IH-901) de Panax ginseng, que demonstrou atividade antitumoral in vitro. Esse composto foi testado contra quatro linhagens celulares de câncer humano e uma sublinhagem resistente à cisplatina (CDDP). Os resultados sugerem que essa saponina não possui resistência cruzada a CDDP nessa linhagem celular testada e, portanto, é uma importante candidata para o tratamento de câncer pulmonária CDDP resistente. Saponinas do isoladas de Panax ginseng e suas atividades profiláticas contra o câncer foram revisadas por Shibata (2001). Embora se saiba que as saponinas sejam compostos abundantes no reino vegetal, o reino animal também pode nos oferecer saponinas com atividade antitumoral, que apresentam as propriedades antitumorais das saponinas holoturinosídeos, ou seja, uma classe de saponinas obtida da Holothuria forskalii, um equinoderma popularmente conhecido como pepino-do-mar ou Holotúria. O trabalho testou a atividade dos holoturinosídeos A, B, C e D, isolados de Holotúrias, obtendo um resultado de uma atividade inibitória de células tumorais da linhagem P388 no valor de IC50 de 0,38 mg/ml a 0,46 mg/ml. Em relação ao emprego das saponinas na indústria farmacêutica, destaca-se o uso desses compostos como adjuvantes para aumentar a absorção de outros medicamentos através do aumento da solubilidade e interferência nos mecanismos de absorção, e seu emprego como adjuvante para aumentar a resposta biológica. Adams et al. (2010) exemplifica claramente tal uso das saponinas, apresentando o composto QS21, extraído da planta Quillaja saponaria, como um potente adjuvante, passível de ser empregado em vacinas antitumorais e vacinas antivirais. A saponina testada atuou aumentando a resposta imune ao antígeno co-administrado a ratos, em um valor de 87%, quando administrado uma dose de 10 µg do composto por via i.v. Por tamanha versatilidade e abundância no reino vegetal, é possível dizer que as saponinas constituem uma promessa da ciência, bem como para a indústria farmacêutica, na obtenção de novos produtos com atividade antitumoral, instigando, assim, o desenvolvimento de terapias inovadoras que venham a ser uma nova esperança na árdua luta contra o câncer. Conclusão Saponinas A pesquisa realizada brevemente demonstra a eficaz atividade de saponinas derivadas de plantas, bem como dos seus derivados sintéticos, contra uma grande variedade de células tumorais, seja em ensaios in vitro, como em estudos in vivo, que empregavam modelos animais. Por sua abundância no reino vegetal, bem como sua gama de efeitos biológicos, reportados por diversos pesquisadores do mundo inteiro, as saponinas são consideradas compostos promissores no tratamento de várias doenças (distúrbios cardiovasculares, infecções por HSV e HIV e distúrbios do sono), entre essas, o câncer. Um dos países que lidera pesquisas acerca da atividade antitumoral de saponinas (bem como de outros efeitos biológicos) é a China, por possuir a maior variedade de plantas estudadas ricas nesses compostos, de grande emprego na medicina tradicional. Entretanto, é importante observar as diferenças culturais e burocráticas que envolvem a pesquisa e o emprego de novos compostos em diferentes regiões do mundo. Independente de pesquisadores chineses comentarem o emprego de saponinas na prática clínica, não há relatos de estudos sobre os efeitos desses compostos em humanos, que avaliem não apenas a eficácia dos efeitos farmacológicos dessas substâncias, mas seus potenciais efeitos colaterais, adversos e tóxicos ao organismo.
Compartilhar