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Brasília-DF. Planejamento da mobilidade Urbana, acessibilidade e sUstentabilidade Elaboração Orlando Correa Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 4 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 5 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7 UNIDADE I MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE ................................................................ 9 CAPÍTULO 1 CONCEITOS INTRODUTÓRIOS ................................................................................................... 9 CAPÍTULO 2 POLÍTICA NACIONAL DE MOBILIDADE URBANA ........................................................................ 24 CAPÍTULO 3 INSTRUMENTOS DE GESTÃO DE MOBILIDADE URBANA.............................................................. 43 UNIDADE II PLANO SUSTENTÁVEL DE MOBILIDADE URBANA ..................................................................................... 49 CAPÍTULO 1 SITUAÇÃO ATUAL NO BRASIL: FALTA DE PLANEJAMENTO, INEFICIÊNCIA E IMPROVISO GERANDO O CAOS .................................................................................................................................... 49 CAPÍTULO 2 IMPLEMENTAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE PLANO SUSTENTÁVEL DE MOBILIDADE URBANA ...... 61 CAPÍTULO 3 ESTUDO DE CASOS ............................................................................................................... 65 PARA (NÃO) FINALIZAR ..................................................................................................................... 78 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 80 4 Apresentação Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 5 Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Praticando Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer o processo de aprendizagem do aluno. 6 Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Exercício de fixação Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/ conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não há registro de menção). Avaliação Final Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso, que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber se pode ou não receber a certificação. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 7 Introdução O tema mobilidade urbana tem sido objeto de amplos debates, porém poucos países têm algo de concreto a apresentar nessa área. Inicialmente convém ressaltar o fato de ser um assunto com diversos enfoques, não podendo ser limitado apenas ao conceito de meio de transporte. Por outro lado, o direito de ir e vir previsto na Constituição Federal não deve ser confundido com o conceito de mobilidade urbana. Embora possamos dizer que o direito de mobilidade relaciona-se com o direito que o indivíduo tem de ir e chegar aos locais de destino desejados em condições de acessibilidade oferecidas pelo Estado, veremos que não existe mobilidade sem integração e interação entre agentes públicos e privados. Neste contexto, podemos ressaltar a necessidade de se criar uma parceria entre as cidades, o Estado e a população para, juntos, chegarem ao melhor entendimento do que se entende com esse conceito, visando colocá-lo em prática. Assim, surgem questões significativas para o caso brasileiro: » Qual o papel que cabe à sociedade na definição de uma política de mobilidade? » Que parâmetros se têm em outros países? » A política de mobilidade brasileira atende às expectativas de nossa população? » Temos alternativas viáveis sugeridas? Procuraremos, junto com você, pesquisar respostas para essas e outras questões que possam surgir em um tema tão vasto quanto esse. Objetivos » Compreender o significado de mobilidade, acessibilidade e sustentabilidade. » Compreender e analisar a Política Nacional de Mobilidade Urbana. » Analisar instrumentos de gestão de mobilidade urbana. » Promover noções sobre implementação e desenvolvimento de Plano Sustentável de Mobilidade Urbana por meio de estudos de casos. 9 UNIDADE I MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE CAPÍTULO 1 Conceitos introdutórios Mobilidade Urbana Como vimos na Introdução, mobilidade urbana é um conceito amplo e que transcende a relação com o meio de transporte adotado em uma região. Alguns governos tentam conter o problema do crescimento das cidades por meio de imposição de limites sobre o movimento e restrições sobre o uso da terra. Seria essa uma solução? A simples proposição desta medida demonstra uma incompreensão básica sobre o tema. Figura 1. Mobilidade urbana e qualidade de vida. Fonte: <http://www.escrevologoexisto.com/2013/12/11/mobilidade-urbana> 10 UNIDADE I │ MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADEE SUSTENTABILIDADE Vejamos alguns dados da Organização das Nações Unidas: Até 2050, o número de pessoas que vivem em cidades vai aumentar de 3,9 bilhões para 6,3 bilhões, assim a proporção de moradores urbanos vai expandir de 54% para 67% da população mundial. Esse crescimento vai ocorrer principalmente em países em desenvolvimento. O que seria mobilidade urbana? Podemos considerar a mobilidade urbana como sendo o deslocamento das pessoas e bens na cidade, utilizando-se para isso de diferentes meios, vias e toda a infraestrutura urbana. Uma cidade com boa mobilidade urbana é a que proporciona às pessoas deslocamentos seguros, confortáveis e em tempo razoável, por modos que atendam a esses critérios e sejam bons para a sociedade e para o meio ambiente. Figura 2. Mobilidade urbana? Fonte: <http://viatrolebus.com.br/2014/05/mobilidade-urbana-na-copa-um-fiasco-total/> A sociedade precisa tornar universal o acesso aos meios de deslocamento disponíveis na cidade, priorizando o transporte não motorizado e o coletivo, desestimulando o uso do carro. Alguns governos estão tentando conter o crescimento das cidades por meio da imposição de limites sobre o movimento e restrições sobre o uso da terra. Shlomo Angel, da Universidade de Nova Iorque, diz, no entanto, que as políticas restritivas estão condenadas. De acordo com Angel, as cidades de rápido crescimento deveriam definir áreas de expansão que possam acomodar o crescimento esperado e planejar estradas e espaços públicos. 11 MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE │ UNIDADE I As cidades têm pouca escolha a não ser tentar canalizar o crescimento. A situação é mais difícil nas grandes cidades. “A urbanização é inevitável”, diz Angel. “A verdadeira questão é: como podemos melhorar a sua qualidade?”, questiona. Leia o texto “Mobilidade urbana: valorizar o bem comum para diminuir a desigualdade”, de Valter Hugo Muniz. Disponível em: <http://www. escrevologoexisto.com/2013/12/11/mobilidade-urbana/>. Qual sua opinião sobre a valorização do automóvel particular na sociedade brasileira? Tal fato privilegia a qualidade de vida e a manutenção dos recursos naturais? E na sua cidade? Conhece alguma exceção no Brasil? Acessibilidade Os Direitos Humanos se aplicam a todos os indivíduos independentemente de sexo, raça, língua, religião ou deficiência, e estão acima de qualquer diferença e condição social. Incluem os direitos civis, políticos, econômicos, sociais, culturais e de desenvolvimento, sendo definidos em muitos documentos internacionais. A pessoa com deficiência física por lesão medular apresenta perdas ou reduções em sua estrutura física, portanto, sua personalidade, seu modo de agir e pensar permanecem os mesmos. Trata-se, portanto, de alguém que se encontra numa situação de grande dependência, sendo o uso da cadeira de rodas referência fundamental para o seu relacionamento com o meio, com o mundo. É preciso vê-la como participativa, integrada ao meio social, fortalecendo sua adaptação e aptidões e, entender que o que está errado são as edificações, os transportes etc., estes sim são os deficientes. Como podemos definir acessibilidade? Define-se acessibilidade como um conjunto de condições e de possibilidades de alcance para utilização da mobilidade pelo cidadão com deficiência, com segurança e autonomia, proporcionando a maior independência possível e dando a este cidadão ou àqueles com dificuldade de locomoção, o direito de ir e vir a todos os lugares que necessitar, seja ao trabalho, estudo ou lazer, o que ajudará e levará à sua reinserção na sociedade. Acessibilidade relacionada com a mobilidade urbana significa permitir que pessoas com deficiência tenham direito de ir e vir, mas para quem trabalha com o assunto complementa-se a definição com a necessidade que nossa sociedade seja conscientizada para mudar atitudes. Garantir o acesso é um dever de todos e principalmente do governo, pois é por meio dele que são inseridos meios e regras, para garantir a acessibilidade de forma isonômica em todo o país. 12 UNIDADE I │ MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE Figura 3. Mobilidade urbana: uma questão de acessibilidade. Fonte: <http://www.onibusdaparaiba.com/2014/03/mobilidade-urbana-uma-questao-de.html>. Neste contexto, torna-se importante conhecer alguns conceitos sobre este tema: » Mobiliário urbano: são todos os objetos, elementos e pequenas construções integrantes da paisagem urbana, de natureza utilitária ou não, implantados mediante autorização do poder público, em espaços públicos e privados. São exemplos de mobiliário urbano: telefones públicos, caixas de correios, bancas de jornal, semáforos etc. » Equipamentos urbanos: são todos os bens públicos e privados, de utilidade pública, destinados à prestação de serviços necessários ao funcionamento da cidade, implantados mediante autorização do poder público, em espaços públicos e privados. São exemplos de equipamento urbano: ginásio de esportes, clubes, escolas, praças, parques, auditórios, estacionamentos etc. » Acessível: é o espaço, edificação, mobiliário ou elemento que pode ser alcançado, visitado ou utilizado por qualquer pessoa, inclusive aquelas com deficiência. A palavra accessível é usada tanto para a acessibilidade física, como na comunicação e sinalização. » Ser acessível: é a condição que cumpre um ambiente, espaço ou objeto para ser utilizado por todas as pessoas. Essa condição é um direito universal, pois a referência a todas as pessoas no plural, se associa a uma realidade essencial: a diversidade característica do ser humano. » Desenho universal: é aquele que visa atender à maior gama de variações possíveis das características antropométricas e sensoriais da população. E tem por base a ideia de produtos e espaços que atendam a toda uma gama de capacidades e habilidades. 13 MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE │ UNIDADE I » Barreiras arquitetônicas e ambientais: são aquelas que causam impedimento da acessibilidade, natural ou resultante de implantações arquitetônicas ou urbanísticas. São esses obstáculos que a sociedade constrói no espaço urbano, nos edifícios, nos transportes, nos mobiliários e equipamentos que impedem e/ou dificultam a livre circulação de pessoas, sobretudo as pessoas que sofrem alguma incapacidade transitória ou permanente. Figura 4. Deficientes sentem falta de acessibilidade. Fonte: <http://feneauto.org.br/noticia?noticia=1769>. Vivemos em uma cidade que não está preparada para receber pessoas com qualquer tipo de deficiência, totalmente inacessível. Dentre alguns exemplos podemos citar o meio urbano, cujas responsabilidades são dos governos federal, estadual e municipal: calçadas, passeios e calçadões com pavimentação esburacada e desnivelada com canteiros e projeção de vegetação na calçada; falta de rampas; rampas íngremes; escadas com degraus variando na largura e altura, piso escorregadio, falta de corrimão e guarda-corpos; estacionamentos sem vagas para pessoas com deficiências; jardins e praças sem proteção em torno dos troncos de árvores; equipamentos mal colocados tais como: telefones, bancas de jornal, caixas de correio, cestos para lixo; falta de acesso a hospitais, escolas, bancos, supermercados, cinemas, igrejas, clubes etc.; meios-fios altos; telefones públicos e caixas de correio altas; falta de banheiros públicos; falta de sinalização de rampas e passarelas; falta de sinalização para as pessoas com deficiências; falta de sinalização para motorista etc. Depende de nós assegurarmos o direito à igualdade, ao respeito ao próximo, não por imposição, mas por uma consciência de responsabilidade social, por sentirmos que o significado da fraternidade nos eleva enquanto seres humanos, pois somos responsáveis pela qualidade de vida de nossos semelhantes. 14 UNIDADE I │ MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE Conforme a Declaração Universal dos Direitos Humanos: “Todosos seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade”. Figura 5. Acesso com buracos à prefeitura de Campo Grande – MS. Fonte: <http://www.topmidianews.com.br/cidades/noticia/apesar-de-lei-federal-capital-ainda-carece-com-a-falta-de- acessibilidade>. Os direitos civis fundamentais, como o de ir e vir, não existem na realidade das pessoas com deficiência física. E o que dizer do acesso à justiça, tão necessária se pensarmos que até hoje ela não olhou para a questão. Os direitos sociais, ainda sendo construídos em nosso país, por certo, mas totalmente inexistentes: acesso à saúde, educação, acesso ao trabalho e ao lazer, aspirações legitimas para todo brasileiro, mas da dimensão do sonho para a pessoa com deficiência, só uma minoria os conquista, porque suas necessidades, todas, e não somente as específicas, não foram incorporadas aos direitos de cidadania em nosso país. Esses direitos básicos, na verdade, que deveriam ser reivindicados diariamente pela sociedade e pelo governo, para todo cidadão, são ainda inalcançáveis para a grande maioria das pessoas brasileiras com deficiência. No ano 2000 foram criadas duas importantes leis para quem necessita de acessibilidade, a Lei no 10.048 que dá prioridade de atendimento às pessoas que a lei especifica e a Lei no 10.098 que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade. Essas leis foram um enorme avanço, pois criaram no Brasil uma regra universal e uniforme que deve ser adotada por todos os municípios sem exceção. Em 2004 foi criado um programa do governo federal chamado “Brasil Acessível” que procura estimular governos municipais e estaduais a desenvolver medidas que garantam a acessibilidade 15 MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE │ UNIDADE I para pessoas com algum tipo de restrição de mobilidade e deficiência nos sistemas de transporte, equipamentos urbanos e locomoção pública. Leia o texto “Acessibilidade e mobilidade urbana: desafios contemporâneos para pessoas com deficiência”, de Wiliam Machado. Disponível em: <http://www. inclusive.org.br/?p=26501>. Você acredita que em seu bairro existe acessibilidade? Como o tópico é tratado pelas autoridades locais? Existe cobrança da sociedade? Sustentabilidade Assim como dimensões simbólicas envolvem as práticas cotidianas das pessoas na cidade, também as características da organização e do layout das cidades influenciam as práticas diárias de deslocamento das pessoas, inserindo os indivíduos e os grupos no contexto urbano a partir da realidade socioeconômica e histórica: o modo de vida das populações é afetado pela organização do sítio urbano e pelas concepções de planejamento e de percepção da vida urbana. Para analisar questões que relacionam cidade, mobilidade e sociabilidade, algumas relações se impõem como imediatas, como as estabelecidas entre sistemas de transporte público e equidade social; planejamento urbano, deslocamento (pessoas; mercadorias) e desenvolvimento econômico; violência urbana, segurança pública e vida cotidiana das pessoas nas grandes cidades; sistema viário, desenho urbano e paradigmas estruturais etc. Se tais relações impõem à temática um enfoque multidisciplinar, a abrangência desse enfoque ainda se amplia quando são consideradas outras esferas da vida humana, intimamente relacionadas ao planejamento urbano e ao transporte, mas nem sempre consideradas. Propondo uma mudança de paradigma na análise deste tema que possa levar a novas concepções de design social urbano, novas questões devem ser associadas ao planejamento das cidades e ao transporte, considerando-se também os âmbitos da qualidade e do estilo de vida das populações e da sociabilidade na vida urbana. O sentido de pertencimento a uma comunidade e o senso de responsabilidade sobre os destinos da sociedade se desenvolvem a partir da relação das pessoas com os grupos e com os lugares: sem a convivência é difícil a construção de vínculos que sejam capazes de fazer com que o indivíduo abdique de um conforto particular em prol de um bem- estar social. 16 UNIDADE I │ MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE Figura 6. Fonte: <http://qualidadeonline.wordpress.com/2011/05/30/brasil-transporte-publico-perde-espaco-para-o-individual/>. Modernamente, a partir de um modelo centrado no individualismo e no consumismo, tem havido um contínuo afastamento dos sujeitos dos valores éticos que privilegiam o bem-estar coletivo. Há uma crise de sociabilidade que cria guetos urbanos cada vez mais separados, e que se agrava a cada geração. A convivência comunitária poderia possibilitar o surgimento de um senso ético de responsabilidade social e ambiental, e o planejamento urbano deveria levar em conta tais elementos, principalmente no que se refere às condições efetivas de mobilidade. A percepção de uma cidade se inscreve além da experiência concreta de seus habitantes, havendo diferentes formas de apreendê-la, referentes aos indivíduos, às circunstâncias, ao tempo, enfim, possibilidades infinitas de combinações que se inter-relacionam, fixando-se nas lembranças dos sujeitos que nela vivem ou que por ela passam, levando em conta que o sujeito constrói significados a partir de sua bagagem pessoal (repertório pessoal, memória, partilhas linguísticas, sentimentos, imaginações) e de sua bagagem comunitária (valores e referências culturais das comunidades interpretativas a que pertence). Na história da humanidade, quando se trata de deslocamento, a atividade física passou de uma necessidade a uma opção. Contemporaneamente, o modelo de produção industrial moderno interfere tanto na vida das pessoas quanto no planejamento urbano e na equidade social e as representações e os símbolos da sociedade de consumo continuamente interferem nas opções de deslocamento. Paulatinamente foi havendo, ao longo do século XX, o aumento do deslocamento com automóveis e a diminuição do uso dos próprios pés. O automóvel passou a ser, ao longo do século XX, ícone do sonho 17 MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE │ UNIDADE I de consumo, transformando o transporte particular (carro próprio) em um símbolo de poder e status. Ao mesmo tempo, o transporte coletivo, em muitos lugares do Brasil, passou a ser representado como “algo a ser evitado”, símbolo de pobreza, exposição ao desconforto e à violência. Há um círculo vicioso, por um lado o uso crescente de automóveis particulares isola o sujeito dos contatos comunitários cotidianos, por outro lado tal isolamento faz com que ele se sinta cada vez mais “despertencido” da sua comunidade, afastado dela, e, assim, sem maiores responsabilidades sobre o que nela acontece. Figura 7. Carro = progresso? Fonte: <http://jconlineblogs.ne10.uol.com.br/deolhonotransito/2012/09/25/estado-reduz-icms-de-carros-usados-mas-nao-faz- a-conta-do-impacto-na-mobilidade-ate-quando/>. De forma geral, o paradigma hegemônico de planejamento e de gestão urbanos encontra- se voltado para o automóvel, afetando não apenas à vida urbana, mas também à vida como um todo, gerando impactos ambientais e sobrecarregando o uso dos recursos naturais. A “ideologia do automóvel” contamina, assim, desde o modelo de cidade, que resulta sendo planejado e estabelecido, até a capacidade de carga dos ecossistemas, gerando externalidades negativas que vão da poluição ambiental ao agravamento da exclusão social, uma vez que grande parcela da população brasileira se encontra fora deste sistema, excluída inclusive do sistema público de transporte. São necessárias mudanças de enfoque e de pensamento para que haja um redirecionamento paradigmático que possibilite a melhoria da qualidade de vida e a equidade socioambiental, valorizando-se mais o transporte coletivo e criando boas condições para seus usuários. Dois modelos de cidade podem servir de referência para a análisee a reflexão, o modelo americano e o modelo europeu, cada um deles correspondendo a diferentes tipos de 18 UNIDADE I │ MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE relação entre planejamento urbano e mobilidade, bem como significativas diferenças nos sistemas de estruturação e de utilização do espaço. O modelo americano baseia-se na dispersão das moradias e na falta de conexões dos usos do solo, implicando numa maior demanda de automóvel e na pouca integração entre as pessoas, uma vez que mais da metade do espaço público é planejado e construído para automóveis e não para pessoas. Já o modelo europeu, é fundamentado na proximidade dos usos do solo, que resulta no estabelecimento de lugares de maior referência comunitária e no aumento das práticas de deslocamento não motorizado. O planejamento urbano pode orientar-se a partir de diferentes sistemas de estruturação urbana e de utilização do espaço, priorizando-se mais, ou o transporte particular (modelo americano), ou o transporte público (modelo europeu). Para uma discussão ampla dessas questões, a análise necessita envolver enfoques multidisciplinares, abrangendo elementos sociológicos, econômicos, simbólicos, políticos, arquitetônicos e urbanísticos, de maneira a abarcar várias esferas da vida urbana. O modo de vida das populações é afetado pela organização do sítio urbano, e esse fato nem sempre é considerado no planejamento das cidades. Algumas características da organização e do layout das cidades influenciam tanto as práticas diárias de deslocamento das pessoas (com ou sem veículos motorizados) quanto seus níveis de sedentarismo. Figura 8. Salão do automóvel de Xangai de 2013: luxo e desejo. Fonte: <http://umenmodamasculina.blogspot.com.br/2013/04/maquina-desejo-salao-do-automovel-de.html>. Uma série de problemas comuns à maioria das cidades se apresentam, como a falta de segurança, a violência, o estresse, a desintegração social e a falta de atividade física. Na perspectiva da saúde pública, todos são reconhecidos como fatores de risco para doenças físicas e mentais e como agravantes dos índices de doenças cardiovasculares e de obesidade. Observa-se, por exemplo, que as maiores causas de morte na América Latina 19 MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE │ UNIDADE I e no Caribe estão associadas ao consumo de álcool e de fumo, aos problemas ambientais, à inatividade, à obesidade, à hipertensão e a outros fatores que se associam às práticas de alimentação e aos hábitos de atividade física. A discussão inter-relacionada sobre mobilidade e saúde é também uma oportunidade para a compreensão da importância de se buscar a melhoria da atividade física da população. O bem-estar da pessoa relaciona-se a aspectos amplos, que envolvem desde a qualidade do ar, até a segurança nas estradas ou o transporte eficiente. Entretanto, a qualidade de vida também se associa intimamente à atividade física, que previne cerca de 80% dos casos de diabetes e doenças cardiovasculares e 30% dos casos de câncer. Caminhadas aceleradas e frequentes oferecem ganhos significativos à qualidade de vida da pessoa, como o controle de peso, o aumento das taxas do “bom colesterol”, a redução da pressão arterial e a diminuição dos riscos de acidentes vasculares cerebrais, dentre outros. Diversos fatores da vida urbana contemporânea, como a falta de segurança pública, a ausência de locais e equipamentos urbanos adequados, a exposição à violência ou a carência de programas e projetos que incentivem a prática de atividade física, fazem com que o sedentarismo se torne uma atitude mais cômoda e fácil para grande parcela dos brasileiros. Ser sedentário, entretanto, não é uma decisão tão pessoal quanto possa parecer, depende do ambiente, das condições e de uma série de outros fatores, o que requer análises mais amplas e intersetoriais da questão, que incluam perspectivas sociais, econômicas e ambientais. No entanto, a atividade física, quando praticada correta e sistematicamente, representa uma melhora acentuada na qualidade de vida e na saúde das pessoas, servindo, inclusive, à prevenção das doenças crônicas. Na proposta de uma mudança de paradigma de planejamento urbano e ambiental, é preciso uma inversão na lógica das hierarquias, de maneira que a qualidade de vida, a natureza e o futuro sejam colocados no alto da escala de valores. Se houver uma maior conscientização comunitária e governamental sobre seus benefícios e se a atividade física tornar-se uma prática socialmente valorizada, espera- se uma adesão maior das pessoas às práticas de deslocamento físico não motorizado, o que contribuirá para a melhoria da saúde das populações urbanas e para a inversão na lógica dos orçamentos públicos. O que se busca, atualmente, é a associação dessa temática às questões mais amplas de planejamento urbano, ligadas ao transporte. Desafios à implementação de uma mobilidade pública para cidades sustentáveis no Brasil. 20 UNIDADE I │ MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE No Brasil, as competências para o setor de transporte são bem definidas: as competências locais ficam a cargo dos municípios e dos estados, cabendo à União o papel de implementar, planejar e propor políticas públicas para o setor. Entretanto, tratar a questão do transporte público coletivo de maneira isolada não é (nem tem sido, efetivamente) suficiente para uma inserção real da população brasileira, o que aponta para a necessidade de abordagens mais amplas e intersetoriais, que coordenem ações de maneira a otimizá-las e aumentar a eficácia e a eficiência. Infelizmente, o orçamento da União ainda é muito comprometido com a lógica do modelo estrutural voltado para o automóvel, o que implica na contínua opção por ações que priorizam mais a ampliação da malha urbana ou a construção de túneis e vias expressas, isto é, ações voltadas para questões de fluidez do tráfego, em detrimento das questões de segurança e ampliação do acesso. Os sistemas viários são pensados como se todas as pessoas fossem vir a ter automóveis, o que é um equívoco, sendo também uma construção ideológica que demonstra, por sua vez, que o planejamento urbano não é orientado para o bem-estar de todos, estando, em grande parte, comprometido pelo modelo voltado para as determinações do mercado. É grande, portanto, o desafio das cidades brasileiras para enfrentar o problema da mobilidade urbana para cidades mais sustentáveis. Figura 9. Automóvel = Solução? Fonte: <http://nossajoinville.com.br/comentarios/category/mobilidade-urbana/>. Um primeiro problema são as externalidades negativas geradas, como poluição, congestionamentos, excesso de ruídos etc. Em seguida, há uma crise nos transportes públicos, que enfrenta questões como incompatibilidade entre custo e tarifa e a perda de passageiros (pessoas de baixa renda fazem percursos a pé, as de renda média oscilam entre uma opção e outra e as de renda alta optam por veículos particulares). 21 MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE │ UNIDADE I E, por fim, há uma série de problemas gerados pelo paradigma hegemônico de planejamento e gestão urbanos, em que análises fragmentadas predominam (por exemplo, entre transporte e trânsito), comprometendo grande parte dos recursos orçamentários com os gastos com o sistema viário ou em que acidentes e vítimas são vistas como “fatalidades”, ao invés de externalidades do modelo atual. É preciso uma mudança de perspectiva para que se avance na construção de um novo paradigma de mobilidade urbana, que seja socialmente justo e ambientalmente saudável, ainda mais se considerarmos que o passivo histórico do setor é muito grande no Brasil. Podemos pontuar, de forma ampla, alguns desafios que precisam ser encarados coletivamente para que se possa alcançar níveis mais sustentáveis e saudáveis para o problema do deslocamento de pessoas e de produtos nas cidades: » não gerar necessidades de viagens motorizadas, garantindouma multicentralidade no planejamento urbano; » reformulação do desenho urbano, repensando-se o sistema viário, o acesso local, a descontinuidade dos caminhos para os pedestres, para os ciclistas etc.; » construção coletiva de uma nova forma de pensar e uma nova abordagem da circulação de veículos e de pessoas; » desenvolvimento e incentivo do uso de meios não motorizados (ciclovias, suportes urbanos para deslocamentos a pé, qualidade das calçadas, paisagismo, segurança etc.); » proporcionar mobilidade às pessoas portadoras de deficiências físicas; » priorização efetiva dos transportes urbanos nos municípios; » barateamento das tarifas do transporte coletivo; » inserção do tema na pauta política como uma prioridade; » criar condições do surgimento de novos olhares sobre a cidade, para que passe a ser vista como lugar voltado para a vida humana e comunitária, para as pessoas que nela moram; » estabelecer uma nova visão da cidade para os planejadores e gestores urbanos, buscando soluções integralizadas. 22 UNIDADE I │ MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE Figura 10. Mobilidade urbana? Fonte: <http://viatrolebus.com.br/2014/05/mobilidade-urbana-na-copa-um-fiasco-total/>. É preciso que haja uma convivência comunitária para o desenvolvimento do senso ético de responsabilidade social e ambiental que possa garantir, por exemplo, a opção pelo transporte público mesmo por aqueles que tenham automóveis particulares. O que também requer, sem dúvida, a garantia de segurança e qualidade ao transporte público. É preciso também que o transporte coletivo seja tão eficiente quanto eficaz, e esteja voltado para públicos distintos. A qualidade e a segurança do transporte público tornam-se o cerne da modificação das atitudes pessoais e sociais, numa nova visão sobre a cidade para os planejadores e gestores urbanos. Sob o ponto de vista da qualidade do ar, a emissão de poluentes por veículos leves diminuiu sensivelmente após o PROCONVE (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores), apesar das dificuldades que existem nas ações de controle, inspeção ambiental e segurança, na perspectiva federal. Alguns desafios precisam ser enfrentados com urgência, como o controle da emissão dos veículos pesados, a questão da emissão de ozônio, a eficiência da utilização dos veículos, o aumento da emissão de CO2 com o aumento da potência dos veículos e o controle de emissão por motocicletas, sendo esse um dos problemas mais prementes. O aumento contínuo no número de motocicletas produzidas representa outro problema grave de poluição nas cidades. Por outro lado, também os acidentes com motocicletas têm crescido consideravelmente a partir do aumento de número de motos e de serviços a elas associados (moto-frete, moto-táxi etc.), consumindo inúmeras vidas (com morte ou perda da capacidade física) e comprometendo seriamente os recursos públicos da saúde. 23 MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE │ UNIDADE I Quando analisamos os aspectos jurídicos, parece claro que a legislação sobre trânsito existente no Brasil é extremamente avançada e seria suficiente para a melhoria da qualidade de vida caso houvesse o real cumprimento das leis e normas. O problema reside na falta de fiscalização e de cumprimento às leis. Entretanto, algumas cidades e instituições privadas têm tratado com certa leniência o cumprimento dessas leis e deixando de lado os 14,5% dos brasileiros com algum tipo de deficiência (CENSO, 2000). Por exemplo, hoje nós temos um grande descaso com as calçadas de nossas cidades, os investimentos são irrisórios e quando muito há um investimento privado na adequação de edifícios. O setor de transportes e o planejamento urbano também merecem readequações que facilitem a locomoção dos portadores de deficiências. Figura 11. Carro = Sucesso? Fonte: <http://sustentaacoes.blogspot.com.br/2013/11/critica-cartunista-andy-singer.html>. Um dos motivos de resistência alegados pelo setor privado em adequar as obras é o custo, mas estudos comprovam, que se o projeto for feito adequadamente na questão da acessibilidade, o acréscimo na obra não passa de 0,01%, porque os custos se distribuem ao longo da obra, e isso vai se diferenciar de acordo com o porte da obra. 24 CAPÍTULO 2 Política Nacional de Mobilidade Urbana Mobilidade e acessibilidade Ao se elaborar políticas públicas de uso do solo e ações no espaço urbano, deve-se atentar para os dois conceitos já que ao mesmo tempo em que aparecem como distintos em termos de definições, na prática os dois “caminham” juntos. As necessidades de deslocamentos são intrínsecas ao cotidiano da população, logo, deve preocupar-se em garantir essa mobilidade de forma segura, eficiente, com acessibilidade universal e sustentável para todos. De maneira bem simplificada, mobilidade urbana pode ser compreendida como a facilidade de deslocamentos de pessoas e bens dentro de um espaço urbano; e acessibilidade como o acesso da população para realizar suas atividades e deslocamentos. O conceito de mobilidade está relacionado com os deslocamentos diários (viagens) de pessoas no espaço urbano. Não apenas a sua efetiva ocorrência, mas também a facilidade e a possibilidade de ocorrência. A mobilidade pessoal é interpretada como sendo a capacidade do indivíduo de se locomover de um lugar ao outro, dependente, principalmente, da disponibilidade dos diferentes tipos de modos de transporte, inclusive a pé. Assim, podemos interpretá-la como a capacidade do indivíduo de se mover de um lugar a outro dependendo da performance do sistema de transporte e características do indivíduo. Figura 12. PNMU, o que esperar desta Lei? Fonte: <http://www.colunazero.com.br/2012/01/atropelada-politica-nacional-de.html>. Uma interpretação bastante comum para mobilidade é aquela que relaciona o conceito às viagens atuais ou viagens feitas utilizando as seguintes medidas: » número de quilômetros por viagem por pessoa; » número de viagens por pessoa por dia; 25 MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE │ UNIDADE I » número de quilômetros percorridos por pessoa por modo; e » número de viagens por dia por pessoa por modo. No entanto, no Brasil, a ponderação da realização de viagens por sua extensão é muito pouco utilizada. Em sua abordagem convencional, a mobilidade sempre foi tratada por meio de uma abordagem quantitativa, significando os deslocamentos ou viagens que acontecem nas cidades, que tem como referencia um local de origem e outro de destino, sendo que muitas vezes refere-se, tão somente, às viagens motorizadas. No entanto, a atual complexidade urbana ajudou a compor um conceito mais complexo que capta a mobilidade como um fenômeno multifacetado, com dimensões diferenciadas, em nível social, econômico e político, e as especificidades de sua inserção nas diversas esferas que o urbano oferece. A Política Nacional da Mobilidade Urbana Sustentável, desenvolvida pelo Ministério das Cidades, por sua vez, define mobilidade urbana como atributo associado às pessoas e bens e que está relacionada às necessidades de deslocamentos no espaço urbano, de acordo com as atividades nele desenvolvidas. Figura 13. Mobilidade urbana: grande desafio para as cidades brasileiras. Fonte: <http://www.portal2014.org.br/noticias/8143/NATAL+ENTREGA+PROJETOS+DE+MOBILIDADE+URBANA+A+CAIXA.html>. Na geografia urbana, o deslocamento nas cidades é analisado e interpretado em termos de um esquema conceitual que articula a mobilidade urbana, que são as massas populacionais e seus movimentos; a rede, representada pela infraestrutura que canaliza os deslocamentos no espaço e no tempo; e os fluxos, que são as macro decisões ou condicionantes que orientam o processo no espaço. 26 UNIDADE I │ MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE Esses três elementos é que irão determinar as características da mobilidade urbana. É claro que esses processosocorrem de forma divergente em cada ambiente urbano, pois cada cidade apresenta seus dinamismos urbanos próprios, devendo, portanto, ser analisados de acordo com as peculiaridades de cada espaço urbano. Alguns fatores podem induzir, restringir ou até mesmo serem condicionantes no que diz respeito à mobilidade urbana. Esses fatores podem ser relacionados ao próprio indivíduo (sexo, idade, habilidade motora, renda etc.) e/ou relacionados com a infraestrutura urbana (disponibilidade e possibilidade de acesso ao sistema viário, de transportes etc.). Por fim, as medidas de regulação por parte do órgão gestor como restrições de horários, locais, veículos, entre outros. Além da mobilidade, outro conceito importante é o de acessibilidade. Para alguns pesquisadores, a acessibilidade pode ser entendida como sendo a distância percorrida por um indivíduo, ou usuário, para utilizar o transporte a fim realizar uma determinada viagem, que compreende distância da origem da viagem até o local de embarque e, do local de embarque até o destino final. Outros entendem acessibilidade como sendo um esforço dos indivíduos para transpor uma separação espacial objetivando exercerem suas atividades cotidianas. Podemos concluir que, independente do estudo, a acessibilidade é, antes de tudo, uma medida de inclusão social. O Plano de Mobilidade Urbana apresenta esses conceitos de forma articulada. Nele pode-se concluir que a mobilidade urbana para a construção de cidades sustentáveis será produto de políticas que proporcionem o acesso amplo e democrático ao espaço urbano, priorizem os modos coletivos e não motorizados de transporte, eliminem ou reduzam a segregação espacial, e contribuam para a inclusão social favorecendo a sustentabilidade ambiental. É importante destacar a associação existente entre o uso do solo, condição socioeconômica e acessibilidade. A acessibilidade cresce quando os seus deslocamentos apresentam um custo menor e a propensão para interação entre dois lugares cresce com a queda do custo dos movimentos entre eles. Podemos ainda observar que a acessibilidade urbana é condicionada pela interação entre o uso do solo e o transporte, e se constitui como um importante indicador de exclusão social, entre outros, da mobilidade, da habitação, da educação e da renda. Nesse sentido, a acessibilidade, ao ser parte integrante e fundamental da dinâmica e do funcionamento das cidades, passa a ser um elemento que contribui para a qualidade de 27 MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE │ UNIDADE I vida urbana, na medida em que facilita o acesso da população aos serviços e equipamentos urbanos, além de viabilizar sua aproximação com as atividades econômicas. Lei no 12.587 – Política de Mobilidade Nacional Urbana O Plano de Mobilidade Urbana é o instrumento de planejamento da mobilidade de uma cidade. De acordo com a Política Nacional de Mobilidade Urbana (PNMU, Lei no 12.587/2012) todos os municípios brasileiros que possuam mais de 20 mil habitantes devem elaborar esse Plano até abril de 2015. Figura 14. Qual a cidade que desejamos? Fonte: <http://casabellissimo.com.br/mobilidade-urbana-qual-a-cidade-que-desejamos/>. Se o Plano não for elaborado no prazo ou não seguir às diretrizes mencionadas no PNMU, as cidades não receberão mais verbas federais destinadas à mobilidade urbana, até que cumpram as exigências da PNMU. Como um bom plano, foi feito de forma participativa e transparente, garantindo que os investimentos e o planejamento em mobilidade ocorram de forma ordenada e levem em conta as reais necessidades das pessoas. Levou 17 anos de tramitação no Congresso Nacional: » Evolução de importantes Projetos de Lei (PL no 694/1995 e PL no 1.687/2007); » Lei no 10.257/2001 – Estatuto da Cidade – Diretrizes Gerais e Instrumentos da Política Urbana – Obrigatoriedade de Plano de Transporte Integrado para municípios com mais de 500 mil habitantes; 28 UNIDADE I │ MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE » 2003 – Criação do Ministério das Cidades – Conselho das Cidades; » Lei no 12.587/2012 – Lei de Mobilidade Urbana. Apresentamos, a seguir, a transcrição de tópicos importantes da Lei no 12.587, de 3 de janeiro de 2012, que institui as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana e que será estudada mais detalhadamente no decorrer do curso: A Política Nacional de Mobilidade Urbana tem por objetivo contribuir para o acesso universal à cidade, o fomento e a concretização das condições que contribuam para a efetivação dos princípios, objetivos e diretrizes da política de desenvolvimento urbano, por meio do planejamento e da gestão democrática do Sistema Nacional de Mobilidade Urbana. (Art. 2o) O Sistema Nacional de Mobilidade Urbana é o conjunto organizado e coordenado dos modos de transporte, de serviços e de infraestruturas que garante os deslocamentos de pessoas e cargas no território do Município. (Art. 3o). Continuação do Art. 3o: § 1o São modos de transporte urbano: I - motorizados; e II - não motorizados. § 2o Os serviços de transporte urbano são classificados: I - quanto ao objeto: a) de passageiros; b) de cargas; II - quanto à característica do serviço: a) coletivo; b) individual; III - quanto à natureza do serviço: a) público; b) privado. 29 MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE │ UNIDADE I § 3o São infraestruturas de mobilidade urbana: I - vias e demais logradouros públicos, inclusive metroferrovias, hidrovias e ciclovias; II - estacionamentos; III - terminais, estações e demais conexões; IV - pontos para embarque e desembarque de passageiros e cargas; V - sinalização viária e de trânsito; VI - equipamentos e instalações; e VII - instrumentos de controle, fiscalização, arrecadação de taxas e tarifas e difusão de informações. Definições para os fins desta Lei (Art. 4o): I - transporte urbano: conjunto dos modos e serviços de transporte público e privado utilizados para o deslocamento de pessoas e cargas nas cidades integrantes da Política Nacional de Mobilidade Urbana; II - mobilidade urbana: condição em que se realizam os deslocamentos de pessoas e cargas no espaço urbano; III - acessibilidade: facilidade disponibilizada às pessoas que possibilite a todos autonomia nos deslocamentos desejados, respeitando-se a legislação em vigor; IV - modos de transporte motorizado: modalidades que se utilizam de veículos automotores; V - modos de transporte não motorizado: modalidades que se utilizam do esforço humano ou tração animal; VI - transporte público coletivo: serviço público de transporte de passageiros acessível a toda a população mediante pagamento individualizado, com itinerários e preços fixados pelo poder público; VII - transporte privado coletivo: serviço de transporte de passageiros não aberto ao público para a realização de viagens com características operacionais exclusivas para cada linha e demanda; 30 UNIDADE I │ MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE VIII - transporte público individual: serviço remunerado de transporte de passageiros aberto ao público, por intermédio de veículos de aluguel, para a realização de viagens individualizadas; IX - transporte urbano de cargas: serviço de transporte de bens, animais ou mercadorias; X - transporte motorizado privado: meio motorizado de transporte de passageiros utilizado para a realização de viagens individualizadas por intermédio de veículos particulares; XI - transporte público coletivo intermunicipal de caráter urbano: serviço de transporte público coletivo entre Municípios que tenham contiguidade nos seus perímetros urbanos; XII - transporte público coletivo interestadual de caráter urbano: serviço de transporte público coletivo entre Municípios de diferentes Estados que mantenham contiguidade nos seus perímetros urbanos; e XIII - transporte público coletivo internacional de caráterurbano: serviço de transporte coletivo entre Municípios localizados em regiões de fronteira cujas cidades são definidas como cidades gêmeas. Figura 15. Beneficiados pela acessibilidade. Fonte: <http://minhavidavai.blogspot.com.br/2009/11/acessibilidade.html>. Princípios da Política Nacional de Mobilidade Urbana (Art.5o): I - acessibilidade universal; II - desenvolvimento sustentável das cidades, nas dimensões socioeconômicas e ambientais; 31 MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE │ UNIDADE I III - equidade no acesso dos cidadãos ao transporte público coletivo; IV - eficiência, eficácia e efetividade na prestação dos serviços de transporte urbano; V - gestão democrática e controle social do planejamento e avaliação da Política Nacional de Mobilidade Urbana; VI - segurança nos deslocamentos das pessoas; VII - justa distribuição dos benefícios e ônus decorrentes do uso dos diferentes modos e serviços; VIII - equidade no uso do espaço público de circulação, vias e logradouros; e IX - eficiência, eficácia e efetividade na circulação urbana. Suas diretrizes (Art.6o): I - integração com a política de desenvolvimento urbano e respectivas políticas setoriais de habitação, saneamento básico, planejamento e gestão do uso do solo no âmbito dos entes federativos; II - prioridade dos modos de transportes não motorizados sobre os motorizados e dos serviços de transporte público coletivo sobre o transporte individual motorizado; III - integração entre os modos e serviços de transporte urbano; IV - mitigação dos custos ambientais, sociais e econômicos dos deslocamentos de pessoas e cargas na cidade; V - incentivo ao desenvolvimento científico-tecnológico e ao uso de energias renováveis e menos poluentes; VI - priorização de projetos de transporte público coletivo estruturadores do território e indutores do desenvolvimento urbano integrado; e VII - integração entre as cidades gêmeas localizadas na faixa de fronteira com outros países sobre a linha divisória internacional. Seus objetivos (Art. 7o): I - reduzir as desigualdades e promover a inclusão social; II - promover o acesso aos serviços básicos e equipamentos sociais; 32 UNIDADE I │ MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE III - proporcionar melhoria nas condições urbanas da população no que se refere à acessibilidade e à mobilidade; IV - promover o desenvolvimento sustentável com a mitigação dos custos ambientais e socioeconômicos dos deslocamentos de pessoas e cargas nas cidades; e V - consolidar a gestão democrática como instrumento e garantia da construção contínua do aprimoramento da mobilidade urbana. Sobre transporte público coletivo: Art. 8o A política tarifária do serviço de transporte público coletivo é orientada pelas seguintes diretrizes: I - promoção da equidade no acesso aos serviços; II - melhoria da eficiência e da eficácia na prestação dos serviços; III - ser instrumento da política de ocupação equilibrada da cidade de acordo com o plano diretor municipal, regional e metropolitano; IV - contribuição dos beneficiários diretos e indiretos para custeio da operação dos serviços; V - simplicidade na compreensão, transparência da estrutura tarifária para o usuário e publicidade do processo de revisão; VI - modicidade da tarifa para o usuário; VII - integração física, tarifária e operacional dos diferentes modos e das redes de transporte público e privado nas cidades; VIII - articulação interinstitucional dos órgãos gestores dos entes federativos por meio de consórcios públicos; e IX - estabelecimento e publicidade de parâmetros de qualidade e quantidade na prestação dos serviços de transporte público coletivo. § 1o (VETADO). § 2o Os Municípios deverão divulgar, de forma sistemática e periódica, os impactos dos benefícios tarifários concedidos no valor das tarifas dos serviços de transporte público coletivo. § 3o (VETADO). 33 MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE │ UNIDADE I Figura 16. Curitiba é modelo de transporte público. Fonte: <http://www.portal2014.org.br/noticias/289/OS+DESAFIOS+DE+CURITIBA+PARA+A+COPA+2014.html>. Art. 9o O regime econômico e financeiro da concessão e o da permissão do serviço de transporte público coletivo serão estabelecidos no respectivo edital de licitação, sendo a tarifa de remuneração da prestação de serviço de transporte público coletivo resultante do processo licitatório da outorga do poder público. § 1o A tarifa de remuneração da prestação do serviço de transporte público coletivo deverá ser constituída pelo preço público cobrado do usuário pelos serviços somado à receita oriunda de outras fontes de custeio, de forma a cobrir os reais custos do serviço prestado ao usuário por operador público ou privado, além da remuneração do prestador. § 2o O preço público cobrado do usuário pelo uso do transporte público coletivo denomina-se tarifa pública, sendo instituída por ato específico do poder público outorgante. § 3o A existência de diferença a menor entre o valor monetário da tarifa de remuneração da prestação do serviço de transporte público de passageiros e a tarifa pública cobrada do usuário denomina-se déficit ou subsídio tarifário. § 4o A existência de diferença a maior entre o valor monetário da tarifa de remuneração da prestação do serviço de transporte público de passageiros e a tarifa pública cobrada do usuário denomina-se superávit tarifário. § 5o Caso o poder público opte pela adoção de subsídio tarifário, o déficit originado deverá ser coberto por receitas extratarifárias, receitas alternativas, subsídios orçamentários, subsídios cruzados intrassetoriais e intersetoriais provenientes de outras categorias de beneficiários dos 34 UNIDADE I │ MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE serviços de transporte, dentre outras fontes, instituídos pelo poder público delegante. § 6o Na ocorrência de superávit tarifário proveniente de receita adicional originada em determinados serviços delegados, a receita deverá ser revertida para o próprio Sistema de Mobilidade Urbana. § 7o Competem ao poder público delegante a fixação, o reajuste e a revisão da tarifa de remuneração da prestação do serviço e da tarifa pública a ser cobrada do usuário. § 8o Compete ao poder público delegante a fixação dos níveis tarifários. § 9o Os reajustes das tarifas de remuneração da prestação do serviço observarão a periodicidade mínima estabelecida pelo poder público delegante no edital e no contrato administrativo e incluirão a transferência de parcela dos ganhos de eficiência e produtividade das empresas aos usuários. § 10. As revisões ordinárias das tarifas de remuneração terão periodicidade mínima estabelecida pelo poder público delegante no edital e no contrato administrativo e deverão: I - incorporar parcela das receitas alternativas em favor da modicidade da tarifa ao usuário; II - incorporar índice de transferência de parcela dos ganhos de eficiência e produtividade das empresas aos usuários; e III - aferir o equilíbrio econômico e financeiro da concessão e o da permissão, conforme parâmetro ou indicador definido em contrato. § 11. O operador do serviço, por sua conta e risco e sob anuência do poder público, poderá realizar descontos nas tarifas ao usuário, inclusive de caráter sazonal, sem que isso possa gerar qualquer direito à solicitação de revisão da tarifa de remuneração. § 12. O poder público poderá, em caráter excepcional e desde que observado o interesse público, proceder à revisão extraordinária das tarifas, por ato de ofício ou mediante provocação da empresa, caso em que esta deverá demonstrar sua cabal necessidade, instruindo o requerimento com todos os elementos indispensáveis e suficientes para subsidiar a decisão, dando publicidade ao ato. 35 MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE │ UNIDADEI Figura 17. Trânsito em dia de semana em Brasília – DF. Fonte: <http://www.dfaguasclaras.com.br/energia-e-transito-sao-as-preocupacoes-da-regional-aguas-claras/>. Art. 10. A contratação dos serviços de transporte público coletivo será precedida de licitação e deverá observar as seguintes diretrizes: I - fixação de metas de qualidade e desempenho a serem atingidos e seus instrumentos de controle e avaliação; II - definição dos incentivos e das penalidades aplicáveis vinculadas à consecução ou não das metas; III - alocação dos riscos econômicos e financeiros entre os contratados e o poder concedente; IV - estabelecimento das condições e meios para a prestação de informações operacionais, contábeis e financeiras ao poder concedente; e V - identificação de eventuais fontes de receitas alternativas, complementares, acessórias ou de projetos associados, bem como da parcela destinada à modicidade tarifária. Parágrafo único. Qualquer subsídio tarifário ao custeio da operação do transporte público coletivo deverá ser definido em contrato, com base em critérios transparentes e objetivos de produtividade e eficiência, especificando, minimamente, o objetivo, a fonte, a periodicidade e o beneficiário, conforme o estabelecido nos arts. 8o e 9o desta Lei. Art. 11. Os serviços de transporte privado coletivo, prestados entre pessoas físicas ou jurídicas, deverão ser autorizados, disciplinados e fiscalizados pelo poder público competente, com base nos princípios e diretrizes desta Lei. 36 UNIDADE I │ MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE Art. 12. Os serviços de utilidade pública de transporte individual de passageiros deverão ser organizados, disciplinados e fiscalizados pelo poder público municipal, com base nos requisitos mínimos de segurança, de conforto, de higiene, de qualidade dos serviços e de fixação prévia dos valores máximos das tarifas a serem cobradas. (Redação dada pela Lei no 12.865, de 2013) Art. 12-A. O direito à exploração de serviços de táxi poderá ser outorgado a qualquer interessado que satisfaça os requisitos exigidos pelo poder público local. (Incluído pela Lei no 12.865, de 2013) § 1o É permitida a transferência da outorga a terceiros que atendam aos requisitos exigidos em legislação municipal. (Incluído pela Lei no 12.865, de 2013) § 2o Em caso de falecimento do outorgado, o direito à exploração do serviço será transferido a seus sucessores legítimos, nos termos dos arts. 1.829 e seguintes do Título II do Livro V da Parte Especial da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil). (Incluído pela Lei no 12.865, de 2013) § 3o As transferências de que tratam os §§ 1o e 2o dar-se-ão pelo prazo da outorga e são condicionadas à prévia anuência do poder público municipal e ao atendimento dos requisitos fixados para a outorga. (Incluído pela Lei no 12.865, de 2013) Art. 13. Na prestação de serviços de transporte público coletivo, o poder público delegante deverá realizar atividades de fiscalização e controle dos serviços delegados, preferencialmente em parceria com os demais entes federativos. Direitos dos Usuários (Capítulo III): Art. 14. São direitos dos usuários do Sistema Nacional de Mobilidade Urbana, sem prejuízo dos previstos nas Leis nos 8.078, de 11 de setembro de 1990, e 8.987, de 13 de fevereiro de 1995: I - receber o serviço adequado, nos termos do art. 6o da Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995; II - participar do planejamento, da fiscalização e da avaliação da política local de mobilidade urbana; III - ser informado nos pontos de embarque e desembarque de passageiros, de forma gratuita e acessível, sobre itinerários, horários, tarifas dos serviços e modos de interação com outros modais; e 37 MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE │ UNIDADE I IV - ter ambiente seguro e acessível para a utilização do Sistema Nacional de Mobilidade Urbana, conforme as Leis nos 10.048, de 8 de novembro de 2000, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Parágrafo único. Os usuários dos serviços terão o direito de ser informados, em linguagem acessível e de fácil compreensão, sobre: I - seus direitos e responsabilidades; II - os direitos e obrigações dos operadores dos serviços; e III - os padrões preestabelecidos de qualidade e quantidade dos serviços ofertados, bem como os meios para reclamações e respectivos prazos de resposta. Art. 15. A participação da sociedade civil no planejamento, fiscalização e avaliação da Política Nacional de Mobilidade Urbana deverá ser assegurada pelos seguintes instrumentos: I - órgãos colegiados com a participação de representantes do Poder Executivo, da sociedade civil e dos operadores dos serviços; II - ouvidorias nas instituições responsáveis pela gestão do Sistema Nacional de Mobilidade Urbana ou nos órgãos com atribuições análogas; III - audiências e consultas públicas; e IV - procedimentos sistemáticos de comunicação, de avaliação da satisfação dos cidadãos e dos usuários e de prestação de contas públicas. Figura 18. Congestionamento na marginal Pinheiros. Fonte: <http://www1.folha.uol.com.br/especial/2013/mobilidadeurbana/>. 38 UNIDADE I │ MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE Divisão de responsabilidades e atribuições (Capítulo IV): Art. 16. São atribuições da União: I - prestar assistência técnica e financeira aos Estados, Distrito Federal e Municípios, nos termos desta Lei; II - contribuir para a capacitação continuada de pessoas e para o desenvolvimento das instituições vinculadas à Política Nacional de Mobilidade Urbana nos Estados, Municípios e Distrito Federal, nos termos desta Lei; III - organizar e disponibilizar informações sobre o Sistema Nacional de Mobilidade Urbana e a qualidade e produtividade dos serviços de transporte público coletivo; IV - fomentar a implantação de projetos de transporte público coletivo de grande e média capacidade nas aglomerações urbanas e nas regiões metropolitanas; V - (VETADO); VI - fomentar o desenvolvimento tecnológico e científico visando ao atendimento dos princípios e diretrizes desta Lei; e VII - prestar, diretamente ou por delegação ou gestão associada, os serviços de transporte público interestadual de caráter urbano. § 1o A União apoiará e estimulará ações coordenadas e integradas entre Municípios e Estados em áreas conurbadas, aglomerações urbanas e regiões metropolitanas destinadas a políticas comuns de mobilidade urbana, inclusive nas cidades definidas como cidades gêmeas localizadas em regiões de fronteira com outros países, observado o art. 178 da Constituição Federal. § 2o A União poderá delegar aos Estados, ao Distrito Federal ou aos Municípios a organização e a prestação dos serviços de transporte público coletivo interestadual e internacional de caráter urbano, desde que constituído consórcio público ou convênio de cooperação para tal fim, observado o art. 178 da Constituição Federal. Art. 17. São atribuições dos Estados: I - prestar, diretamente ou por delegação ou gestão associada, os serviços de transporte público coletivo intermunicipais de caráter urbano, em conformidade com o § 1o do art. 25 da Constituição Federal; 39 MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE │ UNIDADE I II - propor política tributária específica e de incentivos para a implantação da Política Nacional de Mobilidade Urbana; e III - garantir o apoio e promover a integração dos serviços nas áreas que ultrapassem os limites de um Município, em conformidade com o § 3o do art. 25 da Constituição Federal. Parágrafo único. Os Estados poderão delegar aos Municípios a organização e a prestação dos serviços de transporte público coletivo intermunicipal de caráter urbano, desde que constituído consórcio público ou convênio de cooperação para tal fim. Art. 18. São atribuições dos Municípios: I - planejar, executar e avaliar apolítica de mobilidade urbana, bem como promover a regulamentação dos serviços de transporte urbano; II - prestar, direta, indiretamente ou por gestão associada, os serviços de transporte público coletivo urbano, que têm caráter essencial; III - capacitar pessoas e desenvolver as instituições vinculadas à política de mobilidade urbana do Município; e IV - (VETADO). Art. 19. Aplicam-se ao Distrito Federal, no que couber, as atribuições previstas para os Estados e os Municípios, nos termos dos arts. 17 e 18. Art. 20. O exercício das atribuições previstas neste Capítulo subordinar-se-á, em cada ente federativo, às normas fixadas pelas respectivas leis de diretrizes orçamentárias, às efetivas disponibilidades asseguradas por suas leis orçamentárias anuais e aos imperativos da Lei Complementar no 101, de 4 de maio de 2000. Diretrizes para o planejamento e gestão dos sistemas de mobilidade (Capítulo V): Art. 21. O planejamento, a gestão e a avaliação dos sistemas de mobilidade deverão contemplar: I - a identificação clara e transparente dos objetivos de curto, médio e longo prazo; II - a identificação dos meios financeiros e institucionais que assegurem sua implantação e execução; 40 UNIDADE I │ MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE III - a formulação e implantação dos mecanismos de monitoramento e avaliação sistemáticos e permanentes dos objetivos estabelecidos; e IV - a definição das metas de atendimento e universalização da oferta de transporte público coletivo, monitorados por indicadores preestabelecidos. Art. 22. Consideram-se atribuições mínimas dos órgãos gestores dos entes federativos incumbidos respectivamente do planejamento e gestão do sistema de mobilidade urbana: I - planejar e coordenar os diferentes modos e serviços, observados os princípios e diretrizes desta Lei; II - avaliar e fiscalizar os serviços e monitorar desempenhos, garantindo a consecução das metas de universalização e de qualidade; III - implantar a política tarifária; IV - dispor sobre itinerários, frequências e padrão de qualidade dos serviços; V - estimular a eficácia e a eficiência dos serviços de transporte público coletivo; VI - garantir os direitos e observar as responsabilidades dos usuários; e VII - combater o transporte ilegal de passageiros. Figura 19. Quanto tempo você leva para chegar ao trabalho? Fonte: <http://www.motorpasion.com.br/conducao/quanto-tempo-voce-leva-para-chegar-ao-trabalho> Art. 23. Os entes federativos poderão utilizar, dentre outros instrumentos de gestão do sistema de transporte e da mobilidade urbana, os seguintes: I - restrição e controle de acesso e circulação, permanente ou temporário, de veículos motorizados em locais e horários predeterminados; 41 MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE │ UNIDADE I II - estipulação de padrões de emissão de poluentes para locais e horários determinados, podendo condicionar o acesso e a circulação aos espaços urbanos sob controle; III - aplicação de tributos sobre modos e serviços de transporte urbano pela utilização da infraestrutura urbana, visando desestimular o uso de determinados modos e serviços de mobilidade, vinculando-se a receita à aplicação exclusiva em infraestrutura urbana destinada ao transporte público coletivo e ao transporte não motorizado e no financiamento do subsídio público da tarifa de transporte público, na forma da lei; IV - dedicação de espaço exclusivo nas vias públicas para os serviços de transporte público coletivo e modos de transporte não motorizados; V - estabelecimento da política de estacionamentos de uso público e privado, com e sem pagamento pela sua utilização, como parte integrante da Política Nacional de Mobilidade Urbana; VI - controle do uso e operação da infraestrutura viária destinada à circulação e operação do transporte de carga, concedendo prioridades ou restrições; VII - monitoramento e controle das emissões dos gases de efeito local e de efeito estufa dos modos de transporte motorizado, facultando a restrição de acesso a determinadas vias em razão da criticidade dos índices de emissões de poluição; VIII - convênios para o combate ao transporte ilegal de passageiros; e IX - convênio para o transporte coletivo urbano internacional nas cidades definidas como cidades gêmeas nas regiões de fronteira do Brasil com outros países, observado o art. 178 da Constituição Federal. Art. 24. O Plano de Mobilidade Urbana é o instrumento de efetivação da Política Nacional de Mobilidade Urbana e deverá contemplar os princípios, os objetivos e as diretrizes desta Lei, bem como: I - os serviços de transporte público coletivo; II - a circulação viária; III - as infraestruturas do sistema de mobilidade urbana; IV - a acessibilidade para pessoas com deficiência e restrição de mobilidade; 42 UNIDADE I │ MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE V - a integração dos modos de transporte público e destes com os privados e os não motorizados; VI - a operação e o disciplinamento do transporte de carga na infraestrutura viária; VII - os polos geradores de viagens; VIII - as áreas de estacionamentos públicos e privados, gratuitos ou onerosos; IX - as áreas e horários de acesso e circulação restrita ou controlada; X - os mecanismos e instrumentos de financiamento do transporte público coletivo e da infraestrutura de mobilidade urbana; e XI - a sistemática de avaliação, revisão e atualização periódica do Plano de Mobilidade Urbana em prazo não superior a 10 (dez) anos. § 1o Em Municípios acima de 20.000 (vinte mil) habitantes e em todos os demais obrigados, na forma da lei, à elaboração do plano diretor, deverá ser elaborado o Plano de Mobilidade Urbana, integrado e compatível com os respectivos planos diretores ou neles inserido. § 2o Nos Municípios sem sistema de transporte público coletivo ou individual, o Plano de Mobilidade Urbana deverá ter o foco no transporte não motorizado e no planejamento da infraestrutura urbana destinada aos deslocamentos a pé e por bicicleta, de acordo com a legislação vigente. § 3o O Plano de Mobilidade Urbana deverá ser integrado ao plano diretor municipal, existente ou em elaboração, no prazo máximo de 3 (três) anos da vigência desta Lei. § 4o Os Municípios que não tenham elaborado o Plano de Mobilidade Urbana na data de promulgação desta Lei terão o prazo máximo de 3 (três) anos de sua vigência para elaborá-lo. Findo o prazo, ficam impedidos de receber recursos orçamentários federais destinados à mobilidade urbana até que atendam à exigência desta Lei. Para conhecer um pouco mais sobre as implicações da Lei no 12.587/2012, acesse o site: <http://revistavisaojuridica.uol.com.br/advogados-leis-jurisprudencia/86/para- aonde-vamos-politica-nacional-de-mobilidade-urbana-legislacao-293303-1.asp>. 43 CAPÍTULO 3 Instrumentos de gestão de mobilidade urbana A Política Nacional de Mobilidade Urbana (PNMU, Lei no 12.587/2012) surge com o intuito de integrar, melhorar e tornar mais acessíveis os diferentes modos de transporte, visando à mobilidade de pessoas e cargas no país. O documento esclarece também direitos dos usuários, como o de ser informado nos pontos de embarque e desembarque sobre itinerários, horários, tarifas dos serviços e modos de interação com outros modais. As regras que definem as tarifas a serem cobradas também estão estipuladas. De acordo com a nova política, os entes federativos poderão fazer uso de instrumentos de gestão como restrição e controle de acesso e circulação, permanente ou temporário, de veículos motorizados em locais e horários predeterminados. São Paulo, por exemplo, já utiliza o sistema de rodízio de automóveis na tentativa de amenizar os problemas de trânsito. O plano prevê também a aplicação de tributos para utilização da infraestrutura urbana, no sentido de desestimular o uso de “determinadosmodos e serviços de mobilidade”. Mas garante, no entanto, que os recursos obtidos por esse meio serão aplicados exclusivamente em infraestrutura urbana “destinada ao transporte público coletivo e ao transporte não motorizado”, e no financiamento do subsídio público da tarifa de transporte público. Aos entes federativos caberá, segundo a lei, estipular padrões de emissão de poluentes para locais e horários determinados, bem como monitorar e controlar as emissões dos gases de efeito local e de efeito estufa, podendo, inclusive, restringir o acesso a vias com índices críticos de poluição. Poderão, ainda, dedicar espaço exclusivo nas vias públicas para os serviços de transporte público coletivo e para meios de transporte não motorizados, além de estabelecer políticas para estacionamentos públicos e privados. 44 UNIDADE I │ MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE Figura 20. Princípios da mobilidade urbana. Princípios para o Transporte na Vida Urbana: Melhor Juntos que Separados As cidades bem sucedidas e sustentáveis do século 21 darão maior prioridade às pessoas, ao integrar os transportes e o desenvolvimento urbano. Fazer com que isto aconteça significa colocar em prática os princípios de mobilidade urbana sustentável para criar cidades vibrantes, com baixa emissão de carbono, onde as pessoas gostem de morar e trabalhar. Os princípios de mobilidade urbana sustentável mostram como o futuro do transporte na vida urbana pode reforçar a natureza complementar entre transporte e desenvolvimento urbano, de uma forma sustentável. Tendo em vista o rápido processo de urbanização e a mudança climática, o futuro do transporte na vida urbana dependerá não só da aplicação desses princípios, mas da sua aplicação de forma integrada. Compactar Numa cidade mais compacta, as atividades se realizam em locais mais próximos entre si e sua ligação consome menos tempo e energia. Quando todos os princípios são aplicados de forma integrada, cria-se uma cidade compacta e próspera. Densificar Intensificar o uso do solo verticalmente permito às cidades absorverem o crescimento urbano de forma mais compacta. A maior densidade permite uma combinação mais eficiente, das atividades, melhoria e aumento da capacidade dos serviços de transporte. Transportar O transporte público conecta e Integra as partes mais distantes de uma cidade. É nos corredores do transporte de massa que a densificação deve começar. O transporte de massa de alta qualidade é essencial para criar uma cidade próspera o Justa, facilmente acessível para todos. Conectar Uma cidade necessita de uma rede coesa de vias, ruas de pedestres e ciclovias, além do transporte público de massa. A criação de locais altamente permeáveis promove uma variedade de opções de mobilidade que tornam mais diretos os deslocamentos de um ponto a outro. 45 MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE │ UNIDADE I Misturar Uma cidade conectada se torna mais viva animada quando há uma mistura de atividades ao longo das ruas e vias. O uso diversificado do solo resulta em viagens mais curtas e torna os bairros mais vibrantes. Usar a bicicleta Assim como a diversificação do solo, o usa da bicicleta traz maior energia às ruas e oferece à população uma forma eficiente e conveniente, de se deslocar à média distância. As ciclovias aumentam o acesso das pessoas a uma área maior, além de aumentar a cobertura do transporte de massa. Promover mudanças Quando se coloca em prática os princípios acima, fica mais fácil convencer as pessoas a não usar seus automóveis, mas não é o suficiente. Também são necessárias políticas de controle do estacionamento o e do tráfego para reduzir sensivelmente o uso do veículo particular. Andar a pé Quando todos os princípios funcionam em conjunto, são os pedestres que sentem os resultados de forma mais contundente. Ruas vibrantes e movimentadas, onde a população se sinta segura, são um componente fundamental das cidades bem sucedidas do século 21. Fonte: <http://igovsp.net/sp/cidades-transitaveis-e-agradaveis/>. Os princípios desta Política são: » acessibilidade universal; » desenvolvimento sustentável; » equidade no acesso ao transporte público coletivo; » eficiência, eficácia e efetividade na prestação dos serviços de transporte e na circulação urbana; » segurança nos deslocamentos; » justa distribuição dos benefícios e ônus no uso dos diferentes modos; » equidade no uso do espaço público de circulação, vias e logradouros. Suas diretrizes são: » planejamento Integrado (desenvolvimento urbano, habitação, saneamento básico, planejamento e gestão do uso do solo); » integração entre modos e serviços; » mitigação dos custos ambientais, sociais e econômicos; » desenvolvimento científico-tecnológico; » energias renováveis e menos poluentes; » projetos de transporte público coletivo estruturadores do território e indutores do desenvolvimento urbano integrado. 46 UNIDADE I │ MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE Em relação à Política Tarifária: » Tarifa pública: valor da passagem paga pelo usuário. » Tarifa de remuneração: valor pago ao operador para a prestação do serviço de transporte público coletivo. Caso a tarifa pública não seja suficiente para cobrir todos os custos do serviço prestado, a tarifa de remuneração será resultado da soma do preço pago pelo usuário com a receita procedente de outras fontes de custeio (subsídio). O superávit tarifário deverá ser revertido para o próprio Sistema de Mobilidade Urbana. A contratação dos serviços de transporte público coletivo será precedida de licitação e deverá observar as seguintes diretrizes: » fixação de metas de qualidade e desempenho a serem atingidas e seus instrumentos de controle e avaliação; » identificação de eventuais fontes de receitas alternativas, complementares, acessórias ou de projetos associados, bem como da parcela destinada à modicidade tarifária. Qualquer subsídio tarifário ao custeio da operação do transporte público coletivo deverá ser definido em contrato, com base em critérios transparentes e objetivos de produtividade e eficiência, especificando, minimamente, o objetivo, a fonte, a periodicidade e o beneficiário. Como direitos dos usuários, ela estabelece: » receber o serviço adequado; » participar do planejamento, da fiscalização e da avaliação da política local de mobilidade urbana; » ter ambiente seguro e acessível para a utilização do Sistema Nacional de Mobilidade Urbana; » ser informado nos pontos de embarque e desembarque, de forma gratuita e acessível, sobre itinerários, horários, tarifas dos serviços e modos de interação com outros modos. Como atribuições da União: » prestar assistência técnica e financeira aos Estados, DF e municípios; » contribuir para a capacitação e desenvolvimento das instituições nos Estados, DF e municípios; 47 MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE │ UNIDADE I » organizar e disponibilizar informações sobre o Sistema Nacional de Mobilidade Urbana; » fomentar projetos de grande e média capacidade, nas aglomerações urbanas e regiões metropolitanas. A União apoiará e estimulará ações coordenadas entre Municípios e Estados em áreas conurbadas. São atribuições dos estados: » prestar os serviços de transporte público coletivo intermunicipal de caráter urbano; » propor política tributária para a implantação da Política Nacional de Mobilidade Urbana; » garantir a integração dos serviços nas áreas que ultrapassem os limites de um Município. São atribuições dos municípios: » planejar, executar e avaliar a Política de Mobilidade Urbana; » promover a regulamentação dos serviços; » capacitar pessoas e desenvolver instituições; » prestar os serviços essenciais de transporte público coletivo urbano. Figura 21. Mobilidade urbana em Brasília. Fonte: <http://www.imparesonline.com.br/2014/04/brasilia-df-transito-beira-do-caos.html>.
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