Buscar

TEORIA DO DIREITO PENAL AULAS 10, 11 E 12 PARA COMENTAR.doc

Prévia do material em texto

TEORIA DO DIREITO PENAL – SEMANA 10
EMENTA: Pena Privativa de Liberdade 1.1 Conceito. 1.2 Espécies. Distinção entre reclusão e detenção. 2. Regimes de cumprimento de Pena. 2.1. Características do regime fechado, semi-aberto e aberto. 2.2. Regime Disciplinar Diferenciado - controvérsias. 3. Progressão e regressão de Regimes. 3.1. Conceitos e aplicabilidade. 3.2. A progressão de Regimes e a Lei de Crimes Hediondos. Lei n. 8072/1990. 4. Direitos e Deveres do Condenado e Preso Provisório. 5. Detração Penal. 6. Remição Penal. 7. Da Monitoração Eletrônica. 
QUESTÃO DE MÚLTIPLA ESCOLHA Com relação ao sistema de execução da pena privativa de liberdade, assinale a opção correta: 
A) O condenado que cumpre pena no regime fechado não pode realizar trabalho externo em serviços ou obras públicas. 
B) Não é cabível a fixação de regime semiaberto aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior a quatro anos, mesmo que favoráveis as circunstâncias judiciais.
C) Os crimes cometidos com violência contra a pessoa impedem a determinação do regime inicial aberto. 
D) O estudo pode ser utilizado como meio de remição no caso de presos que cumprem a pena em regime fechado, semiaberto e aberto, abatendo-se um dia de pena a cada três dias de estudo, desde que a frequência escolar seja de, no mínimo, doze horas. 
E) O tempo de prisão provisória será considerado no cômputo do prazo da pena privativa de liberdade, por meio do instituto da detração penal.
TEORIA DO DIREITO PENAL – SEMANA 11
EMENTA: 1. Medidas Alternativas à Pena Privativa de Liberdade 1.1 Introdução. Desenvolvimento Histórico. A Penalogia e a falha da Pena Privativa de Liberdade 1.2 Penas Substitutivas - Código Penal. 1.3 Penas Alternativas - Lei n. 9099/1995 2. Penas Restritivas de Direitos. 2.1 Espécies. 3. Substituição de Pena 3.1. Pressupostos e conversão. 3.2. A Substituição de Pena e os Crimes Hediondos e Equiparados 3.3. A Substituição de Pena e a Violência Doméstica 4. A Pena de Multa 4.1 Conceito. Natureza Jurídica. 4.2 Espécies 4.3 Cabimento 4.4 Sistemas de Cominação 4.5 Execução.
Semana 11 Sobre as medidas alternativas e substitutivas às penas privativas de liberdade, assinale a opção correta: 
A) Na condenação igual ou inferior a seis meses, a substituição pode ser feita por multa ou por uma pena restritiva de direitos; se superior a seis meses, a pena privativa de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos. 
B) As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade e podem ser aplicadas às penas privativa de liberdade aplicadas não superior a quatro anos, ainda que o crime tenha sido cometido com violência ou grave ameaça à pessoa. 
C) É requisito para a substituição de pena privativa de liberdade por restritiva de direito a não reincidência comum ou específica em crime doloso, ainda que em face da condenação anterior a medida seja socialmente recomendável. 
D) Agente condenado à pena de reclusão de 2 anos e 8 meses pela prática de crime de roubo simples na forma tentada. Neste caso, a pena privativa de liberdade não poderá ser substituída e o regime inicial de cumprimento de pena deverá ser o fechado em decorrência da gravidade do crime. 
E) A substituição da pena privativa de liberdade pode ser aplicada em dois momentos: quando da fixação da sentença penal condenatória ou no curso da execução penal.
TEORIA DO DIREITO PENAL – SEMANA 12
EMENTA: Compreender o sistema trifásico de aplicação de penas. Identificar as circunstâncias judiciais e legais. Diferenciar causas de aumento e qualificadoras. Analisar as circunstâncias aplicáveis em cada fase de dosimetria de pena. Estrutura do Conteúdo 1. Individualização da Pena. 1.1. Princípios norteadores. 1.2. Prevenção geral e especial: necessidade, utilidade e proporcionalidade das penas. 1.2. Vedação da dupla valoração de uma mesma circunstância (bis in idem) 2. Sistema Trifásico de Aplicação de Pena 2.1. Pena-Base: Teoria das Circunstâncias Judiciais. 2.2 Pena-Provisória: Teoria das Circunstâncias Legais. 2.3 Pena Definitiva 3. Pena-Base: Teoria das Circunstâncias Judiciais. 3.1. As circunstâncias previstas no art.59, do Código Penal. 4. Pena-Provisória: Teoria das Circunstâncias Legais. 4.1. Circunstâncias Agravantes Genéricas. Art.61 e 62, do Código Penal. 4.2 Circunstâncias Atenuantes Genéricas. Art.65 e 66, do Código Penal 4.3. Confronto entre Agravantes e Atenuantes: Circunstâncias Preponderantes 5. Pena Definitiva: Causas de Aumento e Diminuição de Pena. 5.1. Concurso entre causas de aumento e diminuição de pena previstas na Parte Geral do Código Penal. 5.2. Concurso entre causas de aumento e diminuição de pena previstas na Parte Especial do Código Penal. 6. Circunstâncias Qualificadoras. 6.1. Momento de aplicação e a criação de um tipo penal derivado. 6.2. Concurso entre qualificadoras e privilégio.
Aplicação Prática Teórica Esta aula apresenta ATIVIDADE DE CAMPO. Leia a notícia abaixo e responda, de forma objetiva e fundamentada às questões formuladas: Trio atrapalhado tenta realizar furto, mas acaba protagonizando cenas cômicas. Disponível em: < https://www.cliccamaqua.com.br/noticia/47852/trioatrapalhado-tenta-realizar-furto-mas-acaba-protagonizando-cenascomicas.html> Atualizado em: 09/12/2019 - 15h:24min - Fonte: G1 Criminosos tentaram, por 2 minutos, retirar TV da parede em estabelecimento de Ribeirão Preto, mas não conseguiram. Câmeras de segurança registraram ação inusitada no domingo (8). Três ladrões quebraram a porta de vidro de uma imobiliária para roubar uma televisão de 75 polegadas, danificaram o aparelho, mas escorregaram diversas vezes nos cacos de vidro e fugiram do local sem levar nada na madrugada deste domingo (8), em Ribeirão Preto (SP). A ação foi registrada pelas câmeras de segurança do estabelecimento e pode ser vista no vídeo acima. Ninguém foi preso. A imobiliária já havia sido invadida e furtada em setembro deste ano. Na época, dois homens levaram dois minutos para furtar uma TV instalada no mesmo local. Na madrugada deste domingo, o trio chegou à imobiliária, na Avenida Professor João Fiúsa, às 4h06 e estacionou o carro em frente ao local. O motorista usou um martelo para estourar a porta de vidro. Em seguida, ele chutou os estilhaços. O vídeo mostra, inicialmente, o ladrão tentando retirar a televisão instalada na parede. Ele girou o aparelho várias vezes na tentativa de desenroscá-lo e usou até um dos pés para puxá-lo. Um comparsa tentou entrar na imobiliária para ajudá-lo, bateu de frente com a porta de vidro e caiu no chão. Um terceiro homem, então, tentou entrar também na imobiliária, mas escorregou nos cacos de vidro ao invadir o estabelecimento. Ele ajudou o comparsa, mas os dois caíram no chão ao arrancar a TV da parede. As imagens mostram uma sequência de quedas, até a fuga do trio sem levar nada. A ação durou dois minutos. As imagens das câmeras de segurança serão entregues à Polícia Civil para investigação do caso. Nenhum dos ladrões havia sido identificado até a manhã desta segunda-feira (9). A imobiliária informou que já foi alvo de ladrões três vezes desde maio 2018 e calcula um prejuízo total de R$ 35 mil. Só as substituições da porta de vidro quebrada e da televisão danificada neste domingo somam R$ 15 mil, segundo a imobiliária. Ante o caso narrado, supondo que os agentes tenham saído correndo do local por medo de serem pegos, a conduta poderá ser tipificada como furto qualificado praticado durante o repouso noturno na forma tentada (art.155, §§1º e 4º, I e IV n.f. art.14, II, todos do Código Penal), com base nos estudos realizados sobre as teorias do delito e da sanção penal, responda de forma objetiva e fundamentada às questões formuladas:
a) No momento da cominação das penas, de que forma o magistrado avaliará a pluralidade de qualificadoras?
RESPOSTA: ANALISANDO o Sistema trifásico de dosimetria de penas e a concorrência das qualificadoras, devemos prestigiar a incidência do princípio da migração. O crime pode ser qualificado por duasou mais especiais formas de agir do agente, ENTÃO uma delas será considerada pelo magistrado na dosimetria, e a qualificadora que não foi utilizada, senão consistir em circunstância agravante ou causa de aumento de pena, poderá ser apreciada com circunstância judicial. A adoção de entendimento contrário caracteriza o indevido bis in idem. Vide Art.68 do CP -A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do Art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e aumento.
_________________________________________Jurisprudência STF“ Na hipótese de concorrência de qualificadoras num mesmo tipo penal, uma delas deve ser utilizada para qualificar o crime e as demais devem ser consideradas como circunstâncias agravantes genéricas, se cabíveis, ou, residualmente, como circunstâncias judiciais.”( Trecho da emenda do HC 99809,Relator(a): Min. Dias Toffoli, Primeira turma, julgado em 23/08/2011,Dje –178 DIVULG15-09-2011 PUBLIC 16-09-11 EMENT VOL –02588-01 PP-00048.
AGORA, segundo o parágrafo único do art. 68, no caso de concurso de MAJORANTES OU MINORANTES quer na parte Geral ou Especial, deve-se optar pela de maior aumento. Nada impede que o Magistrado considere uma causa de aumento da parte geral e outra da parte especial sem se tornar bi in idem. Se nos deparamos com duas causas de aumento – na parte especial diante da capitulação, ele preferirá a que mais aumente. No caso de MINORANTE, aquela que mais diminua. Reparem: “O padrastro de uma mocinha virgem de 16 anos, certa noite resolve estuprar a jovem, que acaba engravidando”: ADEQUAÇÃO TÍPICA: Art. Art. 213 § 1º C/C art. 226, inciso II e Art. 234-A, III do Código Penal. Tirem suas conclusões agora!
Prestem atenção neste tipo completo: 
  Furto
        Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
        Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
        § 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno.
        § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.
        § 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.
        Furto qualificado
        § 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
        I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
        II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
        III - com emprego de chave falsa;
        IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
O parâmetro que trazemos para balizar a pena (reclusão de 2 a 8 anos) reside na correta adequação típica, identificando causas de aumento (majorantes) e causas obrigatórias de redução de pena (minorantes); Em seguida ele deve fazer a avaliação da pena-base de acordo com o contido no artigo 59, dando início à primeira fase da dosimetria penal: Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
	Feito isso deve avaliar as circunstâncias agravantes do fato (artigos 61 e 62) e atenuantes (artigos 65 e 66). Esta é a segunda fase da dosimetria penal.
	Por último, na terceira fase, deve trazer as majorantes e as minorantes do fato (nesta ordem), e através deste calcular a pena definitiva. Estas são sempre trazidas junto ao tipo penal, trazidas na Parte Especial do Código Penal.
	 No caso em concreto pode-se perceber apenas uma causa majorante (aumento de um terço) pelo fato de ter sido praticado durante o repouso noturno contido no § 1º do artigo 155.
        B) Qual a consequência para fins de aplicação de pena o fato de o furto ter sido praticado durante o repouso noturno? Em que momento de aplicação de pena será valorado pelo magistrado? 
RESPOSTA: A caracterização do repouso noturno como causa especial de aumento de pena a ser aplicada na terceira fase de dosimetria de pena. O fato do crime ter sido praticado durante o repouso noturno será usado como majorante (NÃO SE TRATA DE QUALIFICADORA), a ser utilizada como cálculo na 3ª fase da dosimetria da pena. Haverá um aumento de um terço no valor fixado da pena-base pelo juiz. 
C) Qual a consequência para fins de aplicação de pena o fato de o furto não ter se consumado? Em que momento de aplicação de pena será valorado pelo magistrado? 
RESPOSTA: A caracterização da tentativa como causa de diminuição de pena a ser aplicada na terceira fase de dosimetria de pena conjuntamente com a majorante apresentada
D) Caso a pena definitiva de reclusão aplicada fosse inferior a quatro anos, qual o regime inicial de cumprimento de pena deveria ser aplicado? 
RESPOSTA: A possibilidade de aplicação de regime inicialmente ABERTO, consoante o disposto no art.33, §2º, c. do Código Penal
b) Ainda, seria possível a aplicação de alguma medida alternativa à pena privativa de liberdade?
RESPOSTA: SIM. Analisando os requisitos objetivos e subjetivos previstos no art.44, do Código Penal para fins de aplicação de penas substitutivas às penas privativas de liberdade será possível a aplicação de medida alternativa à pena privativa de liberdade (penas restritivas de direitos). 
MÚLTIPLA ESCOLHA: Sobre o sistema trifásico de aplicação de pena, assinale a opção correta: 
A) No concurso de circunstâncias agravantes e atenuantes, a compensação é possível, mas o juiz deve atentar para as circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e da reincidência. 
B) Segundo entendimentos doutrinário e jurisprudencial majoritários, levando-se em consideração o rol do artigo 61 do Código Penal, a reincidência somente pode ser reconhecida em crime doloso. 
C) No concurso entre causas de aumento e diminuição previstas na parte especial do Código Penal, o juiz deve aplicar todas as circunstâncias. 
D) Conforme entendimento sumulado pelo Superior Tribunal de Justiça, a reincidência penal pode ser considerada como circunstância agravante e, simultaneamente, como circunstância judicial. 
E) As circunstâncias agravantes e atenuantes genéricas, constantes nos artigos 61, 62, 65 e 66, do Código Penal se configuram como rol taxativo. 
Agora é com você...
CONCURSO JUIZ SUBSTITUTO – TJ/CE - 2018 “Um homem, maior de idade e capaz, conduzia em seu veículo três comparsas armados com revólveres: eles pretendiam praticar um roubo. Avistaram um caminhão de cargas estacionado em um posto de gasolina e, aproveitando-se da distração do motorista, os três comparsas abordaram-no com violência e subtraíram parte da carga de computadores e notebooks. Os quatro foram presos logo em seguida e os bens foram restituídos à vítima. Em julgamento, o homem que transportava os comparsas confessou a conduta e informou que o seu papel na empreitada criminosa era somente aguardar os comparsas e propiciar a fuga. Foi informado nos autos que o réu respondia a processo por crime de roubo, o que foi considerado como antecedente. Na sentença, ele foi condenado a nove anos e quatro meses de reclusão. Ao analisar a dosimetria da pena, o juiz considerou que a culpabilidade estava comprovada nos autos, tendo afirmado que “a conduta do réu é altamente reprovável, sua personalidade é voltada para o crime; os motivos e as circunstâncias do crime não o favoreceram; as consequências do crime revelaram-se graves e as vítimas em nada contribuíram para o seu cometimento". Como a situação econômica do réu lhe era desfavorável, ele foi assistido pela defensoria pública.
Acerca dos fundamentos da sentença proferida na situação hipotética apresentada, assinale a opção correta,considerando a jurisprudência dos tribunais superiores.
Parte superior do formulário
· a)  O fato de o réu estar respondendo a processo por crime de roubo enseja o agravamento da pena-base.
· b) A pena imposta ao réu deve ser reduzida com fundamento na participação de menor importância, dado que ele não estava armado e não participou diretamente da ação de subtração.
· c) As razões apresentadas pelo juiz para analisar a dosimetria da pena são todas inidôneas para fundamentar acréscimos na pena-base.
· d) A confissão do réu é uma circunstância atenuante que implica a redução da pena para menos do mínimo legal previsto para o caso em tela.
· e)  Em caso de crime de roubo circunstanciado, a indicação do número de majorantes basta para o aumento da pena na segunda fase da dosimetria.
 
20
Entenda como funciona o Regime Disciplinar Diferenciado - RDD
O Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), disposto no artigo 52 da LEP (Lei de Execução Penal)é uma forma especial de cumprimento da pena no regime fechado, que consiste na permanência do presidiário (provisório ou condenado) em cela individual, com limitações ao direito de visita e do direito de saída da cela.
Quanto à natureza, o aludido regime pode ser exposto de duas formas, ou seja, como uma sanção disciplinar (art. 52, caput), ou como medida cautelar (art. 52, § 1 e § 2). A sanção disciplinar é estabelecida quando o condenado comete fato entendido como crime doloso que ocasione a desordem e a indisciplina no presídio.
Já a medida cautelar se trata de quando o condenado apresente alto risco para ordem e segurança da casa prisional, bem como para a sociedade, além das suspeitas que recaiam sobre um possível envolvimento em organização ou associação criminosa (art. 288 do CP).
A aplicação de tais sanções encontra críticas no que diz respeito à sua constitucionalidade. Os defensores dessa vertente alegam que o Regime Disciplinar Diferenciado é ultraje ao nobre princípio da Dignidade da Pessoa Humana (CRFB/88, art. 1º, III), tratamento desumano (CRFB/88, art. 5º, III) e também afronta o princípio da humanidade das penas (CRFB/88, art. 5º, XLVII).
Contudo, a jurisprudência é assente quanto à constitucionalidade do Regime Disciplinar Diferenciado, vez que não se tratam de medidas vexatórias e sim de legítimas medidas disciplinadoras e garantidoras da ordem do sistema prisional.
O que se denota, é que tal medida é balizada na proporcionalidade, vez que faz o tratamento diferenciado individualiza o cumprimento da pena.
Assim, é possível aplicar a sanção somente ao apenado que transgredir as normas.
Importante ressaltar que, conforme disposto no caput do art. 52 da LEP, o Regime Disciplinar Diferenciado somente é aplicado quando a “prática de fato previsto como crime doloso constitui falta grave e, quando ocasione subversão da ordem ou disciplina internas”, ou seja, se não houver prejuízos à normalidade da casa prisional, mesmo que o crime seja doloso, não se aplica o RDD e sim o art. 53, III e IV da referida lei.
Outro ponto que merece atenção, é que o condenado não necessita cometer o crime doloso tipificado no CP, basta que o apenado apresente alto risco à segurança da casa prisional ou da sociedade, ou seja denota-se aqui a natureza cautelar da medida.
No que tange às características, estas se encontram dispostas nos incisos de I a IV, senão vejamos:
1) DA DURAÇÃO MÁXIMA DE 360 DIAS, SEM PREJUÍZO DE REPETIÇÃO DA SANÇÃO POR NOVA FALTA GRAVE DE MESMA ESPÉCIE, ATÉ O LIMITE DE 1/6 DA PENA APLICADA
Tal dispositivo trata da duração máxima da aplicação do Regime Disciplinar Diferenciado, limitando-se a 360 (trezentos a sessenta) dias. Contudo, pode ocorrer a repetição da sanção por nova falta desde que seja respeitado o limite de máximo de 1/6 (um sexto) da pena do condenado. Exemplificando, caso o réu seja condenado a 10 anos (120 meses) de reclusão, ou seja, o condenado, em caso de repetição, a sanção somada a anterior não poderá ultrapassar de 1/6 (20 meses).
2) DO RECOLHIMENTO EM CELA INDIVIDUAL
O objetivo deste dispositivo é assegurar o recolhimento em cela individual, afim de evitar o contato do condenado com os demais detentos. Apesar da cela individual ser garantida a todos os presos, a realidade brasileira não retrata tal direito e sim a superlotação carcerária. Assim o legislador estabeleceu que para o Regime Disciplinar Diferenciado, a cela individual é medida necessária como forma de garantia à segurança do Estado.
3) DAS VISITAS SEMANAIS DE DUAS PESSOAS, SEM CONTAR AS CRIANÇAS, COM DURAÇÃO DE DUAS HORAS
Esta medida tem como finco a limitação das visitas semanais, podendo ser realizada por duas pessoas, com a duração de duas horas, com exceção das crianças, estas que não se devem contar. O rigor a que se impõe a visitação não se restringe ao número de pessoas ou à duração permitida e sim também ao modo, vez que a visita será realizada em sala própria, sem qualquer contato físico com o preso, não sendo possível, portanto, as visitas íntimas.
4) O PRESO TERÁ DIREITO À SAÍDA DA CELA POR DUAS HORAS DIÁRIAS PARA BANHO DE SOL
O dispositivo versa sobre a saída da cela do apenado por 2 (duas) horas para banho de sol. Apesar da clareza do aludido inciso é preciso harmonizá-lo com toda a LEP, seja na realização de trabalho pelo detento - desde que seja possível sua realização no interior da própria sala - e, ainda, quando não há sol.
Mitigando a literalidade “banho de sol”, em não havendo sol, segundo alguns doutrinadores, o detendo deve ser levado a outro ambiente por estes momentos. Acerca do tema, ainda importante mencionar a competência, a legitimidade de postulação e o procedimento para inclusão no Regime Disciplinar Diferenciado.
5) DA COMPETÊNCIA PARA INCLUSÃO NO RDD
Nos termos do artigo 54 da LEP, as sanções serão aplicadas por prévio e fundamentado despacho do juiz competente, sendo que há divergências doutrinárias quanto quem seria o juiz competente, se o juiz do processo ou o juiz da execução penal. A luz do art. 66 da LEP, é o juiz da execução.
6) DA LEGITIMIDADE PARA POSTULAR O RDD
Extrai-se dos §§ 1º e 2º, do artigo 54 da LEP é postulação legítima para inclusão no RDD o relatório pormenorizado elaborado pelo Diretor da casa prisional ou outra autoridade administrativa (Secretário de Segurança Pública e Secretário da Administração Penitenciária), ou seja, não pode o magistrado decretar a medida ex officio.
Vejamos que o Ministério Público assim como o juiz, também não aparece no texto legal, contudo, deve-se reconhecer tal legitimidade ao Parquet, vez que além de conhecedor, é ele o incumbido da fiscalização da execução penal e do oficiamento no processo executivo e nos incidentes de execução, a luz da referida lei nos artigos 67, 68 e 195.
7) DO PROCEDIMENTO PARA INCLUSÃO NO RDD
O procedimento consiste na apresentação de relatório circunstanciado por quem é legítimo conforme descrito no tópico anterior, cabendo ao Ministério Público e a defesa manifestarem-se a respeito do pedido, ambos, separadamente no prazo de 3 (três) dias e, por conseguinte, o juiz da execução proferir sua decisão no prazo de 15 (quinze dias), cabendo agravo nos termos do art. 197 da LEP.
8) DA INCLUSÃO PREVENTIVA NO RDD
Diferentemente do prazo normal em que se ouve o MP e a defesa (três dias cada) e o juiz posteriormente, no prazo de 15 (quinze) dias, a inclusão preventiva tem o prazo máximo de 10 (dez) dias, contando com as vistas ao Parquet e a defesa. Ultrapassado esse prazo é necessário o restabelecimento da condição normal do condenado, sob pena de nulidade.
Sobre a viabilidade, eis que é patente a inclusão preventiva, pois há circunstâncias em que exige-se a pronta atuação judicial, sob pena de ser irremediável. Destaca-se, a inclusão preventiva deve ser descontada ao final da medida.Parte inferior do formulário

Continue navegando