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1 Débora Kniess Campos, Luciana de Bittencourt Carara, Roseli Boeing, acadêmicas. 2 Alessandra Antunes do Livramento, Professor tutor externo. Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI - Pedagogia (PED1875) – Paper do Seminário – 31/10/2019 EJA: A EDUCAÇÃO E AS POLÍTICAS PÚBLICAS QUE REGEM ESSA MODALIDADE Débora Kniess Campos¹ Luciana de Bittencourt Carara¹ Roseli Boeing¹ Alessandra Antunes do Livramento Ferreira² RESUMO O presente paper tem como objetivo apresentar as políticas públicas que regem a modalidade de ensino do EJA. Também ainda, em linhas gerais, propõe traçar aspectos notórios dessa educação. A educação de jovens e adultos (EJA) é uma modalidade de ensino fundamental e médio, que oportuniza o início ou a continuidade dos estudos daqueles alunos que por qualquer motivo, não concluíram seus estudos na idade apropriada. Essa oferta de estudos é um estímulo para que jovens e adultos retomem seus estudos com oportunidades educacionais adequadas em função de suas características e necessidades, por isso, essa modalidade vai de encontro aos interesses, condições de vida e trabalho com a aplicação de exames e estudos característicos para os educandos trabalhadores. Entre os objetivos dessa modalidade destacam-se a alfabetização e conclusão do Ensino Fundamental e Médio àqueles que estão afastados da escola há muito tempo e querem retomar seus estudos, permitindo a reiniciação do aprendizado valorizando seus saberes e experiências de modo a tornar o aprendizado significativo. Por estarem, muitas vezes, até anos afastados da sala de aula, essa educação pretende trabalhar de maneira flexível, ensinando de maneira adaptada e prática. Para metodologia, utilizou-se a pesquisa bibliográfica buscando subsídios teóricos em livros e estudos já publicados que dissertam sobre o tema, emprestando suas contribuições para a construção deste trabalho. Palavras-chave: EJA. Políticas públicas. Educação. 1. INTRODUÇÃO A modalidade de ensino de Jovens e Adultos – EJA é amparada por lei e objetiva reinserir os indivíduos que não concluíram os estudos na idade certa nesse espaço de aprendizagem, contribuindo diretamente para sua formação. Diferentemente de trabalhar com crianças que estão em idade escolar regular, os jovens e adultos buscam no EJA uma forma de aprender de maneira contextualizada e que faça sentido as suas vidas. Portanto, utilizam-se metodologias variadas, considerando-se a realidade do aluno e ensinando de maneira condizente as suas vivências e não fragmentada. Nesse sentido, esse paper tem como objetivo apresentar as políticas públicas que regem a modalidade de ensino do EJA. Também ainda, em linhas gerais, propõe traçar aspectos notórios dessa educação. 2 Entendendo-se que a EJA atende pessoas que já possuem vivências, experiência e uma bagagem cultural maior, com conhecimentos empíricos adquiridos ao longo da vida, o papel do docente é muito importante e este deve trabalhar de maneira a considerar estes aspectos, visando a efetiva aprendizagem. Ao propor um trabalho nessa modalidade é importante considerar toda a trajetória de vida do aluno e até mesmo seu processo de exclusão da sociedade. Além disso, é fundamental ampliar o olhar sobre seus ritmos e modos de aprendizagem particulares. Nesse sentido, este estudo torna-se pertinente a comunidade acadêmica, uma vez que, se discute muito, nesse âmbito, a qualidade da educação atrelada a preparação do professor. Assim, além de conhecer melhor essa modalidade de ensino, é importante conhecer as leias que asseguram essa modalidade e atenta para que o professor adquira um caráter flexível em suas aulas, de modo a atender a necessidade de seus alunos, procurando adaptar os conteúdos e ensinar de uma forma que todos possam se apropriar dos estudos. Diferentemente de trabalhar com crianças que estão em idade escolar regular, os jovens e adultos buscam no EJA uma forma de aprender de maneira contextualizada e que faça sentido as suas vidas. Portanto, utilizam-se metodologias variadas, considerando-se a realidade do aluno e ensinando de maneira condizente as suas vivências e não fragmentada. Para metodologia, utilizou-se a pesquisa bibliográfica buscando subsídios teóricos em livros e estudos já publicados que dissertam sobre o tema, emprestando suas contribuições para a construção deste trabalho. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A necessidade e emergência de políticas públicas para a educação de jovens e adultos com foco nos propósitos de alfabetização vem permanecendo ao longo dos anos, e, portanto, a conquista dessa modalidade é ainda algo recente. A Educação de Jovens e Adultos – EJA surge da necessidade de oportunizar aos jovens e adultos que não concluíram seus estudos ou que não tiveram acesso ao Ensino Fundamental e Médio na idade certa. Esta modalidade significa um avanço na educação, uma vez que permite um regresso às salas de aula, e o aluno se vê oportunizado tendo em vista que são respeitadas suas características e estudos pedagógicos adequados aos seus interesses, condições de vida e trabalho (ARROYO, 2001). O EJA, portanto, procura ultrapassar o âmbito educacional das escolas regulares, possibilitando uma maior compreensão da vida moderna e criticidade da realidade em que o aluno está inserido, 3 “[...] visando o desenvolvimento da criatividade, da autoestima, da sensibilidade e afetividade do educando, através de uma formação intelectual e crítica dos diferentes campos do saber” (MENDES, 2009, p. 19). A alfabetização implica não em uma memorização visual e mecânica de sentenças, de palavras, de sílabas, desgarradas de um universo existencial, mas numa atitude de criação e recriação. Implica numa auto formação de que possa resultar numa postura interferente do homem sobre seu contexto. Daí que o papel do educador seja fundamentalmente dialogar com o analfabeto, sobre situações concretas, oferecendo lhe simplesmente os instrumentos com que ele se alfabetize (FREIRE, 1983, p. 111) Arco-Verde (2006) menciona que a organização do currículo no EJA considera os saberes advindos dos estudantes ao longo de sua vida, valorizando sua bagagem cultural. É diferente, portanto de educar uma criança na escola regular, os adultos já têm maior clareza do propósito de estudar e essa modalidade atende a essa demanda. Logo, os conteúdos trabalhos no ensino fundamental e médio da escola regular são os mesmos da EJA, o que difere, porém, são as abordagens metodológicas, levando-se sempre em consideração a trajetória de vida, suas vivências e experiências anteriores do adulto educando. Conforme Arroyo (2001), as práticas pedagógicas da EJA precisam ser repensadas considerando-se a vida dos alunos adultos: conflitos familiares, rotina de trabalho muitas vezes exaustiva, situação econômica, entre outros fatores, que podem tornar-se motivos de evasão escolar. Precisa ir de encontro às necessidades dos estudantes adequando novas metodologias de ensino e fortalecendo a prática da reinserção aos estudos, tendo em mente que ao ensinar um adulto é diferente de ensinar uma criança, pois esta não tem a noção de mundo como os adultos têm, e assim o discurso e a intervenção constituem-se de maneiras diferentes. Segundo Gadotti e Romão (2006) é importante mencionar que, ao considerar uma sala de aula da EJA, a diversidade entre culturas e saberes é predominante, exigindo, assim, que se extingam a estrutura rígida de uma escola regular e predomine a flexibilidade capaz de contemplar conteúdos significativos. A EJA não deve ser pensada como uma reposição escolar perdida, assim como acontece com cursos acelerados do ensino supletivo, e sim, ter concessões à qualidade no ensino equivalentes ao regular oferecendo uma terminalidade dos estudos. Sendo assim, Freire (1996) disserta que é deverdo professor fugir do currículo e metodologia comum de sala de aula e conferir maior contextualização de ensino quando atua com alunos do ensino de jovens e adultos. A desmistificação também do uso recorrente da sala de aula, dos livros e dos cadernos é importante para estes alunos, pois a construção da alfabetização e ensino podem surgir da simples troca de ideias e experiências que eles carregam para sala de aula. É 4 essencial considerar os conhecimentos dos alunos com que chegam à escola, respeitando a bagagem cultural que trazem consigo. No periódico Diretrizes Curriculares da Educação de Jovens e Adultos de Arco-Verde (2006), a modalidade de ensino EJA atende a um perfil de educandos diverso, seja em idade, nível de escolarização, perfil socioeconômico e cultural, ocupações distintas e motivação na procura pelo ensino. Na mesma publicação, diz que por atenderem a educandos trabalhadores, os objetivos e compromisso dessa modalidade voltam-se a formação humana. Logo, os alunos podem ter uma consciência crítica, serem democráticos, tomarem posturas éticas, adquirirem compromisso político, desenvolver uma autonomia intelectual e criativa, agirem de maneira coletiva, terem responsabilidades, propor soluções para problemas cotidianos, partindo do conhecimento científico que for construído ao longo dos estudos, mediados pelo professor (ARCO-VERDE, 2006). Assim, de acordo com a publicação de Mendes (2009), a proposta de ensino no EJA precisa estar engajada em experiências práticas, voltada aos propósitos de mudança e socialização do conhecimento, propondo uma prática que estimule a criatividade do educando baseada em uma formação crítica e autônoma. Isso porque, além de valorizar e reconhecer a pluralidade no ensino do EJA enriquecendo o lado social dos alunos (MENDES, 2009). 3. MATERIAIS E MÉTODOS A pesquisa de campo neste estudo desenvolveu suas bases na pesquisa bibliográfica, considerando-se uma fonte rica para coleta de dados, tais como contribuições culturais e teóricas de variados temas (LAKATOS & MARCONI, 2001). Figura 1 – A pluralidade dos indivíduos no Ensino de Jovens e Adultos Fonte: Portaleducacao.guarulhos.sp.gov.br, 2018 5 Conforme mostra a Figura 1, a pluralidade dos alunos matriculados no ensino da modalidade EJA é marcante, o que infere assim na reflexão sobre o processo de ensino e aprendizagem, exigindo uma postura flexível por parte dos educadores em relação às práticas pedagógicas, contemplando conteúdos significativos aos estudantes. De acordo com a LDB (1996), a Educação de Jovens e Adultos atende ao público de estudantes que não tiveram acesso ou continuidade aos estudos na idade certa. Logo, a modalidade do EJA atende a um perfil diversificado de alunos, quer seja em idade, nível de escolarização, perfil econômico, social ou cultural, ocupações distintas e motivação em concluir os estudos. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Diante dos expostos teóricos apresentados, foi possível conhecer a Lei n° 9394/96, LDB de 1996, que assegura o ensino gratuito de Jovens e Adultos, que não puderam concluir seus estudos na idade regular. A lei permite ainda que sejam respeitados os ritmos próprios de cada aluno no seu processo de apropriação de saberes bem como a organização do tempo escolar, referente aos dias previstos na semana para as aula, afirma Arco-Verde (2006). A modalidade do Ensino de Jovens e adultos evoca discussões acerca das práticas pedagógicas dirigidas a este contexto. Isso porque, é fundamental que ao propor uma metodologia de ensino voltado à EJA é fundamental considerar o contexto dos alunos, que muitas vezes configuram-se adultos inseridos no mercado de trabalho, com isso sua motivação é baixa, sem deixar de mencionar a exaustão que trazem consigo, sua situação econômica, preocupação com a família, entre outros assuntos. Tais fatores são importantes, sobretudo porque influenciam na evasão escolar, conforme aponta Mendes (2009). Os docentes que atuam nessa modalidade se comprometem com uma modalidade que favorece a relação dúbia entre o sujeito e a realidade que o cerca. Se esta relação dialética aliada aos conhecimentos científicos tornar-se significativa, as metodologias vão conferir sucesso na aprendizagem e desenvolvimento do aluno (ARCO-VERDE, 2006). Sendo assim, o professor precisa centrar sua proposta metodológica em atividades diferenciadas e diversificadas, que, ao mesmo tempo em que auxiliem na construção do saber, façam com que o estudo se torne significativa para o aluno. O educador precisa compreender também que o ensino de jovens e adultos diferencia-se do ensino de crianças inseridas no contexto regular de ensino, pois o adulto tenha uma maior noção de mundo, a qual as crianças não possuem, colabora Mendes (2009). 6 Freire (1983) assevera que o ensino do EJA não traz um ensino mecanizado e sim numa postura interferente do homem sobre o seu contexto, o que acarreta assim, ao papel do educador em propor situações concretas ao ensino do analfabeto, oferecendo a ele instrumentos para que ele se alfabetize. O campo social é dinâmico, portanto, este oferece inúmeros diálogos e textos, os quais podem servir para fazer a relação dialógica entre os saberes do aluno com os saberes de sua cultura, como por exemplo, o noticiário da televisão ou do rádio. Partindo desse princípio, o professor estará fugindo da metodologia comum do ensino regular e indo de encontro com a realidade dos alunos do EJA, ao que Freire (1983) propõe como o respeito ao que o educando traz consigo de vivências para a escola. Além disso, é importante considerar uma prática pautada nos caminhos que levam à mudança e à socialização dos alunos, tendo em vista, que os educandos trazem um legado cultural, ou seja, conhecimentos do senso comum, que podem ser aproveitados para introduzir temas de interesse coletivo em prol de um diálogo social e universal que proponham mudanças em seu meio, afirma Arco-Verde (2006). 5. CONCLUSÃO Diante do que foi exposto, é possível tecer algumas considerações finais pertinentes ao tema. Foi possível aprofundar-mais no tema e conhecer aspectos da educação de jovens e adultos, bem como sua legislação, as práticas pedagógicas e a constatação que o ensino em EJA é uma realidade possível e assim como as outras necessita dedicação por parte dos profissionais e sujeitos envolvidos. É possível citar que o ensino de jovens e adultos torna-se muito importante, uma vez que a exigência do mercado demanda cada vez mais formação das pessoas, portanto, essa modalidade é necessária para aqueles que buscam qualificação. Nos dias atuais, a alfabetização e o ensino, de modo geral, não se limitam apenas à capacitação do aluno para inseri-lo no mercado de trabalho, mas também centra seus esforços no desenvolvimento de capacidades, autonomias tornando os cidadãos mais conscientes e críticos acerca da realidade que os cerca, e exigentes. Com a mudança nessa realidade social, os alunos vão ter mais informações que melhorem sua qualidade de vida, higiene, alimentação e direitos e deveres. Tendo em vista ainda o aporte teórico, é preciso destacar que uma aula na modalidade EJA é diferente de uma aula na escola regular. A realidade é totalmente diferente e exige que o professor saiba adaptar as aulas de acordo com a realidade da turma, uma vez que o próprio ensino no EJA tem seu ensino específico. 7 É oportuno mencionar ainda que, as políticas públicas podem se empenhar em contribuir com o desenvolvimento dessa modalidade que tanto tem atendido jovens em adultos na procura em continuar e concluir seus estudos. Os professores podem atualizar-se constantemente, trazendo metodologias que valorizem e oportunizem aos alunos um ensino de qualidade e como consequência eles ampliem os seus conhecimentos. E à sociedadecabe cada vez mais valorizar essa modalidade que privilegia os indivíduos a retomarem seus estudos, dando importância à educação. REFERÊNCIAS ARCO-VERDE, Yvelise Freitas de Souza. ( Coord.) Diretrizes Curriculares da Educação de Jovens e Adultos. Secretaria de estado da educação. Governo do estado do Paraná Curitiba, 2006. Disponível em: <http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/diretrizes/dce_eja.pdf> Acesso em: 28 out.2019. ARROYO, Miguel G. da. A Educação de Jovens e Adultos em tempos de exclusão. Alfabetização e Cidadania. São Paulo: Rede de Apoio à Ação Alfabetizadora no Brasil. 2001. FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983. ______. Pedagogia da autonomia. Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. GADOTTI, Moacir; ROMÃO E. José (Orgs.). Educação de Jovens e Adultos – Teoria, prática e proposta. 8. ed. São Paulo: Cortez Editora, 2006. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos metodologia científica. 4.ed. São Paulo: Atlas, 2001. MENDES, Daniel Tadeu Vigolo. Educação de jovens e adultos e inclusão de alunos com deficiência visual. Trabalho de Conclusão de Curso. Cuiabá, 2009. SILVA, E. L. MENEZES, E. M. Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação. 3. ed. Florianópolis: Laboratório de Ensino a Distância da UFSC, 2001. http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/diretrizes/dce_eja.pdf
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