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03_Conhecimentos_Politicos_Pedagogicos_e_Legislacao

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1 
 
 
 
 
 
 
 
Prefeitura de Contagem-MG 
 
A educação escolar como processo sociocultural e inclusivo: função social e tendências 
atuais. ................ ...................................................................................................................... 1 
O contexto político-econômico da educação brasileira: direito, acesso, permanência e 
qualidade. Princípios, fins e organização da Educação Nacional. Níveis e modalidades de 
Ensino. ................................................................................................................................... 24 
Conhecimentos Político-Pedagógicos ............................................................................... 63 
Legislação Educacional. .................................................................................................... 77 
Concepções históricas, filosóficas e sociológicas da educação brasileira. ....................... 144 
Evolução político-social do sistema de ensino básico no Brasil. ...................................... 190 
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e suas implicações. ......................... 190 
Legislações e Políticas Públicas para a Educação Básica. ............................................. 216 
O Plano Nacional de Educação. ...................................................................................... 216 
As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental e para o Ensino Médio. 
........ ..................................................................................................................................... 239 
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica. ............................................ 321 
Financiamento da Educação. .......................................................................................... 319 
A Gestão Escolar ............................................................................................................ 390 
Projeto Didático-Pedagógico. .......................................................................................... 399 
A organização do currículo por áreas de conhecimento e o Currículo orientado para a 
construção de competências. .............................................................................................. 407 
Tendências e Pensamento pedagógico brasileiro. .......................................................... 433 
Teorias educacionais na relação professor-aluno, .......................................................... 433 
escola-comunidade. ........................................................................................................ 441 
Didática, organização curricular e a prática pedagógica do professor. ............................ 460 
Saberes pedagógicos e atividades docentes no coletivo escolar. ................................... 468 
Planejamento educacional, ............................................................................................. 471 
metodologias para a sala de aula .................................................................................... 488 
 e avaliação do processo ensino-aprendizagem. ............................................................ 492 
Concepções teóricas de ensino e aprendizagem ............................................................ 507 
e a gestão da sala de aula. ............................................................................................. 517 
A qualidade social da educação escolar ......................................................................... 524 
educação para a diversidade numa perspectiva multicultural. ......................................... 524 
Educação Inclusiva: diversidade étnico-racial, sexual e de gênero e a promoção da 
Igualdade...... ....................................................................................................................... 542 
O uso de tecnologias da informação e comunicação em sala de aula. ........................... 581 
Sistemas de Avaliação em larga escala e a Avaliação da Aprendizagem. ....................... 593 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1621234 E-book gerado especialmente para MICHELLE DOS SANTOS
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Olá Concurseiro, tudo bem? 
 
Sabemos que estudar para concurso público não é tarefa fácil, mas acreditamos na sua 
dedicação e por isso elaboramos nossa apostila com todo cuidado e nos exatos termos do 
edital, para que você não estude assuntos desnecessários e nem perca tempo buscando 
conteúdos faltantes. Somando sua dedicação aos nossos cuidados, esperamos que você 
tenha uma ótima experiência de estudo e que consiga a tão almejada aprovação. 
 
Pensando em auxiliar seus estudos e aprimorar nosso material, disponibilizamos o e-mail 
professores@maxieduca.com.br para que possa mandar suas dúvidas, sugestões ou 
questionamentos sobre o conteúdo da apostila. Todos e-mails que chegam até nós, passam 
por uma triagem e são direcionados aos tutores da matéria em questão. Para o maior 
aproveitamento do Sistema de Atendimento ao Concurseiro (SAC) liste os seguintes itens: 
 
01. Apostila (concurso e cargo); 
02. Disciplina (matéria); 
03. Número da página onde se encontra a dúvida; e 
04. Qual a dúvida. 
 
Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhar em e-mails separados, 
pois facilita e agiliza o processo de envio para o tutor responsável, lembrando que teremos até 
cinco dias úteis para respondê-lo (a). 
 
Não esqueça de mandar um feedback e nos contar quando for aprovado! 
 
Bons estudos e conte sempre conosco! 
1621234 E-book gerado especialmente para MICHELLE DOS SANTOS
 
1 
 
 
 
O Papel da Escola / Função Social da Escola1 
 
A sociedade tem avançado em vários aspectos, e mais do que nunca é imprescindível que a escola 
acompanhe essas evoluções, que ela esteja conectada a essas transformações, falando a mesma língua, 
favorecendo o acesso ao conhecimento que é o assunto crucial a ser tratado neste trabalho. 
É importante refletirmos sobre que tipo de trabalho temos desenvolvido em nossas escolas e qual o 
efeito, que resultados temos alcançado. Qual é na verdade a função social da escola? A escola está 
realmente cumprindo ou procurando cumprir sua função, como agente de intervenção na sociedade? Eis 
alguns pressupostos a serem explicitados nesse texto. Para se conquistar o sucesso se faz necessário 
que se entenda ou que tenha clareza do que se quer alcançar, a escola precisa ter objetivos bem 
definidos, para que possa desempenhar bem o seu papel social, onde a maior preocupação - o alvo deve 
ser o crescimento intelectual, emocional, espiritual do aluno, e para que esse avanço venha fluir é 
necessário que o canal (escola) esteja desobstruído. 
 
A Escola no Passado 
 
A escola é um lugar que oportuniza, ou deveria possibilitar as pessoas à convivência com seus 
semelhantes (socialização). As melhores e mais conceituadas escolas pertenciam à rede particular, 
atendendo um grupo elitizado, enquanto a grande maioria teria que lutar para conseguir uma vaga em 
escolas públicas com estrutura física e pedagógicas deficientes. 
O país tem passado por mudanças significativas no que se refere ao funcionamento e acesso da 
população brasileira ao ensino público, quando em um passado recente era privilégio das camadas 
sociais abastadas (elite) e de preferência para os homens, as mulheres mal apareciam na cena social, 
quando muito as únicas que tinham acesso à instrução formal recebiam alguma iniciação em desenho e 
música. 
 
Atuação da Equipe Pedagógica - Coordenação 
 
A política de atuação da equipe pedagógica é de suma importância para a elevação da qualidade de 
ensino na escola, existe a necessidade urgente de que os coordenadores pedagógicos não restrinjam 
suas atribuições somente à parte técnica, burocrática, elaborar horários de aulas e ainda ficarem nos 
corredores da escola procurando conter a indisciplina dos alunos que saem das salas duranteas aulas, 
enquanto os professores ficam necessitados de acompanhamento. A equipe de suporte pedagógico tem 
papel determinante no desempenho dos professores, pois dependendo de como for a política de trabalho 
do coordenador o professor se sentirá apoiado, incentivado. Esse deve ser o trabalho do coordenador: 
incentivar, reconhecer, e elogiar os avanços e conquistas, em fim o sucesso alcançado no dia a dia da 
escola e consequentemente o desenvolvimento do aluno em todos os âmbitos. 
 
Compromisso Social do Educador 
 
Ao educador compete a promoção de condições que favoreçam o aprendizado do aluno, no sentido 
do mesmo compreender o que está sendo ministrado, quando o professor adota o método dialético; isso 
se torna mais fácil, e essa precisa ser a preocupação do mesmo: facilitar a aprendizagem do aluno, aguçar 
seu poder de argumentação, conduzir ás aulas de modo questionador, onde o aluno- sujeito ativo estará 
também exercendo seu papel de sujeito pensante; que dá ótica construtivista constrói seu aprendizado, 
através de hipóteses que vão sendo testadas, interagindo com o professor, argumentando, questionando 
em fim trocando ideias que produzem inferências. 
O planejamento é imprescindível para o sucesso cognitivo do aluno e êxito no desenvolvimento do 
trabalho do professor, é como uma bússola que orienta a direção a ser seguida, pois quando o professor 
não planeja o aluno é o primeiro a perceber que algo ficou a desejar, por mais experiente que seja o 
docente, e esse é um dos fatores que contribuem para a indisciplina e o desinteresse na sala de aula. É 
 
1 COSTA, V.L.P. Função Social da escola.2012. 
A educação escolar como processo sociocultural e inclusivo: função social e 
tendências atuais 
 
1621234 E-book gerado especialmente para MICHELLE DOS SANTOS
 
2 
 
importante que o planejar aconteça de forma sistematizada e contextualizado com o cotidiano do aluno - 
fator que desperta seu interesse e participação ativa. 
Um planejamento contextualizado com as especificidades e vivências do educando, o resultado será 
aulas dinâmicas e prazerosas, ao contrário de uma prática em que o professor cita somente o número da 
página e alunos abrem seus livros é feito uma explicação superficial e dá-se por cumprido a tarefa da aula 
do dia, não houve conversa, dialética, interação. 
 
Ação do Gestor Escolar 
 
A cultura organizacional do gestor é decisiva para o sucesso ou fracasso da qualidade de ensino da 
escola, a maneira como ele conduz o questionamento das ações é o foco que determinará o sucesso ou 
fracasso da escola. De acordo com Libâneo: Características organizacionais positivas eficazes para o 
bom funcionamento de uma escola: professores preparados, com clareza de seus objetivos e conteúdos, 
que planejem as aulas, cativem os alunos. 
Um bom clima de trabalho, em que a direção contribua para conseguir o empenho de todos, em que 
os professores aceitem aprender com a experiência dos colegas. 
Clareza no plano de trabalho do Projeto pedagógico-curricular que vá de encontro às reais 
necessidades da escola, primando por sanar problemas como: falta de professores, cumprimento de 
horário e atitudes que assegurem a seriedade, o compromisso com o trabalho de ensino e aprendizagem, 
com relação a alunos e funcionários. 
Quando o gestor, com seu profissionalismo conquista o respeito e admiração da maioria de seus 
funcionários e alunos, há um clima de harmonia que predispõe a realização de um trabalho, onde, apesar 
das dificuldades, os professores terão prazer em ensinar e alunos prazer em aprender. 
 
Função Social da Escola 
 
A escola é uma instituição social com objetivo explícito: o desenvolvimento das potencialidades físicas, 
cognitivas e afetivas dos alunos, por meio da aprendizagem dos conteúdos (conhecimentos, habilidades, 
procedimentos, atitudes e valores) que, aliás, deve acontecer de maneira contextualizada desenvolvendo 
nos discentes a capacidade de tornarem-se cidadãos participativos na sociedade em que vivem. 
Eis o grande desafio da escola, fazer do ambiente escolar um meio que favoreça o aprendizado, onde 
a escola deixe de ser apenas um ponto de encontro e passe a ser, além disso, encontro com o saber com 
descobertas de forma prazerosa e funcional, conforme Libâneo, devemos inferir, portanto, que a 
educação de qualidade é aquela mediante a qual a escola promove, para todos, o domínio dos 
conhecimentos e o desenvolvimento de capacidades cognitivas e afetivas indispensáveis ao atendimento 
de necessidades individuais e sociais dos alunos. 
A escola deve oferecer situações que favoreçam o aprendizado, onde haja sede em aprender e 
também razão, entendimento da importância desse aprendizado no futuro do aluno. Se ele compreender 
que, muito mais importante do que possuir bens materiais, é ter uma fonte de segurança que garanta seu 
espaço no mercado competitivo, ele buscará conhecer e aprender sempre mais. 
Analisando os resultados da pesquisa de campo (questionário) observamos que os jovens da turma 
analisada não possuem perspectivas definidas quanto à seriedade e importância dos estudos para suas 
vidas profissional, emocional, afetiva. A maioria não tem hábito de leitura, frequenta pouquíssimo a 
biblioteca, outros nunca foram lá. A escola é na verdade um local onde se encontram, conversam e até 
namoram. Há ainda, a questão de a família estar raramente na escola, não existe parceria entre a escola 
e família, comunidade a escola ainda tem dificuldades em promover ações que tragam a família para ser 
aliadas e não rivais, a família por sua vez ainda não concebeu a ideia de que precisa estar incluída no 
processo de ensino e aprendizagem independente de seu nível de escolaridade, de acordo com Libâneo, 
“o grande desafio é o de incluir, nos padrões de vida digna, os milhões de indivíduos excluídos e sem 
condições básicas para se constituírem cidadãos participantes de uma sociedade em permanente 
mutação”. 
Políticas que fortaleçam laços entre comunidade e escola é uma medida, um caminho que necessita 
ser trilhado, para assim alcançar melhores resultados. O aluno é parte da escola, é sujeito que aprende 
que constrói seu saber, que direciona seu projeto de vida, assim sendo a escola lida com pessoas, 
valores, tradições, crenças, opções e precisa estar preparada para enfrentar tudo isso. 
Informar e formar precisa estar entre os objetivos explícitos da escola; desenvolver as potencialidades 
físicas, cognitivas e afetivas dos alunos, e isso por meio da aprendizagem dos conteúdos (conhecimentos, 
habilidades, procedimentos, atitudes e valores), fará com que se tornem cidadãos participantes na 
sociedade em que vivem. 
1621234 E-book gerado especialmente para MICHELLE DOS SANTOS
 
3 
 
Uma escola voltada para o pleno desenvolvimento do educando valoriza a transmissão de 
conhecimento, mas também enfatiza outros aspectos: as formas de convivência entre as pessoas, o 
respeito às diferenças, a cultura escolar. 
Ao ouvir depoimentos de alunos que afirmaram que a maioria das aulas são totalmente sem atrativos, 
professores chegam à sala cansados, desmotivados, não há nada que os atraem a participarem, que os 
desafiem a querer aprender. É importante ressaltar a importância da unidade de propostas e objetivos 
entre os coordenadores e o gestor, pois as duas partes falando a mesma linguagem o resultado será 
muito positivo que terá como fruto a elevação da qualidade de ensino. 
 
No caso da criança que inicia a sua vida escolar, a Escola2 é um dos lugares socialmente instituídos 
para a criança se inserir na cultura urbana, para que se relacione com o outro e com o conhecimento. É 
parte de uma dinâmica, onde o sujeito organiza e interpreta suas relações com o mundo interno e externo. 
É nela que aprendemos, a ler e a escrever, dois objetos socioculturais fundamentais numa sociedade 
letrada. Não ler e escrever, hoje, significa não dispor dos instrumentos básicos para inserção e 
participação social, para a constituição da cidadania.A Escola tem um papel realmente importante na vida de uma pessoa porque é na Escola começa a ter 
uma Educação profissional de qualidade e também é por ela que todo mundo começa a formar a sua 
própria opinião e assim poder tomar decisões por contar própria sem contar que a Escola é responsável 
por formar profissionais para o mercado de trabalho. Por meio dela os jovens podem decidir qual vai ser 
o seu futuro. 
Ela se situa de forma cada vez mais evidente em meio a um interesse de classes distintas com 
necessidades distintas. É vista com vários olhos, tanto como objeto educacional quanto um refúgio. Muitos 
pais pensam que a Escola se torna um meio de estar se livrando dos seus filhos e querem que a Escola 
de a Educação adequada para eles. A incoerência social da Escola é fruto da Incoerência social da 
Sociedade, frutos da ganância e ambição de muitos. 
Como função social a Escola é um local onde visa a inserção do cidadão na sociedade, através da 
inter-relação pessoal e da capacitação para atuar no grupo que convive. Forma cidadãos críticos e bem 
informados, em condições de compreender e atuar no mundo em que vive. 
 
"É na Escola que se constrói parte da identidade de ser e pertencer ao mundo; nela adquirem-se os 
modelos de aprendizagem, a aquisição de princípios éticos e morais que permeiam a sociedade; na 
Escola depositam-se expectativas, bem como as dúvidas, inseguranças e perspectivas em relação ao 
futuro e às suas próprias potencialidades". 
 
A Escola tem um compromisso com a Educação, devendo atuar forma abrangente, não só tendo como 
objetivo a instrução. Deve manter uma visão holística, procurando avaliar, para melhorar, todos os 
aspetos dos quais o ser humano é constituído. Deve prover os indivíduos não só, nem principalmente, de 
conhecimentos, ideias, habilidades e capacidades formais, mas também, de disposições, atitudes, 
interesses e pautas de comportamento. Assim, tem como objetivo básico a socialização dos alunos para 
prepará-los para sua incorporação no mundo do trabalho e que se incorporem à vida adulta e pública. 
A Escola não foi inventada nem para o aluno, nem para o professor, nem para o político, nem para o 
pedagogo, nem para o sociólogo. 
 A Escola foi inventada para que os que não sabem possam aprender com os que sabem. Ou seja, 
para o Ensino. 
A possibilidade de formar o cidadão para o mercado de trabalho e para a vida está diretamente ligada 
à frequência Escolar, à superação das exigências impostas nas instituições, às adaptações aos ritos de 
passagem. Portanto, as Escolas contribuem para que as sociedades se perpetuem, pois, transmitem 
valores morais que integram as sociedades. Mas elas também podem exercer um papel decisivo nas 
mudanças sociais. 
Contudo, partindo do pressuposto de que a escola visa explicitamente à socialização do sujeito é 
necessário que se adote uma prática docente lúdica, uma vez que ela precisa estar em sintonia com o 
mundo, a mídia que oferece: informatização e dinamismo. 
Considerando a leitura, a pesquisa e o planejamento ferramentas básicas para o desenvolvimento de 
um trabalho eficaz, e ainda fazendo uso do método dialético, o professor valoriza as teses dos alunos, 
cultivando neles a autonomia e autoestima o que consequentemente os fará ter interesse pelas aulas e o 
espaço escolar então deixará de ser apenas ponto de encontro para ser também lugar de crescimento 
intelectual e pessoal. 
 
2 THOMAZ, J. R. A função da escola em organizar-se pensando na formação do aluno. 2009. 
1621234 E-book gerado especialmente para MICHELLE DOS SANTOS
 
4 
 
Para que a escola exerça sua função como local de oportunidades, interação e encontro com o outro 
e o saber, para que haja esse paralelo tão importante para o sucesso do aluno o bom desenvolvimento 
das atribuições do coordenador pedagógico tem grande relevância, pois a ele cabe organizar o tempo na 
escola para que os professores façam seus planejamentos e ainda que atue como formador de fato; 
sugerindo, orientando, avaliando juntamente os pontos positivos e negativos e nunca se esquecendo de 
reconhecer, elogiar, estimular o docente a ir em frente e querer sempre melhorar, ir além. 
O fato de a escola ser um elemento de grande importância na formação das comunidades torna o 
desenvolvimento das atribuições do gestor um componente crucial, é necessário que possua tendência 
crítico-social, com visão de empreendimento, para que a escola esteja acompanhando as inovações, 
conciliando o conhecimento técnico à arte de disseminar ideias, de bons relacionamentos interpessoais, 
sobretudo sendo ético e democrático. Os coordenadores por sua vez precisam assumir sua 
responsabilidade pela qualidade do ensino, atuando como formadores do corpo docente, promovendo 
momentos de trocas de experiências e reflexão sobre a prática pedagógica, o que trará bons resultados 
na resolução de problemas cotidianos, e ainda fortalece a qualidade de ensino, contribui para o resgate 
da autoestima do professor, pois o mesmo precisa se libertar de práticas não funcionais, e para isso a 
contribuição do coordenador será imprescindível, o que resultará no crescimento intelectual dos alunos. 
 
E qual é a Função Social das Instituições de Educação Infantil?3 
Parece óbvio dizer que a educação da criança não foi sempre igual, até porque a própria forma de ser 
criança, a infância, não é única e estável, sofre permanentes mudanças relacionadas à inserção concreta 
da criança no meio social. Este processo resulta em permanentes transformações também no âmbito 
conceitual e das ideias que a sociedade constrói acerca da responsabilidade sobre a construção dos 
novos sujeitos. 
As rupturas ocorridas nas estruturas sociais e familiares, que tiveram como marco a sociedade 
moderna, resultaram na privatização do espaço familiar, que passa a ser organizado em torno da criança. 
No entanto, a responsabilidade da família pela proteção, educação e socialização da criança sofreu novas 
transformações a partir do desenvolvimento do modelo urbano-industrial, que teve como consequência 
uma perpetuação das desigualdades sociais e da própria constituição da infância. 
Ao mesmo tempo o prolongamento do tempo de infância, como um período em que a criança é 
preservada do mundo do trabalho, é acompanhado de um reconhecimento social da criança, mas não de 
uma garantia do direito à infância. Uma sociedade de extremas diferenças resulta no convívio com 
diferentes infâncias: a vivida por crianças que têm um pleno reconhecimento dos seus direitos e por 
aquelas que não têm nenhum destes mesmos direitos garantidos. 
As grandes modificações impostas pela sociedade às diferentes estruturas familiares põem em 
movimento os padrões de organização da vida familiar quanto às práticas de criação de filhos, de divisão 
de tarefas e papéis familiares, trazendo como consequência a necessidade de tornar coletivo o cuidado 
e a educação da criança pequena. Coloca-se então como importante questão social a definição de quem 
é responsável por este sujeito de direitos. 
Como bem define Arroyo em sua palestra “O significado da Infância”: “A reprodução da infância deixa 
de ser uma atribuição exclusiva da mulher, no âmbito privado da família. É a sociedade que tem que 
cuidar da infância. É o Estado que, complementando a família, tem que cuidar da infância (...) que hoje 
tem que ser objeto dos deveres públicos do Estado, da sociedade como um todo. Infância que muda, que 
se constrói, que aparece não só como sujeito de direitos, mas como sujeito público de direitos, sujeito 
social de direitos.” 
É neste sentido que se toma a reflexão sobre uma política de educação da infância e um projeto 
político-pedagógico consequente. Ou seja, as instituições que passam a ser corresponsáveis pela 
criança, nestes novos espaços coletivos necessitam redimensionar suas funções frente a estas 
mudanças, assumindo uma posição de negação, seja dos projetos de cunho custodial atrelados a 
perspectivas educacionais higienistas e moralizadoras,seja dos projetos de “preparação para o futuro” 
que pretendem uma escolarização precoce preocupada com a inserção na escola de ensino fundamental. 
A educação infantil tem uma identidade que precisa considerar a criança como um sujeito de direitos, 
oferecendo-lhe condições materiais, pedagógicas, culturais e de saúde para isso, de forma complementar 
à ação da família. 
A tutela, a socialização e a educação da criança pequena passam a ser compartilhadas por diversos 
segmentos públicos, deixando de ser uma tarefa exclusivamente privada. A organização social típica das 
sociedades industriais, e não só isto, como também a ampliação do universo cultural com o qual a criança 
passa a interagir, rompem com os padrões instituídos de uma educação infantil que se dá, sobretudo, no 
 
3 ROCHA, E. A. C. “A função social das instituições de educação infantil”, em: Revista Zero-a-Seis. Nº 07. Florianópolis: Editora UFSC, 2003. 
1621234 E-book gerado especialmente para MICHELLE DOS SANTOS
 
5 
 
interior da família e sob uma orientação particular própria, baseada em valores específicos dos grupos 
sociais familiares. Estas transformações nos impõem uma reflexão acerca da responsabilidade social 
sobre a criança. Contemporaneamente, nos países onde o avanço da economia e as conquistas sociais 
são uma realidade, a educação infantil é vista como uma tarefa pública socialmente compartilhada, que 
se reflete em políticas públicas que respeitam os direitos da criança e associam-se, frequentemente, às 
políticas sociais voltadas para a família, com o intuito de viabilizar uma educação que contemple as 
múltiplas dimensões humanas. 
Pensar, analisar e perspectivar a educação de crianças em contextos institucionais educativos 
específicos exige que se retomem os diferentes níveis de análise sobre a criança, percebendo-se as 
diferentes dimensões de sua constituição e percebendo-a como um outro a ser ouvido e recebido. Em 
meu entender, esta complexidade representa para a Pedagogia a necessidade de percepção do sujeito-
criança como objeto de sua ação, que não admite a transposição, de forma exclusiva e parcial, da visão 
de qualquer um dos recortes acima explicitados. Trata-se de orientar a ação pedagógica por olhares que 
contemplem sujeitos múltiplos e diversos, reconhecendo sobretudo a infância como “tempo de direitos”. 
 Um novo tempo, que exige dos educadores consciência sobre a necessidade de um espaço que 
contemple todas as dimensões do humano, sem esquecer que toda intervenção educativa (inevitável 
como processo de constituição de novos sujeitos em qualquer cultura) mantém em si um movimento 
contraditório e dinâmico entre indivíduo e cultura, movimento este que precisa ser mantido sob estreita 
vigilância por aqueles que se pretendem educadores, para evitar que se exacerbe o poder controlador 
das características hegemônicas da cultura em detrimento do exercício pleno das capacidades humanas, 
sobretudo a criatividade. 
 
Princípios Pedagógicos para a Educação Infantil 
Retomando a preocupação inicial deste debate, é possível delimitar orientações para a educação 
infantil, resultantes das diferentes formas de inserção social da família em instituições educativas (tais 
como creches e outras modalidades), rompendo com os parâmetros pedagógicos estabelecidos a partir 
da “infância em situação escolar” delimitada pela pedagogia. Mantém-se, neste caso, a passagem da 
infância de um âmbito familiar para um institucional (creche) que, na medida em que se corresponsabiliza 
pela criança, passa também a constituir um discurso próprio acerca das condições de permanência das 
crianças em seu interior, assim como da configuração dos profissionais que nela passam a atuar. 
Diferenciam-se, escola e creche, essencialmente quanto ao sujeito, que neste último caso é a criança, e 
não o sujeito escolar (o aluno). Diferenciam-se ainda quanto à definição de suas funções, pois se o ensino 
fundamental tem constituído historicamente uma pedagogia escolar que visa aprendizagens específicas; 
as funções da creche, como já vimos, encontram-se em processo de definição de sua finalidade social e 
resultam numa pedagogia ainda em constituição. Uma “Pedagogia da Infância” e da “Educação Infantil” 
necessitam considerar outros níveis de abordagem de seu objeto: a criança, em seu próprio tempo, uma 
vez que se ocupa fundamentalmente de projetar a educação destes “novos” sujeitos sociais. 
A definição destes contornos em termos de projetos educativos deverá levar em conta não só as 
especificidades da origem de cada instituição, mas sobretudo as referências discursivas que apresentam 
a infância sob ângulos antes desprezados tanto na Pedagogia como na Psicologia. 
Acompanhando a trajetória da constituição da Pedagogia, os estudos que se propuseram a tomar a 
infância como objeto, desde a Pedologia até a moderna Psicologia Infantil sofreram, de fato, uma 
universalização da escola e das demandas práticas daí decorrentes. Para a Pedagogia, a criança passa 
a ser o aluno e seu foco de preocupações, o ensino e a aprendizagem, tendo em vista especialmente a 
aquisição dos conhecimentos já produzidos. Enquanto a escola se coloca como o espaço privilegiado 
para o domínio dos conhecimentos básicos, as instituições de educação infantil se põem, sobretudo, com 
fins de complementaridade à educação da família. Portanto, enquanto a escola tem como sujeito o aluno, 
e como objeto fundamental o ensino nas diferentes áreas, através da aula, a creche e a pré-escola têm 
como objeto as relações educativas travadas num espaço de convívio coletivo e têm como sujeito a 
criança até o momento em que entra na escola. 
A partir desta consideração, conseguimos estabelecer um marco diferenciador destas instituições 
educativas, escola, creche e pré-escola, a partir da função social que lhes é atribuída no contexto social, 
sem estabelecer necessariamente com isto uma diferenciação hierárquica ou qualitativa. 
Estabelecida a diferenciação supra referida, podemos, por ora, afirmar que o conhecimento didático 
(resultante de uma ação pedagógica escolar geral e do processo ensino-aprendizagem em particular) não 
é adequado para analisar os espaços pedagógicos não-escolares. Isto não significa que o conhecimento 
e a aprendizagem não pertençam ao universo da educação infantil. Todavia, a dimensão que os 
conhecimentos assumem na educação das crianças pequenas coloca-se numa relação extremamente 
vinculada aos processos gerais de constituição da criança: a expressão, o afeto, a sexualidade, a 
1621234 E-book gerado especialmente para MICHELLE DOS SANTOS
 
6 
 
socialização, o brincar, a linguagem, o movimento, a fantasia e o imaginário. Não é, portanto, o objetivo 
final da educação da criança pequena o conteúdo escolar, muito menos em sua ‘versão escolarizada’. 
Aqui ele é parte e consequência das relações que a criança estabelece com o meio natural e social, pelas 
relações sociais múltiplas entre as crianças e destas com diferentes adultos (e destes entre si). Este 
conjunto de relações, que poderia ser identificado como o objeto de estudo de uma “didática” da 
educação infantil, é que, num âmbito mais geral, estou preferindo denominar de Pedagogia da Educação 
Infantil ou até mesmo, mais amplamente falando, de Pedagogia da Infância, que terá, pois, como objeto 
de preocupação a própria criança, seus processos de constituição como seres humanos em diferentes 
contextos sociais, sua cultura, suas capacidades intelectuais, criativas, estéticas, expressivas e 
emocionais. 
Cabe, então, indagar, a esta altura da discussão: Valeriam para a educação infantil os parâmetros 
pedagógicos escolares, estabelecendo-se apenas diferenciais relativos à faixa etária? 
Definitivamente não, uma vez que a tarefa das instituições de educação infantil não se limita ao domínio 
do conhecimento, assumindo funções de complementaridade e socialização relativas tanto à educação 
como ao cuidado e tendo como objeto as relações educativas-pedagógicasestabelecidas entre e com as 
crianças pequenas. Estas relações envolvem, além da dimensão cognitiva, as dimensões expressiva, 
lúdica, criativa, afetiva, nutricional, médica, sexual, física, psicológica, linguística e cultural. Dimensões 
humanas que têm sido constantemente esquecidas numa sociedade onde o que prevalece é o 
privilegiamento de um conhecimento parcializado resultante da fragmentação em diferentes disciplinas 
científicas. 
De fato, a multiplicidade de fatores que estão presentes nestas relações, sobretudo nas instituições 
responsáveis pelas crianças pequenas, exige um olhar multidisciplinar que favoreça a constituição de 
uma Pedagogia da Educação Infantil e tenha como objeto a própria relação educacional-pedagógica 
expressa nas ações intencionais. Acredito que a extensão desta perspectiva pode influenciar a escola e 
passar a constituir uma Pedagogia da Infância. 
Estes pressupostos passam a exigir a reflexão sobre uma Pedagogia da Infância que tenha como 
objeto um projeto para uma infância concreta, pertencente a um tempo e a um espaço social determinado. 
Exige que pensemos além das fronteiras institucionais que separam a educação infantil da escola 
fundamental e vice-versa, sem perder de vistas as especificidades que o constituem. 
O ponto de partida de uma Pedagogia da Infância não se coloca numa uniformização das práticas 
escolares tradicionalmente centradas no domínio de conteúdos escolares, e nem tampouco na articulação 
institucional orientada pela antecipação destes conteúdos para a educação infantil. Envolve dimensões 
políticas e contextuais, relacionadas por sua vez a outras dimensões “praxiológicas”, referentes a 
aspectos sociais, expressivos, afetivos, lúdicos, nutricionais, cognitivos e culturais. 
Perspectivar uma educação da infância independente das fronteiras institucionais, no entanto, só será 
viável uma vez que fiquem bem demarcadas as especificidades da educação da criança pequena. Por 
enquanto, esta distinção é necessária. Colocando-se igualmente como uma prática social, a educação 
infantil tem como objeto as relações educacionais-pedagógicas no âmbito das instituições de educação 
coletiva para crianças. Sejamos mais cautelosos, sem perder de vista a ousadia, e pensemos numa 
perspectiva que não seja o que a educação infantil tem em comum com o ensino fundamental (porque 
correríamos novamente o risco de tomar como referência a escola). Nosso esforço deve ser também o 
de marcar aquilo que é próprio da educação das crianças de 0 a 5 anos, para só depois fazer o movimento 
inverso numa tentativa de também influenciar a escola. 
Neste sentido torna-se possível definir os diferentes âmbitos das intervenções educativas como sendo 
a Educação Infantil, delimitada sua especificidade frente a uma Educação da Infância (que abrange 
também crianças maiores de 5 anos) e à própria Infância, que as inclui, mas que logicamente extrapola 
os âmbitos da análise pedagógica (sendo objeto de estudo e intervenção de um conjunto de outros 
campos). Pensar a educação da infância exige a articulação de campos teóricos que permitam captar o 
conjunto dos aspectos envolvidos neste processo (social, familiar, cultural, psicológico, etc.) e a totalidade 
do sujeito-criança. 
Como bem expressa Assis em seu parecer sobre as Diretrizes Nacionais: “Ao iniciar sua trajetória na 
vida, nossas crianças têm direito à Saúde, ao Amor, à Aceitação, Segurança, à Estimulação, ao Apoio, à 
Confiança de sentir-se parte de uma família e de um ambiente de cuidados e educação. (...) Nesta 
perspectiva fica evidente que o que se propõe é a negociação constante entre as autoridades constituídas, 
os educadores e as famílias das crianças no sentido de preservação de seus direitos, numa sociedade 
que todos desejamos democrática, justa e mais feliz. ” 
Isto significa que é necessário resgatar no espaço da educação das crianças pequenas as suas 
manifestações próprias, o espaço da brincadeira, da interação, do afeto e da expressão das diferentes 
linguagens como referência para o trabalho pedagógico, contemplando sua identidade social e cultural e 
1621234 E-book gerado especialmente para MICHELLE DOS SANTOS
 
7 
 
as múltiplas dimensões humanas. Não significa, contudo, descartar o papel do professor, como o adulto 
que organiza as atividades e dirige o processo de elaboração dos conhecimentos que circulam naquele 
cotidiano. 
 
Para saber mais... 
 
Tendo visto a função social da escola e das instituições de educação infantil Arêas4 tratou as diferentes 
visões de grandes autores da educação: 
 
Paulo Freire: 
a) A formação do sujeito deve contemplar o desenvolvimento do seu papel dirigente na definição do 
seu destino, dos destinos de sua educação e da sua sociedade; 
b) Formar o cidadão, construir conhecimentos, atitudes e valores que tornem o estudante solidário, 
crítico, ético e participativo; 
 
José Geraldo Bueno (PUC SP) 
a) Construção de um sistema de ensino que possa se constituir em fator de mudança social 
b) Responsável pela formação das novas gerações em termos de acesso à cultura, de formação do 
cidadão e de constituição do sujeito social. 
c) Distinção entre a função da escola em relação à origem social dos alunos trouxe importantes 
contribuições para uma melhor compreensão da complexidade dessa instituição, por outro, parece ter 
desembocado, novamente, numa concepção abstrata de escola, em particular em relação à escola 
pública, como sendo aquela que, voltada fundamentalmente para a educação das crianças das camadas 
populares, cumpre o papel de reprodutora das relações sociais e de apoio à manutenção do status quo. 
 
Pablo Gentili 
a) Visão neoliberal da função social da escola: “Na perspectiva dos homens de negócios, nesse novo 
modelo de sociedade, a escola deve ter por função a transmissão de certas competências e habilidades 
necessárias para que as pessoas atuem competitivamente num mercado de trabalho altamente seletivo 
e cada vez mais restrito. 
b) A educação escolar deve garantir as funções de classificação e hierarquização dos postulantes aos 
futuros empregos (ou aos empregos do futuro). Para os neoliberais, nisso reside a ‘função social da 
escola’. Semelhante ‘desafio’ só pode ter êxito num mercado educacional que seja, ele próprio, uma 
instância de seleção meritocrática, em suma, um espaço altamente competitivo”. 
 
E assim conclui a Autora: Função Social da Escola - Compromisso com a formação do cidadão e da 
cidadã com fortalecimento dos valores de solidariedade, compromisso com a transformação dessa 
sociedade. 
 
Questões 
 
01. (Prefeitura de Cabaceiras/PB - Professor de Educação Básica I - UFCG) Todas as alternativas 
abaixo são relativas à função da escola enquanto instituição social, EXCETO: 
(A) Formação do cidadão; 
(B) Construção do conhecimento; 
(C) Construção de valores; 
(D) Formação voltada prioritariamente para a aquisição de conteúdos; 
(E) Compromisso com a transformação da sociedade. 
 
02. (Prefeitura de Feira Grande/AL - Professor de Educação Infantil - COPEVE/UFAL) Concebe-
se, inequivocamente, como função social da educação: 
(A) a apropriação dos conhecimentos especializados para atuações específicas no mundo do trabalho. 
(B) a formação de sujeitos cidadãos para manutenção das conquistas da sociedade, visando 
estabelecer os ganhos já conquistados pela humanidade. 
(C) a apropriação, por todos os indivíduos, dos conhecimentos construídos pela humanidade, além de 
valores e habilidades necessários para nos tornarmos humanos. 
 
4 ARÊAS, Celina Alves. A função social da escola. Conferência Nacional da Educação Básica, 2016. 
1621234 E-book gerado especialmente para MICHELLE DOS SANTOS
 
8 
 
(D) a apropriação dos conhecimentos construídos pela humanidade, além de valores e habilidades que 
nos tornem humanos, com foco na formação de pensadores e cientistas. 
(E) a apropriação de conhecimentos especializados para a ampla formação de sujeitos em busca da 
transformação da realidade.03. (MGS - Pedagogia - IBFS) A escola é uma instituição social, que mediante sua prática no campo 
do conhecimento, dos valores e atitudes, contribui para a constituição dos processos educativos. Assim, 
a escola, no desempenho de sua função social de formadora de sujeitos históricos, precisa ser um espaço 
de sociabilidade que possibilite a construção do conhecimento produzido. Com esse contexto, assinale a 
alternativa correta a seguir: 
(A) Em nossa sociedade, a escola é um lugar privilegiado para o exercício da democracia indireta com 
a escolha dos seus dirigentes. 
(B) A escola tem como função social formar o cidadão, construir conhecimentos, atitudes e valores que 
tornem o estudante solidário, crítico, ético e participativo. 
(C) A escola, em sua função social, contribuirá efetivamente para afirmar os interesses individuais das 
pessoas no processo educativo. 
(D) A função social da escola é irrelevante para a administração civil e os órgãos governamentais. 
 
Gabarito 
 
01.D / 02.C / 03.B 
 
Comentários 
 
01. Resposta: D 
Uma educação advinda de uma escola que cumpra sua função social, comprometida com a formação 
integral do ser humano, deve adotar procedimentos facilitadores que permitam a construção de 
identidades crítico reflexivas portadoras de autonomia intelectual, política, social e cultural fortemente 
alicerçadas nos princípios de igualdade, de justiça e de solidariedade humana de modo a formar cidadãos, 
construir conhecimentos e valores e manter seu compromisso de transformar a sociedade. 
 
02. Resposta: C 
Não é necessária a inserção na escola para nos tornarmos humanos. 
 
03. Resposta: B 
A escola é uma instituição social com objetivo explícito: o desenvolvimento das potencialidades físicas, 
cognitivas e afetivas dos alunos, por meio da aprendizagem dos conteúdos (conhecimentos, habilidades, 
procedimentos, atitudes e valores) que, aliás, deve acontecer de maneira contextualizada desenvolvendo 
nos discentes a capacidade de tornarem-se cidadãos participativos na sociedade em que vivem. 
Como função social a Escola é um local onde visa a inserção do cidadão na sociedade, através da 
inter-relação pessoal e da capacitação para atuar no grupo que convive. Forma cidadãos críticos e bem 
informados, em condições de compreender e atuar no mundo em que vive. 
 
TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS 
 
Genericamente, podemos dizer que a perspectiva redentora se traduz pelas pedagogias liberais e a 
perspectiva transformadora pelas pedagogias progressistas.5 
 
Assim vamos organizar o conjunto das pedagogias em dois grupos: 
 
Pedagogia Liberal 
 
- Tradicional 
- Renovada Progressivista 
- Renovada Não Diretiva 
- Tecnicista 
Pedagogia Progressista 
 
- Libertadora 
- Libertária 
- Crítico-Social dos Conteúdos 
 
 
5 LUCKESI C. Tendências Pedagógicas na Prática escolar. 2011 
1621234 E-book gerado especialmente para MICHELLE DOS SANTOS
 
9 
 
É evidente que tanto as tendências quanto suas manifestações não são puras nem mutuamente 
exclusivas o que, aliás, é a limitação principal de qualquer tentativa de classificação. Em alguns casos as 
tendências se complementam, em outros, divergem. De qualquer modo, a classificação e sua descrição 
poderão funcionar como um instrumento de análise para o professor avaliar a sua prática de sala de aula. 
 
Pedagogia Liberal 
 
A Pedagogia Liberal é voltada para o sistema capitalista e esconde a realidade das diferenças entre 
as classes sociais. Nessa pedagogia, a escola tem que preparar os indivíduos para a sociedade, de 
acordo com as suas aptidões individuais, por isso os indivíduos precisam aprender a se adaptar aos 
valores e às normas vigentes na sociedade de classes através do desenvolvimento da cultura individual. 
A ênfase no aspecto cultural esconde a realidade das diferenças de classes, pois, embora difunda a 
ideia de igualdade de oportunidades, não leva em conta a desigualdade de condições. Historicamente, a 
educação liberal iniciou-se com a pedagogia tradicional e, por razões de recomposição da hegemonia da 
burguesia, evoluiu para a pedagogia renovada (também denominada Escola Nova ou Ativa), o que não 
significou a substituição de uma pela outra, pois ambas conviveram e convivem na prática escolar. 
 
Tendência Liberal Tradicional 
Caracteriza-se por acentuar o ensino humanístico, de cultura geral, no qual o aluno é educado para 
atingir, pelo próprio esforço, sua plena realização como pessoa. Os conteúdos, os procedimentos 
didáticos, a relação professor-aluno não tem nenhuma relação com o cotidiano do aluno e muito menos 
com as realidades sociais. É a predominância da palavra do professor, das regras impostas, do cultivo 
exclusivamente intelectual. 
 
Papel da escola - consiste na preparação intelectual e moral dos alunos para assumir sua posição na 
sociedade. O compromisso da escola é com a cultura, os problemas sociais pertencem à sociedade. O 
caminho cultural em direção ao saber é o mesmo para todos os alunos, desde que se esforcem. Assim, 
os menos capazes devem lutar para superar suas dificuldades e conquistar seu lugar junto aos mais 
capazes. Caso não consigam, devem procurar o ensino mais profissionalizante. 
 
Conteúdos de ensino - são os conhecimentos e valores sociais acumulados pelas gerações adultas e 
repassados ao aluno como verdades. As matérias de estudo visam preparar o aluno para a vida, são 
determinadas pela sociedade e ordenadas na legislação. Os conteúdos são separados da experiência do 
aluno e das realidades sociais, valendo pelo valor intelectual, razão pela qual a pedagogia tradicional é 
criticada como intelectualista e, às vezes, como enciclopédica. 
 
Métodos - baseiam-se na exposição verbal da matéria e/ou demonstração. Tanto a exposição quanto 
a análise são feitas pelo professor, observados os seguintes passos: 
- Preparação do aluno (definição do trabalho, recordação da matéria anterior, despertar interesse); 
- Apresentação (realce de pontos-chaves, demonstração); 
- Associação (combinação do conhecimento novo com o já conhecido por comparação e abstração); 
- Generalização (dos aspectos particulares chega-se ao conceito geral, é a exposição sistematizada); 
- Aplicação (explicação de fatos adicionais e/ou resoluções de exercícios). 
 
A ênfase nos exercícios, na repetição de conceitos ou fórmulas na memorização visa disciplinar a 
mente e formar hábitos. 
 
Relacionamento professor-aluno - predomina a autoridade do professor que exige atitude receptiva 
dos alunos e impede qualquer comunicação entre eles no decorrer da aula. O professor transmite o 
conteúdo na forma de verdade a ser absorvida; em consequência, a disciplina imposta é o meio mais 
eficaz para assegurar a atenção e o silêncio. 
 
Pressupostos de aprendizagem - a ideia de que o ensino consiste em repassar os conhecimentos para 
o espírito da criança é acompanhada de uma outra: a de que a capacidade de assimilação da criança é 
idêntica à do adulto, apenas menos desenvolvida. Os programas, então, devem ser dados numa 
progressão lógica, estabelecida pelo adulto, sem levar em conta as características próprias de cada idade. 
A aprendizagem, assim, é receptiva e mecânica, para o que se recorre frequentemente à coação. A 
retenção do material ensinado é garantida pela repetição de exercícios sistemáticos e recapitulação da 
matéria. A transferência da aprendizagem depende do treino; é indispensável a retenção, a fim de que o 
1621234 E-book gerado especialmente para MICHELLE DOS SANTOS
 
10 
 
aluno possa responder às situações novas de forma semelhante às respostas dadas em situações 
anteriores. 
 
Avaliação - se dá por verificações de curto prazo (interrogatórios orais, exercício de casa) e de prazo 
mais longo (provas escritas, trabalhos de casa). O esforço é, em geral, negativo (punição, notas baixas, 
apelos aos pais); às vezes, é positivo (emulação, classificações). 
 
Manifestações na prática escolar - a pedagogia liberal tradicional é viva e atuante em nossas escolas,predominante em nossa história educacional. 
 
Tendência Liberal Renovada 
A Tendência Liberal Renovada acentua, igualmente, o sentido da cultura como desenvolvimento das 
aptidões individuais. A educação é a vida presente, é a parte da própria experiência humana. A escola 
renovada propõe um ensino que valorize a autoeducação (o aluno como sujeito do conhecimento), a 
experiência direta sobre o meio pela atividade; um ensino centrado no aluno e no grupo. 
 
A Tendência Liberal Renovada apresenta-se, entre nós, em duas versões distintas: 
 
- a Renovada Progressivista, ou Pragmatista, principalmente na forma difundida pelos pioneiros da 
educação nova, entre os quais se destaca Anísio Teixeira (deve-se destacar, também a influência de 
Montessori, Decroly e, de certa forma, Piaget); 
 
- a Renovada Não Diretiva orientada para os objetivos de auto realização (desenvolvimento pessoal) 
e para as relações interpessoais, na formulação do psicólogo norte-americano Carl Rogers. 
 
Tendência Liberal Renovada Progressivista 
Papel da escola - a finalidade da escola é adequar as necessidades individuais ao meio social e, para 
isso, ela deve se organizar de forma a retratar, o quanto possível, a vida. Todo ser dispõe dentro de si 
mesmo de mecanismos de adaptação progressiva ao meio e de uma consequente integração dessas 
formas de adaptação no comportamento. Tal integração se dá por meio de experiências que devem 
satisfazer, ao mesmo tempo, os interesses do aluno e as exigências sociais. À escola cabe suprir as 
experiências que permitam ao aluno educar-se, num processo ativo de construção e reconstrução do 
objeto, numa interação entre estruturas cognitivas do indivíduo e estruturas do ambiente. 
 
Conteúdos de ensino - como o conhecimento resulta da ação a partir dos interesses e necessidades, 
os conteúdos de ensino são estabelecidos em função de experiências que o sujeito vivencia frente a 
desafios cognitivos e situações problemáticas. Dá-se, portanto, muito mais valor aos processos mentais 
e habilidades cognitivas do que a conteúdos organizados racionalmente. Trata-se de “aprender a 
aprender”, ou seja, é mais importante o processo de aquisição do saber do que o saber propriamente dito. 
 
Método de ensino - a ideia de “aprender fazendo” está sempre presente. Valorizam-se as tentativas 
experimentais, a pesquisa, a descoberta, o estudo do meio natural e social, o método de solução de 
problemas. Embora os métodos variem, as escolas ativas ou novas (Dewey, Montessori, Decroly, 
Cousinet e outros) partem sempre de atividades adequadas à natureza do aluno e às etapas do seu 
desenvolvimento. Na maioria delas, acentua-se a importância do trabalho em grupo não apenas como 
técnica, mas como condição básica do desenvolvimento mental. Os passos básicos do método ativo são: 
- Colocar o aluno numa situação de experiência que tenha um interesse por si mesma; 
- O problema deve ser desafiante, como estímulo à reflexão; 
- O aluno deve dispor de informações e instruções que lhe permitam pesquisar a descoberta de 
soluções; 
- Soluções provisórias devem ser incentivadas e ordenadas, com a ajuda discreta do professor; 
- Deve-se garantir a oportunidade de colocar as soluções à prova, a fim de determinar sua utilidade 
para a vida. 
 
Relacionamento professor-aluno - não há lugar privilegiado para o professor; antes, seu papel é auxiliar 
o desenvolvimento livre e espontâneo da criança; se intervém, é para dar forma ao raciocínio dela. A 
disciplina surge de uma tomada de consciência dos limites da vida grupal; assim, aluno disciplinado é 
aquele que é solidário, participante, respeitador das regras do grupo. Para se garantir um clima 
1621234 E-book gerado especialmente para MICHELLE DOS SANTOS
 
11 
 
harmonioso dentro da sala de aula é indispensável um relacionamento positivo entre professores e 
alunos, uma forma de instaurar a “vivência democrática” tal qual deve ser a vida em sociedade. 
 
Pressupostos de aprendizagem - a motivação depende da força de estimulação do problema e das 
disposições internas e interesses do aluno. Assim, aprender se torna uma atividade de descoberta, é uma 
autoaprendizagem, sendo o ambiente apenas o meio estimulador. É retido o que se incorpora à atividade 
do aluno pela descoberta pessoal; o que é incorporado passa a compor a estrutura cognitiva para ser 
empregado em novas situações. 
 
Avaliação - é fluida e tenta ser eficaz à medida que os esforços e os êxitos são prontos e explicitamente 
reconhecidos pelo professor. 
 
Manifestações na prática escolar - os princípios da pedagogia progressivista vêm sendo difundidos, 
em larga escala, nos cursos de licenciatura, e muitos professores sofrem sua influência. Entretanto, sua 
aplicação é reduzidíssima, não somente por falta de condições objetivas como também porque se choca 
com uma prática pedagógica basicamente tradicional. Alguns métodos são adotados em escolas 
particulares, como o método Montessori, o método dos centros de interesse de Decroly, o método de 
projetos de Dewey. O ensino baseado na psicologia genética de Piaget tem larga aceitação na educação 
pré-escolar. Pertencem, também, à tendência progressivista muitas das escolas denominadas 
“experimentais”, as “escolas comunitárias” e mais remotamente (década de 60) a “escola secundária 
moderna”, na versão difundida por Lauro de Oliveira Lima. 
 
Tendência Liberal Renovada Não Diretiva 
Papel da escola - formação de atitudes, razão pela qual deve estar mais preocupada com os problemas 
psicológicos do que com os pedagógicos ou sociais. Todo esforço está em estabelecer um clima favorável 
a uma mudança dentro do indivíduo, isto é, a uma adequação pessoal às solicitações do ambiente. 
Rogers6 considera que o ensino é uma atividade excessivamente valorizada; para ele os procedimentos 
didáticos, a competência na matéria, as aulas, livros, tudo tem muito pouca importância, face ao propósito 
de favorecer à pessoa um clima de autodesenvolvimento e realização pessoal, o que implica estar bem 
consigo próprio e com seus semelhantes. O resultado de uma boa educação é muito semelhante ao de 
uma boa terapia. 
 
Conteúdos de ensino - a ênfase que esta tendência põe nos processos de desenvolvimento das 
relações e da comunicação torna secundária a transmissão de conteúdos. Os processos de ensino visam 
mais facilitar aos estudantes os meios para buscarem por si mesmos os conhecimentos que, no entanto, 
são dispensáveis. 
 
Métodos de ensino - os métodos usuais são dispensados, prevalecendo quase que exclusivamente o 
esforço do professor em desenvolver um estilo próprio para facilitar a aprendizagem dos alunos. Rogers 
explicita algumas das características do professor “facilitador”: aceitação da pessoa do aluno, capacidade 
de ser confiável, receptivo e ter plena convicção na capacidade de autodesenvolvimento do estudante. 
Sua função restringe-se a ajudar o aluno a se organizar, utilizando técnicas de sensibilização onde os 
sentimentos de cada um possam ser expostos, sem ameaças. Assim, o objetivo do trabalho escolar se 
esgota nos processos de melhor relacionamento interpessoal, como condição para o crescimento 
pessoal. 
 
Relacionamento professor-aluno - propõe uma educação centrada no aluno, visando formar sua 
personalidade através da vivência de experiências significativas que lhe permitam desenvolver 
características inerentes à sua natureza. O professor é um especialista em relações humanas, ao garantir 
o clima de relacionamento pessoal e autêntico. “Ausentar-se” é a melhor forma de respeito e aceitação 
plena do aluno. Toda intervenção é ameaçadora, inibidora da aprendizagem. 
 
Pressupostos de aprendizagem - a motivação resulta do desejo de adequação pessoal na busca da 
auto realização; é, portanto, um ato interno. A motivação aumenta, quando o sujeito desenvolve o 
sentimento de que é capaz de agir em termos de atingir suas metas pessoais, isto é, desenvolve a 
valorização do “eu”. Aprender, portanto, é modificarsuas próprias percepções; daí que apenas se aprende 
o que estiver significativamente relacionado com essas percepções. Resulta que a retenção se dá pela 
 
6 ROGERS, Carl. Liberdade para aprender. 1969 
1621234 E-book gerado especialmente para MICHELLE DOS SANTOS
 
12 
 
relevância do aprendido em relação ao “eu”, ou seja, o que não está envolvido com o “eu” não é retido e 
nem transferido. 
 
Avaliação - perde inteiramente o sentido, privilegiando-se a autoavaliação. 
 
Manifestações na prática escolar - o inspirador da pedagogia não diretiva é C. Rogers, na verdade 
mais psicólogo clínico que educador. Suas ideias influenciam um número expressivo de educadores e 
professores, principalmente orientadores educacionais e psicólogos escolares que se dedicam ao 
aconselhamento. Menos recentemente, podem-se citar também tendências inspiradas na escola de 
Summerhill do educador inglês A. Neill. 
 
Tendência Liberal Tecnicista 
A tendência Liberal Tecnicista subordina a educação à sociedade, tendo como função a preparação 
de “recursos humanos” (mão-de-obra para a indústria). A sociedade industrial e tecnológica estabelece 
(cientificamente) as metas econômicas, sociais e políticas, a educação treina (também cientificamente) 
nos alunos os comportamentos de ajustamento a essas metas. 
No tecnicismo acredita-se que a realidade contém em si suas próprias leis, bastando aos homens 
descobri-las e aplicá-las. Dessa forma, o essencial não é o conteúdo da realidade, mas as técnicas 
(forma) de descoberta e aplicação. A tecnologia (aproveitamento ordenado de recursos, com base no 
conhecimento científico) é o meio eficaz de obter a maximização da produção e garantir um ótimo 
funcionamento da sociedade; a educação é um recurso tecnológico por excelência. 
Ela “é encarada como um instrumento capaz de promover, sem contradição, o desenvolvimento 
econômico pela qualificação da mão-de-obra, pela redistribuição da renda, pela maximização da 
produção e, ao mesmo tempo, pelo desenvolvimento da ‘consciência política’ indispensável à 
manutenção do Estado autoritário”7. Utiliza-se basicamente do enfoque sistêmico, da tecnologia 
educacional e da análise experimental do comportamento. 
 
Papel da escola - a escola funciona como modeladora do comportamento humano, através de técnicas 
específicas. À educação escolar compete organizar o processo de aquisição de habilidades, atitudes e 
conhecimentos específicos, úteis e necessários para que os indivíduos se integrem na máquina do 
sistema social global. Tal sistema social é regido por leis naturais (há na sociedade a mesma regularidade 
e as mesmas relações funcionais observáveis entre os fenômenos da natureza), cientificamente 
descobertas. Basta aplicá-las. A atividade da “descoberta” é função da educação, mas deve ser restrita 
aos especialistas; a “aplicação” é competência do processo educacional comum. 
A escola atua, assim, no aperfeiçoamento da ordem social vigente (o sistema capitalista), articulando-
se diretamente com o sistema produtivo; para tanto, emprega a ciência da mudança de comportamento, 
ou seja, a tecnologia comportamental. Seu interesse imediato é o de produzir indivíduos “competentes” 
para o mercado de trabalho, transmitindo, eficientemente, informações precisas, objetivas e rápidas. 
A pesquisa científica, a tecnologia educacional, a análise experimental do comportamento garante a 
objetividade da prática escolar, uma vez que os objetivos instrucionais (conteúdos) resultam da aplicação 
de leis naturais que independem dos que a conhecem ou executam. 
 
Conteúdos de ensino - são as informações, princípios científicos, leis etc., estabelecidos e ordenados 
numa sequência lógica e psicológica por especialistas. É matéria de ensino apenas o que é redutível ao 
conhecimento observável e mensurável; os conteúdos decorrem, assim, da ciência objetiva, eliminando-
se qualquer sinal de subjetividade. O material instrucional encontra-se sistematizado nos manuais, nos 
livros didáticos, nos módulos de ensino, nos dispositivos audiovisuais etc. 
 
Métodos de ensino - consistem nos procedimentos e técnicas necessárias ao arranjo e controle nas 
condições ambientais que assegurem a transmissão/recepção de informações. Se a primeira tarefa do 
professor é modelar respostas apropriadas aos objetivos instrucionais, a principal é conseguir o 
comportamento adequado pelo controle do ensino; daí a importância da tecnologia educacional. 
 
A Tecnologia Educacional é a “aplicação sistemática de princípios científicos comportamentais e 
tecnológicos a problemas educacionais, em função de resultados efetivos, utilizando uma metodologia e 
abordagem sistêmica abrangente”8. 
 
7 KUENZER, Acácia A; MACHADO, Lucília R. S. “Pedagogia Tecnicista”, in Guiomar N. de MELLO (org.), Escola nova, tecnicismo e educação compensatória. 
2012 
8 AURICCHIO, Lígia O. Manual de tecnologia educacional, 1978. 
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13 
 
Qualquer sistema instrucional (há uma grande variedade deles) possui três componentes básicos: 
objetivos instrucionais operacionalizados em comportamentos observáveis e mensuráveis, 
procedimentos instrucionais e avaliação. 
 
As etapas básicas de um processo de ensino e de aprendizagem são: 
- Estabelecimento de comportamentos terminais, através de objetivos instrucionais; 
- Análise da tarefa de aprendizagem, a fim de ordenar sequencialmente os passos da instrução; 
- Executar o programa, reforçando gradualmente as respostas corretas correspondentes aos objetivos. 
 
O essencial da tecnologia educacional é a programação por passos sequenciais empregada na 
instrução programada, nas técnicas de microensino, multimeios, módulos etc. O emprego da tecnologia 
instrucional na escola pública aparece nas formas de: planejamento em moldes sistêmicos, concepção 
de aprendizagem como mudança de comportamento, operacionalização de objetivos, uso de 
procedimentos científicos (instrução programada, audiovisuais, avaliação etc., inclusive a programação 
de livros didáticos). 
 
Relacionamento professor-aluno - são relações estruturadas e objetivas, com papéis bem definidos: o 
professor administra as condições de transmissão da matéria, conforme um sistema instrucional eficiente 
e efetivo em termos de resultados da aprendizagem; o aluno recebe, aprende e fixa as informações. O 
professor é apenas um elo de ligação entre a verdade científica e o aluno, cabendo-lhe empregar o 
sistema instrucional previsto. O aluno é um indivíduo responsivo, não participa da elaboração do programa 
educacional. Ambos são espectadores frente à verdade objetiva. A comunicação professor-aluno tem um 
sentido exclusivamente técnico, que é o de garantir a eficácia da transmissão do conhecimento. Debates, 
discussões, questionamentos são desnecessários, assim como pouco importam as relações afetivas e 
pessoais dos sujeitos envolvidos no processo de ensino e de aprendizagem. 
 
Pressupostos de aprendizagem - as teorias de aprendizagem que fundamentam a pedagogia tecnicista 
dizem que aprender é uma questão de modificação do desempenho: o bom ensino depende de organizar 
eficientemente as condições estimuladoras, de modo a que o aluno saia da situação de aprendizagem 
diferente de como entrou. Ou seja, o ensino é um processo de condicionamento através do uso de 
reforçamento das respostas que se quer obter. Assim, os sistemas instrucionais visam ao controle do 
comportamento individual face objetivos preestabelecidos. 
Trata-se de um enfoque diretivo do ensino, centrado no controle das condições que cercam o 
organismo que se comporta. O objetivo da ciência pedagógica, a partir da psicologia, é o estudo científico 
do comportamento: descobrir as leis naturais que presidem as reações físicas do organismo que aprende, 
a fim de aumentar o controle das variáveis que o afetam. 
Os componentes da aprendizagem - motivação, retenção, transferência - decorrem da aplicação do 
comportamento operante. SegundoSkinner, o comportamento aprendido é uma resposta a estímulos 
externos, controlados por meio de reforços que ocorrem com a resposta ou após a mesma: “Se a 
ocorrência de um (comportamento) operante é seguida pela apresentação de um estímulo (reforçador), 
a probabilidade de reforçamento é aumentada”. Entre os autores que contribuem para os estudos de 
aprendizagem destacam-se: Skinner, Gagné, Bloon e Mager. 
 
Manifestações na prática escolar9 - a influência da pedagogia tecnicista remonta à 2ª metade dos anos 
50 (PABAEE - Programa Brasileiro-americano de Auxílio ao Ensino Elementar). Entretanto foi introduzida 
mais efetivamente no final dos anos 60 com o objetivo de adequar o sistema educacional à orientação 
político-econômica do regime militar: inserir a escola nos modelos de racionalização do sistema de 
produção capitalista. 
Quando a orientação escolanovista cede lugar à tendência tecnicista, pelo menos no nível de política 
oficial; os marcos de implantação do modelo tecnicista são as leis 5.540/68 e 5.692/71, que reorganizam 
o ensino superior e o ensino de 1º e 2º graus. 
A despeito da máquina oficial, entretanto, não há indícios seguros de que os professores da escola 
pública tenham assimilado a pedagogia tecnicista, pelo menos em termos de ideário. A aplicação da 
metodologia tecnicista (planejamento, livros didáticos programados, procedimentos de avaliação etc.) não 
configura uma postura tecnicista do professor; antes, o exercício profissional continua mais para uma 
postura eclética em torno de princípios pedagógicos assentados nas pedagogias tradicional e renovada. 
 
 
9 FREITAG, Barbara. Escola, Estado e Sociedade; GARCIA, Laymert G. S. Desregulagens - Educação, planejamento e tecnologia como ferramenta social; 
CUNHA, Luis A. Educação e desenvolvimento social no Brasil. 1978. 
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Pedagogia Progressista 
 
“Formulação de inspiração marxista que influenciou diversos pedagogos brasileiros em fins de 1970. 
Trabalha com a educação na perspectiva da luta de classes, ou seja, a escola pode e deve servir na luta 
contra o sistema capitalista, visando a construção do socialismo. Dessa forma, sua metodologia tem 
inspiração na teoria do conhecimento marxista, pela dialética materialista, pelo movimento de 
continuidade e ruptura. 
Na sala de aula, parte-se da necessidade e aspirações dos estudantes, com seu cotidiano, com o 
objetivo de estimular rupturas, sair do imediato e chegar ao teórico e abstrato. Depois desse movimento, 
espera-se um retorno ao real com uma nova visão que possibilite uma nova ação sobre ele. 
 
Foi proposta pelo educador francês Georges Snyders10 em pelo menos quatro de suas obras: 
Pedagogia progressista, Para onde vão as pedagogias não-diretivas? Alegria na escola e Alunos felizes. 
 
Opõe-se ao ensino tecnicista, de linha autoritária, adotado por volta de 1970, em que professores e 
alunos executam projetos elaborados em gabinetes e desvinculados do contexto social e político. Ou seja, 
a pedagogia progressista procura formar cidadãos conscientes e participativos na vida da sociedade, que 
leve o aluno a refletir, a desenvolver o espírito crítico e criativo e a relacionar o aprendizado a seu contexto 
social.”11 
 
A pedagogia progressista tem-se manifestado em três tendências: 
- A libertadora, mais conhecida como pedagogia de Paulo Freire; 
- A libertária, que reúne os defensores da autogestão pedagógica; 
- A crítico-social dos conteúdos que, diferentemente das anteriores, acentua a primazia dos 
conteúdos no seu confronto com as realidades sociais. 
 
As versões libertadora e libertária têm em comum o antiautoritarismo, a valorização da experiência 
vivida como base da relação educativa e a ideia de autogestão pedagógica. Em função disso, dão mais 
valor ao processo de aprendizagem grupal (participação em discussões, assembleias, votações) do que 
aos conteúdos de ensino. Como decorrência, a prática educativa somente faz sentido numa prática social 
junto ao povo, razão pela qual preferem as modalidades de educação popular “não-formal”. 
A tendência da pedagogia crítico-social dos conteúdos propõe uma síntese superadora das 
pedagogias tradicional e renovada, valorizando a ação pedagógica enquanto inserida na prática social 
concreta. Entende a escola como mediação entre o individual e o social, exercendo aí a articulação entre 
a transmissão dos conteúdos e a assimilação ativa por parte de um aluno concreto (inserido num contexto 
de relações sociais); dessa articulação resulta o saber criticamente reelaborado. 
 
Tendência Progressista Libertadora12 
Papel da escola - não é próprio da pedagogia libertadora falar em ensino escolar, já que sua marca é 
a atuação “não-formal”. Entretanto, professores e educadores engajados no ensino escolar vêm adotando 
pressupostos dessa pedagogia. Assim, quando se fala na educação em geral, diz-se que ela é uma 
atividade onde professores e alunos, mediatizados pela realidade que apreendem e da qual extraem o 
conteúdo de aprendizagem, atingem um nível de consciência dessa mesma realidade, a fim de nela 
atuarem, num sentido de transformação social. 
Tanto a educação tradicional, denominada “bancária” - que visa apenas depositar informações sobre 
o aluno, quanto a educação renovada - que pretenderia uma libertação psicológica individual - são 
domesticadoras, pois em nada contribuem para desvelar a realidade social de opressão. A educação 
libertadora, ao contrário, questiona concretamente a realidade das relações do homem com a natureza e 
com os outros homens, visando a uma transformação - daí ser uma educação crítica. 
 
Conteúdos de ensino - denominados “temas geradores”, são extraídos da problematização da prática 
de vida dos educandos. Os conteúdos tradicionais são recusados porque cada pessoa, cada grupo 
envolvido na ação pedagógica dispõe em si próprio, ainda que de forma rudimentar, dos conteúdos 
necessários dos quais se parte. O importante não é a transmissão de conteúdos específicos, mas 
despertar uma nova forma da relação com a experiência vivida. A transmissão de conteúdos estruturados 
 
10 SNYDERS, Georges. Pedagogia progressista. Lisboa, Ed. Almedina. 1974. 
11 MENEZES, Ebenezer Takuno de; SANTOS, Thais Helena dos. Verbete pedagogia progressista. Dicionário Interativo da Educação Brasileira - Educabrasil. 
São Paulo: Midiamix, 2001. http://www.educabrasil.com.br/pedagogia-progressista/ 
12 FREIRE, Paulo. Ação Cultural para a Liberdade; Pedagogia do Oprimido e Extensão ou Comunicação?, 1978. 
1621234 E-book gerado especialmente para MICHELLE DOS SANTOS
 
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a partir de fora é considerada como “invasão cultural” ou “depósito de informação” porque não emerge do 
saber popular. Se forem necessários textos de leitura estes deverão ser redigidos pelos próprios 
educandos com a orientação do educador. 
Em nenhum momento o inspirador e mentor da pedagogia libertadora Paulo Freire, deixa de mencionar 
o caráter essencialmente político de sua pedagogia, o que, segundo suas próprias palavras, impede que 
ela seja posta em prática em termos sistemáticos, nas instituições oficiais, antes da transformação da 
sociedade. Daí porque sua atuação se dê mais a nível da educação extraescolar. O que não tem 
impedido, por outro lado, que seus pressupostos sejam adotados e aplicados por numerosos professores. 
 
Métodos de ensino - “Para ser um ato de conhecimento o processo de alfabetização de adultos 
demanda, entre educadores e educandos, uma relação de autêntico diálogo; aquela em que os sujeitos 
do ato de conhecer se encontram mediatizados pelo objeto a ser conhecido” (...) “O diálogo engaja 
ativamente a ambos os sujeitos do ato de conhecer: educador-educando e educando-educador”. 
Assim sendo, a forma de trabalho educativo é o “grupo de discussão a quem cabe autogerir a 
aprendizagem, definindo o conteúdo e a dinâmica das atividades. O professor é um animador que, por 
princípio, deve descer aonível dos alunos, adaptando-se às suas características ao desenvolvimento 
próprio de cada grupo. Deve caminhar ‘junto’, intervir o mínimo indispensável, embora não se furte, 
quando necessário, a fornecer uma informação mais sistematizada. 
 
Os passos da aprendizagem - codificação-decodificação, e problematização da situação - permitirão 
aos educandos um esforço de compreensão do “vivido”, até chegar a um nível mais crítico de 
conhecimento e sua realidade, sempre através da troca de experiência em torno da prática social. Se 
nisso consiste o conteúdo do trabalho educativo, dispensam um programa previamente estruturado, 
trabalhos escritos, aulas expositivas assim como qualquer tipo de verificação direta da aprendizagem, 
formas essas próprias da “educação bancária”, portanto, domesticadoras. Entretanto admite-se a 
avaliação da prática vivenciada entre educador-educandos no processo de grupo e, às vezes, a auto 
avaliação feita em termos dos compromissos assumidos com a prática social. 
 
Relacionamento professor-aluno - no diálogo, como método básico, a relação é horizontal, onde 
educador e educandos se posicionam como sujeitos do ato de conhecimento. O critério de bom 
relacionamento é a total identificação com o povo, sem o que a relação pedagógica perde consistência. 
Elimina-se, por pressuposto, toda relação de autoridade, sob pena de esta inviabilizar o trabalho de 
conscientização, de “aproximação de consciências”. Trata-se de uma “não diretividade”, mas não no 
sentido do professor que se ausenta (como em Rogers), mas que permanece vigilante para assegurar ao 
grupo um espaço humano para “dizer sua palavra” para se exprimir sem se neutralizar. 
 
Pressupostos de aprendizagem - a própria designação de “educação problematizadora” como 
correlata de educação libertadora revela a força motivadora da aprendizagem. A motivação se dá a partir 
da codificação de uma situação-problema, da qual se toma distância para analisá-la criticamente. “Esta 
análise envolve o exercício da abstração, através da qual procuramos alcançar, por meio de 
representações da realidade concreta, a razão de ser dos fatos”. 
Aprender é um ato de conhecimento da realidade concreta, isto é, da situação real vivida pelo 
educando, e só tem sentido se resulta de uma aproximação crítica dessa realidade. O que é aprendido 
não decorre de uma imposição ou memorização, mas do nível crítico de conhecimento, ao qual se chega 
pelo processo de compreensão, reflexão e crítica. O que o educando transfere, em termos de 
conhecimento, é o que foi incorporado como resposta às situações de opressão - ou seja, seu 
engajamento na militância política. 
 
Manifestações na prática escolar - a pedagogia libertadora tem como inspirador e divulgador Paulo 
Freire, que tem aplicado suas ideias pessoalmente em diversos países, primeiro no Chile, depois na 
África. Entre nós, tem exercido uma influência expressiva nos movimentos populares e sindicatos e, 
praticamente, se confunde com a maior parte das experiências do que se denomina “educação popular”. 
Há diversos grupos desta natureza que vêm atuando não somente no nível da prática popular, mas 
também por meio de publicações, com relativa independência em relação às ideias originais da pedagogia 
libertadora. Embora as formulações teóricas de Paulo Freire se restrinjam à educação de adultos ou à 
educação popular em geral, muitos professores vêm tentando colocá-las em prática em todos os graus 
de ensino formal. 
 
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Tendência Progressista Libertária13 
Papel da escola - a pedagogia libertária espera que a escola exerça uma transformação na 
personalidade dos alunos num sentido libertário e autogestionário. A ideia básica é introduzir 
modificações institucionais, a partir dos níveis subalternos que, em seguida, vão “contaminando” todo o 
sistema. A escola instituirá, com base na participação grupal, mecanismos institucionais de mudança 
(assembleias, conselhos, eleições, reuniões, associações etc.), de tal forma que o aluno, uma vez 
atuando nas instituições “externas”, leve para lá tudo o que aprendeu. 
Outra forma de atuação da pedagogia libertária, correlata a primeira, é - aproveitando a margem de 
liberdade do sistema - criar grupos de pessoas com princípios educativos autogestionários (associações, 
grupos informais, escolas autogestionários). Há, portanto, um sentido expressamente político, à medida 
que se afirma o indivíduo como produto do social e que o desenvolvimento individual somente se realiza 
no coletivo. 
A autogestão é, assim, o conteúdo e o método; resume tanto o objetivo pedagógico quanto o político. 
A pedagogia libertária, na sua modalidade mais conhecida entre nós, a “pedagogia institucional”, 
pretende ser uma forma de resistência contra a burocracia como instrumento da ação dominadora do 
Estado, que tudo controla (professores, programas, provas etc.), retirando a autonomia. 
 
Conteúdos de ensino - as matérias são colocadas à disposição do aluno, mas não são exigidas. São 
um instrumento a mais, porque importante é o conhecimento que resulta das experiências vividas pelo 
grupo, especialmente a vivência de mecanismos de participação crítica. “Conhecimento” aqui não é a 
investigação cognitiva do real, para extrair dele um sistema de representações mentais, mas a descoberta 
de respostas às necessidades e às exigências da vida social. Assim, os conteúdos propriamente ditos 
são os que resultam de necessidades e interesses manifestos pelo grupo e que não são, necessária nem 
indispensavelmente, as matérias de estudo. 
 
Método de ensino - é na vivência grupal, na forma de autogestão, que os alunos buscarão encontrar 
as bases mais satisfatórias de sua própria “instituição”, graças à sua própria iniciativa e sem qualquer 
forma de poder. Trata-se de “colocar nas mãos dos alunos tudo o que for possível: o conjunto da vida, as 
atividades e a organização do trabalho no interior da escola (menos a elaboração dos programas e a 
decisão dos exames que não dependem nem dos docentes, nem dos alunos)”. Os alunos têm liberdade 
de trabalhar ou não, ficando o interesse pedagógico na dependência de suas necessidades ou das do 
grupo. 
 
O progresso da autonomia, excluída qualquer direção de fora do grupo, se dá num “crescendo”: 
primeiramente a oportunidade de contatos, aberturas, relações informais entre os alunos. Em seguida, o 
grupo começa a se organizar, de modo que todos possam participar de discussões, cooperativas, 
assembleias, isto é, diversas formas de participação e expressão pela palavra; quem quiser fazer outra 
coisa, ou entra em acordo com o grupo, ou se retira. No terceiro momento, o grupo se organiza de forma 
mais efetiva e, finalmente, no quarto momento, parte para a execução do trabalho. 
 
Relação professor-aluno - a pedagogia institucional visa “em primeiro lugar, transformar a relação 
professor-aluno no sentido da não diretividade, isto é, considerar desde o início a ineficácia e a nocividade 
de todos os métodos à base de obrigações e ameaças”. Embora professor e aluno sejam desiguais e 
diferentes, nada impede que o professor se ponha a serviço do aluno, sem impor suas concepções e 
ideias, sem transformar o aluno em “objeto”. O professor é um orientador e um catalisador, ele se mistura 
ao grupo para uma reflexão em comum. 
Se os alunos são livres frente ao professor, também este o é em relação aos alunos (ele pode, por 
exemplo, recusar-se a responder uma pergunta, permanecendo em silêncio). Entretanto, essa liberdade 
de decisão tem um sentido bastante claro: se um aluno resolve não participar, o faz porque não se sente 
integrado, mas o grupo tem responsabilidade sobre este fato e vai se colocar a questão; quando o 
professor se cala diante de uma pergunta, seu silêncio tem um significado educativo que pode, por 
exemplo, ser uma ajuda para que o grupo assuma a resposta ou a situação criada. No mais, ao professor 
cabe a função de “conselheiro”

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