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Farmacologia Metabolização e Eliminação Metabolização O fígado é o principal órgão metabolizador do nosso organismo – atividade metabólica mediada pelo sistema microssomal e enzimas microssomais. O objetivo da metabolização é tornar drogas menos lipossolúveis, menos ativos e facilitar sua excreção. Sítios de Metabolização: · Enzimas microssomais extra-hepáticas (oxidação, conjugação) – atuam no cérebro, pulmões, pele, TGI, rins e bexiga · Enzimas microssomais hepáticas (oxidação, conjugação - fígado · Enzimas não microssomais hepáticas (acetilação, sulfatação, GHS, álcool/aldeído desidrogenase, hidrólise, oxidação/redução) – fígado Importante! Lembrar do efeito de primeira passagem – substância dadas por via oral, uma vez absorvida pelo trato gastrointestinal, cai direto na circulação da veia porta e são levadas para o fígado onde podem ser quase que totalmente metabolizado dependendo da substância, de forma que pouca forma da substância ativa chega na circulação geral. Exemplos: Aspirina, Lidocaína, Propranolol, Verapamil, Morfina, Trinitrato de Glicerina, etc Metabolização – reações envolvidas na metabolização Fase 2 Fase 1 Droga Metabólito Conjugado Glicuronidação Desalquilação Desanimação Hidrólise Hidroxilação Oxidação Fase 1 - Catabólica - Introduzir um grupo reativo polar (ex. -OH) para subsequente conjugação - “funcionalização” Fase 2 – Anabólica (Conjugação) - Farmacologicamente inativa - Tornar a substância menos lipossolúvel (mais hidrossolúvel) e com carga iônica para facilitar excreção na urina ou na bile - Mediada por glicuronil transferases, sulfotransferases, glutationa transferases, aminoácido transferases Componentes do Sistema CYP 450 1. Citocromo-P450 redutase: - Contém FMN e FAD, e requer NADPH e Mg2+ - Transfere dois elétrons para CYP 45: Primeiro: Fe3+ para Fe2+ Segundo: Fe2+.O2 para Fe2+.O2- 2. Citocromo P450 (CYP) 3. Fosfolipídio – para servir como superfície na transferência de elétrons 4. Eventualmente, o segundo elétron pode ser doado pelo sistema citocromo b5 e citocromo b5 redutase (NADH-dependente) Componentes do sistema citocromo P450 de retículo endoplasmático. A NADPH-citocromo P450 redutase é ligada pela sua cauda hidrofóbica à membrana, enquanto o citocromo P450 é inserido na membrana. O citocromo b5 pode participar em reações selecionadas mediadas pelo citocromo P450. (Devlin, 1997). Citocromos P450 – Considerações Gerais · NADPH + H+ + O2 + Droga ® NADP+ + H2O + Droga oxidada · O monóxido de carbono se liga ao Fe(II) heme reduzido e absorve a 450 nm (origem do nome da família) · A família de monooxigenases é a mais importante na oxidação de drogas e compostos endógenos no fígado, rim, trato G.I., pele, pulmão · As CYPs estão localizadas no retículo endoplasmático liso em associação bastante próxima com a NADPH-CYP redutase (razão 10/1) (são conhecidos como fração microssomal) · Os microssomos são vesículas obtidas a partir da homogeneização de tecidos/células e vem do retículo endoplasmático (liso e rugoso) As famílias de P450 · Pelo menos 12 famílias de genes CYP tem sido identificada em humanos, e as categorias estão baseadas na homologia das sequências · A maioria das enzimas envolvidas na metabolização de drogas estão nas famílias CYP 1, 2, & 3. · CYP3A4/5 é a principal enzima envolvida no metabolismo de muitas drogas. · Frequentemente, duas ou mais enzimas catalisam o mesmo tipo de oxidação, indicando especificidade larga e redundante. · Massa molecular: 45-60 Da Principais isoformas em humanos: Fármacos que são metabolizados pelas isoformas acima: Reações oxidativas catalisadas pelos CYP 450 1. Formação de um metabólito polar inativo: fenobarbital 2. Formação de um metabólito ativo: - Certas pró-drogas a base de purinas e pirimidinas para quimioterapia - Enalapril (inibidor da enzima conversora da angiotensina) 3. Formação de um metabólito tóxico: - Acetaminofeno NAPQI Rações catalisadas pelo sistema CYP P450 (oxidases de função mista): 1. Hidroxilação de anéis aromáticos (adição de –OH) 2. Hidroxilação de cadeias laterais (adição de –OH) 3. N-, O-, S-Desalquilação (remoção de –CH3 em N, O e S) 4. Sulfoxidação (adição de O em S) 5. Dessulfuração (remoção de –S) 6. Desaminação (remoção de –NH2) 7. Desalogenação (remoção de Cl, Br, F) Fatores que regulam o sistema CYP P450: 1. Indução enzimática · Geralmente resulta em aumento na quantidade (expressão) de CYP 450 que, por sua vez, aumenta a velocidade de metabolização do fármaco e pode reduzir ou aumentar a ação farmacológica do mesmo · É uma ativação inespecífica: afeta vários fármacos Exemplo: barbitúricos 2. Inibição enzimática: compostos que interagem com o grupo heme, e.g., vários antibióticos (macrolídeos, cloranfenicol, etc.), podendo produzir inibição irreversível (inibidores suicidas) 3. Idade: capacidade reduzida em crianças e idosos 4. Sexo: não é um fator muito importante em humanos 5. Genética (farmacogenética): polimorfismos genéticos são responsáveis por boa parte da variabilidade individual Tipos de Conjugação: 1. Conjugação com glicuronídeo · a partir de UDP ácido glicurônico · UDP-AG transferase: localizada no RE; induzível · o conjugado é menos ativo que a molécula mãe · exceção: morfina-6-glicuronídeo · principalmente em grupos: -OH, -SH, -NH, -COOH 2. Conjugação com sulfato · a partir de 3’-fosfoadenonsina 5’-fosfosulfato (FAFS) · adição de um grupo sulfato que é ionizado · catalisada por sulfotransferases · o conjugado é menos ativo que a molécula mãe · exceção: sulfato de minoxidil derivados de N-hidróxi-2-acetilaminofluoreno 3. Conjugação com glutationa, aminoácidos, acetil CoA e S- adenosil metionina Distúrbios de Conjugação: Sulfonamida (antibiótico) e bilirrubina · Bilirrubina é altamente lipossolúvel. Devido à incapacidade de recém-nascidos em conjugar a bilirrubina, a mesma é “estocada” ligada a proteínas plasmáticas na circulação até a criança desenvolver as enzimas de conjugação. · A administração de sulfonamida desloca bilirrubina da proteína, que então sofre uma redistribuição, entrando no cérebro através da barreira hematocefálica onde é depositada no gânglio basal e nos núcleos subtalámicos do cérebro, levando à encefalotoxicidade (kernicterus; síndrome do nenê verde). Há pouca excreção de bilirrubina. (A bilirrubina no neonato deriva da degradação de hemácias) >Lesão hepática causada pelo metabólito de paracetamol após saturação das vias de glicuronidação e sulfatação devida a alto dose ingerida (>1,2 g/dia em adulto) >Antídoto: N-acetilcisteína Vias de metabolização sem CYP 450 1. Acetilação (-COCH2): N-acetil-transferase (tiazidas) 2. Trans-sulfuração (-SH): sulfotransferases (detoxificação de cianeto) 3. O-, N-, e S-metilação (-CH3): metiltransferases (dopamina) 4. Oxidações de álcool e aldeído: desidrogenases 5. Reduções (inserção de -OH): aldeído redutase (NADH) 6. Hidrólise: esterase e amidases 7. Desaminação: monoamina oxidases (5-HT, NE, dopa, tiramina) e diamina oxidases (putrescina e cadaverina) Metabolização do Etanol: Fatores limitantes: velocidade da enzima capaz de metabolizar etanol, velocidade em regenerar o NAD+. >Dissulfiram inibindo ácido desidrogenase começa o acúmulo de acetaldeído que causa reações alérgicas. O etanol é altamente lipossolúvel e rapidamente absorvido e distribuído. - 90% metabolizado; 5-10% na urina ou é expirado - Metabolização essencialmente hepática - Sofre efeito de primeira passagem - Mostra cinética de saturação - Lesão hepática devida: · ao próprio etanol · ao acetaldeído · à esterificação de ácidos graxos - Pode influenciar o metabolismo de outros compostos (inibir ou potencializar) - Dissulfiram: terapia de aversão - rubor, taquicardia, hiperventilação, pânico, angústia - Metanol: metabolizado em formaldeído e ácido fórmico Obs: A metabolização do etanol é um exemplo clássico de uma via de metabolização que não depende do CYP 450. Eliminação Principais Vias: 1. Renal 2. Trato GI – fezes 3. Pulmão(substâncias voláteis – álcool, anestésicos gasosos) 4. Pele-suor 5. Leite materno 6. Lágrimas Principais Mecanismos · Filtração Glomerular: funcionam para substâncias abaixo de <20.000Da e retira apenas drogas livres · Secreção tubular: · Transporte por sistemas carreadores para substâncias ácidas ou básicas. · São relativamente não-seletivos · Funcionam contra um gradiente · Potencialmente o mecanismo mais eficaz na excreção · Difusão através do túbulo renal: · Pode ocorrer reabsorção de até 99% · Mais importante para lipossolúveis · Para substâncias polares, ocorre retenção e concentração · Questão do PH: ácidas – excretadas com PH alcalino; básicas – excretadas com PH ácido (substâncias ionizadas não são reabsorvidas e substâncias não ionizadas podem ser reabsorvidas.) Obs: a reabsorção depende do PKa da substância e do PH da urina Drogas excretadas sem modificação (alguns exemplos): · 75-100%: Amilorida, hexametônio, galamina clorotiazida, gentamicina, atenolol ampicilina, furosemida · 50-75%: Anfetamina, cimetidina, procainamida, neostigmina, metildopa, clonidina · ~50%: Tubocurare Obs: é preciso cuidado na administração destas substâncias em indivíduos com função renal comprometida. Eliminação pelo TGI: Ex: substância por via oral é absorvida, no fígado é metabolizado, parte da substância é eliminada e parte é conjugado, esta parte vai para a bile e depois para o intestino onde possui enzimas que vão quebrar o conjugado e o produto metabólito do fármaco é liberado e reabsorvido, volta novamente para o fígado onde vai ser conjugado novamente e fazendo novamente o ciclo. Influência da lipossolubilidade e metabolização sobre a eliminação: Substância hidrossolúvel – não é muito metabolizada e quando chega no rim é facilmente eliminada Substância lipofílica – pouca metabolização no fígado, e no rim é pouco eliminada, portanto, continua na circulação por um bom tempo. Existe também substância lipofílica que pode ser parcialmente degradada onde parte se torna hidrofílica conjugada sendo facilmente eliminada e parte continua lipofílica. A substância lipofílica que é totalmente metabolizada em substância hidrofílica quando chega no rim é quase totalmente eliminada.
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