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UNIVERSIDADE PAULISTA PATRÍCIA BLASCHI DA SILVA RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO Clínica de Nutrição SÃO JOSÉ DO RIO PARDO/SP 2019 PATRÍCIA BLASCHI DA SILVA RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO Clínica de Nutrição SÃO JOSÉ DO RIO PARDO/SP 2019 Relatório de conclusão do estágio supervisionado realizado na Clínica de Nutrição apresentado à Universidade Paulista – UNIP. Coordenador: Prof. Ms. Mariana Nóbrega Supervisor: Maria Alice L. R. Scarcella SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 4 1.1 Obesidade ............................................................................................................................. 5 1.2 Diabetes mellitus ................................................................................................................... 6 1.3 Hipertensão arterial sistêmica ............................................................................................... 8 1.4 Triglicérides elevado .............................................................................................................. 9 1.5 Ácido úrico elevado ............................................................................................................. 10 2 OBJETIVOS ....................................................................................................... 12 2.1 Objetivo Geral ..................................................................................................................... 12 2.2 Objetivos Específicos ........................................................................................................... 12 3 DESENVOLVIMENTO ........................................................................................ 13 3.1 Atendimentos ..................................................................................................................... 13 3.2 Métodos antropométricos utilizados .................................................................................... 16 3.2.1 Peso ............................................................................................................................... 16 3.2.2 Altura ............................................................................................................................. 17 3.2.3 Ossatura ........................................................................................................................ 17 3.2.4 Circunferência do braço (CB) ........................................................................................ 17 3.2.5 Circunferência abdominal (CA) ..................................................................................... 17 3.2.6 Circunferência da cintura (CC) ...................................................................................... 18 3.2.7 Circunferência do quadril (CQ) ...................................................................................... 18 3.2.8 Prega cutânea do bíceps (PCB) ...................................................................................... 18 3.2.9 Prega cutânea do tríceps (PCT) ..................................................................................... 18 3.2.10 Prega cutânea subescapular (PCSE) .............................................................................. 18 3.2.11 Prega cutânea suprailíaca (PCSI) ................................................................................... 19 3.3 Cálculos realizados .............................................................................................................. 19 3.3.1 Compleição óssea .......................................................................................................... 19 3.3.2 Peso ideal mínimo, médio e máximo ............................................................................ 19 3.3.3 IMC ................................................................................................................................ 19 3.3.4 Soma das 04 pregas e percentual de gordura ............................................................... 20 3.3.5 Relação entre a circunferência da cintura e a circunferência do quadril ..................... 22 3.3.6 Circunferência muscular do braço ................................................................................ 22 3.3.7 Porcentagem de adequação da circunferência muscular do braço .............................. 22 3.3.8 TMB e VCT ..................................................................................................................... 23 3.3.9 Gasto energético total ................................................................................................... 24 3.3.10 Distribuição calórica durante o dia ............................................................................... 25 3.3.11 Bioimpedância elétrica .................................................................................................. 26 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 28 4.1 Gráficos ............................................................................................................................... 29 4.1.1 Sexo ............................................................................................................................... 29 4.1.2 Diagnóstico nutricional ................................................................................................. 29 4.1.3 IMC ................................................................................................................................ 30 4.1.4 Doenças atendidas ........................................................................................................ 30 5 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 31 REFERÊNCIAS.................................................................................................32 ANEXOS....................................................................................................................35 4 1 INTRODUÇÃO De acordo Resolução do CFN nº 334/2004, alterada pela Resolução CFN nº 541/2014, fica designado que o nutricionista tem como função contribuir para a saúde dos indivíduos e da coletividade. Cabe a ele a produção de informação sobre a alimentação e a nutrição, buscando sempre o aperfeiçoamento técnico-científico, baseando-se nos princípios éticos que regem a prática da profissão. O nutricionista, dentro da área clínica, pode atuar em diversas subáreas, como dispõe a Resolução CFN nº 600, de 5 de fevereiro de 2018: II. Área de Nutrição Clínica – Assistência Nutricional e Dietoterápica Hospitalar, Ambulatorial, em nível de Consultórios e em Domicilio: A. Subárea – Assistência Nutricional e Dietoterápica em Hospitais, Clínicas em geral, Hospital-dia, Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e Spa clínicos. B. Subárea – Assistência Nutricional e Dietoterápica em Serviços e Terapia Renal Substitutiva. C. Subárea – Assistência Nutricional e Dietoterápica em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI). D. Subárea – Assistência Nutricional e Dietoterápica em Ambulatórios e Consultórios. E. Subárea – Assistência Nutricional e Dietoterápica em Bancos de Leite Humano (BLH) e Postos e Coleta. F. Subárea – Assistência Nutricional e Dietoterápica em Lactários. G. Subárea – Assistência Nutricional e Dietoterápica em Centrais de Terapia Nutricional. H. Subárea – Atenção Nutricional Domiciliar (pública e privada). I. Subárea – Assistência Nutricional e Dietoterápica Personalizada(Personal Diet). Segundo a Resolução CFN nº 304, de 26 de dezembro de 2003, que dispões sobre critérios para prescrição dietética na área de Nutrição Clínica e dá outras providências: Considerando que a atuação do nutricionista na área de Nutrição Clínica abrange o atendimento ao cliente-paciente na internação, ambulatório, consultório e domicílio; RESOLVE: Art. 1º Compete ao nutricionista a prescrição dietética, como parte da assistência hospitalar, ambulatorial, em consultório de nutrição e dietética e em domicílio. Art. 2º A prescrição dietética deve ser elaborada com base nas diretrizes estabelecidas no diagnóstico nutricional. 5 Art. 3º Compete ao nutricionista elaborar o diagnóstico nutricional com base nos dados clínicos, bioquímicos, antropométricos e dietéticos. [...] Art. 4º O registro da prescrição dietética deve constar no prontuário do cliente-paciente, de acordo com os protocolos pré-estabelecidos ou aceitos pelas unidades ou serviços de atenção nutricional, devendo conter data, Valor Energético Total (VET), consistência, macro e micronutrientes mais importantes para o caso clínico, fracionamento, assinatura seguida de carimbo, número e região da inscrição no CRN do nutricionista responsável pela prescrição. [...] Art. 5º O registro da evolução nutricional deve constar no prontuário do cliente/paciente, de acordo com os protocolos pré-estabelecidos, devendo conter alteração da ingestão alimentar, avaliação da tolerância digestiva, exame físico, antropometria, capacidade funcional e avaliação bioquímica. [...] Art. 6º O nutricionista, ao realizar a prescrição dietética, deverá: I. considerar o cliente-paciente globalmente, respeitando suas condições clínicas, individuais, sócio-econômicas, culturais e religiosas; II. considerar diagnósticos, laudos e pareceres dos demais membros da equipe multiprofissional, definindo com estes, sempre que pertinente, os procedimentos complementares à prescrição dietética; III. respeitar os princípios da bioética. Durante o exercício do nutricionista em área clínica, serão atendidas diversas patologias, que demandam condutas alimentares diferentes para a melhora de cada quadro. Uma patologia muito frequente é a obesidade, e suas doenças associadas, como diabetes mellitus, hipertensão arterial, triglicérides elevado, ácido úrico elevado, desgastes em articulações, e muitas outras. 1.1 Obesidade A obesidade é uma doença crônica, caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura. Representa um comprometimento da saúde, sendo que, quanto maior o grau de obesidade, maior o comprometimento da qualidade de vida. Tem caráter multifatorial, sendo influenciada por: fatores genéticos, ambientais, socioculturais e comportamentais (CUPPARI, 2009). É definida pelo IMC > 30,9 kg/m², sendo dividida em obesidade grau I, grau II e grau III, variando conforme o aumento do IMC. Está associada à um estado crônico subclínico de inflamação, produção anormal de citocinas e mediadores pró-inflamatórios (DIRETRIZ BRASILEIRA DE OBESIDADE, 2016). 6 Pode ser classificada, além do IMC, pelas características dos adipócitos: hiperplásica (nº de adipócitos) ou hipertrófica (volume de adipócitos); ou até mesmo pela distribuição de gordura: androide (concentração de gordura na parte superior do corpo), ginoide (concentração na parte inferior do corpo) ou mista (indeterminada) (DIRETRIZ BRASILEIRA DE OBESIDADE, 2016). O tratamento da obesidade deve ter base na mudança do estilo de vida, prática de exercícios físicos, terapia comportamental e dietoterapia. Focar na perda de peso sem a atenção para a manutenção do peso é inadequado. Os indivíduos obesos que perdem de 5 a 10% do seu peso, já são suscetíveis a melhorar a glicemia, a pressão arterial e as concentrações de colesterol (KRAUSE, ) A dietoterapia deve ser individualizada, e, se possível, realizado junto com o paciente e seu responsável, evitando a imposição de dietas rígidas e extremamente restritivas, considerando o estado nutricional e os fatores de risco, utilizando metas realistas e planos personalizados (TRATADO DA OBESIDADE, 2015). A quantidade de energia é diminuída, para que os depósitos de gordura sejam mobilizados para atender às necessidades diárias de energia. Recomenda-se a redução de 500 a 1000 kcal por dia atende a esse objetivo. A dieta então passa a ser hipocalórica, com o teor de carboidratos variando de 50 – 55% do valor calórico total, as proteínas variando de 15 – 25%, e os lipídeos chegando ao limite máximo de 30%. Deve-se haver ingestão maior de fibras, que reduzirão a densidade calórica, promovendo saciedade. Deve-se, também, limitar o consumo de bebidas alcoólicas e alimentos ricos em açúcar a pequenas quantidades para a palatabilidade. A dieta deve ser fracionada, em pequenas refeições durante o dia. A terapia medicamentosa é adjuvante no tratamento, e, em alguns casos, pode-se recorrer à cirurgia da obesidade (KRAUSE, ). 1.2 Diabetes mellitus O diabetes mellitus é caracterizado por concentrações sanguíneas elevadas de glicose, resultantes de defeitos na secreção da insulina, ou de sua ação. “A insulina é um hormônio produzido pelas células β do pâncreas, que é necessário para uso ou armazenamento dos combustíveis do corpo (carboidratos, proteína e gordura)” (KRAUSE, ). 7 Fonte: Dados de American Diabetes Association: Diagnosis and classification of diabetes mellitus (Position Statement), Diabetes Care 34:S63, 2011. O DMT1 é inicialmente identificado pelo surgimento de autoimunidade ativa direcionada contra as células β pancreáticas e seus produtos. Pode ter início abrupto, mas a agressão fisiopatológica é longa e progressiva (KRAUSE, ). O DMT2 é responsável por 90 – 95% dos casos diagnosticados. É uma doença progressiva, onde a hiperglicemia é desenvolvida gradualmente. Nos estágios iniciais, não é grave o suficiente, porém os indivíduos que são acometidos estão sob risco aumentado de desenvolver complicações macro e microvasculares. É uma doença caracterizada por uma combinação de resistência à insulina e por falha da célula β. Dentre os fatores de risco, estão os fatores genéticos e ambientais, histórico familiar, idade avançada, obesidade, sedentarismo, pré-diabetes e etnia (KRAUSE, ). O tratamento do diabetes inclui a terapia nutricional, prática de atividade física, monitoramento dos níveis de glicose e terapia medicamentosa. Tem como objetivo oferecer ao paciente uma forma para alcançar o melhor controle de glicemia, pressão arterial, minimizar a hipoglicemia e evitar o ganho de peso (ADbA, 2011b). A terapia nutricional deve ser individualizada, e a educação nutricional deve ser preconizada, para maior autocontrole nutricional efetivo do paciente. O nutricionista deve utilizar a conduta alimentar baseada nos níveis de macronutrientes propostos pela DRI, ou seja, carboidratos equivalendo à 40 – 65% do valor energético total, lipídeos 20 – 30%, e proteínas 15 – 20%. As proteínas devem equivaler à 0,8 – 1g/kg de peso/dia (DRI, 2002). Deve-se utilizar carboidratos 8 complexos, e sempre levar em consideração o índice glicêmico e a carga glicêmica dos alimentos. Não há evidências de maior quantidade de fibras para o paciente diabético, portanto as recomendações seguem os valores normais de 20 – 30g (KRAUSE, ) A restrição de sacarose não é justificada com base no seu efeito glicêmico, porém deve-se haver cautela no seu consumo. Quando realizar a substituição por adoçantes, os mais indicados são o acessulfame K e a sucralose (KRAUSE, ). A Dietary Approaches to Stop Hypertension (DASH), associada a uma intervenção no estilo de vida pode aumentar a sensibilidade a insulina (DIRETRIZ SBD, 2007). 1.3 Hipertensão arterial sistêmica Segundo Krause ( ): A hipertensão arterial sistêmica consiste em pressão arterial (a força exercida por unidade deárea nas paredes das artérias) persistentemente elevada. Para ser definida como hipertensão arterial sistêmica, a pressão arterial sistólica (PAS), a pressão arterial durante a fase de contração do ciclo cardíaco, precisa estar em 120 mmHg ou acima disso; ou a pressão arterial diastólica (PAD), a pressão durante a fase de relaxamento do ciclo cardíaco, precisa ser de 80 mmHg ou superior; isso é relatado como pressão arterial de mais de 120/80 mmHg. Se um indivíduo tem PAS de 120 mmHg e PAD de 80 mmHg, isso é interpretado como pressão arterial de 120/80 mmμg. A pressão arterial (PA) trata da multiplicação do débito cardíaco pela resistência periférica. O diâmetro do vaso sanguíneo afeta o fluxo do sangue: quando o diâmetro diminui, a resistência e a PA aumentam; quando ele aumenta, a resistência e a PA diminuem. Os reguladores mais importantes da PA são o sistema nervoso simpático (SNS) para controle a curto prazo, e o rim para controle de longo prazo. O SNS secreta noradrenalina, que é um hormônio vasoconstritor, e atua em pequenas artérias e arteríolas, aumentando a resistência periférica e elevando a PA. Já os rins fazem a regulação através do sistema renina-angiotensina, que é ativado pelo controle do volume de líquido extracelular e a secreção de renina (KRAUSE, ) 9 O objetivo do controle da hipertensão é reduzir a morbidade e a mortalidade por acidente vascular encefálico (AVE), doença cardíaca e doença renal. O tratamento da hipertensão arterial consiste na mudança no estilo de vida, incluindo o tratamento medicamentoso composto de diuréticos e β-bloqueadores (KRAUSE, ) O tratamento nutricional deve ser composto por uma dieta hipocalórica, sendo recomendado o uso do padrão dietético DASH, com baixo teor de sódio. Essa dieta é usada tanto para prevenir quanto para controlar a PA elevada. O paciente portador de hipertensão deve ter uma redução na ingestão de sódio, pois isso mantém a PA baixa ao longo do tempo, e aumenta a eficácia dos fármacos redutores de PA. Aliado a isso, uma dieta rica em potássio, cálcio e magnésio também é benéfica para a redução da PA. 1.4 Triglicérides elevado Os lipídeos, por serem insolúveis em água, necessitam de transportadores. São transportados na forma de lipoproteínas, que podem ser divididas de acordo com sua densidade, em: quilomícrons, lipoproteína de densidade muito baixa 10 (VLDL), lipoproteína de baixa densidade (LDL), lipoproteína de densidade intermediária (IDL) e lipoproteína de alta densidade (HDL). A função principal dessas lipoproteínas é, então, o transporte dos triglicerídeos (TG) e do colesterol do intestino e fígado para os locais de armazenamento e utilização (SCHIAVO; LUNARDELLI; OLIVEIRA, 2003). Níveis elevados de TG no soro estão associados a condições patogênicas que aceleram a aterosclerose, como: diminuição dos níveis de HDL, aumento de lipoproteínas remanescentes, pequena elevação de LDL e aumento das condições trombogênicas. O aumento do TG está associado, ainda, ao risco de doenças cardiovasculares (SCHIAVO; LUNARDELLI; OLIVEIRA, 2003). Obesidade, estresse, ingestão de álcool, dietas com alto teor de gordura, gestação, terapia de glicocorticoides e algumas doenças (diabetes, pancreatite aguda, síndrome nefrótica, gota, uremia) aumentam os níveis de TG (SCHIAVO; LUNARDELLI; OLIVEIRA, 2003). O tratamento dietético é a intervenção primária para pacientes com concentração elevada de LDL. Com dieta, exercício e redução de peso, muitos pacientes podem atingir as metas de concentração de lipídeos séricos e reduzir a inflamação do corpo. A redução dos ácidos graxos e gorduras trans é a principal mudança de comportamento a ser utilizada (KRAUSE, ). 1.5 Ácido úrico elevado O ácido úrico é o produto final do catabolismo das purinas (adenina e guanina), formado no fígado a partir da xantina (MARION et al., 2011). Os níveis séricos ficam elevados pela elevada ingestão proteica, por aumento na produção endógena de urato ou pela redução da excreção renal do urato monossódico (COUTINHO et al., 2007). Geralmente os níveis aumentados de ácido úrico são relacionados com a gota, doença caracterizada pelo início súbito e agudo de dor artrítica localizada, que geralmente começa no hálux e avança para a perna. Como consequência, formam- se cristais de uratos de sódio que se depositam nas pequenas articulações e tecidos circundantes (KRAUSE, ). Na terapia nutricional para gota, o paciente deve seguir um plano de refeições balanceadas, restritas na ingestão de alimentos de origem animal e álcool, principalmente a cerveja, evitando alimentos ricos em purina. Deve-se encorajar a 11 ingestão elevada de líquidos, para ajudar na excreção do ácido úrico e minimizar a possibilidade da formação de cálculos (KRAUSE, ). 12 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral O estágio em Nutrição Clínica tem como objetivo geral orientar o aluno a associar o conteúdo teórico na prática ambulatorial, enfocando o impacto da dietoterapia individualizada no tratamento de doenças, e a importância da educação alimentar buscando a recuperação e manutenção da saúde e do bem-estar dos pacientes por meio da alimentação. 2.2 Objetivos Específicos - Realizar o atendimento nutricional individual e personalizado a cada paciente; - Identificar os mecanismos fisiopatológicos das diversas enfermidades encontradas durante os atendimentos; - Realizar avaliação antropométrica de forma adequada para cada paciente; - Realizar avaliação nutricional para a determinação das necessidades nutricionais do indivíduo; - Planejar, calcular e prescrever planos alimentares condizentes com as necessidades encontradas, considerando todos os processos de enfermidades, distúrbios, deficiências e alterações individuais de cada um; - Avaliar o progresso do paciente frente à conduta nutricional indicada. 13 3 DESENVOLVIMENTO 3.1 Atendimentos A Clínica de Nutrição da UNIP (Universidade Paulista) funciona de segunda à quarta-feira, entre as 14:00h e as 18:30h, e às quintas-feiras das 14:00h às 20:00h. A consulta acontece mediante a um agendamento prévio, podendo ser realizado por telefone, ou de forma presencial na própria clínica. Os pacientes podem agendar uma consulta tendo, ou não, encaminhamento médico. As consultas são gratuitas a toda a população. Uma vez com a consulta marcada, o paciente vai até à clínica no horário agendado, para ser atendido por um dos estagiários presentes. A escolha de quem realizará o atendimento ocorre aleatoriamente pela supervisora de estágio, porém todos os estagiários atendem, em média, o mesmo número de consultas durante o período de estágio. A primeira consulta de cada paciente dura em média uma hora, e é o momento onde são coletados todos os dados do indivíduo. É assinado, primeiramente, o Termo de Autorização, onde está escrito que o paciente está ciente de que todos os dados coletados durante a consulta serão discutidos entre o estagiário e o nutricionista supervisor, responsável pela clínica, para que se possa chegar à melhor solução para o problema relatado. Se o paciente é menor de idade, o termo é assinado pelo responsável. Em seguida, é preenchido o prontuário junto ao paciente. O prontuário é composto, basicamente, por: • Identificação do paciente: nome, idade, data de nascimento, sexo, cor, estado civil, profissão, horário e local de trabalho, endereço residencial, telefone para contato, escolaridade, número de filhos dependentes (quando adulto ou idoso), e valor gasto com alimentação; • Motivo da consulta: queixa e duração, se há encaminhamento médico ou não, se há alguma patologia, e se houve alterações recentes de peso; • IDA (interrogatório de diversos aparelhos): questionário a respeitode apetite, mastigação, deglutição, digestão, alergias e intolerâncias alimentares, desconforto gastrintestinal, funcionamento do intestino, e uso de laxantes e diuréticos para emagrecimento; 14 • AP (antecedentes pessoais): questionário a respeito do uso de medicamentos, reações adversas à medicações, cirurgias, internações, orientações nutricionais, dietas e seus resultados; • AF (antecedentes familiares): histórico de doenças – como diabetes mellitus, obesidade, hipertensão arterial, colesterol, entre outras – em parentes próximos (pai, mãe, avós, irmãos) • AA (antecedentes alimentares): questões sobre preferências alimentares, quem cozinha, quantas pessoas se alimentam na residência do paciente, e quantos copos de água o mesmo ingere por dia; • AC (antecedentes comportamentais): questionário sobre a prática de atividade física, insônia, tabagismo, etilismo, ansiedade e vida social; • Recordatório de 24 horas: descrição minuciosa do registro alimentar que aconteceu nas últimas 24 horas do paciente, considerando tudo o que comeu e suas quantidades; • Recordatório usual: registro alimentar usual do paciente, ou seja, o que ele está habituado a ingerir todos os dias, considerando todas as formas de preparo e quantidades, que pode às vezes diferir do recordatório de 24 horas; • Exames: físicos gerais e laboratoriais; • Interações medicamentosas, e medicamentos/nutrientes; • Questionário de frequência alimentar: questionário que avalia a frequência do consumo de determinados alimentos. É dividido em 9 grupos (pães/cereais/raízes/tubérculos, hortaliças/verduras/legumes, frutas, leite e derivados, leguminosas, carnes e ovos, óleos e gorduras, açúcares e doces, diversos), e o paciente responde, alimento por alimento, a frequência, que é dividida em nunca, menos de 1x por mês, 1 a 3x por mês, 1x por semana, 2 a 4x por semana, 1x por dia, 2x ou mais por dia; • Ficha de apresentação de pacientes: registro dos dados antropométricos aferidos em cada consulta, juntamente com dados dos cálculos realizados para posterior avaliação do paciente; 15 • Evolução do paciente: onde fica registrada, consulta por consulta, a evolução do paciente em todos os aspectos, sejam eles físicos psicológicos ou comportamentais, e as dificuldades e facilidades encontradas pelo mesmo no plano alimentar. Há, ainda, no prontuário, a ficha de frequência, anexada ao termo de autorização de cada paciente. Nessa ficha, elencam-se as datas de todas as consultas que o paciente compareceu, para a monitoração da frequência do paciente. No prontuário de gestantes, são incluídas, ainda, as perguntas sobre a data da última menstruação, a idade gestacional e o peso pré-gestacional. No prontuário de adolescentes (até 18 anos), é elencado o nome do responsável, são pontuados os aspectos emocionais (AE), onde são questionados os relacionamentos do adolescente com os pais, amigos, e na escola. Há também a Escala de Silhuetas de Tiggemann & Wilson-Barret (1998), onde o adolescente aponta quando figura ele acha que se assemelha à sua imagem corporal. O questionário de frequência é reduzido, e não é dividido em grupos. O paciente sai da primeira consulta com uma dieta não calculada, chamada de “dieta de adaptação”, montada com base nos recordatórios e questionário de frequência relatados pelo mesmo, com quantidades adequadas, e algumas alterações quando necessárias. É agendado um retorno para ele dentro de 7 (sete) dias, para que ele busque a dieta definitiva, calculada de acordo com suas necessidades energéticas e nutricionais. Após a consulta, são realizados os cálculos necessários para a avaliação antropométrica do paciente, que consistem em: IMC, compleição óssea, peso ideal mínimo, médio e máximo, percentual de gordura, relação entre a circunferência da cintura e a circunferência do quadril, circunferência muscular do braço e porcentagem de adequação da circunferência muscular do braço. Em seguida, calcula-se a taxa de metabolismo basal (TMB), o valor calórico total (VCT), e o gasto energético total (EER). Então, analisa-se a necessidade energética do indivíduo de acordo com sua queixa. Quando se trata de paciente que necessita de emagrecimento, desconta-se de 500 a 1000 kcal do VCT ou do EER para o cálculo da dieta, com cautela para que o valor nunca fique abaixo o TMB. Quando o paciente deseja ganho de massa muscular, adéquam-se os alimentos e suas quantidades da dieta para que possam 16 promover maior síntese proteica e utilização de aminoácidos. Em conseguinte, é feita a distribuição calórica durante o dia, separando em porcentagem quanto cada refeição da dieta vai receber em calorias, dentro do total. As dietas sempre são calculadas de acordo com o motivo da consulta, e as patologias apresentadas, e considerando a realidade individual de cada um. Para o cálculo de cada dieta, é utilizada o programa online Dietpro. O paciente volta para buscar a dieta, que é entregue juntamente à uma lista de substituição, que contém alimentos divididos em grupos que variam de A a O, sendo divididos em: carboidratos, frutas, verduras, legumes, proteínas, leite e derivados, leguminosas, oleaginosas e sementes, considerando suas variações e modos de preparo, com as porções identificadas para posterior modificação na alimentação e adequação ao dia-a-dia de cada um. Então, marca-se o retorno do mesmo paciente para 15 (quinze) dias após aquela data. No retorno do paciente, ele é questionado a respeito do plano alimentar, as maiores dificuldades e facilidades no seguimento da dieta em si. Volta-se a perguntar a respeito do IDA, AC e outras perguntas quando pertinentes. O recordatório de 24 horas é realizado novamente, bem como toda a avaliação antropométrica. Se houver necessidade, a dieta é alterada como um todo, ou pode- se alterar apenas uma ou outra refeição, de acordo com o relato do paciente. E então é marcado outro retorno para 15 (quinze) dias após aquela data. 3.2 Métodos antropométricos utilizados 3.2.1 Peso Para realizar a aferição do peso dos pacientes, é utilizada uma balança mecânica de plataforma. Antes de o paciente subir na balança, a mesma é calibrada. Para isso, deve-se destravar a balança, e mover o calibrador, até que a agulha do braço e o fiel estejam nivelados. Então, a balança é travada novamente. Em seguida, o paciente sobe na balança, de costas para ela, descalço, com roupas leves e sem nada que pese junto a si. Ele deve se posicionar no centro do equipamento, de forma ereta, com os pés juntos e os braços estendidos rente ao corpo. Então, destrava-se a balança novamente, e faz-se a medição movendo primeiro o cursor maior para os quilos, e depois o cursor menor para as gramas, até 17 que a agulha do braço e o fiel estejam novamente nivelados. Trava-se a balança, e realiza-se a leitura (Norma Técnica do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional, 2011) 3.2.2 Altura Para medir a altura, utiliza-se o estadiômetro vertical, composto por uma escala numérica, uma parte móvel e um ponto para leitura da medida. O estadiômetro utilizado na Clínica de Nutrição não é fixo à parede. O paciente posiciona-se descalço no centro da plataforma do equipamento, com a cabeça livre de adereços, de forma ereta, com os braços estendidos ao longo do corpo, olhando para um ponto fixo na altura dos olhos. Os calcanhares, ombros e nádegas devem estar em contato com o estadiômetro. Os ossos internos dos calcanhares devem se tocar, e os pés permanecerem unidos (CUPPARI, 2002) A partir daí, abaixa-se a parte móvel do equipamento, até que essa se encoste à cabeça do avaliado, com pressão suficiente para comprimir o cabelo. Então, pede-se para que o paciente desça, para poder realizar a leitura da medida. (Norma Técnica do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional, 2011). 3.2.3 OssaturaCircunferência do punho, medida em cima do processo estiloide da ulna. 3.2.4 Circunferência do braço (CB) Medida que avalia a soma das áreas constituídas pelos tecidos ósseo, muscular e gorduroso do braço. Deve-se medir, com o braço flexionado em 90º, o ponto médio do braço, localizado entre o acrômio e o olécrano. Então, o paciente é instruído a manter relaxar o braço, estendendo-o junto ao corpo, com a palma da mão voltada para dentro, e contorna-se o braço com a fita métrica em cima do ponto médio encontrado (CUPPARI, 2002). 3.2.5 Circunferência abdominal (CA) A medida abdominal é feita sobre a cicatriz umbilical (TIRAPEGUI; RIBEIRO, 2011). 18 3.2.6 Circunferência da cintura (CC) A fita métrica deve circundar o indivíduo na linha natural da cintura, na região mais estreita entre o tórax e o quadril, no ponto médio entre a última costela e a crista ilíaca, e a leitura é feita no momento da expiração (CUPPARI, 2002). Essa medida é indicadora da localização da gordura abdominal e do risco de desenvolver doenças cardiovasculares Risco do desenvolvimento de doenças cardiovasculares, de acordo com a medida da circunferência da cintura Sexo Risco aumentado Risco muito aumentado Masculino 94 – 102 cm > 102 cm Feminino 80 – 88 cm > 88 cm Fonte: III Diretriz sobre Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose (2001). 3.2.7 Circunferência do quadril (CQ) A fita deverá circundar o quadril na região de maior perímetro entre a cintura e a coxa (CUPPARI, 2002). 3.2.8 Prega cutânea do bíceps (PCB) Medida na parte anterior do braço, um centímetro a cima do ponto médio. O paciente deve manter o braço relaxado, com a palma da mão voltada para fora (LOHMAN et al., 1991). 3.2.9 Prega cutânea do tríceps (PCT) É medida na parte posterior do braço, na altura do ponto médio. O paciente deve manter o braço relaxado (LOHMAN et al., 1991). 3.2.10 Prega cutânea subescapular (PCSE) O paciente é instruído a posicionar um braço para trás, para o aparecimento da escápula. Então, o avaliador mede a prega, com o paciente já com o braço relaxado, no ponto localizado no ângulo inferior da escápula. A dobra é medida na diagonal (LOHMAN et al., 1991). 19 3.2.11 Prega cutânea suprailíaca (PCSI) Essa dobra deve ser medida logo acima da crista ilíaca, na posição diagonal (LOHMAN et al., 1991). 3.3 Cálculos realizados 3.3.1 Compleição óssea Relação estabelecida entre a altura (cm) e a circunferência do punho (cm), através da fórmula: Altura / Circunferência do punho. Compleição Homens Mulheres Pequena > 10,4 > 10,9 Média 9,6 – 10,4 9,4 – 10,9 Grande < 9,6 < 9,4 3.3.2 Peso ideal mínimo, médio e máximo O peso ideal médio é medido pela fórmula: Pi = IMC (ideal) x Altura (m)². O IMC ideal utilizado segue a tabela abaixo, elaborada de acordo com a compleição óssea: Compleição Homens Mulheres Pequena 20 kg/m² 19 kg/m² Média 22,5 kg/m² 21,5 kg/m² Grande 25 kg/m² 24 kg/m² Para encontrar o peso ideal máximo, soma-se 5% ao valor encontrado no peso ideal médio, e para encontrar o peso ideal mínimo, subtrai-se 5% do peso ideal médio. 3.3.3 IMC Indicador simples de estado nutricional, calculado pela fórmula: Peso atual (kg)/Altura (m)². A partir desse resultado, a classificação para adultos se divide, segundo a Organização Mundial da Saúde (1995 e 1997), em: 20 IMC Classificação < 16 Desnutrição grave 16 – 16,9 Desnutrição moderada 17 -18,4 Desnutrição leve < 18,5 Desnutrição 18,5 – 24,9 Eutrofia 25 – 29,9 Sobrepeso 30 – 34,9 Obesidade grau I 35 – 39,9 Obesidade grau II ≥ 40 Obesidade grau III Fonte: WHO, 1995 e 1998 3.3.4 Soma das 04 pregas e percentual de gordura Para determinar o percentual de gordura do paciente, utiliza-se, na clínica, o protocolo das 4 pregas, ou seja, PCB + PCT + PCSE + PCSI. O resultado obtido nessa somatória é analisado na tabela abaixo para determinar o percentual de gordura: % Gordura Corporal pela Soma das 4 Pregas Soma das 4 pregas Homens Idade em anos Mulheres Idade em anos 17 – 29 30 – 39 40 – 49 +50 16 – 29 30 – 39 40 – 49 +50 15 4,8 - - - 10,5 - - - 20 8,1 12,2 12,2 12,6 14,1 17,0 19,8 21,4 25 10,5 14,2 15,0 15,6 16,8 19,4 22,2 24,0 30 12,9 16,2 17,7 18,6 19,5 21,8 24,5 26,6 35 14,7 17,7 19,6 20,8 21,5 23,7 26,4 28,5 40 16,4 19,2 21,4 22,9 23,4 25,5 28,2 30,3 45 17,7 20,4 23,0 24,7 25,0 26,9 29,6 31,9 50 19,0 21,5 24,6 26,5 26,5 28,2 31,0 33,4 55 20,1 22,5 25,9 27,9 27,8 29,4 32,1 34,6 60 21,2 23,5 27,1 29,2 29,1 30,6 33,2 35,7 65 22,2 24,3 28,2 30,4 30,2 31,6 34,1 36,7 70 23,1 25,1 29,3 31,6 31,2 32,5 35,0 37,7 21 75 24,0 25,9 30,3 32,7 32,2 33,4 35,9 38,7 80 24,8 26,6 31,2 33,8 33,1 34,3 36,7 39,6 85 25,5 27,2 32,1 34,8 34,0 35,1 37,5 40,4 90 26,2 27,8 33,0 35,8 34,8 35,8 38,3 41,2 95 26,9 28,4 33,78 36,6 35,6 36,5 39,0 41,9 100 27,6 29,0 34,4 37,4 36,4 37,2 39,7 42,6 105 28,2 29,6 35,1 38,2 37,1 37,9 40,4 43,3 110 28,8 30,1 35,8 39,0 37,8 38,6 41,0 43,9 115 29,4 30,6 36,4 39,7 38,4 39,1 41,5 44,5 120 30,0 31,1 37,0 40,4 39,0 39,6 42,0 45,1 125 30,5 31,5 37,6 41,1 39,6 40,1 42,5 45,7 130 31,0 31,9 38,2 41,8 40,2 40,6 43,0 46,2 135 31,5 32,3 38,7 42,4 40,8 41,1 43,5 46,7 140 32,0 32,7 39,2 43,0 41,3 41,6 44,0 47,2 145 32,5 33,1 39,7 43,6 41,8 42,1 44,5 47,7 150 32,9 33,5 40,2 44,1 42,3 42,6 45,0 48,2 155 33,3 33,9 40,7 44,6 42,8 43,1 45,4 48,7 160 33,7 34,3 41,2 45,1 43,3 43,6 45,8 49,2 165 34,1 34,6 41,6 45,6 43,7 44,0 46,2 49,6 170 34,5 34,8 42,0 46,1 44,1 44,4 46,6 50,0 175 34,9 - - - - 44,8 47,0 50,4 180 35,3 - - - - 45,2 47,4 50,8 185 35,6 - - - - 45,6 47,8 51,2 190 35,9 - - - - 45,9 48,2 51,6 195 - - - - - 46,2 48,5 52,0 200 - - - - - 46,5 48,8 52,4 205 - - - - - - 49,1 52,7 210 - - - - - - 49,4 53,0 Fonte: Durnin, J. V. G. A; Womerslev, L. Body fat assessed from total body density and its estimation from skinfold thickness: measurements on 481 men and women aged from 16 to 72 Years. Br Nutr, 1974, (32) 77-97. A classificação do percentual de gordura corporal é definida por: 22 Sexo % ideal Masculino 15 – 18% Feminino 20 – 25% Fonte: Peckenpaugh e Poleman, 1997. 3.3.5 Relação entre a circunferência da cintura e a circunferência do quadril A razão cintura-quadril (RCQ) é o indicador mais utilizado para identificar a distribuição de gordura. É determinado pela fórmula: R = CC/CQ, e é classificado por: Risco de complicações metabólicas, segundo a RCQ Sexo Ponto de corte Homem Até 0,95 cm Mulher Até 0,80 cm Fonte: WHO, 1998 Acima do ponto de corte, há o risco de desenvolver complicações metabólicas. 3.3.6 Circunferência muscular do braço Avalia a reserva de tecido muscular (sem correção para área óssea). Obtida através dos valores de CB e PCT, pela fórmula: CMB (cm) = CB (cm) – (0,314 x PCT) (CUPPARI, 2002). 3.3.7 Porcentagem de adequação da circunferência muscular do braço Realizado através da fórmula: Adequação CMB (%) = CMB obtida x 100/CMB no percentil 50. O valor do percentil 50 é utilizado através da tabela proposta por Frisancho, 1981. O estado nutricional, através dessa equação, é classificado da seguinte maneira: % CMB Classificação < 70% Desnutrição grave 23 70 – 80% Desnutrição moderada 80 – 90% Desnutrição leve > 90% Eutrofia Fonte: Adaptado de BLACKBURN, G. L. & THORNTON, P. A. (1979). 3.3.8 TMB e VCT A taxa metabólica basal (TMB) é definida como a quantidade mínima de energia gasta que é compatível com as funções vitais de cada um, durante as 24 horas do dia (FRARY; JOHNSON, 2010). Taxa Metabólica Basal (FAO/OMS, 1985) Sexo Faixa etária TMB Homem 0 – 3 anos 60,9 x P – 54 3 – 10 anos 22,7 x P + 495 10 – 18 anos 17,5 x P + 651 18 – 30 anos 15,3 x P + 679 30 – 60 anos 11,6 x P + 879 > 60 anos 13,5 x P + 487 Mulher 0 – 3 anos 61 x P– 51 3 – 10 anos 22,5 x P + 499 10 – 18 anos 12,2 x P + 746 18 – 30 anos 14,7 x P + 496 30 – 60 anos 8,7 x P + 829 > 60 anos 10,5 x P + 596 Fonte: FAO/OMS, 1085. O valor calórico total (VCT) é medido através do TMB, considerando o fator atividade (FA): VCT = TMB x FA. Tipo de atividade Idade Homem Leve Moderada Intensa 18,1 – 65 anos 1,55 1,80 2,10 24 > 65,1 anos 1,40 1,60 1,90 Idade Mulher Leve Moderada Intensa 18,1 – 65 anos 1,55 1,65 1,80 > 65 anos 1,40 1,60 1,80 Fonte: FAO/OMS, 2004. Atividade leve: empregado de escritório, trabalhos domésticos, professor, praticante de atividade física 3x na semana; Atividade moderada: operário de indústria leve, estudante, trabalhador de loja, praticante de atividade física 5x na semana; Atividade intensa: fazendeiro, dançarino, atleta, operário de construção. 3.3.9 Gasto energético total Estimativa da necessidade de energia proposta pelas Dietary Reference Intakes (DRIs). Trata-se do valor médio de ingestão de energia proveniente da alimentação necessária para a manutenção do balanço energético de indivíduos saudáveis, considerando a idade, o peso, o sexo, a altura e o nível de atividade física (CARVALHO et al., 2012). As fórmulas mais utilizadas de gasto de energético total, são: Crianças e adolescentes de 3 a 18 anos Meninos 3 – 8 anos EER = 88,5 – [61,9 x idade (anos)] + AF x {[26,7 x peso (kg)] + [903 x altura (m)]} + 20 9 – 18 anos EER = 88,5 – [61,9 x idade (anos)] + AF x {[26,7 x peso (kg)] + [903 x altura (m)]} + 25 Meninas 3 – 8 anos EER = 135,3 – [30,8 x idade (anos)] + AF x {[10 x peso (kg)] + [934 x altura (m)]} + 20 9 – 18 anos EER = 135,3 – [30,8 x idade (anos)] + AF x {[10 x peso (kg)] + [934 x altura (m)]} + 20 AF (Fator de atividade física) Sedentário Pouco ativo Ativo Muito ativo Meninos 1,0 1,13 1,26 1,42 Meninas 1,0 1,16 1,31 1,53 25 Adultos de 19 anos ou mais Homens EER = 662 – [9,53 x idade (anos)] + AF x {[15,91 x peso (kg)] + [539,6 x altura (m)]} Mulheres EER = 354 – [6,91 x idade (anos)] + AF x {[9,36 x peso (kg)] + [726 x altura (m)]} AF (Fator de atividade física) Sedentário Pouco ativo Ativo Muito ativo Homens 1,0 1,11 1,25 1,48 Mulheres 1,0 1,12 1,27 1,45 Crianças e adolescentes de 3 a 18 anos – Sobrepeso/Obesidade Meninos TEE = 114 – [50,9 x idade (anos)] + AF x {[19,5 x peso (kg)] + [1161,4 x altura (m)]} Meninas TEE = 389 – [41,2 x idade (anos)] + AF x {[15 x peso (kg)] + [701,6 x altura (m)]} AF (Fator de atividade física) Sedentário Pouco ativo Ativo Muito ativo Meninos 1,0 1,12 1,24 1,45 Meninas 1,0 1,18 1,35 1,60 Adultos de 19 anos ou mais – Sobrepeso/Obesidade Homens TEE = 1086 – [10,1 x idade (anos)] + AF x {[13,7 x peso (kg)] + [416 x altura (m)]} Mulheres TEE = 448 – [7,95 x idade (anos)] + AF x {[11,4 x peso (kg)] + [619 x altura (m)]} AF (Fator de atividade física) Sedentário Pouco ativo Ativo Muito ativo Homens 1,0 1,12 1,29 1,59 Mulheres 1,0 1,16 1,27 1,44 3.3.10 Distribuição calórica durante o dia Após os cálculos de necessidade energética diária, determina-se a quantidade de calorias que serão calculadas na dieta do paciente. A partir daí, faz- 26 se a distribuição calórica, distribuindo as porcentagens de acordo com as refeições estimadas. Geralmente, seguem a distribuição de: • Café da manhã: 15% • Lanche da manhã: 25% • Almoço: 15% • Lanche da tarde: 15% • Jantar: 25% • Ceia: 5% As distribuições calóricas podem variar, dependendo do número de refeições estipuladas para cada paciente, e os hábitos alimentares de cada um. 3.3.11 Bioimpedância elétrica Técnica precisa para a medição da composição corporal. Utiliza uma corrente elétrica para estimar valores de hidratação, massa magra, massa gorda e massa das células epiteliais. É uma técnica simples, rápida e não invasiva. A corrente elétrica gerada atravessa os diferentes compartimentos do corpo, ultrapassando diferentes níveis de dificuldade. Sendo assim, a corrente passa sempre pelo meio que oferece menor resistência, como os fluidos extracelulares, o sangue, os músculos e os tecidos condutores, que formam o total de massa magra constituinte do corpo. Existe, então, o valor de resistência, estima o volume dos compartimentos, e o valor de reactância, que é uma força de oposição gerada pelas membranas celulares e interfaces teciduais (TIRAPEGUI; RIBEIRO, 2011). A técnica da bioimpedância elétrica se inicia com a calibragem do aparelho. A bateria deve estar sempre carregada. O peso e a estatura do paciente são medidos previamente. O paciente sujeito à análise deve ter cumprido jejum de alimentos e qualquer tipo de líquido, por um período de 8 horas, sendo que períodos menores geralmente são aceitos no atendimento clínico. A bexiga do paciente deve estar vazia na hora do exame, o paciente não pode ter praticado atividade física no período de 8 – 12h antes do exame. Mulheres gestantes ou no período menstrual não devem realizar o exame, assim como pessoas que possuam marca-passo. Não é indicado fumar antes do exame. O paciente não deve conter nenhum objeto metálico como adorno, e nem tocar superfícies metálicas durante o exame (TIRAPEGUI; RIBEIRO, 2011). 27 O paciente deve permanecer em repouso até o momento do exame. Com ele deitado, deve-se higienizar o pé e a mão do mesmo lado do corpo. Então, colocam- se os eletrodos nos pontos anatômicos marcados na mão e no pé. O aparelho é ligado, e o teste é feito por três vezes, para que o sistema faça a média dos resultados e chegue à um resultado final (TIRAPEGUI; RIBEIRO, 2011). 28 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Paciente Prontuário Sexo Idade CN /RT Nº RT Encami nhado Diagnóstico Clínico Diagnóstico Nutricional Altura (m) Peso Inicial (kg) Peso Final (kg) A.P.S.S 643/2019 F 45 CN 1 Não Hipertensão arterial Obesidade grau III 1,58 114,5 114,0 L.A.F 605/2018 M 65 RT 1 Não Hipertensão arterial; Diabetes mellitus; Ácido úrico e triglicérides elevados Sobrepeso 1,71 99,3 100,0 F.C.B 649/2019 M 15 CN 1 Não Ganho de massa muscular Eutrófico 1,64 53,9 54,1 T.C.G.B 650/2019 F 24 CN 1 Não Emagrecimento Eutrófica 1,52 53 53,8 E.C.S 652/2019 M 15 CN 0 Não Emagrecimento Sobrepeso 1,85 86 - L.H.C.S 661/2019 F 47 CN 0 Não Emagrecimento Obesidade grau I 1,63 81,5 - W.A.M 665/2019 M 52 CN 0 Fisioter apeuta Hipertensão arterial; Pré- diabetes Obesidade grau III 1,62 111,5 - A.R.J 616/2018 M 24 RT 0 Não Ansiedade; Nódulo na hipófise Obesidade grau I 1,80 103,5 - Os pacientes que não possuem peso final não realizaram retornos durante o tempo de estágio. 29 4.1 Gráficos 4.1.1 Sexo Foram atendidos, no total, durante o período de estágio, 3 pacientes mulheres, e 5 pacientes homens. 4.1.2 Diagnóstico nutricional No total, foram atendidos dois pacientes eutróficos, dois com sobrepeso, dois com obesidade grau I e dois com obesidade grau III. Não foi atendido nenhum paciente com desnutrição, nem com obesidade grau II. Masculino 62% Feminino 38% Sexo Masculino Feminino Desnutrição 0% Eutrofia 25% Sobrepeso 25% Obesidade I 25% Obesidade II 0% Obesidade III 25% Diagnóstico Nutricional Desnutrição Eutrofia Sobrepeso Obesidade I Obesidade II Obesidade III 30 4.1.3 IMC Assim como a classificação do diagnóstico nutricional, foram atendidos dois pacientes em cada categoria: IMC entre 18,5 – 24,9 kg/m², IMC entre 25 – 29,9 kg/m², IMC entre 30 – 34,9 kg/m² e IMC maior que 40 kg/m². 4.1.4 Doenças atendidas As doenças atendidas nesse período foram: diabetes mellitus, pré-diabetes, triglicérides elevado, ácido úrico elevado, hipertensão arterial sistêmica, ansidade, e houve um paciente com um nódulo nahipófise. < 18,5 kg/m² 0% 18,5 - 24,9 kg/m² 25% 25 - 29,9 kg/m² 25% 30 - 34,9 kg/m² 25% 35 - 39,9 kg/m² 0% > 40 kg/m² 25% IMC < 18,5 kg/m² 18,5 - 24,9 kg/m² 25 - 29,9 kg/m² 30 - 34,9 kg/m² 35 - 39,9 kg/m² > 40 kg/m² Hipertensão Arterial 30% Diabetes mellitus 10% Triglicérides elevado 10% Ácido úrico elevado 10% Pré-diabetes 10% Ansiedade 20% Nódulo na hipófise 10% Doenças atendidas Hipertensão Arterial Diabetes mellitus Triglicérides elevado Ácido úrico elevado Pré-diabetes Ansiedade Nódulo na hipófise 31 5 CONCLUSÃO O estágio supervisionado na Clínica de Nutrição possibilita por em prática muitos das teorias vistas durante a graduação. Envolve desde a avaliação antropométrica, cálculo de dietas, educação nutricional, até o atendimento ao paciente. O aluno, através do estágio, pode aplicar seus conhecimentos, e, com disso, começar a se preparar mais afundo para sua carreira profissional. A nutrição clínica em consultório é muito importante para a melhoria de patologias da sociedade, pois através da conduta dietoterápica adequada e individualizada, há uma melhora significativa na saúde, bem-estar e qualidade de vida. 32 REFERÊNCIAS APOSTILA DE AVALIAÇÃO NUTRICIONAL. PUC – Goiás. Goiás, 2013. Disponível em: http://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/14052/material/ Apostila%20Avalia%C3%A7%C3%A3o%20Nutricional.pdf. Acesso em: 17 mar. 2019. Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO). Diretrizes Brasileiras de Obesidade, 2016. Disponível em: http://www.abeso.org.br. Acesso em: 13 mar. 2019. BLACKBURN, G.L., THORNTON, P.A. 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É definida pelo IMC > 30,9 kg/m², sendo dividida em obesidade grau I, grau II e grau III, variando conforme o aumento do IMC. Está associada à um estado crônico subclínico de inflamação, produção anormal de citocinas e mediadores pró-inflamatórios (DIRETRIZ BRASILEIRA DE OBESIDADE, 2016). Pode ser classificada, além do IMC, pelas características dos adipócitos: hiperplásica (nº de adipócitos) ou hipertrófica (volume de adipócitos); ou até mesmo pela distribuição de gordura: androide (concentração de gordura na parte superior do corpo), ginoide (concentração na parte inferiordo corpo) ou mista (indeterminada) (DIRETRIZ BRASILEIRA DE OBESIDADE, 2016). O tratamento da obesidade deve ter base na mudança do estilo de vida, prática de exercícios físicos, terapia comportamental e dietoterapia. Focar na perda de peso sem a atenção para a manutenção do peso é inadequado. Os indivíduos obesos que perdem de 5 a 10% do seu peso, já são suscetíveis a melhorar a glicemia, a pressão arterial e as concentrações de colesterol (KRAUSE, ) A dietoterapia deve ser individualizada, e, se possível, realizado junto com o paciente e seu responsável, evitando a imposição de dietas rígidas e extremamente 36 restritivas, considerando o estado nutricional e os fatores de risco, utilizando metas realistas e planos personalizados (TRATADO DA OBESIDADE, 2015). A quantidade de energia é diminuída, para que os depósitos de gordura sejam mobilizados para atender às necessidades diárias de energia. Recomenda-se a redução de 500 a 1000 kcal por dia atende a esse objetivo. A dieta então passa a ser hipocalórica, com o teor de carboidratos variando de 50 – 55% do valor calórico total, as proteínas variando de 15 – 25%, e os lipídeos chegando ao limite máximo de 30%. Deve-se haver ingestão maior de fibras, que reduzirão a densidade calórica, promovendo saciedade. Deve-se, também, limitar o consumo de bebidas alcoólicas e alimentos ricos em açúcar a pequenas quantidades para a palatabilidade. A dieta deve ser fracionada, em pequenas refeições durante o dia. A terapia medicamentosa é adjuvante no tratamento, e, em alguns casos, pode-se recorrer à cirurgia da obesidade (KRAUSE, ). 2.2 Pré-diabetes mellitus O diabetes mellitus é caracterizado por concentrações sanguíneas elevadas de glicose, resultantes de defeitos na secreção da insulina, ou de sua ação. “A insulina é um hormônio produzido pelas células β do pâncreas, que é necessário para uso ou armazenamento dos combustíveis do corpo (carboidratos, proteína e gordura) ” (KRAUSE, ) Fonte: Dados de American Diabetes Association: Diagnosis and classification of diabetes mellitus (Position Statement), Diabetes Care 34:S63, 2011. O tratamento do pré-diabetes e diabetes inclui a terapia nutricional, prática de atividade física, monitoramento dos níveis de glicose e terapia medicamentosa. Tem 37 como objetivo oferecer ao paciente uma forma para alcançar o melhor controle de glicemia, pressão arterial, minimizar a hipoglicemia e evitar o ganho de peso (ADbA, 2011b). A terapia nutricional deve ser individualizada, e a educação nutricional deve ser preconizada, para maior autocontrole nutricional efetivo do paciente. O nutricionista deve utilizar a conduta alimentar baseada nos níveis de macronutrientes propostos pela DRI, ou seja, carboidratos equivalendo à 40 – 65% do valor energético total, lipídeos 20 – 30%, e proteínas 15 – 20%. As proteínas devem equivaler à 0,8 – 1g/kg de peso/dia (DRI, 2002). Deve-se utilizar carboidratos complexos, e sempre levar em consideração o índice glicêmico e a carga glicêmica dos alimentos. Não há evidências de maior quantidade de fibras para o paciente diabético, portanto as recomendações seguem os valores normais de 20 – 30g (KRAUSE, ) A restrição de sacarose não é justificada com base no seu efeito glicêmico, porém deve-se haver cautela no seu consumo. Quando realizar a substituição por adoçantes, os mais indicados são o acessulfame K e a sucralose (KRAUSE, ). A Dietary Approaches to Stop Hypertension (DASH), associada a uma intervenção no estilo de vida pode aumentar a sensibilidade a insulina (DIRETRIZ SBD, 2007). 2.3 Hipertensão arterial sistêmica Segundo Krause ( ): A hipertensão arterial sistêmica consiste em pressão arterial (a força exercida por unidade de área nas paredes das artérias) persistentemente elevada. Para ser definida como hipertensão arterial sistêmica, a pressão arterial sistólica (PAS), a pressão arterial durante a fase de contração do ciclo cardíaco, precisa estar em 120 mmHg ou acima disso; ou a pressão arterial diastólica (PAD), a pressão durante a fase de relaxamento do ciclo cardíaco, precisa ser de 80 mmHg ou superior; isso é relatado como pressão arterial de mais de 120/80 mmHg. Se um indivíduo tem PAS de 120 mmHg e PAD de 80 mmHg, isso é interpretado como pressão arterial de 120/80 mmμg. A pressão arterial (PA) trata da multiplicação do débito cardíaco pela resistência periférica. O diâmetro do vaso sanguíneo afeta o fluxo do sangue: quando o diâmetro diminui, a resistência e a PA aumentam; quando ele aumenta, a resistência e a PA diminuem. Os reguladores mais importantes da PA são o sistema nervoso simpático (SNS) para controle a curto prazo, e o rim para controle de longo prazo. O SNS secreta noradrenalina, que é um hormônio vasoconstritor, e atua em 38 pequenas artérias e arteríolas, aumentando a resistência periférica e elevando a PA. Já os rins fazem a regulação através do sistema renina-angiotensina, que é ativado pelo controle do volume de líquido extracelular e a secreção de renina (KRAUSE, ) O objetivo do controle da hipertensão é reduzir a morbidade e a mortalidade por acidente vascular encefálico (AVE), doença cardíaca e doença renal. O tratamento da hipertensão arterial consiste na mudança no estilo de vida, incluindo o tratamento medicamentoso composto de diuréticos e β-bloqueadores (KRAUSE, ) O tratamento nutricional deve ser composto por uma dieta hipocalórica, sendo recomendado o uso do padrão dietético DASH, com baixo teor de sódio. Essa dieta é usada tanto para prevenir quanto para controlar a PA elevada. O paciente portador de hipertensão deve ter uma redução na ingestão de sódio, pois isso mantém a PA baixa ao longo do tempo, e aumenta a eficácia dos fármacos redutores de PA. Aliado a isso, uma dieta rica em potássio, cálcio e magnésio também é benéfica para a redução da PA. 39 3 DESENVOLVIMENTO 3.1 Apresentação do caso clínico O paciente deu entrada no atendimento clínico através de encaminhamento do fisioterapeuta. Sua primeira consulta foi no dia 07/03/2019. Segue com atendimento para a redução da gordura corporal, e consequente redução e controle das comorbidades que apresenta: hipertensão arterial e pré-diabetes. 3.2 Diagnóstico clínico Estado de pré-diabetes e hipertensão arterial. 3.3 História da moléstia atual (HMA) O paciente iniciou o tratamento nutricional clínico por precisar perder peso para realizar uma cirurgia na articulação do joelho, controlar a hipertensão arterial e reverter o quadro de pré-diabetes. 3.4 História clínica O paciente relatou já ter passado por cirurgias anteriores, para a remoção de hérnia em fevereiro de 2019. Já foi acometido por pneumonia em agosto de 2018. 3.5 História familiar A mãe do paciente é portadora de obesidade, hipertensão arterial e já passou por um acidente vascular cerebral (AVC). O irmão do paciente também passou por AVC. 3.6 Exames laboratoriais O paciente não apresentou nenhum exame médico recente. 3.7 Medicamentos prescritos Losartana, uso contínuo. 40 3.8 História alimentar 3.8.1 Recordatório de 24h Refeição Horário Alimento Quantidade Café da manhã 07:30h Pão francês Margarina Café com açúcar 1 unidade 1 col. sobremesa 1 xícara de chá Lanche da manhã 09:30h Banana 1 unidade Almoço 11:30h Arroz Feijão Salada com: cenoura, batata, vagem e beterraba Suco de caju 1 escumadeira ½ concha 1 porção média ½ copo requeijão Lanche da tarde 15:00h Bolacha de água e sal Leite 4 unidades 1 copo requeijão Jantar 19:00h Arroz Feijão Sopa: macarrão, batata, mandioquinha Suco de caju 2 col. sopa 2 col. sopa 1 concha 1 copo requeijão Ceia 23:00h Leite 1 copo requeijão 3.8.2 Frequência alimentar 1) Pães/Cereais/Raízes/Tubérculos Alimento Frequência de consumo Arroz branco 2x ou maispor dia Arroz integral Nunca Macarrão 2x por semana Biscoito sem recheio/Cream cracker 1x por dia Biscoito com recheio Nunca Pão francês 1x por dia Pão de forma Nunca Pão de forma integral Nunca Mandioca 1 a 3x por mês Bolo simples 1 a 3x por mês Bolo recheado 1 a 3x por mês Pipoca 1x por semana Batata 2x ou mais por dia Batata doce Nunca 41 2) Hortaliças/Verduras/Legumes Alface 2x ou mais por dia Repolho 2x ou mais por dia Agrião/Rúcula 2x ou mais por dia Couve flor 2x ou mais por dia Beterraba 2x ou mais por dia Cenoura 2x ou mais por dia Couve 2x ou mais por dia Pepino 2x ou mais por dia Abóbora 2x ou mais por dia Chuchu 2x ou mais por dia Tomate 2x ou mais por dia 3) Leguminosas Ervilha Nunca Grão de bico Nunca Lentilha Nunca Feijão 2x ou mais por dia 4) Frutas Abacate Menos de 1x por mês Abacaxi Menos de 1x por mês Banana 1x por dia Laranja/Tangerina Menos de 1x por mês Maçã Menos de 1x por mês Mamão Menos de 1x por mês Melão Menos de 1x por mês Melancia Menos de 1x por mês Manga Menos de 1x por mês Goiaba Menos de 1x por mês Uva Menos de 1x por mês Maracujá Menos de 1x por mês 42 5) Leite e derivados Leite integral 2x ou mais por dia Leite desnatado Nunca Iogurte de frutas Nunca Iogurte desnatado Nunca Queijo branco 1 a 3x por mês Requeijão 1 a 3x por mês Queijos amarelos 1 a 3x por mês 6) Carnes e ovos Carne de boi 2x ou mais por dia Frango 2 a 4x por semana Peixe fresco Menos de 1x por mês Peixe enlatado (sardinha, atum) Nunca Carne suína 2x ou mais por dia Ovo 1x por semana Embutidos: presunto, mortadela, salsicha, salame, linguiça Nunca 7) Óleos e gorduras Maionese 1x por semana Manteiga Nunca Margarina 1x por dia Azeite de oliva 2x ou mais por dia 8) Açúcares e doces Doces (goiabada, bananada marmelada) 1 a 3x por mês Chocolate/brigadeiro 1 a 3x por mês 9) Diversos Café 1x por dia Refrigerante Menos de 1x por mês Suco artificial 2x ou mais por dia 43 Suco natural 2x ou mais por dia Salgado (coxinha, pastel, pizza, rissole, esfiha, cheetos, empada, etc) Menos de 1x por mês Sorvete/picolés 1 a 3x por mês Sopa (canja, feijão, legumes) 1 a 3x por mês Farofa Nunca Oleaginosas (castanhas) Nunca 3.8.3 Ingestão hídrica Paciente relatou ingerir mais de 2 litros de água por dia. 3.9 Diagnóstico nutricional 3.9.1 Dados antropométricos Os dados antropométricos foram colhidos na primeira consulta, dia 07/03/2019. Foram eles: Peso (kg) Altura (m) PCB (mm) PCT (mm) PCSE (mm) PCSI (mm) C.B. (cm) C.A. (cm) C.C. (cm) C.Q. (cm) 111,5 1,62 19 21,8 24,6 32,8 34 140,5 138,5 128 PCB = Prega cutânea do bíceps PCT = Prega cutânea do tríceps PCSE = Prega cutânea subescapular PCSI = Prega cutânea suprailíaca CB = Circunferência muscular do braço CA = Circunferência abdominal CC = Circunferência da cintura CQ = Circunferência do quadril Então, foram realizados os seguintes cálculos, para avaliação antropométrica: IMC Peso / Altura² 111,5 / (1,62)² = 42,48 kg/m² Obesidade III Soma das 4 pregas PCB + PCT + PCSE + PCSI 19 + 21,8 + 24,6 + 32,8 = 98,2 - % de gordura Analisado na tabela 36,6% Referência: Até 25% para homens R = CC/CQ 138,5/128 = 1,08 Risco de desenvolver doenças cardiovasculares 44 CMB CB – (0,314 x PCT) 34 – (0,314 – 21,8) = 34 – 6,8452 = 27,15 cm - % Adequação do CMB CB x 100 / 28,1 27,15 x 100 / 28,1 = 2715 / 28,1 = 96,6% Eutrofia IMC = Índice de massa corporal CMB = Circunferência muscular do braço Foi colhida, também, a medida da Ossatura, que equivaleu à 18,8 cm. Com isso, calculou-se: Compleição Óssea Altura (cm) / Ossatura = 162 / 18,8 = 8,6 – Compleição grande Peso ideal médio Como a compleição foi considerada grande, utiliza-se como IMC ideal para esse paciente o valor de 25 kc/m². Sendo assim: 25 x Altura² = 25 x (1,62)² = 25 x 2,6244 = 65,61 kg Peso ideal mínimo Peso ideal médio – 5% = 65,61 – 5% = 62,32 kg Peso ideal máximo Peso ideal médio + 5% = 65,61 + 5% = 68,89 kg 3.9.2 Determinação das necessidades calóricas diárias TMB (Taxa metabólica basal) 11,6 x Peso + 879 = 11,6 x 111,5 + 879 = 1293,4 + 879 = 2172,4 kcal VCT (Valor calórico total TMB x AF = 2172,4 x 1,55 = 3367,22 kcal EER 1086 – (10,1 x Idade) + AF x [(13,7 x Peso) + (416 x Altura) = 1086 – (10,1 x 52) + 1 x [(13,7 x 111,5) + (416 x 1,62) = 1086 – 525,2 + (1527,55 + 673,92) = 1086 – 525,2 + 2201,47 = 2762,27 kcal 45 Considerou-se, então, para o cálculo da dieta, o valor de 2762,27 kcal, obtido através da EER. Desse valor, descontou-se 500 kcal, para que o paciente pudesse te um processo de emagrecimento eficiente. A dieta foi, então, calculada com uma média de 2262 kcal. 3.10 Conduta terapêutica nutricional A dieta do paciente foi calculada com uma média de 2262 kcal, e foi dividida em 7 refeições, tendo como distribuição calórica: • Café da manhã = 15% = 339,3 kcal • Lanche da manhã = 10% = 226,2 kcal • Almoço = 25% = 565,5 kcal • Lanche da tarde I = 10% = 226,2 kcal • Lanche da tarde II = 10% = 226,2 kcal • Jantar = 25% = 565,5 kcal • Ceia = 5% = 113,11 kcal Segue abaixo a dieta calculada: Refeição Horário Alimento Quantidade Café da manhã 06:00h Pão francês Margarina Café Açúcar 1 unidade 1 ponta de faca 1 xícara de chá 1 colher de chá Lanche da manhã 09:00h Banana amassada Aveia em flocos 2 unidades 2 colheres de sopa Almoço 11:30h Arroz branco Feijão Bife grelhado Alface Tomate Cenoura cozida Beterraba cozida Azeite de oliva ext. virgem Suco de laranja 6 colheres de sopa 4 colheres de sopa 1 porção média 1 prato sobremesa 3 fatias médias 2 colheres de sopa 2 colheres de sopa 1 colher de chá 1 copo requeijão Lanche da tarde I 14:30h Bolacha de água Leite desnatado 5 unidades 1 copo requeijão Lanche da tarde II 17:30h Pão francês Queijo minas frescal 1 unidade 2 fatias médias 46 Jantar 20:00h Arroz Feijão Bife grelhado Couve manteiga refogada Pepino Alface Tomate Azeite de oliva ext. virgem Suco de abacaxi 6 colheres de sopa 4 colheres de sopa 1 porção média 3 colheres de sopa 4 fatias pequenas 1 prato sobremesa 3 fatias médias 1 colher de chá 1 copo requeijão Ceia 22:30h Leite desnatado 1 copo requeijão A dieta acima teve como valores finais: Kcal % g/kg Carboidrato 1218,64 55,66 2,73 Proteína 500,76 22,87 1,12 Lipídio 470,16 21,47 0,46 4 Evolução do paciente Não foi atendido nenhum retorno até o término do estágio. 47 ANEXO II – Slides para apresentação do artigo 48 49 50 51 52
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