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Gastrites e gastropatias Gastrite significa inflamação gástrica e é utilizado para indicar presença de infiltrado leucocitário inflamatório na mucosa do estômago, que pode ou não se associar a alterações na EDA. Antigamente, se atribuía gastrite a pacientes com dispepsia. Hoje, sabe-se que a maioria dos pacientes com gastrite é assintomática e a maioria dos pacientes com dispepsia não tem gastrite. GASTRITE POR H. PYLORI H. pylori: bacilo gram-negativo que se adere à mucosa gástrica e sobrevive pela produção de urease. Os subtipos cagA e vacA são os que possuem mais chance de desenvolver gastrite atrófica e câncer gástrico. Gastrite aguda por H. pylori Ocorre após a aquisição da bactéria e pode ser assintomática ou se apresentar com dispepsia (dor epigástrica, náuseas e vômitos). A gastrite aguda é neutrofílica. Geralmente tem resolução espontânea, mas 3 outras evoluções podem ocorrer: (1) gastrite crônica leve; (2) gastrite antral crônica; (3) pangastrite crônica grave (atrófica). Nelas, a gastrite é linfocítica. Gastrite crônica leve É o tipo mais comum e cursa de forma assintomática e sem repercussões clínicas no futuro. Gastrite antral crônica 15% dos casos. Associada a hipercloridria e úlcera péptica (geralmente duodenal). Isso ocorre porque o HP infecta de forma seletiva as células D do antro, que produzem somatostatina (essa faz feedback negativo sobre a produção de gastrina pelas células G). Desse modo, ocorre hipergastrinemia, que estimula a secreção ácida no corpo e no fundo gástrico. Pangastrite grave É a forma menos frequente. Ocorre destruição e atrofia das células oxínticas do corpo e do fundo gástrico, gerando hipocloridria. Como não produz ácido suficiente, ocorre muita produção da gastrina, hormônio trófico que provoca: Úlceras gástricas. Metaplasia intestinal: lesão precursora de adenocarcinoma gástrico. Hiperestimulação do tecido linfóide associado à mucosa – aumenta risco de linfoma B de baixo grau (linfoma MALT do estômago). Quando pesquisar (e tratar) H. pylori Doença ulcerosa péptica Linfoma MALT Dispepsia não ulcerosa Síndrome dispéptica HF de câncer gástrico em parente de 1º grau Lesões pré-neoplásicas (gast. atrófica, metaplasia) Após tto de adenocarcinoma gástrico Uso crônico de AINES ou AAS Diagnóstico de PTI Screening em países com alta incidência Teste respiratório da ureia e pesquisa do antígeno fecal são os métodos de escolha. IBPs devem ser suspensos 7-14 dias antes dos exames. GASTRITE ATRÓFICA AUTOIMUNE Envolve mais o corpo e o fundo gástrico, poupando o antro. Tem associação com outras doenças autoimunes. Importante fator de risco para adenocarcinoma gástrico. GASTROPATIA EROSIVA/HEMORRÁGICA Gastropatia pelos AINEs Pode ser aguda ou crônica e cursar ou não com sintomas dispépticos e HDA. Erosões, petéquias e úlceras na mucosa gástrica. AINES inibem produção de prostaglandinas na mucosa gástrica, que servem de proteção contra o ácido e auxiliam na regeneração epitelial. Suspender AINEs e iniciar IBP. Lesão aguda da mucosa gástrica Ocorre no curso de uma doença grave, frequentemente pacientes na UTI. Acredita-se que ocorra por isquemia da mucosa. A nutrição enteral é um fator de proteção. Fatores de risco Coagulopatia (plaquetas < 50.000 ou INR > 1.5). Ventilação mecânica > 48h. TCE. Grandes queimaduras. Sepses. Todo paciente com fator de risco deve receber profilaxia com IBPs. Na vigência do sangramento: IBP em infusão venosa contínua dose dobrada. Uma EDA deve ser feita nas primeiras 24h após a estabilização do paciente. Gastropatia alcoólica Geralmente, nos pacientes alcoólatras, encontram-se hemorragias subepiteliais puntiformes, com aspecto endoscópico de sangue sob envoltório plástico. GASTROPATIA ALCALINA Ocorre por refluxo biliar é uma complicação das reconstruções Billroth I e Billroth II. DOENÇA DE MÉNETRIÉR Doença de etiologia desconhecida, caracterizada por um intenso e tortuoso aumento das pregas da mucosa gástrica. Homens com mais de 50 anos de idade, com predisposição familiar. Hipocloridria. Dor epigástrica, sangramentos, perda de peso, diarreia e anemia. Gastropatia perdedora de proteínas: anasarca. DISPEPSIA NÃO ULCEROSA Dispepsia ou síndrome dispéptica é um conjunto de sintomas gastrointestinais e pode ser classificada em orgânica (associada à úlcera péptica ou outra doença que não gastrite) ou funcional – pode ser associada a DRGE, síndrome do cólon irritável e/ou dor torácica não cardíaca. SINTOMAS DA DISPEPSIA Epigastralgia, desconforto epigástrico Náuseas, vômitos Saciedade precoce Plenitude pós-prandial Distensão abdominal Eructações Dispepsia tipo úlcera: predomina dor epigástrica, frequentemente aliviada por antiácidos, bH2 ou alimento. Eventualmente desperta o paciente à noite. Tem caráter periódico. Dispepsia tipo dismotilidade: predomina o desconforto abdominal, além de saciedade precoce, náusea, peso epigástrico pós-prandial, vômito, sensação de gases no abdome sem distensão abdominal. PARA DIAGNÓSTICO: 12 semanas de sintomas, não necessariamente consecutivas. ETIOLOGIA: não se sabe, mas muitos pacientes têm hipersensibilidade visceral. TRATAMENTO: psicoterapia, fracionamento das refeições (saciedade precoce), evitar alimentos gordurosos e condimentos (plenitude pós-prandial); antidepressivos tricíclicos e fluoxetina. O tratamento farmacológico é pouco eficaz. Dispepsia tipo úlcera: bloqueadores H2 e IBPs. Dispepsia tipo dismotilidade: domperidona, metoclopramida (procinético). Gastrites e gastropatias
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