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Leticia Frei Introdução: Definida como uma condição inflamatória aguda do pâncreas. Sua inicio depende da autodigestão tecidual devido a secreção das próprias enzimas pancreáticas. Etiologia: Litiase e álcool são responsáveis por 80% a 90% dos casos nos Estados Unidos. O risco em pacientes com pelo menos uma pedra na vesícula < 5cm é 4x maior do que em pacientes que apresentam pedras maiores. O álcool é a segunda maior causa de pancreatite aguda nos Estado Unidos. Fatores de Risco: -Colelitiase -Etilismo -Hipertrilgiceridemia -Pós-CPRE -Drogas -Autoimune -Hereditaria -Trauma -Infecções -Hipercalcemia -Pós-operatorio Qualquer fator (como álcool e droga) que causa aumento abrupto nos níveis séricos de triglicerídeos pode precipitar uma crise de pancreatite aguda. Patogênese Patologicamente, a pancreatite aguda varia de pancreatite intersticial (aporte sanguíneo do pâncreas está mantido), que normalmente é autolimitada, para pancreatite necrotizante (aporte sanguíneo está interrompido), a extensão da necrose está relacionada com a gravidade do quadro e suas complicações sistêmicas. A pancreatite acontece quando enzima proteolíticas (tripsinogênio, quimotripsiogêni, protease e fosfolipase A2) são ativadas nas celulas acinares do pâncreas ao invés do lumen intersticial. As enzimas proteolíticas ativas (tripsina), não apenas digerem os tecidos pancreáticos e peripancreaticos, mas também podem ativar outras enzimas, como elastase e fosfolipase A2. Quadro clinico: -Dor persistente e intensa na região epigástria. -Dor em faixa -Pode duras algumas horas até alguns dias Pancreatite Aguda Leticia Frei -Alivia quando senta ou se inclina para frente -Nauseas -Inchaço -Febre Quadros agudos: dispneia, podendo abrir quadro sem dor, hipotensão sem causa definida. Exame físico: -Epigástrio sensível a palpação até mesmo o abdome todo -Distensão abdominal -Ruídos hidroaéreos diminuídos -Icterícia em esclera -Sinal de Cullen (coloração azulada ao redor do umbigo) -Sinal de Grey-Turner (coloração arroxeada nos flancos) Exames laboratoriais: -Amilase sérica ↑ nas primeiras 6 a 12 horas, podendo voltar ao normal em 3 a 5 dias. (não é especifico) -Lipase sérica ↑ nas primeiras 4 a 8 horas com pico em 24 horas, volta ao normal de 8 a 14 dias. -Peptideo de ativação do tripsinogênio está elevado. -Leucocitose -↑Proteina C reativa -Hiperglicemia -Hipocalcemia -Alargamento do TAP e TTPA -↑ TGO e TGP -↑Bilirrubina -↑Fosfatase Alcalina (FA) Exames de imagem: Radiografia de abdome e tórax: nos casos leves e moderados pode não ser vista nenhuma alteração, achados pode incluir íleo paralitico em um segmento intestinal e distensão do segmentos do colon em casos mais graves. Ultrassonografia de abdome: o pâncreas aparece difusamente aumentado. Litiase pode ser visualizada no ducto biliar. O ultrassom não pode delinear claramente a extensão da inflamação extrapancreatica ou identificar necrose dentro do pâncreas. Tomografia: alargamento focal ou difuso do pâncreas com realce heterogêneo com contrasta intravenoso. Necrose do tecido pancreático. Após os primeiros 3 dias a tomografia pode estabelecer de maneira confiável a presença de extensão de necrose pancreática, complicações locais, além de predizer a gravidade da doença. Ressonância magnética: Imagens de supressão de gordura, alargamento difuso ou focal da glândula pancreática e as margens borradas. Leticia Frei Colangiopancreatografia por ressonância magnética (CPRM). Diagnostico: O diagnostico é estabelecido por dois dos seguintes critérios: (1) dor abdominal típica no abdome que irradia em faixa para as costas, (2) elevação de três ou mais na lipase e/ou amilase serica e (3) achados compatíveis com pancreatite aguda em TC. Diagnostico diferencial: doença de ulcera péptica, coledocolitiase ou colangite, colecistite aguda, viscera perfura, obstrução intestinal, isquemia mesentérica, hepatites, apendicite, diverticulite. Tratamento: Reposição volêmica, analgesia e dieta zero, Forma leve: só é possível reinserir a dieta VO após 3-5 dias de evolução. Analgesia, hidratação e controle hidroeletrolítico. Forma grave: dieta zero, reposição hidroeletrolítica, normalizar a diurese, pressão arterial, FC e pressão venosa central. Repor pelo menos 6 litros de cristaloides nas primeiras 24hrs. Pode ser Ringer lactato ou soro fisiológico. Suporte nutricional – nutrição enteral jejunal. Leticia Frei Introdução: Fibrose progressiva do parênquima pancreático, decorrente de alterações inflamatórias progressivas no pâncreas – alterações estruturais, comprometimento da função exócrina e endócrina do órgão. As alterações são irreversíveis, assintomática por longos períodos. Pode ser classificada em 3 tipos: Pancreatite calcificante crônica: principal causa é o etilismo, a mais comum e a presença de cálculos pancreáticos. Pancreatite obstrutiva crônica: principal causa é o tumor intraductal (adenocarcinoma), a obstrução no ducto pancreático principal (Wirsung) e dilatação homogênea e generalizada da arvore pancreática. Pancreatite inflamatória crônica: principal causa é a doença autoimune, rara, não causa dilatação ou calcificação. Fatores de risco: -Toxica metabólica: álcool, tabaco, hipercalcemia (hiperparatireoidismo) hipertrigliceridemia, insuficiência renal crônica, medicações e toxinas. -Idiopática -Genética -Autoimune -Pancreatitie aguda recorrente severa -Obstrutiva: origem calculosa, lesão da célula acinar. Fisiopatologia: Acredita-se que o álcool modifica a constituição do suco pancreático tornando-o bastante proteico. As proteínas formariam plugs, obstruiriam os ductulos pancreáticos e ativariam as enzimas que causariam a inflamação do órgão. O cálcio tenderia a depositar nos plugs proteicos e formaria, os cálculos pancreáticos, causadores de obstrução, comuns na doença. Outros mecanismos potencialmente envolvidos: isquemia tissular, estresse oxidativo, efeito toxico metabólico e fenômenos autoimunes. Quadro clinico: -Dor abdominal com piora 15 a 30 minutos após a alimentação. -Dor no abdômen superior e médio podendo irradiar para o dorso. -20% não relata dor. -Pode manifestar diabetes, quando o parênquima pancreático endócrino é substituído por fibrose. -Emagrecimento -Desnutrição -Esteatorreia com fezes gordurosas, volumosas e malcheirosas. Triade clássica da PC é Esteatorreia + diabetes mellitus + calcificações. Pancreatite Crônica Leticia Frei Diagnostico: Historia clinica + exames de imagem + exames laboratoriais -↑Enzimas pancreáticas (amilase e lipase) Alguns testes podem ser realizados: Teste quantitatico de gordura fecal: quantidade de gordura presente nas fezes acumuladas em 72 horas. Teste qualitativo de gordura fecal: indica a presença ou não de gordura fecal em excesso. Teste de bentiromida: diagnostica insuficiência pancreática exócrina. Teste de secretina: diagnostica insuficiência pancreática exócrina (o melhor). -Radiografia simples do abdome -Tomografia computadorizada helicoidal com contraste venoso. -Colangiopancreatografia endoscópica retrograda (CPER) -Ultrassonografia endoscópica. Tratamento: Reposição de das enzimas pancreáticas (lipase e protease), tratamento para diabetes mellitus e analgesia. -Fracionamento das refeições -Reduzir ingestão de gorduras -Analgesia farmacológica (escalonada) -Descompressão ductal endoscópica -Descompressão ductal cirúrgica (pancreatojejunostomia lateral) -Pancreatectomia subtotal (whipple) -Bloqueio do plexo celíaco. Leticia Frei Balthazar: grau de necrose pancreática. Atlanta: classificao paciente em pancreatite leve, moderadamente leve e grave. Critérios de gravidade Leticia Frei Apache II: avaliação de pacientes graves em geral. Considera-se grave a pancreatite que soma 8 ou mais pontos. (circulatória, pulmonar, renal, cerebral, hematológica, etc). Ranson: reflete a gravidade e extensão do processo inflamatório. Leticia Frei