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Anna Victória T17 – Gastroenterologia 1 Gastrites e Gastropatias • Gastrite (presença de processo inflamatório) = caracterizado por lesão celular, processo regenerativo e infiltração inflamatória, associado a folículos linfoides. Onde o agente causal mais importante é o H. pylori. • Gastropatias = injúria e regeneração epitelial, edema e vasodilatação, não acompanha de infiltrado linfocitário. Exemplo comum é o uso de AINES (diminuem a barreira de proteção da mucosa do estomago e levam a “toxicidade”) Gastrites – Classificação endoscópica sistema Sidney Topografia 1. Pangastrite: quando acomete o corpo e o antro 2. Gastrite de corpo 3. Gastrite de antro Categoria 1. Enatematosa: vermelhidão 2. Erosiva plana: perda de solução da continuidade da mucosa 3. Erosiva elevada: perda de solução da continuidade da mucosa 4. Atrófica: perda de glândulas especializadas 5. Hemorragia 6. Refluxo 7. Pregas mucosas hiperplásicas: as pregas estão hiperplasiadas Classificação histológica • Ajuda a predizer a gravidade • A classificação histológica mais comum observada na biópsia de endoscopia de estomago é a relacionada a atrofia gástrica • A atrofia é uma evolução da gastrite, quando há uma intensidade maior de agressão a mucosa do estomago e da célula gástrica, ocasionando perda de glândulas especializadas (glândulas especializadas na produção de ácido). Essa perda leva a uma afinamento da mucosa, a um afunilamento e uma visualização maior dos vasos. A mucosa gástrica fica mais suscetível a agressões externas. • A atrofia é considerada hoje uma lesão pré-cancerígena. Anna Victória T17 – Gastroenterologia 2 Quantos fragmentos são necessários retirar do estômago? • Geralmente faz a biópsia de 5 fragmentos, 2 do antro, 2 do corpo e 1 da região da incisura angularis. • Nos estádios III e IV (são os mais avançados) há maior risco de evolução para o adenocarcinoma gástrico e exige do endoscopista um controle endoscópico mais rigoroso (a cada 2 anos). Como pode chegar a atrofia e ao câncer de estômago? • O paciente tem uma mucosa normal, mas a partir de agressores externos (alimentação, álcool, uso de cigarro e a própria infecção por H. pylori) e genéticos, podem levar a gastrite crônica, uma inflamação mais persistente. Essa gastrite crônica pode evoluir para a perda das glândulas especializadas da produção do ácido (gastrite atrófica), podendo levar a uma lesão ainda mais grave que é a metaplasia intestinal (transformação do epitélio gástrico em epitélio intestinal), posteriormente isso pode levar a uma displasia que seria uma lesão pré-cancerígena de fato, e aí em seguida a um carcinoma, o câncer in situ. • Existe a possibilidade do pct evoluir direto para o câncer devido apenas a fatores genéticos isolados. Histórico de 1º grau são mais importantes. Termos descritivos Edema, enantema, friabilidade e exsudato • Edema: ingurgitamento dos vasos da submucosa, dá o aspecto mais inchado das pregas • Enantema: pontilhado enantematoso (pode ser do corpo como do antro) – formação de enantema (vermelhidão) • Exsudato: secreção liguenta esbranquiçada aderida a mucosa, característica da infecção por H. pylori (exsudato inflamatório decorrente da hiperplasia linfoide ocasionada pela infecção pela bactéria) Anna Victória T17 – Gastroenterologia 3 • Friabilidade: capacidade da mucosa sangrar facilmente ao simples toque do aparelho. Erosão plana e Erosão elevada • Erosão: “raladura” • A erosão é uma perda de solução de continuidade da mucosa, por essa perda ela é menor que 5 mm, quando essa perda de profundidade ultrapassa 5 mm é considerado uma úlcera e significa que a perda de solução é mais profunda. • Erosão plana: rente com a mucosa, no mesmo plano/nível • Erosão elevada: não é rente com a mucosa, assemelham a pólipos, mas no ápice tem uma certa solução de continuidade que é bem característico da gastrite erosiva. Nodosidade • É uma característica inflamatória decorrente da infecção pelo H. pylori Áreas de hemorragia intramural • São erosões puntiformes, perda de solução de continuidade de forma milimétrica, difusa e com saída de secreção sanguinolenta • Característico também, principalmente ao uso crônico de AINES (nimensulida, cataflan, diclofenaco...) Anna Victória T17 – Gastroenterologia 4 • É uma causa de hemorragia digestiva (gastrite hemorrágica) Classificação etiológica • Gastrite crônica • Gastrites infecciosas • Gastrites granulomatosas • Gastrites distintas Gastrite Crônica • Mais comum • A gastrite crônica é um processo inflamatório persistente, mais frequente, pois é muito difícil paciente com gastrite aguda, a não ser que tenha feito uma alimentação contaminada e aquilo gerou um processo inflamatório agudo • A infecção por h. pylori é bem silenciosa, o h. pylori geralmente mora no estômago da maioria das pessoas e por algum motivo tem um gatilho de ativação, as vezes por uma alimentação, uma outra infecção, agentes externos (drogas, AINES, álcool) • O h. pylori é uma bactéria gram (-), espiralar, bastonete e é adquirida através da água e alimentos contaminados • Existem três tipos de gastrite que o h. pylori pode causar: 1. Predominante do antro (região após o pontilhado, onde não vê mais pregas) – é uma das mais frequentes, com altos níveis de gastrina (substância que facilita a liberação do ácido clorídrico nas células G) e leva a um processo inflamatório bem elevado, pacientes que apresentam esse tipo de gastrite tem maior risco de evoluir para uma complicação mais grave que é a doença ulcerosa péptica, principalmente a úlcera duodenal (UD). 15% dos pacientes que tem a gastrite de antro evoluem para úlcera. 2. Gastrite de corpo – menos frequente, porém bem mais grave. Não apresenta tanto infiltrado inflamatório, na verdade tem uma baixa secreção ácida, geralmente está associada a sequência de atrofia, perda de glândulas especializadas da mucosa que produziriam o ácido, e isso leva a um processo de atrofia, metaplasia, levando até o adenocarcinoma gástrico. Felizmente, essa alteração é extremamente rara, mesmo quando ela ocorre o risco para evoluir para tumor só chega a 1% dos casos. 3. Pangastrite – inflamação tanto do antro quanto do corpo, é a mais frequente (85%), apresenta menos complicações, os pacientes geralmente são assintomáticos. Anna Victória T17 – Gastroenterologia 5 O H. pylori pode ter dois perfis 1. Alta produção de ácido - quando acomete as células do antro e as células produtoras de gastrina (as células G), essa gastrina leva a hiperproliferação de ácido e isso pode levar a metaplasia, posteriormente a displasia e formação de úlceras. 2. Baixa produção de ácido – Quando se tem uma gastrite predominantemente de corpo, há sinais de atrofia e perda das glândulas especializadas, isso também pode levar ao adenocarcinoma. • A gastrite atrófica tem maior chance de evolução para o câncer gástrico • A gastrite de antro tem mais a ver com a questão nutricional e alimentar, já a gastrite de corpo tem mais a ver com fatores genéticos, apresenta risco maior para o adenocarcinoma. Gastrite crônica por helicobacter pylori • Infecção na infância • Maioria assintomático • EDA inespecífica • Bx = infiltrado de neutrófilos e aumento das células inflamatórias da lâmina própria e folículos linfoides • Risco de úlceras, pólipos e neoplasias • Tratamento = IBP (omeprazol, Pantoprazol...) e antibióticos Gastrite crônica atrófica metaplásica ambiental • Esse tipo de gastrite exige um acompanhamento mais de perto, por causa do risco da atrofia evoluir para adenocarcinoma • Atrofia = perda das glândulas especializadas produtoras do ácido, a metaplasia é uma evolução da atrofia, digamos que é a transformação do epitélio gástrico em epitélio intestinal • Completa: tipo I (há transformação para epitélio intestinalcoloníco) • Incompleta: tipo IIa, IIb, III (transformação para epitélio de intestino delgado) – é um pouco mais agressiva, tem 4x mais risco de evoluir para adenocarcinoma. • Acometimento do antro e do corpo • H. pylori + em 85% • Fatores genéticos e ambientais • Fator de risco para displasia e câncer gástrico Anna Victória T17 – Gastroenterologia 6 • Tratamento: antibióticos para HP Gastrite crônica atrófica metaplásica autoimune • Destruição autoimune de glândulas do corpo e do fundo do estômago • <5% dos casos • Anticorpos contra células parietais (diminuição da produção de ácido) e fator intrínseco (substância responsável pela união da vitamina B12 no estômago). A vit. B12 precisa do fator intrínseco para ser absorvida • Associação com outras doenças autoimunes • Deficiência de vitamina B12 e anemia perniciosa • H. pylori cagA+/vacA+ • EDA • Risco de desenvolver tumor carcinóide • Risco para adenocarcinoma 3-18x • Não há tratamento específico • Diagnóstico definitivo: biópsia histopatológica • Acompanhamento 2x/ano Gastrites infecciosas • Citomegalovírus (CMV) – formação de uma inclusão citomegálica (característica do histopatológico) • Herpes simples e varicela zoster • Gastrite flegmonosa e enfisematosa – extremamente grave, causada pela infecção pelo estafilococos aureus • Micobactérias • Sífilis • Candidíase, Histoplasmose e aspergilose • Criptosporidiose, estrongiloidíase e ascaridíase • Pacientes imunodeprimidos, alcoólatras, uso de quimioterápicos... Gastrite granulomatosas • Extremamente rara • Granulomas não caseosos transmurais • Espessamento de parede e estreitamento da luz • Acomete mais o antro • Crohn e sarcoidose • Tratamento: corticoide e cirurgia. Gastrites distintas 1. Gastrite linfocítica • Extremamente rara • Associada a doença celíaca, doença de menétrier, colite colagenosa • Sintomas e EDA inespecíficos Gastrite varioliforme – variante da linfocítica • infiltrado de linfócitos • Corpo e fundo • Bx >30 LIE/100cels • Tratamento: Misoprostol. Anna Victória T17 – Gastroenterologia 7 2. Gastrite eosinofílica • Bem mais frequente que a linfocítica • Frequente na população pediátrica • Intenso infiltrado de eosinófilos • Alergia e eosinofilia periférica • EDA = espessamento de mucosa, úlceras, quadros obstrutivos • Má absorção e enteropatia perdedora de proteínas • Tratamento: corticoide Gastropatias química e reativa 1. Gastropatia aguda hemorrágica • AINES • Álcool, cocaína, KCL, flúor, quimioterápicos, bifosfonatos (droga utilizada no trat. da osteoporose) • Estresse (p.ex. paciente politraumatizado, estresse metabólico... Não é estresse psicológico) • Predomínio em antro e duodeno • LESÃO AGUDA DE MUCOSA GÁSTRICA (LAMG) 2. Gastropatia biliar • Exsudato na câmera gástrica • Esfíncter pilórico incompetente ou pós operatório de reconstrução do trânsito • Já que a bile é básica e o conteúdo do estomago é ácido, o paciente geralmente sente dor epigástrica, vômitos biliosos e perda de peso • Risco para metaplasia e atrofia gástrica • Não há tratamento eficaz • IBP, sucralfato 3. Gastropatia hipertensiva portal • Hepatopatias crônicas 50% • A hipertensão porta pode gerar um hiperesplenismo, um aumento das veias periféricas como a gástrica esquerda, e assim a circulação gástrica e esofágica é acometida, então acaba-se tendo dilatações gástricas desses vasos tanto do estomago quanto do esôfago, como também a dilatação dessa microvasculatura gástrica. • Bx = congestão vascular com dilatação e tortuosidade das veias submucosa, fibrose perivascular • Tratamento: beta-bloqueador Ectasia vascular antral (GAVE) • São estrias avermelhadas dispostas em linha reta até a região do piloro • “estômago em melancia” • Tem a ver com a cirrose, mas pode ter relação com doenças autoimunes • Em geral, não responde a beta-bloqueador • A ligadura elástica pode ser um tratamento ou o uso substância cauterizante (argônio) Gastrite hiperplasia (extremamente rara) • Doença de Ménétrier • Pregas gigantes no corpo e fundo + hipoalbuminemia + hiperplasia foveolar • Etiologia desconhecida – H. pilory e CMV • Associação com síndrome de Zollinger Ellison - tumor produtor de gastrina • Pólipos hiperplásicos – maior risco de transformação neoplásica • Tratamento: antisecretores, corticoides e cirurgia
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