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AÇÃO MONITÓRIA Generalidades de Direito Material Para que eu preciso de uma ação monitória e, consequentemente, de um rito procedimental especial para essa ação Imaginem duas situações: • Situação A) Fábio procura André em um bar e pede R$ 500,00 emprestado, dinheiro que André prontamente entrega a Fábio. Esse negócio foi presenciado por 3 pessoas que também estavam bebendo no bar. • Ocorre que Fábio não pagou André e agora ele terá que ajuizar uma ação para receber. • Situação B) Fábio procura André em um bar e pede R$ 500,00 emprestado, valor prontamente entregue por André. Porém, André ao invés de confiar nas testemunhas que presenciaram o negócio, pega o guardanapo, escreve o dia, a hora, o valor e assina juntamente com Fábio confirmando o empréstimo. • Qual a MUDANÇA que nós temos em relação às situações? a) O empréstimo pode ser provado apenas por testemunhas - Prova Testemunhal b) O empréstimo pode ser pelo guardanapo - Prova Documental • ATENÇÃO: O guardanapo não é título executivo mas pode ser usado para demonstrar a existência do débito OBSERVAÇÃO: Do ponto de vista do direito material, Fábio é devedor de André nas duas situações. Porém, do ponto de vista processual é muito mais plausível eu dizer - e demonstrar - que sou credor com base no guardanapo do que com base APENAS no depoimento de "três pingunços". Percebam, não faz sentido que eu tenha um mesmo procedimento para duas situações distintas, já que uma obrigação será exigida apenas com testemunhas; enquanto a outra, será exigida com prova documental. PORTANTO, o objetivo da AÇÃO MONITÓRIA é dar um rito de melhor qualidade, prever uma tutela diferenciada para aquele credor que exige o cumprimento de uma obrigação com prova escrita, isto é, aquele que tem uma prova escrita tem que ter um procedimento MAIS FAVORÁVEL em relação àquele que exige o cumprimento da obrigação só com prova testemunhal. Assim, se você NÃO TEM PROVA DOCUMENTAL será obrigado a ir para o PROCEDIMENTO COMUM. Entretanto, se VOCÊ TEM PROVA DOCUMENTAL [PROVA ESCRITA] você poderá se AVENTURAR NO PROCEDIMENTO MONITÓRIO. Natureza jurídica da Ação Monitória Está vinculada ao procedimento de conhecimento, portanto, é declarar o direito - dizer quem está certo, quem tem a razão - só que APESAR DE SER UM PROCESSO DE CONHECIMENTO, ela está nos PROCEDIMENTOS ESPECIAIS. Pressupostos da Monitória Conforme o art. 700 do CPC a Monitória é cabível desde que preenchido três pressupostos • Prova escrita • Sem eficácia de título executivo • Contra pessoa capaz OBSERVAÇÃO: Em prova OBJETIVA você vai apontar que são três os pressupostos. Porém, se estiverem fazendo prova escrita ~minha ou de concurso~ demonstre ao seu examinador que você sabe que são DOIS os pressupostos. O artigo 700 do CPC ESTÁ ERRADO!!! PRESSUPOSTO 01: Prova Escrita a) Prova escrita é diferente de prova documental • Prova DOCUMENTAL é qualquer substrato MATERIAL - suporte - base - fundamento - que contenha uma informação o Pintura é uma prova documental o Chip/HD de computador é uma prova documental o Foto/Vídeo/Áudio é prova documental • Porque tudo isso está de alguma maneira registrado - está nas "nuvens", num pedaço de papel, na web • Prova ESCRITA é uma espécie de PROVA DOCUMENTAL o Prova escrita é uma prova que contenha caracteres ou características linguísticas escrita • Cheque é uma prova escrita • Pedaço de papel é uma prova escrita • Contrato é uma prova escrita • Nota assinada no POSTO de GASOLINA indicando abastecimento • Assinatura em caderneta de venda/padaria indicando compra de produtos [leite, pão, hortifruti] Regra Geral: Todas as provas escritas podem ser usadas para fins monitórios, desde que sejam provas escritas verossimilhantes, isto é, as provas escritas devem convencer ou representar a existência da obrigação. Aqui o juiz, ao analisar a prova escrita, deve perceber que há uma alta probabilidade, uma chance muito grande do AUTOR DA AÇÃO MONITÓRIA ter razão. • A ação monitória é uma hipótese de tutela da evidência, fora do artigo 311 do Código de Processo Civil. Documentalização da Prova Oral NO CPC de 1973 não era admissível que uma pessoa fizesse a "documentalização" da prova oral, porque era restrito às provas estritamente escritas, ou seja, aquela prova que já nasceu escrita. Ex: Cheque, Contrato. [art. 700, § 1º] A prova escrita pode consistir em prova oral documentada, produzida antecipadamente nos termos do art. 381 . • A parte pode ajuizar uma produção antecipada de provas para transformar a prova oral em prova escrita e, a partir daí, ajuizar a ação monitória Análise da Verossimilhança Dependerá sempre da região, do local e da cultura que você está inserida Situação 01: Em cidades de pequeno e médio porte é comum em postos de gasolina, vendas e padaria ter caderneta, no qual as pessoas compram "fiado" e assinam indicando o débito. Situação 02: Em cidades pequenas ou interioranas é comum - principalmente nos bairros - essas vendas, postos de gasolina e padaria fazerem vendas fiado e os devedores não assinarem, sendo preenchidas apenas pelo dono ou funcionário do estabelecimento. A verossimilhança - razoabilidade - do argumento e do documento escrito será valorado de acordo com a cultura. • Na situação 01 - por estar assinado - em qualquer lugar o poder judiciário vai entender que há uma probabilidade de existência daquele débito porque é plausível e existente que há vendas "fiado" e que as pessoas assinam indicando que pagarão depois • Já na situação 02 - como não está assinado, portanto, é um documento produzido unilateralmente pelo credor - vai depender de onde estou para verificar se a afirmação e constituição da prova escrita é plausível ou não o Se analisarmos essa situação 02 em uma cidade do interior de Minas Gerais e o juiz que julgar a causa conhecer as práticas sociais praticadas naquela região, certamente vai perceber que a alegação é plausível e, portanto, verossimilhante, aceitando a monitória o Entretanto, se analisarmos a situação 02 na cidade de São Paulo - capital - o juiz provavelmente terá um entendimento diferente, porque é improvável que alguém tenha realizado uma venda na qual o devedor não assinou absolutamente nada http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art381 PRESSUPOSTO 02: Sem eficácia de título executivo AQUI ESTÁ O ERRO DO PRESSUPOSTO DA AÇÃO MONITÓRIA CPC, art. 785: “A existência de título executivo extrajudicial não impede a parte de optar pelo processo de conhecimento, a fim de obter título executivo judicial”. Nada impede que o indivíduo, com um cheque não prescrito, por exemplo, entre com ação monitória. Por que essa previsão? Porque o cumprimento de sentença tende a ser muito mais efetivo e mais mecanismos para recebimento do crédito do que a própria execução do título extrajudicial. Por isso que dissemos que apesar da lei indicar que SÃO TRÊS OS PRESSUSPOSTOS, na realidade são dois, já que o título pode ou não ter eficácia executiva. PRESSUPOSTO 03: Ser pessoa capaz A revelia na monitória é muito gravosa, portanto, a não apresentação de defesa transforma AUTOMATICAMENTE a prova escrita em título executivo judicial. Como deixaria a situação do incapaz extremamente complicada, houve uma opção política em deixá-lo de fora, de não poder ser incluído no polo passivo de uma ação monitória. Fazenda Pública: Na ação monitória? • Perfeitamente possível monitória contra Fazenda Pública o Súmula 339 STJ: “É cabível ação monitória contra a Fazenda Pública”. o CPC, art. 700, § 6º: “É admissível ação monitória em face da Fazenda Pública”. • Perfeitamente possível monitória ser ajuizadapela Fazenda Pública ATENÇÃO (CPC, art. 700, I, II e III): • Contempla todas as espécies de prestação (quantia, fazer, não fazer, dar ou entregar) e objetos (móveis e imóveis). • Não se presta a debelar crises de certeza ou de situação jurídica, mas apenas de inadimplemento. Procedimento Monitório Petição Inicial - Artigos 319 e 320 [CPC] - prova escrita + Art. 700 §§ 2º e 3º • Além de preencher os requisitos necessários para qualquer petição inicial - aqueles constantes do artigo 319 e 320 - há também que anexar a PROVA ESCRITA, já que é fundamental para o juízo de verossimilhança se aquele documento prova ou não prova, indica ou não indica a existência da obrigação. • ATENÇÃO: Caso a monitória for cobrança de QUANTIA CERTA, é preciso apresentar o valor da obrigação [importância devida, discriminado o valor do débito] + atualização desta I – A petição inicial da ação monitória deve preencher os requisitos dos artigos 319 e 320 do Código de Processo Civil e também a dois outros requisitos específicos deste procedimento especial: prova escrita e cálculo do valor devido – este último somente para obrigações por quantia. II – Como o fundamento de cabimento da ação monitória é exatamente a existência de uma prova escrita, é fundamental que o autor explicite na inicial qual é o documento escrito, apresentando-o, até para que o magistrado proceda ao juízo de verossimilhança. III – Apesar de não ser uma execução, tratando-se de monitória relativa à obrigação por quantia, o autor deve apresentar o cálculo do valor devido: • § 2º Na petição inicial, incumbe ao autor explicitar, conforme o caso: o I - a importância devida, instruindo-a com memória de cálculo; o II - o valor atual da coisa reclamada; o III - o conteúdo patrimonial em discussão ou o proveito econômico perseguido. • § 3º O valor da causa deverá corresponder à importância prevista no § 2º, incisos I a III. IV – Durante muito tempo foi discutido se no caso de monitórias fundadas em cambiais prescritas ao autor da ação monitória seria necessário declinar a origem da obrigação. Por outro lado, sempre foi pacífico o entendimento no sentido de que quanto às cambiais não prescritas seria desnecessário declinar a origem da dívida. PERGUNTA: Sendo a monitória um processo de conhecimento, seria necessário ao autor declinar ~indique, especifique~ a origem da dívida que gerou a emissão da cambial prescrita, utilizada como prova escrita para fins de monitória? RESPOSTA: Não. Nesse sentido, a S. 531 STJ: “Em ação monitória fundada em cheque prescrito ajuizada contra o emitente, é dispensável a menção ao negócio jurídico subjacente à emissão da cártula”. Em outras palavras, não há necessidade de declinar a origem da dívida porque a cambial prescrita não perde a natureza cambial, mas somente sua natureza executiva. Juízo de Admissibilidade I – A primeira opção do juízo é a rejeição da monitória, por duas razões: • Hipóteses gerais (CPC, art. 330) • Não preenchimento dos requisitos específicos, conforme o § 4º do art. 700 (prova escrita e cálculo, nas obrigações de quantia). ATENÇÃO: O indeferimento é sem análise do mérito, não fazendo coisa julgada material, portanto. Assim, nada impede que o autor reproponha a monitória, desde que corrija o vício da ação anterior. II – A segunda opção do juiz é determinar a conversão ou a emenda da ação monitória (CPC, art. 700, § 5º). Aqui o juiz vai tentar se convencer dá existência daquele direito. Caso o juiz não se convença, no sentido de que os documentos apresentados não espelham com verossimilhança ou probabilidade a existência da obrigação, ele determinará a emenda da inicial a fim de que o autor converta o procedimento monitório em procedimento comum. ATENÇÃO: É preciso tomar cuidado, quando estiver analisando a questão da emenda da inicial para converter o procedimento, com aquilo que está previsto nas súmulas 503 e 504 do STJ. Essas súmulas repercutem na possibilidade de conversão. Essas súmulas discutem situações que a cambial ~cheque, nota promissória~ não tendo mais eficácia executiva poderão ser utilizadas como prova escrita na ação monitória, mas não pode ser utilizado para sempre, de maneira indefinida. Há um prazo. OBSERVAÇÃO: Conforme as súmulas 503 e 504 do Superior Tribunal de Justiça há determinadas situações em que a cambial, não sendo mais título executivo em razão da prescrição, poderá ser utilizado como prova escrita da existência da obrigação para fins de monitória, mas não indefinidamente: • Súmula 503 STJ: “O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de cheque sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte à data de emissão estampada na cártula”. • Súmula 504 STJ: “O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de nota promissória sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte ao vencimento do título”. RESUMINDO: O autor poderá propor a ação monitória com fundamento em cambial prescrita. No entanto, caso o juiz verifique que a cambial também não tem o condão de comprovar a existência da obrigação, porque ela também está prescrita, o juiz não determinará a conversão ou a emenda, mas indeferirá a inicial, em razão da prescrição da própria pretensão. III – A terceira opção do juiz é admitir a monitória, fundamentando sua decisão, na qual constarão as razões pelas quais ele entende que o documento representa de modo verossimilhante a existência da obrigação. Inclusive, há autores que entendem que o julgamento da monitória é exatamente esse. 1) Fundamentação: Para aceitar a ação monitória e citar o réu, o juiz tem que justificar e explicar as razões pela qual aquele documento ~prova escrita~ representa de modo verossimilhante a existência da obrigação. • Alguns autores dizem que esse é o real momento do julgamento da monitória, já que é aqui que o juiz faz/realiza um juízo de valor da prova escrita apresentada e indica se há ou não razoabilidade, portanto, verossimilhança na alegação E é por conta dessa análise de probabilidade de direito que a doutrina processualista civil brasileira afirma que a monitória é 2) Tutela de Evidência fora das previstas no art. 311 do CPC. • Em razão da análise de probabilidade da obrigação, praticamente toda a doutrina afirma que a monitória é uma espécie de tutela da evidência, fora do artigo 311 do Código de Processo Civil. Assim é porque somente é admitido o processamento da monitória, caso subsista elementos bastantes a respeito da probabilidade da existência do direito prescindindo de “periculum in mora”. OBSERVAÇÃO: A monitória trabalha com o modelo de contraditório diferido, com a possibilidade de o juiz proferir a decisão da monitória “inaudita altera parte”. Trata-se de uma exceção ao artigo 9º do Código de Processo Civil. Expedição de mandado monitório (Art. 701 - CPC) I – Admitida a monitória, expede-se o mandado monitório, que consiste em uma ordem para o cumprimento da obrigação no prazo de 15 dias úteis. • Aplica-se prazo em dobro para réus com advogados diferentes e de escritórios distintos • Fazenda Pública também prazo diferido para manifestação II – Antigamente, debatiam-se quais eram as hipóteses de citação aplicáveis no cumprimento do mandado monitório. Atualmente, a questão está pacificada, cabendo qualquer tipo de citação: • Súmula 282 STJ: “Cabe a citação por edital em ação monitória”. • CPC, art. 700, § 7º: “Na ação monitória, admite-se citação por qualquer dos meios permitidos para o procedimento comum”. SÚMULA 196 STJ: “Ao executado que, citado por edital ou por hora certa, permanecer revel, será nomeado curador especial, com legitimidade para apresentação de embargos”. Determinado por edital que o devedorpague, caso eventualmente ele não seja localizado, o juiz, ao verificar que não houve o pagamento ou a apresentação de nenhum tipo de defesa, determinará que a Defensoria Pública, ou o órgão que lhe faça as vezes, apresente a defesa por negativa geral, já que a S. 196 do STJ, relacionada aos embargos à execução, determina a nomeação de curador para apresentar embargos à execução. Como para a execução há nomeação de curador especial, aplica-se o mesmo entendimento e se nomeia curador especial na ação monitória através de uma analogia entre os procedimentos. Respostas do requerido (15 dias) 1º COMPORTAMENTO: EFETUAR O PAGAMENTO Caso efetuado o pagamento, o Código estabelece uma sanção premial - castigo bom - consistente na isenção de custas. No entanto, diferentemente do regime anterior, o devedor deverá pagar honorários advocatícios, que não serão fixados conforme o artigo 85, mas de acordo com o dispositivo abaixo: • CPC, art. 701: “Sendo evidente o direito do autor, o juiz deferirá a expedição de mandado de pagamento, de entrega de coisa ou para execução de obrigação de fazer ou de não fazer, concedendo ao réu prazo de 15 (quinze) dias para o cumprimento e o pagamento de honorários advocatícios de cinco por cento do valor atribuído à causa. • § 1º: O réu será isento do pagamento de custas processuais se cumprir o mandado no prazo. (...)”. Os honorários serão reduzidos pela metade, como forma de "compensar"/"premiar" o réu por cumprir dentro do prazo, além de livrá-lo do pagamento das custas relacionadas ao ajuizamento da ação, assim, ele não terá que ressarcir o Estado ou o Autor da Ação Monitória. OBSERVAÇÃO: Como visto anteriormente, é cabível ação monitória contra a Fazenda Pública (S. 339 STJ e CPC, art. 700, § 6º). ATENÇÃO: No entanto, a Fazenda Pública não pode pagar a monitória no prazo de 15 dias, em razão do regime de precatórios ou de requisição de pequeno valor, em ordem cronológica. 2º COMPORTAMENTO: PARCELAMENTO O artigo 916 do Código de Processo Civil prescreve que na execução de título extrajudicial o devedor pode, pagando 30% do débito mais custas e honorários logo no ato do requerimento, requerer que seja parcelado o restante em seis parcelas iguais, com correção monetária e juros de mora pelos índices legais. Trata-se da moratória judicial ou parcelamento do débito na execução do título extrajudicial. De acordo com o § 7º do artigo 916, esse parcelamento não se aplica ao cumprimento de sentença e consequentemente ao processo de conhecimento. No entanto, ele é aplicado à monitória: CPC, art. 701, § 5º: “Aplica-se à ação monitória, no que couber, o art. 916”. 3º COMPORTAMENTO: INÉRCIA De acordo com § 2º do artigo 701 do CPC, verificada a inércia do devedor, há a conversão, “ex vi legis” (sem fundamentação), do mandado de pagamento em título executivo judicial. • O cartório ou a secretaria do juízo onde tramita a monitória expedirá uma certidão indicando que transcorreu o prazo SEM PAGAMENTO ou SEM MANIFESTAÇÃO do réu na AÇÃO MONITÓRIA • Automaticamente, após ato do juiz, será determinado o prosseguimento do feito como CUMPRIMENTO DE SENTENÇA o Não precisa de sentença, não precisa de decisão o É um ato, já que é determinado pela lei, é automático Portanto, é a lei que transforma, em razão da inércia, o mandado monitório em título judicial, prescindindo de decisão interlocutória fundamentada ou de sentença. Ademais, não obstante o Código mencionar “decisão”, isso tem natureza de ato (automático). Considerações: • Na hipótese de inércia, isto é, se não houver pagamento ou defesa, o devedor, além do pagamento do valor devido, também arcará com as custas e honorários no limite mínimo legal (10%). • Caso a ré seja a Fazenda Pública e ela não apresente defesa, também há a conversão do mandado monitório. Entretanto, há reexame necessário, observado o art. 496 do CPC. • CPC, art. 701, § 3º: “É cabível ação rescisória da decisão prevista no caput quando ocorrer a hipótese do § 2º”. Cabível nas hipóteses do 966 • Caso o devedor eventualmente deseje se defender, ele somente poderá fazer isso com as matérias do artigo 525 do CPC (cumprimento de sentença). o Aqui somente será cabível referidas matérias porque a prova escrita transformou-se em título executivo judicial por força do § 2º do art. 701 4º COMPORTAMENTO: EMBARGOS AO MANDADO MONITÓRIO (ART. 702) Embargos Monitórios Há uma discussão sobre a natureza jurídica - se é reconvenção ou ação: • 1ª posição (doutrina): ação desconstitutiva do réu contra a decisão inaugural, que aceitou a verossimilhança e determinou a expedição do mandado monitório. A posição fundamenta-se no § 8º do art. 702. • 2ª posição (jurisprudência): contestação, em razão da previsão de reconvenção (CPC, art. 702, § 6º). o Reconvenção é um instituto apresentado junto a Contestação, portanto, tem caráter de defesa. Será processado nos mesmos autos, conforme previsto no caput do art. 702 e, para embargar a monitória não é necessário garantir juízo. Amplitude da matéria (702, § 1º): “Os embargos podem se fundar em matéria passível de alegação como defesa no procedimento comum”. • Essa amplitude é em relação às alegações nos EMBARGOS MONITÓRIOS. o Se, porventura já tiver sido convertido em título judicial, então estará limitado às alegações do devedor na impugnação ao cumprimento de sentença Alegação de excesso de cobrança (§§ 2º e 3º): O devedor deve declarar expressamente o valor total devido, apresentando-se a conta. • Caso contrário, e sendo esse o único argumento do devedor, o juiz desacolherá a defesa. • Por outro lado, caso a alegação de excesso seja apenas um dos fundamentos, o juiz não a conhecerá. Efeito suspensivo só até sentença desacolhendo em 1º grau (§§ 4º, 8º e 9º) – apelação sem efeito suspensivo. Atualmente, conforme os §§ 4º, 8º e 9º do artigo 702 do novo Código, caso a sentença desacolha os embargos ao mandado monitório, a eventual apelação contra essa sentença de rejeição não será dotada de efeito suspensivo: • CPC, art. 702: “(...). o § 4º: A oposição dos embargos suspende a eficácia da decisão referida no caput do art. 701 até o julgamento em primeiro grau”. o § 8º: Rejeitados os embargos, constituir-se-á de pleno direito o título executivo judicial, prosseguindo-se o processo em observância ao disposto no Título II do Livro I da Parte Especial, no que for cabível. o § 9º: Cabe apelação contra a sentença que acolhe ou rejeita os embargos. (...)”. Contraditório (15 dias): Ao ser apresentado os embargos monitórios pelo devedor, deve- se conceder o prazo de 15 dias para que o autor da monitória manifeste-se sobre eles. Litigância de má-fé (§§ 10 e 11): Não é automática • CPC, art. 702: “(...) o § 10: O juiz condenará o autor de ação monitória proposta indevidamente e de má-fé ao pagamento, em favor do réu, de multa de até dez por cento sobre o valor da causa. o § 11: O juiz condenará o réu que de má-fé opuser embargos à ação monitória ao pagamento de multa de até dez por cento sobre o valor atribuído à causa, em favor do autor”. OBSERVAÇÃO: os §§ 10 e 11 afastam a incidência do artigo 81 do CPC, por consubstanciarem um regime especial. Sucumbência (CPC, art. 85)
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