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P á g i n a | 1 Abortamento Conceito: Considera-se aborto a expulsão ou extração de feto com menos de 500 gramas ou abaixo de 20/22 semanas de gestação. Pode-se ser dividido em: • Precoce (antes de 12 semanas) – não há partes ósseas; • Tardio entre 12 e 20 semanas. • Espontâneo • Provocado – estupro, risco de morte materna avaliada por 2 médicos e anencefalia. Sinal cardinal no abortamento é o sangramento vaginal. Incidência Subclínico – a gestante muitas vezes nem sabe que está gravida, apenas teve “atraso menstrual” e nem percebeu. Clínico = 10-15% das gestações. • 80% antes das 12 semanas de gestação. • Se BCE ou BCF presentes <10% Etiologia Esporádico ou habitual (>3 abortamentos). • Esporádicos – 50 a 80% são por anormalidades cromossômicas, principalmente aneuploidias, trissomias e monossomias. • Habituais – 3 ou mais abortamentos na mesma gestante. Pensar em: incompetência istmo cervival, síndrome do anticorpo antifofolípide. Classificação clínica: • Abortamento evitável / ameaça de abortamento • Completo • Incompleto • Inevitável • Retido • Séptico • Infectado (sem disseminação sistêmica) • Gestação anembrionada Fazer diferenciação porque cada um tem uma conduta diferente, então o que vamos ter de diferenciação: Abortamento espontâneo: • incidência alta – 15 – 20% das gestações. • Fatores de risco: n° de gestações (multíparas é mais comum), precocidade da gravidez, idade materna (>35 anos) e no 1º trimestre vai ter incidência de alteração no cariótipo (50% com alterações), alterações anatômicas do útero da mãe, substancias tóxicas, tabagismo, estresse, radiação. Ameaça de abortamento: QC: paciente tem sangramento, mas o feto tem vitalidade, sem alterações de colo uterino, e gestação abaixo de 20-22 semanas. Caracteriza-se pelo sangramento vaginal, com colo impérvio e ausência de atividade contrátil uterina dolorosa. Excluir outras causas como pólipos, carcinoma de colo uterino, sangramento da parede vaginal. Estas pacientes devem ser monitoradas com Beta-HCG e ecografia. Conduta: Em caso de feto vivo orientada a repouso e uso de anti-espasmódicos (apesar de nenhum trabalho bem ter mostrado seus Isabela Terra Raupp P á g i n a | 2 benefícios). Sendo o mais importante confortar a gestante. Não vamos considerar> 22 com dor, porque consideramos parto prematuro. Abortamento completo: Paciente em casa, com cólica muito forte e teve sangramento moderado em coágulo/massa e a partir dali o sangramento reduziu e a cólica também. No exame, percebemos que o útero teve involução e o colo está fechado. Faz o ecocardiograma para ver vitalidade fetal. Pedimos para paciente observar o sangramento e o diagnostico é de abortamento completo. Incompleto/inevitável: Paciente já chega sangrando com colo pérvio com certa dilatação e se observa restos ovulares saindo no exame especular ou na luva com o toque. Paciente já tem modificação do colo, pode ser mais tardio com o colo fino e modificado e as vezes já rompeu bolsa e o feto ainda tem vitalidade. Conduta: Paciente deve ser hospitalizada, solicitar hemograma, tipagem sanguínea e se necessário reserva de CHAD. Fazer US para diagnostico, se o feto está na cavidade uterina. Temos que fazer esvaziamento da cavidade <12 semanas, não precisa usar nada ou pode fazer curetagem ou AMIU (Aspiração manual intrauternina) que é o mais indicado e fazer esvaziamento. Se não fizer, há risco de infecção e hemorragia. Quando > 12 semanas e feto retido, ou colo fechado deve-se usar o misoprostol 400mcg a cada 4 horas via vaginal até a expulsão do feto e após realizar a curetagem ou AMIU. Fazer imunoglobulina anti- RH para pacientes RH negativas. Infecção ou sangramento excessivo Sempre pedir hemograma, tipagem sanguínea – reposição de sangue! Séptico/infectado Geralmente acompanhado de manipulação uterina. Antigamente era mais comum pela tentativa de aborto com materias contaminados e as pacientes chegavam perdendo a vida em estado grave. A infecção inicia no endométrio e dissemina para o paramétrio, peritônio, linfáticos e circulação sistêmica. Ele pode ser retido, incompleto ou completo. QC: são febre, dor à mobilização uterina, irritação peritoneal e saída de secreção purulenta. Conduta: Devemos repor volume e solicitar provas de função renal, hemograma e tipagem sanguínea. Antes de realizarmos a curetagem uterina devemos iniciar uma cobertura com antibióticos (geralmente predomínio de bactérias gram negativo e anaeróbias). Usa-se geralmente penicilina cristalina, gentamicina e metronidazol. Retido: Com o uso da US, o diagnóstico passou a ser mais precoce (abortamento antes de quadro de sangramento), se faz também controle ecográfico ou beta-HCG diminuindo. Deve-se fazer tipagem sanguínea e Rh e no fechamento do diagnóstico. P á g i n a | 3 Temos que preparar o colo, porque ele está fechado e não está preparado para o abortamento. Quando o feto já é > 10 semanas a gente precisa esvaziar, então usamos misoprostol vaginal 800 mg diários (4 de uma vez ou separados), pode repetir em 2 dias se houver necessidade, mas raramente acontece. Se não tiver como encaminhar para cariótipo, precisamos descartar mola hidatiforme pelo anatomopatológico. Aborto provocado O aborto, no Brasil, é legal somente nos casos de gestação decorrente de estupro, gestação que coloca em risco a vida materna e nos casos de feto com anencefalia. Mas ainda é uma prática comum de interrupção de gestações indesejadas. Aborto de repetição É definido como 3 ou mais abortos consecutivos e devemos indicar para procurar a causa, mas pode começar com 1 em mulheres com idade mais avançada. 0,5 a 3% dos casais tem aborto de repetição e 50% deles conseguimos identificar a causa. - Fatores genéticos: Se tem o cariótipo do abortamento, devemos fazer cariotipagem dos pais para ver se tem alteração de catiotipo dos pais e saber a chance de futuros abortamentos. Ocorre em cerca de 3 a 8%. - Fatores anatômicos: Ocorre em Cerca de 9 a 16% das mulheres com abortamento de repetição. Os defeitos mais comuns são: sinéquias uterinas, septo uterino, útero em T, útero bicorno. Diagnóstico pela histeroscopia. Tratamento controverso. Pode-se realizar a cerclagem uterina. - Incompetências istmo cervivais: principal causa de abortamento tardio (2° trimestre) – perda de líquido e sangue (ruptura de bolsa) sem dor praticamente e chega com colo dilatado e feto expulsando. Se chegar com modificação menor, pode tentar realizar cerclagem, mas a indicação é que em gestação futura em torno de 14-16 semanas, fazer cerclagem no colo uterino para fazer com que segure mais tempo, pode ter parto pré-termo, mas com feto viável. história de parto prematuro entre 32 e 34 semanas e no PA sem dor, com história de sangramento <20 semanas, no toque vai ter bolsa herniada integra e colo abrindo. A partir do momento que o feto começou a crescer, o colo não consegue segurar a gestação e começa a abrir. Tratamento: na segunda gestação, após fazer um US de 12 semanas que mostre vitalidade do feto, se faz cerclagem (pontos perto do útero e amarrar eles, evitando parto prematuro). - Fatores endocrinológicos: mais comum nestes casos é a insuficiência de corpo lúteo, que produz ambiente desfavorável a implantação do blastocisto. Investiga-se com biópsia endometrial na fase lútea tardia e uma diferença de 3 dias ou mais faz o diagnóstico. Tratamento com progesterona. - Fatores imunológicos: Presença de anticorpos antifosfolipídeos (anticorpo lúpico anticoagulante e anticorpo anticardiolipina) é detectada em 15 a 20% das pacientes com abortamento habitual. Síndrome do anticorpo antifofolípide– colo normal, causado por trombofilia autoimune. Clínica: tromboses, abortamentos espontâneos, distúrbios neuropsiquiátricos. Diagnóstico com critérios bem, definidos. Tratamento – iniciar desde o início da gestação: AAS 100 mg/dia parar 5 dias antes e Heparina em baixa dose até 24 h antes do parto. - Infecciosa: Doxaciclina para prevenir principalmente em diagnostico de clamídia – discutido = fazer antes do ciclo menstrual para prevenir. P á g i n a | 4 P á g i n a | 5 Gestação ectópica Conceito Considera-se como gestação ectópica toda gravidez com implantação fora da cavidade endometrial. Podendo ocorrer nas trompas, ovários, cavidade abdominal, colo uterino, etc. Acredita-se numa incidência em torno de 1 a 2%. Localizações comuns Fatores de risco - Doença inflamatória pélvica prévia -Cirurgia tubária prévia -Gestação ectópica prévia -Técnica de reprodução assistida -Falha de métodos anticoncepcionais (DIU e laqueadura tubárea) -Tumores anexiais -Tabagismo -Idade materna avançada (> de 35 anos) Quadro clínico • dor abdominal • atraso ou irregularidade menstrual • dor lombar – sangramento pressionando o retroperitônio • dor em região escapular – irritação pélvica • abdome agudo • Lipotimia • Pode causar choque hipovolêmico Diagnóstico • Palpação de massa axial. • Pede beta-HCG e se correlaciona com achados do US. • A culdocentese (aspiração do saco) só tem valor se for positiva e só faz diagnóstico de hemoperitôneo. • Em gestações normais o beta-HCG deve subir em 48 horas no mínimo 66%; nas gestações ectópicas como a invasão trofoblástica é menor a produção de beta-HCG é menor. • Com o US já se diagnostica precocemente: com 4 -5 semanas temos que ver saco gestacional e com 5 tem que ver resquício do embrião e com 6 semanas tem que ter resquício de batimento cardíaco. Diagnóstico diferencial DD: DIP, apendicite, torção de cisto ovariano, cisto hemorrágico, patologia de trato urinário, gestação em abortamento. Sangramento e ruptura de cisto de corpo lúteo hemorrágico, vai cursar com sangue na cavidade e beta-HCG positivo e só espessamento endometrial. Tratar com analgesia para o sangue ser absorvido P á g i n a | 6 Conduta 1 – Laparoscopia com salpingostomia linear no bordo antimesosalpinge com sucção do material e hemostasia. Em casos de diagnóstico precoce, se não rompeu e faz sucção de material e só cauteriza o que está sangrando. 2- Drogas locais e sistêmicas – metotrexate As gestações ectópicas cervicais são melhor tratadas com metotrexato local ou injeções de soluções hipertônicas. Protocolo de tratamento de gestação ectópica com metotrexato intramuscular: - Provas de função hepática, hemograma e plaquetas, beta-HCG quantitativo. - Dia 1 administra-se 50mg/m2 IM. - Dia 4 realiza-se beta-HCG. - Dia 7 novo beta-HCG, se tiver queda inferior a 15%, administra-se nova dose de 50mg/m2. Quimiotópico que age em células de multiplicação rápida e interrompe o crescimento fetal e a medicação acaba sendo melhor se comprometimento de estruturas tubarias. Cada vez usado mais. 3- Laparotomia com salpingectomia ou salpingoplastia tira a trompa. Em pacientes com sangramento ativo, hipotensas o tratamento é a laparotomia. Se a gestação ectópica for rota, a melhor conduta, é a salpingectomia. Nos outros casos é indicado a salpingostomia linear com esvaziamento do conteúdo. Em uma paciente hemodinamicamente estável realiza-se a laparoscopia. gestação abdominal Preocupa se o feto está maior ou se há invasão trofoblástica em órgão ou outro lugar. Nos casos de gestação abdominal retira-se o concepto, mas deixa-se a placenta pelo risco de sangramento no seu sítio de implantação.
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