Literatura Brasileira - Romantismo, Realismo e Naturalismo

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Romantismo, Realismo e Naturalismo no Brasil
QUESTÃO 01
ENADE– LETRAS – 2001
“Importuna Razão, não me persigas;
 Cesse a ríspida voz que em vão murmura;
 Se a lei de Amor, se a força da ternura
 Nem domas, nem contrastas, nem mitigas.”
       ( Bocage )
“(...) o autor que modifica e corrige seu livro para uma segunda edição, ainda que melhore do ponto de vista poético, necessariamente o prejudica.”
    ( Goethe – Werther )
Analisando-se a manifestação do eu lírico na estrofe do poeta português segundo o princípio de composição exposto por Werther, conclui-se que Bocage, nesse poema:
Escolha uma:
a. é típico representante dos cânones que regem a concepção estética dos poetas árcades.
b.  revela comportamento poético que caracterizará a estética romântica.
c. critica o pessimismo típico do mal do século.
d. assume atitude caracteristicamente romântica, como o comprova a presença de personificações.
e. exprime crença na visão do mundo iluminista, restringindo, assim, a livre manifestação dos sentimentos.
QUESTÃO 02
Sobre a concepção romântica do amor e da figura feminina afirmam Antônio Cândido e José Aderaldo Castelo:
“ Ao ideal de pureza do amor, junta-se a noção de direitos do coração, o que frequentemente vai de encontro aos valores sociais e morais. Nesse caso, chega-se mesmo à defesa do amor livre de conveniências ou convenções, só justificado perante Deus. A imagem da mulher triparte-se na mulher pureza que com o seu amor sincero enobrece; na mulher-sedução que se torna corruptora; e naquela que, envilecida, pode ser redimida pelo amor. De qualquer forma, o que prevalece é o amor romântico como força redentora e reintegradora, tanto do homem como da mulher, pela preservação da autenticidade dos sentimentos” (CANDIDO & CASTELO, Presença da Literatura Brasileira – Das Origens ao Realismo)
Levando em conta o excerto acima, assinale a alternativa incorreta:
Escolha uma:
a. os autores expõem que o amar erótico também se manifesta nos textos românticos.
b. a figura feminina não é necessariamente abordada de uma mesma forma no período romântico.
c. os direitos do coração correspondem aos valores sociais e morais da época.
d. o texto não se limita à figura feminina quanto à abordagem da relação amorosa.
e. o ideal de pureza do amor é o que predominantemente caracteriza o amor romântico.
QUESTÃO 03
Nova Poética
Vou lançar a teoria do poeta sórdido.
Poeta sórdido:
Aquele em cuja poesia há a marca suja da vida.
Vai um sujeito,
Saí um sujeito de casa com a roupa de brim branco muito bem engomada, e na primeira esquina passa um caminhão, salpica-lhe o paletó ou a calça de uma nódoa de lama:
É a vida
O poema deve ser como a nódoa no brim:
Fazer o leitor satisfeito de si dar o desespero.
Sei que a poesia é também orvalho.
Mas este fica para as menininhas, as estrelas alfas, as virgens cem por cento e as amadas que envelheceram sem maldade.
( Manuel Bandeira )
 
Assinale a alternativa correta sobre o texto acima:
Escolha uma:
a. o pronome “este”, no penúltimo verso, retoma o vocábulo “leitor”, o qual é criticado pelo eu lírico;
b. a “nódoa no brim” refere-se à poesia de teor realista; já o “orvalho”, à poesia romântica;
c. a nova poética proposta pelo eu lírico consiste na oposição ao poeta sórdido;
d. a linguagem do poema é bastante objetiva, não apresentando metáforas ou palavras no sentido conotativo.
e. a metalinguagem consiste, inclusive, na poesia tematizando a própria poesia, o que não ocorre no texto de Bandeira;
QUESTÃO 04
Nova Poética
Vou lançar a teoria do poeta sórdido.
Poeta sórdido:
Aquele em cuja poesia há a marca suja da vida.
Vai um sujeito,
Saí um sujeito de casa com a roupa de brim branco muito bem engomada, e na primeira esquina passa um caminhão, salpica-lhe o paletó ou a calça de uma nódoa de lama:
É a vida
O poema deve ser como a nódoa no brim:
Fazer o leitor satisfeito de si dar o desespero.
Sei que a poesia é também orvalho.
Mas este fica para as menininhas, as estrelas alfas, as virgens cem por cento e as amadas que envelheceram sem maldade.
( Manuel Bandeira )
 
Assinale a alternativa que apresenta texto equivalente à nova poética proposta por Bandeira:
Escolha uma:
a. “És pura, como uma estrela
           Doce e bela,
      Que treme incerta no mar.”
b. “Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste!
     Criança! Não verás nenhum país como este!
     Olha que céu! Que mar! Que rios! Que floresta!
     A Natureza, aqui perpetuamente em festa,
     É um seio de mãe a transbordar carinhos.
     Vê que vida há no chão! Vê que vida há nos ninhos,(...)”
c. “Só quem ama pode ter ouvido
      Capaz de ouvir e de entender estrelas”
d. “Não te rias de mim, meu anjo lindo!
      Por ti – as noites eu velei chorando,
      Por ti – nos sonhos morrerei sorrindo”.
e. “O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
      A mão que afaga é a mesma que apedreja”
QUESTÃO 05
Nova Poética
Vou lançar a teoria do poeta sórdido.
Poeta sórdido:
Aquele em cuja poesia há a marca suja da vida.
Vai um sujeito,
Saí um sujeito de casa com a roupa de brim branco muito bem engomada, e na primeira esquina passa um caminhão, salpica-lhe o paletó ou a calça de uma nódoa de lama:
É a vida
O poema deve ser como a nódoa no brim:
Fazer o leitor satisfeito de si dar o desespero.
Sei que a poesia é também orvalho.
Mas este fica para as menininhas, as estrelas alfas, as virgens cem por cento e as amadas que envelheceram sem maldade.
( Manuel Bandeira )
 
Assinale a alternativa que não apresenta texto equivalente à nova poética proposta por Bandeira:
Escolha uma:
a. “Introduzo na poesia
     A palavra diarreia
     Não pela palavra fria
     Mas pelo que ela semeia”
b. “Negras mulheres suspendendo às tetas
     Magras crianças cujas bocas pretas
     Rega o sangue das mães”
c. “Perdi o bonde e a esperança
     Volto pálido para casa”
 d. “_Severino retirante, (...)
        É difícil defender
        Só com palavras a vida,
        Ainda mais quando ela é
        Esta que vê, severina”
e. “Na primavera tudo é riso e festa,
     Brotam aromas do vergel florido,
     E o ramo verde de manhã colhido
     Enfeita a fronte da aldeã modesta.” 
QUESTÃO 06
Assinale a alternativa que não apresenta fragmento romântico:
Escolha uma:
a. “Descansem o meu leito solitário/ (...) Á sombra de uma cruz e escrevam nela: /Foi poeta, sonhou e amou na vida”;
b. ““Frouxo o verso talvez, pálida a rima / Por estes meus delírios cambeteia, / Porém odeio o pó que deixa a lima / E o tedioso emendar que gela a veia!”
c. “Não digo que já lhe coubesse a primazia da beleza, entre as mocinhas do tempo, porque isto não é romance em que o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas(...)”; 
d. “É bela a noite, quando grave estende / Sobre a terra dormente o negro manto”;
e. ““Vem, anjo, minha donzela, / Minha alma, meu coração! / Que noite, que noite bela! /Como é doce a viração!”;
QUESTÃO 07
Minha terra não tem palmeiras...
E em vez de um mero sabiá,
Cantam aves invisíveis
Nas palmeiras que não há.
Minha terra tem relógios,
Cada qual com sua hora
Nos mais diversos instantes...
Mas onde o instante de agora?
Mas onde a palavra "onde"?
Terra ingrata, ingrato filho,
Sob os céus da minha terra
Eu canto a Canção do Exílio!
( Uma Canção – Mário Quintana )
Lá?
ah!
sabiá...
papá...
maná...
sofá...
sinhá...
cá?
bah!
(Canção do Exílio Facilitada – José Paulo Paes)
Assinale a alternativa correta:
Escolha uma:
a. a antítese “lá” e “cá” é reforçada nos dois poemas;
b. ambos os textos dialogam com a Canção do Exílio, mas de maneira diferente; 
c. o distanciamento da terra natal é abordada pelos dois poetas;
d.  por serem modernistas, os autores acima optam pelos versos livres e brancos.
e.  ambos os textos mantém a sonoridade rítmica e a métrica do poema original;
QUESTÃO 08
Minha terra não tem palmeiras...
E em vez de um mero sabiá,
Cantam aves invisíveis
Nas palmeiras que não há.
Minha terra tem relógios,
Cada qual com sua hora
Nos mais diversos instantes...
Mas onde o instante de agora?
Mas onde a palavra "onde"?
Terra ingrata, ingrato filho,Sob os céus da minha terra
Eu canto a Canção do Exílio!
( Uma Canção – Mário Quintana )
Lá?
ah!
sabiá...
papá...
maná...
sofá...
sinhá...
cá?
bah!
(Canção do Exílio Facilitada – José Paulo Paes)
 
Assinale a alternativa incorreta:
Escolha uma:
a. no texto de Quintana fica sugerida a temática do carpe diem;
b. no poema de Quintana o questionamento vai além do aspecto espacial;
c. no poema de Paes fica sugerido o apego ao passado.
d. no poema de J P Paes as interjeições ganham grande importância;
e. a idealização romântica presente no texto original é resgatada pelos dois poetas;
QUESTÃO 09
Outro destaque do livro Primeiros Cantos é o poema indianista O Canto do Piaga. Neste, um piaga ou pajé, feiticeiro da tribo, tem a visão de um espectro que lhe faz uma terrível previsão. Eis alguns excertos do poema:
 
“Eis rebenta a meus pés um fantasma,
 Um fantasma d'imensa extensão;
 Liso crânio repousa a meu lado,
 Feia cobra se enrosca no chão. (...)
 
 Por que dormes, Ó Piaga divino?
 Começou-me a Visão a falar,
 Por que dormes? O sacro instrumento
 De per si já começa a vibrar.(...)
 
 Pelas ondas do mar sem limites
 Basta selva, sem folhas, i vem;
 Hartos troncos, robustos, gigantes;
 Vossas matas tais monstros contêm.
 
Traz embira dos cimos pendente
- Brenha espessa de vário cipó -
Dessas brenhas contêm vossas matas,
Tais e quais, mas com folhas; é só!
 
Negro monstro os sustenta por baixo,
Brancas asas abrindo ao tufão,
Como um bando de cândidas garças,
Que nos ares pairando - lá vão.
 
Oh! quem foi das entranhas das águas,
O marinho arcabouço arrancar?
Nossas terras demanda, fareja...
Esse monstro... - o que vem cá buscar?
 
Não sabeis o que o monstro procura?
Não sabeis a que vem, o que quer?
Vem matar vossos bravos guerreiros,
Vem roubar-vos a filha, a mulher! (...)
 
Vem trazer-vos algemas pesadas,
Com que a tribo Tupi vai gemer;
Hão-de os velhos servirem de escravos
Mesmo o Piaga inda escravo há de ser?
 
Fugireis procurando um asilo,
Triste asilo por ínvio sertão;
Anhangá de prazer há de rir-se,
Vendo os vossos quão poucos serão.
 
Vossos Deuses, ó Piaga, conjura,
Susta as iras do fero Anhangá.
Manitôs já fugiram da Taba,
Ó desgraça! ó ruína!! ó Tupá!”
 
Assinale a alternativa correta:
Escolha uma:
a. o indianismo de Gonçalves Dias, seguindo influência do Bom Selvagem de Rousseau, não faz referência ao homem branco e à civilização;
b. quanto à estrutura poemática, quebra-se a contenção emotiva do soneto mas mantêm-se os clássicos versos decassílabos em quartetos ou quadras;
c.  verifica-se, no poema, um traço característico do gênero dramático, a presença de diálogo;
d.  seguindo a linha temática do Romantismo, neste poema, Gonçalves Dias idealiza a condição indígena;
e. o poeta emprega vocábulos como “inda” e “Tupá” com a intenção de dar efeito de coloquialismo ao texto.
QUESTÃO 10
“Eis rebenta a meus pés um fantasma,
 Um fantasma d'imensa extensão;
 Liso crânio repousa a meu lado,
 Feia cobra se enrosca no chão. (...)
 
 Por que dormes, Ó Piaga divino?
 Começou-me a Visão a falar,
 Por que dormes? O sacro instrumento
 De per si já começa a vibrar.(...)
 
 Pelas ondas do mar sem limites
 Basta selva, sem folhas, i vem;
 Hartos troncos, robustos, gigantes;
 Vossas matas tais monstros contêm.
 
Traz embira dos cimos pendente
- Brenha espessa de vário cipó -
Dessas brenhas contêm vossas matas,
Tais e quais, mas com folhas; é só!
 
Negro monstro os sustenta por baixo,
Brancas asas abrindo ao tufão,
Como um bando de cândidas garças,
Que nos ares pairando - lá vão.
 
Oh! quem foi das entranhas das águas,
O marinho arcabouço arrancar?
Nossas terras demanda, fareja...
Esse monstro... - o que vem cá buscar?
 
Não sabeis o que o monstro procura?
Não sabeis a que vem, o que quer?
Vem matar vossos bravos guerreiros,
Vem roubar-vos a filha, a mulher! (...)
 
Vem trazer-vos algemas pesadas,
Com que a tribo Tupi vai gemer;
Hão-de os velhos servirem de escravos
Mesmo o Piaga inda escravo há de ser?
 
Fugireis procurando um asilo,
Triste asilo por ínvio sertão;
Anhangá de prazer há de rir-se,
Vendo os vossos quão poucos serão.
 
Vossos Deuses, ó Piaga, conjura,
Susta as iras do fero Anhangá.
Manitôs já fugiram da Taba,
Ó desgraça! ó ruína!! ó Tupá!”
 
Assinale a alternativa incorreta:
Escolha uma:
a. coerente com a cultura indígena, a fala do espectro apresenta metonímias referentes à natureza brasileira;
b. embora Gonçalves Dias seja um poeta romântico, a revelação do espectro prenuncia uma visão realista;
c.  a escravidão do índio pelo branco é um dos temas do poema.
d. sugere-se, no texto, a influência do Bom Selvagem de Rousseau e não a visão do índio com as características de um cavaleiro medieval;
e. as estrofes 3, 4 e 5 fazem referência às esquadras portuguesas ou europeias;
QUESTÃO 11
Pálida à luz da lâmpada sombria,
Sobre o leito de flores reclinada,
Como a lua por noite embalsamada,
Entre as nuvens do amor ela dormia!
Era a virgem do mar, na escuma fria
Pela maré das águas embalada!
Era um anjo entre nuvens d'alvorada
Que em sonhos se banhava e se esquecia!
Era mais bela! o seio palpitando
Negros olhos as pálpebras abrindo
Formas nuas no leito resvalando
Não te rias de mim, meu anjo lindo!
Por ti - as noites eu velei chorando,
Por ti - nos sonhos morrerei sorrindo!
 ( Álvares de Azevedo )
 
Assinale a alternativa correta sobre o texto:
Escolha uma:
A. a forma verbal “dormia” está no sentido próprio ou denotativo.
B. verifica-se, no texto, a oscilação da natureza que envolve a imagem da amada.
C. o sentimentalismo exagerado ultrarromântico faz com que o poeta opte pela hipérbole e não pelo eufemismo em vários vocábulos e expressões da primeira estrofe.
D. Álvares da Azevedo opta pela liberdade de expressão romântica no que diz respeito à estrutura poemática.
E.  no poema acima, o plano da realidade se sobrepõe à evasão romântica.
QUESTÃO 12
Pálida à luz da lâmpada sombria,
Sobre o leito de flores reclinada,
Como a lua por noite embalsamada,
Entre as nuvens do amor ela dormia!
Era a virgem do mar, na escuma fria
Pela maré das águas embalada!
Era um anjo entre nuvens d'alvorada
Que em sonhos se banhava e se esquecia!
Era mais bela! o seio palpitando
Negros olhos as pálpebras abrindo
Formas nuas no leito resvalando
Não te rias de mim, meu anjo lindo!
Por ti - as noites eu velei chorando,
Por ti - nos sonhos morrerei sorrindo!
 ( Álvares de Azevedo )
 
Assinale a alternativa incorreta sobre o texto:
Escolha uma:
a. o poema, como um todo, enquadra-se na vertente irônica da binomia de Lira dos Vinte Anos.
b.  sugere-se , no texto, a morte como algo sublime, possibilitando a união das almas.
c. na segunda estrofe, enfatiza-se a figura feminina num plano espiritual.
d. na terceira estrofe, vem à tona o platonismo erotizado.
e. na primeira estrofe, a figura feminina é idealizada, mesmo estando morta.
QUESTÃO 13
ENADE ( 2005 )
  O texto abaixo, de Antônio Cândido, exemplifica o trabalho do crítico.
Em Gonçalves Dias, sentimos que o espírito pesa as palavras, em Castro Alves, que as palavras arrastam o espírito na sua força incontida. Situado não apenas cronologicamente entre ambos, Álvares de Azevedo é um misto dos dois processos. Na melhor parte de sua obra, as palavras se ordenam com medida, indicando que a emoção logrou realizar-se pelo encontro da expressão justa. Infelizmente, porém, (...) se na sua obra propriamente lírica existe não raro uma serena contenção, a que lhe deu fama e definiu a sua maneira própria, caracterizando-se pela tendência à digressão e à prodigalidade verbal, que o tornaram com o passar do tempo, o poeta desacreditado de nossos dias.
  (Formação da Literatura Brasileira: momentos decisivo)
Considere as afirmações que seguem:
I – A crítica implica uma valoração, resultante das relações que o crítico estabelece entre os elementos constitutivos da obra analisada e a série literária.
II – Em cada situação específica, a crítica incide na análise independente de um dos três aspectos do fenômeno literário: ou o produtor, ou a obra, ou o público.
III – É tarefa do crítico prescreverleituras que, ao suprirem certas necessidades do ser humano, atendam às expectativas do público.
Confirma-se no texto de Antônio Cândido o que se declara corretamente sobre a crítica APENAS em:
Escolha uma:
a. III
b.  I
c. I e II
d. II
e. II e III
QUESTÃO 14
ENADE  (2000)
Comparando-se as obras poéticas de Álvares de Azevedo e de Castro Alves, com base nos elementos que melhor e mais intensamente caracterizam seus respectivos estilos, evidencia-se o fato de que:
Escolha uma:
a. a poesia do primeiro está mais naturalmente afinada ao lirismo romântico que a do segundo, já que o poeta baiano descuida da vertente da poesia amorosa em função dos compromissos que assume com os movimentos libertários do final do século.
b. a idealização romântica do amor está presente em ambos, com tonalidades distintas, mas apenas o segundo se deixou atrair pelo condoreirismo, com o qual ganham altura os símbolos e as alegorias que servem ao poeta em sua missão. 
c. a representação dos sentimentos amorosos não guarda qualquer diferença quanto à atitude do eu lírico em ralação à mulher, mas na poesia de Castro Alves há momentos de sátira e de paródia, que não são admitidos na de Álvares de Azevedo.
d. a retórica de Castro Alves serve enfaticamente à representação de certas causas históricas, ao passo que o tom intimista dos versos de Álvares de Azevedo compromete a maior parte dos poemas dedicados àquelas mesmas causas.
e. a afirmação dos valores próprios da cultura nacional é mais enfática na Lira dos Vinte Anos que em Espumas Flutuantes, dado que a obra de Álvares de Azevedo ainda se deixa reger pela necessidade de afirmação da nossa independência.
QUESTÃO 15
“Sim, leitor benévolo, e por esta ocasião te vou explicar como nós hoje em dia fazemos a nossa literatura. Já me não importa guardar segredo; depois desta desgraça, não me importa já nada. Saberás, pois, ó leitor, como nós outros fazemos o que te fazemos ler”.
      Trata-se de um romance, de um drama. Cuidas que vamos estudar a História, a natureza, os monumentos, as pinturas, os sepulcros, os edifícios, as memórias da época? Não seja pateta, senhor leitor, nem cuide que nós o somos. Desenhar caracteres e situações do vivo da natureza − colori-los das cores verdadeiras da História… Isso é trabalho difícil − longo − delicado; exige um estudo, um talento, e sobretudo um tacto!… Não, senhor, a coisa faz-se muito mais facilmente. Eu lhe explico.
   − Todo o drama e todo o romance precisa de: Uma ou duas damas, Um pai, Dois ou três filhos de dezenove a trinta anos, Um criado velho, Um monstro, encarregado de fazer as maldades, Vários tratantes, e algumas pessoas capazes para intermédios.
      Ora bem; vai-se aos figurinos franceses de Dumas, de Eugénio Sue, de Vítor Hugo, e recorta a gente, de cada um deles, as figuras que precisa, gruda-as sobre uma folha de papel da cor da moda, verde, pardo, azul – como fazem as raparigas inglesas aos seus álbuns e scrap-books; forma com elas os grupos e situações que lhe parece; não importa que sejam mais ou menos disparatados. Depois vai-se às crônicas, tiram-se uns poucos de nomes e palavrões velhos; com os nomes crismam-se os figurões; com os palavrões iluminam-se… (estilo de pintor pinta-monos). – E aqui está como nós fazemos a nossa literatura original. “
(Almeida Garrett – Viagens na Minha Terra – Cap. V)
    A questão seguinte refere-se ao excerto acima transcrito do romance Viagens na Minha Terra do escritor romântico português Almeida Garrett.
 
Assinale a alternativa correta:
Escolha uma:
A. embora escrita durante o Romantismo, na obra o narrador refere-se ironicamente ao processo de criação artística neste período literário.
B. não há traços de técnica folhetinesca no excerto, fazendo-nos pressupor que a obra foi publicada de pronto como romance.
C. trata-se de um trecho essencialmente narrativo e não digressivo, visto que o narrador, ao explicar o processo de criação literária, faz emergir no texto a metalinguagem.
D.  o narrador se mostra favorável aos escritores de seu tempo por buscarem influências em grandes gênios literários franceses.
E.  não há referência à presença da visão maniqueísta romântica nas obras da época, por isso o narrador exalta a originalidade obtida no processo de criação de personagens nos autores de seu tempo.
QUESTÃO 16
“Sim, leitor benévolo, e por esta ocasião te vou explicar como nós hoje em dia fazemos a nossa literatura. Já me não importa guardar segredo; depois desta desgraça, não me importa já nada. Saberás, pois, ó leitor, como nós outros fazemos o que te fazemos ler”.
      Trata-se de um romance, de um drama. Cuidas que vamos estudar a História, a natureza, os monumentos, as pinturas, os sepulcros, os edifícios, as memórias da época? Não seja pateta, senhor leitor, nem cuide que nós o somos. Desenhar caracteres e situações do vivo da natureza − colori-los das cores verdadeiras da História… Isso é trabalho difícil − longo − delicado; exige um estudo, um talento, e sobretudo um tacto!… Não, senhor, a coisa faz-se muito mais facilmente. Eu lhe explico.
   − Todo o drama e todo o romance precisa de: Uma ou duas damas, Um pai, Dois ou três filhos de dezenove a trinta anos, Um criado velho, Um monstro, encarregado de fazer as maldades, Vários tratantes, e algumas pessoas capazes para intermédios.
      Ora bem; vai-se aos figurinos franceses de Dumas, de Eugénio Sue, de Vítor Hugo, e recorta a gente, de cada um deles, as figuras que precisa, gruda-as sobre uma folha de papel da cor da moda, verde, pardo, azul – como fazem as raparigas inglesas aos seus álbuns e scrap-books; forma com elas os grupos e situações que lhe parece; não importa que sejam mais ou menos disparatados. Depois vai-se às crônicas, tiram-se uns poucos de nomes e palavrões velhos; com os nomes crismam-se os figurões; com os palavrões iluminam-se… (estilo de pintor pinta-monos). – E aqui está como nós fazemos a nossa literatura original. “
(Almeida Garrett – Viagens na Minha Terra – Cap. V)
 
 Assinale a alternativa incorreta:
Escolha uma:
A.  embora a obra seja um romance, o narrador faz referência também a outro gênero literário.
B. a abordagem do narrador, no processo de criação literária, limita-se ao enredo, sugerido no termo “situações”.
C. o estudo referido no excerto pressupõe inclusive a criação do espaço e do tempo no texto de ficção.
D. no excerto, evidencia-se o processo de criação de personagens, além de outros elementos da narrativa.
E. é possível pressupor que o narrador fala pelo autor, incluindo-se entre os que produzem textos de ficção em sua época.
QUESTÃO 17
Leia o fragmento da obra O Guarani, de José de Alencar para responder a questão
"De um dos cabeços da Serra dos Órgãos desliza um fio de água que se dirige para o norte, e engrossado com os mananciais que recebe no seu curso de dez léguas, torna-se rio caudal.
     É o Paquequer: saltando de cascata em cascata, enroscando-se como uma serpente, vai depois se espreguiçar na várzea e embeber no Paraíba, que rola majestosamente em vasto leito. Dir-se-ia que vassalo e tributário desse rei das águas, o pequeno rio, altivo e sobranceiro contra os rochedos, curva-se humildemente aos pés do suserano. Perde, então, a beleza selvática; suas ondas resvalam sobre elas: escravo submisso, sofre o látego do senhor."
    Não é neste lugar que ele deve ser visto; sim três ou quatro léguas acima de sua foz, onde é livre ainda, como o filho indômito desta pátria da liberdade.
   Aí, o Paquequer lança-se rápido sobre o seu leito, e atravessa as florestas como o tapir, espumando, deixando o pêlo esparso pelas pontas do rochedo, e enchendo a solidão com o estampido de sua carreira. De repente, falta-lhe o espaço, foge-lhe a terra; o soberbo rio recua um momento para concentrar as suas forças, e precipita-se de um só arremesso, como o tigre sobre a presa.
   Depois, fatigado do esforço supremo, se estende sobre a terra, e adormece numa linda bacia que a natureza formou, e onde o recebe como em um leito de noiva, sob as cortinas de trepadeiras e flores agrestes.A vegetação nessas paragens ostentava outrora todo o seu luxo e vigor; florestas virgens se estendiam ao longo das margens do rio, que corria no meio das arcarias de verdura e dos capitéis formados pelos leques das palmeiras.”
Considere as afirmações abaixo e assinale alternativa correta:
I. O texto é predominantemente descritivo, apresentando marcas da função emotiva da linguagem pela presença de símiles e prosopopeias.
II. O medievalismo romântico se manifesta no texto, na medida em que os rios Paraíba e Paquequer são caracterizados como “vassalo” e “suserano” respectivamente.
III. O excerto expõe o espaço da narrativa, visto que não há índice temporal no texto.
IV .O contexto histórico relativo ao tempo da enunciação, elemento externo da obra, não se interioriza no texto.
Escolha uma:
a. Estão corretas todas as afirmações.
b. . Estão corretas somente as afirmações  II e IV
c. Estão corretas somente as afirmações I e III.
d.  Está correta somente a afirmação I.
e. Estão corretas as afirmações I e II
QUESTÃO 18
“— Peri é um selvagem, disse o índio tristemente; não pode viver na taba dos brancos.
— Por quê? perguntou a menina com ansiedade. Não és tu cristão como Ceci?
— Sim; porque era preciso ser cristão para te salvar; mas Peri morrerá selvagem como Ararê.
— Oh! não, disse a menina, eu te ensinarei a conhecer Deus, Nossa Senhora, as suas virgens e os seus anjinhos. Tu viverás comigo e não me deixarás nunca!
— Vê, senhora: a flor que Peri te deu já marchou porque saiu de sua planta; e a flor estava no teu seio. Peri na taba dos brancos, ainda mesmo junto de ti, será como esta flor; tu terás vergonha de olhar para ele.
— Peri!... exclamou a menina ofendida.
— Tu és boa; mas todas as que têm a tua cor, não têm o teu coração. Li o selvagem seria um escravo dos escravos; e quem nasceu o primeiro, pode ser teu escravo; mas é senhor dos campos, e manda aos mais fortes.(...)
     Fitando então no seu amigo os lindos olhos azuis, disse com o tom grave e lento que revela um pensamento profundamente refletido e uma resolução inabalável.
— Peri não pode viver junto de sua irmã na cidade dos brancos, sua irmã fica com ele no deserto, no meio da floresta.(...)
— Cecília fica no deserto?... balbuciou ele.
— Sim! respondeu a menina tomando-lhe as mãos: Cecília fica contigo e não te deixará. Tu és rei destas florestas, destes campos, destas montanhas; tua irmã te acompanhará.
— Sempre?...
— Sempre... Viveremos juntos como ontem, como hoje, como amanhã. Tu cuidas?... Eu também sou filha desta terra; também me criei no seio desta natureza. Amo este belo pais!...”
(O Guarani – José de Alencar )
Assinale a alternativa incorreta:
Escolha uma:
A.  no contexto da obra, a decisão de Ceci traduz o entrelaçamento da civilização branca europeia e da cultura natural indígena
B. o contexto histórico relativo ao tempo da enunciação, elemento externo da obra, se interioriza no texto literário pela fala da branca Ceci.
C. o discurso do índio interioriza no texto literário um elemento externo da obra, a tese do iluminista Rousseau
D. em seu discurso, Peri utiliza elementos de sua cultura e de seu habitat para se referir à civilização.
E. por ser representante da raça branca, a fala de Ceci em nenhum momento se estrutura na sintaxe indígena presente nas falas do índio Peri.
QUESTÃO 19
“ O regionalismo, [que] desde o início do nosso romance constituiu uma das principais vias de autodefinição da consciência local, com José de Alencar, Bernardo Guimarães, Franklin Távora, Taunay, transforma-se agora no "conto sertanejo", que alcança voga surpreendente. Gênero artificial e pretensioso, criando um sentimento subalterno e fácil de condescendência em relação ao próprio país, a pretexto de amor da terra, ilustra bem a posição dessa fase que procurava, na sua vocação cosmopolita, um meio de encarar com olhos europeus as nossas realidades mais típicas.”
(Antônio Cândido – Literatura e Cultura de 1900 a 1944)
 Considere as afirmações abaixo e assinale alternativa correta:
I – Cândido, em seu estudo crítico, reconhece como legítima e autêntica a busca da identidade nacional proposta pelos românticos.
 
II – os autores citados pelo crítico escreveram os respectivos romances regionalistas: O Gaúcho, Inocência e O Cabeleira.
III – Cândido, em seu estudo, não se restringe à produção literária regionalista do período romântico.
Escolha uma:
A. estão corretas as afirmações II e III
B. está correta apenas a afirmação III
C. está correta apenas a afirmação I
D. estão corretas todas as afirmações
E. está correta apenas a afirmação II
QUESTÃO 20
“ (...) o externo (no caso, o social) importa, não como causa, nem como significado, mas como elemento que desempenha um certo papel na constituição da estrutura, tornando-se, portanto, interno.(...)
Tomemos um exemplo simples: o do romance Senhora, de José de Alencar. Como todo livro desse tipo, ele possui certas dimensões sociais evidentes, cuja indicação faz parte de qualquer estudo, histórico ou crítico: referências a lugares, modas, usos; manifestações de atitudes de grupo ou de classe; expressão de um conceito de vida entre burguês e patriarcal. Apontá-las é tarefa de rotina e não basta para definir, o caráter sociológico de um estudo.
Mas acontece que, além disso, o próprio assunto repousa sobre condições sociais que é preciso compreender e indicar, a fim de penetrar no significado. Trata-se da compra de um marido; e teremos dado um passo adiante se refletirmos que essa compra tem um sentido social simbólico, pois é ao mesmo tempo representação e desmascaramento de costumes vigentes na época, como o casamento por dinheiro. Ao inventar a situação crua do esposo que se vende em contrato, mediante pagamento estipulado, o romancista desnuda as raízes da relação, isto é, faz uma análise socialmente radical, reduzindo o ato ao seu aspecto essencial de compra e venda. Mas, ao vermos isto, ainda não estamos nas camadas mais fundas da análise, — o que só ocorre quando este traço social constatado é visto funcionando para formar a estrutura do livro.”
(Antônio Cândido – Literatura e Sociedade)
Assinale a alternativa correta sobre o estudo crítico de Cândido e a obra Senhora como um todo:
Escolha uma:
A. o foco no enredo da obra não implica um avanço na análise dos aspectos sociais interiorizados no romance Senhora.
B. o elemento externo à obra Senhora é a idealização da sociedade burguesa do século XIX.
C. segundo Cândido, o contexto social em nada contribui para uma análise profunda do texto literário.
D. o foco no espaço da narrativa é o suficiente para uma análise dos aspectos sociais interiorizados no  texto literário.
E. a divisão da obra em quatro partes, sugerindo uma transação comercial é relevante na análise dos aspectos sociais interiorizados no romance Senhora.