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Interfaces da Matemática com a Física: Oscilações e Ondas Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Dr. Márcio Eugen Klingenschmid Lopes dos Santos Revisão Textual: Profa. Esp. Márcia Ota Princípios das Oscilações • Introdução • Funções horárias • Exercícios de Aplicação Apresentar os conceitos e aplicações dos conteúdos de: · Pêndulo; · Movimento Harmônico simples e Movimento Circular Uniforme; · Movimento Harmônico simples Amortecido; · Ressonância. OBJETIVO DE APRENDIZADO Iniciamos mais uma Unidade da Disciplina de Interfaces da Matemática com a Física: Oscilações e Ondas com o tema princípios das oscilações. Ao término desta Unidade, desejamos que você seja capaz de resolver atividades envolvendo o estudo de oscilações. Para tanto, realize a leitura dos textos indicados, acompanhe e refaça todos os exemplos, bem como anote suas dúvidas. Assim sendo, fique atento às atividades avaliativas e aos prazos de entrega. Tenha um ótimo estudo! ORIENTAÇÕES Princípios das Oscilações UNIDADE Princípios das Oscilações Contextualização O Relógio de Pêndulo Texto extraído do site do Museu de Astronomia e Ciências Afins, intitulado “O Relógio de Pêndulo”. www.mast.br Ex pl or Os instrumentos mecânicos utilizados para marcar o tempo surgiram por volta do século 12. Eram bens simples, sem mostrador, e utilizavam sinos para marcar momentos importantes do dia, quase sempre relacionados com eventos religiosos. Mais tarde, grandes relógios de torreão, com mostrador e um único ponteiro, foram instalados em lugares bem visíveis. Esses modelos, mais complexos, atrasavam ou adiantavam cerca de um quarto de hora por dia. Christian Huygens A revolução na marcação do tempo foi dada com a invenção do relógio de pêndulo, cujo princípio foi concebido por Galileu Galilei. O físico holandês Christian Huygens aperfeiçoou e materializou a ideia em 1656. O relógio de pêndulo atrasava cerca de 15 segundos por dia, ou um minuto a cada quatro dias, o que representava um enorme avanço em relação aos relógios mecânicos da época e permitiu o surgimento do ponteiro dos minutos, idealizado por Huygens. Um esboço inicial de Christian Huygens sobre o movimento pendular e um gráfico sobre este estudo , em “Da força centrífuga” (De vi centrifuga, em “Ouevres Complétes, Vol. XVI) 6 7 O relógio de pêndulo Ao observar a forma como os candelabros da Catedral de Pisa oscilavam, Galileu Galilei surpreendeu-se com o fato de os mesmos oscilarem num mesmo período de tempo, ainda que as amplitudes de oscilação fossem diferentes. O Pêndulo O evento cíclico que serve de base para a marcação do tempo é proveniente do movimento do pêndulo inserido no relógio. Um pêndulo simples é um sistema mecânico que consiste de um objeto maciço, acoplado à extremidade de uma haste muito mais leve do que o objeto. Quando afastado de sua posição de equilíbrio e liberado, o pêndulo oscilará em um plano vertical sob a ação da gravidade. O tempo gasto pelo pêndulo para realizar uma oscilação completa é chamado “período do movimento”. Este movimento comandará o movimento das engrenagens que constituem o relógio. Para pequenas oscilações, o período do movimento do pêndulo é influenciado apenas pela aceleração da gravidade e o comprimento do pêndulo. Considerando a aceleração da gravidade como constante, quanto maior o comprimento do pêndulo, maior será o tempo necessário para o conjunto executar uma oscilação completa. Os relógios de pêndulo são construídos tendo como base o comprimento do pêndulo associado ao seu conjunto de engrenagem. A palavra relógio é uma simplificação do original “horológio”, instrumento para marcar as horas— que por sua vez têm origem na mitologia grega. As Horas são deusas, filhas de Zeus e da titâ nide Themis. Elas presidiam tanto a ordem moral - a Disciplina, a Paz e a Justiça - como a ordem da natureza: as estações do ano. É justamente do grego “hôrai” que deriva o moderno “hora”. A palavra grega designava apenas “intervalos de tempo” referentes às estações do ano. Posteriomente, com a subdivisão intervalo de tempo, a palavra ganhou outros significados. Hoje uma hora corresponde a 60 minutos. 7 UNIDADE Princípios das Oscilações Energia Um relógio de pêndulo não funciona indefinidamente. Ele oscila por um certo tempo, até parar por causa do atrito entre as engrenagens e eixos que o compõem. Assim, é necessário fornecer energia constantemente para um relógio de pêndulo, se quisermos que ele trabalhe de forma autônoma por um longo tempo. Mas como isso é feito? O “peso” do relógio de pêndulo armazena e fornece energia para seu funcionamento. Quando o peso é elevado, é fornecida energia potencial gravitacional a ele. À medida que o “peso” desce, a energia potencial gravitacional armazenada é transformada em energia cinética nas engrenagens do relógio. Sistema de escape Esse sistema é formado por duas peças: a roda de escape (ligada ao “peso” e às engrenagem do relógio) e a âncora, que é ligada ao pêndulo. Tal conjunto é responsável por transmitir o período de oscilação do pêndulo para as engrenagens do relógio. A âncora trabalha liberando e travando a movimentação da roda de escape, de forma que esta adquire a mesma marcha produzida pelo movimento do pêndulo. A roda de escape entra em movimento em função da descida do “peso” a que está ligada. É devido ao contato da âncora com a roda de escape que os relógios de pêndulo fazem o “tic-tac”. 8 9 O que faz os ponteiros de um relógio se movimentarem? O movimento adquirido pela roda de escape do relógio é transmitido ao sistema de engrenagens, que começam a rodar. Estas, por sua vez, estão ligadas aos ponteiros e os fazem girar. Para que o processo aconteça, podem ser utilizadas duas formas de arranjos de transmissão. Velocidade angular Com certeza você já viu ou andou em um carrossel. Nesse brinquedo, diversos cavalinhos, carrinhos, aviões ou outros objetos que servem de assento giram ao redor de um eixo vertical. No movimento circular do carrossel todas as crianças têm a mesma velocidade angular, independente do assento que estiverem ocupando. Elas percorrem o mesmo ângulo em intervalos de tempos iguais. Mas as distâncias percorridas não são as mesmas. No mesmo intervalo de tempo, as crianças mais próximas ao eixo de rotação percorrerão distâncias menores do que aquelas sentadas em posições mais afastadas do eixo central. Por isso, a velocidade linear será maior quanto maior a distância ao eixo de rotação. Fonte do texto: http://goo.gl/FVHDuK Ex pl or Reflita: 1) Que relação existe entre o tamanho do pêndulo e o período? 2) Qual a infl uência da aceleração da gravidade sobre um pêndulo? Hipoteticamente, se ela se modifi car o que acontece? 3) Qual é o princípio de funcionamento dos relógios a pêndulo? 4) Existem outras aplicações para o pêndulo? Ex pl or 9 UNIDADE Princípios das Oscilações Introdução Todos nós já brincamos em um balanço ou pulamos corda. Além disso, gostávamos de observar as ondas formadas na água quando ficávamos em cima de uma boia na piscina num dia de Sol. Importante destacar que todos esses eventos são intrinsecamente ligados com a Física. Ao longo desta unidade, apresentaremos o movimento harmônico simples, suas relações com o movimento circular uniforme e as equações horárias para esse tipo de movimento. MHS – MCU O movimento harmônico simples mantém relação com o movimento circular uniforme, pois ao se repetir em intervalos de mesmo valor de tempo de forma sucessiva o torna um movimento tipicamente periódico. O intervalo de tempo é chamado de período T e é o intervalo de repetição do movimento, ou seja, o tempo para efetuar uma volta ou um ciclo. A unidade de tempo usual é o segundo (s), mas pode ser expresso em minutos (min) ou horas (h). A quantidade de vezes que um movimento se repete em um intervalo de tempo recebe o nome de frequência, sua unidade de medida é o hertz (Hz). O quadro apresentao movimento de uma partícula em um movimento circular uniforme em uma circunferência e percebe-se que, simultaneamente, ocorre um movimento harmônico simples. Com suas projeções vertical e horizontal (na figura, por questão de clareza, só é representada a projeção horizontal). MCU MCU MCUMCU xMHS xMHS x MHS x MHS 10 11 Na figura a seguir é possível verificar que, enquanto o movimento circular uniforme acontece e o movimento harmônico simples estiver passando pelo ponto A e B, esses valores serão projetados em grandezas verdadeiras, que podemos expressar: R x a a v máx cp = = = = amáx 0 C D B A x P Vc ac aV x R Outro ponto a ser considerado é o momento em que a partícula estiver sobre os pontos C e D, onde os vetores de R e acp estarão com suas projeções com valores nulas. X, no MHS, é chamada “elongação”. Podemos, então, escrever: vc=vmáx x = = a 0 0 Funções horárias As funções horárias da posição (elongação), que é a posição em função do tempo x x t= ( ), da velocidade v v t= ( ) e da aceleração, a = a t( ) serão discutidas ao longo deste tópico em maiores detalhes. É importante relembrar algumas expressões que serão utilizadas em conjunto com as funções horárias, que serão apresentadas a seguir: • Velocidade Angular ou Pulsação (para o caso do MHS): Ω T = 2π 11 UNIDADE Princípios das Oscilações • Aceleração Centrípeta: acp = -Ω2 . R • Função horária da fase do movimento: ϕ ϕ= +0 Ω t . • Velocidade linear: v Ω= . R Iniciaremos com a função horária da elongação ou posição. Na figura a seguir podemos observar que se forma um triângulo entre os pontos OQP. Então, é possível calcular o cosseno do ângulo ϕ que é a relação entre o cateto adjacente x e pela a hipotenusa A, que tem o valor do raio da circunferência R. Assim, temos que: cos x A ϕ = Isolando o valor de x, temos: x A= cos . ϕ A fase, em função do tempo, é: ϕ ϕ= +0 Ω t . Teremos: x A Ωt fi= +( ) . cos 0 x x A O P Q φ 12 13 Partimos, agora, para a obtenção da função horária da velocidade em um movimento harmônico simples. Na figura a seguir pode-se observar a representação de um pequeno triângulo, onde a velocidade tem sinal contrário à orientação do eixo x, pois nesta fase o movimento é retrógrado. Logo, temos que: φ φ ν ν ν2 sen v v2 = ϕ Isolando o valor de v, temos: v v sen2= − . ϕ Sabendo que v Ω A2 = . , escrevemos: v Ω A sen= − . . ϕ Finalmente, a velocidade para o MHS é dada por: v ΩA sen Ωt fi= − +( ) . 0 Seguindo o mesmo procedimento, agora, trataremos a função horária da aceleração para o movimento harmônico simples. Observando o pequeno triângulo formado em P com ângulo ϕ, em que o cateto adjacente representa a aceleração e a hipotenusa é dada pela aceleração centrípeta. Podemos, então, determinar a função horária da aceleração com base nessas informações: xO acp P’a P φ φ a 13 UNIDADE Princípios das Oscilações cos acp ϕ a= − Sabendo que a aceleração centrípeta é dada por acp=-Ω2 . A que, temos : a ϕ= −Ω A cos2 . Finalmente, obtemos a expressão para a aceleração no MHS: a =− +( )Ω A cos Ωt fi2 0 . ou a (t) = −Ω x(t)2. pois: x A Ωt fi= +( ) . cos 0 As unidades usuais para a medida de ângulo é o radiano (rad) e para velocidade angular é o radiano por segundo (rad/s). As funções aqui desenvolvidas necessitam do conhecimento da fase inicial do movimento (ϕ0 ), que trataremos agora. O circulo trigonométrico nos auxiliará na tarefa em descobrir a fase inicial de um movimento harmônico simples, uma vez que irá corresponder a um ângulo inicial no movimento circular uniforme. O ângulo ϕ0 será a fase incial. Exemplo 1: Certa partícula realiza um movimento harmônico simples com a=0,05m e velocidade máxima de π m/s. Determine o período desse movimento. Solução: a =0,05m v Max = π m/s Sabendo que a expressão da velocidade é dada por: v Ω A sen Ωt= − +( ) . . ϕ0 14 15 O máximo v acontece quando sen Ωt+( ) = −1ϕ0 Logo : Vmáx = Ω A . Ω A T s = 2 . T 2 . T 2 . T 0,05 π π π π π = = = . . ,0 10 Exemplo 2: Uma partícula realiza um movimento harmônico simples, segundo função x t= + 3 5 2 . cos .π π . Determine a amplitude, pulsação e fase inicial do movimento utilizando o Sistema Internacional de Unidades. Resolução: A Função Numérica: x t= + 3 5 2 . cos .π π . Função Genérica: x = A . cos(Ω . t + φ0). A amplitude é A= 3 A pulsação é : Ω= π 5 rad/s. A fase inicial é ϕ0 π 2 = . Exemplo 3: Considere que um corpo está preso à extremidade de uma mola. Sabendo que o corpo está em MHS entre dois pontos A e B, distantes 80 cm um do outro, determine a amplitude e o período do MHS. Solução: Os extremos A e B é o ponto O. Logo, o ponto de equilíbrio. 2 80 40 A cm A cm = = 15 UNIDADE Princípios das Oscilações Pêndulo Vamos relembrar um pouco sobre o pêndulo, destacando que seu movimento é periódico. Além disso, o ângulo formado pelo movimento do pêndulo recebe o nome de amplitude para pequenos valores de ângulo, pois, neste caso, podemos dizer que o movimento oscilatório torna-se um MHS. Podemos determinar o valor do período T das oscilações pela relação: T L g = 2 . .π Em que onde: • g é a aceleração da gravidade; • L é o comprimento do pêndulo em metros. Exemplo 1: Um pêndulo tem como período aproximado 2s. Sabendo que a aceleração da gravidade local é como g = 10 m/s2, determine o comprimento aproximado desse pêndulo: Solução: L = ? g = 10 m/s2 T = 2s T L g L L = = 2 2 2 10 10 10 2 = 2 . . . . . . . π π π. 22 6 2831.= = , L L L L 3,16623 . 2 6,2831 . 6,3246 = 6,2831 . = (1,0066) L = (1,0066)2 L = 1,013m 16 17 Ressonância O recebimento de energia na mesma frequência de oscilação faz com que o oscilador acumule essa energia e comece a oscilar com amplitudes maiores. Nesse caso, dizemos que está havendo ressonância. Um exemplo disso é fazer com que uma pessoa em um balanço receba empurrões com certa periodicidade e mesma frequência do próprio balanço; isso fará com que a amplitude do movimento seja cada vez maior. Da mesma forma quando um cantor consegue atingir a mesma frequência de vibração de uma taça de cristal, a mesma se quebra em decorrência do fenômeno da ressonância. Exercícios de Aplicação Os exercícios a seguir trazem os conceitos estudados nesta unidade. Tente resolvê-los e, depois, compare com as expectativas de respostas indicadas abaixo de cada um dos exercícios. Bom estudo! Exercício 1: Um pequeno objeto está em MHS entre dois pontos A e B, distantes 40 cm um do outro, e gasta 0,5 segundo para ir de A a B. Determine a frequência do MHS. Expectativa de Resposta: 2 40 20 A cm, A cm. = = Como o corpo gasta 0,5 segundo para ir de A a B, também, gasta 0,5 para ir de B a A. T= 2 . 0,5s T = 1s f T f f Hz = = = 1 1 1 1 17 UNIDADE Princípios das Oscilações Exercício 2: Uma determinada partícula realiza um MHS com A = 0,1m e velocidade máxima de π m/s. Qual é o período desse movimento harmônico simples? Expectativa de Resposta: A =0,1m v Max = π m/s Sabendo que a expressão da velocidade é dada por: v = -Ω . A . sen(Ωt + φ0) O máximo v acontece quando sen(Ωt + φ0) = 1 = -1 , isto é, quando a fase é igual a pi. Logo : Ω T T a T T s = = = = 2 2 2 0 1 0 2 . . . . . , , π π π π π Exercício 3: Sabe-se que um pêndulo apresenta um período T. Considerando a aceleração da gravidade local igual a g= 10 m/s2 e sabendo que o comprimento aproximado do pêndulo é de 1m, determine o período. Expectativa de Resposta: L = 1m g = 10 m/s2 T = ? T L g T T = = = 2 2 1 10 2 . .0,316 . . . . π π π T = 6,28 . 0,316 T = 1,98448s 18 19 Material Complementar Para aprofundar mais seus estudos sobre oscilações, consulte as indicações a seguir: Livros Física Completa - Volume único BONJORNO, Regina Azenha. FTD, São Paulo 2001. Sites http://www.sofisica.com.br/conteudos/Ondulatoria/MHS/forcanomhs.phphttp://www.infoescola.com/fisica/movimento-harmomico-simples-mhs/ http://www.brasilescola.com/fisica/movimento-harmonico-simples.htm Leitura O ensino da Física para alunos portadores de deficiência auditiva através de imagens: módulo conceitual sobre movimentos oscilatórios A dissertação de mestrado intitulada “O ensino da Física para alunos portadores de deficiência auditiva através de imagens: módulo conceitual sobre movimentos oscilatórios.” Apresenta mostra uma interessante intervenção de com alunos com deficiência auditiva para o desenvolvimento conteúdos até então realizados somente em sala de aula com uso de aula tradicional. O autor é José Bernardo Menescal Conde, teve sua dissertação apresentada e defendida na Universidade Federal do Rio de Janeiro em 2011. O trabalho pode ser encontrado por meio desse endereço: http://goo.gl/KAcG4R 19 UNIDADE Princípios das Oscilações Referências BONJORNO, Regina Azenha. Física Completa - Volume único. FTD, São Paulo 2001. FUKE,L.F; CARLOS, T.S;KAZUHITO, Y. Os Alicerces da Física: Termologia Óptica Ondulatória, Editora Saraiva, São Paulo, 1998. HALLIDAY, D; RESNICK,R; WALKER, J. Fundamentos da física 2: gravitação, ondas e termodinãmica. Editora LTC, São Paulo, 2004. CALÇADA, S.C; SAMPAIO, J.L. Física Clássica: Óptica e Ondas. Editora Atual, São Paulo, 1995. 20
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