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23/02/2020 1 Alterações Cadavéricas Profa. Mariane Borges Patologia especial • Saúde e Doença = interligação • Unicasualidade (séc. XX) = um agente etiológico • Conceito Saúde-Doença: fatores biológicos, sócio- econômicos, culturais e ambientais Conceito de morte • OMS: é o desaparecimento permanente de todo sinal de vida, em um momento qualquer após o nascimento, sem possibilidade de ressucitação • Art 162 Código Processo Penal: a morte pode-se definir como a cessação permanente das funções vitais • Médico-legal: processo de morte é um conjunto de fenômenos que são objetos de estudo e interpretação Tipos de Morte • Anatômica: ocorre com a parada das grandes funções vitais; é a morte do organismo, dos aparelhos • Histológica: os tecidos e células morrem mais devagar. Depois do organismo morto, o estômago ainda digere por alguns instantes, os espermatozóides sobrevivem por horas... • Aparente: é aquela em que o indivíduo parece morto, tem aparência de morte, mas está vivo. • Relativa: Verifica-se a parada completa e prolongada do coração, o indivíduo está morto, no entanto a massagem direta do coração pode fazê-lo voltar a vida • Real: morte verdadeira, completa, absoluta Morte • Primeiras cell a morrer: células nervosas • Últimas cell a morrer: cabelos e unhas Fenômenos de sobrevivência Epitélio respiratório Movimentação até 13h post mortem Espermatozóide Movimentação até 36h post mortem Musculatura Movimentação até 6h post mortem Glândulas sudoríparas Até 30h Córnea Vitalidade até 6h Mecanismos de morte 23/02/2020 2 Destino do cadáver • Inumação: enterro – precedido ou não por necrópsia • Imersão: jogar no mar • Cremação: incineração após tempo legal de espera • Exumação: desenterro dos restos mortais Tanatologia • Tanatologia = estudo da morte e suas consequências � A identificação do cadáver � O mecanismo de morte � A causa da morte � O diagnostico diferencial médico-legal – acidente, suicídio, homicídio, morte de causa natural • Alterações cadavéricas � Alterações observadas em um cadáver mas não no indivíduo vivo Morte – Medicina Legal • Natural – morte com antecedentes patológicos oriunda de estado mórbido ou de perturbação congênita • Violenta – tem origem externa e muito raramente interna, onde se incluem as causas jurídicas de morte • Súbita – imediata ou instantânea há apenas minutos entre o início e o desfecho • Mediata – possibilita a vítima a sobrevivência de poucas horas • Agônica – a causa básica da morte se arrastou por dias Cronotanatognose • é a parte da tanatologia que estuda o tempo decorrido após a morte • As lesões podem ser ”in vitam” ou ”post mortem” � 1 – lesões produzidas bem antes da morte � 2 – lesões produzidas imediatamente antes da morte � 3 – lesões produzidas logo após a morte � 4 – lesões produzidas certo tempo depois da morte Causa mortis • É a doença ou lesão que iniciou a cadeia de acontecimentos patológicos que conduziram diretamente à morte, ou as circunstâncias do acidente ou violência que produziram a lesão fatal. • Parada cardíaca, respiratória ou cardiorrespiratória são modos de morrer e não causas básicas de óbito Causa de morte indeterminada • Apenas na macroscopia nem sempre consegue-se determinar a causa de morte. A menos que a lesão seja percebida macroscopicamente. • Ex: Febre amarela em primatas. 23/02/2020 3 Fenômenos Cadavéricos • Classificação: 1. Abióticos: que não modificam o cadáver no seu aspecto geral (Imediatos e Mediatos) 2. Bióticos: modificam o cadáver no seu aspecto geral (dificulta identificar alterações macroscópicas) Fenômenos Cadavéricos Abióticos Bióticos Imediatos Mediatos Destrutivos Conservadores - Perda da consciência - Perda da sensibilidade - Abolição motilidade - Cessação respiração e circulação - Cessação da atividade cerebral - Desidratação - Manchas de hipostase - Rigidez cadavérica - Esfriamento cadavérico - Autólise - Maceração - Putrefação - Mumificação - Saponificação - Calcificação - Corificação - Congelação - Fossilização Abiótico Imediato • Cessação das atividades cerebrais 1. Insensibilidade 2. Imobilidade, ausência de tônus muscular com relaxamento dos esfincters e midriase (dilatação da pupila). 3. Parada das funções cardíaca e respiratória 4. Inconsciência 5. Arreflexia Abiótico Mediato • Algor mortis � Resfriamento do cadáver � Cessada as funções vitais, há queda de 1 a 1.5ºC por hora � Temperatura ambiente � Fatores que influenciam: � Temperatura ambiental � Arejamento do local � Vestes � Nutrição � Idade � Corpo tende ao equilíbrio de temperatura com o ambiente de modo progressivo Abiótico Mediato • Rigor Mortis � MORTE = ausência de circulação = O2 � Inicia flacidez de musculatura (Pré-rigor) � Aumento da Glicólise anaeróbica = Ác lático e pH � Diminui Glicogênio = ATP � Exaustão ATP = actina e miosina unidas = Rigor mortis � Destruição das ligações (ação de enzimas) = Flacidez muscular (Post Rigor) Abiótico Mediato • Rigor Mortis Tempo de morte Musculatura a entrar em rigor 2 a 3 horas Cabeça – mandíbula 3,5 a 4,5 horas Região cervical, tronco e membros 6 a 9 horas Resto do corpo 23/02/2020 4 Abiótico Mediato • Manchas de hipostase – Livor mortis � Aparecimento de manchas arroxeadas nas porções do declive do corpo e órgãos internos (2 a 4 horas) Parada da Circulação Sangue não coagulado Sangue para nas partes baixas do cadáver Manchas Hipostáticas Ação da gravidade Abiótico Mediato • Coagulação do sangue � Presente nos grandes vasos e coração � 2h após a morte � Coágulo é diferente de trombo! � Coágulos cruóricos: vermelhos; predominam eritrócitos � Coágulos lardáceos: esbranquiçados; predominam leucócitos, plaquetas e fibrina � Coágulos mistos Trombo Coágulo Pré-morte Post mortem Seco, friável, inelástico Gelatinoso, elástico Bem aderido à parede vascular Solto do sistema vascular Superfície rugosa e sem brilho Liso, brilhante 23/02/2020 5 Abiótico Mediato • Embebição biliar � Coloração amarelo-esverdeada nos tecidos próximos à vesícula biliar � Diferente de icterícia � Formação � Autólise rápida da parede da vesícula biliar pela ação dos sais biliares � Bilirrubina se espalha através da vesícula pelos tecidos vizinhos � 8h pós morte Abiótico Mediato • Timpanismo cadavérico � Distensão do estômago, intestino e abdômen � Resultado de fermentação contínua das bactérias intestinais � 24 horas post mortem • Deslocamento, torção ou ruptura de vísceras � Deslocamento e ruptura do órgão sem alterações circulatórias � Congestão, edema, hemorragia � Órgão mantem coloração natural Abiótico Mediato • Pseudo-prolapso retal � Exteriorização da ampola retal por consequência da quantidade de gás � Não há alterações circulatórias � 24h post mortem Bióticos Destrutivos • Pseudo-melanose � Manchas cinza-esverdeadas irregulares � Ácido sulfídrico da putrefação + ferro da hemólise = sulfametaemoglobina � Pele da região abdominal e órgãos vizinhos ao intestino � 1 a 2 dias 23/02/2020 6 Bióticos Destrutivos • Enfisema cadavérico � Ocorre pelo acúmulo de gás nos órgãos � Formação de bolhas gasosas nos tecidos pela ação das bactérias saprófitas � Local: tecido subcutâneo, fígado, rins Bióticos Destrutivos • Autólise � Destruição de um tecido por enzimas proteolíticas do próprio tecido. � Microscopia: perda dos limiares celulares; ausência de reações inflamatórias; presença de hemólise • Putrefação/Maceração � Séptica – Bactérias orgânicas vencem a barreira e se multiplicam nos tecidos � Asséptica – recém-nascidos, animais tratados por longos períodos com ANTB � Maceração: rápida succesão dos eventos de putrefação � Epiderme se destaca expondo a derme � Face flácida deformada � Tecidos moles destacam-se dos ossos � Fetos, corpos submersos Bióticos Destrutivos • Maceração/Putrefação � Progressão da putrefação � 1- desaparecimento do rigor mortis � 2- embebição biliar � 3- embebição hemolítica � 4- produção de sulfametahemoglobina � 5- eliminaçãodo sangue pelas cavidades naturais devido à hemólise � 6- maceração das mucosas � 7- amolecimento das polpas � 8- timpanismo cadavérico � 9- pseudoprolapso retal � 10- enfisema cadavérico � 11- odor cadavérico - cadaverina Bióticos Destrutivos • Maceração/Putrefação � Fases da putrefação Fase Início Duração Coloração 20-24h Até 7 dias Gasosa 2 a 7 dias De 7 a 30 dias Liquefação 9 a 30 dias De 1 mês a 3 anos Esqueletização Fase Final Putrefação – fase coloração Putrefação – fase gasosa 23/02/2020 7 Putrefação – fase liquefação Putrefação – fase esqueletização Cronologia das Alterações Cadavéricas Tempo Alteração <2h Corpo flácido, quente e sem livores 2-4h Rigidez da nuca, mandíbula e início de livores 4-6h Rigidez membros, aumentam os livores 8-36h Rigidez generalizada, manchas de hipostase >24h Início da flacidez >48h Flacidez generalizada 2-3 anos Desaparecimento de partes moles 3 anos Esqueletização Fatores que interferem nas alterações cadavéricas • Temperatura ambiente � Calor: acelera o aparecimento das alterações cadavéricas – acelera o crescimento bacteriano � Frio: retarda o aparecimento das alterações cadavéricas • Tamanho � Quanto maior o animal, mais difícil o resfriamento � Mais fácil a instalação das demais alterações • Nutrição � Animal em bom estado de nutrição: + glicogênio � Atrasa o rigor e resfriamento � Acelera as demais reações por acelerar a proliferação bacteriana
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