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Ementa e Acórdão 21/02/2020 PRIMEIRA TURMA AG.REG. NO HABEAS CORPUS 176.058 PERNAMBUCO RELATOR : MIN. ALEXANDRE DE MORAES AGTE.(S) :SERGIO ROBERTO LAPORTE ALVES DA SILVA ADV.(A/S) : JOSE RAFAEL FONSECA DE MELO AGDO.(A/S) :SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO. PROCEDIMENTO RELATIVO AOS CRIMES SUBMETIDOS AO TRIBUNAL DO JÚRI. ALEGADA VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ. TEMA NÃO EXAMINADO PELAS INSTÂNCIAS ANTECEDENTES. INVIABILIDADE. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. SUBSTITUIÇÃO DE ALEGAÇÕES FINAIS ORAIS POR MEMORIAIS ESCRITOS. DECISÃO PROFERIDA COM AMPARO NO ART. 403, § 3º, DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. CONSTRANGIMENTO ILEGAL INEXISTENTE. LAUDO PERICIAL JUNTADO AOS AUTOS APÓS A CONCLUSÃO DA INSTRUÇÃO CRIMINAL. CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. PREJUÍZO NÃO DEMONSTRADO. 1. Temas não examinados pelas instâncias antecedentes não podem ser conhecidos originariamente por esta SUPREMA CORTE, sob pena de indevida supressão de instância e violação das regras constitucionais de repartição de competências. 2. Não há falar em ilegalidade na decisão do magistrado de origem que determina a substituição dos debates orais pela apresentação de memoriais escritos quando o advogado do réu, embora devidamente intimado acerca de tal ato, não demonstra qualquer irresignação. Ainda, a decisão está lastreada no art. 403, § 3º, do Código de Processo Penal, segundo o qual o juiz poderá, considerada a complexidade do caso ou o número de acusados, conceder às partes o prazo de 5 (cinco) dias sucessivamente para a apresentação de memoriais. 3. O indeferimento do pedido de designação de nova audiência de instrução para oitiva de peritos não implica cerceamento de defesa, considerando que o fim da primeira etapa do procedimento do Júri não Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código C3AE-0DC2-B35C-3498 e senha 8B32-E304-713F-F90B Supremo Tribunal FederalSupremo Tribunal Federal Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 14 Ementa e Acórdão HC 176058 AGR / PE significa que a instrução probatória esteja encerrada. Além disso, a defesa trouxe argumentação genérica, sem demonstrar qualquer prejuízo efetivamente sofrido, capaz de nulificar o julgado. 4. Agravo regimental a que se nega provimento. A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos estes autos, os Ministros do Supremo Tribunal Federal, em Primeira Turma, sob a Presidência da Senhora Ministra ROSA WEBER, em conformidade com a ata de julgamento e as notas taquigráficas, por maioria, acordam em negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator, vencido o Ministro MARCO AURÉLIO. Brasília, 21 de fevereiro de 2020. Ministro ALEXANDRE DE MORAES Relator 2 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código C3AE-0DC2-B35C-3498 e senha 8B32-E304-713F-F90B Supremo Tribunal Federal HC 176058 AGR / PE significa que a instrução probatória esteja encerrada. Além disso, a defesa trouxe argumentação genérica, sem demonstrar qualquer prejuízo efetivamente sofrido, capaz de nulificar o julgado. 4. Agravo regimental a que se nega provimento. A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos estes autos, os Ministros do Supremo Tribunal Federal, em Primeira Turma, sob a Presidência da Senhora Ministra ROSA WEBER, em conformidade com a ata de julgamento e as notas taquigráficas, por maioria, acordam em negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator, vencido o Ministro MARCO AURÉLIO. Brasília, 21 de fevereiro de 2020. Ministro ALEXANDRE DE MORAES Relator 2 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código C3AE-0DC2-B35C-3498 e senha 8B32-E304-713F-F90B Inteiro Teor do Acórdão - Página 2 de 14 Relatório 21/02/2020 PRIMEIRA TURMA AG.REG. NO HABEAS CORPUS 176.058 PERNAMBUCO RELATOR : MIN. ALEXANDRE DE MORAES AGTE.(S) :SERGIO ROBERTO LAPORTE ALVES DA SILVA ADV.(A/S) : JOSE RAFAEL FONSECA DE MELO AGDO.(A/S) :SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA R E L A T Ó R I O O SENHOR MINISTRO ALEXANDRE DE MORAES (RELATOR): Trata-se de Agravo Regimental interposto contra decisão que indeferiu a ordem de Habeas Corpus. Consta dos autos, em síntese, que o agravante foi denunciado pela suposta prática do crime previsto no art. 121, § 2°, I e II, do Código Penal (Doc. 17). A denúncia foi recebida em 23/8/2011 (Doc. 16 – Processo 0044333- 06.2011.8.17.0001). Irresignada com o deferimento (Doc. 9) do pedido ministerial de juntada aos autos da perícia tanatoscópica da vítima (Doc. 10) em momento posterior à instrução de audiência, e também com a substituição dos debates orais por memorais, a defesa impetrou Habeas Corpus junto ao Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco, que indeferiu a ordem em acórdão assim ementado (Doc. 4): HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO DUPLAMENTE QUALIFICADO. CERCEAMENTO DE DEFESA. PERÍCIA TANATOSCÓPICA JUNTADA POSTERIORMENTE À INSTRUÇÃO. NULIDADE POR NÃO MANIFESTAÇÃO DA DEFESA. INEXISTÊNCIA. AUSÊNCIA DE FATOS NOVOS. MATERIALIDADE DELITIVA JÁ COMPROVADA. NULIDADE DAS ALEGAÇÕES FINAIS APRESENTADAS EM MEMORAIS. AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE E DE Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código F063-75B0-F179-8A78 e senha 9BA9-C975-6B52-F89D Supremo Tribunal Federal 21/02/2020 PRIMEIRA TURMA AG.REG. NO HABEAS CORPUS 176.058 PERNAMBUCO RELATOR : MIN. ALEXANDRE DE MORAES AGTE.(S) :SERGIO ROBERTO LAPORTE ALVES DA SILVA ADV.(A/S) : JOSE RAFAEL FONSECA DE MELO AGDO.(A/S) :SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA R E L A T Ó R I O O SENHOR MINISTRO ALEXANDRE DE MORAES (RELATOR): Trata-se de Agravo Regimental interposto contra decisão que indeferiu a ordem de Habeas Corpus. Consta dos autos, em síntese, que o agravante foi denunciado pela suposta prática do crime previsto no art. 121, § 2°, I e II, do Código Penal (Doc. 17). A denúncia foi recebida em 23/8/2011 (Doc. 16 – Processo 0044333- 06.2011.8.17.0001). Irresignada com o deferimento (Doc. 9) do pedido ministerial de juntada aos autos da perícia tanatoscópica da vítima (Doc. 10) em momento posterior à instrução de audiência, e também com a substituição dos debates orais por memorais, a defesa impetrou Habeas Corpus junto ao Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco, que indeferiu a ordem em acórdão assim ementado (Doc. 4): HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO DUPLAMENTE QUALIFICADO. CERCEAMENTO DE DEFESA. PERÍCIA TANATOSCÓPICA JUNTADA POSTERIORMENTE À INSTRUÇÃO. NULIDADE POR NÃO MANIFESTAÇÃO DA DEFESA. INEXISTÊNCIA. AUSÊNCIA DE FATOS NOVOS. MATERIALIDADE DELITIVA JÁ COMPROVADA. NULIDADE DAS ALEGAÇÕES FINAIS APRESENTADAS EM MEMORAIS. AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE E DE Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código F063-75B0-F179-8A78 e senha 9BA9-C975-6B52-F89D Inteiro Teor do Acórdão - Página 3 de 14 Relatório HC 176058 AGR / PE DEMONSTRAÇÃO DE PREJUÍZO. FACULDADE DO JUIZ SINGULAR. ORDEM DENEGADA. DECISÃO UNÂNIME. I - Não há falar em cerceamento de defesa, tendo em vista que o laudo pericial juntado aos autos em momento posteriornão traz qualquer fato novo, sendo de teor idêntico aos demais documentos no que se refere à causa da morte, já constantes do processo, inexistindo situação que abarque excludente de ilicitude, culpabilidade ou inimputabilidade penal do paciente. Não se pode olvidar, ainda, que, em sendo pronunciado, caberá ao Paciente, nos termos do art. 422 do CPP, requerer diligências, caso assim deseje. II - O Juiz singular, na audiência de instrução ocorrida no dia 07/08/2017, intimou pessoalmente o advogado do Paciente, ora Impetrante, "acerca da substituição dos debates orais por memorais, não constando no termo da audiência nenhum protesto relativo à tal substituição", frisando, ainda "que as testemunhas arroladas pelas partes foram ouvidas em três datas diferentes (28.03.2017, 17.07.2017 e 07.08.2017) e todas através do sistema de gravação de audiência", de modo que entendeu o Juízo ser cabível a substituição das alegações finais orais por memoriais, para evitar qualquer prejuízo às partes. Assim, no que pese a oralidade ser a regra no nosso ordenamento jurídico, é facultado ao Juiz o afastamento de tal regra, como ocorre no presente caso, nos termos do art. 403, § 3° do CPP, inexistindo, dessa forma, o reconhecimento de qualquer nulidade, nem qualquer prejuízo ao Paciente. III - Ordem denegada, cassando-se a liminar concedida. devolvendo a devida marcha processual a ação penal originária n° 0044333-06.2011.8.17.0001. Decisão unânime. Ainda inconformada, a defesa promoveu nova impetração, desta vez dirigida ao Superior Tribunal de Justiça, cuja ordem foi denegada pela Ministra relatora (Doc. 18), em decisão mantida pela Sexta Turma, ao negar provimento ao subsequente Agravo Regimental. Eis a ementa do julgado (Doc. 22): 2 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código F063-75B0-F179-8A78 e senha 9BA9-C975-6B52-F89D Supremo Tribunal Federal HC 176058 AGR / PE DEMONSTRAÇÃO DE PREJUÍZO. FACULDADE DO JUIZ SINGULAR. ORDEM DENEGADA. DECISÃO UNÂNIME. I - Não há falar em cerceamento de defesa, tendo em vista que o laudo pericial juntado aos autos em momento posterior não traz qualquer fato novo, sendo de teor idêntico aos demais documentos no que se refere à causa da morte, já constantes do processo, inexistindo situação que abarque excludente de ilicitude, culpabilidade ou inimputabilidade penal do paciente. Não se pode olvidar, ainda, que, em sendo pronunciado, caberá ao Paciente, nos termos do art. 422 do CPP, requerer diligências, caso assim deseje. II - O Juiz singular, na audiência de instrução ocorrida no dia 07/08/2017, intimou pessoalmente o advogado do Paciente, ora Impetrante, "acerca da substituição dos debates orais por memorais, não constando no termo da audiência nenhum protesto relativo à tal substituição", frisando, ainda "que as testemunhas arroladas pelas partes foram ouvidas em três datas diferentes (28.03.2017, 17.07.2017 e 07.08.2017) e todas através do sistema de gravação de audiência", de modo que entendeu o Juízo ser cabível a substituição das alegações finais orais por memoriais, para evitar qualquer prejuízo às partes. Assim, no que pese a oralidade ser a regra no nosso ordenamento jurídico, é facultado ao Juiz o afastamento de tal regra, como ocorre no presente caso, nos termos do art. 403, § 3° do CPP, inexistindo, dessa forma, o reconhecimento de qualquer nulidade, nem qualquer prejuízo ao Paciente. III - Ordem denegada, cassando-se a liminar concedida. devolvendo a devida marcha processual a ação penal originária n° 0044333-06.2011.8.17.0001. Decisão unânime. Ainda inconformada, a defesa promoveu nova impetração, desta vez dirigida ao Superior Tribunal de Justiça, cuja ordem foi denegada pela Ministra relatora (Doc. 18), em decisão mantida pela Sexta Turma, ao negar provimento ao subsequente Agravo Regimental. Eis a ementa do julgado (Doc. 22): 2 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código F063-75B0-F179-8A78 e senha 9BA9-C975-6B52-F89D Inteiro Teor do Acórdão - Página 4 de 14 Relatório HC 176058 AGR / PE AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. TESE DE OFENSA AO PRINCÍPIO DA IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ. MATÉRIA NÃO APRECIADA PELA CORTE DE ORIGEM. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. ARGUMENTO DE NULIDADE POR AUSÊNCIA DE CONTRADITÓRIO QUANTO AO LAUDO PERICIAL. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO EVIDENCIADO. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 1. O inconformismo referente à suposta ofensa ao princípio da identidade física do juiz não foi apreciado pelo Tribunal de origem, de modo que não pode ser conhecido originariamente por esta Corte, sob pena de supressão de instância. 2. O Tribunal de origem destacou que "o laudo pericial juntado aos autos em momento posterior não traz qualquer fato novo, sendo de teor idêntico aos demais documentos no que se refere à causa da morte", de modo que "não ocasionou modificação ou alteração quanto à prova da materialidade do fato". Assim, não há prejuízo apto à caracterização da nulidade ora alegada, sobretudo porque "caberá ao Paciente, na fase do art. 422 do CPP, requerer diligências, caso assim deseje". 3. Agravo regimental desprovido. Nesta ação, a defesa alega, em suma: (a) a substituição do debate oral pelo formato de memoriais deve, casuística e fundamentadamente, atender a complexidade do caso ou a pluralidade de acusados – o que ali não se vislumbrou; (b) houve afronta à regra da identidade física do juiz, pois, por meio da Instrução Normativa nº 08 de 16/03/2010, publicada DJe 08/06/2010 (anexa ao doc. 04), foi regulamentada a ‘Competência Funcional’ para o processo e julgamento de processos antigos em tramitação […], nos casos em que, na mesma unidade judiciária, se verificar a atuação concomitante de juiz titular ou juiz substituto respondendo na condição de titular e juiz auxiliar, o processo e julgamento dos processos antigos em tramitação com dígitos verificadores pares caberão ao juiz titular ou substituto respondendo na condição de titular; competindo ao juiz auxiliar o processo e julgamento dos processos antigos em 3 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código F063-75B0-F179-8A78 e senha 9BA9-C975-6B52-F89D Supremo Tribunal Federal HC 176058 AGR / PE AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. TESE DE OFENSA AO PRINCÍPIO DA IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ. MATÉRIA NÃO APRECIADA PELA CORTE DE ORIGEM. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. ARGUMENTO DE NULIDADE POR AUSÊNCIA DE CONTRADITÓRIO QUANTO AO LAUDO PERICIAL. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO EVIDENCIADO. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 1. O inconformismo referente à suposta ofensa ao princípio da identidade física do juiz não foi apreciado pelo Tribunal de origem, de modo que não pode ser conhecido originariamente por esta Corte, sob pena de supressão de instância. 2. O Tribunal de origem destacou que "o laudo pericial juntado aos autos em momento posterior não traz qualquer fato novo, sendo de teor idêntico aos demais documentos no que se refere à causa da morte", de modo que "não ocasionou modificação ou alteração quanto à prova da materialidade do fato". Assim, não há prejuízo apto à caracterização da nulidade ora alegada, sobretudo porque "caberá ao Paciente, na fase do art. 422 do CPP, requerer diligências, caso assim deseje". 3. Agravo regimentaldesprovido. Nesta ação, a defesa alega, em suma: (a) a substituição do debate oral pelo formato de memoriais deve, casuística e fundamentadamente, atender a complexidade do caso ou a pluralidade de acusados – o que ali não se vislumbrou; (b) houve afronta à regra da identidade física do juiz, pois, por meio da Instrução Normativa nº 08 de 16/03/2010, publicada DJe 08/06/2010 (anexa ao doc. 04), foi regulamentada a ‘Competência Funcional’ para o processo e julgamento de processos antigos em tramitação […], nos casos em que, na mesma unidade judiciária, se verificar a atuação concomitante de juiz titular ou juiz substituto respondendo na condição de titular e juiz auxiliar, o processo e julgamento dos processos antigos em tramitação com dígitos verificadores pares caberão ao juiz titular ou substituto respondendo na condição de titular; competindo ao juiz auxiliar o processo e julgamento dos processos antigos em 3 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código F063-75B0-F179-8A78 e senha 9BA9-C975-6B52-F89D Inteiro Teor do Acórdão - Página 5 de 14 Relatório HC 176058 AGR / PE curso com dígitos verificadores ímpares; (c) considerando o atual momento processual originário e os fatos que se sucederam após o interrogatório do acusado (art. 400, CPP), cumpre destacar que a juntada aos autos da Perícia Tanatoscópica (doc. 03) trouxe consigo a imprescindibilidade da produção de prova – qual seja o esclarecimento dos peritos quanto ao seu conteúdo; (d) A decisão que indeferiu a reabertura da instrução processual (doc. 05) acabou por cercear a defesa, que não teve a possibilidade de esclarecer fatos novos trazidos pelos peritos após o término da instrução. Mais: impediu a formulação de quesitos ou, ainda, a inquirição dos subscritores daquela prova de materialidade que deve e merece ser submetida ao crivo do insubstituível e irrenunciável contraditório. Requereu, enfim: 3. em respeito ao princípio da verdade real, que seja facultada à defesa o questionamento da prova não submetida ao contraditório, por meio da consequente designação de audiência com esta finalidade pelo juízo de piso e após a devida intimação do Dr. JOZILDO BARBOSA DE SOUZA, supervisor de apoio à gerência do IMLAPC, bem como do Sr. ALMIRO GOMES DA SILVEIRA DE SÁ FILHO, comissário de polícia (mat. 151.771-6), a fim de serem esclarecidas as informações trazidas no Ofício nº 4585/2017 IMLAPC – ADM (doc. 03), sobretudo no tocante à contradição desta com a perícia tanatoscópica que a segue e por este encaminhada ao juízo de 1º grau; 4. Em respeito ao direito à última palavra, seja determinada a designação de audiência de instrução e julgamento, em obediência ao que exige a lei (art. 411 do CPP) e em respeito ao princípio da oralidade, dada a simplicidade do caderno processual e a não fundamentação da necessidade de serem as mesmas oferecidas em memoriais e inexistindo pluralidade de acusados, com o objetivo de ser garantida a ampla defesa e o contraditório (art. 5º, LV, da Constituição Federal), considerando a anterior e imprescindível necessidade de ouvir os peritos (art. 159, § 5º, do CPP); 4 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código F063-75B0-F179-8A78 e senha 9BA9-C975-6B52-F89D Supremo Tribunal Federal HC 176058 AGR / PE curso com dígitos verificadores ímpares; (c) considerando o atual momento processual originário e os fatos que se sucederam após o interrogatório do acusado (art. 400, CPP), cumpre destacar que a juntada aos autos da Perícia Tanatoscópica (doc. 03) trouxe consigo a imprescindibilidade da produção de prova – qual seja o esclarecimento dos peritos quanto ao seu conteúdo; (d) A decisão que indeferiu a reabertura da instrução processual (doc. 05) acabou por cercear a defesa, que não teve a possibilidade de esclarecer fatos novos trazidos pelos peritos após o término da instrução. Mais: impediu a formulação de quesitos ou, ainda, a inquirição dos subscritores daquela prova de materialidade que deve e merece ser submetida ao crivo do insubstituível e irrenunciável contraditório. Requereu, enfim: 3. em respeito ao princípio da verdade real, que seja facultada à defesa o questionamento da prova não submetida ao contraditório, por meio da consequente designação de audiência com esta finalidade pelo juízo de piso e após a devida intimação do Dr. JOZILDO BARBOSA DE SOUZA, supervisor de apoio à gerência do IMLAPC, bem como do Sr. ALMIRO GOMES DA SILVEIRA DE SÁ FILHO, comissário de polícia (mat. 151.771-6), a fim de serem esclarecidas as informações trazidas no Ofício nº 4585/2017 IMLAPC – ADM (doc. 03), sobretudo no tocante à contradição desta com a perícia tanatoscópica que a segue e por este encaminhada ao juízo de 1º grau; 4. Em respeito ao direito à última palavra, seja determinada a designação de audiência de instrução e julgamento, em obediência ao que exige a lei (art. 411 do CPP) e em respeito ao princípio da oralidade, dada a simplicidade do caderno processual e a não fundamentação da necessidade de serem as mesmas oferecidas em memoriais e inexistindo pluralidade de acusados, com o objetivo de ser garantida a ampla defesa e o contraditório (art. 5º, LV, da Constituição Federal), considerando a anterior e imprescindível necessidade de ouvir os peritos (art. 159, § 5º, do CPP); 4 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código F063-75B0-F179-8A78 e senha 9BA9-C975-6B52-F89D Inteiro Teor do Acórdão - Página 6 de 14 Relatório HC 176058 AGR / PE 5. Que seja determinado o retorno dos autos ao juiz natural da causa, ou seja, àquele que concluiu a instrução, em respeito à identidade física do juiz, a fim de presidir a audiência requerida nos itens anteriores, em atendimento ao disposto no art. 411 do CPP – oportunidade em que serão oferecidas as derradeiras alegações finais orais; Indeferi o Habeas Corpus. Inconformada, a Defesa agora apresenta Agravo Regimental, em que reforça as alegações anteriormente expendidas e pugna pela reconsideração da decisão agravada ou, caso assim não se entenda, seja o presente agravo submetido a julgamento pelo Colegiado de maneira presencial, afastando a possibilidade impessoal e não democrática de submissão do presente a julgamento por meio eletrônico trazida no art. 317, § 5º do RISTF (incluído pela Emenda Regimental nº 51, de 22/06/16), para que presentes fisicamente os integrantes desta r. 1ª Turma, seja reformada a r. decisão agravada e, como corolário, conhecer e prover o Habeas Corpus impetrado. É o relatório. 5 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código F063-75B0-F179-8A78 e senha 9BA9-C975-6B52-F89D Supremo Tribunal Federal HC 176058 AGR / PE 5. Que seja determinado o retorno dos autos ao juiz natural da causa, ou seja, àquele que concluiu a instrução, em respeito à identidade física do juiz, a fim de presidir a audiência requerida nos itens anteriores, em atendimento ao disposto no art. 411 do CPP – oportunidade em que serão oferecidas as derradeiras alegações finais orais; Indeferio Habeas Corpus. Inconformada, a Defesa agora apresenta Agravo Regimental, em que reforça as alegações anteriormente expendidas e pugna pela reconsideração da decisão agravada ou, caso assim não se entenda, seja o presente agravo submetido a julgamento pelo Colegiado de maneira presencial, afastando a possibilidade impessoal e não democrática de submissão do presente a julgamento por meio eletrônico trazida no art. 317, § 5º do RISTF (incluído pela Emenda Regimental nº 51, de 22/06/16), para que presentes fisicamente os integrantes desta r. 1ª Turma, seja reformada a r. decisão agravada e, como corolário, conhecer e prover o Habeas Corpus impetrado. É o relatório. 5 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código F063-75B0-F179-8A78 e senha 9BA9-C975-6B52-F89D Inteiro Teor do Acórdão - Página 7 de 14 Voto - MIN. ALEXANDRE DE MORAES 21/02/2020 PRIMEIRA TURMA AG.REG. NO HABEAS CORPUS 176.058 PERNAMBUCO V O T O O SENHOR MINISTRO ALEXANDRE DE MORAES (RELATOR): Não obstante o esmero do subscritor da peça recursal, as razões apresentadas não se mostram suficientes para alteração do julgado. Inicialmente, ponderou a Corte Superior que o “princípio da identidade física do juiz não foi apreciado pelo Tribunal de origem, de modo que não pode ser conhecido originariamente por esta Corte, sob pena de supressão de instância” (Doc. 21 – fl. 6). Desse modo, é inviável a esta SUPREMA CORTE conhecer da temática originariamente, sob pena de dupla supressão de instância e violação às regras constitucionais de repartição de competências (HC 139.864-AgR, Rel. Min. ALEXANDRE DE MORAES, Primeira Turma, DJe de 6/6/2018; HC 132.864-AgR, Rel. Min. DIAS TOFFOLI, Segunda Turma, DJe 18/3/2016; HC 136.452-ED, Rel. Min. ROSA WEBER, Primeira Turma, DJe 10/2/2017; HC 135.021-AgR, Rel. Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, DJe 6/2/2017; HC 135.949, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Segunda Turma, DJe 24/10/2016). Adiante, o Superior Tribunal de Justiça afastou a suposta nulidade decorrente da apresentação das alegações finais na forma de memoriais, pelos fundamentos seguintes (Doc. 21 – fls. 5-6): A Corte de origem também consignou que 'o advogado do Paciente, ora Impetrante, foi intimado pessoalmente acerca da substituição dos debates orais por memorais, não constando no termo da audiência nenhum protesto relativo à tal substituição' e, ainda, que 'as testemunhas arroladas pelas partes foram ouvidas em três datas diferentes (28.03.2017, 17.07.2017 e 07.08.2017) e todas através do sistema de gravação de audiência, de modo que entendeu [...] ser cabível a substituição Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 0862-82A9-29D7-B0B6 e senha 42AB-D903-0E63-E423 Supremo Tribunal Federal 21/02/2020 PRIMEIRA TURMA AG.REG. NO HABEAS CORPUS 176.058 PERNAMBUCO V O T O O SENHOR MINISTRO ALEXANDRE DE MORAES (RELATOR): Não obstante o esmero do subscritor da peça recursal, as razões apresentadas não se mostram suficientes para alteração do julgado. Inicialmente, ponderou a Corte Superior que o “princípio da identidade física do juiz não foi apreciado pelo Tribunal de origem, de modo que não pode ser conhecido originariamente por esta Corte, sob pena de supressão de instância” (Doc. 21 – fl. 6). Desse modo, é inviável a esta SUPREMA CORTE conhecer da temática originariamente, sob pena de dupla supressão de instância e violação às regras constitucionais de repartição de competências (HC 139.864-AgR, Rel. Min. ALEXANDRE DE MORAES, Primeira Turma, DJe de 6/6/2018; HC 132.864-AgR, Rel. Min. DIAS TOFFOLI, Segunda Turma, DJe 18/3/2016; HC 136.452-ED, Rel. Min. ROSA WEBER, Primeira Turma, DJe 10/2/2017; HC 135.021-AgR, Rel. Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, DJe 6/2/2017; HC 135.949, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Segunda Turma, DJe 24/10/2016). Adiante, o Superior Tribunal de Justiça afastou a suposta nulidade decorrente da apresentação das alegações finais na forma de memoriais, pelos fundamentos seguintes (Doc. 21 – fls. 5-6): A Corte de origem também consignou que 'o advogado do Paciente, ora Impetrante, foi intimado pessoalmente acerca da substituição dos debates orais por memorais, não constando no termo da audiência nenhum protesto relativo à tal substituição' e, ainda, que 'as testemunhas arroladas pelas partes foram ouvidas em três datas diferentes (28.03.2017, 17.07.2017 e 07.08.2017) e todas através do sistema de gravação de audiência, de modo que entendeu [...] ser cabível a substituição Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 0862-82A9-29D7-B0B6 e senha 42AB-D903-0E63-E423 Inteiro Teor do Acórdão - Página 8 de 14 Voto - MIN. ALEXANDRE DE MORAES HC 176058 AGR / PE das alegações finais orais por memoriais, para evitar qualquer prejuízo às partes'. Como se vê, a Defesa quedou-se inerte em relação à decisão que substituiu os debates orais por memoriais e, no caso, o Magistrado entendeu que as alegações finais por memoriais seria mais benéfico às partes em razão da complexidade da ação penal, já que 'as testemunhas arroladas pelas partes foram ouvidas em três datas diferentes (28.03.2017, 17.07.2017 e 07.08.2017) e todas através do sistema de gravação de audiência', de modo que não há nulidade da referida decisão Sendo esse o quadro constante dos autos, em que já assinalada pelas instâncias antecedentes a inércia da defesa, neste particular, não cabe falar em constrangimento ilegal a ser sanado. Além disso, a decisão está lastreada no art. 403, § 3º, do Código de Processo Penal, segundo o qual o juiz poderá, considerada a complexidade do caso ou o número de acusados, conceder às partes o prazo de 5 (cinco) dias sucessivamente para a apresentação de memoriais. Por outro lado, o pedido de designação de nova audiência de instrução para oitiva de peritos foi rechaçado pelo Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco pelos fundamentos seguintes (Doc. 2 – fls. 2-): Quanto à alegação do Impetrante de que fora cerceado ao Paciente o direito de se manifestar acerca da perícia tanatoscópica juntada a posteriori, não merece prosperar. Como bem asseverou a autoridade apontada coatora, nas informações prestadas nas mencionadas fls. 58/63, "a juntada da perícia tanatoscópica após o fim da instrução criminal não ocasionou modificação ou alteração quanto à prova da materialidade do fato, haja vista que já existia nos autos cópia da certidão de óbito da vítima, com conteúdo idêntico ao Laudo Pericial Tanatoscópico no que se refere a causa morte". E quanto à possível "obscuridade" na mencionada perícia, no tocante às fotografias, esclareceu "que foram feitas as documentações 2 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 0862-82A9-29D7-B0B6 e senha 42AB-D903-0E63-E423 Supremo Tribunal Federal HC 176058 AGR / PE das alegações finais orais por memoriais, para evitar qualquer prejuízo às partes'. Como se vê, a Defesa quedou-se inerte em relação à decisão que substituiu os debates orais por memoriais e, no caso, o Magistrado entendeu que as alegações finais por memoriais seria mais benéfico às partes em razão da complexidade da ação penal, já que 'astestemunhas arroladas pelas partes foram ouvidas em três datas diferentes (28.03.2017, 17.07.2017 e 07.08.2017) e todas através do sistema de gravação de audiência', de modo que não há nulidade da referida decisão Sendo esse o quadro constante dos autos, em que já assinalada pelas instâncias antecedentes a inércia da defesa, neste particular, não cabe falar em constrangimento ilegal a ser sanado. Além disso, a decisão está lastreada no art. 403, § 3º, do Código de Processo Penal, segundo o qual o juiz poderá, considerada a complexidade do caso ou o número de acusados, conceder às partes o prazo de 5 (cinco) dias sucessivamente para a apresentação de memoriais. Por outro lado, o pedido de designação de nova audiência de instrução para oitiva de peritos foi rechaçado pelo Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco pelos fundamentos seguintes (Doc. 2 – fls. 2-): Quanto à alegação do Impetrante de que fora cerceado ao Paciente o direito de se manifestar acerca da perícia tanatoscópica juntada a posteriori, não merece prosperar. Como bem asseverou a autoridade apontada coatora, nas informações prestadas nas mencionadas fls. 58/63, "a juntada da perícia tanatoscópica após o fim da instrução criminal não ocasionou modificação ou alteração quanto à prova da materialidade do fato, haja vista que já existia nos autos cópia da certidão de óbito da vítima, com conteúdo idêntico ao Laudo Pericial Tanatoscópico no que se refere a causa morte". E quanto à possível "obscuridade" na mencionada perícia, no tocante às fotografias, esclareceu "que foram feitas as documentações 2 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 0862-82A9-29D7-B0B6 e senha 42AB-D903-0E63-E423 Inteiro Teor do Acórdão - Página 9 de 14 Voto - MIN. ALEXANDRE DE MORAES HC 176058 AGR / PE fotográfica e dactiloscópica e esquema anatômico. Enquanto no ofício n° 4585/2017- IMLAPC, consta apenas a informação de que as ilustrações fotográficas solicitadas por este Juízo, quando da requisição da remessa da perícia tanatoscópica, não foram realizadas por problemas técnicos, ou seja, a documentação fotográfica foi feita quando realizada a perícia, no entanto, aquele órgão não dispunha de material e/ou equipamento técnico para enviá-las quando requeridas". Informou, também, que requisitará, mais uma vez, a remessa das ditas ilustrações fotográficas. Assim, inexiste falar em qualquer nulidade ou constrangimento ilegal a ser combatido, nem qualquer prejuízo à defesa do Paciente, tendo em vista que o laudo pericial juntado aos autos em momento posterior não traz qualquer fato novo, sendo de teor idêntico aos demais documentos no que se refere à causa da morte, já constantes do processo, "inexistindo algo ou situação que abarque excludente de ilicitude, culpabilidade ou inimputabilidade penal do paciente. Ocorrências estas sequer ventiladas pela defesa do réu ao longo da instrução criminal", como bem ressaltou o douto procurador em seu parecer de fls. 86/90. Além desses fundamentos, ressalte-se que o fim da primeira etapa do procedimento do Júri não significa que a instrução probatória esteja encerrada. É o que estabelece, por exemplo, a regra do art. 422 do Código de Processo Penal, segundo a qual, caso pronunciado o paciente, o Presidente do Tribunal do Júri ordenará a intimação do Ministério Público e da defesa para apontarem as testemunhas que irão depor em plenário, oportunidade em que poderão juntar documentos e requerer diligências. Ou seja: ao contrário do que faz parecer a defesa, não está fechado o campo probatório que embasará eventual absolvição ou condenação do agravante. Portanto, não foi demonstrada, de forma cabal, a existência de cerceamento de defesa a comprometer o devido processo legal. Não se pode ignorar, ainda, que a defesa trouxe argumentação 3 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 0862-82A9-29D7-B0B6 e senha 42AB-D903-0E63-E423 Supremo Tribunal Federal HC 176058 AGR / PE fotográfica e dactiloscópica e esquema anatômico. Enquanto no ofício n° 4585/2017- IMLAPC, consta apenas a informação de que as ilustrações fotográficas solicitadas por este Juízo, quando da requisição da remessa da perícia tanatoscópica, não foram realizadas por problemas técnicos, ou seja, a documentação fotográfica foi feita quando realizada a perícia, no entanto, aquele órgão não dispunha de material e/ou equipamento técnico para enviá-las quando requeridas". Informou, também, que requisitará, mais uma vez, a remessa das ditas ilustrações fotográficas. Assim, inexiste falar em qualquer nulidade ou constrangimento ilegal a ser combatido, nem qualquer prejuízo à defesa do Paciente, tendo em vista que o laudo pericial juntado aos autos em momento posterior não traz qualquer fato novo, sendo de teor idêntico aos demais documentos no que se refere à causa da morte, já constantes do processo, "inexistindo algo ou situação que abarque excludente de ilicitude, culpabilidade ou inimputabilidade penal do paciente. Ocorrências estas sequer ventiladas pela defesa do réu ao longo da instrução criminal", como bem ressaltou o douto procurador em seu parecer de fls. 86/90. Além desses fundamentos, ressalte-se que o fim da primeira etapa do procedimento do Júri não significa que a instrução probatória esteja encerrada. É o que estabelece, por exemplo, a regra do art. 422 do Código de Processo Penal, segundo a qual, caso pronunciado o paciente, o Presidente do Tribunal do Júri ordenará a intimação do Ministério Público e da defesa para apontarem as testemunhas que irão depor em plenário, oportunidade em que poderão juntar documentos e requerer diligências. Ou seja: ao contrário do que faz parecer a defesa, não está fechado o campo probatório que embasará eventual absolvição ou condenação do agravante. Portanto, não foi demonstrada, de forma cabal, a existência de cerceamento de defesa a comprometer o devido processo legal. Não se pode ignorar, ainda, que a defesa trouxe argumentação 3 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 0862-82A9-29D7-B0B6 e senha 42AB-D903-0E63-E423 Inteiro Teor do Acórdão - Página 10 de 14 Voto - MIN. ALEXANDRE DE MORAES HC 176058 AGR / PE genérica, sem demonstrar qualquer prejuízo efetivamente sofrido, capaz de nulificar o julgado. Ora, não se pode ignorar a regra segundo a qual não haverá declaração de nulidade quando não demonstrado o efetivo prejuízo causado à parte (pas de nullité sans grief). Pertinentes, a propósito dessa temática, as lições de ADA, SCARANCE e MAGALHÃES: Sem ofensa ao sentido teleológico da norma não haverá prejuízo e, por isso, o reconhecimento da nulidade nessa hipótese constituiria consagração de um formalismo exagerado e inútil, que sacrificaria o objetivo maior da atividade jurisdicional (As nulidades no processo penal, p. 27, 12ª ed., 2011, RT). Nesse mesmo sentido é a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal: HC 130.433, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, Rel. p/ Acórdão Min. ALEXANDRE DE MORAES, Primeira Turma, DJe de 19/4/2018; HC 132.149-AgR, Rel. Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, DJe de 16/6/2017; RE 971.305-AgR, Rel. Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, DJe de 13/3/2017; RHC 128.827,Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Segunda Turma, DJe de 13/3/2017; HC 120.121-AgR, Rel. Min. ROSA WEBER, Primeira Turma, DJe de 9/12/2016; HC 130.549-AgR, Rel. Min. EDSON FACHIN, Primeira Turma, DJe de 17/11/2016; RHC 134.182, Rel. Min. CÁRMEN LÚCIA, Segunda Turma, DJe de 8/8/2016; HC 132.814, Rel. Min. TEORI ZAVASCKI, Segunda Turma, DJe de 1º/8/2016; AP 481-EI-ED, Rel. Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, DJe de 12/8/2014; RHC 129.663- AgR, Rel. Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, DJe de 16/5/2017, este último assim ementado: [...] A disciplina normativa das nulidades processuais, no sistema jurídico brasileiro, rege-se pelo princípio segundo o qual “Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa” (CPP, art. 563 – grifei). Esse postulado básico – “pas de nullité sans grief” – tem por finalidade rejeitar o excesso de formalismo, desde que eventual preterição de determinada providência legal não tenha causado prejuízo para qualquer das partes. Precedentes. 4 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 0862-82A9-29D7-B0B6 e senha 42AB-D903-0E63-E423 Supremo Tribunal Federal HC 176058 AGR / PE genérica, sem demonstrar qualquer prejuízo efetivamente sofrido, capaz de nulificar o julgado. Ora, não se pode ignorar a regra segundo a qual não haverá declaração de nulidade quando não demonstrado o efetivo prejuízo causado à parte (pas de nullité sans grief). Pertinentes, a propósito dessa temática, as lições de ADA, SCARANCE e MAGALHÃES: Sem ofensa ao sentido teleológico da norma não haverá prejuízo e, por isso, o reconhecimento da nulidade nessa hipótese constituiria consagração de um formalismo exagerado e inútil, que sacrificaria o objetivo maior da atividade jurisdicional (As nulidades no processo penal, p. 27, 12ª ed., 2011, RT). Nesse mesmo sentido é a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal: HC 130.433, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, Rel. p/ Acórdão Min. ALEXANDRE DE MORAES, Primeira Turma, DJe de 19/4/2018; HC 132.149-AgR, Rel. Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, DJe de 16/6/2017; RE 971.305-AgR, Rel. Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, DJe de 13/3/2017; RHC 128.827, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Segunda Turma, DJe de 13/3/2017; HC 120.121-AgR, Rel. Min. ROSA WEBER, Primeira Turma, DJe de 9/12/2016; HC 130.549-AgR, Rel. Min. EDSON FACHIN, Primeira Turma, DJe de 17/11/2016; RHC 134.182, Rel. Min. CÁRMEN LÚCIA, Segunda Turma, DJe de 8/8/2016; HC 132.814, Rel. Min. TEORI ZAVASCKI, Segunda Turma, DJe de 1º/8/2016; AP 481-EI-ED, Rel. Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, DJe de 12/8/2014; RHC 129.663- AgR, Rel. Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, DJe de 16/5/2017, este último assim ementado: [...] A disciplina normativa das nulidades processuais, no sistema jurídico brasileiro, rege-se pelo princípio segundo o qual “Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa” (CPP, art. 563 – grifei). Esse postulado básico – “pas de nullité sans grief” – tem por finalidade rejeitar o excesso de formalismo, desde que eventual preterição de determinada providência legal não tenha causado prejuízo para qualquer das partes. Precedentes. 4 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 0862-82A9-29D7-B0B6 e senha 42AB-D903-0E63-E423 Inteiro Teor do Acórdão - Página 11 de 14 Voto - MIN. ALEXANDRE DE MORAES HC 176058 AGR / PE [...] Diante do exposto, NEGO PROVIMENTO ao agravo regimental. É o voto. 5 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 0862-82A9-29D7-B0B6 e senha 42AB-D903-0E63-E423 Supremo Tribunal Federal HC 176058 AGR / PE [...] Diante do exposto, NEGO PROVIMENTO ao agravo regimental. É o voto. 5 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 0862-82A9-29D7-B0B6 e senha 42AB-D903-0E63-E423 Inteiro Teor do Acórdão - Página 12 de 14 Voto Vogal AG.REG. NO HABEAS CORPUS 176.058 PERNAMBUCO RELATOR : MIN. ALEXANDRE DE MORAES AGTE.(S) :SERGIO ROBERTO LAPORTE ALVES DA SILVA ADV.(A/S) : JOSE RAFAEL FONSECA DE MELO AGDO.(A/S) :SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA V O T O O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO – O habeas corpus é ação constitucional voltada a preservar a liberdade de ir e vir do cidadão. O processo que o veicule, devidamente aparelhado, deve ser submetido ao julgamento de Colegiado. Descabe observar quer o disposto no artigo 21 do Regimento Interno, no que revela a possibilidade de o Relator negar seguimento a pedido manifestamente improcedente, quer o artigo 932 do Código de Processo Civil. Ante o fato de atuar na sessão virtual, quando há o prejuízo da organicidade do Direito, do devido processo legal, afastada a sustentação da tribuna, provejo o agravo para que o habeas corpus tenha sequência. Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 72D7-2F75-F1B2-D086 e senha ECA6-A8AF-DB71-27EC Supremo Tribunal Federal AG.REG. NO HABEAS CORPUS 176.058 PERNAMBUCO RELATOR : MIN. ALEXANDRE DE MORAES AGTE.(S) :SERGIO ROBERTO LAPORTE ALVES DA SILVA ADV.(A/S) : JOSE RAFAEL FONSECA DE MELO AGDO.(A/S) :SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA V O T O O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO – O habeas corpus é ação constitucional voltada a preservar a liberdade de ir e vir do cidadão. O processo que o veicule, devidamente aparelhado, deve ser submetido ao julgamento de Colegiado. Descabe observar quer o disposto no artigo 21 do Regimento Interno, no que revela a possibilidade de o Relator negar seguimento a pedido manifestamente improcedente, quer o artigo 932 do Código de Processo Civil. Ante o fato de atuar na sessão virtual, quando há o prejuízo da organicidade do Direito, do devido processo legal, afastada a sustentação da tribuna, provejo o agravo para que o habeas corpus tenha sequência. Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 72D7-2F75-F1B2-D086 e senha ECA6-A8AF-DB71-27EC Inteiro Teor do Acórdão - Página 13 de 14 Extrato de Ata - 21/02/2020 PRIMEIRA TURMA EXTRATO DE ATA AG.REG. NO HABEAS CORPUS 176.058 PROCED. : PERNAMBUCO RELATOR : MIN. ALEXANDRE DE MORAES AGTE.(S) : SERGIO ROBERTO LAPORTE ALVES DA SILVA ADV.(A/S) : JOSE RAFAEL FONSECA DE MELO (26291/PE) AGDO.(A/S) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA Decisão: A Turma, por maioria, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator, vencido o Ministro Marco Aurélio. Primeira Turma, Sessão Virtual de 14.2.2020 a 20.2.2020. Composição: Ministros Rosa Weber (Presidente), Marco Aurélio, Luiz Fux, Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes. João Paulo Oliveira Barros Secretário da Primeira Turma Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 416F-597E-FDFA-2172 e senha DD48-54DF-14BE-2B6C Supremo Tribunal Federal PRIMEIRA TURMA EXTRATO DE ATA AG.REG. NO HABEAS CORPUS176.058 PROCED. : PERNAMBUCO RELATOR : MIN. ALEXANDRE DE MORAES AGTE.(S) : SERGIO ROBERTO LAPORTE ALVES DA SILVA ADV.(A/S) : JOSE RAFAEL FONSECA DE MELO (26291/PE) AGDO.(A/S) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA Decisão: A Turma, por maioria, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator, vencido o Ministro Marco Aurélio. Primeira Turma, Sessão Virtual de 14.2.2020 a 20.2.2020. Composição: Ministros Rosa Weber (Presidente), Marco Aurélio, Luiz Fux, Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes. João Paulo Oliveira Barros Secretário da Primeira Turma Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código 416F-597E-FDFA-2172 e senha DD48-54DF-14BE-2B6C Inteiro Teor do Acórdão - Página 14 de 14
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