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Renato N. Rangel
 
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 PREFÁCIO 
 
 
 
 A História de Osasco é relativamente recente e não inclui 
acontecimentos de tal importância, que possam definir marcos históricos, 
ao menos na tradição paulista. 
 Essa consideração não leva em conta o fato das bandeiras 
comandadas por Antônio Raposo Tavares, que residiu na Vila Quitaúna, no 
século XVII, partirem da região onde se encontra Osasco, segundo o sentido 
da correnteza do Rio Tietê. Por exemplo, não existem fatos como a 
Convenção de Itu, ou a primeira siderúrgica denominada Fábrica de 
Ipanema, instalada em Araçoiaba, ou ainda, a importância para 
Araçariguama da presença do padre Guilherme Pompeu de Almeida, na 
região de Santana de Parnaíba. 
 Em meados do século XIX a região onde se encontra Osasco pertencia 
a um latifundiário de nome João Pinto. Os limites dessas terras eram: ao 
norte o rio Tietê; ao sul a estrada de Cotia, a nascente os rios Pinheiros e 
Pirajuçara; e a poente o rio Cotia. Posteriormente parte dessa área foi 
vendida ao coronel Licínio de Camargo e outros. Nessas terras achava-se o 
sitio de Quitaúna, sendo que este havia pertencido a Antônio Raposo 
Tavares, depois a Chico Brito e com a sua morte passou para o seu filho 
Cândido Mariano de Brito1. 
 Apesar do que foi dito, Osasco tem uma relevância indiscutível, não 
por alguma tradição distante, mas por apresentar um microcosmos que 
configura bem o Brasil moderno. Não tem tradição, porém, projeta um 
futuro brilhante, principalmente com a chegada dos forasteiros, a partir dos 
anos quarenta do século passado. 
 
1 - Raízes do movimento operário em Osasco, Helena Pignatari Werner, Editora Cortez, São Paulo, 1981. 
Renato N. Rangel
 
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 Mesmo diante dessas informações, parece razoável registrar que 
historicamente, do ponto de vista social, vale a pena destacar a existência 
da Cooperativa de Vidreiros, em geral de origem italiana, que sob a 
liderança do professor Edmondo Rossoni, pretendeu fazer frente à Vidraria 
Santa Marina, pertencente a Antônio Prado, isso após a greve de 1909. Essa 
Cooperativa, após muito trabalho de seus cooperados foi boicotada, 
inclusive com os seus documentos e capital de maneira criminosa, pela 
interferência do advogado Marroni, a mando de Antônio Prado2. 
 É bem verdade que a emancipação da Capital, tanto política como 
administrativa, ocorreu em um momento no qual acabava de inaugurar-se 
Brasília, marco muito importante na nossa história recente, porque a 
interiorização do novo modelo econômico e social repercutiu em todo o 
Brasil, portanto, inclusive em Osasco. A construção civil que avançou pelo 
interior do país, fez progredir inclusive a indústria instalada em Osasco. 
Inclua-se aqui que a construção de novas hidrelétricas levou a encomenda 
de novos geradores e material elétrico, também em Osasco, o que 
propiciou emprego e maior circulação de riqueza, além da atração de novos 
habitantes devido às oportunidades que surgiram. 
 Esta cidade participa ativamente do avanço ciclópico, pelo qual a 
nação está passando, mesmo com todas as mazelas. Até parece que o lema 
“Ordem e Progresso” da nossa bandeira nacional não faz sentido, pois, tem-
se verificado que com todas as desordens constatadas os avanços são 
indiscutíveis. Quanto à esta firmação existem discordâncias 
fundamentadas, porém, só o tempo e o distanciamento histórico trarão as 
conclusões mais definitivas. 
 Sob o ponto de vista material Osasco tem avançado a passos largos, 
tanto é que em 2013, com uma população aproximada de seiscentos e 
noventa mil habitantes, o seu PIB per-capita estava ao redor de oitenta mil 
reais3, embora sob o aspecto cultural deixe muito a desejar, incluindo-se 
aqui os esportes, as artes em geral, as ciências e a literatura. Esperemos que 
com a chegada da Universidade Federal e dos Centros Universitários essa 
lacuna seja ao menos diminuída, caso o espirito critico venha a ser 
construído. 
 
2 - Ibidem. 
3 - Internet/IBGE – 08/10/2016 – 21:30 horas 
Renato N. Rangel
 
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 Cabe registrar que o presente texto tem fortes raízes nas anotações 
particulares encontradas nos arquivos de Orlando A. da Costa Rangel, 
falecido em 1994, na cidade de Osasco. Seus apontamentos incluem as duas 
campanhas pela emancipação e também os movimentos que culminaram 
com a primeira eleição aos cargos da nova municipalidade. 
 O presente trabalho não pretende contar a História de Osasco mas 
sim, destacar alguns fatos históricos mais recentes, com base em 
documentos encontrados e recordações próprias do autor, segundo a sua 
versão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Renato N. Rangel
 
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 HISTÓRIAS DE OSASCO 
 
 
 
 Uma contribuição à História de Osasco (C 1940 - C 1960) 
 
 Considerando-se que inclusive os fatos do presente admitem óticas 
distintas e interpretações diversas, o que também denominamos por fatos 
e versões, imaginemos o que pode ocorrer com os acontecimentos do 
passado, onde dependendo do tempo decorrido chegam a tornar-se até 
mitos. Assim ocorre com a História das Civilizações, dos povos, regiões 
geográficas, pessoas, instituições e assim por diante. Por que esse 
comportamento da História no caso da cidade de Osasco deveria ser 
diferente? Para o historiador, a condução do seu trabalho precisa ter um 
foco, o qual pode resultar inclusive de interesses particulares, o que não 
torna o trabalho de menor valor, pois, o pano de fundo é sempre mais 
abrangente porque pretende dar maior substância ao objeto em estudo. 
Feitas estas primeiras considerações vamos ao assunto propriamente dito. 
 
 No antigo Subdistrito da Capital do Estado de São Paulo, denominado 
Osasco, existiam regiões que poderiam ser consideradas como “bairros”, 
embora na verdade se tratasse de zona rural. Dentre estes vamos ressaltar 
Quitaúna e o Quilômetro Dezoito. No primeiro aqui citado destacavam-se 
uma guarnição militar do Exército com dois quartéis – um de infantaria e 
outro de artilharia além do matadouro de Carapicuíba – então bairro do 
município de Barueri. O matadouro encontrava-se do lado esquerdo 
considerando-se o sentido de fluxo do rio denominado Ribeirão Vermelho, 
que corre no sentido do rio Tiete, na divisa que se colocava entre São Paulo 
e Barueri, atualmente entre Osasco e Carapicuíba. 
 O acesso a essas localidades dava-se pela antiga Estrada de Itu – hoje 
Avenida dos Autonomistas – ou pela Estrada de Ferro Sorocabana – atual 
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Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Nos anos quarenta 
do século passado, o deslocamento das pessoas era feitos pelos trens ditos 
de subúrbio, ou por duas jardineiras verdes e movidas a gasolina – nome 
dado aos ônibus que possuíam apenas a porta dianteira – em que a 
cobrança era feita pelo próprio motorista condutor. Como já disse, eram 
duas jardineiras, uma conduzida pelo senhor Gentil e a outra pelo senhor 
Elisário,na verdade eram propriedade do primeiro, o qual residia em 
Barueri. Saiam do centro daquela cidade, passavam pelo Largo da Estação 
– denominado Praça João Pessoa4, em Osasco, e iam até o Largo de 
Pinheiros, fim da linha do bonde elétrico que atendia esse bairro da Capital; 
uma jardineira passava no período da manhã e a outra no da tarde. Havia 
uma certa solidariedade desses condutores para com os habitantes 
daquelas regiões distantes, por exemplo, quando alguém necessitava um 
medicamento, era só solicitar a um deles, mediante depósito prévio em 
suas mãos, que a encomenda chegava na volta. Outra curiosidade de 
interesse é que, a plataforma de embarque ferroviário de Quitaúna era 
muito longa, por interesse de ordem militar. 
 A Estrada de Itu não era pavimentada e na sua margem encontravam-
se linhas telegráficas em postes de madeira com muitos fios. Pela dita 
Estrada passavam as boiadas conduzidas pelos chamados boiadeiros, 
partindo de Pirituba e em direção ao matadouro de Carapicuíba. 
 Nos anos quarenta havia uma pequena escola mista estadual em 
Quitaúna, na Estrada de Itu, uns 300 metros antes de chegar na estação 
ferroviária, partindo do centro de Osasco. Era apenas uma sala de aula e 
todos os dias o quartel do Exército enviava soldados levando uma merenda 
para os alunos – era comum canjica ao leite. O próximo passo dos militares 
foi acolher essa escola no recinto do 4º Regimento de Infantaria. A mesma 
foi ampliada para duas salas, então conduzidas pelas professoras Célia e 
Estela, por volta de 1945. Os alunos passaram a usufruir além da merenda, 
das aulas de Educação Física ministradas pelos próprios militares e, com 
acesso a todo o equipamento disponível, inclusive piscina. 
 
4 - Jornal “ Diário da Noite”, 08/01/1962 
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 Essa fotografia foi obtida em 1947, no campo de futebol do 4º R.I. 
 Do lado direito do Ribeirão na divisa de municípios encontrava-se o 
campo do clube de futebol de várzea denominado por “Nacional”, onde 
atuava o Juvenil Esporte Clube “Matadouro Municipal” formado pelos 
trabalhadores do matadouro e, especialmente mantido pela ação de 
vereadores da Capital que por lá garimpavam votos, concedendo benesses 
como o material esportivo e a manutenção do campo. Ali se dava a diversão 
dos domingos. Lembremos que não havia a televisão, somente o rádio e 
uma precária sala de cinema no centro de Osasco, na Rua da Estação, que 
no fim dos anos quarenta foi substituída pelo Cine Glamour, de dimensões 
bem maiores e bastante evoluído para a época. Curiosidade: em 1950 o já 
famoso cantor e compositor Luiz Gonzaga, apresentou-se na festa de 
formatura do primeiro grau, do Grupo Escolar Marechal Bittencourt, nesse 
mesmo Cinema, tudo sob a orientação do Diretor Professor Guido Morrone. 
 Em Quitaúna, a partir da Estrada de Itu, indo pela atual Rua Luís 
Henrique de Oliveira, ao longo da também atual Rua São Bento, 
encontravam-se algumas chácaras onde se cultivavam frutas e legumes; em 
outra havia a criação de gado leiteiro, cujos produtos eram vendidos aos 
habitantes da própria região. As frutas eram comercializadas pelo senhor 
“Camisola”, principalmente na praça fronteiriça aos quartéis e o leite era 
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fornecido pelo senhor Manoel às casas das proximidades. Nessa mesma 
região havia uma olaria conhecida como Olaria do Nino, hoje um bairro; no 
início da Rua Luís H. de Oliveira existiam duas casas grandes e confortáveis, 
com jardins e lago com peixes, em uma área com aproximadamente 2000 
metros quadrados, onde residiam dona Ângela e o senhor Silvio Gava com 
as respectivas famílias, sendo que este último sempre se apresentava com 
o único automóvel novo do “bairro”. 
 Na área conhecida por Quilômetro Dezoito havia o Campo do Estrela, 
a margem da Estrada de Itu, limitado pela Avenida Um – hoje Avenida 
Comandante Sampaio – e pela atual Avenida Nossa Senhora da Imaculada 
Conceição, sendo que do outro lado desta avenida havia um canavial, cuja 
área se encontra totalmente urbanizada, tendo inclusive a edificação de um 
templo católico. Essa última Avenida dava acesso a locais bem menos 
expressivos, que posteriormente se desenvolveram de maneira extrema, 
como o Jardim Santo Antônio e vizinhança. 
 No final dos anos quarenta já residiam bem próximo ao campo do 
Estrela, na atual Avenida Comandante Sampaio os tenentes aposentados 
do Exército, Luiz Nunes da Silva e Teóphilo Fortunato de Camargo, ambos 
com os seus vários filhos já criados e adultos. Na mesma avenida residia 
dona Margarida, ao que parece viúva e com vários filhos também criados e 
adultos. Neste registro de pessoas mais influentes na região cabe incluir o 
nome do senhor José Pedro, que residia com família numerosa em uma casa 
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das mais confortáveis para aqueles padrões, na Avenida Três nº125. 
 
 Fotografia da parte da frente do casarão citado no texto 
 Deve-se inclusive deixar documentado que nessa época existiu no 
Quilometro Dezoito o Clube “Raposo Tavares”, sendo que Luiz Nunes da 
Silva foi seu secretário, Clube esse do qual não temos mais notícias, que 
possam ser acrescentadas a esta narrativa. 
 Do outro lado da atual Avenida dos Autonomistas, em frente à 
estação da CPTM, havia um grande e belo casarão de aproximadamente mil 
metros quadrados, com porões tão altos que possibilitaram transformá-lo 
em andar térreo, tudo indica que tenha sido sede de uma antiga fazenda na 
qual o mesmo se encontrava. Sabe-se que no início dos anos quarenta do 
século XX, nesse local, funcionara um clube social denominado “Cacique”, 
ao que parece inclusive bailes eram realizados nesse edifício. Na Estrada de 
Itu, em frente à empresa industrial conhecida como Hazafer – era uma 
triparia que inclusive exportava – encontrava-se o armazém do senhor 
Benedito Alves Turíbio, na esquina com a presente Rua Professor José 
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Azevedo Minhoto. Naquele tempo as compras mais volumosas, em que se 
destacavam o carvão e a lenha usados nos fogões domésticos, eram 
entregues em domicílio com o uso de carroças a tração animal. As padarias 
do centro de Osasco faziam circular essas carroças pelas regiões mais 
distantes, para vender pães e alguns confeitos aos clientes desses lugares, 
todos os dias. Mais uma informação que deve ser registrada é que na 
Avenida Sete, no Quilômetro Dezoito, encontrava-se a sede da Sociedade 
Esportiva “Vera Cruz”, fundada em 7 de novembro de 1953 e que, tinha 
como presidente o Senhor Sebastião Santiago, em 1960. 
 Em Quitaúna, diante dos quartéis do Exército, na Estrada de Itu, 
destacavam-se as casas dos militares com patentes acima de capitão. Eram 
confortáveis e aprazíveis, davam um certo elã à região, consistindo em um 
diferencial positivo. Ao que tudo indica, os quartéis devem ter sido 
construídos no período em que Pandiá Calógeras foi Ministro da Guerra, no 
início do século XX e as casas edificadas posteriormente. Nessa mesma 
Estrada, um pouco antes de chegar aos quarteis, haviam várias casas em 
nível mais elevado em relação a via, onde entre outros residiam, Rodolpho 
dos Santos Ferreira, que deverá aparecer posteriormentecomo um dos 
líderes da emancipação, influente na eleição do primeiro prefeito e 
candidato a deputado estadual, além de Lino José Andrade Socorro, 
residente à Estrada de Itu, número 12363, um alfaiate de grande qualidade 
especialmente porque confeccionava fardamentos militares com grande 
maestria, era muito procurado. Vale lembrar que, de acordo com as falas 
da época, todas essas terras pertenceram ao “coronel” Delfino Cerqueira, 
da antiga Guarda Nacional. 
 Nessas mesmas terras do então Ministério da Guerra, posteriormente 
e por negociação, com os préstimos do coronel Florêncio José C. Monteiro, 
foi construída uma Escola Estadual para oferecer o chamado Curso 
Primário, ou seja, os primeiros quatro anos escolares do ensino oficial, com 
início aos sete anos de idade. O zelador residente era o senhor Benedito 
Benedetti, com a esposa e seus dois filhos. Mais adiante e no sentido do 
matadouro encontrava-se o Empório Leão, no número 13069 da Estrada de 
Itu, propriedade do senhor José Almir Avelino. Sabe-se que nesses 
empórios encontravam-se, desde doces industrializados -fornecidos pela 
Cia. Bela Vista – até tamancos de madeira e couro de boi, querosene, carvão 
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vegetal, cereais a granel, óleo vegetal a granel, leite em frações de litro, 
vinho a granel, bebidas em geral e por aí afora. 
 
 
 Foto do Empório Leão, posteriormente sede do “Grêmio do Cedro” 
Convém recordar que nesse período as residências não eram servidas por 
água potável encanada, esgotamento sanitário, coleta de lixo, iluminação 
pública e os fogões domésticos eram a lenha ou carvão vegetal, além disso 
o banho diário era tomado em bacias de folha-de-flandres, com água 
aquecida no fogão doméstico. Telefone nem pensar, a comunicação mais 
rápida era pelo telegrafo da Estrada de Ferro Sorocabana; o envio de 
dinheiro consistia na postagem em espécie e no Correio, por meio de 
envelopes transparentes, para maior segurança; podia ser via férrea ou 
aérea e em Quitaúna não havia agência dos Correios. As casas eram 
servidas por energia elétrica, mas unicamente na Estrada de Itu e, a 
cobrança era feita mensalmente por um funcionário da empresa 
fornecedora - Cia. Light & Power – em dinheiro, mediante recibo e na 
residência do consumidor. 
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 Ainda a propósito dos hábitos e costumes locais daqueles 
tempos, vale lembrar que quando as pessoas faleciam, o corpo era velado 
em uma mesa na sala da residência da família e o féretro normalmente era 
conduzido a pé, até o Cemitério de Bela Vista, em Osasco. Em alguns casos, 
dependendo das posses da família o transporte era feito por caminhões ou 
ônibus. Durante o velório, que normalmente incluía uma noite, ofereciam-
se café com algumas guloseimas e havia muita conversa. A encomenda do 
corpo era realizada na Igreja de Santo Antônio, ou na Capela do próprio 
Cemitério. 
 Quanto aos casamentos: o cível costumava ocorrer no Cartório de 
Osasco, situado à Rua João Batista e no caso da cerimônia religiosa, 
acontecia na Igreja Matriz de Santo Antônio, em Osasco, geralmente com 
poucos assistentes, porque era na casa dos pais da noiva que se 
aglomeravam os convidados a espera do novo casal, para a festa de 
confraternização que ia noite a dentro, e da qual os noivos retiravam-se 
para seu novo lar. 
 Lembremos que nesses tempos começavam a despontar os primeiros 
Templos Evangélicos, como por exemplo o da Rua General Florêncio, em 
Quitaúna. Para tanto, no início, entre os seus frequentadores havia os que 
não residiam no Subdistrito de Osasco. Creio que existisse certo esforço no 
sentido de implantar a bandeira dos evangélicos, em um ambiente onde os 
católicos eram praticamente absolutos por tradição ou comodismo. 
 Quanto às cerimônias de batismo, além da Igreja Matriz de Osasco, 
também ocorriam aos domingos na Capela Católica do 4º Regimento de 
Infantaria, após os serviços da missa dominical. 
 Nesses tempos, o registro civil de nascimento já era normal, porém a 
cerimônia de batismo era menos frequente. Creio que esse fato devia ser 
consequência das leis trabalhistas em vigor, que concediam certas 
vantagens aos pais, como por exemplo o denominado “salário família”, isto 
é, um pequeno acréscimo por filho nascido, que sendo fixo, para os salários 
menores era mais significativo. Eram os efeitos da legislação trabalhista 
implantada nos anos trinta. 
 Um outro componente da vida social naqueles tempos e que merece 
ser mencionado, é a questão do lazer. Os homens adultos, nas horas de 
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folga conversavam muito, enquanto bebericavam, as vezes em excesso. Era 
comum ouvir a narração das partidas de futebol através do rádio e depois 
com o advento da televisão, assistir os campeonatos de futebol era um 
prato cheio. Além dos jogos nos campos de várzea, costumavam organizar 
partidas de “malhas”, ou melhor, pequenos discos de ferro com um 
diâmetro aproximado de 9 a 10 centímetros, que eram lançados a uma 
distância aproximada de 20 metros, onde se encontrava um pino de 
madeira, do qual os discos deveriam aproximar-se ou derrubá-lo; também 
gostavam dos jogos com cartas de baralho. As mulheres ouviam muita 
novela, especialmente pelas ondas da Rádio São Paulo, conversavam 
bastante e algumas gostavam de uma partida com cartas de baralho 
enquanto outras optavam pela leitura de romances. As jovens, em geral, 
enfeitavam-se e liam romances, sem deixar de namorar, ainda que por 
vezes de maneira platônica. 
 Nos esportes dominava o futebol com vários craques, sendo que 
alguns destacaram-se no cenário nacional e um no internacional, trata-se 
de Jair da Costa. No caso do boxe ressalte-se o nome de “Vicentão”, que 
também trabalhava no Matadouro de Carapicuíba e participou de embates 
na Capital. Vale lembrar que nas artes podemos destacar Heraldo e seu 
Regional, inclusive com apresentações na Capital, especialmente no 
programa radiofônico denominado “Peneira Rodini”, que era levado ao ar, 
se não nos falha a memória, aos sábados à tarde, pela então Rádio Cultura 
de São Paulo. 
 Os meninos gostavam de uma “pelada”, isto é, futebol na rua, de pés 
descalços e com qualquer número de participantes. Adoravam “brincar de 
mocinho”, pretensamente imitando os seriados cinematográficos dos 
domingos, em que destacavam o herói e o malfeitor, além disso, jogavam 
com bolinhas de gude e em determinada época do ano, brincavam com 
piões de madeira com ponta de aço, que giram pelo desenrolar de uma 
fieira. Era uma grande satisfação, porque cada um podia mostrar as suas 
habilidades. 
 Uma outra maneira de brincar era “jogar taco”, ou seja, quatro 
meninos, dois próximos a cada uma das duas casinhas, feitas com forquilhas 
de arbusto, atiravam uma bola das de tênis, para destruir a casinha, que era 
defendida por um menino com o auxílio de um taco – porrete. Caso a bola 
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acertasse, os que estavam com os tacos começavam a contar pontos, a 
partir das corridas que davam entre as casinhas, que ficavam distantes 
entre si uns 15 metros. Algumas vezes inclusive as meninas participavam 
desses jogos. Além do mais, os meninos costumavam ir nadar pelados no 
Ribeirão, localizado no limite entreSão Paulo e Barueri, ou Matadouro de 
Carapicuíba. 
 Esta parte da narrativa tem a pretensão de começar a adquirir forma 
mais definida a partir do momento em que o então subtenente do Exército 
Orlando A. da C. Rangel foi transferido de Santa Maria, RS, para o 4º 
Regimento de Infantaria, sediado em Quitaúna, onde chegou com a esposa 
- Alice – e dois filhos em tenra idade. Após rápidas estadias residindo no 
Quilômetro Dezoito, em Barueri e Osasco centro, foi designado para o 
destacamento militar da hidrelétrica da Light, em Cubatão – litoral paulista 
– devido à Segunda Guerra Mundial, sendo que a família ficou em uma 
pensão na cidade de Santos. Lembremos que nesse período, em plena 
Guerra, havia grande dificuldade em vários aspectos, inclusive para 
conseguir alugar um imóvel residencial. De volta a Osasco e após vender 
uma casa que deixara em Porto Alegre, RS, adquiriu um lote de terra na 
atual Rua André Manojo – centro de Osasco – para depois vende-lo e em 
seguida comprar outro imóvel em Quitaúna, localizado na Estrada de Itu, 
número 13059, para onde mudou-se com a família em dezembro de 1944. 
A partir dessa última iniciativa Rangel resolveu fixar raízes em Osasco, pois, 
deixou de participar de seleções e concursos profissionais que resultassem 
em sua promoção, porém com a transferência para outra unidade militar. 
Seu objetivo era aprofundar raízes em Quitaúna/Osasco, não só em termos 
materiais, tais como a aquisição e construção de imóveis, mas também no 
sentido social e cultural. Nesse período as suas principais iniciativas de 
caráter comunitário foram a criação do Grêmio do Cedro, a denominação 
da antiga Rua Vinte e Dois por Rua General Florêncio e a liderança do 
movimento contrário à primeira campanha de emancipação de Osasco. 
Ainda a propósito de iniciativas outras, logo após passar para a reserva 
remunerada, foi indicado pelo então coronel Florêncio, comandante da 
guarnição militar de Quitaúna, para estruturar uma guarda interna à 
Companhia Brasileira de Material Ferroviário - COBRASMA, em Osasco, 
sendo que após estudos e tratativas, não foi concluído o acordo devido às 
visões distintas entre as partes envolvidas. Com isso ficou conhecido da 
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família Vidigal, maior acionista da empresa, motivo pelo qual encaminhou 
vários retirantes nordestinos recém-chegados, para a referida empresa, 
onde conseguiram uma oportunidade de emprego. 
 De passagem, devemos registrar que na época não havia qualquer 
equipamento de saúde em Quitaúna, nem mesmo uma farmácia. Por isso, 
sua esposa, dona Alice, aplicava injeções, até mesmo intravenosas e sem 
qualquer interesse pecuniário. Em sua residência chegava a formar fila de 
espera, com duas, três e até quatro pessoas sendo que a única exigência 
era que viessem após as quatorze horas, devido aos seus afazeres 
domésticos. Alguns traziam sua própria seringa; recordemos que as 
seringas e agulhas não eram descartáveis e precisavam ser fervidas antes 
das aplicações. Aliás, dona Alice, com satisfação, auxiliou alguns partos 
realizados em residências de pessoas mais desprotegidas. Seus filhos, em 
geral, quando adoentados eram tratados com repouso – na cama, 
alimentação reforçada, antitérmicos, às vezes aplicações intramusculares 
como por exemplo: “eucaliptina” e “transpulmin”; esporadicamente uma 
consulta com o doutor Edson, capitão médico do 4º R. I. 
 Em Quitaúna, são dignos de nota os acontecimentos de caráter social 
como as solenidades de Primeira Comunhão, na Capela Católica do 4º R. I., 
onde havia um grupo de jovens que participavam da Cruzada Eucarística 
Católica e, a “Ata de Resolução Popular” redigida pelo então aclamado 
condutor da cerimônia Orlando Rangel, cuja assinatura é acompanhada por 
mais 38 cidadãos presentes à solenidade, a qual registra a denominação da 
antiga Rua 22, a partir da Estrada de Itu, por Rua General Florêncio José 
Carneiro Monteiro, em 13/07/1952, onde há algum tempo já havia uma 
parada de ônibus. 
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 Na primeira foto encontram-se da esquerda para a direita, em pé: Gerd, 
Pinheiro Machado, Orlando Rangel, Antônio Lopes, Gregório Barbosa, 
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Adriano, Luiz Nunes da Silva “Gijo”; abaixo e agachado, de suspensório e 
gravata: Almir Avelino. 
 
O homenageado fora comandante da Guarnição Militar entre 1948 e 1951, 
tendo contribuído com os seus préstimos para a construção do Grupo 
Escolar General Sampaio, o asfaltamento da Estrada de Itu a partir de 
Pinheiros, construção de uma nova estação ferroviária em Quitaúna e o 
novo sistema de transporte de gado bovino, desembarcado em Pirituba, e 
conduzido por terra para o matadouro de Carapicuíba, dentre outros feitos 
 Em dezembro de 1953 o presidente da recém fundada União dos 
Defensores de Quitaúna, Erasmo Pinheiro Machado, solicitou a Orlando 
Rangel que preparasse o anteprojeto dos Estatutos da referida associação, 
cujo documento foi entregue em 24/01/1954. Não existem vestígios que 
registrem os acontecimentos seguintes referentes a apontada União. 
 Continuando este relato, aos 26 dias do mês de junho de 1954, devido 
a atuação decisiva de Orlando Rangel, foi fundado o “Grêmio do Cedro”, 
com finalidades semelhantes às da União citada anteriormente. A 
Assembleia Constituinte deu-se no edifício – antigo Empório Leão – situado 
a Estrada de Itu, número 13069. Na mesma ocasião foi aprovado um 
anteprojeto de estatutos, a ser encaminhado para o devido registro em 
Cartório. As principais finalidades da novel entidade eram: “a) cuidar dos 
interesses coletivos da população do bairro; b) proteção aos menos 
favorecidos da sorte; c) amparo moral ao esporte e ao desenvolvimento 
cultural de seus associados”. A condução dos trabalhos coube a Orlando A. 
da C. Rangel, secretariado por Antônio Nunes de Oliveira. Após escrutínio 
secreto foram eleitos, para presidente: José Gabriel Corrêa; vice-
presidente: Antônio Lopes; primeiro secretário: Orlando Assis da Costa 
Rangel; segundo secretário: Antônio Nunes de Oliveira; primeiro 
tesoureiro: Rafael Caliente; segundo tesoureiro: Ananias de Almeida; 
diretor de beneficência: José Maximino Gonçalves; diretor social: José 
Cordeiro. Os estatutos do “Grêmio do Cedro” foram registrados no 1º Ofício 
de Registro de Títulos e Documentos – Rua Roberto Simonsen, número 106 
– sendo publicados no Diário Oficial de 12 de agosto de 1954. 
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 A seguir, alguns documentos são anexados com a finalidade precípua 
de, ao menos de passagem, demonstrar quão ativa era essa instituição 
nascida naquele ambiente distante e desprotegido pelo poder público. Com 
esses anexos deve ficar claro que o Grêmio do Cedro teve uma vida 
bastante ativa, ao prestar relevantes serviços à comunidade local, nos 
aspectos: esportivo, cultural e beneficente. 
 
 
 
 Logotipo do Grêmio do Cedro 
 
 Para funcionar no mesmo imóvel locado pelo Grêmio, constituiu-se 
em 21/06/1955 o Esporte Clube “Duque de Caxias”, com estatutos 
elaborados por Orlando Rangel e cujo presidente era Ângelo Gatti. Na 
verdade, o único esporte praticado era o futebol, além do uso de uma mesa 
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de pig-pong, jogo de damas e de xadrez, sendo que o registro na Federação 
Paulista de Futebol não consta embora exista a ficha de solicitação 
devidamente preenchida. 
 
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 Ainda a propósito do Grêmio do Cedro, convém lembrar que em suas 
reuniões eram realizadas palestras sobre temas como: datas nacionais, 
personagens de destaque e questões sociais, em geral por sócios 
encarregados das mesmas. Consistiam em um aprendizado tanto para os 
ouvintes como para os palestrantes. Lembremos que houve total apoio a 
constituição do Esporte Clube “Duque de Caxias”. Durante a existência do 
Grêmio, em todos os finais de ano era feita uma campanha para a coleta 
fundos destinada à festa de Natal, sendo que ao final eram distribuídos 
brinquedos às crianças carentes da região. 
 Em março de 1957 a professora de canto e música Rossana Fiorio 
solicitou o uso da sede para essas atividades, mediante uma modica 
contribuição. Essa solicitação foi atendida, com a concordância do E. C. 
“Duque de Caxias”, também locatário, sem custas para a professora, 
porém, com o compromisso da manutenção do local e inicialmente por 90 
dias, fato este que demonstra a preocupação com as artes 
 
Renato N. Rangel
 
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 Inúmeras vezes o Grêmio, por intermédio dos seus sócios, socorreu 
famílias e pessoas necessitadas com alimentos e medicamentos. 
Renato N. Rangel
 
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 Finalmente na Assembleia Geral Extraordinária (ata nº 73), realizada 
em 3/09/1958, na sede situada a Estrada de Itu, número 12914, decidiu-se 
por encerrar as atividades do Grêmio, especialmente pelo desinteresse da 
maioria dos seus sócios. Na verdade, a expressão usada foi 
“adormecimento temporário”. Os móveis foram divididos entre os sócios 
presentes, para a respectiva guarda e, os novecentos cruzeiros restantes no 
caixa tiveram como depositário o primeiro tesoureiro, Ananias de Almeida. 
 Faz-se também necessário registrar aqui que no dia primeiro de maio 
de 1959, ocorreu uma reunião na casa número 5 da Avenida Um – atual Rua 
Francisco Sgambatti, para deliberar sobre a reativação do Grêmio. Após 
convocação com antecedência de dez dias, a presença foi muito pequena e 
desestimulante. Estiveram presentes: Isach Melo Filho, José Cordeiro, José 
de Oliveira Cruz, Abílio Martins de Oliveira e Gregório Barbosa de Souza. 
Aqui está o último registro encontrado, referente ao Grêmio, no que tange 
às suas atividades sociais. 
 Essa foi a experiência de caráter associativo mais duradoura e 
profícua por aqueles lados, com efeitos até o segundo movimento de 
emancipação de Osasco, da Capital. 
 Ainda nesse tom vale lembrar que em 7 de abril e 1960 foi fundada a 
Sociedade da Guarda Noturna de Quitaúna, em documento conferido e 
atestado por José Candido da Silva – presidente e Antônio Dinaer Piteri – 
secretário, em 15 de junho de 1960. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Renato N. Rangel
 
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Renato N. Rangel
 
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 A Campanha do Não -1953- 
 
 Ao tempo da realização do Primeiro plebiscito visando a emancipação 
de Osasco, da Capital do Estado de São Paulo, em Quitaúna, tudo começou 
quando uma certa tarde, Orlando A. C. Rangel, José Maximino Gonçalves e 
Antônio Lopes, na Rua General Florêncio, em conversas foram despertados 
por uma carreata ruidosa que anunciava com alto-falantes a indiscutível 
vitória do Sim, no plebiscito que se avizinhava. 
 Alertados quanto ao movimento em marcha, com plebiscito marcado 
para 13 de dezembro de 1953, resolveram reunir alguns outros vizinhos, 
analisaram os fatos e decidiram por iniciar um movimento contrário. Tal 
atitude ocorreu, ao que parece, porque a primeira impressão era de que 
um pequeno grupo de pessoas, da região central de Osasco, imaginava ter 
o direito de decidir em nome das maiorias, sem consulta-las. Inicialmente 
as lideranças a favor da emancipação ignoraram os discordantes, de 
maneira que mais adiante ao mudarem de comportamento, já era tarde. Os 
contrários estavam organizados e já contavam com o apoio de autoridades 
da Capital e até mesmo do Governo do Estado. Ao que tudo indica houve 
uma falha grave no encaminhamento da primeira campanha 
emancipacionista, porque o pequeno grupo que a liderou não tinha 
representatividade na comunidade como um todo. 
 Para documentar, o jornal semanário “Folha de Osasco”, em seu 
número 2, datado de 8 de novembro de 1953, noticia o Movimento Contra 
a Autonomia iniciado em Quitaúna, sendo que os dirigentes do mesmo são 
“os senhores tenente Orlando Assis da Costa Rangel, José Cordeiro, tenente 
Rafael Caliente, José Selim, Erasmo Pinheiro Machado, José Maximino 
Gonçalves, Gregório Barbosa e Vitorio Martoni”, os quais resolveram lançar 
ao povo da região um manifesto esclarecendo os motivos de tal iniciativa. 
Nessa mesma edição, o presidente da Sociedade Amigos de Osasco, 
Reinaldo de Oliveira, afirma que “Osasco recebe com júbilo o aparecimento 
do seu jornal”, dirigindo-se a Rolf A. Trapp, diretor do referido noticioso. 
Ainda, transcreve uma carta de Jânio Quadros, prefeito da Capital, 
declarando-se favorável à independência de Osasco, especialmente pelas 
dificuldades do poder central de São Paulo para chegar às regiões mais 
distantes, isso em 23 de outubro de 1952. 
Renato N. Rangel
 
 27 
 
 Diante desses fatos os embates pró e contra conseguiram atrair a 
atenção para Osasco, daí a extensão da linha da Companhia Municipal de 
Transportes Coletivos – CMTC – até o matadouro de Carapicuíba no 
Quilometro 21, melhora na coleta de lixo, iluminação da Estrada de Itu e 
muitas promessas. Além do mais os candidatos a vereador e a deputado 
estadual passaram a frequentar mais a miúde a região, dentre eles 
destacam-se Gabriel Quadros, Paulo de Tarso Santos e irmão, Arruda 
Castanho, William Salem e outros. Encaminhavam providências com 
vantagens e conveniências para os times de futebol e melhoras nas 
condições das ruas. 
 Um dos primeiros manifestos “Ao Povo”, justificava a discordância em 
relação ao movimento pela autonomia, por acreditar que na verdade o 
povo local iria ter que arcar com os gastos relativos à nova Câmara 
Municipal, estruturação e manutenção da nova máquina pública do 
executivo, inclusive a desvalorização dos imóveis ao deixarem de pertencer 
a Capital. Além disso deixariam de contar com a CMTC, àquele tempo muito 
importante para o deslocamento urbano das pessoas. 
 Naquele momento histórico um outro fator muito importante foi 
lembrar que Santo Amaro, bairro da Capital, fora anteriormente 
desmembrado como município e, tivera que retornar à Capital,por 
completa deficiência de orçamento e dificuldades administrativas internas. 
Esses fatos estimulavam as incertezas com relação ao pretenso futuro 
município, especialmente porque a arrecadação tributária no caso de 
Osasco era bem menor que a de Santo Amaro. 
 A comissão que subscreveu o manifesto denominado “Ao Povo” 
constituía-se por: Gabriel Quadros (vereador), Valmir Camargo, Orlando A. 
da Costa Rangel, Teóphilo Fortunato de Camargo, José Almir Avelino, 
Antônio Lopes, José Cordeiro, José Maximino Gonçalves e Luiz Lopes da 
Silva. 
 Com data de 7 de novembro de 1953, um grupo de cidadãos 
residentes em Osasco fez publicar em “Secção Livre”, um manifesto “Ao 
Povo” de Osasco, no jornal Folha de Pinheiros, o qual destacava que tal 
emancipação só iria beneficiar aqueles que se reuniam no “larguinho da 
Estação, onde se fazem os conchavos e se alimentam as intrigas políticas, 
Renato N. Rangel
 
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incapazes na sua patente desagregação de ter dado, até hoje, de Osasco 
para Osasco, na edilidade de São Paulo, um só e modesto vereador”. 
 Havia uma forte preocupação em deixar de residir na Capital, embora 
distantes do centro, porém com impostos bem reduzidos. Alegavam que 
“eles – os emancipacionistas – são nossos amigos, mas se plantaram no alto 
das suas importâncias e resolveram, quase que a nossa revelia, assunto de 
tão transcendental importância”. 
 No dia 15 de novembro de 1953 vem a público o manifesto “Osasco 
não deseja a sua autonomia”, impresso no jornal Folha de Pinheiros, 
assinado pela comissão e encabeçado por Gabriel Quadros e Orlando A. C. 
Rangel, além de outros cidadãos. 
 O Partido Socialista Brasileiro - PSB, por meio de manifesto do 
Diretório Municipal, dirigiu-se ao povo no sentido contrário ao movimento 
emancipacionista, onde consta o nome de Maria Genta. Justificava que “os 
chefes políticos locais tentam por essa forma, destruir a vitória popular e 
reconquistar o prestígio abalado, pela derrota de 22 de março”. Afirmava 
que “a descentralização administrativa, que é uma necessidade, poderá ser 
atendida com a criação de uma Subprefeitura ou de uma Agência Distrital, 
que, a exemplo da que está sendo criada no Tatuapé e em outros bairros, 
tratará com a máxima eficiência todos os problemas locais”. Informava, 
ainda, a realização de comícios nos dias 2 e 10 no Largo da Estação – atual 
praça Antônio Menck. 
 A propósito da dita descentralização administrativa citada 
anteriormente, um primeiro passo foi dado quando em 13 de agosto de 
1956, o prefeito da Capital criou, pela Portaria nº 152, os Conselhos 
Distritais, constituídos por elementos radicados nos Distritos, com 
prestação de serviço público “pró-honore”, sem qualquer remuneração. 
 Durante essa batalha encontra-se no jornal “A Gazeta”, com data de 
27 de novembro de 1953, uma notícia intitulada “Gravíssima questão”, a 
qual informa que o Procurador Geral da República, tendo em vista os fatos 
ocorridos no Rio Grande e na Bahia, recomenda que no processo de 
emancipação dos novos municípios, deva-se previamente consultar a 
Câmara Municipal do desmembrado e, além disso, a devida consulta 
popular inclua todos os eleitores, isto é, aqueles que habitam a região 
Renato N. Rangel
 
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pleiteante e os das demais regiões. As Câmaras Municipais poderiam 
contrapor-se às decisões das Assembleias Legislativas Estaduais, quando 
vissem seus municípios mutilados por decisões desse tipo, pelas respectivas 
Assembleias. O referido parecer foi acolhido pelo Supremo Tribunal 
Federal, para nortear as Leis Orgânicas dos vários Estados. 
Renato N. Rangel
 
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Renato N. Rangel
 
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 No dia 28 de novembro de 1953, Jayme Regalo Pereira, em “Ao Povo 
de Osasco”, no jornal Folha de Pinheiros, propriedade do vereador Arruda 
Castanho, alegava ter sido o primeiro a levantar a bandeira da emancipação 
de Osasco, nomeando vinte osasquenses que o acompanhavam. 
Renato N. Rangel
 
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Argumentava em sua crítica, ter ciência de que um grupo de pessoas alheias 
aos interesses de Osasco procurava conquistar adeptos contra o referido 
movimento. “Por mais incrível que pareça quando tudo fazia prever uma 
demonstração unanime em favor da autonomia, aparecem os pescadores 
de águas turvas procurando tirar partido da situação em favor de seus 
interesses escusos os quais, certamente, o eleitorado osasquense saberá 
repelir. ” 
Renato N. Rangel
 
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Renato N. Rangel
 
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 Diante de declarações tão lamentáveis, Orlando A. da C. Rangel, um 
dos líderes do Não, fez publicar em “Seção Livre” e “Ao Povo de Osasco”, 
no jornal Folha 
de Pinheiros, no 
dia 4 de 
dezembro de 
1953, uma série 
de argumentos 
que procuravam 
rebater as teses 
de Regalo 
Pereira. O autor 
alegava, por 
exemplo, que o 
direito a 
discórdia faz 
parte da 
democracia, 
questionava a 
expressão 
“inteligência 
primária” e 
estranhava que 
o referido 
senhor Regalo 
estivesse 
interferindo em 
assuntos 
internos à 
família 
osasquense. Por 
Renato N. Rangel
 
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último afirmava ainda que era um equívoco o senhor Regalo considerar os 
discordantes como políticos partidários. 
 
 
Renato N. Rangel
 
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 No jornal denominado Gazeta datado de 12/11/1953, consta que o 
mesmo recebera uma comissão contrária a autonomia de Osasco, a qual na 
verdade pleiteava a transformação do Subdistrito em Subprefeitura. 
Consideravam que a dita emancipação, na realidade satisfazia um pequeno 
grupo de osasquenses. Alegavam que a separação levaria a perda dos 
serviços da CMTC e informavam que haviam entregue ao Prefeito da Capital 
um memorial com 600 assinaturas, pleiteando a extensão das linhas da 
CMTC até o chamado Quilometro Vinte e Um – Matadouro – à tarifa de três 
cruzeiros. O Prefeito Jânio Quadros prometeu providências em favor dos 
solicitantes. Fizeram parte dessa comitiva: Orlando A. da C. Rangel, 
Teophilo F. de Camargo, José Cordeiro, Luiz Lopes da Silva, Rafael Caliente, 
Renato N. Rangel
 
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Antônio H. Tomanik, Gregório Barbosa de Souza, Ceci Avelino, Carlos 
Dasaço, Manuel Pimentel, Antônio Canepa, Adair de Brito, Isaias Queiroz 
Dreguez, Anísio Dias Moreira e Manoel Martins Costa. 
 Em 22 de novembro de 1953, o jornal Folha de Osasco publica em seu 
número 4, o título “Pela Autonomia de Osasco”, informando que no dia 13 
desse mês, no Cine Osasco, realizara-se uma sessão promovida pela 
Sociedade Amigos de Osasco, sob a presidência de Reinaldo de Oliveira. Na 
referida sessão foi deliberado fundar o MovimentoPró-Autonomia, para 
organizar os procedimentos que pretendiam levar à emancipação de 
Osasco. Na mesma data a referida Folha publicou o título “Esclarecimento 
sobre o que vai por aí contra a autonomia”, tendo como autor Reinaldo de 
Oliveira. Começa dizendo: “duvidas ainda pairam no espirito de muitos 
osasquenses no tocante a autonomia”. Destacava especialmente as 
seguintes dúvidas: a propalada desvalorização do salário mínimo e os 
aumentos dos impostos municipais, com a possível emancipação. Trazia 
argumentos tais como a Consolidação das Leis Trabalhistas e a Lei Orgânica 
dos Municípios. Esclarecia que os próprios da Prefeitura da Capital 
passariam para o novo município sem ônus, que com o desmembramento 
os salários não poderiam ser alterados e os impostor teriam que obedecer 
aqueles níveis do município de origem, no caso a Capital. No entanto, 
evitava considerar que o novo município iria criar a sua própria Lei de 
Zoneamento e, com isso abriria uma brecha para alterar os critérios dos 
valores dos impostos. 
 A esta altura havia um argumento forte dos contrários a separação, 
ou seja, o valor das tarifas do transporte coletivo, porque nas rotas 
intermunicipais normalmente elas são mais elevadas que nas internas aos 
municípios. 
 Esse mesmo número dessa Folha, trazia uma notícia indicativa de que 
o vereador Willian Salem, do Partido Social Progressista, viria para Osasco 
tomar parte dos comícios contrários à emancipação, portanto juntando-se 
ao movimento local, conhecido como sendo do Não. 
 A Folha de Osasco publicou no dia 29 de novembro de 1953 uma 
manifestação tendo como autor Rafael Caliente, contrária a emancipação. 
Entre os argumentos destacava que a Prefeitura de São Paulo autoriza o 
“sagrado habite com um simples alvará, sendo que o pobre pode 
Renato N. Rangel
 
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folgadamente pagar os seus impostos e construir a sua casa”. Ressaltava 
que para manter uma máquina pública como a proposta, as custas serão 
muito elevadas e o povo terá que arcar com essa nova realidade. 
 Durante a campanha do Não, que foi relativamente breve, 
porém aguerrida, os seus líderes se cotizaram nas despesas relativas a 
impressão de panfletos, manifestos, inclusive em “Secção Livre” de jornais 
 
e confecção de faixas em tecido. Os veículos usados foram basicamente um 
automóvel pertencente a José Maximino Gonçalves e outro de Antônio 
Lopes; para os comícios realizados nos diversos bairros foi usado um 
caminhão pertencente à dona Margarida, já citada. Esses veículos eram 
usados principalmente no período noturno, quando as atividades de seus 
proprietários eram menores. Mesmo com um sistema de som precário 
esses comícios conseguiam reunir número razoável de pessoas. Lembremos 
que nesses tempos o comício consistia em um acontecimento quase 
festivo, mesmo sem a presença de figuras conhecidas das artes. Além dos 
argumentos trazidos pelos líderes do movimento, um outro atrativo era a 
presença de deputados e vereadores, já conhecidos do público. 
Renato N. Rangel
 
 39 
 
 Como a aprovação do plebiscito de emancipação dependia inclusive 
da Assembleia Legislativa, caravanas foram encaminhadas para gestões 
junto àquele poder público. Uma dessas foi constituída somente por 
mulheres, dentre as quais destacavam-se: Maria Genta, Bruna Mazulait, 
Eloisa da S. Prado, Alice N. Rangel, Maria de L. Prado, além de outras. 
Mesmo não tendo sido recebidas no plenário, alguns deputados vieram ao 
encontro das mesmas, sendo que particularmente o deputado Wilson Lapa, 
fez um pronunciamento acalorado em favor da causa ali defendida por elas, 
nas escadarias do Palácio das Indústrias, localizado no Parque Dom Pedro 
II, onde se encontrava instalada a Assembleia Legislativa do Estado de São 
Paulo. 
 Durante o histórico movimento que se prendeu à bandeira do Não, 
mesmo que possa ter sido visto como algo retardador dos acontecimentos 
posteriores, que levaram à efetiva emancipação, não foi de todo inócuo. 
Para chegar a essa conclusão, basta lembrar que em razão desse choque de 
opiniões surgiram novas lideranças, mais representativas e que vieram a 
contribuir de maneira mais efetiva, quando ocorreu o segundo movimento 
emancipacionista, pois, as ideias se tornaram mais claras e os objetivos 
mais bem definidos. 
 Mesmo assim os registros indicam que um número elevado de 
cidadãos não era favorável a causa do Sim. Tanto é que afora a ação judicial 
interposta pelo então prefeito Ademar de Barros, foram detectadas 
alterações na contagem dos votos, quando do segundo plebiscito e 
manipulação dos resultados. Em função desses apelos e irregularidades, a 
questão foi parar no Supremo Tribunal Federal, em Brasília, de onde 
finalmente veio a decisão favorável a causa do Sim. Apesar desses impasses, 
os fatos mostraram que a emancipação de Osasco foi benéfica, não só para 
o novo município como para a região oeste da Capital. 
 Tendo em vista os desentendimentos da primeira campanha pela 
autonomia de Osasco, parece que as pessoas se descobriram, 
especialmente aquelas das regiões mais distantes do centro, tendo sido 
notadas pelos cidadãos osasquenses do denominado “centrinho”. O 
documento que segue é uma comprovação de que a partir da primeira 
tentativa de realizar o plebiscito, ao menos Quitaúna juntou-se aos 
movimentos sociais regionais mais significativos, tais como as campanhas 
Renato N. Rangel
 
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para prefeito de São Paulo, governador do estado e em seguida para 
presidente da República. 
 
 
 
Renato N. Rangel
 
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 O Segundo Plebiscito -1958 - 
 
 No dia 13 de dezembro de 1957, reuniram-se na Associação Atlética 
Floresta, situada à Rua Primitiva Vianco, a Associação Amigos de Osasco e 
convidados, sob a presidência de Reinaldo de Oliveira, sendo que o mesmo 
solicitou ao secretário a leitura da Ata da Reunião realizada no dia 7 
próximo passado, a qual foi aprovada. Em seguida o presidente fez uma 
explanação sobre os acontecimentos de interesse da coletividade 
osasquense, que estavam ocorrendo em Osasco e solicitou que, sem cor 
partidária, todos participassem de um novo movimento para a 
emancipação de Osasco. Acrescentou que tal iniciativa impunha a 
obrigação das tratativas junto à Assembleia Legislativa do Estado terem de 
ocorrer até o dia 30 de abril de 1958, para que em tempo hábil fosse 
autorizado o plebiscito em Osasco. 
 Aconteceram vários debates sobre a manutenção da Sociedade 
Amigos de Osasco – SADO - na liderança do movimento. Finalmente 
decidiu-se que deveria haver uma Diretoria Coordenadora do novo 
movimento, tendo sido eleitos por aclamação para presidente da mesma 
Luiz Gonzaga de Carvalho, o qual após assumir a direção dos trabalhos 
passou a composição da mesa diretora, com representantes dos vários 
segmentos sociais, dentre esses: Fortunato Antiório, Walter Ramos, Licínio 
Castro, Walter Auada e Antônio Gaban. Em seguida foram eleitos, por 
aclamação, para primeiro secretário: Orlando A. da Costa Rangel, e segundo 
secretário: Silvio Galhardi, os quais tomaram assento à mesa. 
 O presidente Luiz Gonzaga solicitou que tanto os contrários como os 
favoráveis ao movimento se manifestassem,o que ocorreu. Dentre os 
autonomistas, Constantino Ianni propôs que nas futuras reuniões, as 
mesmas fossem dirigidas por mesas diferentes e que a SADO deveria ficar 
incumbida de providenciar os documentos necessários, a serem enviados à 
Assembleia Legislativa do Estado e inclusive quanto a criação das comissões 
necessárias. Continuando, Antônio Barros propôs que os procedimentos a 
serem encaminhados não fossem entregues a líderes partidários. Nota-se 
uma preocupação geral em não entregar a condução do movimento aos 
Renato N. Rangel
 
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partidos políticos. Devido ao adiantado da hora o senhor presidente 
encerrou os trabalhos por volta de uma hora e vinte minutos do dia 
seguinte, convocando uma nova reunião para as 20 horas do dia 27 do mês 
corrente. 
 Essas iniciativas tinham a ver com o calendário estabelecido pelas 
normas em vigor, ou seja, por força de dispositivo da Constituição Estadual, 
nos anos de milésimos 3 e 8 poderiam ser revistos os quadros territorial, 
administrativo e judiciário do Estado de São Paulo. A Assembleia havia 
determinado em dezembro passado -1957- a realização de consulta 
popular, nos distritos que se manifestassem favoráveis a emancipação, 
mediante requerimento e o exame das condições previstas pela Lei nº 1, de 
18 de dezembro de 1957 – Lei Orgânica dos Municípios e demais leis 
pertinentes ao assunto. Deve ser anotado que em 70 distritos houve 
manifestação favorável a emancipação, com o Sim de seus habitantes. 
 
Renato N. Rangel
 
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Renato N. Rangel
 
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Renato N. Rangel
 
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 Na Capital só Osasco pleiteou a autonomia, sendo que no dia 21 de 
dezembro de 1958 compareceram às urnas 8421 votantes, dos quais 3856 
optaram pelo Sim e 2728 pelo Não. 
Renato N. Rangel
 
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 Para que se tenha uma ideia das condições do subdistrito àquela 
altura, lembremos que segundo estimativas do Departamento de 
Estatísticas do Estado, em 1º de janeiro de 1958, Osasco possuía uma 
população de 77518 habitantes. No último ano a Prefeitura da Capital havia 
recolhido entre Imposto Territorial e Urbano e de profissões 
aproximadamente Cr$ 818 331,00 – oitocentos e dezoito mil e trezentos e 
trinta e um cruzeiros - o cruzeiro era a moeda da época5. 
 
5 - Jornal O Estado de São Paulo, 01/01/1957, pg.9. 
Renato N. Rangel
 
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 Após a consulta popular a imprensa publicou com destaque o regozijo 
dos autonomistas, devido à notícia de que a Assembleia havia votado a Lei 
Quinquenal, decidindo favoravelmente ao Sim do último plebiscito. 
Noticiava também que era aguardado para o dia 2 de janeiro o depoimento 
do senhor Egon Von Gatti, funcionário da Justiça Eleitoral responsável pelo 
pleito em Osasco. Em declarações iniciais, fatos foram registrados impondo 
a necessidade de uma sindicância por irregularidades durante a referida 
consulta, na 33ª secção e na 11ª. Por outro lado o senhor Aristides Collino 
Júnior acusou o presidente da 28ª secção de irregularidades presenciadas 
pelo acusador; a senhora Paula Antônia registrou ter observado 
irregularidade na secção 39ª. Os autonomistas, por sua vez, alegavam que 
os acusadores eram orientados por elementos do Cartório do Registro Civil 
de Osasco, os quais estariam intimamente ligados ao sr. Ademar de Barros 
– prefeito da Capital6. 
 Recorreram no sentido da anulação do plebiscito os srs. Ademar de 
Barros e Lacydes Prado, baseados nos seguintes argumentos: o total de 
votos anulados foi de 4200, mais numeroso que a diferença entre o Sim e o 
Não, que foi de 1302 votos; os fiscais do prefeito não foram autorizados a 
atuar alegando-se irregularidade no prazo de solicitação de credencial; em 
um total de 21000 eleitores haviam votado apenas 6677, portanto, menos 
de 35 %; mesários coagiram eleitores a votar Sim; em 4 secções as 
assinaturas dos eleitores foram falsificadas pelos mesários7. 
 Tendo em vista o andamento dos procedimentos legais, o assunto 
continua na imprensa, tanto é que em seguida encontramos a seguinte 
notícia: “com a conclusão de que houve fraude no plebiscito de Osasco, o 
parecer do promotor Rui Junqueira de Freitas Camargo, adotado pelo juiz 
Neville Riemma será hoje enviado a Secretário de Segurança”. Fala-se em 
dez sindicâncias, ilícito penal, inquérito policial e parecer do promotor8. 
 
 
6 - Jornal O Estado de São Paulo, 31/12/1958, pg. 9. 
7 - Jornal O Estado de São Paulo, 30/12/1958 
8 - Jornal O Estado de São Paulo, 16/01/1959. 
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 A esta altura convém reforçar que as notícias e datas destacadas neste 
texto, nem sempre são perfeitamente coerentes, isto porque a maior 
preocupação no caso, foi com a intenção de dar vida à narrativa. Foi 
Renato N. Rangel
 
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também de procurar demonstrar que os fatos, como sempre, não 
ocorreram de maneira linear, como se a vida transcorresse de forma 
previsível, sem as intempéries da realidade. No caso de Osasco parece 
visível que havia uma destinação certa, contudo, só a tortuosidade dos 
acontecimentos levou ao grande desfecho, e é importante considerar que 
os debates pró e contra foram os grandes construtores da História. Em 
consequência os grandes objetivos da região puderam ser atingidos, 
mesmo com a objeção dos contrários e os discutíveis argumentos dos 
favoráveis. Essa é uma pretensa visão quando são trazidos à luz alguns 
documentos da época, contudo, é verdade que sob a ótica daquele que 
conta a história. A simples iniciativa de trazer à tona ou selecionar os fatos 
ocorridos no passado, é uma decisão que resulta da escolha de um lado, no 
conjunto de tudo o que ocorreu, na outra ponta as conclusões sempre são 
norteadas a partir de alguma pretensão do autor. Por motivos como esses 
sempre cabem revisões da História, pois, as óticas encetadas na verdade 
são escolhas, as quais dependem de inúmeros fatores, tais como: 
conhecimento, acesso aos documentos, sentimento de justiça e outros. 
 Como se vê a emancipação de Osasco foi conseguida a semelhança de 
um parto onde se usa o fórceps, para trazer a luz o novo ser. A impressão 
que se tem é de que a grande maioria dos habitantes da localidade não 
tinha outra aspiração senão, de alguma maneira, continuar residindo na 
Capital, embora fosse patente o descaso para com o antigo Subdistrito. 
Devido a essa percepção, já há algum tempo pequenos grupos, 
especialmente do velho centro, vislumbravam na separação uma efetiva 
alternativa de melhora das condições locais. Parece que a primeira 
tentativa de independência não foi felizpor inexperiência ou crença em 
alguma diretriz suposta pacificada em todas as regiões, ou ainda, uma 
liderança imaginada por esses grupos de cidadãos, que ficou provada não 
existente. 
 A partir do momento em que o grupo de cidadãos da região central se 
deu conta da realidade vinda a lume, resolveu agregar novas lideranças com 
o intento de atingir o antigo objetivo, o que foi saudável, contudo, apesar 
da nova concepção do movimento emancipador, as dificuldades foram 
quase intransponíveis, basta considerar os documentos anteriormente 
apontados. 
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 Primeira campanha eleitoral para prefeito de Osasco 
 
 O relato dos acontecimentos que serão abordados a seguir, resulta da 
utilização de apontamentos deixados por Orlando Assis da Costa Rangel, 
falecido em agosto de 1994, na cidade de Osasco. Como ficará 
demonstrado, o autor participou de maneira muito intensa da referida 
campanha, em mais de uma frente e sem, contudo, ter primado pelo 
protagonismo que o levasse à projeção de uma imagem, da qual pudesse 
tirar proveito pessoal, como por exemplo usufruindo de cargos ou funções 
com remuneração. 
 Como será visto trata-se de uma trama complicada, como sempre 
cheia de idas e vindas, produto de desconfianças, traições, ingratidões, 
interesses escusos, ciúmes, sede pelo poder e por aí afora. 
 Para completar, nessa época o panorama político nacional estava 
muito conturbado, tanto é que no dia 25 de agosto de 1961 o presidente 
Jânio da Silva Quadros renunciou à presidência, aumentando 
consideravelmente a temperatura dos acontecimentos. A essa altura os 
abutres da política já estavam preparados para influir na mesma de maneira 
desastrosa, tanto é que tudo deu no que deu, isto é, em 1964 sobreveio 
uma ditadura militar com o apoio de parte dos civis mais poderosos e 
influentes, que durou 20 anos. Os seus efeitos maléficos estão vigorando 
até hoje, principalmente porque destruíram uma pretensa classe política 
que se formava. Foi nesse ambiente que transcorreu a campanha política 
para a eleição do primeiro prefeito de Osasco 
 Embora nem tudo esteja bem ordenado, na medida do possível 
pretendemos pintar um quadro que ao nosso ver poderá ser interessante, 
tendo em vista o que realmente aconteceu, logo, podendo descontentar 
pessoas mais interessadas na sua versão. 
 
 Mãos à obra 
 Primeiramente são dados alguns traços históricos do candidato 
Antônio Menck, registrando que apesar da sua pouca instrução formal 
conseguiu através de sua lhaneza, humildade e honestidade, amparado por 
Renato N. Rangel
 
 54 
 
sua posição econômica projetar-se nos meios políticos da localidade onde 
vive, além de Tatuí, Porangaba e adjacências. Sua família e a de sua esposa 
tem origem na cidade de Tatuí. Em Osasco participou corajosamente da 
campanha de emancipação ocorrida em 1953, tendo sido derrotado no 
plebiscito realizado no dia 13 de dezembro desse ano. Sem desanimo 
prosseguiu a luta aproveitando todas as oportunidades que com o tempo 
surgiram, para a conquista almejada. Era um janista de primeira linha, 
tendo tomado parte das várias campanhas do referido: para vereador, 
prefeito, governador do Estado e presidente da República. Elegeu seu 
sobrinho José Menck a deputado federal. 
 Ao reiniciar-se a campanha emancipacionista, em 1958, lá estava 
Menck novamente engajado com todas as suas forças, inclusive financeiras. 
Finalmente com a consulta popular realizada em 21 de dezembro de 1958 
saiu vitorioso, juntamente com os seus aliados e nos primeiros dias de 1959, 
com a decisão do Tribunal Regional Eleitoral – TRE - foi marcada a primeira 
eleição para a escolha dos dirigentes do novo município. Atendendo ao 
apelo de elementos da sua equipe política, aceitou candidatar-se a prefeito 
tendo como seu vice e companheiro de chapa Reynaldo de Oliveira. As 
notas destacam que nessa ocasião o seu autor, embora fizesse parte da 
referida equipe, não se encontrava presente quando da escolha dos 
candidatos, por não ter sido convidado. Decorridos aproximadamente uns 
trinta dias o mesmo grupo inicial substituiu o vice pelo nome de Marino 
Pedro Nicoletti, com alegações diversas e inconsistentes. Iniciado o 
movimento, Antônio Menck patrocina a instalação do Diretório Municipal 
do Partido Republicano, que fica entregue a Maciel de Paula Melo, pessoa 
de sua confiança, enquanto isso o candidato Marino Nicoletti registrou-se 
pela União Democrática Nacional - UDN. No decorrer da campanha o 
prefeito da Capital, Ademar de Barros, impetrou recuso junto ao Supremo 
Tribunal Federal, até que a Assembleia do Estado resolvesse a questão 
levantada pelo próprio Ademar. A esta altura Menck juntamente com a alta 
cúpula janista de São Paulo consegue interferir nas decisões que deveriam 
vir de Brasília – STF, o que acontece e finalmente em maio de 1961 é 
marcada a data das eleições para 7 de janeiro de 1962. A campanha Menck 
é reiniciada em junho de 1961, porém, com a retirada de apoio dos partidos 
que o haviam aceito. A situação ficou caótica, com os candidatos sem 
registro partidário, o que os tornava inelegíveis. Os partidos locais fugiam 
Renato N. Rangel
 
 55 
 
de Menck alegando o seu desgaste político e a falta de competência a 
ambos candidatos quanto à capacidade político-administrativa. Eis que 
após muitas demandas conseguem registro no Partido Trabalhista Nacional 
- PTN, graças ao empenho e boa vontade do seu presidente regional, 
Rodolpho dos Santos Ferreira. As anotações deixadas por Rangel indicam 
que apesar das inúmeras dificuldades o candidato não desanimava e tinha 
a sorte de sempre aparecer alguém que se propunha a resolver as questões 
postas no seu caminho. Sua estrela brilhava admiravelmente apesar das 
intrigas surdas e algumas vezes justas de seus adversários políticos. 
Registre-se que as previsões do observador não são boas para Menck, 
considerando a influência de seus sobrinhos, de seu cunhado Pedro N. 
Fernandes e Reynaldo de Oliveira. 
 Em continuação, os referidos apontamentos afirmam que, Marino 
Pedro Nicoletti é nascido em Osasco, tem 38 anos, é graduado em 
engenharia civil e funcionário da Polícia Técnica do Estado de São Paulo. 
Tem origem humilde, demonstra ser honesto, trabalhador e bom chefe de 
família. Surgiu nos meios políticos de Osasco em 1959, por acaso, devido a 
indicação dos elementos mais chegados ao “velho” Menck, em substituição 
ao nome de Reynaldo, para a campanha à prefeitura, como já apontado 
anteriormente sem a popularidade necessária a um candidato dessa 
natureza. Embora tenha participado do movimento contrário aos embargos 
do prefeito da Capital, não teve maior destaque. Retomada a campanha o 
candidato a prefeito impõe que: sem Marino como vice não continuará 
como candidato. Iniciado o movimento Marino ausenta-se do cenário 
osasquense na primeira fase com desculpas diversas, tais como 
enfermidades na família e dificuldades no local de trabalho, além disso 
mostrava-se arredio à equipe menckista, também, demonstrando 
insegurança ou desconfiança nos destinos de tudo que era proposto. 
 
 
 
 
 
 
Renato N. Rangel56 
 
 O movimento político em Osasco no ano de 1961 
 
 
 Nos primeiros dias do mês de junho, após decisão favorável do STF, o 
Tribunal Regional Eleitoral - TRE - marcou para o dia 7 de janeiro de 1962 as 
esperadas eleições. Correu, então, o boato de que inclusive menckistas 
como Maciel, Izonel José Ribeiro, Conrado del Papa e outros afirmavam que 
Menck não seria mais candidato, visando especialmente afastar Marino do 
pleito. Nesse contexto surgem os sobrinhos de Menck: José Menck, Antônio 
Braz Menck e André Menck, todos desqualificando a candidatura Menck-
Marino, sob a alegação de que um era muito idoso e o outro era impopular. 
 Um grupo regular de menckistas agrupou-se nas fileiras do PTN, sob 
o comando de Rodolpho aguardando os acontecimentos. Em seguida 
correu o boato de que o PTN não aceitaria a candidatura de Marino e 
enquanto procurava-se estruturar o Diretório Municipal desse partido, 
consolidou-se a contrariedade à presença de Marino como candidato a vice. 
Enquanto isso Izonel José Ribeiro, da UDN, confabulava com Maciel, do PR, 
pretendendo liquidar com as pretensões dos candidatos Menck e Marino. 
Ao mesmo tempo o deputado José Menck atuava junto ao Partido 
Democrata Cristão contra as candidaturas em foco; finalmente reestrutura-
se o PDC de Osasco, sob a presidência de José Menck e vice-presidência de 
Asdrúbal Gonçalves Torres, com vacilações e indefinições em suas atitudes 
políticas. Ao mesmo tempo Reynaldo de Oliveira entra em férias, 
afastando-se do movimento, parece que de proposito e procurando alguma 
vantagem quando do seu retorno. Com o enfraquecimento do grupo e a 
ausência absoluta de Marino agrava-se a crise. A esta altura o advogado 
Clovis Ribeiro, experiente nessas tratativas, foi introduzido no grupo 
favorável a essas candidaturas, de forma que com sangue novo um 
reduzido número de menckistas toma as rédeas da situação, com novo 
entusiasmo. Rangel e Clovis tomam a iniciativa de revigorar o PTN em 
Osasco, para registrar os candidatos que estavam à deriva e sem partido 
político. Lá pelos primeiros cinco dias do mês de julho Rangel procurou 
transitar por entre os meios políticos de Osasco, ora contra, ora a favor de 
seus candidatos, para verificar as reais condições do “velho” Menck, tendo 
encontrado de maneira geral um ambiente adverso a essa candidatura, 
Renato N. Rangel
 
 57 
 
especialmente pela frieza em relação à mesma, desconfiança e despeito, 
especialmente por ser Marino seu genro. Acreditava-se que caso eleitos, os 
demais membros da família iriam agrupar-se em torno deles, criando no 
futuro uma verdadeira dinastia Menck, porque a experiência mostrava que 
após todas as brigas e desavenças internas à família terminavam todos 
reconciliados. Rangel alertou Menck a respeito das atitudes vacilantes de 
Izonel da UDN e Maciel do PR, que davam motivo a desconfiança, não 
conseguindo perceber qual o entendimento do candidato, pois, 
acomodava-se em um silencio estranho, até enigmático. 
 Enquanto esses fatos ocorriam, os líderes do Partido Social 
Democrático, do Partido Democrata Cristão, do Partido Republicano 
Democrático e do Partido Social Progressista, procuravam criar distorções 
nos meios políticos para destruir as candidaturas Menck e Marino. 
Percebia-se que os elementos considerados menckistas ao rodearem o 
“velho” demonstravam excesso de confiança na vitória sem, contudo, o 
efetivo conhecimento da situação, não apresentando maior apreço pela 
causa e ao mesmo tempo dispersando forças em função de suas imposições 
e vaidades pessoais. Nesse ponto o movimento popular encontrava-se 
completamente frio, enquanto o “velho” Menck se envolvia com problemas 
isolados e sem nenhuma noção de conjunto. Nessas condições o referido 
candidato ameaça desistir; correu a notícia em Osasco segundo a qual o 
mesmo não mais seria candidato. Foi quando Rangel recebeu essa notícia 
pelo próprio Maciel. Voltam os rumores de que o candidato Menck não iria 
conseguir um partido para registrar-se com Marino. Enquanto isso Rangel 
e Clovis continuavam trabalhando intensamente nos círculos da Capital 
para conseguir o registro partidário, pois, essa candidatura achava-se 
bloqueada nas cúpulas dos partidos, inclusive do PTN. Rodolpho 
encontrava-se em situação delicada porque havia manifestado o desejo de 
no futuro próximo candidatar-se a deputado, o que descontentava outros 
pré-candidatos da Capital, por dividir o eleitorado em prejuízo daqueles, 
acostumados a contar com os eleitores de Osasco. 
 A esta altura surgiu o nome de outro candidato, Giuseppe Romano 
Donati (Pepe), com registro no PR e sob a proteção do Palácio do Governo 
do Estado e da empresa Brow Boveri, instalada em Osasco, contando ainda 
com o apoio de antigos menckistas ligados a Antônio Dinaer PIteri (Guaçu). 
Renato N. Rangel
 
 58 
 
 Houve cisão no PR e com isso Rangel intensificou seus entendimentos 
com Rodolpho, o qual aguardava uma oportunidade para manifestar-se a 
favor da chapa Menck-Marino, foi quando Antônio Loureço dos Santos 
(Parafuso) através de seus contatos obteve sucesso junto ao PTN, ao 
conseguir contornar os problemas, em favor da causa menckista. 
 Enquanto isso Marino continuava ausente e cada vez mais 
decepcionante junto aos seus companheiros de luta. Notava-se também 
que Albertino de Souza Oliva tornava-se alheio às reuniões, deixando 
dúvidas quanto aos passos que iria tomar a seguir. Tal atitude foi observada 
em uma reunião na residência do candidato em que se encontravam 
Rangel, Pedro, Reynaldo e Loureço. Nessa reunião ficou acertado que a 
secretaria do Comitê Central (antigo e tradicional) seria entregue a 
Reynaldo, enquanto Pedro Fernandes insistia no sentido de que a 
presidência deveria ficar com Rangel, o que não foi aceito enquanto não 
fosse resolvida em definitivo a questão da candidatura a vice-prefeito, por 
não considerar a atual candidatura viável junto ao eleitorado. Pedro insiste 
que aceite por não acreditar totalmente nos argumentos ali postos. Diante 
dessas afirmações Reynaldo lembrou que em conversa com Rodolpho, o 
mesmo sugeriu que a situação poderia ser contornada se fosse apresentada 
uma lista quadrupla ao “velho” Menck, para que o mesmo escolhesse 
aquele do seu agrado, desde que não fosse Marino. Em seguida Menck 
perguntou a Reynaldo se na lista haveria algum nome da família Menck, ao 
que Reynaldo respondeu negativamente. Em consequência disso o “velho” 
não aceitou a sugestão, dizendo que só sairia candidato em conjunto com 
Marino, sem maiores esclarecimentos. Além disso ameaçou retirar a sua 
candidatura sem dar apoio a qualquer outro candidato. Em decorrência 
desse fato resolveram que iriam à campanha com Marino, mesmo que 
pressentindo a visível derrota. 
 
 
 
 
 
Renato N. Rangel
 
 59 
 
 Um resumo cronológico dos acontecimentos 
 
 Mês de junho de 1961 
 Comentário sobre os sobrinhos de Menck, José Menck e Walter 
Menck. Ao mesmo tempo que as nomeadas candidaturas estavam em 
perigo, Rangel soube pela senhora Maria – esposa do “velho” – que Marino 
havia solicitado por telefone, a presença do deputado José Menck para 
dirimir as dúvidas e resolver o impasse, sendo que o mesmo havia 
prometido comparecer com urgência para agir no sentido do registro das 
candidaturas. Todavia, observou-se e ficou claroque ao comparecer alguns 
dias após a solicitação, o deputado procurou esquivar-se alegando a 
exigência da sua presença em Brasília o mais breve possível. Nesses 
mesmos dias a senhora Maria em conversa reservada fez saber ao 
colaborador Rangel que havia solicitado a presença do deputado Walter 
Menck, líder do PR na Assembleia Legislativa do Estado, para intervir no 
caso. Registre-se que o referido deputado estadual não compareceu e 
procurou livrar-se de qualquer compromisso com evasivas diversas. Diante 
desses fatos Rangel procurou informar-se junto à direção do PR, para saber 
da efetiva força desse deputado, vindo a ter conhecimento de que o mesmo 
era uma figura sem qualquer prestígio no partido. É interessante registrar 
que enquanto esses fatos ocorriam, o “velho” Menck continuava afirmando 
que José o prestigiava como candidato e que Walter não era apenas seu 
sobrinho, mas também muito amigo, em consequência confiava tanto em 
Walter como em José e que não o abandonariam toda a vez que necessário 
fosse. 
 
 
 Quanto ao Partido Republicano - PR - 
 
 Junho de 1961 – dia 29 – Tem início um boato de desconfiança a 
respeito das atitudes de Maciel de Pádua Melo. Durante entendimentos 
com o mesmo intensifica-se uma inquietação na área menckista. Vem à 
tona notícias desencontradas que evidenciam o desafeto dos menckista 
Renato N. Rangel
 
 60 
 
quanto à candidatura de Marino Pedro Nicoletti, tanto é que Izonel e 
Conrado del Papa, auxiliados por elementos da ala antiga desgastavam essa 
candidatura. 
 Mês de Julho de 1961 – 
 Dia 1º - Rodolpho, Rangel e Loureço procuraram efetuar 
entendimentos com Pádua Melo, a favor do registro dos candidatos, 
porém, nada conseguiram. 
 Dia 3 – Por volta das 21 horas reuniram-se na residência de Rangel, o 
“velho” Menck, Pedro N. Fernandes e Maciel de Pádua. Após intensa e 
acalorada argumentação Maciel não aceita a proposta de integrar o seu 
partido - PR - à atuação do movimento eleitoral menckista, visando a 
eleição de prefeito e vice-prefeito. Apesar desses fatos ficou acertada uma 
reunião informal, marcada para o dia 8 próximo futuro devido, segundo 
Maciel, considerar prematuro marcar uma convenção para o 
pronunciamento oficial do partido. Acrescenta não acreditar que qualquer 
partido venha a registrar as candidaturas de Menck e Marino, inclusive o 
PTN. 
 Dia 8 – No Comitê Central da campanha suprapartidária, ás 20 horas 
teve início uma reunião informal para sentir a diretoria do PR, quanto às 
candidaturas pleiteadas, sendo que foi visível a contrariedade geral em 
relação às mesmas. Na ocasião manifestaram-se a favor, juntamente com 
Rangel: Nelson Rosa da Silva, José Pedro e José Roque Zemela. Logo a 
seguir, em conversa com Menck, Maciel declarou que a partir daquele 
momento o candidato encontrava-se desobrigado em relação aos 
compromissos assumidos anteriormente com o partido, tendo em vista a 
atitude da maioria dos membros do Diretório do partido. Como nada ficou 
resolvido em definitivo, decidiu-se marcar uma nova reunião para continuar 
as tratativas, no dia 19 vindouro. 
 Dia 9 – Nesse dia foi encaminhado um pedido ao presidente do 
Diretório, contando com quase toda a diretoria, para que se prosseguisse a 
reunião anterior no próximo dia 11, sendo que houve assentimento por 
parte do mesmo. 
 Dia 10 – Registre-se que em contato com Maciel, ficou claro que no 
seu entender, tudo indicava que Menck não seria mais candidato. Estranho! 
Renato N. Rangel
 
 61 
 
 Dia 11 – Embora houvesse reunião do PR marcada para essa data, a 
mesma não ocorreu por falta de quórum. Especialmente porque os 
elementos partidários de Pepe não compareceram. 
 Dia 19 – Em entrevista com Alceu de Assis, presidente da Direção 
Regional do PR, o mesmo declarou que dera credencial a Maciel para 
prestigiar Antônio Menck, contudo estranhava a atitude do Diretório de 
Osasco, tendo Alceu neste mesmo dia reforçado o apoio à candidatura 
Menck. 
 As 21 horas houve a continuação da reunião do partido iniciada no dia 
8, tendo sido encerrada com discussões acaloradas e até violentas 
referentes aos nomes dos pré-candidatos Menck e Pepe. A esta altura os 
menckistas: Rangel, José Pedro, Zemela e Nelson mantiveram-se no seu 
firme propósito, enquanto Carlos Bonatto não deixou clara a sua posição. 
Foi marcada uma nova reunião para o dia 30. 
 Dia 30 – Não houve reunião por falta de quórum, isto porque os que 
eram a favor da candidatura Pepe faltaram. 
 Dia 31 – Houve a Convenção para a escolha do candidato, no Salão de 
Festas de José Candido Pacheco, no Quilômetro Dezoito, com o 
comparecimento dos quinze membros do Diretório, do secretário Regional 
Alexandre de Barros além do deputado Derville Allegretti. Com uma 
assistência de aproximadamente 300 pessoas Maciel abriu os trabalhos. 
Lida e aprovada a ata da reunião anterior a presidência encaminhou os 
nomes de Menck e Pepe como candidatos, para que fosse realizada a 
escolha definitiva, tendo passado em seguida o comando dos trabalhos a 
Alexandre de Barros. Concedida a palavra aos interessados, Rangel 
pronunciou-se favorável à candidatura Menck, historiando sua vida e suas 
profundas raízes em Osasco, inclusive o seu prestígio político tanto dentro 
como fora dessa cidade. Em seguida usou da palavra Moacyr Silva, 
levantando a candidatura de Pepe, com várias ponderações. Mario Nanias 
usou da palavra para propor que o nome do candidato a vice e o dos 
vereadores fosse deixado para um outro momento, no que foi 
acompanhado pelos convencionais. Realizado o escrutínio secreto obteve-
se como resultado: 8 votos para Pepe, 5 para Menck, 1 voto nulo e 1 voto 
em branco. Registre-se que os escrutinadores foram Rangel e Moacyr Silva. 
Tendo sido convidado para conduzir o candidato escolhido a compor a 
Renato N. Rangel
 
 62 
 
mesa diretora Rangel recusou-se, o que então foi feito por Moacyr e Carlos. 
Foram inclusive convidados para tomar assento à mesa os senhores Izonel 
e Reginaldo Valadão, respectivamente, da UDN e do PSB. Após os 
comentários de saudação do presidente, Pepe usou da palavra, 
visivelmente emocionado e agradecendo o apoio recebido. 
 
 
 Nota sobre o Partido Republicano -PR - 
 
 Desde a desastrada convenção do dia 31 de julho de 1961, como 
dissidente, Rangel não mais compareceu às reuniões partidárias. À 
distância observava que a candidatura Pepe não apresentava receptividade 
entre os eleitores e que, além de caminhar mal o PR marchava para o 
desprestígio. Nessas circunstâncias Pepe ia mal e o Diretório Municipal, na 
figura de Maciel, procurava outro rumo. Na última quinzena de novembro, 
Maciel procurou encontrar-se com Rangel para uma conversa, na qual 
relatou em parte suas dificuldades e solicitou o seu comparecimento às 
reuniões do Partido, em especial para a escolha do candidato a vice, que 
ocorreria no dia 5 de dezembro. Em vista disso o mesmo compareceu à 
referida convenção e teve a oportunidade de constatar suas previsões, pois, 
havia grande desagregação, os próprios candidatos a vereador 
manifestavam descontentamento com Pepe porque se tratava de uma 
candidatura muito fraca em termos de projeção junto ao eleitorado. 
Abertos os trabalhos da referida Convenção, inicialmente foram 
substituídostrês componentes do Diretório, por outros três mais atuantes. 
Em seguida foi apresentado o nome de Reginaldo Valadão como candidato 
a vice-prefeito pelo PSB, para homologação inclusive no PR, tendo sido 
rejeitado. Com isso a questão do vice continuou em aberto. Logo a seguir 
teve destaque a questão Pepe, havendo manifestações contrárias à 
manutenção do seu registro, porque verificou-se que se tratava de um 
candidato sem qualquer possibilidade de vitória, além de ter demonstrado 
ser um péssimo coordenador do movimento. Por solicitação de Maciel, 
Rangel teve que se pronunciar a respeito do que se passava, quando fez 
notar que tudo o que ocorria era consequência e responsabilidade do 
Renato N. Rangel
 
 63 
 
próprio partido, ao optar pelo registro de Pepe. O candidato agia segundo 
sua formação social e política, portanto, achava prudente conservá-lo na 
mesma situação, até que o mesmo concluísse quanto a sua inviabilidade 
eleitoral. Nesse momento chegaram ao recinto Valadão e Pepe, os quais 
foram recebidos com indiferença. Maciel os informou quanto ao resultado 
do escrutínio, o que deixou clara a surpresa de Valadão. Solicitando a 
palavra disse que se considerava um legitimo representante do povo, como 
moço humilde que era e que se contrapunha ao império econômico 
dominante. Pepe afirmou que o resultado o surpreendia, pois, considerava 
Valadão como seu legitimo companheiro de chapa e que os comunistas o 
apoiavam incondicionalmente; que estes haviam sido procurados por 
Menck, na pessoa de Rodolpho, e que tinham recusado qualquer aliança, 
especialmente com os menckistas. Por outro lado, os comunistas 
afirmavam que inclusive Hirant Sanazar os havia procurado para 
negociações, contudo resolveram não dar apoio ao mesmo, por se tratar de 
liderança política envolvida com o imperialismo econômico, contrário aos 
interesses dos partidários da esquerda. Pepe afirma ainda que havia sido 
traído por vários antigos companheiros, inclusive o presidente do Diretório 
Municipal da UDN, Izonel José Ribeiro, o qual logo no início da campanha 
havia se comprometido em dar-lhe apoio, no entanto, mais tarde resolveu 
enveredar para o candidato Menck. Alegou que inclusive o mesmo havia 
sido visto saindo da casa do candidato altas horas pela porta dos fundos, 
juntamente com outro elemento da UDN, onde fora vender sua sigla ao 
candidato rico. Mais uma vez enfatizou a sua intimidade com a candidatura 
Valadão. Logo em seguida foi encerrada a seção. A partir dessa data Rangel 
prosseguiu afastado das reuniões, mesmo na condição de 1º vice-
presidente do Diretório e em plena vigência do cargo. Tal atitude deveu-se 
a não pretender novas polêmicas que pudessem enfraquecer o Diretório. 
 
 
 
 
 
 
Renato N. Rangel
 
 64 
 
 Nota sobre o Partido Trabalhista Nacional - PTN - 
 
 Mês de julho de 1961 - 
 Dia 9 – Começam os entendimentos para o registro das candidaturas 
Menck – Marino e ao mesmo tempo, observam-se algumas dificuldades 
relativas ao nome de Marino, as quais posteriormente foram contornadas 
com as gestões de Rodolpho, incluindo aí a presença de vários menckistas 
companheiros de outras jornadas. 
 Dia 17 – Nesse dia houve a Convenção do Partido, com início às 20 
horas, na sua sede, cita à Rua Tenreiro Aranha, onde por aprovação 
unanime fora sacramentada a chapa Menck – Marino. 
 Dia 18 – Nessa data foram para a Capital: Rangel, Rodolpho e Clovis, 
com a documentação necessária para encaminhar o registro dos candidatos 
no Tribunal Regional Eleitoral. Note-se que em relação ao deputado 
Augusto Amarante continuavam certas dificuldades. 
 Dia 20 – Menck recebe em visita o vereador Benedito Rocha, um dos 
líderes partidário. 
 Dia 22 – Novamente os três citados vão à Capital para encaminhar 
providências no sentido de desfazer as dificuldades interpostas por 
Amarante. A esta altura é preciso registrar que houve a interferência 
bastante decisiva de Clovis, sem a qual tudo seria muito mais difícil, até que 
enfim Amarante resolveu homologar o Diretório de Osasco e em seguida 
concordar com os candidatos escolhidos pelo mesmo, em data recente. 
 Dia 23 – Finalmente Benedito Rocha e Amarante resolvem assinar a 
homologação dos candidatos escolhidos e encaminha-la ao TRE, sendo que 
logo em seguida surgem dificuldades quanto ao registro do Diretório de 
Osasco. Novamente são efetuados entendimentos com o representante 
regional do Partido e inclusive no TRE, então, os referidos acima 
juntamente com Clovis procuraram solucionar as dificuldades encontradas. 
A seguir ocorreram entendimentos com Malheiros do TRE, o qual traçou as 
linhas necessária à oficialização do Diretório Municipal. Tendo em vista 
esses acontecimentos, foi estruturado um novo Diretório e inclusive 
realizada nova Convenção, porque o TRE optou por cancelar as Diretorias 
Renato N. Rangel
 
 65 
 
onde constavam como responsáveis, em uma Rodolpho e em outra Avelar 
Pires de Azevedo. Finalmente com o credenciamento de Rodolpho o 
Diretório foi legalizado em 1º de setembro, sendo que em seguida o TRE 
registrou as candidaturas Menck – Marino. 
 
 
 
 Nota sobre o Partido Social Trabalhista – PST - 
 
 Mês de julho de 1961 - 
 Dia 25 – O candidato Menck recebeu em visita dois cidadãos que se 
diziam influentes politicamente: Edson Cardozo Paes e José Casado da 
Cunha Lima - de origem nordestina - os quais hipotecaram toda 
solidariedade e fizeram muitas promessas de colaboração. Informaram que 
pretendiam trazer em apoio à campanha o governador de Alagoas, um 
bispo daquele estado e o brigadeiro Loiola, pretendendo animar a 
campanha e convocar os nordestinos de Osasco. 
 Dia 16 – Foram realizados entendimentos na casa do candidato, com 
Casado e Edson Cardoso Paes, este advogado, visando a formação do 
Diretório do PST em Osasco. Reunidos as 18 horas no Danúbio Hotel 
juntamente com o coronel João Clímaco, este último como lidimo 
representante do Partido prometeu conceder credenciais para que Casado 
e Edson formassem o Diretório, inclusive com predominância do pessoal 
indicado por Menck. 
 Dia 17 – Nessa data os dois representantes do Partido retornam à 
Menck para ultimar as providências quanto a constituição do Diretório em 
tela. Logo de início solicitam a concessão de duas salas, um automóvel para 
sua movimentação além de todo o material de propaganda, para os 
candidatos do Partido. Em resposta o candidato garantiu de início, apenas 
uma sala para a instalação do Diretório, sendo que o restante seria 
resolvido em data futura, pois, não poderia haver desigualdade de 
tratamento no que se refere aos partidos da base de apoio. Diante desses 
Renato N. Rangel
 
 66 
 
fatos os postulantes retiraram-se e não mais procuraram contato. Dias após 
Rangel procurou falar com o João Clímaco, não sendo possível encontra-lo. 
Passados mais alguns dias veio à tona que as colocações de Edson e Casado 
eram desprovidas de qualquer significado, na verdade eram um embuste. 
A esta altura surgiu o nome do professor Hilton Reis Santos, como o 
verdadeiro representante regional do Partido. Em seguida Rangel procurou 
visitar o referido para entabular entendimentos, tendo concluído que os 
primeiroseram impostores, que pretendiam tirar proveito próprio, em 
função das indefinições reinantes. 
 
 
 Nota sobre o Partido Libertador - PL - 
 
 Mês de agosto de 1961 - 
 Dias 1º a 6 – Foram efetuados vários entendimentos de Clovis com 
Dalmo de Abreu Dallari, Secretário do Partido, para que o mesmo apoiasse 
a campanha defendida por ele e inclusive formasse um Diretório em 
Osasco. 
 Dia 9 – Nesse dia Rangel, Clovis, Pedro Fernandes e Rodolpho, 
realizaram uma visita a Dalmo, em seu escritório, na Capital, onde ficou 
acertado o apoio ao candidato dos mesmos. O anfitrião solicitou uma lista 
com os nomes indicados para a formação do Diretório Municipal. 
 Dia 14 – Com o retorno de Rangel, Menck, Clovis e Pedro, ao escritório 
de Dalmo, os mesmos foram portadores da relação solicitada. 
 Dia 20 – Rangel, Clovis e Rodolpho retornam a Dalmo e este declarou 
que se encontrava em dificuldades para a formação do Diretório em pauta, 
porque ocorrera uma mudança inesperada na alta direção do Partido. 
Esclarecia que, a entrada do brigadeiro Faria Lima e outros elementos 
considerados por ele estranhos às hostes do Partido, não permitiam 
continuar com o mesmo foco, por isso estudava uma maneira de anular as 
últimas decisões, junto ao TRE. Pensava inclusive em demitir-se do Diretório 
Renato N. Rangel
 
 67 
 
Regional. Finalmente ponderou que caso conseguisse o seu intento 
manteria o apoio à campanha, como combinado. 
 
 
 Registros relativos à campanha Menck, a prefeito 
 
 Mês de agosto de 1961 - 
 Dia 6 – Em um “show” musical realizado na Avenida 9, no Quilômetro 
Dezoito, sob os auspícios da Sociedade Amigos de Comandante Sampaio, 
compareceram juntamente com Menck membros da sua equipe, tendo 
usado da palavra os companheiros Rangel e Heliodoro de Vincenzo. 
 Dia 12 – Foi sacramentado um “acordo” do presidente da Associação 
Amigos de Comandante Sampaio, Nelson A. da Silva, com Menck, valido até 
7 de janeiro próximo futuro. As 20 horas houve “show” musical em um local 
da Avenida 5 com a presença de Menck. Foram oradores: Lourenço, 
Heliodoro e Rangel. Registre-se que na tarde do mesmo dia, em matinê 
dançante no Salão de Baile de José Candido Pacheco, foram oradores: 
Marino e Rangel. 
 Dia 13 – Novamente houve “show” musical na Avenida 9, local onde 
foram oradores: Marino e Rangel. Ainda nesse dia, houve a visita dos 
representantes da sociedade dos nordestinos de Osasco, solicitando apoio 
financeiro para a mesma, no que tiveram seu pleito atendido com um valor 
mensal em espécie. 
 Dia 14 – À noite houveram entendimentos com Afrânio de Oliveira, 
por intermédio de sua sogra, na residência desta, proporcionados pelo 
senhor Pires do TRE, onde Rangel presenciou a conversa de Afrânio com 
Augusto do Amarante, via telefone. 
 Dia 15 – Por convite do Templo Evangélico sito à Avenida Cobrasma 
compareceram em visita, às 15 horas, Menck, dona Maria, Pedro, Lourenço 
e Rangel, onde este último usou da palavra em nome do casal. Às 16 horas, 
compareceram à Sociedade dos Nordestinos, em Presidente Altino, o 
deputado José Menck, Casado, Asdrúbal Gonçalves Torres e Rangel. Dessa 
Renato N. Rangel
 
 68 
 
solenidade Rangel retira-se antecipadamente após constatar ato 
extremamente demagógico por parte do deputado José Menck. Às 18 horas 
seguem para o Jardim Santo Antônio: Rangel, Lourenço e José Carlos 
Próspero, a convite de Anastácio Delgado, para um “show” musical a 
realizar-se naquele local. Em lá chegando eles encontraram o candidato 
Hirant Sanazar ao microfone, usando da palavra a convite do mesmo 
Delgado que os havia convidado. Delgado empenhou-se em dar explicações 
sobre o fato com evasivas, em consequência os mesmos retiram-se do 
ambiente com uma forte má impressão. 
 Dia 17 – À noite Rangel entrevistou-se com Dirceu de Campos a 
respeito das legendas PRT e PSB, estudando a possibilidade de contornar as 
dificuldades junto ao PSB e eliminar os efeitos danosos do PRT, em função 
de fatos ocorridos. 
 Dia 18 – Por volta das 10 horas houve uma entrevista de Rangel com 
Manuel Ferreira Batista, presidente da Sociedade dos Nordestinos de 
Osasco, juntamente com Antônio Gabriel do PSB. As 21 horas os três e mais 
alguns elementos da referida Sociedade tiveram um encontro com o 
professor Hilton Reis dos Santos, na Capital, à Rua Barão de Limeira número 
937. Daí resultou que o referido professor garantiu apoio à campanha 
Menck e recomendou a Gabriel que providenciasse a homologação das 
candidaturas Menck – Marino, junto ao PSB. Deve-se fazer notar que 
quando dessas tratativas os nordestinos entraram em acordo com Hilton, 
para quando da sua próxima candidatura a deputado, tudo isso mediante a 
concessão de auxílio em dinheiro e serviços técnicos. 
 Dia 19 – Durante o dia Rangel e Clovis estiveram na Capital, 
providenciando ações junto a políticos, para ajustes na sua campanha. Às 
20 horas, a convite de Reginaldo Valadão, compareceram ao Diretório do 
PSB, no Quilômetro Dezoito: Menck, Rangel, Nelson e Rodolpho, sendo que 
o candidato declarou logo de início que não se submeteria a qualquer 
sabatina por parte dos membros do Diretório. A esta altura, Rangel propôs 
que a si próprio fossem direcionadas todas as questões relativas ao 
andamento da campanha em Osasco. O Diretório aceitou a proposta e 
solicitou a Menck que se pronunciasse a respeito, no que não foi 
correspondido, tendo em vista apenas manter-se em silêncio. Mesmo assim 
a iniciativa proposta foi mantida e durante uns 50 minutos Rangel foi 
Renato N. Rangel
 
 69 
 
questionado, com a abordagem de vários assuntos relativos ao novo 
Município e futura administração. Prosseguindo, entra no salão o jornalista 
Emanuel juntamente com uma outra pessoa de sua confiança, porém, não 
identificada pelos presentes, motivo pelo qual Rangel questionou o 
presidente Valadão se a entrevista era de caráter público ou privado. O 
presidente respondeu que a reunião era de caráter privado e que, era de 
total responsabilidade do jornalista publicar qualquer notícia infundada ou 
desvirtuada. Nesse panorama ocorreu uma discussão acalorada entre 
Emanuel e os diretores anfitriões, o que em boa parte levou os convidados 
a iniciar uma retirada, cercada de boas maneiras e gestos de cortesia. Foi 
por ocasião dessa reunião que Rangel percebeu em Menck um 
comportamento diferente, retraído, muito sério e distante. Apesar do 
modo de sua manifestação no dia anterior onde relutava em aceitar o 
convite, particularmente influenciado por Marino Pedro e Pedro 
Fernandes, mesmo assim foi levado a comparecer devido aos argumentos 
de Rangel, Rodolpho e Clovis. A partir desses acontecimentos procurou 
afastar-se das indicações dos companheiros acima, especialmente as de 
Rangel a quem, ao que parecia, dedicava maior atenção. Ainda nesse dia, 
as 19 horas, realizou-se um “show” musical, no Jardim Piratininga, que 
contou com a presença de Rangel, Reynaldo e Lourenço, no qual ficou nítida 
a ausência de Marino, cujo argumento foi de ter que levar um filho ao 
médico, no que mais tarde foi desmentido por Clovis. Segundo este último, 
na verdade ele deslocara-se para a Capital com a finalidade de comparecer 
a uma festa da comunidade japonesa, juntamente com a família. 
 Dentreos boatos correu um, dias após, em que Pepe pretendia 
apresentar alguns fatos surpreendentes a respeito de Marino – palavras 
desabonadoras gravadas. Essa notícia foi transmitida a Marino pelo 
deputado José Menck, ocasião em que o difamado prometeu processar 
Pepe, por falsidade ideológica. Depois de vários lances José Menck 
convenceu Marino a deixa-lo resolver tudo, com boas maneira, junto a 
Pepe. O importante é que tais acontecimentos deixaram pesadas duvidas 
inclusive no grupo apoiador, sendo que tudo foi abafado entre os 
protagonistas. 
 Dia 20 – Durante o dia Rangel esteve na Capital, juntamente com 
Clovis, procurando entendimentos com políticos. Às 20 horas houve “show” 
musical na Avenida 9, onde compareceram os oradores Rangel e Lourenço. 
Renato N. Rangel
 
 70 
 
 Dia 21 – A noite, em conversa com Dirceu Campos, este propõe a 
Rangel executar a propaganda da campanha, mediante o devido 
pagamento, motivo pelo qual o segundo encaminhou a proposta a Menck, 
sendo que este pediu para aguardar outro momento. Lembremos que ainda 
nesse dia Rangel e Clovis estiveram na Capital, procurando ajustar os 
tramites para o registro das candidaturas Menck – Marino. 
 Dia 22 – Pela manhã Rangel e Clovis estiveram novamente na Capital 
fazendo gestões junto a políticos influentes. Á noite Clovis esteve no 
Diretório da UDN, onde encontrou Pepe e constatou uma proposta 
indecorosa do mesmo para obter o apoio daquele partido, ou seja, 
entregou ao presidente Izonel José Ribeiro um documento escrito em que 
se comprometia a pagar seiscentos mil cruzeiros (R$ 600.000,00), além de 
fornecer todo o material da campanha. 
 Dia 23 – Das 9 às 18 horas Rangel e Clovis compareceram à residência 
de dona Carmen, onde lidaram inclusive com dados eleitorais secretos 
relativos a Osasco. Em prosseguimento dirigiram-se à cidade de Santo 
André, para entendimentos com o senhor Manoel da UDN. Tratava-se de 
um lugar-tenente do bispo Dom Jorge, com o qual foram acertadas medidas 
relativas ao Diretório da UDN em Osasco. Manoel acompanhou-os até São 
Paulo, tendo ficado no centro para entender-se com o deputado Roberto 
de Abreu Sodré. O objetivo era impedir que a UDN apoiasse outro 
candidato que não Menck. É interessante notar que nesse mesmo dia, 
quando o PSB inaugurava uma placa em um salão sito à Rua João Batista, 
em Osasco, a polícia foi acionada pelo Exército para que juntos 
comparecessem ao local, para averiguações. Dessa operação resultou a 
prisão de vários dos presentes, os quais foram recolhidos ao Quartel de 
Artilharia em Quitaúna. Dentre esses elementos podemos citar: Edmundo 
Campanha Burjato, Luiz Gonzaga de Carvalho, Reginaldo Valadão, Antônio 
Benedetti, no total, aproximadamente umas 36 pessoas. Diante desses 
fatos Rangel permaneceu em conferência com Menck durante todo o dia, 
de onde recolheu-se para a sua residência as 20 horas. 
 Dia 28 – Durante todo o dia Rangel manteve-se em conversações com 
Menck, com grande expectativa diante dos fatos. Nenhum dos outros 
companheiros deram sinal de vida, ausentaram-se. A noite telefonaram 
para o Clovis, mas não o encontraram. 
Renato N. Rangel
 
 71 
 
 Dia 29 – Rangel e Clovis encontram-se na residência de Rodolpho, 
para tratar da nova coleta de documentos do PTN, para o devido registro 
das candidaturas Menck – Marino, inclusive providenciando as assinaturas 
dos dirigentes do Partido. À noite, na residência do candidato a prefeito 
reuniram-se: Marino, Lourenço, Pedro, Zemela, Reynaldo, Rodolpho, 
Rangel, Clovis, Menck e senhoras: Maria e Aparecida, esta última esposa de 
Marino. Nessa reunião foi entregue a Menck a documentação que deveria 
ser assinada, por exigência, para o encaminhamento de seu registro junto 
ao Partido, sendo que Marino deveria assinar juntamente. 
Inesperadamente Menck recusa-se a assinar a documentação afirmando 
que não desejava mais ser candidato. Ato continuo Marino faz a leitura de 
documento no qual Menck renuncia à candidatura, sendo que dentre suas 
palavras vale a pena destacar o parágrafo: “com Jânio comecei e com Jânio 
termino”. Marino encerra dizendo que acompanha seu sogro na postura 
assumida pelo mesmo. Como essa foi uma atitude planejada em separado, 
sem a participação dos demais elementos do grupo, criou-se um impasse e 
grande insatisfação, pois, mal haviam conseguido algum sucesso a duras 
penas na primeira fase da campanha. Era lamentável porque o PTN havia 
sido o único partido a se comprometer com o registro das candidaturas, 
com o que salvava uma situação tão delicada e intrincada, quando nenhum 
outro partido queria assumir responsabilidades. Houve verdadeira revolta, 
porque todo o esforço fora em vão e sem qualquer consideração para com 
os companheiros de luta. Note-se que tudo isso ocorreu no momento em 
que os outros partidos, na realidade fugiam dos candidatos Menck - 
Marino, porque não acreditavam no potencial dos mesmos. Clovis, como 
sempre, procura contornar a situação com habilidade e argumentos, calma 
e inteligência, no que não é atendido; Lourenço apela para os bons 
sentimentos dos candidatos, sem sucesso; Rodolpho propõe a Menck um 
prazo de 15 dias para uma decisão definitiva, tendo em vista todo o esforço 
dedicado até aquele momento, mas também não foi atendido. 
 A esta altura, Marino reforça a atitude tomada por Menck, declarando 
que a decisão fora muito bem pensada por ambos e que os dois tomavam 
tal atitude, tendo em vista os movimentos existentes em Osasco e inclusive 
no país, pelo que concordava com o sogro em particular pela atitude 
sincera. Lembremos que a política nacional estava convulsionada, devido à 
renúncia do presidente Jânio Quadros e com isso, os políticos “raposas” 
Renato N. Rangel
 
 72 
 
estavam à espreita do banquete que os deveria saciar. No documento lido 
constava, por estranho que pareça, agradecimentos especiais a Clovis e 
Rodolpho, de tal forma que os demais companheiros figuravam como 
pessoas de segundo plano, embora tivessem dedicado seus esforços e 
relações com desassombro até aquele momento, pela causa em tela. Após 
o termino da fala de Marino, dona Maria insistiu para que Rangel se 
pronunciasse a respeito, o qual aceitou a incumbência declarando acreditar 
que ainda não fosse a ora do seu pronunciamento e que lhe parecia mais 
conveniente no final. 
 Com a palavra, Rangel dirigiu-se a Menck, afirmando que como seu 
secretário político ou assessor, trabalhando dia e noite a sua vista, em sua 
residência, sem qualquer interesse particular senão a vitória do movimento 
e o coroamento do seu nome, tudo pela causa maior, ou seja, o interesse 
coletivo de Osasco, vinha notando de sua parte certa falsidade e ingratidão. 
Tendo em vista tal atitude com a qual bania de qualquer consideração 
companheiros dos momentos mais difíceis, não podia admitir de sua parte 
uma infidelidade dessa natureza. Em seguida dirigiu-se a Marino e Pedro, 
fazendo-lhes entender que não havia outra interpretação senão a 
culpabilidade de ambos no fato em consideração, pelo parentesco e grande 
influência que exerciam sobre o candidato sendo que com os outros 
companheiros eram muito reservados. Marino procurou se desculpar, ao 
passo que Pedro acusou Rangel de prepotente e declarou que nada sabia 
sobre a renúncia. Travou-se então uma forte discussão entre Rangel e 
Pedro, de forma queo primeiro resolveu afirmar que Pedro era manhoso e 
aproveitador da situação atual e outras passadas, para tirar proveito 
pessoal, incluindo-se aí o seu mandato de Juiz de Paz, de onde tirava 
proveito pecuniário e que sempre se mostrava um mau companheiro na 
política, sem qualquer visão nesse campo, permanentemente desconfiado 
com os companheiros e traiçoeiro, visando suas conveniências. Rangel 
afirmou ainda que o ato presenciado não era mais que uma infidelidade e 
pronunciada fraqueza dos candidatos. As afirmações levaram a um 
ambiente tão tumultuado que forçou o casal Menck a intervir pedindo 
calma, no que foram acatados, porém o mesmo Rangel fez questão de 
asseverar que não se considerava como os demais, íntimos do casal, que 
estavam sempre juntos ao mesmo para tirar vantagens inclusive 
econômicas, não sendo o seu caso, pois, nada lhes devia nesse sentido. Por 
Renato N. Rangel
 
 73 
 
volta das 23 horas Rangel e Rodolpho retiraram-se, contudo, levados por 
Marino em seu automóvel, por insistência do mesmo. Durante o trajeto 
Marino procurou encontrar desculpas as quais, porém, não foram 
suficientes nem claras. Clovis permaneceu na residência de Menck, sendo 
que aproximadamente a uma e meia da madrugada chegou a residência de 
Rodolpho, com a documentação motivo de todo o acontecido assinada por 
Menck e Marino, justamente porque os mesmos haviam retrocedido, 
continuando como candidatos após muito relutarem. 
 Dia 30 – Finalmente Rangel, Clovis e Rodolpho encaminham a 
documentação necessária para o registro das candidaturas Menck – 
Marino, originária do Diretório Municipal para registro junto ao Tribunal 
Regional Eleitoral. Ao retornarem à residência de Menck, por volta das 21 
horas, encontraram um ambiente calmo, quando Rodolpho entregou a 
dona Maria o protocolo do registro encaminhado. Ato continuo Clovis 
lembrou ao candidato que todos aguardavam o prazo de 15 dias para a sua 
confirmação definitiva, no que houve acordo das partes. 
 Mês de Setembro de 1961 - 
 Dia 1º - O TRE confirma o registro das candidaturas solicitadas no dia 
anterior. 
 Dia 2 – Nesse dia Hugo Silva convida o candidato Menck para uma 
reunião no período da noite com diversos políticos de Osasco, tendo como 
pauta principal o momento político nacional, por encontrar-se delicado e 
de certa forma até ameaçador sob o ponto de vista da paz social. Nessa 
mesma data o candidato fez uma visita a Rangel, na residência deste, onde 
declarou não ter aceitado o convite face à anormalidade social em que se 
encontrava o país. 
 Dia 3 – À noite Rangel, Heliodoro e Rodolpho compareceram em visita 
a residência de Menck, onde foram recebidos com grande afabilidade. Na 
oportunidade, dona Maria apresentou suas desculpas a Rodolpho, pelos 
fatos ocorridos na noite do dia 29 próximo passado. 
 Dia 5 – No período da manhã Rodolpho informou Rangel que em 
contato com Clovis fora informado de que novamente o par candidato 
vacilava e tudo indicava que iriam desistir, inclusive, tendo alertado para 
que ele, Rodolpho, se preparasse para entrar no páreo na condição de 
Renato N. Rangel
 
 74 
 
candidato a vice-prefeito. Para isso faltava apenas encontrar um substituto 
do candidato a prefeito que tivesse condições financeiras. 
 Dias 6 a 10 – Parecia que tudo estava calmo. Prosseguia o 
“alistamento eleitoral”, com o auxílio de pessoas dos grupos de Menck e de 
Rodolpho, sendo que este já contava com mais de 1500 eleitores. 
 Dia 11 – No período compreendido entre 22 e 23 horas estavam 
reunidos: Clovis, Ivan, dona Carmem, Rodolpho, Reynaldo, Lourenço, 
Zemela e Rangel, quando Menck declarou que se encontrava disposto a 
prosseguir na campanha com todo o ardor. Nas tratativas de Clovis ele fez 
ver a Reynaldo que o mesmo deveria fazer o possível para atrair o Partido 
Democrata Cristão -PDC – para o lado menckista. O mesmo ainda levantou 
a questão da necessidade de organizar os Subdiretórios dos partidos nos 
bairros, tal que os seus candidatos a vereador fossem os responsáveis pelos 
mesmos; a proposito Rodolpho informou que já havia iniciado esse trabalho 
no seu partido. Clovis insistiu junto ao candidato para que desse todo o 
apoio aos partidos que os aceitassem, em particular ao PTN, oferecendo 
transporte e material de propaganda. 
 Dia 13 – Na noite desse dia Rangel fez uma visita a Menck onde 
encontrou tudo em calma. O mesmo não teve, porém, boa impressão 
quanto à marcha da campanha dos menckistas. 
 Dia 14 – Compareceram à residência de Menck: Rangel, Clovis, dona 
Carmem, Ivan, Rodolpho, Pedro, Zemela, Lourenço e Marino. Nesse 
encontro Clovis solicitou a Marino que procurasse, com rapidez, preparar 
uma planta do Município de Osasco, indicando os vários bairros, para que 
se apontasse onde instalar os futuros Subdiretórios dos partidos. Marino 
pronunciou-se de maneira desfavorável à inciativa, pois, não acreditava que 
essa planta fosse efetivamente tão importante, considerava uma perda de 
tempo. Rangel lembrou a Marino que poderia ser apenas um esquema 
destacando o centro de Osasco, com setas dirigidas para os vários bairros, 
sendo que esses poderiam ser identificados por pequenos círculos. Clovis 
lembrou os candidatos que daqui para a frente os mesmos deveriam 
comparecer a todas as festas para onde fossem convidados, tais como 
quermesses, casamentos, batizados, aniversários, etc. sempre oferecendo 
um pequeno mimo e, em determinadas situações até dinheiro, dado ao fato 
Renato N. Rangel
 
 75 
 
de que esse procedimento era comum entre os políticos e com efetivos 
resultados positivos. 
 Dia 16 – Rangel teve conhecimento de que Marino havia entrado em 
entendimentos com o Conselho Deliberativo da UDN, sem conseguir nada, 
além de promessas vãs. 
 Dia 17 – Durante o dia Rangel procurou dar assistência a Menck, 
enquanto isso Arildo continuava distribuindo propaganda e Maneco 
atuando pelos bairros, na pichação pela candidatura. Em Reunião, às 19 
horas, apresentou-se Sydney de Carvalho, como candidato a vereador, 
solicitando legenda no PTN para incorporar-se à campanha. Em 
consequência Menck solicitou a Rangel que interferisse junto a Rodolpho 
para conseguir registrar o candidato, o que aconteceu. 
 Dia 20 – Logo pela manhã Rangel conversou com Rodolpho a respeito 
do registro das candidaturas a vereador de: José Cândido, Nelson 
Alexandre, Antônio Máximo da Silva e Sanches -motorista – este último a 
pedido de Menck. Rodolpho concordou em tudo solicitando apenas que os 
referidos comparecessem à próxima reunião do Diretório Municipal. 
 Na noite desse mesmo dia compareceram à residência do candidato: 
Pedro, Rodolpho, Nestor de Oliveira (Piraju), Zemela, Clovis, Ivan, dona 
Carmem e Rangel. Logo no início Clovis indaga de Nestor, como andavam 
as coisas no panorama político, este evitou qualquer manifestação mais 
enfática, temendo assumir atitude de risco, sendo que em seguida 
retiraram-se Nestor e Zemela. Clovis informa a Menck que pretendia trazer 
elementos de projeção política na Capital, para contribuir na formação dos 
candidatos a vereador e que, para isso necessitava de uma sala no Largo da 
Estação ou nas proximidades, objetivando dar assistência trabalhista às 
pessoas comuns, de maneira gratuita, no que Menck discorda. Em seguida 
Clovis dizque esteve em entendimentos com o médico Adauto Ribeiro, 
muito conhecido em Osasco, para que por meio da política o mesmo 
obtivesse um credito de Cr$ 30 000 000,00 (trinta milhões de cruzeiros), a 
serem aplicados no seu Hospital, com a contraproposta da disponibilidade 
de certo número de leitos, para o atendimento de pessoas desassistidas na 
saúde. Menck declarou que não devia tomar conhecimento desse 
problema, pois, nada tinha a ver com a sua candidatura. Em seguida 
enfatiza que não tem pretensões com os problemas dos operários, inclusive 
Renato N. Rangel
 
 76 
 
por ser amigo dos patrões, além de declarar ter certeza de que os 
candidatos a vereador eram cidadãos suficientemente esclarecidos e 
independentes de orientações de elementos estranhos ao ambiente 
osasquense. 
 Dia 21 – Pela manhã Rangel e Rodolpho encontraram-se com Menck 
e este se achava bastante animado. À tarde Rangel esteve em Pinheiros a 
procura de José Pedro para acertar detalhes da campanha, não o 
encontrando. Por telefone conversou com Clovis dando notícias dos 
acontecimentos, quando o mesmo prometeu um encontro na residência de 
Rangel à noite, o que não aconteceu. 
 Dia 22 – A partir desta data surgiu um fato complicador, ou seja, 
elementos da antiga ala menckista tais como Reynaldo, Pedro, Marino e 
outros resolveram que toda a campanha deveria ser conduzida por um 
Comitê Central apartidário e encarregado de controlar todas as ações da 
campanha, sem a interferência dos partidos políticos. Neste ponto, 
Reynaldo, por exemplo, afirma que qualquer partido só seria necessário 
para o registro dos candidatos, no mais deveriam ser eliminados do 
processo. Nessa condição deveria incluir-se também o PTN, porque o grupo 
do candidato era autossuficiente e sabia muito bem como proceder no 
andamento da política osasquense, não dependendo de orientação 
partidária. A esta altura observa-se o comportamento nitidamente 
prepotente, do grupo que liderou a primeira campanha pela emancipação. 
Ao mesmo tempo que o referido grupo se autodenominou dono da 
campanha, Reynaldo fez publicar um convite impresso no qual propunha 
que quem desejasse poderia agregar-se ao grupo, cuja garantia de 
segurança era dada pelos nomes de pessoas a mais tempo ligadas a Menck. 
Com o surgimento dessa pretensa força houve uma cisão no movimento 
entre os denominados “partidários” e os “apartidários”, com a grande 
decepção dos companheiros que lutaram e empenharam suas palavras nos 
momentos de maior dificuldade, particularmente quando as candidaturas 
careciam de registro. Transpostas essas barreiras, surge um grupo que 
pretende se tornar dono da situação, impondo suas decisões aos demais, 
de maneira autônoma. Registre-se que de vez em quando Rangel 
conversava com Reynaldo, em seu consultório dentário, esclarecendo que 
as coisas iam de mal a pior. 
Renato N. Rangel
 
 77 
 
 
 Mês de Outubro de 1961 - 
 Dia 3 – À noite reuniram-se na residência de Rodolpho: Rangel, dona 
Carmem, Clovis, Ivan, José Cândido e José Braz Menck. Não compareceram 
Marino e Menck, mesmo tendo sido convidados para a mesma, sob a 
alegação de que Menck havia viajado para Santos inesperadamente. Em 
conversa de Clovis com Braz Menck, pareceu ficar claro que havia a 
possibilidade de reconciliação. 
 Dia 5 – Em reunião do PTN, com a presença de Hilton Reis Santos e 
Benedito Rocha, este último proferiu uma verdadeira aula aos candidatos a 
vereador, que se encontravam presentes. 
 Dia 7 – Em visita ao candidato Menck, Rangel observa que o mesmo 
se encontra inclinado a não aceitar qualquer entendimento amistoso com 
o PTN e ainda por outro lado, tem o firme propósito de afastar Clovis 
daquele convívio, argumentando que se trata de pessoa não idônea e, 
portanto, nociva ao meio. Alegava mais, que a partir desse momento 
deviam afastar todos os elementos provenientes de São Paulo e imbuídos 
com pretensas intensões de interferir na campanha local. Diante do 
exposto Rangel discordou frontalmente da sua pretensão, alegando que o 
registro de sua candidatura e a de Marino, foram conseguidos mediante 
entendimentos e compromissos morais assumidos com diversos políticos 
da Capital, sem o que nada teria sido conseguido. Concluiu afirmando que 
não voltaria atrás, no que se refere a essa atitude. 
 Dia 8 – Rodolpho convocou uma reunião em sua residência, para as 
20 horas, a qual compareceram: Menck, Marino, Zemela, Rangel, Lourenço, 
Sydney, Juca Gregório, Clovis, Ivan, dona Carmem e José Candido. Logo no 
início Rodolpho leu uma carta de convocação para a criação de um Comitê 
Central assinada por Reynaldo. Afirma que discorda totalmente da 
iniciativa, como presidente do Diretório Municipal do PTN. Em seguida 
Marino procurou desculpar Pedro e Reynaldo, maiores responsáveis pela 
ideia. O presidente do Partido afirmou que o PTN não podia concordar com 
o controle de um órgão estranho ao partido e acima do mesmo, conduzindo 
autocraticamente a campanha. A esta altura Sydney de Carvalho e José 
Candido manifestaram-se solidários com Rodolpho. Clovis mencionou que 
Renato N. Rangel
 
 78 
 
vinha observando o desenrolar dos fatos e especialmente a péssima 
conduta dos candidatos em relação ao único partido que os registrou, sem 
exigir contrapartidas. Ainda insistiu com Menck para que nomeasse uma 
equipe de direção do referido Comitê, o qual sob pressão apontou os 
nomes de Rodolpho e Marino para tal. Marino aceita a incumbência 
discordando do nome de Rodolpho por se tratar de dirigente partidário, 
portanto contrário aos ditames de seu grupo, que pretendia a hegemonia. 
Com a manutenção do nome de Rodolpho, pela ação de Menck, Rangel 
usou da palavra para afirmar que na condição de diretores da campanha 
deveriam atentar para a sua debilidade, além de preparar com urgência um 
plano de administração ou plataforma de governo, que norteasse a 
campanha, pois, haviam várias solicitações nesse sentido. Destacou ainda 
que várias falhas estavam sendo notadas e que mantida a postura atual, a 
campanha estava fadada ao insucesso, juntamente com o partido. Nesse 
momento veio a notícia de que na data em curso ocorria o aniversário 
natalício do candidato, motivo pelo qual o aniversariante convida todos a 
comparecerem à sua residência para uma pequena comemoração, quando 
foram servidas algumas guloseimas e bebidas. Diante desses fatos, Rangel 
não compareceu ao aniversário e retirou-se para sua residência bastante 
decepcionado com o rumo dos acontecimentos 
 
 Dia 10 – Nessa data o companheiro Rangel, por volta das 19 horas e 
30 minutos, recebeu em sua residência a visita do candidato Menck, 
Renato N. Rangel
 
 79 
 
 
 
 
Panfleto apócrifo 
Panfleto apócrifo 
Renato N. Rangel
 
 80 
 
 
 
o qual solicita que não abandone sua campanha e que continue até o fim 
da mesma; afirmou que haviam muitos mal-entendidos e que continuava 
contrário a manutenção do nome de Clovis no grupo. O anfitrião explicou 
Panfleto apócrifo 
Renato N. Rangel81 
 
que se encontrava em situação difícil, porque Clovis fora seu companheiro 
inseparável nas horas de maior dificuldade, especialmente junto aos 
políticos da Capital, em particular quando da luta para reestabelecer 
Rodolpho na direção do Partido, peça decisiva no registro dos candidatos 
no PTN. Lembrou que naqueles momentos não havia partido que quisesse 
assumir as suas candidaturas. Afirmou que Reynaldo e Pedro foram maus 
companheiros, porque em silencio e sem tomar iniciativas para o registro, 
aguardaram o momento para se apossar da direção do movimento. 
Asseverou que Marino havia sido uma negação do ponto de vista político, 
pois, além de se omitir em momentos cruciais, não apresentava segurança 
em suas ações. Tendo em vista esses fatos preferia retirar-se da campanha 
a trair sua própria consciência, mas que prometia continuar como amigo, 
porém, fora de sua campanha. Não tinha condições no momento para 
adiantar qualquer atitude futura. 
 Por volta das 23 horas chegaram a residência de Rangel: Rodolpho, 
Marino e Hélio Dejtiar, com o propósito de convence-lo a mudar de posição, 
notadamente voltando atrás no que tangia à campanha. Marino, 
especialmente, procura argumentar a propósito das péssimas qualidades 
de Clovis, qualificando-o como falso médico e doente mental, sendo seus 
irmãos maus elementos; um deles inclusive encontrava-se preso, como 
arrombador de xadrez, na cidade de Santo André. Lafayete, outro irmão, 
era um vigarista, portanto de todos os irmãos só se salvava um que era 
médico muito conceituado, concluindo que precisava eliminar Clovis do 
meio menckista. Diante do exposto Rangel falou que: “muito se admirava 
do fato de terem se aproveitado de Clovis em momentos bastante 
delicados, para agora agirem dessa maneira com aquele que em várias 
oportunidades provou dedicação à causa, desde os primeiros momentos 
em que o prefeito Ademar de Barros impetrou mandado de segurança 
contra o resultado do Plebiscito de Osasco”. Além do mais, “durante todo 
o processo que antecedeu o registro das candidaturas, trabalharam muito 
próximos um do outro, sem que se percebesse qualquer deslize da parte de 
Clovis”. A essa altura, Dejtiar afirmou que se afastara da casa de Menck por 
não querer conviver com Clovis, inclusive porque era tuberculoso incurável, 
constituindo perigo para aqueles que o cercavam. Garante que Clovis é um 
doente mental, hábil e perigoso político que faz dessa ação uma profissão, 
desde muitos anos, quando ainda convivia nos círculos de Ademar de 
Renato N. Rangel
 
 82 
 
Barros. Recomenda que Rangel abandone Clovis e retorne ao convívio do 
círculo menckista, para o bem e vitória da chapa Menck – Marino, alega 
saber que a palavra de Rangel tinha repercussão nos meios que cercavam a 
campanha Menck e finalmente que voltasse atrás para o bem-estar da 
família menckista. Marino procurou distorcer os propósitos de Rangel com 
elogios além do merecido e de cunho duvidoso. Mais uma vez Rangel fez 
ver a Marino que na verdade por meio de ações ardilosas, o mesmo 
mantinha o comando da campanha juntamente com Reynaldo e Pedro, 
deixando tanto o PTN como Rodolpho em segundo plano, o que trazia mais 
um motivo para não retroagir em sua decisão de afastamento. O dirigente 
descontente frisou que horas atrás já havia se entrevistado com Menck, 
sem acordo. O seu retorno estava condicionado ao afastamento de todos 
os motivos que levaram a essa situação. Contudo, concordou em 
comparecer no Comitê Central, no dia seguinte, como observador e 
esperando que o PTN ali se encontrasse reunido, para usufruir da parte que 
por direito realmente lhe cabia. Não considerava Pedro e Reynaldo 
possuidores de qualquer liderança, que lhes permitisse ocupar as funções a 
eles concedidas e que não tinham a menor habilidade para reunir e 
conduzir qualquer grupo. 
 Dia 11 – Cerca de 20 horas e 30 minutos Rangel chegou ao Comitê 
Central, na Rua da Estação, nº 79, não encontrando os dirigentes do PTN, 
mas sim a velha turma de Reynaldo e Pedro. Constatado esse fato, Rangel 
retornou ao PTN onde, conversando com Rodolpho foi informado de que o 
mesmo já havia conversado com Pedro e Reynaldo, sendo que estes haviam 
menosprezado o Partido, motivo pelo qual não mais compareceriam àquele 
local. Ainda naquele dia foi ao encontro de Marino para expressar o que 
Rodolpho havia dito, inclusive com o veto as presenças de Reynaldo e Pedro 
na alta direção do Comitê, no que Rangel também concordava. Nessas 
circunstâncias não havia mais condição para uma aproximação entre as 
partes. Em conversa com dona Maria, Rangel expos a situação criada, 
especialmente porque não havia como conviver nessa luta com a presença 
de Reynaldo e Pedro, nas funções que ocupavam e que, sinceramente não 
gostaria de prejudicar o nome do velho amigo Menck, em uma campanha 
que descambava para a deslealdade e derrota nas urnas. Em consequência 
Rangel retirou-se para o seu lar sem maiores formalidades de caráter 
político. 
Renato N. Rangel
 
 83 
 
 Dia 12 – Rangel é convidado por Rodolpho a comparecer em sua 
residência, às 22 horas, para uma entrevista reservada com Marino. Ao 
comparecer à mesma foi surpreendido pela presença que incluía Pedro, 
Reynaldo e Lourenço, além de Marino. Foi quando Rodolpho admitiu a 
todos, os quais tomaram parte na conversa como se fossem dirigentes do 
movimento. Para Rangel foi uma afronta, sendo que o mesmo não teve 
condições de protestar, pois, não se tratava de sua residência ou ambiente 
de seu domínio e muito menos era o proporcionador da reunião. Diante 
desses fatos Rangel retirou-se mais uma vez muito contristado com o 
acontecido. A partir dessa data manteve-se ao longe, observando o infeliz 
curso dos acontecimentos. 
 Mês de novembro de 1961 - 
 Dia 5 – Às 11 horas, compareceram na residência de Rangel: Clovis, 
Sydney e Francisco, para uma visita. Clovis solicita a Rangel que compareça 
a Regional do PR a fim de entendimentos com Salgado, no dia seguinte. 
Afirma que possivelmente o Diretório Municipal do PR em Osasco deverá 
unir-se ao PTN para retirar o apoio a Marino. Neste ponto Clovis e Sydney 
insistem para que Rangel aceite a candidatura a vice-prefeito, o qual não se 
considera sem condições políticas, porém, no caso seria necessário o apoio 
de alguém com condições financeira, pois, o patrimônio que possuía havia 
sido amealhado inclusive com o sacrifício da família e, não podia colocar em 
risco o que havia construindo. Somente com apoio financeiro de um 
terceiro poderia entrar na luta, o que escapava a sua alçada. Então Sydney 
argumentou que iria conversar com Silvio Gava, o qual demonstrou 
interesse em apoiar financeiramente um candidato a vice, sendo que ele 
próprio não desejava candidatar-se a cargo do poder executivo. 
 À tarde Rangel visitou Rubens que se prontificou a ajuda-lo no PR, 
caso efetivamente ficasse com a direção do mesmo; não encontrou Nelson 
Alexandre, mas deixou recado para que o procurasse. José Candido 
lamentou não poder assumir no momento um compromisso com a nova 
proposta de candidatura a vice, contudo a alternativa lhe era simpática e 
viável. Ao anoitecer Rangel encontrou Pepe e Lourenço, sendo que o 
primeiro manifestou grande satisfação pelo gesto da pare de Rangel contra 
aquela cúpula, ao passo que Lourenço demonstrou irritação. 
 
Renato N. Rangel
 
 84Dia 6 – À tarde compareceram à Regional do PR, Rangel e Clovis, para 
proceder a tratativas com Salgado, porém o mesmo não se encontrava. Por 
acaso lá se avistaram com Ferrari, o qual mostrou-se intransigente na 
defesa da candidatura Menck – Marino. 
Renato N. Rangel
 
 85 
 
 Dia 7 – Em conversa com Nelson Alexandre da Silva, o mesmo 
concordou com Rangel por ter abandonado o bloco dirigente do Comitê 
Central, dizendo que os tem suportando com desprazer e sacrifício. 
 À tarde Rangel encontrou-se com Marino, por acaso, tendo 
conversado sobre vários assuntos exceto política local. Finalmente Marino 
insistiu muito em levar Rangel no seu automóvel para a residência deste 
último, o qual se viu impedido de não aceitar, sendo que durante o trajeto 
Marino persistiu bastante na revisão da posição política de Rangel, então 
este solicitou descer do veículo assim que notou a presença do tenente Reis 
em uma das ruas. Rangel fez Marino ver que havia sido injustiçado pelo 
chamado alto comando do Comitê Central, ou seja: Marino, Pedro e 
Reynaldo, motivo pelo qual o seu afastamento do grupo menckista era 
definitivo e irrevogável. Marino não queria acreditar no que se passava, 
sempre procurando desculpar-se e inclusive a Reynaldo e Pedro, que 
considerava bons companheiros. 
 Dia 8 – Na manhã desse dia o próprio Maciel em visita a Rangel, 
habilidosamente propôs uma reconciliação com Pepe, destacando que o 
seu candidato ainda apresentava grandes chances de vitória. Propôs a 
Rangel a sua candidatura a vice ou a indicação de um nome como candidato 
e uma relação com candidatos a vereador. O anfitrião afirmou que não se 
considerava fora do pleito eleitoral, contudo, não sacrificaria os seus 
interesses particulares em uma aventura dessa natureza. Quanto aos 
candidatos a vereador não tinha segurança para indicar de momento, 
porém iria pensar no assunto procurando pessoas a altura do encargo e 
com condições financeiras. 
 Dia 15 – Pela manhã, como convidado, Rangel compareceu à 
inauguração da Galeria Fuad Auada, no centro de Osasco. Teve a 
oportunidade de ouvir vários oradores, dentre eles o deputado Carlos 
Kherlakian e Walter Auada. Tudo correu muito bem e após o falatório foram 
servidos comes e bebes a todos. 
 Às 20 horas e 30 minutos, a convite especial de Lourenço, Rangel 
compareceu a uma recepção no Clube Atlético Osasco, em Presidente 
Altino, quando deveria ocorrer a entrega do título de Sócio Honorário ao 
Governador Carvalho Pinto, ao Secretário da Agricultura José Bonifácio 
Coutinho Nogueira e aos Deputados Estaduais Carlos Kherlakian e Antônio 
Renato N. Rangel
 
 86 
 
Menck. O Governador e o Secretário fizeram-se representar no ato pelo 
tenente Willian, da Força Pública do Estado. Foram oradores: Lourenço, 
como presidente do Conselho Deliberativo, o tenente Willian, o deputado 
Kherlakian, Marino e Rodolpho, todos componentes da mesa de honra. Em 
seguida Lourenço convidou Rangel para tomar parte da referida mesa, 
solicitando inclusive o seu pronunciamento. No uso da palavra o convidado 
evocou a data saudando a Diretoria do Clube, com destaque especial para 
a trajetória da Associação cuja data de fundação foi justamente 15 de 
novembro de 1914, dias após o início da terrível primeira guerra mundial, 
com o uso dos gases venenosos que infelicitaram a humanidade. Destacou 
que o Clube havia nascido justamente durante um enorme embate pela 
sobrevivência, motivo pelo qual era possuidor do germe da resistência 
desde sua fundação. Saudou as diretorias anteriores, que garantiram a 
trilha de conquistas do bem em prol do povo de Osasco. Ao termino o 
orador foi muito cumprimentado, em especial pelo representante do 
Governador e pelo deputado Kherlakian. 
 Dia 16 – Logo pela manhã, em conversa com Rodolpho, este declarou 
que Rangel possuía grande possibilidade de ser registrado como vice, tendo 
em vista os entendimentos com vários políticos e em particular com o PDC, 
como uma segunda opção junto a Menck. 
 À tarde Rangel seguiu em visita ao deputado José Menck, sendo 
recebido com grande afabilidade e demonstrando que ele próprio tinha 
interesse na apresentação de uma outra candidatura a vice a ser 
encaminhada juntamente com a de seu tio. Solicitou que escolhesse um 
outro nome que parecesse viável à disputa como vice, sendo que a resposta 
foi a impossibilidade de uma indicação no momento, então, José lembrou 
os nomes de Roberto Pignatari e José Ribeiro, no que foi contestado devido 
à inviabilidade desses nomes frente ao eleitorado. José Menck solicitou 
ainda que pedisse a Rodolpho um encontro para entendimentos, acerca da 
política de Osasco, no que foi atendido. 
 Dia 28 – Reuniram-se na residência de Rangel: Rodolpho, Clovis, 
Francisco, Arlindo Tonato e Leo Ribeiro de Morais, para discutirem a 
candidatura deste último a prefeito. Após a apresentação desse nome, 
esclareceu-se que o mesmo possuía cobertura total do Governo Federal e 
era amigo de Carvalho Pinto. Em seguida Rodolpho prometeu auxiliá-lo, 
Renato N. Rangel
 
 87 
 
mesmo estando comprometido com a candidatura Menck. Leo demonstrou 
bom conhecimento de causa e coragem para enfrentar a luta, fazendo 
várias sugestões de caráter administrativo. A esta altura Rangel disse que 
precisava de 48 horas para examinar a situação e assumir com segurança 
uma diretriz. Prosseguindo Leo afirmou ter sob sua influência, no momento, 
os partidos PTB e PSD, possivelmente também o PSP, sendo que a questão 
do vice poderia ser focada em outro momento. 
 Dia 29 – Por volta das 10 horas Rangel avistou-se com Tonato e 
Rodolpho, tendo feito ver a ambos as poucas chances da empreitada 
proposta, isto é, a candidatura Leo, a menos que fosse sacrificada a 
candidatura de Hirant Sanazar. Diante desse argumento Rodolpho 
concordou com o exposto, enquanto Tonato ao também concordar 
informou que seria viável um entendimento com Hirant, pois, o mesmo já 
havia demonstrado disposição para tal, desde que se firmasse um acordo 
de apoio a sua futura candidatura a deputado. 
 Por volta de 23 horas reuniram-se na residência de Rangel: além do 
anfitrião, Leo, Tonato e Clovis, quando o dono da residência fez ver a Leo 
que se tratava de uma perigosa empreitada, caso Hirant mantivesse sua 
candidatura a prefeito. Afirmou ainda que as forças políticas, no momento, 
encontravam-se divididas entre Hirant e Menck, com vantagem acentuada 
para o primeiro. Insistiu que uma das primeiras ações era investir de alguma 
maneira no afastamento de Hirant, mesmo que para tal houvesse um preço 
alto a ser pago. Clovis propôs que se conversasse com Hirant para que o 
mesmo se integrasse ao nosso movimento como candidato a vice, o que 
deveria custar em dinheiro a metade do valor inicialmente suposto, desde 
que se assumisse o compromisso de contribuir para a sua eleição a 
deputado, cargo tão almejado por ele. Nesse ponto Leo concordou 
plenamente e afirmou que iria conversar com Hirant, em um entendimento 
na base de dois milhões de cruzeiros. A partir dessa data Leo ausentou-se 
de Osasco, sem dar mais qualquer notícia. 
 A esse tempo é iniciada a campanha do candidato Fuad Auada, então, 
Rangel foi convencido pelo mesmo a se colocar ao seu lado, em especial 
como um dos coordenadores da jornada. Em seguida notou que vários 
candidatos a vereador pelo PR,voltaram-se para a essa candidatura e 
inclusive o próprio presidente Maciel, procurou entendimentos com a sua 
Renato N. Rangel
 
 88 
 
coordenação, no que foi recebido com satisfação e respeito. A partir desse 
momento os dirigentes do PR integrados à essa campanha -Fuad Auada- 
fizeram publicar um manifesto de apoio a esta e no mesmo repudiaram a 
candidatura Pepe. Rangel aceitou assinar o referido manifesto, a pedido de 
Maciel, isto em dezembro de 1961. A partir de então o PR passou a 
funcionar em uma sala da Galeria Fuad Auada, sem qualquer custo ao 
Partido, sendo que desse momento em diante inclusive o material de 
propaganda dos candidatos a vereador passou a ser fornecido por Fuad. 
 
 
 Nota sobre HIrant Sanazar, candidato a prefeito 
 
 Enquanto Rangel permanecia em silencio cuidando de seus afazeres 
particulares, nos primeiros dias do mês de dezembro ao adquirir material 
de construção no Depósito Novo, na Rua Antônio Agú, deparou-se com João 
Catan que em seguida lhe apresentou Hirant Sanazar. Este foi muito afável 
e demonstrou admiração quanto à atitude tomada por Rangel frente ao 
grupo de Menck, afirmando que havia solicitado ao seu velho pai para 
procura-lo afim de entendimentos de ordem política, conforme seu desejo. 
Pediu que aguardasse a visita de seu pai para breve, o que fez Rangel 
agradecer e se colocar ao dispor para conversas, sem compromisso 
antecipado. Em seguida despediram-se de maneira muito cordial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Renato N. Rangel
 
 89 
 
 Surge a candidatura Fuad Auada, a prefeito 
 
 Mês de dezembro de 1961 - 
 Nos primeiros dias desse mês correu a notícia de que Fuad Auada 
havia obtido registro como candidato a prefeito, tendo como seu vice 
Albertino de Souza Oliva, ambos pelo PSD. 
 Dia 10 – A convite especial compareceram Rangel e esposa, à festa de 
coroação da Rainha da Sociedade Amigos de Comandante Sampaio, onde o 
mesmo em discurso proferido teve a oportunidade de saudar a Rainha e a 
Diretoria daquela Sociedade. Notou a presença dos candidatos a prefeito: 
Menck, Fuad e Hirant, com as respectivas equipes. 
 Mais ou menos às 23 horas desse dia Rangel recebeu em sua 
residência uma visita cortês de Fuad Auada, acompanhado de Clovis Ribeiro 
e do amigo Arlindo Tonato, oportunidade em que após conversa agradável 
Fuad procurou explicar detalhadamente o motivo de sua candidatura a 
prefeito. Continuando, procedeu a um convite para que Rangel viesse a 
participar de sua campanha, destacando que caso ele aceitasse o convite, 
deveria compor a cúpula do movimento, juntamente com Tonato e Clovis. 
Garantiu que só os três juntamente com ele, candidato, iriam constituir o 
centro de comando, acrescentando que onde um dos três estivesse falaria 
em seu nome, com toda a autoridade. Após a exposição de Fuad e as 
considerações de Arlindo e Clovis, já engajados na campanha, Rangel 
resolveu assumir o compromisso de integrar-se a mesma, destacando que 
deveria haver tratamento igualitário entre os três, com a maior franqueza 
e sinceridade possível, sem qualquer interferência de elementos estranhos 
à cúpula, enfatizando que a sua adesão não implicava em interesses 
particulares, monetários ou de proteção de qualquer espécie. Afirmou 
ainda que o acompanharia em qualquer condição, com elevado espirito de 
desprendimento e em favor de Osasco. Prosseguindo os entendimentos, 
resolveram que a campanha deveria ter início logo no dia seguinte. Esse 
encontro na residência de Rangel terminou às duas horas do dia 11. 
 Dia 11 – Ocorreram entendimentos gerais e a equipe não se reuniu. 
Renato N. Rangel
 
 90 
 
 Dia 12 – A partir das 12 horas houve um grande afluxo de políticos de 
Osasco e de São Paulo, ao recinto da Galeria Fuad Auada, com inúmeras 
apresentações de propostas, alertas, informações e outros lembretes. Às 
22 horas iniciou-se uma reunião com o PSD, em uma sala do andar superior 
da Galeria, frente para a Rua Antônio Agú, com a presença de alguns 
elementos estranhos. Composta a mesa diretiva, o candidato a vice 
Albertino sugeriu a criação de alguns Departamentos: de Propaganda, de 
Publicidade, o Feminino e o Jurídico, os quais tiveram o início de sua 
organização a partir daquele momento. Ainda com a palavra, Albertino 
convidou Rangel para ser o organizador dos comícios em todo o município, 
sendo que o mesmo não aceitou, até que se consultasse Fuad, ainda 
ausente. No entanto após várias considerações do condutor dos trabalhos, 
Rangel resolveu aceitar a função, acreditando ser de suma importância para 
a campanha de Fuad, inclusive por considerar como uma das questões 
chave. Terminada a reunião os diretores do PSD ficaram convictos de que 
estavam senhores da situação. 
 Dia 13 – Após um dia atarefadíssimo, inclusive com a realização de 
dois comícios, um em Quitaúna e outro no Quilometro Dezoito, por volta 
das 23 horas houve uma reunião da Diretoria do PSD, na qual estiveram 
presentes: Albertino, Clovis, Alexandre Portela, Rangel, Silvio Gava, Tonato, 
Fuad, Walter Auada, José de Barros e Silva e Paulo Amparo, este último 
candidato a deputado e proveniente da Capital, além de outros elementos 
não identificados. Com apalavra, Albertino com gestos de indelicadeza e 
impróprios a um candidato, discorda violentamente da orientação inicial da 
campanha, avocando uma autoridade que até então não possuía. A essa 
altura Alexandre Portela, Paulo Amparo e José de Barros e Silva, 
manifestam-se favoráveis a Albertino, reforçando suas palavras e de certa 
forma atacando o próprio Fuad. Os mesmos tinham como objetivo o 
afastamento de Clovis e a destituição da cúpula de direção anteriormente 
constituída, por considerarem a situação do PDS subalterna, quando 
segundo os mesmos o Partido é que deveria ter o controle do movimento 
político, com a aquiescência do candidato a prefeito. Neste ponto Walter 
pronunciou-se enfaticamente a favor da orientação de seu pai e da 
manutenção da cúpula constituída pelo candidato, sem qualquer 
modificação, aproveitando a oportunidade para se dirigir a Albertino com 
considerações muito fortes a respeito do mesmo. Foi quando Rangel usou 
Renato N. Rangel
 
 91 
 
da palavra para fazer um arrazoado em que atacava de forma frontal o 
secretário do PSD, José de Barros e Silva, informando que ali estava a 
convite de Fuad, por entendimentos havidos anteriormente, e ainda, que 
não tinha qualquer receio em função das palavras afrontosas proferidas 
pelo mesmo. Continuando com a palavra assegurou que não aceitava a 
proposta do PDS de colocar juntamente com ele um elemento do Partido, 
mesmo na condição de assistente. Preferia retirar-se da função a aceitar tal 
diretriz. A essa altura Fuad, então presente, dirige-se a Paulo Amparo 
dizendo que o mesmo não merecia a sua simpatia pessoal, que aliás já o 
vinha observando e que o seu comportamento era equivocado e inclusive, 
sua presença não era grata naquele meio, sendo que a orientação da 
campanha seria mantida como tal, mesmo sem a participação dos 
discordantes do PSD. Solicitando a palavra, Clovis proferiu uma lição de 
moral na política, dirigida a Portela, especialmente quanto aos seus 
pronunciamentos no caso em foco, sendo que este último procurou 
manter-seem silencio por falta de argumentos plausíveis. Essa reunião 
terminou pior volta das 2 horas do dia 14. 
 A partir dessa data o movimento era intenso na Galeria, 
especialmente nas últimas horas de cada dia, tudo pela causa Fuad – 
Albertino. Ressalte-se que grande parte da Galeria passou a ser ocupada 
por pessoas que deram apoio às candidaturas apontadas acima. Foram 
colocadas à disposição salas para a Direção Geral – cúpula -; para o 
candidato Fuad; Departamento Jurídico; Departamento Feminino; sala do 
PSD; sala do PTN; sala do PR; sala da Cia. de Propaganda Jaraguá e sala da 
Cia. Spark. Outras salas dos andares superiores foram ocupadas para 
repouso e refeições, para estudos de propaganda e publicidade e uma 
última para reuniões reservadas com os candidatos, tudo sob as expensas 
do candidato Fuad. 
 Ao candidato a vice, Albertino, foram fornecidos todos os 
instrumentos necessários à campanha, juntamente com os candidatos a 
vereador, sem cor partidária, tudo incluído nas custas do candidato Fuad 
Auada. 
 Um outro fato que deve ser registrado é o seguinte: Fuad 
recomendava com insistência a todos os candidatos que não admitiria 
ataques pessoais a seus adversários políticos, tendo mesmo solicitado a 
Renato N. Rangel
 
 92 
 
Rangel que interferisse quando necessário, em qualquer ocasião que 
julgasse conveniente, para retirar oradores que descambassem por esses 
caminhos menos polidos e perigosos. A propósito, Rangel teve a 
oportunidade de censurar em público e suspender a palavra de um líder 
nordestino que atacava violentamente o candidato Antônio Menck, em um 
comício relâmpago no portão dos fundos da COBRASMA – Companhia 
Brasileira de Material Ferroviário. As palavras desse orador estão 
registradas apenas para documentar o nível de discurso do mesmo: “ 
Menck é um grileiro, sua riqueza é produto da dilapidação dos miseráveis. 
Nada fez por Osasco com o seu dinheiro, onde mantem-se emprestando 
dinheiro a juro. Tudo que diz ter feito por Osasco foi por intermédio da 
política, mediante pedidos aos donos do poder político, fazendo politicalha, 
com o sacrifício dos seus próprios companheiros. Sua memória é 
embrutecida com o suporte de artifícios vindos da Velha República”. Tal 
orador era um velho escritor, o qual foi suspenso dos palanques, por ordem 
de Fuad. 
 Com referência à campanha Fuad Auada para prefeito, Rangel 
encaminhou ao candidato, no dia 12 de janeiro de 1962, um relatório 
sumário, no qual fazia constar considerações do tipo: 
a) Campanha de curta duração, pois, fora do dia 12 de dezembro de 
1961 até o dia 4 de janeiro de 1962, ou seja, 24 dias corridos, com 
muita chuva e festas de fim de ano. 
b) O primeiro Comício foi realizado em Quitaúna, reduto de 
descontentes com a emancipação de Osasco, entretanto contando 
com razoável público. 
c) O último ocorreu no Largo da Estação, com uma assistência bastante 
boa quando comparada com os semelhantes de outros candidatos. 
d) Foram programados 53 Comícios sendo que 16 deixaram de ocorrer 
devido ao mau tempo. Dos 52 Comícios relâmpago programados 
foram realizados 45, mesmo sendo castigados pela chuva. 
e) Lamentavelmente nesses Comícios os nossos candidatos a Vereador 
foram uma negação em todos os sentidos, contando-se mais com a 
voz e capacidade de expressão dos locutores contratados, os quais 
na verdade não poderiam ter o empenho de um candidato, o que 
aliás foi irrelevante. 
Renato N. Rangel
 
 93 
 
f) No Quilômetro Dezoito, reduto de maior eleitorado do Município, 
onde a nossa penetração não era boa, melhorou muito a partir de 
quando passamos a contar com o apoio do candidato a Vice 
Reginaldo Valadão. 
g) Os bairros que apresentaram maior dificuldade na aceitação do 
nome do nosso candidato foram: Presidente Altino, Vila Iara, Helena 
Maria e Vila dos Remédios, este último por existir uma dúvida quanto 
ao limite territorial do novo município. 
h) A grande maioria dos candidatos a vereador só comparecia no 
momento em que chegava o candidato ao cargo majoritário, com 
isso, não criando um crescer de expectativa no público presente. 
i) Os carros de propaganda que circulavam tiveram um papel saliente 
tanto na propaganda insistente como nos Comícios Volantes, sendo 
que estas ações iniciadas por nós foram copiadas pelos adversários, 
mas sem grande sucesso. Mesmo com todas as dificuldades 
climáticas e muitas vezes a péssima qualidade do leito carroçável das 
ruas, lá estavam eles fazendo o seu trabalho. 
j) Muitas vezes, no momento mais necessário, ocorriam falhas 
imperdoáveis, ocasionadas pelo desgaste de equipamentos, devido 
em particular ao uso excessivo. 
k) Muitas críticas houveram quanto à marcha da campanha, contudo, 
em especial daqueles que pretendiam obter alguma vantagem 
pessoal. Felizmente o espírito equilibrado do candidato superou 
todas essas dificuldades. 
l) Foi muito importante o serviço de terraplanagem que contou com 
duas moto-niveladoras e um caminhão basculante e, com isso, 
pudemos nos aproximar dos eleitores segundo o desejo dos mesmos. 
As ruas alagadas e os campos de futebol tiveram preferência no 
andamento dos trabalhos. Os pedidos foram muitos, fizemos o 
possível para contentar as pessoas. Com todos os percalços o 
equipamento operou em todos os bairros de Osasco, numa 
demonstração de boa vontade para com a população. Finalmente 
vários pedidos não foram atendidos por motivos que escaparam ao 
nosso controle, todavia, justificados. 
 
 
Renato N. Rangel
 
 94 
 
 Ocorrências quando da eleição prevista para 07/01/ 1962. 
 
 Às 20 horas do dia 6 – um sábado – tudo estava preparado e em 
condições ótimas para a realização do pleito: contratados 25 ônibus da 
Empresa de Ônibus Breda e mais um avultado número de taxis, que 
deveriam ser usados para o transporte de eleitores dos mais diversos 
bairros, sem distinção de candidato e partido. O corpo de fiscais dos 
partidos PSD, PR e PTN, todo credenciado. Milhares de sanduiches e 
refrigerantes armazenados na Galeria, para a distribuição ao pessoal em 
serviço, no dia seguinte. Tudo pronto para entrar em ação à zero horas do 
dia 7. 
 Às vinte horas do dia 6, uma emissora de rádio da Capital deu a notícia 
de que o pleito estava suspenso, por determinação do STF. Estabeleceu-se 
um verdadeiro pânico na Galeria e em outros pontos chave de Osasco. 
 Por volta das 21 horas a senhora Maria Preste Maia, esposa do 
prefeito da Capital, entra na Galeria e indo diretamente ao senhor Fuad 
Auada, afirma: “Então, ganhamos ou não ganhamos? ”, em seguida saiu 
desse local para consumar um escândalo que começou no centro de Osasco 
para logo depois dirigir-se à residência de Edmundo Burjato, onde proferiu 
palavras rusticas, inclusive alguns empurrões na esposa do referido médico, 
retirando-se logo a seguir, acompanhada por uma viatura da polícia. 
 Eram 22 horas quando muitos populares em alvoroço invadem a 
Galeria revoltados com os últimos acontecimentos, no que foram 
acalmados pelos nossos líderes, que prometiam tomar as providências 
cabíveis. 
 Logo depois veio ao conhecimento dos líderes que o encarregado 
judicial da eleição, Bandeira de Melo, não tomara conhecimento da liminar 
do ministro do STF que suspendia o pleito e que, a mesma deveria ser 
apreciada pelo Tribunal Regional Eleitoral, ato estea realizar-se às 2 horas 
da madrugada do dia 7. 
 Às 24 horas a multidão continua exaltada e o Departamento de 
Ordem Política e Social - DOPS - reforça sua presença, temendo qualquer 
agitação social com maiores consequências. 
Renato N. Rangel
 
 95 
 
 Às 2 horas e 30 minutos do dia 7 o TRE resolveu acatar a liminar do 
ministro Álvaro Moutinho Ribeiro da Costa, suspendendo as eleições e 
noticiando oficialmente a sua decisão. 
 Na manhã seguinte – domingo – o movimento de repulsa ao ato do 
ministro e à postura da esposa do prefeito da Capital tomou vulto. Instala-
se uma tribuna livre no Largo da Estação, a partir de onde sucedem-se 
oradores de todos os credos políticos, inclusive clérigos e particulares, os 
quais acodem aos microfones aos gritos de protesto, contra o ato do 
ministro. 
 Às 20 horas desse mesmo dia realizou-se o grande comício de 
protesto, com manifestações acaloradas, tendo comparecido ao palanque 
os seguintes destaques: Fuad Auada, Antônio Menck, Hirant Sanazar, 
Marino Pedro Nicoletti, Nicolau Atra, Albertino de Souza Oliva, Reginaldo 
Valadão, Emilio Carlos, José Menck, Rio Branco Paranhos, Benedito Rocha, 
Altimar Ribeiro de Lima e um sacerdote da Igreja Católica de Santo Antônio. 
 No dia 8 continuava em pleno vigor a tribuna livre, criada por Fuad 
Auada, de maneira ininterrupta. Todos os candidatos a prefeito e vice se 
irmanaram na luta comum, em defesa do pleito o mais rapidamente 
possível. Neste ponto, vários deputados e vereadores de São Paulo 
manifestaram-se em uníssono a favor das conquistas do povo de Osasco. 
 Logo no início do dia tomou vulto extraordinário o movimento 
popular pró-eleições, com uma quantidade muito grande de pessoas no 
Largo da Estação, clamando por justiça e esbravejando contra as 
autoridades que haviam contribuído para aquela situação, causadora de um 
mal-estar indescritível. 
 Às 15 horas partiu de Osasco uma grande caravana, com 
aproximadamente 200 veículos, tais como automóveis, caminhões e 
ônibus, rumo à Assembleia Legislativa do Estado, sendo que primeiramente 
aproximaram-se de jornais importantes para dar entrevistas e defender as 
eleições, para depois serem recebidos pelo presidente da Assembleia, 
Roberto de Abreu Sodré, juntamente com outros deputados, os quais se 
colocaram a favor do movimento, prometendo defender os interesses dos 
emancipacionistas. Em continuação a caravana seguiu para o Palácio do 
Governo do Estado, no bairro de Campos Elísios, tendo sido impedida do 
Renato N. Rangel
 
 96 
 
seu intento, por forças policiais-militares, que se encontravam nas 
proximidades do mesmo. Diante desses fatos uma comissão foi constituída 
e em seguida recebida pelo governador Carvalho Pinto, obtendo do mesmo 
a promessa de atender as reivindicações do povo de Osasco. Logo após a 
caravana se dividiu, de tal maneira que uma parte se dirigiu à sede do poder 
municipal e outra à residência do prefeito Prestes Maia. Chegando no 
Ibirapuera, sede da prefeitura, foi destacado um representante do prefeito 
para ouvir as queixas, ao passo que quando da aproximação de sua 
residência houve impedimento por parte de forças policiais. Ao voltar para 
Osasco a caravana é recebida por uma multidão que a aguardava, no Largo 
da Estação e ruas adjacentes. A tribuna livre continuou sendo ocupada por 
inúmeros oradores, até que por volta das 23 horas e 30 minutos foi 
convidada a silenciar, por decisão das forças policiais. 
 Dia 9 – A partir das primeiras horas desse dia o movimento adquire 
um caráter mais agressivo, porque o comércio todo cerrou as portas, 
inclusive os bares, em sinal de luto pelos acontecimentos resultantes de 
ação judicial. Pessoas passam a usar um laço negro na lapela, janelas 
fechadas de onde pendia um tecido negro, as igrejas católicas fazem soar 
músicas fúnebres, os veículos passam a usar uma bandeirinha negra bem 
visível. 
 Às 19 horas desse dia constituiu-se uma nova caravana, que se pôs em 
marcha rumo a Assembleia sendo que lá chegados foram recebidos por um 
representante da presidência, Dr. Viana, instruído para informar que o 
Presidente, Roberto de Abreu Sodré, havia avocado para si a causa de 
Osasco. O referido afirmou inclusive que aquele órgão público também se 
encontrava em condições de desafio diante da ação judicial do STF. 
Prosseguido, a caravana seguiu em direção ao Palácio do Governo sendo 
recebida pelo governador, que em breves palavras marcou uma posição de 
solidariedade com os demandantes. Esclareceu que já considerava Osasco 
como um município, tanto que na véspera havia criado a Coletoria Estadual 
do novo município. Promete gestões no sentido da confirmação do 
município em questão, por ser um fato importante para o Governo Paulista. 
 Às 21 horas a caravana retorna a Osasco, não sem antes transitar pela 
frente da residência do prefeito Prestes Maia, em sinal de protesto, 
inclusive com muitas bandeiras negras, com manifestações de repulsa a 
Renato N. Rangel
 
 97 
 
atitude do prefeito. A seguir a caravana retorna ao Largo da Estação, onde 
é recebida por uma multidão de osasquenses havidos por notícias. 
 Dia 10 – Nesse dia seguiram por via aérea para Brasília o senhor Fuad 
e seu filho Walter, ao encontro de Farid, outro filho, que já se encontrava 
na Capital Federal, encaminhado os entendimentos que poderiam facilitar 
o transito de seu pai junto ao STF. Em Osasco existia uma grande 
expectativa das pessoas em geral, o que aconteceu inclusive no dia 11. 
 Dia 12 - Fuad retorna a Osasco portando o protocolo gerado por 
petição encaminhada junto ao STF, datada de 10 do mês corrente. 
Enquanto isso a campanha popular a favor das eleições prossegue a todo o 
vapor e Walter permanece em Brasília, apoiado pelo advogado e deputado 
Paulo Lauro, sem falar nos outros defensores da causa. Nos dias seguintes 
os sacerdotes da Igreja de Santo Antônio irmanam-se à causa com grande 
disposição. 
 Dia 16 – Nessa data, à tarde, Fuad parte em direção a Brasília para 
assistir ao julgamento da causa demandada por Osasco, que deveria 
ocorrer no dia seguinte. 
 Dia 17 – Esse foi o dia da grande virada, porque o Supremo reuniu-se 
e decidiu por unanimidade a favor dos osasquenses e contrário à 
reclamação da prefeitura da Capital, considerando-a improcedente. Sendo 
assim, aquele tribunal resolveu que o TRE deveria marcar uma nova data 
para a realização das eleições municipais de Osasco. A boa nova atingiu 
Osasco por volta das 17 horas desse dia atribulado. Às 24 horas, 
aproximadamente, chegam no aeroporto do Congonhas os senhores Fuad 
e Walter, portando o documento que garantia a decisão, destinando-o 
inclusive ao TRE, ao prefeito Prestes Maia e à Assembleia Legislativa. 
Dias 18 e 19 – Fuad acompanhado por Clovis e alguns outros elementos da 
equipe, encaminhou os documentos vindos de Brasília aos devidos 
destinatários, mantendo vários entendimentos com diversas autoridades 
de São Paulo. Clovis não compareceu em Brasília, no entanto a sua 
desenvoltura junto aos políticos e outras autoridades em São Paulo foi de 
relevante importância, desde o dia 8, procurando criar condições favoráveis 
às ações de Fuad em Brasília, pondo a prova toda a sua habilidade política, 
que incluía um comportamento racional, objetivo e bem calculado. 
Renato N. Rangel98 
 
 Na tarde do dia 18, em reunião, o TRE definiu como data para 
realização do pleito o dia 4 de fevereiro de 1962 e no dia 19 do mês em 
curso o Cartório da 5ª Zona Eleitoral publicou os devidos editais. 
 Dia 20 – Reinicia-se a campanha eleitoral Fuad – Albertino, incluindo 
a candidatura de Valadão para vice, como ocorria desde o mês de dezembro 
passado. Reforça-se a propaganda por todos os meios, com comícios onde 
se encontravam um ou o outro candidato a vice, porém com a presença 
constante de Fuad. Nessa reativação o candidato a prefeito manteve a 
cúpula de decisão, constituída por: Rangel, Tonato e Clovis, com alguns 
erros graves devidos ao calor da vitória na Capital Federal, tais como: 
a) Comentários em praça pública de que o grande vitorioso da causa 
que levava à realização das eleições em curto prazo era Fuad, 
portanto o grande emancipador. Tal provocou no eleitorado da 
antiga ala do Não certo descontentamento; 
b) A presença contínua do padre Syr Assunção no palanque, passando a 
impressão de que o clero predominava entre nós e, ainda, com o 
boato de que o referido clérigo se achava afastado da Cúria e do clero 
de Osasco. Como político mineiro, na verdade encontrava-se 
pleiteando a eleição a vereador de seu protegido, Gelson Di Marso, 
que por sinal não foi eleito. 
 
Renato N. Rangel
 
 99 
 
 
Renato N. Rangel
 
 100 
 
c) A presença de Paulo Lauro e Altimar Ribeiro de Lima, que tinham 
como objetivo reavivar o nome de Ademar de Barros, para futuros 
pleitos, sendo que os anti-ademaristas constituíam larga parcela do 
eleitorado de Fuad. Além do mais, os próprios filhos de Fuad, que 
deveriam ficar à margem da campanha, cuidando das Organizações 
Fuad Auada, conforme combinado anteriormente, não se 
comportaram dessa maneira. O próprio Walter Auada lançara-se na 
campanha com toda a disposição, imaginando que suas atitudes 
iriam beneficiar o pai, o que não aconteceu, pois, como já se sabia, a 
maioria das pessoas os consideravam como rapazes menos 
responsáveis, criados em berço de ouro, dispondo de tudo o que fora 
construído na vida sacrificada de seus pais, quando do início da 
mesma em comum. Contudo, Rangel registra que apreciava muito 
especialmente Walter, com o qual teve a oportunidade de em várias 
circunstâncias privar de seus bons propósitos, manifestando 
inúmeras vezes sentimentos altruístas. Apesar disso continua 
apegado a pessoas do seu convívio na infância, que no entender de 
Rangel, pretendiam apenas tirar proveito próprio, nas ações a que 
era estimulado. Poucas vezes falou com Farid e Willian, motivo pelo 
qual preferia não registrar qualquer comentário, mesmo tendo 
informações menos favoráveis. 
d) Finalmente, Rangel encerra dizendo que encontrou em Fuad um 
homem justo e marcado pela retidão; dona Rosa e suas filhas, 
pessoas muito agradáveis e respeitosas. 
Desde o dia 21 de janeiro até o dia 2 de fevereiro desenvolveu-se a 
fase aguda da campanha, contando com a poderosa Organização 
Fuad Auada, no entanto, as paixões de causa, a falta de uma 
orientação bem definida do discurso e o ambiente de já ganhamos, 
em função da vitória do candidato junto ao poder judiciário, em 
Brasília, começaram a corroer o movimento. Havia quem acreditasse 
que pelo fato do sucesso do candidato na Capital Federal, a vitória 
em Osasco seria consequência. 
 
 No período de 20 de janeiro até 2 de fevereiro foram realizados 30 
Comícios, sendo 29 nos bairros e um no Largo da Estação, sem que se 
Renato N. Rangel
 
 101 
 
tivesse um público numericamente constante, variava entre 200 e 600 
pessoas, porém, quando realizado no Largo da Estação, superou-se as 
expectativas porque interrompeu o transito no Largo e nas ruas adjacentes, 
foi o maior, desde um outro famoso realizado com a presença de Jânio 
Quadros. Foram realizados vários comícios relâmpago, em estações 
ferroviárias, portas de fábricas e outros com raras aparições de candidatos 
a vereador. O casal Fuad e dona Rosa fez várias visitas particulares, inclusive 
comparecendo em fábricas onde foi sempre bem recebido. 
 Cumpre lembrar que, segundo Rangel, o candidato Albertino teve seu 
prestígio bastante abalado, junto à população mais humilde desde as suas 
primeiras apresentações em público. O candidato Valadão tinha pouca 
chance, pois, havia intensificado a sua campanha somente nos últimos dias 
de janeiro, assim mesmo conseguiu admirável destaque no Quilometro 
Dezoito e no Jardim Novo Osasco. Era mais conhecido apenas no 
Quilometro Dezoito, onde se criou e, como era socialista sofreu um 
bombardeio constante do clero local. Fuad conseguiu manter um 
crescimento constante na aceitação do eleitorado, apesar da campanha 
exígua, sempre vibrante e disposto a dialogar com todos, expondo-se às 
questões postas. Com raríssimas exceções, não pode contar com os 
companheiros candidatos de campanha, especialmente por se tratar de 
pessoas despreparadas e aventureiras. Quanto aos candidatos a vice, não 
havia entendimento, notava-se um certo ciúme por qualquer sinal que 
pudesse aparecer como destaque particular de um dos candidatos. Nos 
últimos dias, as prévias realizadas pelos próprios funcionários da Cia. 
Jaraguá, pareciam indicar uma posição confortável para a campanha, 
porém, elas eram falsas e quando foi detectada essa falha já era tarde. 
 Na noite do dia 3 para 4 de fevereiro foram confeccionados 3000 
sanduiches, adquiridas frutas e refrigerantes; contratados 70 taxis e 10 
ônibus para transportar os eleitores de qualquer candidato, os quais 
trabalharam a partir das 7 horas da manhã, sem cessar, apesar das chuvas 
que dificultaram as tarefas dos mesmos. A preparação do corpo de fiscais 
deu um trabalho enorme e finalizado o pleito cada um dos “voluntários” 
recebeu a quantia de Cr$ 500,00 (quinhentos cruzeiros), que foram pagos 
na presença de Rangel, a todos esses inescrupulosos. 
Renato N. Rangel
 
 102 
 
 Dia 4 – As eleições foram realizadas na mais perfeita ordem, apesar 
dos maus pressentimentos. A abstenção não foi grande, em relação à 
prevista, tendo em vista o dia chuvoso e a teimosia dos elementos mais 
exaltados do Não. Votaram nesse pleito 26 009 eleitores. 
 
 
 Curiosidade incluída nos apontamentos 
 
 Durante a segunda fase da campanha Fuad foram executadas muitas 
obras de porte pequeno ou médio, voltadas para a manutenção e até 
construção de alternativas viárias, além do beneficiamento de campos de 
futebol de várzea, em vários bairros de Osasco. Para essa empreitada foram 
disponibilizados uma moto-niveladora e vários caminhões basculantes, 
com os quais foram executadas as demandas, a partir do dia 27 de janeiro, 
como nas informações que seguem: 
a) Jardim Helena Maria e Cidade Munhoz – terraplenagem e 
movimentação de terra nas ruas José Rodrigues, 800 m; York de 
Matos, 500 m; três, 1000 m; Avenida Existente, 600 m; rua Projetada, 
150 m; João Marinho, 400 m e mais 100 m. 
b) Jardim Piratininga – ruas Amador Bueno, 300 m; Martin Afonso, 500 
m, além de vários aterros. 
c) Quitaúna e Quilometro Vinte e Um – Avenida das Olarias, abertura e 
remoção de barrancos; rua Nossa Senhora Aparecida, 100 m mais 
tubos de concreto para a travessia de valo; General Florêncio, em 
frente à IgrejaPresbiteriana Independente, 10 caminhões de 
entulho; Avenida um, parte alta, 100 m de abertura e terraplenagem 
no restante. 
d) Jardim Quitaúna – Rua Octávio A. de Almeida, terraplenagem de 600 
m e remoção de barrancos. 
e) Quilometro Dezoito – Construção da ligação entre a Rua José Navarro 
e a Avenida Orquídea; vários caminhões de aterro na parte baixa da 
José Navarro, o que permitiu a ligação do Quilometro Dezoito com a 
Vila Iolanda. Aterro na Rua dos Patriarcas. 
Renato N. Rangel
 
 103 
 
f) Jardim Roberto – Em uma extensão de 2000 m, abertura da Rua 
Trinta e Dois, que dá acesso ao bairro. 
g) Jardim Santo Antônio – No fim da linha de ônibus, fez-se a 
manutenção das vias que dão acesso à Estrada de Bussocaba, pelo 
Jardim Jaguaribe. 
h) Jardim Ipê – Terraplenagem do novo campo de futebol. 
i) Bela Vista – Terraplenagem e movimentação de terra na Rua Trinta e 
Seis, 150 m; terraplenagem na Rua Madre Rossello; em um terreno 
pertencente à Igreja Presbiteriana Independente e inclusive na frente 
da mesma, tudo na mesma Rua apontada. 
j) Cerâmica Hervy – Terraplenagem nas ruas internas à fábrica. 
k) Jardim Umuarama – Avenida do Contorno, terraplenagem e 
movimentação de terra por 300 m e em uma rua que sai dessa 
Avenida. 
l) Jardim Sindona – Abertura das Ruas Cinco e Seis além de uma 
travessa, com um total de 300 m. 
m) Cia. Eternit – Termino do nivelamento do campo de futebol, iniciado 
na primeira fase da campanha. 
n) No dia 3 de fevereiro foi dado por encerrado esse trabalho, sem antes 
deixar de efetuar um aterro no campo de futebol do Clube local - do 
bairro (?), onde foram colocados vários caminhões de terra. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Renato N. Rangel
 
 104 
 
Para concluir 
 
 Finalmente no dia 5 de fevereiro foram abertas as urnas e para nossa 
surpresa, logo de início saiu na frente para então ganhar o pleito Hirant 
Sanazar, aquele que parecia não simpático às forças políticas de Osasco e 
com enorme dificuldade para conseguir um partido que o registrasse. 
Obteve maioria esmagadora de votos, com um número maior que a soma 
dos outros dois candidatos que o seguiram. Nessa escala ficou em segundo 
lugar Antônio Menck e em terceiro Fuad Auada. Para vice-prefeito foi eleito 
Marino Pedro Nicoletti, com uma diferença de votos não tão expressiva em 
relação a Roberto Pignatari, Albertino de Souza Oliva e Reginaldo Valadão. 
Marino não tinha qualquer expressão política, foi carregado por Menck e 
auxiliado por partidários de Fuad, que se opunham a Albertino e Valadão, 
inclusive seus filhos que preferiam Marino como vice. 
 Dos 219 candidatos a vereador foram eleitos 23, lembrando que 
nenhum deles conseguiu atingir o quociente eleitoral mínimo que foi de 
959 votos; o candidato mais votado foi Alfredo Tomás com 433 votos. 
 
 
 Foram eleitos: 
Pelo PDC – Pedro Furlan, Primo Brozeguini, Octacílio Firmino Lopes, Marino 
Lopes, Anísio Nunes e Osler de Almeida Barros. 
Pelo PTN – Orlando Calasans, Wilton Pereira da Silva, Benedito V. Nitão e 
Vicente Florindo. 
Pela UDN – Clovis Carrilho de Freitas, João Gilberto Port e João E. Bornacina. 
Pelo PSD – José Guize, Cid S. A. Von Putkammer e João Catan. 
Pelo PRT – Aimoré de Melo Dias, Clovis Assaf e Aderaldo J. de Castro. 
Pelo PR – Alfredo Tomás e Esmeraldino Malagueta. 
Pelo PSB – Joaquim Fraga e Moacir de Araújo Nunes. 
Renato N. Rangel
 
 105 
 
 Considerando-se o quociente eleitoral e o número de votos do 
candidato mais votado, fica nítida a baixa representatividade dos eleitos 
frente à massa eleitora do município. Quanto aos candidatos a cargos 
majoritários os respectivos números de votos foram bem mais 
significativos, levando em conta que Hirant obteve 9810 votos e Marino 
6427 votos, em um total de votos em branco de 2626, além de 1335 votos 
nulos. A exceção de Alfredo Tomás, os outros vereadores foram eleitos com 
um número de votos que variou entre 325 e 165 sufrágios. 
 
 
Renato N. Rangel
 
 106 
 
 
 
 
 
Renato N. Rangel
 
 107 
 
 Comentários finais 
 
 A primeira parte deste trabalho, ou seja, aquela que documenta 
alguns fatos do cotidiano das pessoas, em especial de Quitaúna e do 
Quilometro Dezoito, pretende que se tenha alguma ideia do ambiente 
nessas regiões e naqueles tempos. Lembremos que as expressões 
Quilometro Dezoito e Quilometro Vinte e Um, correspondiam a distância 
percorrida pela Estrada de Ferro Sorocabana, a partir da Estação Júlio 
Prestes. 
 O panorama em que viviam as pessoas daqueles “bairros” era de 
grande simplicidade, motivo pelo qual tendo em vista um padrão de 
comparação social bem despretensioso, havia um elevado grau de 
satisfação e felicidade pessoal entre os habitantes locais. Quando se 
deslocavam no sentido do centro de Osasco, notavam que pouquíssimas 
casas abrigavam, por exemplo, um automóvel, além disso sabiam que essas 
residências não possuíam telefone, geladeira e outros equipamentos como 
os eletrônicos e eletrodomésticos dos nossos tempos. Mesmo na região 
central, os fogões domésticos eram a carvão vegetal ou lenha. Tratava-se 
de uma vida bastante simples e, inclusive sem despertar grandes ambições, 
principalmente devido à existência de uma referência comparativa 
relativamente baixa. 
 Por volta do ano de 1954, quando das comemorações do quarto 
centenário da cidade de São Paulo, o dentista Cipriano Negrão, já idoso, pai 
do radio-ator de novelas Walter Negrão, alugou uma casa no Quilometro 
Vinte e Um, onde estabeleceu o seu consultório; nesta mesma época a 
agente postal, dona Cleonice A. Mello, instalou na sala de sua residência, 
próximo ao número 13059 da Estrada de Itu, a primeira Agência Postal; na 
mesma Estrada, nas proximidades dos Quarteis Militares surgiu a primeira 
Drogaria, de propriedade do senhor Raul, na qual aplicava-se via 
intramuscular o antibiótico “dibiotil”, a torto e a direito, inclusive nos casos 
de gripe. O primeiro Açougue mais próximo foi estabelecido no Quilometro 
Dezoito, na mesma Estrada; feira livre era somente no centro de Osasco, na 
Rua João Batista. Havia dois pequenos túneis por sob a Estrada de Ferro, 
um para Presidente Altino e outro no Quilometro Dezoito. É provável que 
por esse último túnel deviam passar as boiadas que provinham do 
Renato N. Rangel
 
 108 
 
desembarque ferroviário em Pirituba, com destino ao Matadouro de 
Carapicuíba e que, primeiramente ficavam em repouso no chamado 
“campo da boiada”, constituído por morros, onde hoje existe um grande 
conjunto habitacional, da Companhia de Habitação Popular - COHAB – 
atualmente um bairro de Carapicuíba. Nesse período existiu um pequeno 
cinema em Quitaúna, próximo à primeira Agência Postal e pertencente ao 
tenente Grecco, da reserva do Exército, e seus filhos. Nessa pequena sala 
de cinema, com aproximadamente 200 assentos, nas tardes de domingo a 
criançada se reunia para assistir a mais um episódio da série “Zorro”. Logo 
no início aparecia o vilão, que recebia uma forte vaia, para em seguida 
surgira imagem do “mocinho Zorro”, calorosamente aplaudida. Não havia 
carrinho de pipocas nem cantina e mesmo assim estampava-se na face 
daqueles petizes um sentimento de satisfação com aquele aparato tão 
singelo. Não existia o cinema em cores e muito menos a televisão, 
tecnologia esta que foi conhecida anos após. No carnaval, essa mesma sala 
era transformada em salão de baile onde realizavam-se matinês muito 
concorridas, ao som de gravações musicais apropriadas para o momento. 
 Ainda a propósito dos hábitos de vida naqueles tempos e localidade, 
convém destacar um comportamento dos meninos que nos dias atuais 
felizmente foi abandonado. Naqueles idos todos os meninos possuíam um 
estilingue, instrumento constituído por uma forquilha, em geral de 
madeira, à qual eram presos dois pedaços de material elástico e na outra 
ponta um pedaço de couro, para mirar e atirar pedras nos passarinhos, 
tratava-se de “matar passarinho”. Ainda bem que os tempos estão 
mudados, hoje as crianças são condicionadas a respeitar a Natureza, com 
argumentos bastante convincentes. 
 Na frente desse cinema havia um bar e restaurante da família do 
tenente Ramos, também da reserva do Exército, onde foi instalado o 
primeiro aparelho de televisão, com acesso aos clientes, além de um outro 
público, mandado instalar pelo prefeito Jânio Quadros, na Praça da Estação 
férrea e sob o controle de um funcionário da prefeitura, que o acionava ao 
anoitecer. 
 Já que estamos tratando de reminiscências lembremos que na 
primeira metade dos anos quarenta do século passado, quando as tropas 
militares sediadas em Quitaúna, deslocavam-se para instrução em 
Renato N. Rangel
 
 109 
 
acampamentos ou manobras, o transporte do equipamento pesado era 
realizado por meio de muares ou veículos tracionados por esses animais. 
Assim, podia-se observar o chamado carro pipa, que transportava água, o 
carro cozinha que já ia funcionado pelo caminho e as carroças de quatro 
rodas carregadas com munição, alimentos, barracas e agasalhos, além de 
medicamentos. A exceção de alguns oficiais montados a cavalo, a tropa ia a 
pé. Com o fim da guerra que durou de 1939 até 1945, as unidades do 
Exército foram equipadas com veículos automotores, o que se observou 
inclusive em Quitaúna. 
 No Quilometro Dezoito o salão de baile do Pacheco, conhecido como 
“Gafieira do Pacheco”, era uma referência para região, ao menos em 
termos de diversão e socialização, particularmente para os habitantes 
desse bairro. Nesse ambiente havia inclusive música ao vivo, o que indicava 
certo diferencial a maior. 
 Com o passar do tempo a rede elétrica começou a se expandir, a partir 
da Estrada de Itu, no sentido oposto à Estrada de Ferro, devido ao fato de 
terem surgido novos loteamentos residenciais de baixo custo, o que 
obrigou inclusive a extensão de novas linhas de ônibus, para servir essa 
população. 
 Observa-se que com esses acontecimentos, as demandas sociais 
ampliam-se cada vez mais. Por exemplo, novas escolas estaduais passaram 
a ser construídas, especialmente no governo Carvalho Pinto e com a 
emancipação, tornou-se necessário demarcar a área de um novo Cemitério, 
o do Jardim Santo Antônio, bairro adjacente e posterior ao Quilometro 
Dezoito. 
 De maneira geral a iluminação pública, com lâmpadas incandescentes 
veio logo depois, sendo que a rede de água potável e o esgotamento 
sanitário são bem posteriores. Naqueles tempos a água doméstica era 
obtida de poços freáticos, sendo que o perigo de contaminação era mínimo, 
pois, as residências eram relativamente distantes uma das outras, a 
população era pequena e por consequência as fossas negras eram em 
pequeno número, além de distantes desses poços. 
 É importante que a grandiosidade de uma cidade como Osasco, com 
aproximadamente 700 mil habitantes e um dos maiores PIBs – Produto 
Renato N. Rangel
 
 110 
 
Interno Bruto - do Brasil, tenha conhecimento de suas origens, que inclusive 
podem ser consideradas como recentes, para poder fazer uma avaliação 
mais consistente do que tem sido essa epopeia, a moda brasileira. Por que 
a moda brasileira? Porque, na verdade, é o que em maior ou menor 
intensidade tem ocorrido pelos rincões desse imenso território, 
especialmente nos últimos sessenta anos. 
 Note-se que essa transformação ciclópica, independente da maior ou 
menor capacidade de gestão dos seus agentes públicos, eleitos ou não, 
resulta de uma força social que tudo transforma, as vezes até 
perigosamente, porque causa distorções como, por exemplo, o fenômeno 
das favelas, em parte consequência da incapacidade dos agentes públicos, 
particularmente pela visão imediatista e comprometida com interesses 
particulares. 
 Não podemos deixar de registrar que esses agentes públicos, 
especialmente os eleitos, são escolhidos pela massa popular, que sob a 
pressão das premências mais imediatas, não consegue vislumbrar 
horizontes mais distantes e, com isso entrega-se às promessas daqueles 
que exploram as tensões mais angustiantes. Esse comportamento tem 
ocorrido Brasil afora e, em especial, em grandes núcleos populacionais 
como o de Osasco. Em outros ambientes, seriam uma verdadeira bomba-
relógio, tal a gravidade das necessidades e condicionantes sociais. Trata-se 
de um ambiente onde poucos efetivamente se conhecem, em particular 
devido a migração e o descompromisso com as respectivas raízes sociais, 
pois, ainda não decorreu o tempo necessário para a criação das tradições 
locais, assumidas por praticamente todos os cidadãos. 
 Quanto à segunda parte deste texto, a documentação encontrada 
parece demonstrar que, os interesses particulares, as incompetências, a 
sede de poder, os conluios partidários, as traições e invejas, dentre outros 
fatores, marcam as características dos movimentos sociais, políticos ou não. 
Pelo que foi encontrado, na verdade, o grande objetivo do primeiro prefeito 
era a eleição a deputado, contudo, o permanente desentendimento das 
equipes dos outros candidatos levou à maciça vitória do primeiro alcaide. 
Note-se que o referido já era vereador na Capital onde, aliás, não exercia o 
mandato a contento. Fazia parte do que nos dias atuais passou-se a 
denominar por “baixo clero”, caracterizado por sua insignificante expressão 
Renato N. Rangel
 
 111 
 
política, mas que, todavia, define o fiel da balança nos momentos de difícil 
conciliação, em função dos seus interesses menores. 
 Dos outros candidatos convém lembrar apenas dois: Fuad e Menck, 
pouco preparados para a função e rodeados por uma chusma de 
aproveitadores, inclusive os candidatos a vice e a vereador. Tal ocorreu em 
boa parte porque os cidadãos de ilibada reputação, como costuma 
acontecer, mantiveram-se acomodados em seus círculos restritos, não 
assumindo suas devidas obrigações de cidadania prestante. Nos dias atuais, 
quando se diz que o meio político se deteriorou não é verdade porque ele 
já era assim, a única diferença fundamental é que a maior concentração de 
riqueza material, por tudo o que aconteceu nos últimos 50 anos, levou às 
roubalheiras e mal feitos gerais de dimensões descomunais, quando 
comparadas com as daqueles tempos. Na verdade, os fatos indicam que as 
nossas crises são constantes e esses acontecimentos, por incrível que 
pareça, constituem a alavanca do nosso desenvolvimentono sentido 
amplo. 
 Esse comportamento leva muitas pessoas a afirmar que “o brasileiro 
é assim mesmo”, sempre procurando atalhos inclusive que possam ser até 
desonestos, em boa medida porque sempre é preciso levar vantagem em 
qualquer circunstância. Como ainda vivemos voltados para a Europa, não 
sem motivo, isto é, nossa origem branca está lá, isto porque nos esforçamos 
para ignorar as origens africanas e a dos selvícolas já existentes por aqui. 
Queremos ser europeus em detrimento de tudo o mais, todavia, é preciso 
considerar que toda tecnologia e cultura daqueles povos, foram 
conquistadas a duras penas e em um tempo muito longo. O que existe de 
organização social e respeito às normas nos países europeus, resultou em 
parte do entendimento adquirido e por outro lado da imposição de regras 
acompanhadas de maior vigilância e pesadas punições. 
 Não podia haver outra maneira de convivência, após tantas guerras, 
fome e frio, além das dificuldades quanto à mobilidade social. Não é o caso 
do Brasil, espaço geográfico que inclusive no período trágico da escravidão 
negra, admitia para esses seres humanos alguma possibilidade de ascensão 
social, como os últimos estudos vêm demonstrando. O espírito europeu é 
de construções mais permanentes, ao passo que nestas paragens tudo tem 
sentido mais provisório, parece que ainda não encontramos uma direção e 
Renato N. Rangel
 
 112 
 
sentido para o nosso destino. Exemplifiquemos com o caso da cidade de 
São Paulo, maior cidade nordestina do país. Somente daqui há várias 
gerações teremos um caldo de cultura mais homogêneo, para a infelicidade 
dos poucos “paulistanos quatrocentões”, que se encontram perdidos nessa 
babilônia, esperança de um grande porvir. 
 Entre nós ainda permanece a tradição de que uma iniciativa só tem 
reconhecimento, quando isso ocorre em primeiro lugar no exterior, 
particularmente na Europa, caso contrário não existe o reconhecimento 
interno à nação. Dois acontecimentos importantes permitem justificar essa 
afirmação, note-se que Santos Dumont sempre preferiu fazer suas 
demonstrações em Paris, com certeza porque se tal tivesse ocorrido no Rio 
de Janeiro ou em Salvador, nenhuma repercussão teria. Ainda nesse 
sentido, observe-se o que ocorreu com o padre Landel de Moura, mesmo 
conseguindo desenvolver inovações tecnológicas importantíssimas, quanto 
às transmissões radiofônicas, ainda não tem sua capacidade criativa 
reconhecida inclusive no Brasil. Esse fato resulta das suas demonstrações 
terem ocorrido, por exemplo, em São Paulo e não na Europa ou Estados 
Unidos. 
 A propósito convém lembrar que o aero móvel desenvolvido e 
produzido por Oskar Hans W. Coester, no Rio Grande do Sul, mesmo já 
tendo sido aceito e implantado em Jacarta, Capital da Indonésia, não 
encontrou aceitação em ao menos outra cidade brasileira, a não ser Porto 
Alegre. 
 São argumentos como esses que permitem aceitar a figura criada por 
Mário de Andrade, baseado em uma lenda amazônica, relativa ao 
Macunaíma, e que consegue interpretar bem esse grupo de indivíduos 
desprovido de caráter, ou seja, de um conjunto de traços comportamentais 
e afetivos bem definidos, para então constituir uma unidade populacional 
viva e ativa. 
 Como não poderia deixar de ser, Osasco está imersa nesse caldeirão 
fumegante que é o Brasil, com destaque para o caso de São Paulo, onde a 
construção a partir da desconstrução predomina por todos os cantos dessa 
megalópole até assustadora. 
Renato N. Rangel
 
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 Por esse motivo e pela falta de documentos com maior credibilidade, 
torna-se bastante difícil avaliar com segurança a trajetória dessa cidade. 
Houve um amadurecimento precoce, sem um lastro de tradições, em 
decorrência de origens recentes, não muito qualificadas e que basicamente 
tinham nessa localidade um ambiente de dormitório, pois, os seus maiores 
interesses encontravam-se fora. 
 A proximidade da Capital tem aspectos positivos e negativos. No 
sentido dos argumentos apontados, quero crer que predominem os fatores 
negativos, porque qualquer iniciativa sempre estará sujeita às emanações 
da cidade bem maior, a Capital. 
 Na esperança de que novas contribuições a propósito desses temas 
venham a lume, encerro por aqui. 
 Enfim, por ora é só!

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