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1 ESTUDO DE CASO MÓDULO/FASE Módulo B – Fase II (2019) DISCIPLINAS Educação Especial e Inclusiva Questão indígena no Brasil: uma perspectiva histórica TEMA Questão indígena no Brasil: uma perspectiva histórica PROBLEMA Por volta do ano de 1500 os contatos iniciais das populações indígenas da América com os portugueses causaram imensa mortandade aos primeiros, pois a barreira imunológica desfavorável aos índios proporcionou epidemias que dizimaram aldeias inteiras. Com o avanço da colonização, os sobreviventes, movidos pela fome, resistiam ou eram submetidos à escravidão (até a prática da escravidão indígena ser proibida e substituída pela dos africanos). Durante todo o período colonial, imperial e mesmo já no Brasil republicano, os indígenas tiveram de lidar com a tomada de suas terras e a diminuição cada vez mais drástica dos territórios naturais nos quais viviam. Sob a liderança de Marechal Rondon e numa perspectiva positivista, em 1910 foi instituído no Brasil o Serviço de Proteção ao Índio (SPI). Já no período da Ditadura Militar (1964-1985) o SPI deu lugar à FUNAI (Fundação Nacional do Índio). Entre 1967 e 1968, o procurador federal Jáder Figueiredo (a pedido do extinto Ministério do Interior) investigou e produziu um relatório de 29 volumes evidenciando a corrupção endêmica, métodos de tortura e exploração dos indígenas e de seu patrimônio por funcionários do SPI antes e durantes o primeiros anos do regime militar. Com o AI-5 e a instituição de uma censura mais ferrenha, o documento permaneceu oculto nos arquivos da FUNAI durante quase quatro décadas até ser redescoberto por pesquisadores. A trajetória dos indígenas e a política indigenista viveria um novo capítulo no país apenas a partir da vigência da Constituição Federal de 1988, conhecida como a “Constituição Cidadã”. Todavia, muitos desafios ainda existem para as populações 2 indígenas. Além disso, as visões que se tem hoje ainda sobre os povos indígenas são carregadas de etnocentrismo. É preciso mostrar à população não-indígena e aos alunos que os próprios indígenas não se vêm como “índio”, mas sim como guarani do litoral sul do Brasil (provenientes do tronco linguístico tupi- guarani) ou Kaingang (provenientes do tronco linguístico Gê), entre muitas outras etnias que possuem diferentes modos de se organizar. Contudo, os embates legais travam-se em torno da modelo de identidade indígena equivocado que força os índios a corresponderem aos estereótipos que se têm deles. Por exemplo, devemos ter ciência que usar um cocar Pariko em um ritual Bororo é uma coisa, usá-lo em uma coletiva de imprensa para reivindicar direitos indígenas é outra! Ou seja: a cultura tem significados que precisam ser contextualizados. Devemos lembrar também, como no caso da Amazônia, por exemplo, que a sua riqueza não compreende apenas seus minérios e madeiras, mas também sua biodiversidade e os conhecimentos que os índios dispõem a respeito de suas práticas e usos medicinais. Em uma perspectiva estratégica, é irracional querer nos dias de hoje oferecer a Amazônia para exploração indiscriminada, pois sua biodiversidade interessa ao mundo que está disposto a custear sua conservação junto aos povos indígenas que podem preservá-la. QUESTÃO ORIENTADORA 1) Quais as principais motivações políticas e econômicas da política indigenista que persistem desde antes da ditadura militar até os dias atuais? 2) Como o professor pode trabalhar em sala de aula a diversidade das culturas indígenas? Texto 1: BELLOTTO, Heloisa Liberalli. Política indigenista no Brasil colonial (1570-1757). In- Revista do IEB , n° 29. São Paulo, 1988. Disponível em: http://200.144.255.123/Imagens/Revista/REV029/Media/REV29- 04.pdf ou http://bdpi.usp.br/single.php?_id=000782906 3 REFERENCIAL TEÓRICO Acessado em: 31/ 10/2018. Texto 2: - Carneiro, Manuela da Cunha. O futuro da questão indígena. Estudos Avançados. vol.8 no.20 São Paulo Jan./Apr. 1994. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103- 40141994000100016 Acessado em: 31/ 10/2018. Texto 3: - LIMA, Antonio Carlos de Souza. Sobre tutela e participação: povos indígenas e formas de governo no Brasil, séculos XX/XXI. MANA, n. 21, v. 2, p. 425-457, 2015. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/mana/v21n2/0104-9313-mana-21-02- 00425.pdf Acessado em: 31/ 10/2018.
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