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ANALGÉSICOS, ANTITÉRMICOS E ANTIINFLAMATÓRIOS AINES e CORTICOIDES Rodrigo Grazinoli Garrido FARMACOLOGIA DA DOR E DA INFLAMAÇÃO Estímulo lesivo celular (físico, químico, biológico) Lesão celular e liberação de enzimas intracelulares Liberação e ativação de mediadores cininas: histamina, tromboxano, prostaglandinas, 5-HT, angiotensina, subst P, acidose tecidual produção de íons K+ e H+ Ativação do sistema complemento Resolução Cronificação Sensibilização seletiva por substâncias algésicas durante a inflamação: BK, 5-HT e PGs* Reação inflamatória aguda alterações morfofisiológicas vasculares, infiltrado celular *PGI2,PGE1, PGE2 FARMACOLOGIA DA DOR E DA INFLAMAÇÃO Sistema de termorregulação Temperatura corporal Receptores cutâneos para frio e calor Efetuadores Centros Termorreguladores hipotalâmicos (mediação e modulação: PGs, catecolaminas, cininas, acetilcolina) Fluxo sanguíneo Glândulas sudoríparas Ventilação pulmonar Pirogênios endógenos Leucócitos e outras células Pirogênios exógenos Microorganismos COX-1 Enzima constitutiva ; Encontrada na maioria das células e tecidos; Produção de Prostaglandinas (PGs) para manutenção de funções fisiológicas (perfusão renal, agregação plaquetária, hemostasia, proteção da mucosa gástrica). Ciclooxigenases COX-2 Formação induzida pelo processo inflamatório e interleucinas - IL1, IL2 e TNF Participa da síntese de prostaglandinas que medeiam inflamação, dor e febre, contração uterina COX -3 Encontrada no SNC ANTIINFLAMATÓRIOS NÃO ESTEROIDAIS - AINES infusão plantas da casca do salgueiro (Salix alba vulgaris) 1838: Píria isolou ác. salicílico da salicina 1844: Cahours isolou ác. salicílico do óleo de Gautéria (Wintergreen) 1860: Kolbe e Lautemann obtiveram por síntese 1897: Felix Hoffmann, químico alemão, do laboratório do comerciante Friedrich Bayer e do técnico em tinturaria Johann Weskott determinou a fórmula do aas 1899: Dreser introduziu o uso clínico do aas 1900: BAYER produz 4,2 toneladas 1919: marca passa domínio público 1994: consumo de 50 mil toneladas 2012: SUS passa a fornecer o fitoterápico de folhas de salgueiro para tratamento de dores. 1899: registro ASPIRIN A= acetil spir= flor spirea in= novos medicamentos Histórico Mecanismo de ação Inibição periférica e central da atividade da enzima ciclooxigenase e subsequente diminuição da biossíntese dos mediadores da inflamação, dor e febre (prostaglandinas). Inibição da liberação de histamina, levando à diminuição da migração PMN e monócitos AINES AINES – Locais de Ação CLASSIFICAÇÃO DOS AINES Inibidores Seletivos e Não Seletivos Framacocinética dos Salicilatos ABSORÇÃO absorção VO (estômago e intestino delgado) níveis plasmáticos em 30 min; pico em 2 horas constante de dissociação ( pKa= 3,5) pH 2,5 - 91% não ionizada pH 4,5 - 91 % ionizada Farmacocinética dos Salicilatos BIOTRANSFORMAÇÃO metabolização e excreção (urinária) esterases mucosa GI (hidrólise) conjugação com glicina e ácido glicurônico EXCREÇÃO excreção renal influenciada pelos fatores relacionados ao pH urinário e competição com outros ácidos orgânicos Aspirina ác. Salicílico glicuronídeos (15%) ác. Saliciúrico salicilato livre (10%) (75%) Farmacodinâmica dos Salicilatos EFEITOS COLATERAIS Efeitos anticoagulantes terapia anticoagulante alterações na coagulação (hemofilia, hipoprotrmbinemia, deficiência vitamina K) cirurgias suspeita de dengue Efeitos sobre aparelho GI úlcera péptica gastrite ou sangramento gastrintestinal Farmacodinâmica dos Salicilatos TOXICIDADE Mecanismo geral: acúmulo de altas concentrações de HCl na mucosa liberação de O2, enzimas lisossômicas tecidos destruídos diminuição síntese PG da microvasculatura: isquemia localizada e anóxia celular diminuição síntese PG (PGE1 e PGE2) moduladoras da secreção nefrotoxicidade ingestão crônica de AAS: 21 a 28% incidência de necrose renal diminuição da função renal hepatotoxicidade aumento níveis de transaminase doenças do tecido conjuntivo reversíveis Farmacodinâmica dos Salicilatos CONTRA-INDICAÇÕES gravidez fechamento prematuro do ductus arteriosus gestação prolongada trabalho de parto prolongado risco sangramento materno febre crianças etiologia infecções por vírus tipo influenza síndrome de Reye (lesão hepática severa e encefalopatia) Outros Exemplos de AINES DERIVADOS PIRAZOLÔNICOS Droga Medicamentos fenilbutazona Butazolidina® oxifenilbutazona Tandrex ® dipirona Novalgina ® FARMACOLOGIA (dipirona) Pró-droga cuja metabolização gera a formação de 4-metil-aminoantipirina (4-MAA) e o 4-amino-antipirina (4-AA). Inibem a ciclooxigenase (COX-1, COX-2, COX-3). Os efeitos analgésico e antipirético podem ser esperados em 30 a 60 min e até 4 horas. EFEITOS COLATERAIS MAIS FREQUENTES Efeitos GI (náusea, vômitos, desconforto epigástrico, diarréia), retenção sódio, fenômenos hemorrágicos, agranulocitose, púrpura, trombocitopenia, hemolítica e anemia aplástica CONTRA-INDICAÇÕES GI, insuficiências hepática e renal, discrasias sanguíneas, hipertensão arterial DERIVADOS PARAMINOFENOL Droga Medicamentos Fenacetina Descon®, Cibalena, ®, Dorilax ® Acetaminofen ou Paracetamol Tylenol®, Dôrico® FARMACOCINÉTICA menor grau ligação à proteína plasmática metabólito intermediário tóxico EFEITOS FARMACOLÓGICOS não altera tempo sangramento inibição não específica da COX EFEITOS COLATERAIS MAIS FREQUENTES doses terapêuticas, baixa incidência CONTRA-INDICAÇÕES Insuficiências hepática e renal DERIVADOS ÁCIDO FENILACÉTICO Droga Medicamentos Diclofenaco Tandrilax®, Arten®, Voltaren®, Cataflan® EFEITOS FARMACOLÓGICOS inibição não específica da COX EFEITOS COLATERAIS MAIS FREQUENTES GI (20%): sangramentos, ulcerações ou perfuração parede hepatotoxicidade (15%): aumento transaminases DERIVADOS DO INDOL Droga e Medicamentos Indometacina Indocid® Sulindaco Clinoril® EFEITOS FARMACOLÓGICOS inibição COX não específica EFEITOS COLATERAIS MAIS FREQUENTES GI (+ sérios): dor epigástrica, anorexia, dispepsia, náuseas, vômitos, úlcera péptica, sangramento GI SNC: cefaléia (25 a 50%), vertigens, tonturas, confusão mental, alucinações, distúrbios psiquiátricos (depressão e psicoses) neutropenia, trombocitopenia, anemia aplástica erupções cutâneas, prurido, urticária, crises agudas de asma, edema angioneurótico CONTRA-INDICAÇÃO doenças GI, psiquiátricas, epilepsia, parkinson insuficiência hepática e renal DERIVADOS ÁCIDO PROPIÔNICO Droga Medicamentos Ibuprofeno Artril®, Motrim® Naproxeno Naprosyn® Fenoprofeno Algipron® Cetoprofeno Profenid® flurbiprofeno EFEITOS FARMACOLÓGICOS inibição COX não específica, inibição sistema das cininas e histamina EFEITOS COLATERAIS MAIS FREQUENTES GI (5 a 10%) : trombocitopenia, agranulocitose, erupções cutâneas, cefaléia, tonturas prolongamento tempo sangramento CONTRA-INDICAÇÃO hipersensibilidade cruzada, doença GI insuficiência hepática e renal DERIVADOS DO OXICAN Droga Medicamentos Piroxicam Feldene® Tenoxicam Tilatil®, Tenoxen® Meloxicam AÇÃO FARMACOLÕGICA Inibidor não específico da COX EFEITOS COLATERAIS MAIS FREQUENTES GI (16%), cefaléia, zumbidos, edema, prurido, erupções cutâneas, aumento transaminases, anemias, traombocitopenia, leucopenia, eosinifilia CONTRA-INDICAÇÃO doença GI, alteração na coagulação FENAMATOS Droga Medicamentos Ácido mefenâmicoPonstan® Ácido flufenâmico Mobilisin® assoc. Ácido etofenâmico Bayro-gel® Ácido meclofenâmico Ácido tolfenâmico AÇÃO FARMACOLÕGICA Inibidor não específico da COX EFEITOS COLATERAIS MAIS FREQUENTES GI: dispepsia, desconforto gástrico anemia hemolítica CONTRA-INDICAÇÃO doença GI, alteração na função renal DERIVADOS DO ÁCIDO INDOLICO Medicamentos Etodolaco Flancox® AÇÃO FARMACOLÕGICA Inibidor específico da COX-2 EFEITOS COLATERAIS MAIS FREQUENTES GI: dispepsia, desconforto gástrico SNC: cefaléia, nervosismo, ansiedade, insônia, distúrbios visuais hipersensibilidade DERIVADOS DA BUTANONA Droga Medicamentos Nabumetona Reliflex ® (Registro vencido na ANVISA) AÇÃO FARMACOLÕGICA Inibidor não específico da COX EFEITOS COLATERAIS MAIS FREQUENTES menor incidência de efeitos GI do que aspirina e outras drogas erupções cutâneas, cefaléia, tontura, zumbidos e prurido DERIVADOS DO ÁCIDO CARBÂMICO Droga Medicamento Flurpirtina Katadolon ® AÇÃO FARMACOLÕGICA Inibidor não específico da COX inibidor PGs fraco mecanismo central analgésico noradrenérgico analgésico somente DERIVADOS DA FENOXIMETANOSSULFANILIDA Droga Medicamentos Nimesulida Scaflan®, Antiflogil®, Neosulida®, Sintalgin® AÇÃO FARMACOLÕGICA Inibidor específico da COX - 2 EFEITOS FARMACOLÓGICOS inibidor PGs fraco mecanismo central analgésico noradrenérgico analgésico somente Inibidores naturais Cogumelos culinários podem inibir parcialmente COX-1 e COX-2. Uma variedade de flavonoides foi descrita como inibidora da COX-2. Os óleos de peixe contêm inibidor natural de COX. O calcitriol (vitamina D) inibe significativamente a expressão do gene COX-2. Cuidado! Combinação de doses baixas de aspirina com inibidores COX-2 aumentou danos à mucosa gástrica. Antiinflamatórios Esteroidais Corticóides Corticoesteroides Naturais (Corticoides) são hormônios produzidos pelo córtex das glândulas adrenais: glicocorticóides e mineralocorticóides; Variação Circadiana do Cortisol Corticoesteroides Semi-sintéticos – são análogos estruturais dos naturais; Aplicação clínica em: - terapias de reposição - necessidades de imunossupressão - efeito antiinflamatório Antiinflamatórios Esteroidais Regulação Fisológica dos Corticoides Ação Celular dos Corticoides Direta: Os glucorticóides se ligam a receptores presentes na membrana plasmática de células alvo (GR-glucocorticoids receptors); Translocação para o núcleo e se ligam a GREs (glucocorticoid response elements), que por sua vez aumentam a transcrição de genes relacionados a elementos anti-inflamatórios (Interleucinas 1 e 10 e a lipocortina 1: Lipocortina 1 retarda a ativação da fosfolipase A2. Indireta: Redução da transcrição de genes relacionados a múltiplos elementos que causam inflamação. Interação com regiões promotoras, levando à supressão da transcrição de elementos inflamatórios, como citocinas, enzimas (entre elas a COX) e outros elementos. Farmacodinâmica de Corticoides Glicocorticóides Semi-sintéticos Obtidos a partir de mudanças estruturais dos glicocorticóides naturais Representam este grupo: predinisona predinisolona metilpredinisolona dexametasona Efeitos Farmacológicos dos Glicocorticóides Efeitos Metabólicos Sobre o metabolismo de carboidratos favorece o acúmulo de glicogênio hepático e estimula a gliconeogênese diminui a captação periférica de glicose (músculo, linfócitos, tecido adiposo) elevação da glicemia; glicosúria secundária (efeito diabetogênico) Sobre o metabolismo protéico - aumento do catabolismo protéico diminuição na produção de anti-corpos mobilização dos aminoácidos dos tecidos balanço nitrogenado negativo cicatrização lenta Sobre o metabolismo dos lipídeos favorece a lipólise; aumento de ácidos graxos livres circulantes redistribuição de gorduras (face, nuca, supra-escapular e perda de tecido adiposo nas extremidades - síndrome de Cushing) Efeitos Farmacológicos dos Glicocorticóides Efeito Antiinflamatório - Inibição da vasodilatação, da permeabilidade vascular, de exudato e da proliferação celular típicos dos processos inflamatórios Este efeito é inespecífico e independente do agente desencadeante. Efeito na Resposta Imunológica - Diminui a competência do sistema imune Efeito Antialérgico (anti-histamínico) Supressão inespecífica da resposta inflamatória. Efeito no Equilíbrio Hidroeletrolítico - retenção de Na+ e eliminação de K+ e H+ hipocalemia e alcalose metabólica edema Efeitos Farmacológicos dos Glicocorticóides Efeito sobre Elementos Figurados do Sangue diminuição do número de linfócitos e eosinófilos incremento do número de hemácias, plaquetas e neutrófilos Efeitos Gastro-intestinais diminuição da produção da barreira de muco no estômago incremento da produção de ácido clorídrico e pepsina Efeitos Cardiovasculares aumento da reatividade vascular aos vasoconstrictores hipertensão arterial sistêmica Efeitos sobre o sistema Músculo-Esquelético diminuição da absorção de Ca2 redução da consolidação de fraturas e da densidade óssea retardo no crescimento de filhotes Toxicidade e Efeitos Colaterais dos Glicocorticóides Dependente de efeitos metabólicos hiperglicemia, glicosúria, redistribuição de gorduras, debilidade muscular (miopatia esteroidal) secundária ao efeito anti-anabólico, osteoporose e risco de fraturas com difícil consolidação Dependentes do efeito sobre o equilíbrio hidroeletrolítico edemas, hipertensão Maior susceptibilidade a infecções e agravamento das mesmas Transtornos Oculares (cataratas e aumento da PIO) Dispepsia, risco de úlcera gástrica, Inibição Hipofisária Administração de corticóides exógenos inibirá a secreção de ACTH Atrofia adrenal a longo prazo Quadro de hipofunção da adrenal (hipoadrenocorticismo) por 6 a 12 meses O Hipoadrenocorticismo induzido depende da dose e tempo de administração. Farmacocinética Absorção Oral – boa, exceto Aldosterona e Desoxicorticoesterona Via Intra-Muscular – absorção rápida de sais solúveis (fosfatos, succinatos) absorção lenta de sais insolúveis (acetatos) Via Intra-Venosa – apenas os sais solúveis ação rápida em casos de emergência Uso tópico Os corticóides naturais circulam 95% ligados a uma proteína transportadora e os semi-sintéticos apresnetam menor grau de ligação São metabolizados lentamente pelo fígado e eliminados pelos rins. Tempo de Ação Interações Medicamentosas Aceleração do metabolismo dos esteroides - uso de barbituratos, hidantoínas, anti-histamínicos ou Rifampicina Uso concomitante com diuréticos - hipocalemia mais significativa Uso de Insulina ou Hipoglicemiantes orais - o corticosteroide promove uma necessidade de maior dose Precauções e Contraindicações Proibidos na presença de - úlceras estomacais, osteoporose, micoses, psicoses, tuberculose Uso com muito cuidado em - diabéticos, hipertensos, IC, epiléticos, IR e na presença de enfermidades infecciosas
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